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43º ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM CIÊNCIAS SOCIAIS. ST24 Movimentos Sociais: protestos e participação

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Academic year: 2021

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43º ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM CIÊNCIAS SOCIAIS

ST24 – Movimentos Sociais: protestos e participação

Novos discursos? A experiência dos movimentos sociais de direita em Natal/RN

Lindijane de Souza Bento Almeida

Professora Doutora – Gestão de Políticas Públicas/PPEUR/UFRN almeida.lindijane@gmail.com

Pedro Henrique Correia do Nascimento de Oliveira Mestrando – PPEUR/UFRN

pedrohcorreiano@gmail.com

Ana Vitória Araújo Fernandes Mestranda – PPEUR/UFRN

avitoriaaf@gmail.com Raquel Maria da Costa Silveira

Doutora em Ciência Sociais (UFRN). Mestre em Estudos Urbanos e Regionais (UFRN). Bacharel em Gestão de Políticas Públicas (UFRN). Advogada (UNIRN).

raquelmcsilveira@hotmail.com

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RESUMO

Ao longo das últimas décadas, muitas têm sido as transformações econômicas, políticas e sociais no Brasil. Muitas dessas transformações tiveram início a partir da organização e mobilização popular. Mais recentemente, os eventos desencadeados no junho de 2013, que chamaram a atenção do país por cerca de um mês, são, como defendem pensadores, uma narrativa em aberto. Os protestos que emergiram após a primavera de junho evidenciaram uma série de atores que possuem pautas antagônicas ao projeto político progressista. Apesar disso, os estudos ainda estão engatinhando quanto à compreensão dos novos movimentos sociais na ocupação das ruas e nas cenas políticas. Sob esta ótica, o presente artigo busca compreender a forma como atuam os movimentos sociais de direita na capital do Rio Grande do Norte, Natal. Para tanto, o estudo está estruturado de forma a abarcar três objetivos específicos, a saber: a) identificar os principais movimentos sociais com espectro político à direita em Natal/RN; b) traçar o perfil das lideranças destes movimentos, visando entender sua trajetória, matriz ideológica e perfil de mobilização; e c) compreender a principal forma de atuação desses movimentos.

Palavras-chave: Junho de 2013. Movimentos Sociais. Movimentos Sociais de Direita.

INTRODUÇÃO

As expressivas mobilizações de grupos sociais com ideologia que os posicionam no espectro político da direita, no Brasil e no mundo, tem movido grande arsenal teórico-analítico sobre ação coletiva, visando sua compreensão. No Brasil, em específico, já se percebeu que grupos sociais com posicionamentos conservadores, nacionalistas e liberais identificados como “direitas” – no plural, por representar o conjunto de ideologias identitárias que vão para além dos supracitados - não são novos. Desde o império e Primeira república, passando pelos governos de Getúlio Vargas na década de 1940, pelas crises políticas que antecederam o Golpe Militar de 1964, chegando no período pós-redemocratização com a conversão dos grupos conversadores em neoliberais, há a presença das direitas em ação, no comportamento político do Brasil (KAYSEL, 2015).

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Porém, as direitas mantiveram-se pouco expressivas publicamente após a redemocratização, voltando a se colocar mais significativamente no cenário com os escândalos do mensalão do Partido dos Trabalhadores (PT) em 2005 e depois, posteriormente as jornadas de junho de 2013, com a explosão de mais um caso de corrupção nas gestões do PT, agora intitulada pela mídia de Petrolão. Nesse sentido, as pautas contrárias à realização de megaeventos (Copa do Mundo FIFA Brasil 2017 e Jogos Olímpicos Rio 2016) no país, anticorrupção e a favor da melhoria na oferta de serviços básicos das jornadas de Junho de 2013, mobilizadoras de uma sequência de um mês de protestos em rede no Brasil, é o mote do reaparecimento das direitas nas ruas.

Desse modo, a partir dos eventos de Junho de 2013, é possível identificar nos movimentos societários dois polos radicalmente antagônicos (BRINGEL; PLEYERS, 2015). Por um lado, há um campo progressista orientado por valores como igualdade e justiça. Por outro lado, surgiu um campo marcado pelo autoritarismo, traços antidemocráticos de defesa dos privilégios de classe, conservadorismo cultural e, também, de uma visão liberal.

No momento pós-junho de 2013, no campo epistemológico dos estudos sobre ativismo social, é possível inferir que, no Brasil, há um grande acúmulo de estudos sobre movimentos sociais com pautas progressistas, marcados pela busca do ideário de justiça e igualdade, em contraposição à escassez de estudos sobre o ativismo de grupos sociais com espectro político à direita, como defende Pierucci (1990) que já fazia essa discussão ainda na década de 1990.

Desse modo, compreende-se que, no Brasil, têm surgido pesquisas no campo dos movimentos sociais contemporâneos dos dois polos, destacando-se, dentre os estudos recentes, o trabalho de Tatagiba (2017) que vem desenvolvendo suas investigações adotando as ruas como arena política de percepção metodológica.

Sob esta ótica, corroborando com as ideias acima mencionadas, o presente estudo dá prosseguimento as pesquisas desenvolvidas ao longo dos últimos 5 anos acerca da temática da participação e ativismo social no contexto da política urbana. Nesse sentido, parte-se do contexto político das

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manifestações pós-junho de 2013 e de abertura social para a atuação de movimentos sociais, dando prosseguimento à pesquisa e à produção acadêmica acerca da temática.

Assim, o presente artigo busca compreender a forma de atuação dos movimentos sociais de direita em Natal/RN tendo três objetivos específicos, a saber: a) identificar os principais movimentos sociais com espectro político à direita em Natal/RN; b) traçar o perfil das lideranças identificadas, buscando entender sua trajetória, matriz ideológica e perfil de mobilização; e c) compreender a principal forma de atuação desses movimentos.

Para tanto, serão analisados os relatos das lideranças já entrevistadas, bem como material jornalístico da imprensa local, à luz da lógica hipotético-dedutiva, além da aplicação da coleta e análise de dados qualitativa por meio de entrevistas semiestruturadas. Reafirma-se o caráter qualitativo deste estudo, contemplando a pesquisa bibliográfica, a análise documental e a aplicação de entrevistas semiestruturadas com as lideranças dos principais movimentos sociais de direita com atuação em Natal/RN: Rede de Apoio à Democracia e Atuações Republicanas (RADAR); Força Democrática (FD); Movimento Brasil Livre (MBL); Grupo Operação Descomuniza Já (DJ), utilizando a técnica snowball sampling ("Bola de Neve"). Ao final, a partir das especificidades locais dos movimentos sociais natalenses, será possível indicar se há um novo discurso das Direitas após as Jornadas de Junho de 2013, considerado aqui o mote desses grupos para retomarem suas mobilizações.

Este trabalho está estruturado, para além dessa introdução, em duas seções. A primeira, intitulada Que onda é essa? As novas Direitas em ação, busca contextualizar as novas direitas no Brasil a partir do ciclo político vivido pós-redemocratização, sobretudo, após as jornadas de junho de 2013. Já a segunda seção, Movimentos sociais à direita em Natal/RN: trajetórias, atuação e matriz ideológica, apresenta resultados ainda em estágio exploratório dessa pesquisa. Por fim, as considerações finais fazem um apanhado geral da presente pesquisa, questionando se o que observamos não se trata de mais uma roupagem do comportamento das Direitas no Brasil.

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1. QUE ONDA É ESSA? AS NOVAS DIREITAS EM AÇÃO

Como já dito, não é nova a atuação das Direitas no Brasil. O ineditismo está na sua nova roupagem, no seu novo modus operandi. Para esse texto, em particular, consideramos como fio condutor, pontuais eventos ocorridos no recorte temporal do recente ciclo político de 30 anos de experiência democrática, vividos a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988. Assim, começamos nossas análises histórico-descritivas a partir dos processos que desdobraram no fim do Regime Militar.

Nesse sentido, há de se destacar que a abertura da transição do Regime Militar para governos civis, iniciada nos anos de 1970 geraria duas importantes mudanças: fricções entre as lideranças empresariais e o regime ditatorial, levando o empresariado a apoiar a redemocratização; e o retorno do pluripartidarismo em 1979, causando a quebra da unidade da Direita em vários partidos em torno de uma mesma ideologia. Em resumo, percebe-se um esfacelamento de uma direita, até então conservadora e nacionalista, em torno do Regime militar, para várias frentes cuja única unidade seria um Estado mínimo, portanto, o neoliberalismo (KAYSEL, 2015, p. 68). Reforçando, desse modo, a nossa ideia de diversas direitas.

Esse único traço identitário vai ser percebido mais fortemente na Assembleia Nacional Constituinte quando o chamado “centrão”, ou seja, grupos políticos de centro-direita, pois naquele momento o claro posicionamento a direita gerava um desconforto na opinião pública, vão barrar ou minimizar propostas de reformas sociais advindas da esquerda (KAYSEL, 2015, p. 69).

O início da implantação do neoliberalismo como único traço identitário programático das Direitas, por sua vez, vai ser a partir do Governo Collor, membro de um partido político considerado outsider entre os grandes jogadores, o que não lhe deu base de sustentação no Congresso para ir a fundo com o receituário neoliberal. As consequências podem ser vistas na opinião pública pelas mobilizações dos Cara pintadas - que junto das Diretas Já e as Jornadas de junho de 2013 são os maiores protestos do Brasil. A consolidação de uma “hegemonia” neoliberal só veio com as políticas empreendidas no octênio do

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governo Fernando Henrique Cardoso - FHC do Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB.

Nesse ponto é importante destacar as mudanças ideológicas no projeto político do partido. Quando fundado em 1988, o PSDB previa uma plataforma de centro-esquerda, contudo, é necessário frisar que a social-democracia prevista pelos “tucanos” - como são conhecidos os membros filiados da sigla - trazia consigo diversos elementos do neoliberalismo, nos moldes do modelo defendido por Anthony Giddens e do primeiro-ministro francês Michel Rocard. Logo, as bases da guinada em direção ao centro-direita, dada por meio da coligação com o PFL em prol da eleição de FHC em 1994, já estavam calcados.

Quando se coloca esse ponto, há de se frisar ainda o papel da - então “nova” – Constituição Federal de 1988 para efervescência do discurso de “descentralização” entre os entes do Estado brasileiro - em oposição ao autoritarismo do período anterior - e o afloramento das experiências participativas por meio dos Orçamentos Participativos e Conselhos gestores de políticas públicas, diminuindo assim, espaços para ação das direitas.

Salientamos, também, os conflitos discursivos em torno ação pública gerados através das “fricções” entre os modelos de gestão pública empreendidos nacional e sub-nacionalmente naquele momento. Estava instalado nas palavras de Dagnino (2004, p. 195) a “confluência perversa”, ou seja, o avanço simultâneo de dois projetos políticos discursivos com características distintas: um neoliberal, materializado pelo modelo de gestão gerencialista, tendo no PSDB o seu principal expoente, de um lado; e do outro lado, um democratizante, expresso pelas gestões democrática-participativas do PT e demais partidos de esquerda.

Esse discurso participacionista do PT vai ser largamente expandido quando o partido a partir de uma inclinação para o centro, construída por meio de forte coalizão com outras agremiações e setores chaves das classes dominantes, fecham acordo para manutenção dos elementos da macroeconomia. Desde então houve gradativo aumento no investimento em políticas econômicas, sociais e redistributivas, bem como, genérico aumento nas instâncias participativas. Antes, conselhos e conferências somente eram realidade no desenho das políticas sociais (saúde, educação, assistência social

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e habitação), passando a estar presente em variadas outras políticas, como urbana, transversais e identitárias (ROMÃO, 2015).

Porém, diante desse contexto, emergem os escândalos de corrupção relacionados aos mecanismos de compra de votos de parlamentares câmara em favor da aprovação de projetos da coalizão governista. Esse escândalo logo ficou conhecido como mensalão, tendo, nesse sentido, a mídia atingido um protagonismo tal capaz de articular as forças direitistas (KAYSEL, 2015, p. 70).

A partir desse ponto é que surge, em 2007, nas ruas da capital paulista, o movimento Cansei, surgido após o acidente com o voo 3054, tendo como um dos seus principais articuladores o atual governador de São Paulo, João Dória Júnior, a Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo e algumas celebridades. As principais pautas nesse momento eram contra a corrupção da máquina pública e a gestão do PT do então presidente Lula. Contudo, esse movimento apesar de reativar as direitas não foi capaz de mobilizar a nível nacional, voltando a colocar suas pautas somente depois de junho de 2013.

Os eventos de junho de 2013, que mobilizaram o país por cerca de um mês, são, como defendem muitos pensadores, uma narrativa ainda em aberto. Para Singer (2012), tais mobilizações têm origem em momentos anteriores ao governo de Governo Dilma Rousseff, Presidenta da República à época das manifestações. Sua gênese seria datada, portanto, no fim do Governo Lula - governo esse que apesar de muito bem avaliado popularmente teve o seu final de mandato agravado em razão da Crise Mundial de 2008 – e na dificuldade encontrada por Dilma para manter aquilo que Singer denominou de Lulismo, momento político que aqueceu o fluxo econômico do país.

Logo, as jornadas de Junho de 2013 também pode ser tidas como a representação nacional de uma “rede” de protestos internacionais originadas por disputas político-bélicas, por um lado, como no caso do Egito e da Turquia, ou pelas consequências da crise econômica internacional que aterrou economias nacionais do velho continente.

No Brasil, os eventos de Junho de 2013 caracterizam uma nova expressão das manifestações, uma vez que seguiram o mesmo ideário de

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reivindicações da qualidade na prestação dos serviços públicos dos países centrais. No caso particular brasileiro, observou-se uma maciça indignação com os altos custos das obras da Copa do Mundo FIFA de 2014 e a continuidade do baixo investimento na prestação de serviços por parte do Estado (saúde, educação, saneamento, transporte e habitação), sempre atrelados ao discurso de corrupção por parte de agentes do Estado brasileiro.

Nesse sentido, Bringel e Pleyers (2015, p. 6) afirmam que a “diferenciação dos ritmos, composições e olhares dos protestos nos vários lugares onde ocorreram nos leva à importância de situar as mobilizações em diferentes coordenadas espaço-temporais”. Agregam, desse modo, mais uma característica às manifestações: a multiescalaridade espacial dos acontecimentos. Os eventos de junho de 2013, diferentemente, de outros dois momentos marcantes de manifestações de Rua no Brasil, (manifestações pelas Diretas Já e os Cara Pintadas), seguiram uma onda de protestos globais, também conectados prática e simbolicamente com escalas locais de ação. Não obstante, ressalta-se, ainda, a capilaridade das manifestações em todo o território nacional.

O fato é que os eventos de junho de 2013 representam, para parte majoritária dos seus intérpretes, um ponto de inflexão que promoveu uma “abertura societária” (BRINGEL; PLEYERS, 2015) no processo de construção democrática brasileira. Essa abertura, promovida pelos eventos de Junho de 2013, mexeu diretamente com o ativismo social no Brasil, representando também uma “janela de oportunidades” para novos movimentos sociais.

Desse modo, a partir de Junho de 2013 tornou-se possível identificar nos movimentos societários dois polos radicalmente antagônicos (BRINGEL; PLEYERS, 2015). Por um lado, há um campo progressista orientado por valores como igualdade e justiça, que consiste numa:

[...] camada diversa de jovens, coletividades, plataformas e movimentos que têm militado na denúncia (e na tentativa de eliminação) das hierarquias, da opressão e dos abusos do Estado – principalmente, violência, racismo institucional e criminalização – e em reivindicações variadas, como a qualidade dos serviços públicos e por uma vida mais humana nas cidades (BRINGEL; PLEYERS, 2015, p. 12).

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Por outro lado, surgiu um campo reacionário marcado pelo autoritarismo, traços antidemocráticos de defesa dos privilégios de classe e, também, de uma visão liberal. Tal campo seria pautado por:

[...] seus discursos e na prática cotidiana, as estruturas de dominação e as formas de opressão. Aceita a alta desigualdade social existente no país com um discurso da inevitabilidade e/ou da meritocracia. Prega, em alguns casos, pelo retorno de um passado melhor (a ditadura), para o qual não teme pedir a intervenção militar. Conta, em geral, com apoio e atua em colusão com as elites econômicas e midiáticas. Costuma atuar nos bastidores da política, embora combine agora estas estratégias com uma novidade: o recurso à mobilização nas ruas e à ação direta (BRINGEL; PLEYERS, 2015, p. 12-13).

É justamente sobre essas características dos movimentos sociais surgidos no pós Crise mundial do capitalismo de 2008, onde estão encaixados as direitas, que reabriram uma agenda de pesquisa sobre os sentidos e aplicação dos conceitos de ativismo, militância e protestos.

Nesse sentido, para Gohn (2018, p. 19), no contexto atual, destacam-se o ativismo dos jovens, o uso das tecnologias e a mudança do perfil predominante dos protestos. Para a autora, o militante se torna aquele que tem filiações e compromissos coletivos com grupos ou agremiações. Já o ativista, atua em detrimento de causas específicas, de forma individual, e quando busca grupos, atua mais em coletivos - outro novo formato de mobilização - do que em movimentos já consolidados.

Para o novo perfil das Direitas no Brasil, após os eventos de Junho de 2013, vem-se buscando compreenda-las como parte dessa discussão mais ampla entre ativismo e militante. Aparentemente os grupos surgiram como ativistas e agora com o transcorrer da consolidação das suas pautas, tornaram-se numa mistura de ativistas com militantes, capazes de junto com a mídia articular a opinião pública a favor do Impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

Logo, entende-se que no transcorrer dos estudos sobre movimentos sociais o espectro da esquerda ganhou maior atenção devido as suas causas, esquecendo-se da direita com suas diretrizes e valores. Agora, partindo desse ponto, esse texto visa jogar luz sobre a questão, olhando especificamente para

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aqueles que se expressam na cidade do Natal. Assim, vencida essas questões histórico-conceituais da discussão sobre as direitas, a seção a seguir descreve e analisa os principais movimentos sociais as direitas em Natal/RN; o perfil, a trajetória, a matriz ideológica e perfil de mobilização das lideranças dos movimentos identificados; e a principal de forma de atuação desses movimentos.

2. MOVIMENTOS SOCIAIS À DIREITA EM NATAL/RN: TRAJETÓRIAS, ATUAÇÃO E MATRIZ IDEOLÓGICA

Esta seção tem por finalidade apresentar e analisar a atuação de movimentos sociais de direita de Natal/RN, com o intuito de compreender as principais formas de atuação dos movimentos. Para além disto, será exposto o perfil das suas lideranças e a confrontação dos seus discursos de 2014 a 2019.

De antemão, ressalta-se que os movimentos foram escolhidos a partir dos meios de veiculação formais de Natal, os movimentos mais citados em reportagens foram selecionados para serem entrevistados, totalizando seis movimentos sociais à direita, sendo estes: i) Rede de Apoio à Democracia e Atuações Republicanas (RADAR); ii) Força Democrática (FD); iii) Movimento Brasil Livre (MBL); iv) Grupo Operação Descomuniza Já (DJ); v) Puro Sangue; vi) Endireita Natal.

É importante destacar que houve resistência das lideranças em concederem a entrevista. Apenas um movimento social aceitou ser entrevistado na universidade dos pesquisadores, os demais declararam explicitamente que não se sentiam à vontade em estar neste ambiente. No total, dentre os movimento identificados, três movimentos aceitaram participar da pesquisa: Radar, força democrática e MBL.

Os entrevistados declararam que possuem uma rede entre os movimentos sociais de direita, utilizando, principalmente, o recurso virtual, em especial, o aplicativo whatsapp. Essa natureza mais relacional possibilitou a aplicação da metodologia snowball sampling ("Bola de Neve"). Todas as

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lideranças dos movimentos sociais à direita acima referidos foram contatados. No entanto, não houve disponibilidade por parte das lideranças do Grupo Operação DJ, Puro Sangue e Endireita Natal.

A fim de cumprir os objetivos delineados, optou-se por estruturar o instrumento de entrevista com um caráter mais exploratório do perfil destas lideranças, bem como buscando compreender a forma como eles atuam e a percepção deles de junho de 2013. A compreensão de questões relacionadas a valores, ideias, princípios norteadores foram coletados a partir da análise documental. Desta forma, o quadro apresentado a seguir combina estas duas técnicas de pesquisa.

Quadro 1: Perfil dos movimentos sociais à direita Nome do

movimento social

Ano de criação Quantidade de

associados Abrangência Periodicidade das reuniões Rede de Apoio à Democracia e Atuações Republicanas (RADAR)

2015 30 membros Estadual Quinzenais/ Mensais Força Democrática (FD) 2015 Em média 100 membros Estadual com ramificações municipais Não há reuniões periódicas, elas ocorrem quando vai haver atuação do movimento Movimento Brasil Livre (MBL)

2014 350 membros Nacional Quinzenais/ Mensais

Fonte: elaboração própria, 2019.

É notório que todos movimentos abordados foram criados em períodos próximos, isto é, no momento em que houve a polarização no Brasil, pós junho

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de 2013. Além deste ponto, todas as organizações declararam que possuem um espectro político à direita e que embora haja divergências internas e/ou com demais movimentos que possuem o mesmo espectro político, esse ponto e a defesa do estado mínimo é sem dúvidas um elo entre os associados. Outra questão que merece destaque é o posicionamento dos movimentos, todos alegaram que são organizações suprapartidárias. Avritzer (2016), Tatagiba (2017) relatam que durante as manifestações de junho de 2013 e pró-impeachment da presidenta Dilma Rousseff, as pessoas que se consideravam apartidários e alegavam que não possuíam cunho político, no entanto, adotavam uma postura anti petista e o discurso mais generalizado é a pauta contra a corrupção.

As entrevistas realizadas neste trabalho demonstrou uma quebra nesse discurso, de 2014 a 2019, os manifestantes que antes apontavam o descrédito das instituições públicas e com a política brasileira, bem como se consideravam como apartidários, passaram a instituir movimentos claramente de direita, com pautas políticas similares, os quais passaram a acreditar que a rua é um espaço democrático de manifestação e que não deve ser ocupado apenas pelos movimentos com espectro político à esquerda. Ao denotarem que a efervescência de junho de 2013 pressionou os parlamentares e o Poder Executivo, bem como que protestos sem uma pauta definida aglutinou outros espectros políticos, os manifestantes definiram as diretrizes dos movimentos e passaram a ter atuações mais regulares. Assim, os anos de criação e a permanente atuação destes movimentos, coadunam com a ideia de “janelas de oportunidades” defendidas por Bringel e Pleyers (2015).

É importante ressaltar, que a mudança da compreensão dos manifestantes de apartidários para suprapartidários refletiu essencialmente em: i) o apoio maciço à candidatura do presidente Jair Bolsonaro e a deputados estaduais, federais, senadores e governadores com os mesmos valores e percepções, uma vez que, os associados entendem que se algum candidato for de encontro aos princípios do movimento ele pode ser apoiado; e ii) todos os movimentos sociais com espectro político à esquerda são vinculados ao Partido dos Trabalhadores. Assim, a estratégia dos movimentos sociais à direita foi

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circunscrita em eleger o maior número de candidatos, o que pode ser visto no bancada da câmara dos deputados, senado, bem como vincular os candidatos progressistas à imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como uma maneira de incitar o antipetismo.

Exceto o Movimento Brasil Livre que declarou que a estratégia do movimento será pautada na militância política e não mais na inserção de representantes no executivo e no legislativo, as demais lideranças dos movimentos alegaram que a proposta para os próximos anos é de se atuar em nível municipal, tanto nos debates, quanto na eleição de candidatos com espectro político à direita. É necessário reforçar esse ponto pois, os movimentos, salvo o MBL, surgiram em uma perspectiva local, com o intuito de lutar por objetivos que estão intimamente relacionados ao contexto nacional, no entanto os municípios serão alvo de disputa nos próximos anos.

Aliado a maior pauta dos movimentos de direita, o combate à corrupção, emergem as pautas relacionadas ao Estado mínimo e/ou à ideia de estado necessário, consequentemente à privatização, apoio a Lava Jato e questões intimamente relacionadas a valores e ideias, em especial, a princípios conservadores. Em outros casos, como foi citado pela liderança do RADAR, as divergências internas chegam a questionar fundamentos democráticos, entretanto, o movimento opta por ser coerente à democracia.

Outra similaridade entre os movimentos é os espaços que atuam para promover as suas ações, exceto o MBL, todos os demais movimentos não ocupam espaços institucionalizados de participação social. Apesar disto, os entrevistados alegam que acompanham os trâmites legais a nível nacional, estadual e municipal (Natal/RN), isso evidencia um ponto que chamou bastante atenção, a atuação do grupo RADAR. O representante do movimento, o relaciona com os demais movimentos de direita, em especial, o Força Democrática. Segundo ele, “o RADAR é a ‘razão’ e o FD é a ‘emoção’, ‘explosão’.”. Para ele, o único movimento de rua é o Força Democrática, e os demais agregam a ele.

O RADAR, por sua vez, não é um movimento de rua. Segundo o entrevistado:

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ele é composto por pessoas altamente intelectuais, para você ver o nível que nós temos no RADAR, nós temos oficiais generais que fazem parte, brigadeiros, generais, hoje o RADAR tem um deputado federal, que é o deputado Girão (PSL), ele faz parte do RADAR, nós temos coronéis, nós temos graduados suboficiais, temos sargentos e nós temos empresários e toda uma gama de pessoas que são preocupadas com o Brasil, o estado do Rio Grande do Norte e com Natal, então quando acontece alguma coisa, o RADAR se posiciona, já escrevemos para o Ministro do Supremo Tribunal Federal, mostrando a indignação do próprio grupo externada por algumas pessoas que estão próximo, já escrevemos para comandantes de forças, tudo isso ai é o que RADAR se coloca, se presta. (Liderança do RADAR, 2019).

Embora ainda não esteja institucionalizado, o movimento caminha a passos largos para a institucionalização. Em nível estadual e municipal (Natal/RN), o RADAR age como uma espécie de guia e fio-condutor dos outros movimentos de direita. Algumas reuniões realizadas são restritas aos associados. Para ingressar no movimento, é necessário preencher uma ficha, a qual será utilizada para conhecer o perfil das pessoas e o real interesse na organização, após a aprovação, pode-se frequentar as reuniões.

Deve-se retratar, que tanto o RADAR, quanto o MBL possuem orientações de movimentos que atuam a nível nacional, o Encontro Pátria Amada e o estatuto do MBL Nacional, respectivamente. Assim, ficou claro que há essa interação em rede, envolvendo todos os entes federados brasileiros. Desse modo, quando há mobilizações em Natal/RN, há orientações para que haja em outras grandes cidades brasileiras. Assim, aliado a perspectiva nacional, o RADAR direciona os demais movimentos, em especial o FD a ocupar as ruas. Ambos movimentos declararam que não possuem financiamento público, nem apoio de partidos políticos, as ações ocorrem de acordo com as doações dos membros das organizações..

No entanto, há nuances entre o RADAR, o FD e o MBL, enquanto o primeiro movimento defende um estado mínimo, pautado em ideais referentes “a família, a ética, a moralidade, a disciplina, a dignidade, o patriotismo, a solidariedade e a cidadania”. O MBL preza pelo estado mínimo dividindo suas propostas em áreas temáticas, que vão da saúde e educação a economia e

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justiça. Já o FD declara que é a favor do estado necessário, isto é, para ele, “o estado que venha prover a segurança jurídica dos cidadãos e que venha promover algumas leis que iniba organizações que tragam prejuízos sociais”, para além disto, o movimento acredita no “empreendedorismo como liberdade”.

Ao serem questionados se eles se consideram como movimentos sociais, todos declararam que são movimentos sociais. A liderança do grupo RADAR apresentou que há uma divergência dentro da instituição, para ele, há compreensão de movimento social como organização que atua em prol da sociedade, fazendo trabalhos sociais quando solicitado, por outro lado, o movimento possui diretrizes norteadores bem definidas, então, a liderança prefere se denominar como “movimento de direita”.

Divergindo de uma perspectiva de atuação do RADAR ou do FD, os entrevistados do MBL registraram que o movimento possui três principais pilares de atuação: i) a comunicação; ii) a militância política; iii) a atuação institucional. No que diz respeito à comunicação, as lideranças relatam que as redes sociais é o principal meio de mobilização, inclusive, um dos entrevistados declarou que sua aproximação com o movimento se deu por esse meio. Já a militância política, refere-se ao acompanhamento a câmara dos vereadores e de deputados, propondo projetos de lei, participando dos debates. O pilar institucional relaciona-se com a inserção de representantes do movimento do poder executivo e legislativo, as lideranças recordam que esta estratégia começou com a eleição de Fernando Holiday no estado de São Paulo. O movimento é composto por uma média de 350 membros, que estão na média de 18 a 21 anos. Um dos entrevistados é coordenador/portavoz estadual e o outro é representante do MBL estudantil.

As lideranças expuseram que o MBL encontra-se na “terceira fase”, a primeira fase é conhecida como MBL 1.0, aquele que liderou as manifestações a favor do impeachment. Segundo os entrevistados, após essa fase houve um amadurecimento, o movimento elegeu algumas pessoas e passou reestruturar a estratégia de atuação, todos os núcleos receberam manuais com orientações, pautas, elementos básicos para instruir e se aglutinar mais lideranças. A fase 2.0 refere-se a eleição de representantes como Kim Kataguiri no legislativo

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federal. A fase 3.0 é a autocrítica do movimento. Para eles, a polarização naquele momento foi necessária para ocupar espaços, no entanto, hoje simplificou o debate público e dificulta o diálogo com qualidade. O MBL

No que diz respeito à participação na vida ativa na cidade, os movimentos abordados não possuem cadeira nos espaços institucionalizados de participação, bem como não há interesse em participar. As discussões são acompanhadas à nível do executivo e legislativo, nas câmaras de vereadores, deputados, no senado, mensagens ministeriais e presidenciais. Tanto o MBL, quanto o Força Democrática demonstraram que atualmente, a atuação se voltou ao instrumento de planejamento urbano no município, ou melhor, o processo de revisão do Plano Diretor de NataL, uma vez que há pautas referente ao liberalismo econômico e ao interesse dos grupos empresariais. Ao serem questionados quanto à participação em outros instrumentos de gestão, como o Plano Plurianual, Orçamentos Participativos, os entrevistados alegaram que não participam ativamente destas discussões.

Após uma breve contextualização do perfil dos movimentos sociais à direita, da mesma maneira em que houve um contexto da atuação desses movimentos. O próximo ponto refere-se ao perfil das lideranças. Este elemento é importante por trazer à tona a reflexão da trajetória dessas pessoas e a sua inserção nos movimentos sociais à direita. O quadro a seguir exibe o perfil das lideranças a partir do sexo, idade e profissão, logo após será abordada questões mais subjetivas do discurso, a quais podem se configurar como uma agenda de pesquisa para os estudiosos das ciências sociais.

Quadro 2: Perfil das lideranças dos movimentos sociais à direita – Natal/RN

- Movimento de Direita Sexo Idade Profissão

1 RADAR/ Força Democrática (FD) M 54

Militar na reserva – Bacharel em

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2 Força Democrática (FD) M 28

Motoboy – Analista de redes (não

atuante)

3 Movimento Brasil Livre (MBL)

M 21 3 graduações incompletas e graduando Gastronomia M 16 Estudante do ensino médio do Instituto Federal Fonte: elaboração própria, 2019.

Diante das entrevistas realizadas, não foi possível realizar generalizações, primeiro por se tratar de uma pesquisa qualitativa, segundo por termos obtidos recusas na realização das entrevistas. Apesar disto, muitas questões podem ser abordadas e abrir uma janela de pesquisa acerca desta temática.

Ao se tentar desenhar um perfil dos manifestantes com espectro político à direita, apontava-se homens, brancos, classe média, militares, com idade já avançada. Ao iniciar a pesquisa, denotou-se que está crescendo o número de jovens envolvidos com os movimentos sociais à direita. O MBL é grande um grande exemplo, o movimento conseguiu aglutinar em média 350 jovens de 18 a 21 anos em prol dos seus objetivos. Outro ponto comum entre os jovens entrevistados foi a quantidade de interrupções de graduações. Todas as lideranças jovens declararam que sofreram represália nos cursos das universidades federais, não conseguindo finalizá-lo.

Tanto o representante do Força Democrática, quanto o representante mais novo do MBL expuseram que antes coadunavam com movimentos sociais progressistas, no entanto, quando ampliaram seus leques de conhecimento, “conhecendo os dois lados da história”, optaram por participar de movimentos

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sociais à direita. É interessante destacar que as falas de todos entrevistados trouxeram uma perspectiva de uma ideia de “certo versus errado”, esse posicionamento estava bem claro no discurso da liderança do RADAR, principalmente no que toca às questões relacionadas à disciplina e a patriotismo advinda da influência militarista em sua trajetória.

O ideário do que é certo transborda nas questões econômicas, sociais, partidárias e individuais. É notório que todos os entrevistados se sentiram prejudicados em algum momento da vida, o qual fez com que essa compreensão emergisse para pautas coletivas, como cotas, direitos humanos, empreendedorismo, etc.

No que tange à trajetória dos entrevistados, as respostas caminharam para um caminho não previsto pelos pesquisadores. Todas as lideranças estudaram em escolas públicas, tiveram acesso à instituições de ensino federal, dois dos entrevistados são negros. Os três entrevistados mais novos sentiram-se à vontade em expor que são filhos de casais sentiram-separados e foram criados em lares composto pela mãe e pela avó materna, declarando a ausência do pai no processo de formação. De modo direto, esta informação não possui relevância para a construção do estudo, no entanto, esta divergência do perfil esperado pelos pesquisadores, levanta questões no que se refere quem são as lideranças que estão atuando como articuladores, nos bastidores das políticas. Atraindo um perfil mais jovial, que buscam empreendedorismo como uma alternativa de inserção no mercado de trabalho.

Quando a liderança do RADAR, o homem que possui o perfil que mais se difere dos demais, o entrevistado não se apresentou como químico formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e sim, como militar, este ponto aparece no final da entrevista, após a justificativa de não se sentir à vontade na universidade, embora tenha se graduado nela.

Divergindo dos discursos dos representantes do executivo e do legislativo, a fala dos entrevistados, enquanto momento formal da entrevista, pouco se voltou a questões relacionadas à valores e ideias do próprio movimento, como também esperou. Desse modo, estes perfis apresentados abrem um leque que necessita de um aprofundamento do debate, uma vez que,

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as representações se distanciam do perfil conhecido pelo ideário de manifestantes presentes nos protestos em prol do impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

Ressalta-se ainda, que estudos com vistas a generalizações podem contribuir para a compreensão do perfil destas lideranças, mas apenas estudos qualitativos conseguirão aprofundar a trajetória destas lideranças e compreender esta influência no cenário político brasileiro.

À GUISA DA CONCLUSÃO

À guisa de conclusão, notou-se que os movimentos sociais com espectro político à direita, que em primeiro momento ocuparam as ruas com pautas referentes a corrupção dos agentes do Estado, em especial, do executivo federal, na figura dos presidentes petistas - levantando pautas como a redução de impostos, do dólar, do preço da gasolina, entre outros pontos - no ano de 2018 ocuparam as ruas a favor da eleição do atual presidente, Jair Bolsonaro, eleito pelo Partido Social Liberal (PSL). A narrativa desses movimentos sociais passou a incorporar elementos morais aos discursos e declaradamente se constituiu como oposição ao projeto político progressista.

Nota-se ainda que as direitas do Brasil não são novas, elas mantiveram resguardadas, em suas devidas proporções, encontraram unidade e representação nos discursos neoliberais dos governos pós-redemocratização. Porém, nos governos petistas as pautas conservadoras aglutinaram-se ao discurso neoliberal. Reafirma-se, também, a necessidade de aprofundar os estudos referentes a esses novos movimentos sociais com espectro à direita, com vistas a compreender em que contexto surgiram, como atuam e quais são os impactos de suas ações no cenário político atual.

Em nível local, foram identificados os principais movimentos atuantes, caracterizando-se o perfil de seus líderes, o que se refletiu em um perfil heterogêneo. No que tange à atuação, o movimento Radar atua dando diretrizes

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para atuação dos demais movimentos de direita em Natal, já o MBL e FD atuam de forma mais concreta, a partir da atuação de ruas e avenidas.

Por todo o exposto, aponta-se o caráter exploratório do presente estudo e a necessidade de que o tema seja estudado de forma detida, bem como sob a perspectiva comparada, analisando-se experiências no plano internacional, a fim de indicar a correspondência da atuação dos movimentos brasileiros com experiências externas. Por fim, ser torna importante, compreender as convergências e divergências entre movimentos e direita e esquerda no Brasil, o que aponta para uma ampla agenda de pesquisa.

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