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PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE MILHO EM MISSÃO VELHA-CE: UM ESTUDO DE CASO EM SEIS PROPRIEDADES RURAIS

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Academic year: 2021

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PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE MILHO EM MISSÃO

VELHA-CE: UM ESTUDO DE CASO EM SEIS PROPRIEDADES

RURAIS

Francisca Edcarla de Araujo Nicolau1 Antonio Glaydson de Sousa Feitosa 2 Antonio Marcos Duarte Mota 3 Paulo José de Moraes Máximo 4 Felipe Thomaz da Camara5 1 Introdução

O crescimento da produção de milho é consequência principalmente do aumento da demanda interna para utilização do produto na alimentação humana e animal como, por exemplo, na avicultura, suinocultura e bovinocultura, além disso, os índices de preços alcançados pelo grão no mercado internacional, em 2011, estimularam os produtores a ampliar as áreas de cultivo, melhoria em tecnologia e adotar boas práticas nas lavouras (LIMA, 2012).

O cultivo do milho no mundo é distribuído por diversos países, no entanto, apenas três concentram aproximadamente metade (48%) da área plantada e 67% da produção. O Brasil se destaca na terceira posição com 13,7 milhões de hectares, representando 8,6% da área mundial. A participação do Nordeste em relação ao Brasil na produção da safra 2010/2011 foi de 10,65%, projetando-o na penúltima colocação. Apesar da sua desvantajosa posição, foi a região que obteve o maior aumento de produção em relação à safra 2009/2010. A região Sul permanece na primeira colocação neste ranking (ALVES E AMARAL, 2011).

O milho é um dos principais cereais cultivados e consumidos em todo o mundo, devido a quantidade e qualidade das reservas acumuladas nos grãos. No Brasil é cultivado em todas as regiões, destaque às regiões Sul e Sudeste, as quais representam o maior potencial de produção do país (BERNARDON, 2005).

1

Graduanda do curso de Eng. Agronômica, Bolsista PIBIC /CNPq, Universidade Federal do Ceará – Campus Cariri, Crato – CE, e-mail: carla_nicolau18@yahoo.com.br

2

Mestrando do curso de Ciências do Solo, Bolsista CAPES, Universidade Federal do Ceará – Campus Pici, Fortaleza – CE, e-mail: glaydson_feitosa@yahoo.com.br

3

Graduando do curso de Eng. Agronômica, Bolsista PID/UFC, Universidade Federal do Ceará – Campus Cariri, Crato – CE, e-mail: marquinhosagroproduzir@gmail.com

4

Graduando do curso de Eng. Agronômica, Bolsista PROEXT, Universidade Federal do Ceará – Campus Cariri, Crato – CE, e-mail: moraesmaximojdn@hotmail.com

5

Professor Doutor do curso Eng. de Agronômica na Universidade Federal do Ceará – Campus Cariri, Crato – CE, e-mail: felipe.camara@cariri.ufc.br

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2 Segundo a CONAB (2011), a área plantada no Brasil teve um crescimento de 6,5% em relação à safra anterior, devendo ser este um dos fatores que contribuiu para o aumento da produção, sendo que boa parte deste crescimento se deve ao aumento da área plantada nas regiões Norte e Nordeste, principalmente no Estado do Ceará que incrementou sua área em 188 mil hectares em relação à safra anterior.

Em uma visão tradicional e mais limitada, comercialização agrícola pode ser pensada apenas como um processo de transferência do produto do agricultor para outros agentes que compõem a cadeia produtiva em que está inserido, ou seja, apenas como uma transferência de propriedade num ato único após o processo produtivo (WAQUIL et al., 2010). No entanto, a comercialização agrícola pode ser tratada de uma forma mais abrangente, como uma série de funções ou atividades de transformação e adição de utilidade em que bens e serviços são transferidos dos produtores aos consumidores.

Desta forma o objetivo desse trabalho foi avaliar o perfil de seis propriedades rurais no município de Missão Velha – CE e a forma de distribuição e de comercialização da produção do milho.

2 Metodologia/ Resultados

A pesquisa foi realizada em seis propriedades localizadas no município de Missão Velha – CE. Sua localização geográfica, segundo o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE, 2011), é a seguinte: Latitude 7º 14' e Longitude 39º 08', localizado no sul do Ceará, com altitude de 361,0 m, pluviosidade média anual de 987,3 mm, temperatura média anual entre 24°C e 26°C, período chuvoso de janeiro a abril e clima tropical quente semiárido.

Para a coleta de dados elaborou-se um questionário onde estavam contidas indagações sobre, forma como eram adquiridos os insumos e os equipamentos utilizados para o cultivo do milho, sobre forma da distribuição e da comercialização da produção e acerca das características gerais das referidas propriedades.

O questionário foi aplicado em maio de 2011 em seis propriedades do município de Missão Velha, onde foram entrevistados seis produtores rurais, três que cultivam o milho em sistema de plantio direto e três em sistema de plantio convencional.

Os questionários aplicados serviram como parâmetros avaliativos das seis propriedades, sendo que quando perguntados a respeito da condição de posse da propriedade, verificou-se que todos os produtores rurais arrendam a propriedade de terceiros e após a colheita do milho os proprietários utilizam os restos culturais para pastejo animal, o que tem prejudicado uma maior eficiência do plantio direto em virtude do pisoteio animal elevar a compactação superficial do solo e reduzirem a quantidade de massa seca e porcentagem de cobertura morta sobre o solo, fatores indispensáveis para o sistema plantio direto oferecer melhorias ao solo e ao desenvolvimento e produtividade da cultura do milho.

Observou-se também que todos utilizam mão-de-obra temporária. Segundo Diniz e Marcelino (2007), a ausência de políticas públicas de proteção e incentivo à pequena agricultura acabam por determinar a queda na oferta de diversos produtos, aqueles que detinham a possibilidade aderiram à produção exportadora; quem não possuía a escala suficiente optou por alienar sua propriedade ou mesmo arrendá-la, por valores, na sua maioria, insuficientes para o próprio sustento familiar.

Quando foram indagados sobre a atividade mais importante no que se refere à geração de renda, todos os produtores apontaram a cultura do milho. Contudo, a pesquisa mostrou que 100% dos agricultores desenvolvem outras atividades para a geração e complementação da renda familiar.

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3 Quando perguntados sobre a assistência técnica, constatou-se que 100% dos agricultores recebem assistência técnica fornecida pela Ematerce.

Diante disso, pode-se comentar que “o pequeno produtor rural do Estado do

Ceará é descapitalizado e, em grande parte, sem terra própria para as suas atividades agrícolas, dependente de programas do Governo. Entre estes, destacam-se o Programa Hora de Plantar destinado à distribuição de sementes fiscalizadas de diversas culturas e o Programa do Milho Híbrido. Assim, a existência desses programas se justifica pela oportunidade de possibilitar que os produtores nele envolvidos adquiram consciência da importância do uso da semente de milho de boa qualidade para plantio” (KHAN e

SILVA, 2006).

Assim, através desses programas, pode-se afirma que os insumos e os equipamentos fornecidos pela Ematerce é um incentivo do governo do Estado para os produtores rurais, pois eles utilizam os serviços pagando por um preço abaixo do valor de mercado. No presente trabalho, verificou-se que todos os produtores recebem incentivos do governo do Estado.

Observa-se na figura 1, que o incentivo se dá com sementes e máquinas para 66,7% dos agricultores; e 33,3% recebem apenas sementes como estímulo.

No que se refere ás operações agrícolas, estas são realizadas, na sua maioria, por máquinas e implementos alugados pela Ematerce, com os produtores pagando a hora de uso dos equipamentos com preço abaixo do mercado. As operações manuais foram observadas nas propriedades com plantio convencional para controle de plantas daninhas nas entrelinhas da cultura do milho, uma vez que no sistema de plantio direto não é realizada esta prática. As sementes são fornecidas pela Ematerce por um custo de R$ 0,80 o quilo, valor bem abaixo do encontrado no comércio que chega a R$ 5,00 o quilo.

Figura 1. Incentivo recebido pelo governo do Estado

Todas as propriedades realizam a colheita manual do milho com trilha mecanizada e para esta operação pagam R$ 1,00 por saca de 60 kg trilhada. A produção é transportada por reboques acoplados ao trator e quase a totalidade da produção é comercializada em mercados locais e regionais.

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4 Em relação á finalidade da produção, 50% dos agricultores entrevistados responderam que toda a sua produção é comercializada, caracterizando uma empresa rural e os outros produtores tem a finalidade de consumo e comercialização do excedente, sendo agricultores familiares, que produzem para a subsistência e o restante da produção sendo comercializada.

Já nas propriedades relativamente maiores, cujo sistema de produção objetiva a venda, esses alimentos são comercializados em feiras ou pequenos a médios comércios regionais (sacolões e mercados). Nesse contexto, o valor de troca da produção é definido pelas demandas e dinâmica dos mercados locais, mas também resultado das especulações presentes na comercialização da produção das grandes propriedades convencionais (DINIZ E MARCELINO, 2007).

Verifica-se na figura 3A, que o destino da produção é o mercado local, representando 66,7% da comercialização do milho, seguido do regional com 33,3%. Esses resultados mostram que o milho produzido na cidade de Missão Velha é comercializado na região do Cariri cearense. Já na figura 3B nota-se que 50% do milho produzido é comercializado através de feiras locais, onde o produto é vendido diretamente ao consumidor, 33,3% segue para a indústria.

Figura 3. Destino geral da produção (A) e onde ocorre a comercialização do milho (B) Quando os produtores foram indagados sobre o custo para produzir um hectare de milho? Os dados obtidos foram com certa imprecisão, pois verificou-se falta de controle e preocupação com os custos envolvidos no processo produtivo. Apenas um proprietário apresentou um relatório de custos com todas as operações realizadas, com os demais informando valores superficiais, o que implica na necessidade de um acompanhamento mais detalhado, nesse aspecto das atividades agrícolas.

3 Considerações Finais

Diante do exposto, nota-se certa participação do governo do Estado do Ceará junto aos produtores rurais da região, seja no alugue das máquinas ou nas vendas das sementes por valores muito abaixo do mercado, fato que contribui para a diminuição nos custos de produção do milho, fato que deveria se estender a todos produtores.

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5 Apesar do acompanhamento técnico da equipe da Ematerce, inexiste um controle sobre os custos envolvidos na produção do milho e que, portanto, deveria se estender a todos os outros produtores locais.

4 Agradecimentos

Ao PIBIC/FUNCAP pela concessão da Bolsa de Iniciação Científica, que proporcionou a participação efetiva da aluna no presente trabalho.

5 Referências

ALVES, Hellen Cristina Rodrigues; AMARAL, Renata Firmino. Produção, área colhida e produtividade do milho no nordeste. INFORME RURAL do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (ETENE), Ano V, nº 16, 2011.

BERNARDON, Tatiane. Componentes da produtividade de grãos de milho (Zea mays) visando obter parâmetros para a agricultura de precisão. 2005. 95 f. Dissertação (Mestrado em Geomática) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2005.

CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) – Acompanhamento da Safra Brasileira: Grãos, Safra 2010/2011, Décimo Segundo Levantamento, Setembro 2011. Disponível em <http://www.conab.gov.br/>. Acesso em: 09 set. 2011.

DINIZ, João Rafael Vissotto de Paiva; MARCELINO, Lucimara. A Agricultura urbana na perspectiva do comércio justo e solidário: alternativa para o desenvolvimento local na busca da sustentabilidade das cidades. V Encontro Internacional de Economia Solidária“O Discurso e a Prática da Economia Solidária”. 2007.

INSTITUTO DE PESQUISA E ESTRATÉGIA ECONÔMICA DO CEARÁ (IPACE), Perfil básico municipal de Missão Velha, 2011.

LIMA, Gilson Antonio de Sousa. Produção de milho no ceará. CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), 2012.

KHAN, Ahmad Saeed; SILVA, Denise Michele Furtado da. CULTIVO DO MILHO NO ESTADO DO CEARÁ: MILHO HÍBRIDO OU MILHO VARIEDADE? XLIV Congresso da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural (SOBER) “Questões agrárias, educação no campo e desenvolvimento”. Fortaleza, 2006.

WAQUIL, Paulo Dabdab; MIELE, Marcelo; SCHULTZ, Glauco. Mercados e Comercialização de Produtos Agrícolas. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2010.

Referências

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