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TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

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Academic year: 2021

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Registro: 2020.0000773249 ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Mandado de Injunção nº 2146270-61.2020.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que é impetrante SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS AUTARQUICOS FUNDACIONAIS ATIVOS E INATIVOS DE AMERICANA – SSPMA, é impetrado PREFEITO DO MUNICÍPIO DE AMERICANA.

ACORDAM, em 5ª Câmara de Direito Público do Tribunal de

Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Denegaram a segurança. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores MARIA LAURA TAVARES (Presidente sem voto), NOGUEIRA DIEFENTHALER E MARCELO BERTHE.

São Paulo, 21 de setembro de 2020.

HELOÍSA MARTINS MIMESSI RELATORA

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Mandado de Injunção nº 2146270-61.2020.8.26.0000

Impetrante: Sindicato dos Servidores Públicos Municipais Autarquicos Fundacionais Ativos e Inativos de Americana – Sspma

Impetrado: Prefeito do Município de Americana Comarca: São Paulo

Voto nº 13.097

MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO.

Legitimidade ativa ad causam. Inteligência do art. 12, III, da Lei no 13.300/16. Inadequação da via eleita.

Inocorrência. Art. 5º, LXXI, da CF, e art. 2º da Lei no

13.300/16. Mérito. Inexistência de dever constitucional específico de que a remuneração dos servidores seja objeto de aumentos anuais. Entendimento firmado pelo STF no Tema 19 de repercussão geral. Ausência de revisão devidamente fundamentada pelo Chefe do Poder Executivo.

Ordem denegada.

Trata-se de mandado de injunção coletivo impetrado pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais

Autárquicos Fundacionais Ativos e Inativos de Americana SPPMA

contra ato do Prefeito do Município de Americana, via da qual objetiva o reconhecimento da mora em desencadear o processo de elaboração da lei anual de revisão geral da remuneração dos servidores para o ano de 2020.

O impetrante sustenta que, de acordo com a Lei Municipal no 6.023/17, a data-base do funcionalismo municipal é 1º de

março; que, embora as negociações com o Poder Público tenham se iniciado desde o início do ano, a autoridade impetrada vem postergando qualquer decisão; e que o direito à revisão anual está previsto no art. 37, X, da Constituição Federal, no art. 115, XI, da Constituição Estadual e no art. 301 da Lei Municipal no 5.110/10, sendo o mandado de injunção

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Indeferida a tutela provisória de urgência (fls. 94-95), a autoridade impetrada prestou informações a fls. 101-138.

Parecer da d. Procuradoria Geral de Justiça a fls. 857-863, pela denegação da ordem.

FUNDAMENTOS E VOTO.

As preliminares ventiladas pela autoridade impetrada não procedem.

O impetrante é parte legítima para o ajuizamento da ação, conforme disposição expressa do art. 12, III, da Lei no 13.300/16,

a qual, inclusive, dispensa qualquer autorização especial:

Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido:

(...)

III - por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial;

Também não há que se falar em inadequação da via eleita, na medida em que o mandado de injunção é o remédio adequado para tutelar a falta total ou parcial de norma regulamentadora que torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais (art. 5º, LXXI, da CF; art. 2º da Lei no 13.300/16).

Superadas as preliminares, tem-se que, no mérito, as alegações do impetrante não procedem.

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remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices”.

Na mesma esteira, disciplina o art. 115, XI, da Constituição Estadual que “para a organização da administração

pública direta e indireta, inclusive as fundações instituídas ou mantidas por qualquer dos Poderes do Estado, é obrigatório o cumprimento das seguintes normas: (...) a revisão geral anual da remuneração dos servidores públicos, sem distinção de índices entre servidores públicos civis e militares, far-se-á sempre na mesma data e por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso”.

A Lei Municipal no 5.110/2010, por sua vez,

assegura “a todo servidor público municipal uma data base na qual os

vencimentos deverão ser reajustados ou ajustados, levando em conta os índices inflacionários do período, reajuste esse que será negociado com o Sindicato da Classe” (art. 301) e a Lei Municipal no 6.023/17 que “a

partir do exercício de 2018, fica estabelecido o dia 1º de março como data-base para a negociação de reivindicações decorrentes da relação do trabalho dos servidores públicos municipais estatutários e celetistas”.

Como bem observou a d. Procuradoria Geral de Justiça, a despeito das previsões constitucionais e legais mencionadas,

“a revisão geral anual somente é efetivada mediante lei cuja competência/iniciativa é atribuída ao Chefe do Poder Executivo de cada ente federado (art. 61, § 1º, II, 'a', da CF/88)” (fls. 861).

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Daí não decorre, no entanto, o acolhimento da pretensão do impetrante.

O Supremo Tribunal Federal, ao analisar a previsão constitucional relativa à revisão geral anual das remunerações dos servidores públicos, fixou o entendimento de que “o não

encaminhamento de projeto de lei de revisão anual dos vencimentos dos servidores públicos, previsto no inciso X do art. 37 da CF/1988, não gera direito subjetivo a indenização. Deve o Poder Executivo, no entanto, pronunciar-se de forma fundamentada acerca das razoes pelas quase não propôs a revisão” (RE 565.089, rel. p/ o ac. Min. Roberto

Barroso, j. 25-9-2019 Tema 19).

Naquela oportunidade, a Corte Superior assentou que “o art. 37, X, da CF/1988 não estabelece um dever específico de

que a remuneração dos servidores seja objeto de aumentos anuais, menos ainda em percentual que corresponda, obrigatoriamente, à inflação apurada no período. Isso não significa, porém, que a norma constitucional não tenha eficácia. Ela impõe ao Chefe do Poder Executivo o dever de se pronunciar, anualmente e de forma fundamentada, sobre a conveniência e possibilidade de reajuste ao funcionalismo.”

No caso dos autos, verifica-se que a autoridade impetrada se manifestou de forma fundamentada a respeito da conveniência e da possibilidade de concessão de reajuste ao funcionalismo público, conforme se verifica do documento de fls. 356-357 cujo teor a seguir se transcreve:

“Considerando o parecer jurídico de fls. 11/17, onde se conclui que o Chefe do Poder Executivo pode deixar de

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conceder a revisão geral anual da remuneração dos servidores públicos municipais, desde que o ato seja tecnicamente fundamentado e comprovado mediante impossibilidade financeira;

Considerando que o parecer jurídico está embasado em tese firmada pela maioria do STF Supremo Tribunal Federal, que por seu Ministro Luis Roberto Barroso, assim se manifestou ao longo da apreciação de um recurso extraordinário:

'o não encaminhamento de projeto de revisão anual dos vencimentos dos servidores públicos, previstos no inciso X do art. 37 da CF/1988, não gera direito subjetivo a indenização. Deve o Poder Executivo, no entanto, se pronunciar, de forma fundamentada, acerca das razões pelas quais não propôs a revisão.'

Considerando a manifestação da Secretaria da Fazenda às fls. 146/165 que confirma a grave deterioração das finanças públicas, com acentuada queda da receita, a partir de março até maio/2020, último mês disponível com as contas consolidadas para apuração desse quadro;

Considerando a projeção de que, com a proposta de reajuste de 3,92%, a despesa com pessoal poderia crescer de 48,61% do exercício de 2019 para 56,13%, no fechamento de 2020, assim calculada na forma da Lei de Responsabilidade Fiscal;

Considerando, ainda, que não foi possível apurar todo o impacto negativo nas contas públicas, uma vez que o demonstrativo reflete apenas o início da crise econômico-financeira e que essa situação tende a se agravar ao longo do ano, com essa pandemia da COVID-19 que assola o país; Considerando, enfim, o teor da Lei Complementar Federal

no 173/2020, que 'Estabelece o Programa Federativo de

Enfrentamento ao Coronavírus SARS-CoV-2, altera a Lei

Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, e dá outras

providências', e que, por sua vez, dispõe sobre limitações com gasto de pessoal até dezembro de 2021, conforme consta especialmente em seu art. 8º, reconhecendo a situação de fragilidade do Poder Público;

Este Chefe do Poder Executivo deixa de propor a revisão da remuneração dos servidores públicos municipais, bem como do valor da cesta básica, diante da absoluta impossibilidade de honrar com o pagamento de eventual aumento dessas despesas, ainda que em termos nominais, decorrentes de seus reajustes.

Lembramos que o Poder Legislativo da União (Deputados Federais e Senadores), de forma prudente, quando da

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votação da matéria que resultou na Lei Complementar 173, de 2020, considerou que o servidor público já tem a garantia da manutenção do emprego, haja vista que a Constituição Federal lhe confere o direito do instituto da estabilidade. Contudo, o Poder Público não está imune à queda de arrecadação, em face de uma pandemia como essa que atingiu a todos.

Conforme notícias veiculadas pela Folha de São Paulo, cópias anexas, a arrecadação federal sofreu quedas bruscas nestes últimos três meses, comparativamente ao mesmo período do ano anterior. A matéria datada de 07/07/2020 aponta as seguintes retrações na arrecadação do governo federal: abril: 28,95%; maio: 32,92%; e junho: 25% até agora (número ainda sujeito a alterações, em função da atualização do SIAFI Sistema Integrado de Administração Financeira). Tudo isso para demonstrar que a crise atinge o Brasil como um todo, com graves consequências nas contas públicas. (...)”

Conclui-se, assim, que, no caso dos autos, o não encaminhamento de projeto de lei de revisão anual foi devidamente fundamentado pelo Chefe do Poder Executivo, estando a decisão lastreada em parecer da Procuradoria Jurídica (fls. 155-161), recomendação do Secretário da Fazenda (fls. 149-151) e parecer contábil (fls. 319-324) que indica a ausência de recursos financeiros para tanto.

À vista do analisado, denega-se a ordem.

Para viabilizar eventual acesso às vias extraordinária e especial, considera-se prequestionada toda matéria infraconstitucional e constitucional, observado o pacífico entendimento do C. Superior Tribunal de Justiça no sentido de que, tratando-se de prequestionamento, é desnecessária a citação numérica dos dispositivos legais, bastando que a questão posta tenha sido decidida (EDROMS n. 18.205/SP, Eminente Ministro Felix Fischer, DJ 08/05/2006, p. 240).

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Sujeitam-se à forma de julgamento virtual em sessão permanente da C. 5ª Câmara de Direito Público eventuais recursos previstos no art. 1º da Resolução n. 549/2011 deste E. Tribunal deduzidos contra a presente decisão. No caso, a objeção deverá ser manifestada no prazo de cinco dias assinalado para oferecimento dos recursos mencionados no citado art. 1º da Resolução. A objeção, ainda que imotivada, sujeitará aqueles recursos a julgamento convencional.

HELOÍSA MIMESSI

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