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SILVANA MARIA RAMOS LAGES

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Academic year: 2021

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO PESQUISA EM SAÚDE

SILVANA MARIA RAMOS LAGES

CONHECIMENTO E CONDUTAS DE GRADUANDOS DE

ODONTOLOGIA FRENTE AO ACIDENTE COM EXPOSIÇÃO A

MATERIAL BIOLÓGICO

Maceió-Alagoas 2015

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Lages, Silvana Maria Ramos.

Conhecimento e condutas de graduandos de odontologia frente ao acidente com exposição a material biológico. / Silvana Maria Ramos Lages. – 2015.

61 p.

Dissertação (Mestrado Profissional de Pesquisa em Saúde) Centro Universitário CESMAC, Maceió, 2015.

1. Exposição a agente biológico 2. Acidentes e eventos biológicos 3. Estudantes de Odontologia

I. Santos, Aldenir Feitosa dos. (Orientador) Título.

CDU: 616.314 L174c

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO PESQUISA EM SAÚDE

SILVANA MARIA RAMOS LAGES

CONHECIMENTO E CONDUTAS DE GRADUANDOS DE

ODONTOLOGIA FRENTE AO ACIDENTE COM EXPOSIÇÃO A

MATERIAL BIOLÓGICO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Pesquisa em Saúde do Centro Universitário CESMAC, nível Mestrado Profissional, como requisito para obtenção do título de Mestra, sob a orientação da Prof.ª Dr.ª Aldenir Feitosa dos Santos Coorientação do Prof.º Dr.º Francisco Feliciano da Silva Júnior.

Maceió-Alagoas 2015

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO PESQUISA EM SAÚDE

SILVANA MARIA RAMOS LAGES

CONHECIMENTO E CONDUTAS DE GRADUANDOS DE

ODONTOLOGIA FRENTE AO ACIDENTE COM EXPOSIÇÃO A

MATERIAL BIOLÓGICO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Pesquisa em Saúde do Centro Universitário CESMAC, nível Mestrado Profissional, como requisito para obtenção do título de Mestra, sob a orientação da Prof.ª Dr.ª Aldenir Feitosa dos Santos e Coorientação do Prof.º Dr.º Francisco Feliciano da Silva Júnior.

Data da defesa: 20 de fevereiro de 2015

BANCA EXAMINADORA

Prof.ª Dr.ª Aldenir Feitosa dos Santos ______________________________ Orientadora

Prof. Dr. João Gomes da Costa ____________________________________ Examinador externo

Prof.ª Dr.ª Camila Maria Beder Ribeiro_______________________________ Examinadora Inerno

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DEDICATÓRIA

A Deus, sem Ele nada seria possível!

Aos meus pais, que sempre acreditaram em mim e permanecem vivos em minha memória.

Aos meus filhos, Thiago, Rodrigo e Henrique, por serem amigos, confidentes, conselheiros e incentivadores nesta jornada.

Ao maravilhoso Raildo, pela paciência, compreensão, companheirismo e amor que me serviram de suporte e equilíbrio.

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AGRADECIMENTOS

À Prof.ª Dr.ª Aldenir Feitosa dos Santos, minha orientadora, pela condução deste trabalho, que muito além da orientação técnica, proporcionou-me um exemplo de organização, disciplina e responsabilidade.

Ao Prof. Dr. Francisco Feliciano da Silva Júnior meu coorientador pela valiosa contribuição e apoio.

Às Profas Dras Sonia Maria Soares Ferreira e Janaina Andrade Lima Salmos de Brito pelo apoio e disponibilidade em contribuir sempre.

À Prof.ª Dr.ª Camila Maria Beder Ribeiro, por sua amizade, colaboração e incentivo, um apoio imprescindível.

Ao Prof. Dr. Euclides Mauricio Trindade Filho, sempre disponível, prático e eficiente.

Ao Prof. Luiz Carlos e Prof.ª Roberta Penteado, Coordenadores dos cursos de odontologia da UFAL e CESMAC, pelo apoio e permissão ao acesso aos alunos.

Aos professores de ambas as faculdades por permitirem usar o tempo de suas aulas para a coleta dos dados.

Aos alunos de odontologia do CESMAC e UFAL, pela compreensão e disponibilidade em participar da pesquisa.

Aos professores do mestrado, pela importante contribuição na construção do nosso saber.

Aos colegas de mestrado, especialmente aos componentes do quinteto: Anna Carolina Le Campion, Edglei Vergetti, Júlice Caroline Soares de L. Silva, Mª Carolina Santa Rita Lacerda, que dividiram conhecimento, experiências e bons momentos.

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“O conhecimento torna a alma jovem

e diminui a amargura da velhice.

Colhe, pois, a sabedoria.

Armazena suavidade para o amanhã.”

“Aprender é a única coisa

que a mente nunca se cansa

nunca tem medo e

nunca se arrepende”

Leonardo da Vinci

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Resultados de respostas referentes à realização de sorologia para avaliação da soroconversão após vacina contra hepatite B... 26

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Medidas utilizadas para reduzir a transmissão de patógenos

veiculados pelo sangue...26 Tabela 2 - Medidas preventivas adotadas quanto ao controle de

infecção...27 Tabela 3 - Acidentes com exposição a material biológico ocorridos:

características...29 Tabela 4 - Rrespostas relativas à ocorrência de acidente e conhecimentos adquiridos...30 Tabela 5 - Respostas quanto às orientações recebidas relativas à

biossegurança, prevenção de acidentes e condutas na ocorrência de acidente com exposição a material biológico...31

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LISTA DE SIGLAS

AEMB – Acidente com Exposição a Material Biológico AIDS – Sindrome da Imunodeficiência Adquirida

Anti-Hbs – Anticorpo para o antígeno de superfície do vírus da hepatite B CD – Cirurgião-Dentista

CDC – Centers for Diseases and Prevention EPI – Equipamento de Proteção Individual

HEHA – Hospital Escola Helvio Auto

HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana

HUPAA – Hospital Universitário Professor Alberto Antunes

IES – Instituição de Ensino Superior NR – Norma Regulamentadora PEP – Profilaxia Pós-exposição

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

VHB – Vírus da Hepatite B VHC – Vírus da Hepatite C

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RESUMO

Estudo transversal, descritivo, com abordagem de análise quantitativa, realizado em dois cursos de odontologia pertencentes a duas instituições de ensino, uma pública e outra privada. O objetivo do estudo foi analisar o conhecimento e condutas de alunos de graduação em odontologia frente à ocorrência de acidente com exposição a material biológico e o controle de infecção, assim como constatar se existem diferenças entre os resultados das duas instituições de ensino e comparar com as respectivas medidas de prevenção implantadas. Os dados foram obtidos por meio da aplicação de um questionário semiestruturado, autoaplicável e padronizado a 224 alunos do 5º ao 9º períodos de ambas as instituições, sendo observados todos os aspectos éticos-legais. Foram explorados: I - medidas de proteção, II - ocorrência de acidentes e conhecimento das condutas pós-acidente III - conhecimento, percepção do risco e esclarecimentos formalmente preconizados, além dos aspectos sóciodemograficos. Os resultados demonstraram a vulnerabilidade dos alunos quanto à exposição ao material biológico potencialmente contaminado e que ambas as instituições necessitam reavaliar suas ações referentes ao risco biológico e medidas preventivas. A instituição privada, que mantem um comitê de biossegurança e possui um protocolo, bem divulgado, referente ao acidente com exposição a material biológico, apresentou melhores resultados quanto ao uso do equipamento de proteção individual, notificação do acidente e testagem da imunidade após vacina para hepatite B (p<0,05). O estudo também demonstrou que esta instituição deverá rever o conteúdo referente aos patógenos de maior transmissibilidade como também a rotina de higienização das mãos. A instituição pública deverá conscientizar os alunos sobre o uso regular e de forma correta do equipamento de proteção individual, da necessidade da avaliação da imunidade após a vacinação completa para hepatite B e higienização das mãos. O estudo permitiu concluir que o risco de exposição a material biológico é evidente para esta categoria, que as instituições de ensino têm grande responsabilidade e devem estabelecer regras e estratégias de intervenção a fim de reduzir estes riscos.

PALAVRAS-CHAVE: Exposição a agente biológico. Acidentes e eventos biológicos. Estudantes de odontologia.

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ABSTRACT

Cross-sectional study, descriptive, with quantitative analysis approach, carried out in two dentistry courses belonging to two educational institutions, a public and the other private. The objective of this study was to analyze the knowledge and behaviors of undergraduates in dentistry before the occurrence of accident with biological material exposure and infection control, as well as to see if there are differences between the results of the two educational institutions, comparing with the respective preventive measures deployed. The data were obtained by applying a semi-structured questionnaire, auto applied and standardized to 224 students from the 5th to the 9th periods of both institutions, being observed all ethical-legal aspects. Were explored: I- protection Measures, II- occurrence of accident and post-accident behaviors knowledge, III- knowledge, perception of risk and formally recommended clarifications, in addition to the socio demographic aspects. The results demonstrated the vulnerability of students regarding exposure to biological material potentially contaminated and that both institutions need to re-evaluate their actions concerning the biological risk and preventive measures. The private institution, that maintains a Biosafety Committee and has a protocol, well-publicized, referring to the accident with biological material exposure, presented the best results regarding the use of personal protective equipment, accident notification and testing of immunity after hepatitis B vaccine (p<0,05). The study also showed that this institution should review the contents for the pathogens of greater transferability as well as hand hygiene routine. The public institution must educate students about regular use and correct way of protective equipment, the need of assessment of immunity after vaccination for hepatitis B and hand hygiene. The study has concluded that the risk of exposure to biological material is evident to this category, that educational institutions have great responsibilities and should lay down rules and intervention strategies in order to reduce these risks.

KEYWORDS: Exposure to Biological Agents. Biological Accidents and Events. Students, Dental.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 13

2 MATERIAL E MÉTODO ... 16

2.1 TIPO DE ESTUDO ... 16

2.2 LOCAL DA COLETA DE DADOS ... 16

2.2.1 Caracterização do campo de estudo ... 16

2.3 POPULAÇÃO ... 17

2.4 COLETA DE DADOS ... 17

2.4.1 Validação do instrumento de coleta de dados ... 18

2.4.2 Teste piloto do questionário ... 18

2.4.3 Aplicação do questionário ... 18

2.5 ANÁLISE DOS DADOS ... 19

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 19

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 45

REFERÊNCIAS ... 46

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DE COLETA DE DADOS ... 49

APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ... 52

APÊNDICE C - RELATÓRIO TÉCNICO DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA UFAL ... 56

APÊNDICE D - RELATÓRIO TÉCNICO DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA CESMAC ... 67

ANEXO A – PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA - CEP ... 78

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ANEXO C – FURMULÁRIO DE ACIDENTE COM EXPOSIÇÃO A MATERIAL

BIOLÓGICO (INSTITUIÇÃO B) ... 82

ANEXO D – NORMAS DA REVISTA TRABALHO, EDUCAÇÃO E SAÚDE

PARA PUBLICAÇÃO DO ARTIGO ... 83

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1 INTRODUÇÃO

A Norma Regulamentadora (NR) nº 32 do Ministério do Trabalho e Emprego que estabelece as diretrizes básicas relativas às ações de saúde e segurança do trabalhador dos serviços de saúde, define como risco biológico a probabilidade da exposição ocupacional a agentes biológicos. Consideram-se agentes biológicos os micro-organismos geneticamente modificados ou não; as culturas de células; os parasitas; as toxinas e os príons (BRASIL, 2005).

A preocupação com o risco biológico surgiu a partir da constatação de agravos à saúde de profissionais que exerciam suas atividades em laboratórios onde ocorria manipulação de micro-organismos. Entretanto a consciência de que os profissionais de saúde estão expostos a agentes transmitidos pelo sangue, surgiu nos anos 70 com o aumento de profissionais infectados com o vírus da Hepatite B (VHB) e se concretizou nos anos 80 com o inicio dos casos de AIDS. Em resposta a esses eventos surgiram orientações para melhorar a segurança e minimizar os riscos (KERMODE et al, 2005).

As características da atividade do cirurgião-dentista (CD), tais como o pequeno campo de visualização em que atua, os procedimentos invasivos que realiza, a utilização de instrumentos perfurocortantes de alta rotação e ultrassônicos, que contribuem na formação de aerossóis e respingos, a grande proximidade física com o paciente ou ainda a movimentação do paciente, favorecem a ocorrência de acidentes (RIBEIRO, 2005). Na prática odontológica, a exposição a sangue ou fluidos corpóreos infectados pode resultar em transmissão de patógenos do paciente para o profissional, do profissional para o paciente e de um paciente para outro paciente. A chance de transmissão é maior de paciente para o profissional, pois é quem frequentemente manuseia sangue.

Estudo conduzido por Zhang et al. (2008) evidenciou que os estudantes de odontologia apresentaram maior risco de sofrer exposição acidental envolvendo material biológico quando comparados a outros estudantes da área da saúde. Ainda nas condições atuais, muitos profissionais não reconhecem que as exposições ocupacionais são potencialmente infectantes e, quando reconhecidas, não procuram o acompanhamento pós-exposição (CDC, 2013). Estudo realizado com estudantes da área da saúde evidenciou que pouco mais de dois terços das exposições foram informadas a um preceptor e relatórios raramente foram feitos (SOUZA-BORGES; RIBEIRO; OLIVEIRA, 2014). Outro estudo recente com acadêmicos de odontologia realizado por Nabila (2013), concluiu que a falta de compromisso por parte dos alunos com as normas de controle de infecção, levou a exposição e acidentes. O mesmo estudo, também mostrou que a gestão da pós-exposição foi completamente inadequada, principalmente a comunicação da exposição a material biológico.

Apesar de ser uma realidade vivenciada no cotidiano, é fato que existe um elevado índice de subnotificação desses acidentes, tanto nos serviços de medicina do trabalho das instituições de saúde, quanto nos centros de referência de atendimento às vítimas de exposição a material biológico, representando um sério problema para que se realize um diagnóstico situacional mais próximo da realidade (MACHADO-CARVALHAIS et al, 2008).

No que diz respeito à notificação do acidente, recomenda-se o uso de protocolos de registro, avaliação, aconselhamento, tratamento e

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condições do acidente, dados do paciente–fonte e dados do acidentado (BRASIL, 2006).

O acidente com material biológico caracteriza-se como um evento de notificação compulsória desde 2004, sendo essa definição reafirmada em 2014 (BRASIL, 2014). Nas situações em que exposições ocupacionais não puderem ser evitadas, condutas pós-exposição podem prevenir infecções e devem ser adotadas. Os acidentes com sangue e outros fluidos potencialmente contaminados devem ser tratados como casos de emergência médica, uma vez que, para que se obtenha maior eficácia, as intervenções para profilaxia da infecção pelo HIV e VHB, denominadas profilaxias pós-exposição (PEP), necessitam ser iniciadas logo após a ocorrência do acidente (BRASIL, 2010). Sabe-se que os acidentes podem ocorrer mesmo com a adesão a medidas preventivas, inclusive se adotadas em sua integralidade. Dessa forma, as condutas pós-exposição, que incluem os cuidados imediatos e mediatos (profilaxia e tratamento), são fundamentais para a redução dos riscos de soroconversão aos patógenos presentes nas exposições (GARCIA; BLANK, 2008). Joyce Kuhar e Books (2015) relataram que poucos casos de transmissão ocupacional do HIV foram reportados nos Estados Unidos, desde o final de 1990, fato que foi atribuído, entre outras causas, à melhoria nas estratégias de prevenção e gestão da pós-exposição.

Publicações têm alertado os CD para o risco de contrair doenças durante exposições acidentais a material biológico. Uma revisão da literatura feita por Tarantola (2006) evidenciou que já foi identificada a transmissão de 60 diferentes patógenos após exposição a sangue ou outros materiais biológicos entre trabalhadores da saúde. O vírus da hepatite B (VHB), o vírus da hepatite C (VHC) e o vírus da AIDS (HIV) são os patógenos mais comumente transmitidos durante as atividades de assistência ao paciente (PRÜSS-ÜSTÜN; RAPITI; HUTIN, 2003), (BRASIL, 2010). As exposições que podem trazer riscos de transmissão ocupacional do HIV e dos vírus das hepatites B e C estão definidas como: percutâneas, quando há lesões provocadas por instrumentos perfurantes e cortantes; mucosas, quando há respingos envolvendo olho, nariz, boca ou genitália e cutâneas, quando há contato com pele não integra e por mordeduras humanas que é considerada exposição de risco quando envolvem a presença de sangue (BRASIL, 2010). Após exposição percutânea, o risco de se adquirir o HIV é de aproximadamente 0,3% e em relação ao VHB o risco pode chegar a 40%. Para o VHC, o risco médio varia de 1% a 10% e nenhuma medida pós exposição é totalmente eficaz (CDC, 2001).

Recursos devem ser utilizados para reduzir as exposições a material biológico, incluindo as precauções padrão, as quais recomendam considerar todos os pacientes potencialmente contaminados quando houver possibilidade de contato com sangue e outras secreções. Dentre essas precauções se destacam: higiene das mãos, o uso de equipamento de proteção individual (EPI), manuseio, transporte e descarte corretos de artigos perfurocortantes e imunização (BRASIL,2006).

O VHC já foi identificado em superfícies odontológicas após o tratamento de paciente VHC positivo e se mantém estável, à temperatura ambiente, por mais de 5 dias (BRASIL, 2000). É um vírus de RNA com grande heterogeneidade molecular, pois mutações ocorrem frequentemente durante replicação e essa diversidade viral é um dos desafios para o desenvolvimento de uma vacina (FEINSTONE; HU; MAJOR, 2012). Um estudo conduzido por

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Klevens e Moorman (2013), concluiu que a transmissão do VHC a profissionais de saúde pode ser evitada através da prática das precauções padrão e que o conhecimento do VHC pelos prestadores de cuidados de saúde dentária pode ter um valor substancial.

A vacina para a hepatite B tem esquema clássico de três doses (0, 1, 6 meses) necessário para a imunização. Contudo, aproximadamente 10% a 20% dos indivíduos vacinados não alcançam os títulos protetores de anticorpos (BRASIL, 2010). Portanto torna-se imprescindível a avaliação da imunidade após a vacina, através do anticorpo para o antígeno de superfície do VHB (anti-Hbs), que deverá ser solicitado um a dois meses após a vacinação, com intervalo máximo de seis meses. A presença de anticorpos protetores com títulos acima de 10UI/ml confirma a soroconversão e consequente imunização. O anti-Hbs além de orientar a necessidade de revacinação pode revelar a necessidade de testes adicionais para detectar uma possível infecção crônica pelo VHB.

A biossegurança não se resume somente a normas de prevenção e controle; a sua dimensão científica requer dos indivíduos uma formação educacional adequada para a compreensão e execução dos seus objetivos (BONIS; COSTA, 2009). Dentro da odontologia, os acadêmicos têm sido apontados como o grupo para o qual a educação em biossegurança e o controle de infecção cruzada são imprescindíveis para correto treinamento e cumprimento dos protocolos rotineiramente (PINELLI et al, 2011). Sendo assim, as faculdades e centros de formação, surgem como instrumentos significativos na busca por melhorias na prevenção do AEMB, como também no controle da infecção cruzada e um estudo em instituição de ensino pode ser ponto de partida para priorização de medidas de biossegurança e prevenção de AEMB. Medidas simples aprendidas durante a vida acadêmica podem garantir ou melhorar a conduta do futuro profissional.

Diante da vulnerabilidade à exposição nas atividades da odontologia e da importância do momento de formação do profissional, foi realizado este estudo, que pode ser de grande utilidade para as IES, tendo em vista que o diagnóstico situacional é uma ferramenta elementar para qualquer programa de educação. Nesse contexto, o objetivo geral deste estudo foi identificar e analisar o conhecimento e condutas de alunos de graduação em odontologia de duas instituições de ensino superior (IES) frente à ocorrência de AEMB e controle de infecção. Os objetivos específicos foram avaliar o conhecimento relativo aos patógenos com maior risco de transmissão na ocorrência de um AEMB e das condutas pós-acidente; identificar o uso do EPI, a higienização das mãos, a ocorrência de AEMB, a notificação e acompanhamento do acidente; verificar o número de alunos que receberam todas as doses da vacina contra a hepatite B e desses, quantos investigaram a imunidade pós-vacina; verificar se há na instituição de ensino orientação formal de como proceder em caso de AEMB, se há um protocolo pós exposição, como também constatar se existem diferenças entre os resultados das duas instituições de ensino e comparar com as respectivas medidas de prevenção implantadas.

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2 MATERIAL E MÉTODO

O estudo obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário CESMAC sob o número 655.175, de acordo com as diretrizes da resolução CNS/MS 466/12 (ANEXO A).

2.1 TIPO DE ESTUDO

Estudo transversal, descritivo, com abordagem de análise quantitativa.

2.2 LOCAL DA COLETA DE DADOS

A pesquisa foi realizada nas dependências da faculdade de odontologia de duas instituições de ensino superior (IES) da cidade de Maceió, Alagoas, sendo uma privada e outra pública, aqui referidas como IES(A) e IES(B) respectivamente.

2.2.1 Caracterização do campo de estudo

A clínica odontológica da faculdade de odontologia da IES(A) tem como objetivo proporcionar treinamento prático para os acadêmicos, destinando a prestação de serviços gratuitos à comunidade. Os seguintes procedimentos são realizados para todas as faixas etárias: preventivos e educativos, restauradores, reabilitadores, endodônticos, periodontais além de ortodontia preventiva e interceptativa, cirurgia oral menor, urgências odontológicas e exames odontológicos complementares. A clínica é composta de 2 ambulatórios totalizando 60 equipos e uma central de esterilização. Não há centro cirúrgico. O conteúdo referente à biossegurança é ministrado na disciplina de microbiologia e imunologia no 3º período e na disciplina de propedêutica clínica I no 4º período. Porem o conteúdo é revisado em todas as disciplinas clínicas. A disciplina de microbiologia e imunologia tem carga horária de 80 horas e propedêutica clínica I tem carga horária de 160 horas.

As disciplinas com atividades práticas do 5º ao 9º períodos são: propedêutica clínica II (120 horas), clínica odontológica I (200 horas), clínica odontológica II (200 horas), clínica odontológica III (160 horas), estágio curricular supervisionado em clínica integrada do adulto I (200 horas), odontologia infantil I (120 horas), estágio curricular supervisionado em clínica integrada do adulto II (200 horas), odontologia infantil II (120 horas), estágio curricular supervisionado em atenção integral (120 horas) e estágio curricular supervisionado em clínica odontológica infantil (120 horas).

Existe na faculdade um protocolo a seguir quando da ocorrência de acidente por material biológico e na ocorrência de um acidente, o aluno é encaminhado ao comitê de biossegurança da instituição, onde são preenchidos formulários referentes à notificação, comunicação e acompanhamento do acidente (ANEXO B). O aluno acidentado, juntamente com o paciente fonte do acidente, são encaminhados ao Hospital Escola Helvio Auto (HEHA), o qual é referência da cidade de Maceió, para acompanhamento dos AEMB. O acidentado é encaminhado ao hospital de referência, acompanhado de uma técnica de enfermagem pertencente ao comitê de biossegurança da instituição. A clínica odontológica da faculdade de odontologia da IES(B) tem como objetivo preparar profissionais de odontologia com formação em clínica geral,

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secundário e terciário, de acordo com a realidade detectada através de um sistema hierarquizado de referência e sintonizado com o sistema único de saúde, dentro de uma visão social. A clínica é composta por 3 ambulatórios totalizando 85 equipos, uma central de esterilização e 3 setores de apoio. Não há centro cirúrgico. O conteúdo referente à biossegurança é ministrado no 4º período na disciplina de fundamentos de enfermagem que tem carga horária de 30 horas.

As disciplinas com atividades práticas do 5º ao 9º períodos são: cirurgia e primeiros socorros (120 horas), estomatologia (100 horas), radiologia (200 horas), dentística de laboratório (100 horas), clínica integrada I (260 horas), clínica integrada II (120 horas), clínica integrada III (160 horas), clínica integrada IV (200 horas), clínica integrada V (160 horas) e odontologia infantil (400 horas).

Existe na faculdade um protocolo a seguir quando da ocorrência de acidente por material biológico. Na ocorrência de um acidente o aluno é encaminhado ao Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA), onde é preenchido um formulário único principalmente direcionado aos acidentados que prestam atividades naquele hospital. O formulário contém: as finalidades do protocolo, termo de consentimento pós-informado, questionário com informações sobre o acidente e o acidentado, uma ficha para seguimento do acidentado e do paciente fonte (ANEXO C). Não há comitê de biossegurança formado na instituição.

2.3 POPULAÇÃO

A população do estudo se constituiu de 438 estudantes das duas IES com atividades práticas na clínica odontológica das respectivas instituições (5º ao 9º períodos), nos meses de maio a julho de 2014. Foram excluídos os alunos que estavam cursando períodos anteriores ao 5º, porque ainda não participam do atendimento a pacientes. Os alunos do 10º período também foram excluídos tendo em vista que na IES(B) esses alunos realizam atividades práticas com pacientes fora da instituição. A amostra foi composta por 224 alunos, sendo 134 da IES(A) e 90 da IES(B), correspondendo a todos os alunos que estavam presentes e consentiram participar da pesquisa.

2.4 COLETA DE DADOS

De acordo com Amaral (2013), em pesquisa sistemática nas principais bases de dados, até o ano de 2013, não foi encontrado questionário validado para compreender conhecimentos, atitudes e práticas do pessoal de saúde sobre exposição ocupacional a material biológico. Assim, foi elaborado um questionário semiestruturado (contendo questões de múltipla escolha e abertas) baseado na literatura pesquisada e na vivência da autora. O questionário foi composto de quatro seções as quais contemplam: I - medidas de proteção, II - ocorrência de acidentes e conhecimento das condutas após acidente, III - conhecimento, percepção do risco e esclarecimentos formalmente preconizados e IV - informações gerais, sociodemográficas. As Informações sociodemográficas contemplam itens de caracterização dos alunos quanto ao período que estão cursando, gênero e idade. As seções I, II e III são compostas de questões específicas para identificação e análise do

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instrumento de coleta de dados não apresenta identificação, portanto possibilita a manutenção do anonimato.

2.4.1 Validação do instrumento de coleta de dados

O questionário passou pela validação aparente e de conteúdo (RIBEIRO, 2005) (SASAMOTO, 2008). A validação aparente diz respeito ao que o instrumento aparenta medir. Observa-se a clareza e compreensibilidade dos itens incluídos. Verifica-se a facilidade de leitura e se a forma de apresentação é adequada. A validação de conteúdo refere-se ao que o instrumento pretende medir. O interesse é verificar se o instrumento representa o universo de situações que se pretende medir, se o conjunto é abrangente, se é representativo e relaciona-se com os objetivos do estudo (MORIYA; GIR; HAYASHIDA, 1994).

Em processo baseado na técnica Deilphi (DALKEY, 1969), após a elaboração, o questionário foi enviado, por e-mail, a três peritas: duas enfermeiras com experiência em risco biológico e controle de infecção hospitalar e uma professora doutora atuante na odontologia em ensino e pesquisa. Após avaliação, e acatada sugestões, o questionário foi enviado por e-mail a outras três peritas: uma médica infectologista atuante em Comissão de Controle de Infecção Hospitalar e duas professoras doutoras com experiência em biossegurança, atuantes na odontologia tanto em ensino como em pesquisa. Na oportunidade foi explicada a finalidade e o objetivo da pesquisa aos peritos julgadores. Para a seleção dos julgadores, foi de extrema importância o nível relevante de qualificação profissional sobre a área temática a ser estudada, para que se pudesse obter consenso de ideias especializadas (SCARPARO et al, 2012).

Assim, os seis profissionais de diferentes áreas de conhecimento, com formação em controle de infecção, risco biológico e odontologia, avaliaram o conteúdo, a proposição das questões e alternativas, objetivando uma melhor adequação a proposta do estudo e assegurar sua confiabilidade e consistência.

2.4.2 Teste piloto do questionário

Após ajustes necessários, de acordo com os comentários e solicitações dos peritos, o questionário foi previamente testado quanto às questões, conteúdo, tamanho e forma em 40 alunos do 4º período e 25 alunos do 10º período, da instituição (A). População semelhante à pesquisada, mas não participante da população de estudo. Após possíveis ajustes na redação e disposição dos itens, o questionário foi considerado adequado (APÊNDICE A).

2.4.3 Aplicação do questionário

Os dados foram coletados pela autora nos meses de maio a julho de 2014 em sala de aula, durante os primeiros 30 minutos do horário cotidiano de aula, após agendamento e prévia autorização do docente responsável. Antes de receberem os questionários os alunos foram informados sobre a finalidade, objetivos e procedimentos da pesquisa e os que concordaram em participar assinaram o TCLE (APÊNDICE B).

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2.5 ANÁLISE DOS DADOS

O banco de dados foi digitado no programa Microsoft Office Excel® 2007 e analisados através de estatística descritiva e inferencial ao nível de 5% de significância por meio do programa GENES (CRUZ, 2013). O Teste do Qui-quadrado foi aplicado para buscar diferenças estatisticamente significantes entre as duas IES. As questões abertas foram categorizadas e levadas para o banco de dados.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Artigo a ser submetido conforme as normas da Revista Trabalho, Educação e Saúde (ANEXO D).

Formação em odontologia: O papel das instituições de ensino na prevenção do acidente com exposição a material biológico e controle de infecção

Training in dentistry: The role of educational institutions in the prevention of accidents with exposure to biological material and infection control

Silvana Maria Ramos Lages1 Aldenir Feitosa dos Santos2

Francisco Feliciano da Silva Junior3 Resumo

O objetivo do estudo foi analisar o conhecimento e condutas de alunos de graduação em odontologia de duas instituições de ensino, uma pública outra privada, frente à ocorrência de acidente com exposição a material biológico e controle de infecção, como também discutir o papel das instituições de ensino nesse contexto. Trata-se de um estudo transversal, descritivo de abordagem quantitativa, no qual foi aplicado um questionário semiestruturado, autoaplicável e padronizado a 224 alunos. Foram exploradas: I - medidas de proteção, II - ocorrência de acidentes e conhecimento das condutas pós-acidente III - conhecimento, percepção do risco e esclarecimentos formalmente preconizados. Os resultados demonstraram a vulnerabilidade dos alunos quanto à exposição ao material biológico potencialmente contaminado e que ambas as instituições necessitam reavaliar suas ações referentes ao risco biológico e prevenção de acidentes. A instituição que mantem um comitê de biossegurança e possui protocolo, bem divulgado, em caso de acidentes com exposição a material biológico, apresentou melhores resultados quanto ao uso do equipamento de proteção individual, notificação do acidente e testagem da imunidade após vacina para hepatite B. O estudo concluiu que as instituições de ensino têm participação importante e devem estabelecer regras e estratégias de intervenção a fim de reduzir os riscos.

Palavras-chave: Exposição a agente biológico. Acidentes e eventos biológicos.

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Abstract

The objective of this study was to analyze the knowledge and behaviors of undergraduates in dentistry of two educational institutions, a public and the other private, against the occurrence of accident with biological material exposure and infection control, as well as discuss the role of educational institutions in this context. This is a cross-sectional study, descriptive of a quantitative approach, in which a semi structured questionnaire was applied, it was auto applied and standardized to 224 students. Were explored: I- protection Measures, II- occurrence of accident and post-accident behaviors knowledge, III- knowledge, perception of risk and formally recommended clarifications. The results demonstrated the vulnerability of students regarding exposure to biological material potentially contaminated and that both institutions need to re-evaluate their actions concerning the biological risk and accident prevention. The institution that maintains a Committee of Biosafety and has a protocol, well-publicized, in case of accidents with biological material exposure, presented better results regarding the use of personal protective equipment, accident notification and testing of immunity after hepatitis B vaccine. The study concluded that educational institutions have substantial interest and shall establish rules and intervention strategies in order to reduce the risks.

Keywords: Exposure to Biological Agents. Biological Accidents and Events. Students,

Dental. Introdução

A consciência de que os profissionais de saúde estão expostos a agentes transmitidos pelo sangue, surgiu nos anos 70 com o aumento de profissionais infectados pelo vírus da Hepatite B (VHB) e se concretizou nos anos 80 com o inicio dos casos de AIDS (Kermode et al., 2005).

As características da atividade do cirurgião-dentista (CD), tais como o pequeno campo de visualização em que atua, os procedimentos invasivos que realiza, a utilização de instrumentos perfurocortantes de alta rotação e ultrassônicos, que favorecem a formação de aerossóis e respingos, a grande proximidade física do paciente ou ainda a movimentação do paciente, favorecem a ocorrência de acidentes (Ribeiro, 2005).

Estudo conduzido por Zhang et al.(2008) mostrou que os estudantes de odontologia apresentaram um maior risco de sofrer exposição acidental envolvendo

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material biológico quando comparados a outros estudantes da área da saúde. Muitos profissionais não reconhecem que as exposições ocupacionais são potencialmente infectantes e, quando reconhecidas, não procuram o acompanhamento pós-exposição (CDC, 2013). Outro estudo com estudantes da área da saúde evidenciou que pouco mais de dois terços das exposições foram informadas e relatórios oficiais raramente foram realizados (Souza-Borges, Ribeiro e Oliveira, 2014).

O vírus da hepatite B (VHB), da hepatite C (VHC) e da AIDS (HIV) são os patógenos mais comumente transmitidos durante as atividades de assistência ao paciente (Prüss-üstün, Rapiti e Hunti, 2003). Após exposição percutânea, o risco de se adquirir o HIV é de aproximadamente 0,3% e para o VHC é de 1% a 10%. Para o VHB o risco é de até 40% (CDC, 2001).

As exposições que podem trazer riscos de transmissão ocupacional do HIV e dos vírus das hepatites B e C estão definidas como: percutâneas, quando há lesões provocadas por instrumentos perfurantes e cortantes; mucosas, quando há respingos envolvendo olhos, nariz ou boca; cutâneas, quando há contato com pele não íntegra e por mordeduras humanas que é considerada como exposição de risco quando envolvem a presença de sangue (Brasil, 2010).

Joyce, Kuhar e Books, (2015) relataram que poucos casos de transmissão ocupacional do HIV foram reportados nos Estados Unidos, desde o final de 1990, o que foi atribuído, entre outras causas, à melhoria nas estratégias de prevenção e gestão da pós-exposição. Recursos devem ser utilizados para reduzir as exposições a material biológico, como as precauções-padrão, as quais recomendam considerar todos os pacientes potencialmente contaminados quando houver possibilidade de contato com sangue e outras secreções. Dentre essas precauções se destacam: higiene das mãos, o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), manuseio, transporte e descarte

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corretos de artigos perfurocortantes e a imunização (Brasil, 2006). A vacina para a hepatite B tem esquema clássico de três doses (0, 1, 6 meses) necessário para a imunização, contudo, aproximadamente 10% a 20% dos indivíduos vacinados não alcançam os títulos protetores de anticorpos (Brasil, 2010).

O acidente com exposição a material biológico (AEMB) caracteriza-se como um evento de notificação compulsória desde 2004, definição que foi reafirmada em 2014 (Brasil, 2014). Nas situações em que não foi possível evitar as exposições ocupacionais, condutas pós-exposição podem prevenir infecções e devem ser adotadas. Para que se obtenha maior eficácia, as intervenções para profilaxia da infecção pelo HIV e hepatite B, denominadas profilaxias pós-exposição (PEP), necessitam ser iniciadas logo após a ocorrência do acidente (Brasil, 2010). Não existe vacina para a prevenção da hepatite C e as precauções padrão ainda são a melhor proteção contra a transmissão e consequentemente as diretrizes do CDC para o atendimento odontológico, publicadas em 2003, continuam atuais quanto ao controle de infecção (Klevens e Moorman, 2013).

A biossegurança não se resume somente a normas de prevenção e controle; a sua dimensão científica requer dos indivíduos uma formação educacional adequada para a compreensão e execução dos seus objetivos (Bonis e Costa, 2009). Dentro da odontologia, os acadêmicos têm sido apontados como o grupo para o qual a educação em biossegurança e o controle de infecção cruzada são imprescindíveis para correto treinamento e cumprimento dos protocolos (Pinelli et al., 2011).

Autores têm questionado sobre o conteúdo curricular das instituições formadoras que ainda têm conteúdos teóricos ou práticos sem a devida valorização dos métodos e meios voltados à biossegurança. (Amaral e Tavares, 2010). Como foi enfatizado por Fadel e Baldani (2013) as Diretrizes Curriculares Nacionais não impõem um caráter único, mas definem uma base formadora sólida, que deve se dispor a ser frequentemente

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complementadas pelas instituições de ensino superior (IES). Assim, as faculdades e centros de formação, surgem como instrumentos significativos na busca por melhorias na prevenção do acidente AEMB e controle da infecção cruzada.

Diante da vulnerabilidade à exposição ao risco nas atividades da odontologia e importância do momento de formação do profissional, foi realizado um estudo com o objetivo de identificar e analisar o conhecimento e condutas de alunos de graduação em odontologia frente à ocorrência de AEMB e controle de infecção.

Metodologia

O presente estudo obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário CESMAC sob o número 655.175, de acordo com as diretrizes da resolução CNS/MS 466/12 e é resultado de dissertação de mestrado do Programa de Pós-Graduação Pesquisa em Saúde do Centro Universitário CESMAC. O estudo foi financiado pela própria autora e não há conflito de interesse.

Delineou-se um estudo transversal, descritivo, com abordagem quantitativa. Os sujeitos da pesquisa foram alunos do curso de graduação em odontologia de duas IES da cidade de Maceió, Alagoas. Uma privada e a outra pública, aqui codificadas como IES(A) e IES(B) respectivamente. O número de alunos matriculados nas duas IES nos meses de abril a junho de 2014, com atividades na clínica odontológica (5º ao 9º períodos) correspondeu a 438 alunos, 325 na IES(A) e 113 na IES(B).

O cálculo amostral, determinado pelo programa OpenEpi – 2, revelou que para garantir confiabilidade de 95% aos resultados, seria necessário o mínimo de 219 voluntários. A amostra foi composta por 224 alunos, 134 da IES(A) e 90 da IES(B), correspondendo a todos os alunos que estavam presentes e consentiram participar da pesquisa.

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O instrumento de coleta de dados foi um questionário semiestruturado, autoaplicável e padronizado, elaborado com base na literatura e na vivência da autora como médica do trabalho. O questionário foi composto de quatro seções que contemplam: I - medidas de proteção, II - ocorrência de acidentes e conhecimento das condutas após acidente, III - conhecimento, percepção do risco e esclarecimentos formalmente preconizados e IV - informações gerais, sociodemográficas, as quais contemplam itens de caracterização dos alunos quanto ao período que estão cursando, gênero e idade.

Após ajustes necessários, de acordo com os comentários e solicitações de peritos avaliadores, o questionário foi testado quanto às questões, conteúdo, tamanho e forma em 40 alunos do 4º período e 25 alunos do 10º período, da IES(A). A coleta de dados ocorreu no período de abril a junho de 2014 com a aplicação do questionário realizada em sala de aula e recolhido em seguida. Todos os alunos participantes foram previamente informados sobre os objetivos da pesquisa e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, com a garantia do sigilo da identificação pessoal.

Os dados foram tabulados em planilha eletrônica e analisados através de estatística descritiva e inferencial ao nível de 5% de significância por meio do programa GENES (Cruz 2013). O Teste do χ2 foi aplicado para buscar diferenças estatisticamente significantes entre as duas IES.

Caracterização das IES

A clínica odontológica da faculdade de odontologia da IES(A) é composta de 2 ambulatórios totalizando 60 equipos e uma central de esterilização. Não há centro cirúrgico. O conteúdo referente à biossegurança é ministrado na disciplina de microbiologia e imunologia no 3º período e na disciplina de propedêutica clínica I no 4º período. Porem o conteúdo é revisado em todas as disciplinas clínicas. A disciplina de

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microbiologia e imunologia tem carga horária de 80 horas e propedêutica clínica I tem carga horária de 160 horas. Existe um protocolo a seguir quando da ocorrência de AEMB e há um comitê de biossegurança formado na Instituição.

A clínica odontológica da faculdade de odontologia da instituição (B) é composta por 3 ambulatórios totalizando 85 equipos, uma central de esterilização e 3 setores de apoio. Não há centro cirúrgico. O conteúdo referente à biossegurança é ministrado no 4º período na disciplina de fundamentos de enfermagem que tem carga horária de 30 horas. Existe um protocolo a seguir quando da ocorrência de AEMB e não há comitê de biossegurança formado.

Resultados

Participaram da investigação 224 alunos, dos quais 134 da IES(A) e 90 da IES(B). Em ambas as instituições, a maioria dos pesquisados tinha entre 18 a 25 anos de idade 79,5% na IES (A) e 81% na IES(B) e houve predominância do gênero feminino 71,6% na IES(A) e 59% na IES(B).

Na Tabela 1 apresentam-se os resultados referentes às medidas utilizadas para reduzir a transmissão de agentes patógenos. O relato de sempre utilizar jaleco, luvas, máscara e gorro foi feito pela maioria dos alunos de ambas as IES, entretanto quanto à utilização de óculos de proteção, houve uma diferença estatisticamente significativa no relato de sempre usá-los, sendo maior na IES(A) (93,28%), como também o relato de às vezes usá-los foi maior na IES(B) (30%), este último com diferença bastante significativa (p < 0,0001). A utilização de luvas emborrachadas de espessura grossa, apropriadas para realização da limpeza dos instrumentais, foi referida pela maioria dos alunos da IES(A) (97%), enquanto que na IES(B) apenas 50% dos alunos relataram fazer uso das luvas apropriadas (p< 0,0001). Na IES(B) 38,89% dos alunos relataram

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usar luvas de látex não estéril (p <0,0001) e ainda e 7,78% referiram usar luvas de qualquer tipo para o mesmo procedimento (p = 0,0012).

Quanto à situação vacinal para a hepatite B, a maioria dos alunos das duas IES relatou ter recebido o esquema completo de três doses, porem houve uma diferença significativa entre as duas IES no número de alunos que não sabiam quantas doses da vacina tinham recebido, o qual foi bem maior na IES(B) (p = 0,0153). Outra questão investigada foi se o aluno poderia afirmar que estava imune a hepatite B tomando as três doses da vacina. Não houve diferença significativa entre as duas instituições quanto às respostas (sim) e (não), porem a resposta (não sei) foi observada em 8,96% dos alunos da IES(A) e 25,56% dos alunos da IES(B), (p < 0,05).

Tabela 1 - Medidas utilizadas para reduzir a transmissão de patógenos veiculados pelo sangue

Itens IES (A )particular

Alunos (n=134) n % IES (B) pública Alunos (n=90) n % χ2 * P - valor Uso de EPI Jaleco (sempre) Luvas (sempre) Máscara (sempre) Gorro (sempre) Óculos (sempre) Óculos (às vezes) Uso de EPI apropriado**

Luva grossa de borracha Luva – látex não estéril

Luva – látex estéril Luva de qualquer tipo

Vacina VHB Recebeu três doses Não respondeu

Não sabia nº de doses

132 133 132 133 125 9 130 3 1 0 122 0 3 98,50 99,25 98,50 99,25 93,28 6,71 97,0 2,25 0,75 0 91,04 0 2,24 88 90 87 87 61 27 45 35 3 7 68 3 9 97,77 100 96,66 96,66 67,77 30 50 38,89 3,33 7,78 75,56 3,33 10 0 0,0119 0,0068 0,0189 4,224 18,375 15,2328 42,6298 2,0179 10,4222 1,8418 4,3846 5,8785 1 0,9129 0,9340 0,8905 0,0448 <0,0001 <0,0001 <0,0001 0,1554 0,0012 0,1747 0,0362 0,0153

VHB – Vírus da Hepatite B; EPI – Equipamento de proteção Individual; * Qui Quadrado P < 0,05; ** Na limpeza de instrumentos e equipamentos contaminados.

Dos 122 alunos da IES(A), que receberam três doses da vacina contra a hepatite B, (92%) realizaram a sorologia para avaliação da soroconversão após vacina e na IES(B) dos 68 alunos que receberam o esquema completo, apenas 14 alunos (20,59%) realizaram a sorologia, conforme Figura-1.

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Gráfico 1 Resultados de respostas referentes à realização de sorologia para avaliação da soroconversão após vacina contra hepatite B. Estatisticamente significativo para valores de P <0,05.

Quanto a higienização das mãos (Tabela–2), com água e sabão ou preparação alcoólica ao iniciar o atendimento, foi referido apenas (às vezes) por 8,95% dos alunos da IES(A) e 20% da IES(B) (p = 0,0253). Após contato com objetos inanimados e superfícies imediatamente próximas ao paciente 69,4% dos alunos da IES(A) e 47,77% da IES(B) informaram realizar sempre a higienização das mãos (p = 0,0417). Para a mesma situação mencionada anteriormente 29,10% dos alunos da IES(A) e 48,88% da IES(B) informaram que apenas às vezes procediam a higienização das mãos (p = 0,0170). Foi observado que a prática da higienização das mãos, antes de calçar as luvas, foi informada apenas (às vezes) por 32,83% dos alunos da IES(A) e 46,66% da IES(B), assim como a higienização das mãos após retirada das luvas foi informada apenas (às vezes) por 17,91% dos alunos da IES(A) e 27,78% da IES(B).

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Tabela 2 - Medidas preventivas adotadas quanto ao controle de infecção

Itens IES (A )particular

Alunos (n=134) n % IES (B) pública Alunos (n=90) n % χ2 * P - valor

Higiene das mãos Ao iniciar atendimento (às vezes)

Após procedimentos com pacientes (às vezes)

Antes de calçar as luvas (ás vezes)

Depois de retirar luvas (às vezes)

Após contato com objetos e superfícies (sempre) Após contato com objetos e superfícies (às vezes) 12 15 44 24 93 39 8,95 11,2 32,83 17,91 69,40 29,10 18 18 42 25 43 44 20 20 46,66 27,78 47,77 48,88 5 8,8081 2,7984 2,4795 4,1469 5,6874 0,0253 0,08 0,0943 0,1153 0,0417 0,0170 * Qui Quadrado P < 0,05.

Na avaliação sobre a melhor conduta imediata na ocorrência de um AEMB percutâneo, a maioria dos alunos de ambas as IES, referiram corretamente, lavar com água e sabão, 83,58% IES(A) e 77,77% IES(B). Sem diferença significativa, destaca-se que 9,70% dos alunos da IES(A) e 17,7% da IES(B) responderam como melhor conduta, não lavar e pressionar o local até a saída de sangue.

Observou-se diferença estatisticamente significativa quanto ao número de acidentes com exposição a material biológico. Ter sofrido um a dois acidentes foi informado por 7,46% dos alunos da IES(A) e 20% da IES(B) (p = 0,0087). Nenhum aluno da IES(A) fez referencia a ter sofrido três ou mais acidentes e 4,44% dos alunos da IES(B) referiram três ou mais acidentes (p = 0,0143), conforme (Tabela – 3). A atividade prática mais relacionada ao momento do acidente na IES(A) foi clínica odontológica com 57,13% e na IES(B) foi cirurgia com 35%, seguida de clínica odontológica com 20%. Das 10 ocorrências de acidentes relatadas na IES(A) 3 não

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foram por não achar necessário. Na IES(B) das 28 ocorrências relatadas 17 (60,71%) não foram notificadas. Treze ocorrências não foram notificadas pelo motivo de não achar necessário; os outros motivos alegados foram: já ser vacinado, dificuldade para registro e porque a lesão causada foi superficial.

Conforme apresentado na (Tabela 3) 41,04% dos alunos da IES(A) informaram ser o HIV o agente com maior risco de transmissão na ocorrência de um AEMB. O mesmo agente foi relatado por 17,78% dos alunos da IES (B) (p < 0,05). A maioria dos alunos da IES(B) informou, corretamente, ser o VHB o agente de maior risco e o mesmo agente foi relatado por 32,84% dos alunos da IES(A) (p < 0,05). Com relação à existência de vacina ou outra medida profilática tipo imunoglobulina ou quimioprofilaxia para o VHC a maioria dos alunos 58,96% da IES(A) e 53,33% da IES(B) informou não saber. Outra questão investigada foi quais são os agentes etiológicos que devem ser pesquisados após um AEMB, segundo o Ministério da Saúde. O HIV foi o agente mais citado em ambas as instituições 44,11% IES(A) e 44,28% na IES(B). O VHB obteve 13,52% das citações na IES(A) e 17,14% na IES(B). As citações para o VHC totalizaram 12,35% na IES(A) e apenas 5,71% na IES(B). Destaca-se que foi indagado sobre agente etiológico, no entanto a palavra hepatite obteve 22,35% das citações da IES(A) e 28,57% das citações da IES(B). Não responderam a questão 20,14% dos alunos da IES(A) e 15,55% da IES(B), como também 10,44% da IES(A) e 11,11% da IES(B) referiram não saber responder.

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Tabela 3 – Respostas relativas à ocorrência de acidente e conhecimentos adquiridos.

Itens IES (A )particular

Alunos (n=134) n % IES (B) pública Alunos (n=90) n % χ2 * P - valor Ocorrência de acidentes Um a dois Três ou mais

Agente com maior risco** HIV VHC VHB Não sei Não respondeu Conhecimento de vacina ou medida profilática/VHC Sim Não Não sei Não respondeu 10 0 55 17 44 13 5 39 16 79 0 7,46 0 41,04 12,69 32,84 9,70 3,73 29,10 11,94 58,96 0 18 4 16 16 52 6 0 16 24 48 2 20 4,44 17,78 17,78 57,78 6,66 0 17,78 26,67 53,33 2,22 6,8809 10,4222 9,0234 0,9898 8,0277 0,5614 3,3333 2,8131 6,5385 0,3001 2,9777 0,0089 0,0012 0,0026 0,3197 0,0046 0,4536 0,0678 0,094 0,0105 0,5838 0,0844 * Qui Quadrado P < 0,05; **VHB Vírus da hepatite B; VHC Vírus da hepatite C.

Os resultados descritos a seguir referem-se às características dos AEMB sofridos em ambas as IES, (Tabela-4). O tipo de exposição com maior prevalência foi a perfuração cutânea 90% IES(A) e 89,28% IES(B), a parte do corpo atingida os dedos com 80% IES(A) e 64% IES(B) e o momento da ocorrência do acidente com maior prevalência foi durante o atendimento 60% IES(A) e 71,42% IES(B).

O tipo de instrumento, envolvido no acidente, com maior prevalência na IES(A) foi a agulha de anestesia com 56,25%, que na IES(B) obteve apenas 11,11% das ocorrências (p < 0,05). O instrumento com maior prevalência na IES(B) foi a agulha de sutura, envolvida em 25,92% das ocorrências a qual não foi relatada na IES(A) (p < 0,05).

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Tabela 4 Acidentes com exposição a material biológico ocorridos: características. Itens Nº de ocorrências IES (A) (n=10) n % Nº de ocorrências IES (B) (n=28) n % χ2 * P - valor Tipo de exposição

Respingo pele integra Respingo em mucosa

Perfuração cutânea Parte do corpo atingida Olhos Mãos Dedos Momento da ocorrência Durante atendimento Limpeza de instrumentos 1 0 9 0 2 8 6 4 10 0 90 0 20 80 60 40 1 2 25 2 8 18 20 8 3,57 7,14 89,28 7,14 28,57 64,28 71,42 28,57 0,6666 0,6666 0 0,7152 0,2072 0,2628 0,1955 0,4444 0,4142 0,4142 1 0,3977 0,6489 0,6081 0,6585 0,5050 Itens Nº de ocorrências** IES(A) (n=16) n % Nº de ocorrências IES (B) (n=27) n % χ2 * P – valor Tipo de instrumento*** Restauradores Cirúrgicos Periodontais Agulha de irrigação Agulha de sutura Agulha de anestesia 1 0 5 1 0 9 6,25 0 31,25 6,25 0 56,25 4 6 5 2 7 3 14,81 22,22 18,51 7,40 25,92 11,11 0,8333 3 0,4166 0 5,25 6,76 0,3613 0,0832 0,5186 1 0,0219 0,0093

*Qui Quadrado p<0,05; Mais de uma resposta pôde ser marcada; *** 2 alunos da IES(B) não responderam

A tabela 5 expõe resultados relativos às orientações recebidas sobre biossegurança, prevenção e como proceder em caso de AEMB e a maioria, 98,51% da IES(A) e 98,89% da IES(B), informou ter recebido orientações. Nos resultados do conhecimento da existência de um protocolo a ser seguido, em caso de AEMB na IES, observa-se que 96,27% dos alunos da IES(A) e 60% da IES(B) responderam sim (p < 0,05). Enquanto 15,56% dos alunos da IES(B) e nenhum aluno da IES(A) respondeu que não existia um protocolo em sua instituição (p < 0,001). Não souberam responder 3,73% dos alunos da IES(A) e 23,33% da IES(B) (p < 0,01).

Como informação complementar, os alunos foram questionados sobre sua satisfação em relação aos conhecimentos adquiridos relativos à biossegurança, prevenção e como proceder em caso de AEMB. Quanto a este aspecto, 21,21% dos

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0,05). Não houve diferença significativa, entre as duas IES em relação às alternativas satisfeito e insatisfeito. Com relação à alternativa (pouco satisfeito), foi observada uma diferença bem significativa, 9,85% na IES(A) e 32,59% na IES(B) (p < 0,01).

Tabela 5 – Respostas quanto às orientações recebidas relativas à biossegurança, prevenção de acidentes e condutas na ocorrência de acidente com exposição a material biológico.

Itens IES (A )particular

Alunos (n=134) n % IES (B) pública Alunos (n=90) n % χ2 * P - valor Conhecimento de protocolo na IES Sim Não Não sei Não respondeu Recebeu orientação/ biossegurança e AEMB Sim Não 129 0 5 0 132 2 96,27 0 3,73 0 98,51 1,49 54 14 21 1 89 1 60 15,56 23,33 1,11 98,89 1,11 8,6688 20,8444 17,8227 1,4888 0,0007 0,0584 0,0032 <0,001 <0,001 0,2223 0,9775 0,8089

Itens IES (A) (n=132)**

n % IES(B) (n=89)** n % χ2 * P - valor Satisfação/conhecimentos adquiridos Muito satisfeito Satisfeito Pouco satisfeito Insatisfeito 28 90 13 1 21,21 68,18 9,85 0,76 6 51 29 3 6,74 57,30 32,59 3,37 7,0784 0,8617 14,7658 2,0416 0,0078 0,3532 0,0001 0,1530

*Qui Quadrado P < 0,05; ** 2 alunos da IES(A) e 1 da IES(B) não informaram que receberam orientações.

As diferenças estatisticamente significativas relativas ao gênero, encontradas na IES(A) foram no uso de máscaras na alternativa (às vezes) observada em 5,26% do gênero masculino enquanto que no gênero feminino 100% referiu fazer sempre o uso (p < 0,05). A outra diferença encontrada foi quanto à notificação do acidente sofrido, a qual foi realizada por 100% dos alunos do gênero feminino e apenas 25% dos acidentados do gênero masculino (p < 0,05). Na IES(B) as diferenças significativas relativas ao gênero foram observadas no item numero de doses da vacina contra a hepatite B. Foi observado que 5,1% dos alunos do gênero feminino não sabiam o número de doses recebidas, enquanto 19,35% do gênero masculino não sabiam (p <

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na alternativa (às vezes), que foi referida por 20,34% dos alunos do gênero feminino e 41,94% do gênero masculino (p < 0,05).

As diferenças encontradas entre a IES (A) e a IES (B) relativas ao gênero feminino não diferiram das diferenças encontradas quando incluídos os dois gêneros. Para o gênero masculino, comparando as duas IES, a diferença significativa foi no item higiene das mãos após a realização de qualquer procedimento assistencial ao paciente, no que se refere à alternativa (às vezes), com maior prevalência (25,81%) na IES (B) e 7,89% na IES(A) (p = 0,05).

Através da analise entre os períodos da IES (B), foi possível observar no 5º período maior prevalência de alunos que responderam não poder afirmar que estavam imunes ao VHB recebendo as três doses da vacina (p < 0,05). Este também foi o único período que todos os alunos que relataram ter recebido três doses da vacina contra hepatite B, também relataram a realização da sorologia para confirmação da imunidade. Quanto ao uso apropriado do EPI para a limpeza de instrumentos e equipamentos contaminados (luvas grossas de borracha e cano longo), verificou-se no 8º período maior prevalência da resposta (luvas de látex estéreis) (p < 0,05). Ainda na IES (B), quando perguntado se sabia da existência de um protocolo a ser seguido no caso de AEMB, o 9º período apresentou maior prevalência de alunos que responderam não saber da existência de protocolo dessa natureza (p < 0,002).

Através da análise entre os períodos da IES (A) foi observada no 6º período maior prevalência de alunos (65,38%) que responderam não poder afirmar que estavam imunes ao VHB recebendo as três doses da vacina (p < 0,004). Quando perguntado quais são os agentes etiológicos que devem ser pesquisados após um AEMB, conforme o Ministério da Saúde, o 5º período apresentou maior prevalência de alunos que responderam DST (doenças sexualmente transmissíveis) (p < 0,05). Na mesma questão,

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no 5º período, foi verificada maior prevalência de alunos que informaram não saber a reposta (p < 0,05). Ainda na mesma questão, no 9º período foi observada maior prevalência de alunos que responderam vírus da hepatite A (p = 0,04).

Discussão

No presente estudo, quanto ao uso do EPI, foi observado que a IES(A) apresentou melhores resultados o que pode ser atribuído a uma maior exigência e conscientização. Os óculos de proteção foram os mais negligenciados, chegando a 30% na IES(B). Não apenas no Brasil, é observado este aspecto, conforme pesquisa entre estudantes de odontologia da Universidade de Sharjah, Emirados Árabes, Rahman et al. (2013) constataram que apenas 27% dos estudantes utilizavam a proteção para os olhos, Wicker e Rabenau (2010) em pesquisa com dentistas e estudantes de odontologia observaram que dos entrevistados 55,6% não usavam óculos de proteção durante a exposição ocupacional. Ribeiro (2005) observou que a boca e o nariz foram às regiões menos atingidas nos acidentes, possivelmente pelo uso mais sistemático de máscaras, o que não ocorreu com os olhos por ser o uso de óculos de proteção uma prática ainda pouco incorporada nas atividades rotineiras em odontologia.

Nas instituições de ensino odontológico, faz parte das atribuições dos alunos o preparo do instrumental a ser usado, ou seja, limpeza, secagem e acondicionamento. O método de limpeza predominante em instituições ensino odontológico no Brasil é o manual conforme Sasamoto (2008). No entanto, o método manual aumenta o risco de acidentes com perfurocortante e a utilização de luvas emborrachadas de espessura grossa é de suma importância e assegura maior proteção. Na IES(A) 97% dos alunos relataram usar sempre as luvas apropriadas enquanto na IES(B), apena 50% dos alunos relataram fazer uso dessas luvas. Outro estudo de Pimentel et al. (2012) com acadêmicos de odontologia apresentou uma prevalência ainda menor quanto ao uso das

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luvas apropriadas, pois constatou que a utilização de luvas emborrachadas para este fim era feita por 2,5% dos estudantes, enquanto 91,2% realizavam a limpeza com luvas de procedimento e 6,2% não usavam nenhuma proteção. O que revela que o momento da limpeza do instrumental deve ser melhor inspecionado e exigido o uso do EPI apropriado.

Como demonstrado pelos dados, a maioria dos alunos de ambas as IES tinham recebido o esquema completo da vacina contra a hepatite B, no entanto, na IES(B) 79,41% dos alunos não realizaram a confirmação sorológica da imunização pela realização do teste anti-HBs o que pode ser resultado de falta de conscientização e exigência por parte da IES. A confirmação da imunidade tem relação direta com a segurança em um possível acidente, uma vez que o acidentado pode não apresentar títulos protetores de anticorpos. A não confirmação da imunidade também foi observada em cirurgiões-dentistas de São Paulo, pois apenas 65,85% dos vacinados tinham avaliado a imunidade (Matsuda; Grinaum; Davidowicz, 2011). Pinelli et al. (2011) também observaram em estudo com acadêmicos de odontologia que 71,4% dos vacinados não haviam realizado a avaliação da imunidade. Outro aspecto revelado pelos dados foi que 10% de alunos da IES(B) não sabiam quantas doses da vacina contra a hepatite B tinham recebido, fato que demonstra pouca atenção para com a situação vacinal.

As luvas para ser uma barreira eficaz que protege completamente e impede a propagação de microrganismos têm imperfeições microscópicas, de modo que lavar as mãos é essencial. (Rapparine; Reinhardt, 2010). Quanto à higienização das mãos antes de calçar e após retirar as luvas, houve uma prevalência considerável de alunos, em ambas as IES, que realizam a higienização apenas às vezes. Portanto não houve diferença significativa entre as duas IES, mas os resultados mostram que a higienização

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das mãos foi pouco valorizada, o que demonstra a necessidade de melhor conscientização em ambas as IES. Da mesma forma Rosental, Weckwerth e Chavasco (2012) em um estudo com CD observaram que 20% dos profissionais que participaram da pesquisa não tinham o hábito de lavar as mãos antes de usar luvas. Em outro estudo realizado por Vasconcelos et al., 2009 com alunos de odontologia, foi observado que 70,9% dos alunos não faziam a higienização das mãos antes dos procedimentos e 34,03% não praticaram após o término do atendimento. Nos dados obtidos no presente estudo a maioria dos alunos de ambas as IES sempre realizam a higienização das mãos antes dos procedimentos com pacientes, como também após o término do atendimento.

Quanto à ocorrência de AEMB, houve uma maior prevalência na IES(B). Os dados da IES(B) são semelhantes à pesquisa realizada por Orestes-Cardoso et al.(2009) em duas IES, na qual foi constatado que 25,3% dos alunos haviam sofrido acidentes. A notificação do acidente não ocorreu em 30% dos alunos da IES(A) e em 60,71% da IES(B), o resultado encontrado na IES(B) está próximo ao encontrado por Machado-Cavalhais et al. (2008a) em pesquisa com estudantes de odontologia na Universidade Federal de Minas Gerias, com resultado de 71,9% de subnotificação. Younai, Murphy e Kotelchuck (2001) em pesquisa realizada com alunos de uma faculdade de odontologia de Nova York, constataram 70% de subnotificação. A taxa de subnotificação encontrada por Zhang et al.(2008) em estudantes da área da saúde no nordeste da china foi 65,6%. Ressalta-se que a subnotificação é encontrada não só no Brasil e assim a importância da notificação do acidente deve ser trabalhada nas IES.

O fato de mais de 80% dos acidentes ocorridos em ambas as instituições serem percutâneo coincide com outros estudos como o de Garcia e Blank (2006) e Sasamoto (2008). Quanto à região do corpo atingida na ocorrência do acidente as mais referidas, em ambas as instituições, foram dedos e mãos. Os olhos foram relatados por 7,14% dos

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