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CONSELHO NACIONAL DA ÁGUA

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Acta 51ª reunião CNA - minuta

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CONSELHO NACIONAL DA ÁGUA

ACTA DA 51ª REUNIÃO

17 de Dezembro de 2013 (minuta)

No dia dezassete de Dezembro de 2013, às 10h00, teve lugar a quinquagésima primeira reunião do Conselho Nacional da Água (CNA), no Salão Nobre do Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, na rua de “O Século”, que contou com a presença de Sua Excelência o Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Eng.º Jorge Moreira da Silva, na qualidade de Presidente, do Secretário de Estado do Ambiente, Dr. Paulo Lemos, para além dos seguintes elementos que integram o Conselho:

− Secretário-Geral: Joaquim Poças Martins

− Presidente da Agência Portuguesa do Ambiente: Nuno Lacasta

− Vice-Presidente da Agência Portuguesa do Ambiente: Alexandre Simões

− Representante do Presidente do Instituto Financeiro para o Desenvolvimento Regional: Mário

Martins Nascimento

− Director-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos: Natália Faisco (em

substituição)

− Director-Geral de Energia e Geologia: José Cruz (em substituição)

− Director-Geral das Actividades Económicas: Artur Lami

− Director-Geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural: Pedro Teixeira

− Director-Geral da Saúde: Paulo Diegues (em substituição)

− Presidente do Instituto de Turismo de Portugal: Fernanda Praça (em substituição)

− Vogal do Conselho Directivo do Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade: Sofia

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− Presidente da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos: Jaime Melo Baptista

− Representante do Ministério da Defesa Nacional: Jorge Simão Abelho (em substituição)

− Presidente da Câmara Municipal de Coimbra: Pedro Coimbra (em substituição)

Representante da organização não governamental QUERCUS, Associação Nacional de

Conservação da Natureza: Carla Graça

Representante da organização não governamental LPN, Liga para a Protecção da Natureza: Paula

Chainho

Representante da organização não governamental GEOTA, Grupo de Estudos do Ordenamento do

Território e Ambiente: Lurdes Brandão

Representante da organização não governamental APRH, Associação Portuguesa dos Recursos

Hídricos: Rodrigo Proença de Oliveira

− Representante da organização não governamental APDA; Associação Portuguesa de Distribuição

e Drenagem de Águas: Rui Godinho

Representante da organização não governamental APESB, Associação Portuguesa de Engenharia

Sanitária e Ambiental: João Feijó Delgado

− Presidente do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária: Paulo Brito Luz (em

substituição)

− Representante do Laboratório Nacional da Engenharia Civil: Rafaela Saldanha Matos

− Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra: João Pedroso de Lima

− Presidente do Conselho de Administração do Grupo Águas de Portugal: Afonso Lobato Faria

− Representante da Confederação dos Agricultores Portugueses (CAP): João Coimbra

− Representante da Assoc. das Empresas Portuguesas para o Sector do Ambiente (AEPSA): João

Gomes da Costa Membros convidados:

− António Betâmio de Almeida (IST/UL)

− Francisco Nunes Correia (IST/UL)

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− Luís Veiga da Cunha (UNL/FCT)

− João Paulo Lobo Ferreira (LNEC)

− Maria Teresa Ferreira (ISA/UL)

− António Eira Leitão (Hidroerg)

− António Carmona Rodrigues (UNL/FCT)

− Carlos Sousa Reis (FCUL)

Justificaram a sua ausência, indicando substituto nos termos estabelecidos nos n.º 3 e n.º 7 do artigo 2º do Decreto-Lei n.º 166/97, de 2 de Julho, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 84/2004, de 14 de Abril, o Director-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, o Director-Geral de Energia e Geologia e o representante do Ministério da Defesa Nacional. Comunicaram e justificaram a sua ausência, o representante do Ministério dos Negócios Estrangeiros. O representante da Região Autónoma da Madeira, a representante da REN e os vogais convidados, Prof. Doutor Francisco Andrade, Prof. Doutor Francisco Avillez, Prof. Doutor Fernando Santana, Prof. Doutor Rui Cortes e Eng.º José Barahona Núncio. Face à agenda da reunião, esteve ainda presente o Eng.º Veiga Frade, coordenador da Comissão de Acompanhamento dos trabalhos com vista à elaboração do PENSAAR 2020.

Anteriormente à reunião, foram distribuídos os seguintes documentos:

• Acta da 50.ª reunião plenária (ponto 1. da OT).

• Apresentação do PENSAAR 2020 (ponto 2. da OT).

• Trabalhos de elaboração do PENSAAR 2020. Uma nova Estratégia para o Setor de

Abastecimento de Água e Saneamento de Águas Residuais. Resumo da Fase 1 (ponto 2. da OT).

• Trabalhos de elaboração do PENSAAR 2020. Uma nova Estratégia para o Setor de

Abastecimento de Água e Saneamento de Águas Residuais. Resumo da Fase 2 & 3 (ponto 2. da OT).

• Intervenção do CNA (1994-2011) sobre o Sector do Abastecimento de Água e Saneamento de

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4/14 A reunião teve a seguinte:

Ordem de Trabalhos

1. Acta da 50.ª reunião do CNA, realizada a 01 de Outubro de 2013.

2. PENSAAR 2020 – Uma nova Estratégia para o Sector de Abastecimento de Águas e Saneamento de Águas Residuais.

Sua Exa. o Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia iniciou a sessão, referindo que o tema em debate, que regressará ao Conselho numa fase posterior, tem sido discutido com os vários stakeholders, já que o Governo está muito interessado em ouvir diferentes opiniões sobre o PENSAAR 2020. Em termos de calendarização e dando conta que esta matéria está a ser coordenada pelo Senhor Secretário de Estado do Ambiente, referiu prever-se a conclusão do documento até ao final de Janeiro de 2014, para poder depois entrar em discussão pública. Relembrou as intervenções antecedentes do CNA sobre a matéria, que considerou permanecerem actuais. Em relação ao enquadramento das grandes questões, reconheceu a enorme evolução registada, por exemplo, em relação à universalidade dos serviços, que foi possível materializar através da boa utilização dos Fundos Comunitários, mas salientou também os problemas de sustentabilidade financeira e falta de integração alta-baixa, sistematicamente referidos no passado. Realçou a alteração de paradigma que o PENSAAR 2020 trará, nomeadamente face à orientação dos próximos fundos disponíveis para as questões da eficiência. Referiu alguns trabalhos em curso, nomeadamente direccionados à reestruturação do Grupo AdP e à revisão do modelo tarifário, e salientou que a discussão do PENSAAR 2020 está em linha com os pressupostos do acordo de Parceria a estabelecer no âmbito da programação nacional dos fundos comunitários 2014-2020 e com a reestruturação do sector das águas. Concluiu a sua intervenção, agradecendo ao Eng.º Veiga Frade a disponibilidade para, num acto de cidadania, coordenar a comissão de acompanhamento dos trabalhos com vista à elaboração do PENSAAR 2020.

Entrando directamente no 2.º ponto da Ordem de Trabalhos, o Eng.º Veiga Frade agradeceu o convite para estar pela primeira vez presente numa reunião do CNA e fez uma exposição sobre o PENSAAR 2020, que, em conjunto com quatro outros documentos sobre o mesmo tema (disponíveis

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em: http://conselhonacionaldaagua.weebly.com/documentos-e-apresentaccedilotildees.html), sustentaram o debate sequente.

Iniciando o debate, o Prof. Nunes Correia referiu apreço pelo trabalho desenvolvido até ao momento na elaboração do PENSAAR 2020, que, afirmou, dará garantias de se chegar ao final do processo com um plano que representará uma mais valia para o sector. Salientou o diagnóstico efectuado, bem organizado e cristalizado, e sobre o qual reconheceu existirá um amplo consenso, bem como a coordenação do Eng.º Veiga Frade, pessoa desta área com trabalho importante numa instituição ligada ao financiamento do sector e cuja experiência se reflecte bem no trabalho desenvolvido. Sobre o novo paradigma anunciado, com o qual manifestou concordância, considerou que este reflecte o grau de amadurecimento do sector. Não obstante, considerou ser necessário concluir o ciclo de investimentos, embora numa nova escala e perspectiva, que remete para o bom estado das massas de água. Teceu algumas observações sintéticas, sobre o documento e as Fases do PENSAAR 2020 nele referidas. Salientou que um plano estratégico é inevitavelmente um plano político, o que a Fase 1 do PENSAAR não reflecte, referindo que, pelo menos, as questões políticas candentes deveriam constar do despacho de aprovação. Sobre o diagnóstico, louvou a postura do GT de não ter referido que tudo está mal, não obstante os problemas existentes e a necessidade de construir sobre o muito que se fez. Sobre a “obsessão” antiga com as metas de cobertura, o documento critica isso com alguma razão. Sobre as projecções sobrestimadas relativamente a número de habitantes e consumos, efectuadas a nível de projecto, salientou a má relação dos projectos efectuados com a dinâmica do território. Em relação à participação dos privados, em relação à qual referiu não ter qualquer preconceito, considerou que já com o PEAASAR II esta foi promovida, não sendo a sua participação residual (representa hoje 20 a 30% dos operadores dos Serviços de Água e Saneamento). Salientou ainda sobre a questão da dívida, que a mesma decresceu entre 2005 e 2007, só tendo aumentado significativamente a partir de 2011. Referiu que a preocupação com as fusões em alta já constava do PEAASAR II, sendo que as fusões já realizadas representaram sempre um problema político da maior complexidade. Realçou ainda que, não obstante o esforço de concentração já feito, uma proporção importante dos sistemas existentes estão implantados há mais de 20 anos, pelo que reconheceu será muito difícil, técnica e politicamente, passar para o número de sistemas proposto.

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Prosseguindo a sua exposição, referiu que algumas questões não clarificadas no PEAASAR II foram deliberadamente remetidas para o QREN e esclareceu que a figura de verticalização contemplada no PEAASAR II pretendia dar resposta a problemas levantados por legislação comunitária. Concordou com a necessidade de solucionar a questão da articulação entre alta e baixa, já prevista no PEAASAR II, e deu nota das análises feitas naquele plano sobre tarifas socialmente aceitáveis. Observou que os três T (Tarifas, Transferências e Taxas) são referidos de forma pouco aprofundada nos documentos disponíveis sobre o PENSAAR, considerando necessário aplicar os mecanismos de perequação já previstos. A concluir, reconheceu o potencial do sector, mas considerou necessário enquadrá-lo a apoiá-lo, chamando ainda a atenção para a necessidade de aumentar a regulação ambiental das concessões, o que considerou ser hoje uma tarefa mais difícil em resultado da centralização das ARH numa única entidade.

Sua Exa. o Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia interveio para esclarecer que a circunstância das ARH terem sido fundidas na Agência Portuguesa do Ambiente não as retirou da actuação no terreno, independentemente das licenças poderem ser passadas em Lisboa. Relativamente às agregações, salientou que estas têm como um dos seus objectivos criar condições para uma maior harmonização tarifária, embora também pretendam promover, por exemplo, economias de escala e aumentos das sinergias na gestão das infra-estruturas. Sobre a promoção de uma maior harmonização na baixa, e embora a harmonização das altas já dê um importante contributo, referiu que o Estatuto da ERSAR, que se encontra para aprovação no Parlamento, bem como a lei da factura detalhada, contribuirão para a resolução dos problemas existentes.

O Eng.º Jaime Melo Baptista congratulou-se pela revisão atempada do plano de trabalhos para o sector do abastecimento de água e saneamento feita pelo Eng.º Veiga Frade e pelo Grupo que coordena. Numa altura em que Portugal está a entrar numa nova fase de política pública relativamente a este sector, considerou muito importante ter existido desde o início uma estratégia relativamente estável que permitiu, nos últimos 20 anos e no âmbito da infra-estruturação, alcançar sucessos relevantes, apesar dos problemas ainda existentes. A esse respeito, salientou a existência de ainda dois milhões de habitantes sem acesso a serviços públicos de saneamento de águas residuais. Estas pessoas são servidas por instalações individuais que, reconheceu, não têm tido a

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atenção devida. Sobre a sustentabilidade económica e financeira, considerou ser central esta ser focada na baixa e nas tarifas. Referiu também a falta de eficiência estrutural e funcional existente em muitos sistemas, havendo assim espaço para grandes melhorias (eficiência energética, perdas de água, recursos humanos). Quanto aos sucessos identificados no sector, considerou que os mesmos foram sempre suportados por estratégias bem definidas, enforcement, existência de indicadores claros e monitorização dos resultados. Relativamente à questão institucional, referiu que a ERSAR deverá aumentar a articulação com a APA e com a Direcção-Geral da Saúde e salientou a necessidade de prosseguir a consolidação do enquadramento legislativo do sector. Sobre os modelos de gestão a adoptar, considerou ser essa uma decisão política, podendo ser vários desde que seja bem definida a respectiva forma de funcionamento. Referiu ainda a questão da organização territorial (com a procura de pontos de equilíbrio para que as agregações não sejam excessivas ou insuficientes), a necessidade do sector reforçar a componente da gestão das infra-estruturas, a questão das águas pluviais (que por não estarem indexadas ao consumidor apresentam dificuldades de gestão), a necessidade dos fundos comunitários terem bons regulamento e a questão da acessibilidade. Sobre a recuperação de custos, matéria em relação à qual há concordância abrangente quanto à sua importância, questionou alguns aspectos da regulação futura das tarifas dos municípios. Conclui, afirmando a convicção de que o sector vai conseguir manter o muito de bom que alcançou e corrigir o que está menos bem, criando condições que garantam a sua sustentabilidade futura.

Sua Exa. o Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia referiu o trabalho em curso no Ministério para promover uma maior integração das diferentes eficiências no uso dos recursos, incluindo os hídricos e os energéticos, por exemplo ao nível dos novos edifícios. Referiu ainda ter estado recentemente reunido com a ANMP a quem manifestou a disponibilidade do Ministério para dialogar, sendo que independentemente de outras questões (por exp. articulação alta-baixa), a grande alteração paradigmática em curso passa pelo novo regulamento tarifário e pelas exigências ao nível da eficiência.

O Eng.º Lobato Faria fez uma intervenção breve, referindo que por fazer parte do GT que está a elaborar o PENSAAR 2020 se reviu inteiramente na apresentação feita sobre o Plano. Mencionou a

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consensualidade do diagnóstico feito ao sector, que o caracteriza como adaptado a “corredores de fundo”, pelo que embora fosse desejável aumentar mais rapidamente os níveis de eficiência, há que primeiro eliminar os obstáculos existentes. Considerou a sustentabilidade económico-financeira dos serviços um assunto central, já que a maior parte da tarifa é actualmente utilizada para amortizar os investimentos. Teceu de seguida um conjunto de considerações sobre a dívida do Grupo AdP e sobre a questão da eficiência (relativamente à qual existe informação de partida mais fiável, permitindo que as coisas possam correr melhor no PENSAAR 2020 em contraste com os planos anteriores). Prosseguiu, considerando necessário aprofundar a aplicação do PENSAAR nas entidades gestoras da baixa, que estão no terreno, não focando o plano apenas na alta, que já hoje apresenta níveis elevados de maturidade e eficiência, não obstante os problemas existentes. Considerou complexo executar ao nível do PENSAAR a análise financeira de todos os investimentos e respectivos impactos no tarifário, embora seja importante, com o tempo disponível pelo GT, concretizar uma análise que permita aferir o impacto do plano na sustentabilidade financeira do setor e apoiar o estabelecimento de prioridades. A concluir, deu conta da política do Grupo AdP relacionada com amortizações, eficiência energética e redução de gastos com pessoal.

Sua Exa. o Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, não abordando especificamente o tema da dívida dos municípios ao Grupo AdP, referiu ter a indicação de que o ritmo de aumento dessa dívida tem vindo a decrescer, solicitando esclarecimentos adicionais. O Eng.º Lobato Faria esclareceu que a dívida aumentou muito a partir de 2009, tendo atingido 530 milhões de euros. Não obstante, o ano de 2013 trouxe um conjunto de sinais positivos, com a maior parte dos municípios a honrar os seus compromissos mensais, reflectindo a sua concentração financeira nos serviços essenciais. Embora existam questões em aberto com os municípios relativamente a componentes da dívida, nomeadamente as relacionadas com as águas pluviais, deu nota dos acordos de pagamento de dívidas entre a AdP e os municípios no montante de 183 milhões de euros, que contribuem para a redução do ritmo de crescimento da dívida. Sua Exa. o Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia referiu ter solicitado esta esclarecimento tendo ficado claro que a dívida de 530 milhões de euros é divida negociada e vencida, até para que não ficasse a ideia de que os municípios não estariam a colaborar na resolução desta questão.

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O Prof. Carmona Rodrigues, começando por felicitar o GT e o seu coordenador, realçou a condição pro bono em que o grupo aceitou fazer o trabalho e salientou a natureza do CNA, enquanto órgão de aconselhamento técnico do Governo. Considerou pragmático o diagnóstico ter realçado o que foi bem feito nos anteriores planos, bem como o que não correu tão bem, o que reúne aliás um consenso generalizado. Foi referido que o PEAASAR estimava uma população de 20 milhões no seu horizonte de planeamento, o que resultou no sobredimensionamento de muitos sistemas. Havendo seguramente sobrecustos associados a esse sobredimensionamento, questionou se as tarifas os devem incluir. Considerou ainda ser fulcral por os activos a funcionar bem, reabilitando alguns dos sistemas, e ir tão longe quanto possível na análise financeira que o PENSAAR propõe fazer, que deverá abranger as tarifas em baixa.

A Prof.ª Teresa Ferreira felicitou o GT e o relatório bem estruturado elaborado. Sobre o seu conteúdo, que refere a aplicação de indicadores de qualidade para avaliar as massas de água superficiais, esclareceu que o estado dessas massas é definido pelo estado químico e ecológico, sendo este último estabelecido com base em indicadores biológicos e em parâmetros hidromorfológicos e físico-químicos de suporte. Assim, alertou para o facto de os indicadores de estado das massas de água não responderem apenas à poluição química, pelo que reduções de poluição química podem não se traduzir directamente em melhorias do estado das massas de água.

O Eng.º Rui Godinho referiu que a APDA integra a comissão de acompanhamento dos trabalhos de elaboração do PENSAAR 2020 e que, nesse âmbito, tem expressado os seus pontos de vista sobre o plano, estando a preparar um documento para entregar ao GT, de que sublinhou alguns pontos: i) a necessidade de clarificar o enquadramento político e a estratégia do PENSAAR, nomeadamente sobre como chegar às metas e objectivos estabelecidos; ii) a necessidade em chegar a acordo quando à necessidade de promover a gestão de activos, o que representará um desafio relevante no contexto de aumento de eficiência de recursos que caracterizará os investimentos no período 2014-2020; iii) a necessidade de tornar o tópico da eficiência num eixo (objectivo estratégico) específico, associado a aspectos importantes como por exemplo a valorização das lamas; iv) a necessidade de encontrar formas de gerir em economia de escala o excesso de capacidade instalada; e v) a

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necessidade de salientar as soluções de geometria variável no desenvolvimento do PENSAAR 2020, nomeadamente as mais adequadas a locais de baixa densidade populacional.

Sua Exa. o Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia teve que se ausentar da reunião, referindo que a temática hoje em análise regressará numa próxima reunião do CNA quando o PENSAAR 2020 estiver mais desenvolvido, agradecendo uma vez mais ao Eng.º Veiga Frade o trabalho desenvolvido.

O Eng.º João Lobo Ferreira começou por salientar a qualidade da apresentação feita e salientou a necessidade de estabelecer sinergias para que a estratégia para o sector possa chegar a “bom porto”. A esse respeito, realçou a importância de bem sustentar cientificamente o PENSAAR 2020 e de aproveitar as oportunidades financeiras existentes no âmbito do Horizonte 2020, articulando ambos os instrumentos. Deu conta que os fundos disponíveis no âmbito do Horizonte 2020 deverão resolver problemas existentes, sendo que uma grande parte da verba disponível será direcionada para a questão das alterações climáticas e outra grande parte para a componente da inovação. Na resolução dos problemas existentes, acentuou a necessidade de aproveitar o conhecimento disponível e de melhor enquadrar candidaturas de projectos de investigação portugueses, aumentando a nossa participação nos projectos financiados no âmbito do Horizonte 2020. Lançou por fim o repto para que a massa crítica disponível em Portugal neste sector seja utilizada de forma produtiva e em articulação com as empresas para que o PENSAAR possa ser um sucesso.

A Eng.ª Rafaela Saldanha Matos felicitou o Eng.º Veiga Frade e o trabalho desenvolvido pelo GT, focando apenas a forma como a inovação é tratada nos documentos disponibilizados. Considerou que o tema poderia ter uma ênfase maior e surgir mesmo como um aspecto isolado no documento. Se o novo ciclo de fundos comunitários está profundamente associado à política soft (gestão eficiente), há um outro aspecto relacionado com o novo ciclo de fundos estruturais que tem a ver com a necessidade de alinhamento com a política de inovação, considerando o documento apresentado pouco ligado relacionado com o que está a ser feito no âmbito da estratégia de especialização inteligente. Esta estratégia faz o alinhamento entre o Horizonte 2020 e os fundos estruturais em cada País, identificando áreas nas quais se considera que a alocação de recursos é fundamental para

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alavancar a economia. Considerou que a ligação do PENSAAR com a estratégia de especialização inteligente devia ser aprofundada, apesar de algum desconhecimento sobre a forma como a estratégia está a ser conduzida no nosso País.

O Prof. Veiga da Cunha considerou que o GT fez uma boa reflexão inicial sobre os anteriores planos e fez um conjunto de comentários gerais sobre os documentos apresentados. Em primeiro lugar, julga ser urgente existir um documento escrito (mesmo que provisório) para melhor avaliar o seu conteúdo. Não obstante, salientou a alteração de paradigma relativamente ao valor da água, inicialmente vista como um bem sem importância (muito útil mas sem valor) e posteriormente como bem económico nos seus diversos usos competitivos. Outro princípio, o do acesso à água, que deve ser feito de forma fácil pelas pessoas, princípio que prevaleceu na evolução registada em muitos países e que tende a equilibrar-se com o princípio do bem económico. Referiu não se ter falado nas necessidades de água nos outros sectores, nomeadamente na agricultura, o que não deve ser esquecido e que deve mesmo ter reflexos no preço da água para as outras utilizações. Numa perspectiva integrada da gestão da água, referiu a menor ligação das ARH ao terreno, através de uma menor capacidade interventiva, nomeadamente na relação com os municípios, e motivação dos seus elementos, o que terá resultado da degradação do seu estatuto institucional. Por fim referiu o problema das tarifas e sua harmonização, reconhecendo a existência de zonas que não podem pagar um valor que reflita o real custo da água (dos serviços e da escassez). A solução deste problema não deve, contudo, impedir que o custo da água reflicta o seu real valor, para promoção do uso eficiente, devendo a solução destas questões passar por outras vias. Concluiu realçando a actuação consistente do País nesta matéria nos últimos anos.

Sua Exa. o Secretário de Estado do Ambiente assegurou que as ARH prosseguem a sua actuação no terreno a nível local, nomeadamente na relação com os municípios, considerando relevar como um dos contributos do MAOTE a capacidade que a fusão das ARH na APA trouxe no aumento da eficiência de resposta aos cidadãos.

A Dr.ª Paula Chaínho referiu ser notório nos últimos anos um extraordinário avanço no sector do abastecimento de água e saneamento de águas residuais a nível da macroescala, mas que será

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necessário pensar melhor as actuações a nível da microescala, nomeadamente em relação à microacessibilidade social e à sustentabilidade ambiental das soluções adoptadas (por exp. os preços por escalão deverão ser ajustados em função do agregado familiar e a criação de tarifários sociais).

O Prof. Poças Martins começou por salientar o elevado nível e densidade das intervenções dos conselheiros. Realçou a análise efectuada pelo Senhor Ministro sobre a evolução do sector e dos planos anteriores, elaborados desde 1994 (e que constam do documento produzido pelo CNA), sendo que aquando da sua elaboração se pensava sempre serem aqueles os últimos planos. Recuando um pouco mais no tempo e pelo seu significado para a temática em debate, recordou o lançamento das regiões de saneamento básico em 1973 e a sua extinção posterior em 1978. Com base na experiência pessoal, referiu que cerca de meia dúzia de anos é suficiente para planear, conceber e colocar no terreno sistemas complexos de abastecimento e saneamento, desde que estes não incluam barragens, pelo que as situações que se prolongam mais no tempo não resultam de problemas técnicos, mas de questões de outra natureza.

Sobre a exposição do Eng.º Veiga Frade, considerou-a excelente, quer na selecção dos problemas relevantes, quer na apresentação das soluções. Como em anteriores ocasiões, o diagnóstico do sector é sempre a parte mais consensual, realçando a importância da informação recolhida pela ERSAR e pela APA na qualidade do diagnóstico feito. Antecipou que a maior dificuldade será colocar o plano no terreno, salientando que por vezes se confundem os “sintomas” (perdas, dívidas, tarifas não sustentáveis, não recuperação de custos) com a “doença”, que urge debelar para garantir a sustentabilidade do sector. Como doenças principais, identificou duas: i) a dimensão desadequada dos sistemas; e ii) a gestão não profissionalizada dos sistemas. Referiu, por fim, que a solução dos problemas existentes será numa primeira linha política. A finalizar a sua intervenção, referiu não ter dúvidas sobre a boa evolução do PENSAAR 2020 e confirmou a disponibilidade do Conselho para continuar a acompanhar a sua elaboração e implementação.

O Eng.º Veiga Frade começou por referir ter sentido o sector crispado no início da elaboração do PENSAAR 2020, quer pela excessiva politização de certos temas, quer pelo foco excessivo nos sintomas e não nas causas dos problemas identificados. Referiu que enquanto plano estratégico, o

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PENSAAR pretende ser um plano abrangente, que permita gerar consensos nas ideias base e avançar a partir daí e na medida do possível para as soluções a implementar, embora algumas dessas soluções possam não ficar traçadas de forma muito definida. Também em resultado da crispação sentida no início, o GT começou por deliberadamente não trazer a política para a abordagem da questão, focando a análise nos aspectos técnicos, económicos, ambientais e sociais. Na medida em que estes aspectos se encontrem bem sedimentados, servirão de base para que os compromissos políticos intervenham posteriormente.

Deu alguns exemplos dos procedimentos seguidos na elaboração do plano. Por exemplo, se todas as entidades gestoras tivessem capacidade para gerar receitas que cobrissem os gastos, não existiriam dívidas (sintoma). Também em relação a outras questões, como a relação público/privado, as fusões ou a verticalização, foi utilizada uma abordagem bottom-up, por exemplo reconhecendo à partida existir um excesso de fragmentação e partindo desse ponto para a reflexão sobre como agregar. Referiu ainda que a solução de vários dos problemas identificados passará pela criação de um clima de exigência para que as entidades gestoras tenham necessariamente um espírito de empresa ao serviço da população. Considerou que esse objectivo se atinge através de um quadro regulatório mais forte e mais abrangente e da noção que as próprias entidades gestoras irão adquirir de que o seu desempenho tem que ser bom. Referiu ainda aspectos relacionados com a participação do sector privado e salientou que a análise financeira que será feita no PENSAAR não terá naturalmente um nível de pormenor que desça a cada contrato e a cada entidade gestora. Assim, a análise financeira que será feita pressupõe olhar para o PENSAAR como um projecto soft, entrosando os diferentes parceiros com uma estratégia bem definida e em que as soluções vão aparecendo à media em que são necessárias, podendo ainda ser ajustadas em função do desenvolvimento do plano.

Considerou também importante fazer chegar o PENSAAR ao terreno, o que aliás se espera conseguir através do envolvimento nos trabalhos de elaboração do plano da APDA e da AEPSA, trazendo para a discussão a experiência que têm. Sobre o custo do sobredimensionamento, questionou a forma de abordar a questão; se colocando a tónica no erro do passado, ou se olhando para o futuro, analisando quais as formas de tirar partido desta realidade, por exemplo no saneamento, onde os sistemas estão menos integrados e onde se pode conjecturar a paragem de algumas ETARs. Todavia, será

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necessário ponderar quaisquer acções dessa natureza, já que a procura da eficiência a todo o custo não pode comprometer a resiliência dos sistemas, por exemplo em situações de catástrofe ou num cenário de alterações climáticas, sendo aqui também importante o papel da inovação. Esclareceu que o documento produzido refere a questão do valor da água, e a dicotomia valor social/económico, embora por ser um plano focado no abastecimento urbano não contemple outros usos. Não obstante, o plano contempla refere a alocação eficiente dos recursos hídricos em termos de origens, nos seus múltiplos usos. Sobre a questão das tarifas, considerou fulcral que os serviços sejam prestados por entidades com sustentabilidade económico-financeira, que recuperem os custos, embora com preocupações de equidade. Deu conta da existência de meios para reduzir as assimetrias regionais relativamente à sustentabilidade dos sistemas, que podem incluir a agregação, e referiu também as abordagens possíveis para solucionar o problema da microacessibilidade (a nível das entidades gestoras ou dos seus acionistas, município ou conjuntos de municípios), quer através de transferências, quer através de uma estrutura tarifária diferenciada. Não obstante, realçou não se dever utilizar o argumento de que algumas pessoas não podem pagar uma tarifa justa para justificar tarifas muito baixas. A concluir, lançou um repto para que o PENSAAR venha a ser o instrumento de apoio à liderança deste sector, contribuindo para o desenvolvimento da sociedade portuguesa.

Sua Exa. o Secretário de Estado do Ambiente agradeceu uma vez mais o trabalho desenvolvido pelo Eng.º Veiga Frade e pelo GT que coordena, bem como a intervenção do CNA, ao promover uma discussão interessante e intelectualmente estimulante. Referiu que o processo de elaboração do PENSAAR é intencionalmente um processo muito participado, sendo desejo do Governo que o documento final possa reflectir os contributos recebidos. Referiu, por fim, ser consensual que a sustentabilidade (ambiental, social e económico-financeira) dos serviços de água representa um grande desafio, havendo uma responsabilidade geracional em deixar às gerações vindouras sistemas sustentáveis.

Referências

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