Ementa de Disciplina 2016/1:
Disciplina: História e Historiografia das Ciências
Código: COC-002M
COC-017D
Curso: Mestrado e Doutorado 2016
Status: Obrigatória
Professor(es) responsável(is):
Nara Azevedo - nazevedo@coc.fiocruz.br
Tamara Rangel Vieira - tamararangel@fiocruz.br Carga horária: 120hs.
Créditos: 04
Dia/Horário: Quarta -feira das 13:30 às 17:00
Início do curso 09/03/2016
OBS.: "Esta é a versão provisória do curso, ainda sujeita a modificações." Ementa
A disciplina pretende apresentar e discutir os principais marcos da historiografia das ciências no século XX. Serão discutidos os autores considerados clássicos deste campo historiográfico, bem como os temas e debates que, sob uma perspectiva interdisciplinar, vêm marcando de forma significativa a formação dos historiadores da área, tais como: o campo historiográfico da história das ciências; a chamada revolução científica e as origens históricas da “ciência moderna”; as perspectivas continuísta e descontinuísta na história das ciências; a relação entre a história das ideias e das práticas científicas; o debate internalismo versus externalismo; a construção social dos fatos científicos; a natureza coletiva e sócio-cognitiva da atividade científica; os processos de institucionalização e profissionalização da ciência como campo específico da vida social; a circulação de saberes e as relações entre os chamados “centros” e “periferias” na ciência, entre outros.
De modo associado a tal objetivo, o curso buscará apresentar e discutir tendências e perspectivas contemporâneas da história e da historiografia das ciências, em termos de temáticas e de referenciais teórico-metodológicos.
Avaliação
Os alunos serão avaliados com base nos seguintes critérios: - leitura dos textos e participação nos debates em sala de aula;
- a cada aula, dois alunos ficarão responsáveis por apresentar oralmente e por escrito as questões e argumentos principais apresentados pelos autores;
- provas
PROGRAMA
MÓDULO I: HISTÓRIA DAS CIÊNCIAS: CONSTRUÇÃO CONCEITUAL E INSTITUCIONAL DE UMA DISCIPLINA
1ª aula: Apresentação do programa, metodologia de ensino e sistema de avaliação 2ª aula: História da Ciência: fundamentos conceituais e institucionais I
GAVROGLU, Kostas (2007). Passado das Ciências como História. Porto: Porto Editora. (Elementos da História da História das Ciências, p.17-65; Os historiadores das ciências e as suas questões, p.67-111).
ABADÍA, Oscar Moro. La nueva historia de la ciencia y la sociología del conocimiento científico: um ensayo historiográfico. Asclepio, LVII (2): 255-280, 2005.
3a aula: História da Ciência: fundamentos conceituais e institucionais II
ORBY, R. C.; CANTOR, G. N.; CHRISTIE, J. R. R.; HODGE, M. J. S. (eds.) (1990). Companion to the History of Modern Science. Londres: Routledge. (CHRISTIE, John, Cap. 1 - The development of the Historiography of Science, pp. 5-22).
DIDEROT, Denis; D’ALEMBERT, Jean le Rond d’. Discurso preliminar dos editores. In: ___. Enciclopedia, ou Dicionário raciocinado das ciências, das artes e dos ofícios por uma sociedade de letrados: discurso preliminar e outros textos. São Paulo: Ed. UNESP, 1989. p. 21-109.
BURKE, Peter (2003). Uma História Social do Conhecimento – de Gutemberg a Diderot. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. (Cap. 5 - A classificação do conhecimento: currículos, bibliotecas e enciclopédias, pp.78-108).
DARNTON, R. (1986). O grande massacre de gatos, e outros episódios da história cultural francesa. Rio de Janeiro: Graal. (Cap. 5 - Os filósofos podam a árvore do conhecimento: a estratégia epistemológica da Encyclopédie, pp.247-275)
MÓDULO II: “REVOLUÇÃO CIENTÍFICA”: CONHECENDO OS CLÁSSICOS SOBRE O TEMA 4ª aula: História da Ciência: A Revolução Científica como entidade historiográfica KOYRÉ, Alexandre (1991). Estudos de História do Pensamento Científico. Rio de Janeiro. Editora Forense Universitária. (As origens da ciência moderna: uma nova interpretação, pp. 56-79 [1956]; Galileu e Platão, pp.152-180 [1943]).
HALL, A. Rupert (1988). A Revolução na Ciência - 1500-1750. Lisboa, Edições 70. (Introdução, pp.13-38; I. O problema da causa, pp.39-64; cap. VIII A organização e propósito da ciência, pp. 291-328).
Leituras complementares:
KOYRÉ, Alexandre (2006). Do mundo fechado ao universo infinito. Rio de Janeiro, Forense Universitária. [1957]
ROSSI, Paolo (1989). Os filósofos e as máquinas, 1400-1700. São Paulo, Companhia das Letras. (Artes mecânicas e filosofia no século XVI, pp.21-61).[1962].
EISENSTEIN, Elizabeth L. (1998). A Revolução da Cultura Impressa: Os primórdios de Europa Moderna. São Paulo, Editora Ática. (cap. 7. As transformações do Livro da Natureza: a imprensa e o surgimento da ciência moderna, pp.207-276; Conclusão: escritura e natureza transformada). [1983]
BURKE, Peter (2003). Uma história social do conhecimento: de Gutenberg a Diderot. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed. (cap. 1- Sociologias e histórias do conhecimento: Introdução, pp. 24; cap. 3 - A consolidação do conhecimento: antigas e novas instituições, pp. 37-53; cap. 4 - O lugar do conhecimento: centros e periferias, pp. 54-77)
HENRY, John. (1998) A revolução científica e as origens da ciência moderna. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
5ª aula: Uma sociologia histórica da Revolução Científica: as forças motivacionais da ciência moderna
MERTON, K. Robert (1970). Sociologia – Teoria e Estrutura. São Paulo, Editora Mestre Jou. (cap. XX - Puritanismo, Pietismo e Ciência, pp.675-708; cap. XXI - Ciência e Economia na Inglaterra do século 17, pp.709-730).
Leituras complementares:
COHEN, I. Bernard (ed.) (1990). Puritanism and the rise of modern science – The Merton
Thesis. New Brunswick and London, Rutgers University Press. (1 - COHEN, I. Bernard.
Introduction: The Impact of the Merton Thesis, pp. 1-111; 14 - Gary A. Abraham, Misunderstanding the Merton Thesis: a boundary dispute between history and sociology, pp. 233-245)
PORTOCARRERO, Vera (org.) (1994). Filosofia, História e Sociologia das Ciências – abordagens contemporâneas. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz. (LIMA, Nísia T. Valores sociais e atividades científicas: um retorno à agenda de Robert Merton, pp.151-173).
MÓDULO III: PERSPECTIVAS INOVADORAS DA HISTÓRIA DA CIÊNCIA
6ª aula: O fato científico e seu contexto sócio-cognitivo: coletivo de pensamento e estilo de pensamento
FLECK, Ludwik (2010). Gênese e Desenvolvimento de um Fato Científico: introdução à doutrina do estilo de pensamento e do coletivo de pensamento. Belo Horizonte, Fabrefactum Editora.
CONDÉ, Mauro Lúcio (org.) (2012). Ludwick Fleck – estilos de pensamento na ciência. Belo Horizonte: Fino Traço Editora. (LOWY, Ilana. Cap. 1 - Fleck no seu tempo, Fleck no nosso tempo: gênese e desenvolvimento de um pensamento, pp.11-33).
Leituras complementares:
CONDÉ, Mauro Lúcio (org.) (2012). Ludwick Fleck – estilos de pensamento na ciência. Belo Horizonte: Fino Traço Editora. (Cap. 4 - Ciência e linguagem: Fleck e Wittgenstein, pp. 77-107).
LOWY, Ilana (1994). Ludwik Fleck e a presente história das ciências. História, ciências, saúde – Manguinhos [online]. vol.1, n.1, 1994. pp. 07-18
KUHN, Thomas S. (1987) A Estrutura das Revoluções Científicas. São Paulo, Editora Perspectiva. [1962]
OLIVEIRA, Bernardo J. de.; CONDÉ, Mauro Lúcio L. Thomas Kuhn e a nova historiografia da ciência. Ensaio – pesquisa em educação em ciências. 04 (02): 01-11, 2002.
Leitura complementar:
BARNES, Barry et al. (1980). Estudios sobre sociología de la ciencia. Madrid: Alianza. (KUHN, Thomas. Los paradigmas científicos, pp.79-102).
MÓDULO IV: A SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO E A NOVA HISTORIOGRAFIA DAS CIÊNCIAS
8ª aula: Sociologia do conhecimento científico: a constituição de um campo de estudos
KREIMER, Pablo (1999). De probetas, computadoras y ratones. La construcción de uma mirada sociológica sobre la ciência. Buenos Aires, Universidade Nacional de Quilmes. (Prólogo pp. 13-24; Cap. III - Las corrientes post-mertonianas en la sociología de la ciencia pp.115-192).
GOLINSKI, Jan (1998). Making natural knowledge: constructivism and the History of Science. Cambridge: Cambridge University Press. (Introduction, pp.01-12; Cap. 1 – An outline of constructivism, pp.13-46).
Leitura complementar
SHAPIN, Steven (1995). Here and everywhere: sociology of scientific knowledge. Ann. Rev. Sociol. 21:289-321
______ (1982). History of Science and its sociological reconstructions. Hist. Sci. 20: 157-211.
9a aula: A tradução sociológica da obra de Thomas Kuhn
BARNES, Barry (1986). Thomas Kuhn y las ciencias sociales. México, Fondo de Cultura Economica. (Prefacio, pp. 912; Nota del autor, pp. 17-19; cap. 1 Tradiciones de investigación, pp. 21-46; cap. 2 La formación, pp. 47-88; cap. 3 La investigación, pp. 89-128)
10a aula: O programa forte da sociologia do conhecimento: uma nova agenda para a sociologia do conhecimento
BLOOR, David (2009). Conhecimento e imaginário social. São Paulo, Editora UNESP. (1. O programa forte da sociologia do conhecimento, pp.15-44). [1976]
PORTOCARRERO, Vera (org.) (1994). Filosofia, História e Sociologia das Ciências – abordagens contemporâneas. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz. (PALÁCIOS, Manuel. O Programa Forte da Sociologia do Conhecimento e o princípio da causalidade, pp.175-198).
11ª aula: Reinventando a Revolução Científica
SHAPIN, Steven (1999). A revolução científica. Lisboa: Difel - Difusão Editorial, 1999.
12ª aula: Revolução científica: as disputas em torno do experimento científico SHAPIN, Steven; SCHAFFER, Simon (2005). El Leviathan y la bomba de vacio. Hobbes, Boyle y la vida experimental. Buenos Aires, Universidad Nacional de Quilmes Editorial. (Presentación; Cap. 1 Entendiendo el experimento, pp. 29-52; Cap.2. Ver e creer: la producción experimental de los hechos neumaticos, pp. 53-124; Cap.4. El problema com el experimento: Hobbes versus Boyle, pp. 163-218; Cap.8. Conclusiones: la organización de la ciência, pp. 449-464).
13ª aula: Revisitando o caso Galileu
BIAGIOLI, Mario (2007). Galileu, cortesão. A prática da ciência na cultura absolutista. Porto, Porto Editora. (Prólogo - Cultura da corte e legitimação da ciência, pp. 1-11; Cap. 1 A automodelação de Galileu, pp. 13-112; Epílogo - Do mecenato à academia: uma hipótese, pp.379-390).
14ª aula: A descrição das práticas científicas: estudos de laboratórios
LATOUR, Bruno e WOOLGAR, Steven (1997). A Vida de Laboratório: a produção dos fatos científicos. Rio de Janeiro, Relume Dumará.
Leitura complementar:
KNORR-CETINA, K D.; MULKAY, Michael (1983). Science observed: perspectives on the social study of science. London: Sage. (LATOUR, Bruno. Give me a laboratory and I will raise the world, pp.141-170)
15ª aula: A descrição das práticas científicas: o estudo de controvérsias
SOLIS, Carlos (1994). Razones e interesse. La historia de la ciência después de Kuhn. Barcelona, Ediciones Paidos (FARLEY, John e GEISON, L. Gerald. Ciencia, politica y generacion espontánea en la Francia del siglo diceinueve: el debate Pasteur-Pouchet, pp. 219-263).
16ª aula: Práticas científicas e circulação de saberes
RAJ, Kapil (2007). Relocating modern science: circulation and the construction of knowledge in South Asia and Europe, 1650-1900. New York, Palgrave macmillan. (Introduction, pp. 1-26; cap 2 Circulation and the emergence of modern mapping: Great Britain and early Colonial India, 1764-1820, pp. 60-94; Conclusion: relocations, pp. 223-234).
BASALLA, George. The spread of western science. Science. 156: 611-622, 1967.
FA-TI FAN. The global turn in the history of science. East Asian Science, Technology and Society: an international journal. 06: 249-258, 2012.
Leitura complementar:
PATINIOTIS, Manolis. Between the local and the global: History of Science in the European Periphery meets post-colonial studies. Centaurus, 55: 361-384, 2013.
GAVROGLU, Kostas; PATINIOTIS, Manolis; PAPANELOPOULOU, Faidra; SIMÕES, Ana (et al.). Science and technology in the european periphery: some historiographical reflections. History Science, XLVI: 153-175, 2008.
RAJ, Kapil. Beyond postcolonialism... and postpositivism – circulation and the global history of science. Isis, 104 (02): 337-347, 2013.