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LUSOFONIA

TEMPO DE RECIPROCIDADES

Volume II

ACTAS

IX Congresso

da Associação Internacional de Lusitanistas

Madeira, 4 a 9 de Agosto de 2008

Helena Rebelo (Coordenação)

)4.

Edições

====

Afrontamento

2011

Samartim, Roberto López Iglésias. "Estratégias de planificaçom cultural no campo

editorial (ou das relaçons entre os projectos do fim da ditadura e o mercado do livro na Galiza". Helena Rebelo (ed.). Lusofonia. Tempo de Reciprocidades. Lisboa. Afrontamento, 2011, 465-472.

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LUSOFONIA

TEMPO DE RECIPROCIDADES

Selecção e Organização

Volume

II

Helena Rebelo

(Coordenação)

LINGuíSTICA: Helena Rebelo, Thierry Proença dos Santos

LITERATURA: Ana Isabel Moniz, Fernando Figueiredo, Maria Teresa Nascimento CULTURA: Ana Margarida Falcão, Leonor Coelho, Paulo Miguel Rodrigues

VOLUME II CULTURA

Discurso artístico e modernidades Efemérides

(3)

Lusofonia: Tempo de Reciprocidades

Actas do IX Congresso da Associação Internacional de Lusitanistas

Coordenação

Helena Rebelo

© 2011, Autores e Edições Afrontamento Edição

Edições Afrontamento

Rua Costa Cabral, 859 14200 Porto

www.edicoesafrontamento.ptlgeral@edicoesafrontamento.pt Selecção e Organização

Volume I

LINGUÍSTICA: Helena Rebelo, Thierry Proença dos Santos

LITERATURA: Ana Isabel Moniz, Fernando Figueiredo, Maria Teresa Nascimento Volume II

CULTURA: Ana Margarida Falcão, Leonor Coelho, Paulo Miguel Rodrigues

Patrocínios e apoios

Universidade da Madeira, Associação Internacional de Lusitanistas, Direcção Regional dos Assuntos Culturais, Funchal 500 Anos, E. E. M., Fundação para a Ciência e Tecnologia (Programa FACC), Instituto de Camões. Design

Mais Dicas Design - Projecção e Execução, Lda. Estrada do Portinho, 9419125-110 Caniço Te!. e Fax: 291 600850

E-mail: design@maisdicas.com

Colecção Textos, 88 Edição n.o 1359 ISBN 978-972-36-1150-2 Depósito Legal: 323708/11 Impressão e Acabamento

Rainho & Neves, Lda Santa Maria da Feira gera1@rainhoneves.pt Volume II

1000 exemplares

Este livro compila algumas das comunicações apresentadas no LX Congresso da Associação Internacional de Lusitanistas, realizado na Universidade da Madeira, em Agosto de 2008. Os textos são da exclusiva responsabilidade dos respectivos autores, especialistas em Língua Portuguesa.

(4)

Estratégias de planificaçom cultural no campo editorial

(ou das relaçons entre os projectos do fim da ditadura

e

o mercado do livro na Galiza autonómica)

Roberto López-Iglésias Samartim Universidade da Corunha e

Grupo GALABRA (Universidade de Santiago de Compostela)

Palavras chave: Cultura, planificaçom, ediçom, transiçom, Galiza.

Resumo: Pretendemos achegar as principais conclusons quanto ao grau e ao modo de (in)cumprimento dos objectivos estratégicos propostos para o futuro do campo editorial polos agentes e grupos mais centrais do Sistema Cultural Galego entre o período final do franquismo e a instauraçom da monarquia parlamentar no Estado Espanhol (1968 e 1978). Partimos da apresentaçom do estado da questom do Campo Editorial Galego na altura e, após a

delimita-çom das principais linhas estratégicas desenhadas polos grupos e agentes mais centrais do Sis-tema Cultural Galego, analisamos, por um lado, o nível de implementaçom das propostas de acçom e das ideias elaboradas em relaçom ao campo editorial (quanto ao alargamento de mer-cados, à diversificaçom e tipologia da produçom, etc) e, por outro lado, apontamos sumaria-mente para o grau de sucesso ou de fracasso dessas propostas no campo editorial da Galiza autonómica (após 1978).

o

objectivo desta comunicaçom é fazer um levantamento dos principais

pro-blemas (défices) detectados polos agentes mais centrais do Campo Editorial Galego [CEdG] de 1968 a 1978 e analisar o grau de aplicaçom das soluçons propostas num

campo e num período determinantes para o funcionamento posterior do Sistema

Cul-tural Galego [SCG].

O procedimento seguido para alcançarmos este objectivo consistiu, primeiro,

em anotar e sintetizar as ideias-força relacionadas com os défices e com as estraté-gias (programas de acçom) e as propostas para o futuro do CEdG contidas nos livros

colectivos O Porvir da Lingua Galega [PLG] (1968), O Libra Galego a Discusión

[LGD] (1974) e o Almanaque Galaxia 1950-1975 [AG] (1974). Numha segunda

fase do nosso trabalho, acompanhando a exposiçom sumária das principais

caracte-rísticas que determinam o funcionamento do CEdG durante o período abranguido

entre 1968 e 1978, procedemos à análise do grau de implementaçom no campo edi-torial deste período das propostas e expectativas colocadas polos principais agentes

nele actuantes e, por último, confrontamos esta realidade com umha sondagem na

indústria editorial da Galiza autonómica (para o ano 2006).

Escolhemos estes três livros porque, de acordo com a sua natureza de obras colectivas e com a posiçom e a trajectória das pessoas que neles participam, aqui estám representados os principais agentes e grupos actuantes no SCG do nosso período de estudo, achegando ideias nom apenas sobre o campo literário mas também

sobre outros campos culturais considerados na altura estratégicos para a sobrevivên-cia e a continuidade do Sistema (ensino, música, cinema, associacionismo cultural

de base etc.).

Após o levantamento efectuado, podemos afirmar que existe unanimidade

(5)

princi-466 Lusofonia: Tempo de Reciprocidades

pais défices no funcionamento do CEdG e que estes défices projectivosl dizem res-peito, fundamentalmente, à precariedade do mercado do livro em galego e à escassa diversificaçom da tipologia da produçom, centrada em géneros estritamente

literá-rios (principalmente a poesia) e com praticamente nula presença de livros de divul-gaçom, científicos e técnico-práticos em língua galega (o conjunto de tipologias enquadradas hoje na denominaçom livro funcional).

Em relaçom com o primeiro elemento, é reconhecida de maneira explícita a ausência de qualquer planificaçom no campo da traduçom de e para o galego e durnha política de promoçom e divulgaçom eficaz e eficiente; para além disto, à pre-cariedade do mercado é atribuída também a responsabilidade directa pola falta de profissionalizaçom dos produtores. Neste sentido, as soluçons propostas passam pola introduçom do livro galego no mercado português; polo desenho durnha política de traduçom de e para o galego que preencha as necessidades detectadas no conjunto do CEdG (sobretodo no referido à diversificaçom da tipologia da produçom) e pola promoçom da ediçom de livros bilíngües castelhano-galego que permita o acesso ao mercado espanhol.

Quanto à diversificaçom da tipologia da produçom, é unánime o reconheci-mento da necessidade de promover a ediçom de géneros na altura minoritários (lite-ratura infanto-juvenil e, sobretodo, ensaio) e incorporar ao sistema géneros novos (com nengurnha ou reduzida tradiçom no CEdG: biografia, foto-novela, banda dese-nhada, etc.), assi como de apostar pola ediçom de livro funcional e pola produçom de materiais relacionados com a unificaçom lingüística e a incorporaçom do galego à liturgia católica e ao ensino (em estreita relaçom com as possibilidades de incorpo-raçom da língua galega a estes campos abertas após o Concílio Vaticano II [1965] e a Ley General de Educación de 1970).

Num nível inferior de análise, juntamente com a preocupaçom polo livro como objecto artístico (reconhecimento da figura do ilustrador e reforço do papel atribuído ao desenho e ao grafismo dos livros, presente sobretodo no encontro do LGD promovido polo grupo Sargadelos, com interesses no campo artístico) detec-tamos também tomadas de posiçom de agentes favoráveis quer à incorporaçom de novos produtores e editoras ao CEdG, quer ao reforço do papel que como platafor-mas de promoçom e difusom do livro desempenhavam na altura as Associaçons Cul-turais promovidas polos grupos de esquerda antifranquista.

Estas declaraçons de intençons tenhem lugar num CEdG caracterizado, em primeiro lugar, pola heteronomia a respeito dos campos político e económico, tanto no referido ao livro publicado em galego como à produçom do livro em castelhan02.

I No grupo Oalabra entendemos por défices projectivos as carências sistémicas 'na medida em que indi-cam um vazio que se quer preencher (ou umha presença que se quer substituir), um projecto que se quer realizar' (Torres Feijó, 2000: 975).

2 Na nossa análise partimos do conhecimento do CEdO deste período fornecido por trabalhos anteriores da equipa do projecto em que está inserida esta comunicaçom; nomeadamente, acompanhamos a aproximaçom das principais características do campo editorial galego deste período feita em Cordeiro Rua e Samartim, 2008. Além disto, é importante indicar que a intervençom dos agentes e instituiçons no CEdO nom é feita apenas publicando livros em galego; quer dizer, "o galego nom funciona de maneira unánime na altura como norma sistémica (como a baliza delimitadora da pertença a um Sistema Cultural concreto, neste caso o galego). Por um lado, a discussom do carácter da lingua galega como (única) norma sistémica de alguns grupos e agentes actuantes no fim do franquismo e na transiçom no SCO e, por outro lado, a aplicaçom deficitária polos intervinientes neste sistema cultural do pretendido carácter de norma sistémica (défices derivados em grande parte da situaçom política existente sob o regime franquista), fam necessário que devamos determinar e contemplar na nossa investigaçom também o conjunto de livros publicados em castelhano susceptíveis de

(6)

Estratégias de planificaçam cultural no campo editorial ... 467

Esta heteronomia verifica-se, por exemplo, quando a forte crise económica dos anos 1973-74 é responsável polo descenso da produçom editorial ou quando a morte do general Francisco Franco em 1975 e o paulatino desaparecimento dos condicionan-tes políticos à produçom editorial determinam o aumento do volume e a diversifica-çom da produdiversifica-çom verificada no fim do período.

Em segundo lugar, o CEdG assiste à incorporaçom de novos produtores e

editoras após a referida crise económica de 1973-74 e as espectativas levantadas trás a morte do ditador em 1975. Esta incorporaçom de novas empresas editoriais (tanto de capital galego como foráneo) e de novos produtores ao CEdG acentua afragmen-taçom da produçom e contribui para a diversificaçom da produçom editorial na medida em que muda a hierarquia de géneros presente até esse momento no CEdG

(o ensaio superará no fim do período à poesia). Porém, em virtude da especializaçom lingüística (ver infra), isto nom se traduz na ediçom em galego de novos géneros nem de tipologias ligadas ao conhecimento científico-técnico, como pretendido polos participantes nos livros colectivos utilizados na nossa análise.

Em terceiro lugar, afragmentaçom da produçom e a escassa profissionaliza-çom do CEdG quanto ao tipo de editor verifica-se em que a maioria relativa da pro-duçom sai do prelo sem indicaçom de selo editorial (ediçons de autor, nom declarada e impressons em gráficas) ou é responsabilidade dum conjunto heterogéneo de peque-nas editoras, e que o primeiro grupo editorial privado (Galaxia), virado claramente para a ediçom em galego, mal alcança 12% da produçom total no CEdG do conjunto do período. A preeminência da ediçom nom profissional e da institucional (esta

última fundamentalmente em castelhano) domina durante todo o tempo do nosso

estudo, enquanto que a tendência à acumulaçom da produçom num conjunto cada

vez mas alargado de pequenas editoras, por seu lado, beneficia das incorporaçons ao

CEdG apontadas no parágrafo anterior e experimenta um incremento notável desde a

morte de Franco em 1975 até o fim do nosso período de estudo.

Por último, a especializaçom lingüística reserva para o espanhol a tipologia que veicula o conhecimento (ensaio e livro funcional) da mao da ediçom institucional, e para o galego os repertórios enquadrados dentro dos vários géneros próprios da litera-tura de ficçom por meio da (fragmentada) ediçom privada. Para esta especializaçom lingüística contribui, seguramente, a ausência da língua galega do sistema educativo oficial no tempo do nosso estudo, a falta de apoio institucional à ediçom nesta lingua

(as instituiçons políticas e culturais de carácter oficial só começarám a publicar em galego em 1978 e as económicas mantenhem a ediçom quase exclusiva em castelhano ainda na actualidade), a reduzida dimensom e escassa profissionalízaçom da precária

indústria editorial galega da altura, ou mesmo o peso da tradiçom no SCG, que contri-buiria para a ediçom de géneros canónicos em prejuízo doutros com menor presença na história do Sistema (por colocar apenas alguns dos principais elementos a condicio-narem o funcionamento do CEdG neste período de mudança política).

Neste sentido, o objectivo estratégico de promover a ediçom em galego de produtos destinados a veicular o pensamento e o conhecimento (referido nos três livros colectivos analisados juntamente com a necessidade de ampliaçom de merca-dos para os textos nessa língua) si é alcançado no caso do ensaio mas nom na edi-çom em galego de livro funcional (científico-técnico, jurídico, de geografia, biogra-fia, lingüística, etc.). No caso do ensaio, o seu ascenso continuado leva-o a superar

serem incluídos ou relacionados com o SCG entre 1968 e 1978 em virtude de serem escritos ou editados por agentes ou instituiçons actuantes neste sistema no período em causa" (Cordeiro Rua e Samartim, 2008: 165).

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468 Lusofonia: Tempo de Reciprocidades

no fim do período o volume de produçom de poesia, género escolhido

prioritaria-mente polos agentes ligados aos grupos da esquerda clandestina para veicular, até a morte do chefe do Estado em 1975, repertórios sociais de denúncia e oposiçom à ditadura franquista; após 1975, o desaparecimento da figura do ditador fai mudar os materiais e as estratégias de oposiçom política desde o campo literário, facto verifi-cado tanto na mudança nos repertórios utilizados na poesia como no descenso da produçom deste género, ou no maior acesso ao mercado de livros de ensaio, até o momento proibidos ou com dificuldades de circulaçom por causa da censura de variada natureza exercida polo regime.

É neste estado do CEdG que os principais agentes do SCG pretendem implementar as suas estratégias para ampliar o mercado do livro (em) galego, pro-gramas de acçom que, lembremos, descansam na abertura do livro galego ao mercado português, no desenho durnha política de traduçons que preencha os défices do sistema e contribua ao seu reforço e na introduçom de livros bilíngües galego-castelhano no mercado espanho

1.

De acordo com o estado actual da nossa investigaçom, podemos afrrmar que nengurnha editora ou grupo cultural na Galiza elabora nem aplica no franquismo, na transiçom ou na actualidade qualquer estratégia de acesso ao mercado português (ou brasileiro), nem no ámbito da produçom nem no da distribuiçom (tampouco de obras relacionadas com a tradiçom literária medieval compartilhada entre a Galiza e Por-tugal). Desta maneira, nunca rorom implementadas nengurnha das ideias propostas polos agentes presentes nos livros colectivos de que partimos na nossa análise (nomeadamente a aproxirnaçom ortográfica, com base no facto filológico da unidade lingüística galego-portuguesa, e a criaçom durnha editora de enlace que publicasse obras tanto em castelhano como em galego ou português). Assi, a presença de pro-dutos galegos no campo editorial de Portugal foi estabelecida no período 1968-1978 unicamente em funçom das relaçons intersistémicas existentes entre alguns dos grupos actuantes no SCG e os seus homólogos portugueses (Torres Feijó 2007), limitando--se à publicaçom por editoras do país vizinho de alguns produtores galegos (que uti-lizam qualquer um dos vários modelos propostos na altura para a língua da Galiza ou adaptam total ou parcialmente os seus textos ao estándar luso )3.

Neste sentido, destacam os contactos entre os principais grupos da esquerda nacionalista galega com os seus homólogos portugueses, já que possibilitam a publi-caçom em editoras de além Minho de alguns textos poéticos e ensaios de carácter político e económico, enquanto que as estreitas relaçons culturais estabelecidas entre os grupos mais institucionalizados do SCG com vários agentes centrais nos campos literários de Portugal e do Brasil (sobretodo até a Revoluçom dos Cravos de Abril de 1974) tenhem maior plasmaçom no ámbito das publicaçons periódicas do que no campo do livro do país vizinho, onde som praticamente inexistentes neste período.

Sem o desenho, a planificaçom e a implementaçom de acçons de política cul-tural conduzentes à introduçom do livro galego no mercado português, a alegada amp/iaçom de mercados reduze-se, portanto, aos mercados galego e espanhol. Para

3 Na actualidade, se bem a grande maioria das editoriais sediadas na Galiza tenhem no seu catálogo livros em galego e em castelhano, apenas umha editorial próxima do nacionalismo político, Edicións Laiovento, mantém umha colecçom de livros no estándar português (Vento do Sul) de precária distribuiçom no país vizinho. Precisamente de distribuiçom e comercializaçom, mas neste caso do livro português na Galiza, ocupa-se quase em exclusiva a pequena empresa compostelá "Livros Portugueses", responsável da livra-ria "A Palavra Perduda" na capital galega.

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Estratégias de planificaçom cultural no campo editorial ... 469

este fim, as estratégias dos agentes envolvidos no CEdO pretendem focar

priorita-riamente a ediçom bilíngüe galego-castelhano e a traduçom do livro em galego para

espanhol, limitando a importaçom de produtos pola via da traduçom para galego

apenas àqueles textos que melhor contribuam para a superaçom dos principais défi

-ces detectados no campo (textos litúrgicos, infanto-juvenis, científico-técnicos, etc).

Quanto à ediçom em mais dumha língua, os nossos trabalhos prévios (Cordeiro

Rua e Samartim 2008) indicam que esta é urnha estratégia utilizada tanto polas

edito-ras galegas para entrarem no mercado espanhol como por editoras com sede em

Madrid e Barcelona para ampliarem o seu catálogo e tomarem posiçons no mercado

galego, assi como que som os grupos de esquerda com ligaçons estatais os que

recor-rem em maior medida a este tipo de ediçom, fundamentalmente promovendo a

publi-caçom de antologias poéticas ou poesia social-realista, em exemplares bilíngües

galego--castelhano ou tetralíngües galego-castelhano-catalám-euskara (com algumha

inclu-som ocasional de versons em português) com o objectivo de contribuir para o

estabe-lecimento dum intersistema cultural hispánico, com o castelhano como língua-ponte compartilhada polos diferentes povos que conformam o Estado Espanhol.

Em síntese, as estratégias dos agentes actuantes do CEdO entre 1968 e 1978

destinadas a diversificaçom da tipologia da produçom passam fundamentalmente pola importaçom mediante a traduçom para o galego de obras que contribuem para a incorporaçom desta língua à liturgia católica nos primeiros anos do nosso período de

estudo, assi como pola produçom e, em menor medida, também pola traduçom de

literatura destinada ao público infanto-juvenil ao longo de todo o período; neste sen-tido, aponta-se já nesta altura umha destacada tendência do CEdO dos anos posterio-res: a traduçom para o galego de literatura infanto-juvenil escrita originariamente em catalám, o aumento de produçom deste género e a circulaçom de materiais desta

tipologia polos vários espaços lingüísticos do Estado (ver Figueiras, 2009).

A importaçom (traduçom para o galego) superará a exportaçom (traduçom

desde o galego e ediçom bilíngüe) no último ano do nosso estudo (facto que também verificamos na actualidade: em 2006 só fOrom traduzidos 46 livros desde o galego) por mais que, no conjunto do período analisado, ainda som mais os esforços destina-dos à ampliaçom de mercadestina-dos para o livro em galego (focando quase em exclusiva o mercado espanhol) do que as possibilidades de prestigiar a língua galega e

diversifi-car a tipologia da produçom editorial através de traduçons para o galeg04. Nom

devemos esquecer, de qualquer maneira, que os grupos editoriais galegos acedem ao

mercado espanhol editando directamente em castelhano produtos relacionados com a divulgaçom intelectual e científico-técnica [Figura 1].

4 Neste período, à hora de traduzir para o galego (sem qualquer apoio institucional) os agentes parecem levar em conta as possibilidades de acesso do público da Galiza aos produtos internacionais através da ediçom em espanhol; assi o indica a estratégia de traduçom rascunhada no PLG (pp. 68-82) por Epifanio Ramos de Castro, agente próximo do Partido Comunista Galego (principal grupo da esquerda com liga-çons estatais), que estaria a reservar para o castelhano, de facto, o papel de mediador da cidadania galega com a cultura universal e de porta de acesso da populaçom da Galiza ao conhecimento científico-técnico.

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470 Lusofonia: Tempo de Reciprocidades

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-

,

--

-TrU/lIl' 1968 1969 19~ 19TI 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 ToUI

A) TraG. iseo Gil 3 7 3 (7

B)Ed·Bic 4 40

Impartaçoa (TraG. para o Gõ 2 I 4S

Explll"lafOlll (AtB) 11 11 83

Figura 1: Traduçom e bilingüismo no CEdG de 1968 a 1978

(Fonte: Grupo Ga/abra - Projecto po/uliga.

E/aboraçom própria com dados de Cordeiro Rua e Samartim 2008)

Muito tem mudado o panorama editorial galego nestes últimos trinta anos e, no período autonómico que começa em finais de 1978, assistimos fundamentalmente a umha forte institucionalizaçom do SCG e ao surgimento paralelo dumha indústria do livro galego sustentada num produto de consumo massivo virado para o mercado escolar, com apoio institucional e com menor produçom de livro literário em língua galega que de livro funcional.

Ao lado desta importante diferença entre o CEdG anterior à autonomia política e o campo editorial na Galiza actual, verificamos também que a principal simil itude entre estes dous momentos tem a ver com que a maioria da produçom da indústria do livro galego continua a ser responsabilidade da empresa privada (aproximada-mente 60% do total em 2006). Constatamos ainda algumhas outras mudanças

signi-ficativas, que colocamos na continuaçom de maneira sumária:

I) Aumento do volume da ediçom e das tiragens: Segundo os dados contidos no

Anuario de estatísticas culturais correspondente a 2006, os 1.592 títulos editados por empresas privadas5 tivêrom umha tiragem média de 1.891 exemplares por título. Isto traduze-se em termos económicos em que as empresas editoriais galegas pagárom nesse ano 2006 1,9 milhons de euros em conceito de direitos por autoria, que dêrom trabalho a 224 pessoas e que só o livro literário galego facturou nesse ano 3,80 milhons de euros, o que supom apenas 2,52% do total do mercado do livro na Galiza.

2) Substituiçom do livro literário palo livro funcional em galego: O escasso

peso relativo do livro literário na ediçom em galego verifica-se em que a soma dos generos narrativo, poético, ensaístico e dramático em galego significa menos de 20% da produçom total nesta língua. Se na hierarquia de géneros literários o ensaio

subs-5 Dos quais 1.323 em galego; con fronte-se com os 1.270 títulos para todo o período 1968-1978 segundo o

(10)

Estratégias de planificaçom cultural no campo editorial... 471

titui a poesia no último ano do nosso estudo, na actualidade o género claramente maioritário é a narrativa, que supom além do mais 85% das vendas de literatura na Galiza [Figura 2].

Tjpo·Cia A-. 2006

-

Narrativa 12,4

- -

--

Poesia. Ensaio e Teatro 7,3

- -

Infanto-juvenil 32,8

-

-

Livro de texto 34,6

Referência e Divulgaçom 12,9

Figura 2: Tipologia da ediçom privada do livro em galego (ano 2006)

(Fonte: Comercio interior do livro 2006. E/aboraçom própria)

3) Apoio institucional: O apoio à compra de livro galego pola Conselharia de

Cultura do governo autónomo galego significou 22,4% do total das vendas em 2006 (dado que vem questionar o grau de autonomia do campo editorial com respeito ao poder político autonómjco).

4) Dependência do sistema escolar: O volume de produçom de livros de tex-to e de literatura infanto-juvenil em 2006 demonstra claramente a dependência que o CEdG tem do campo do ensino desde que a materia obrigatória de "língua galega" entrou no sistema educativo galego em inicios da década de oitenta. Levando em conta a influência na indústria editorial da funçom atribuía à estatutariamente "língua

própria" da Galiza no sistema de ensino, poderíamos finalizar apontando que o peso do livro focado para o público escolar pode vir a aumentar se for cumprida a nova legislaçom em matéria Iingüística6, que reserva para o galego o carácter de língua

veicular de (no mínjmo) 50% do curriculum escolar na Galiza.

Referências bibliográficas

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6 Decreto 124/2007, que regula o uso e a promoçom da língua galega no sistema educativo (publicado no Diário Oficial de Galicia de 29 de Junho de 2007).

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472 Lusofonia: Tempo de Reciprocidades

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Referências

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