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APLICAÇÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA NO ESTUDO DA REPRESENTAÇÃO DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DAS ÁREAS VERDES URBANAS

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Academic year: 2021

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APLICAÇÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA NO

ESTUDO DA REPRESENTAÇÃO DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DAS

ÁREAS VERDES URBANAS

APPLICATION OF GEOGRAPHIC INFORMATION SYSTEMS FOR

STUDYING REPRESENTATION OF THE INFLUENCE AREAS

OF URBAN GREEN AREAS

Danúbia Caporusso Bargos

1

Lindon Fonseca Matias

2

1

Universidade Estadual de Campinas

Instituto de Ge ociências danubia@ige.unicamp.b r

21

Universidade Estadual de Campinas

Instituto de Ge ociências lindon@ige.unica mp.br

RESUMO

O estudo das áreas de influência das áreas verdes urbanas ainda se apresenta como um grande desafio para pesquisadores dos mais diversos ramos do conhecimento científico , pois não se trata somente do mapeamento da localização das áreas verdes, mas da interação destas áreas com os demais ele mentos constituintes do espaço geográfico. Esse desafio se torna ainda ma ior quando são tratadas as formas de representação da espacialidade dos benefícios proporcionados pelas áreas verdes no espaço urbano. O presente trabalho busca oferecer novos encaminhamentos teórico-metodológicos para o estudo da representação e análise da espacialização das áreas de influência das áreas verdes urbanas a partir de um estudo de caso realizado em Paulínia (SP), que teve como base a utilização de Sistema de Informação Geográfica como instrumento de apoio para realização do mapeamento e das análises propostas; e o uso de indicadores considerados pertinentes ao estudo da temática, tais como te mperatura, tipos de uso da terra e distribuição da população. A metodologia e mpregada para o desenvolvimento deste estudo pode ser resumida e m quatro etapas principais: a) levanta mento bibliográfico ; b) elaboração de base de dados georreferenciados com enfoque na área urbana de Paulín ia; c) mapeamento dos temas pertinentes à pesquisa e elaboração de uma representação tridimensional das áreas de influência das áreas verdes urbanas e, d) análise quali-quantitativas dos resultados obtidos. Os resultados alcançados permit ira m u ma me lhor co mpreensão da distribuição das áreas verdes no munic ípio. A espacialização das feições que representam as áreas de influência das áreas verdes urbanas a partir de distâncias pré-estabelecidas evidenciou a hipótese que o cálculo simp lificado de índices de áreas verdes por habitante é insuficiente para demonstrar a real distribuição dos benefícios proporcionados por estas áreas no ambiente em que elas se encontram inseridas . A utilização dos Sistemas de Informação Geográfica e das geotecnologias de maneira geral foi essencial para o desenvolvimento do estudo proposto e apresenta-se como um instrumento de notável importância para o desenvolvimento de estudos que visam à análise e representação das áreas de influência das áreas verdes urbanas. Palavras chaves: Áreas Verdes Urbanas, Siste mas de Informação Geográfica, Paulínia .

ABSTRACT

The study of influence areas of urban green areas still presents a major challenge for researchers from various branches of scientific knowledge, because it should not be only the mapping of green areas location, but its interact ion with other ele ments of geographical space. This challenge becomes even greater when forms of representation of the spatiality of the benefits provided by green areas in urban space are considered. This paper aims to provide new theoretical and methodological approach to study the representation and analysis of urban green areas influence fro m a case study

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conducted in Paulínia (SP), wh ich was based on the use of geographic information systems as a support tool for performing the mapping and analysis of proposals; and the use of relevant indicators for studying the subject, such as temperature, land use types and population distribution. The methodology can be summarized in four ma in steps: a) literature survey; b) development of georreferenced database with a focus on Paulinia ’s urban area; c) mapping of relevant indicators and development of a three dimensional representation of the influence areas of urban green areas, d) qualitative and quantitative analysis of the results . The results allowed a better understanding of green areas distribution in the city. The spatial distribution of features that represent the influence zones of urban green areas from p re-established distances revealed the hypothesis that the simp lified calculation of green areas inde x per inhabitant is insufficient to demonstrate the real benefits distribution provided by these areas . The use of geographic informat ion systems and geotechnologies was essential for the proposed study development and presents itself as an remarkable instrument for studies aimed at the analysis and representation of influence areas of urban green areas.

Palavras chaves: Urban Green Areas , Geographic Informat ion Systems, Paulínia .

1. INTRODUÇÃO

Segundo a Organização das Nações Unidas, pelo menos metade da população mundial reside atualmente em áreas urbanas (ONU, 2011), sendo que no Brasil a população urbana representa aproximada mente 84% da população total (IBGE, 2010).

O crescimento acelerado e a ausência de políticas efic ientes de planejamento e ordenamento territoria l causaram uma série de impactos de ordem socioambiental e a degradação da qualidade ambiental e de vida da população em muitas das cidades brasileiras ; o que torna latente a importância de ele mentos que contribuem para o restabelecimento de u ma re lação direta e saudável da sociedade com a natureza .

O acesso a alguma forma de “natureza”, muitas vezes entendida como a vegetação presente no interior das cidades, configura-se como uma necessidade humana fundamental, sendo que a inclusão de áreas verdes no planeja mento das cidades tem se tornado um d ire ito do cidadão (Tho mpson, 2002; Sanesi e Chia rello, 2006), que espera desfrutar das diversas funções que estas áreas exerce m para a menização das consequências neg ativas oriundas do processo de urbanização. A presença das áreas verdes no interior das cidades se justifica, portanto, pelo fato destas áreas proporcionarem alguns dos benefícios fundamentais à manutenção da qualidade de vida nas cidades, além de se configurare m co mo u m co mponente físico importante na paisagem urbana, destacando -se pela aparência e rugosidade em me io às edificações e pelo seu valor cultural (M INA KI et a l, 2006).

Embora as áreas verdes tenham sido reconhecidas já há algum te mpo como u m importante indicador de qualidade amb iental e de vida é evidente a carência de estudos desenvolvidos no país referente a esta temática no que diz respeito ao uso efetivo e à espacialização dos benefícios proporcionados por estas áreas. Mais evidente ainda é a necessidade do desenvolvimento de estudos que abord am a questão das formas de representação das áreas de in fluência das áreas verdes urbanas; pois o que se observa é que, em sua grande ma ioria , os estudos sobre áreas verdes urbanas estão voltados ao tradicional cá lculo de índices que tentam, de a lgu ma forma, e xpressar a disponibilidade de áreas verdes, seja em relação ao número de habitantes ou à área total de determinada localidade ; o que se acredita não representar a verdadeira comple xidade exigida pela temática . Dessa forma, surge a necessidade de conhecer, alé m da quantidade e distribuição, a área a ser in fluenciada direta ou indiretamente por u ma á rea verde.

O tema áreas de influência das áreas verdes urbanas é ainda pouco explorado no meio científico, provavelmente pela co mp le xidade que envolve o seu estudo. No entanto, é possível identificar pesquisas e estudos científicos, realizados em diferentes campos do saber, que buscam oferecer subsídios e avanços das refle xões para o estudo desta temática. Em s eu trabalho, Rosset (2005) registra que um grupo de pesquisadores tem utilizado metodologias que consideram o ra io de influência dos serviços proporcionados pelas áreas verdes urbanas, nas adjacências das mesmas, possibilitando distribuir ta is benefícios, adicionalmente, às áreas vizinhas, sejam bairros, setores, distritos etc. O procedimento básico para realização destes estudos consiste na definição do traçado de uma figura geo métrica para cada área verde na qual o seu benefício seja quantificado e m termo s de densidade de áreas verdes, resultante da razão entre a superfície da área verde (m2) e a superfície da área de distribuição dos benefícios (km2).

Para Oliveira (1996) u ma área de influência para áreas verdes é definida como “[...] u ma medida da distân cia má xima hipotética que se espere que uma pessoa caminhe para atingi-la, a part ir de sua residência” (p. 51), e pode ser determinado direta mente e m termo de distância, ou estimado indireta mente baseado no tempo de percurso entre as residências e as áreas verdes. Minaki et a l. (2006) consideram que a área de influência de u ma área verde deve e xpressar a localização desta área em relação aos seus usuários , sendo que a distância entre a residência e uma área verde não deve ser ma ior que 10 a 15 minutos de deslocamento a pé.

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chegar até uma área verde e equivalente à área de entorno imed iato das mesmas (CA RVA LHO, 2001; BA RGOS, 2010). Há ta mbé m outra linha de pesquisadores que consideram que as áreas de influência de u ma área verde não dependem apenas do tempo de deslocamento até ela, mas també m d a efetividade do uso e do estado de conservação destas áreas (PINA e SA NTOS, 2012; SANTANA et a l., 2010; ROFÈ et a l., 2012; BA RGOS e MATIAS, 2012).

Apesar do dissenso em relação ao que se considera por “área de influência das áreas verdes urbanas”, é possível observar que os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) vê m sendo utilizado s e considerados instrumentos de grande importância na ma ioria dos trabalhos que visam o estudo desta temática , pois dentre outras funções os SIG facilita m o mapea mento, alé m de permitire m, a rea lização de análises mult ite mporais das áreas verdes, contribuindo , sobretudo para o processo de monitora mento e gestão dessas áreas .

O presente trabalho visa contribuir para o aprofundamento das questões relacionadas ao estudo das áreas verdes urbanas a partir de um estudo de caso de Paulínia (SP) que teve como base a utilização de Sistema de Informação Geográfica co mo instrumento de apoio para realização do mapea mento e de análises quali-quantitativas da distribuição das áreas verdes urbanas e da espacialização de suas áreas de influência ; e o uso de indicadores considerados pertinentes ao estudo da temática, tais co mo te mperatura, t ipos de uso da terra e distribuição da população. Espera-se, a partir dos resultados alcançados, oferecer contribuições para o avanço das pesquisas relacionadas ao estudo das áreas verdes urbanas no Brasil, considerando -se que essas representam um dos principais ele mentos a serem considerados na elaboração de políticas e práticas de gestão urbanas eficientes para promoção da qualidade de vida da população.

2. MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DAS ÁREAS VERDES URBANAS DE PAULÍNIA (SP): ASPECTOS METODOLÓGICOS

Inicia lmente fo i realizado um levanta mento bibliográ fico para a co mpreensão e formulação de u ma definição para o termo “áreas verdes” bem co mo para as suas áreas de influência. Ad miti-se que um conceito para áreas verdes urbanas deve considerar que elas sejam u ma categoria de espaço livre urbano composta por vegetação arbórea e arbustiva (inclusive pelas árvores das vias públicas, desde que estas atinjam u m ra io de influência que as capacite a e xercer as funções de uma área verde), com solo livre de edificações ou coberturas impermeab ilizantes (em pelo menos 70% da área), de acesso público ou não, e que e xerça m minima mente as funções ecológicas (aumento do conforto térmico, controle da poluição do ar e acústica, interceptação das águas das chuvas, e abrigo à fauna), estéticas (valorização visual e ornamental do amb iente e diversificação da pais agem construída) e de lazer (recreação) (BA RGOS, 2010).

Posteriormente foi construída, a partir da compilação de diversos dados estatísticos e cartográficos e produtos de sensoria mento remoto, co m o suporte do software Arc GIS 10.1, u ma base de dados georreferenciados com enfoque na área urbana de Paulín ia.

O mapeamento das áreas verdes urbanas foi a terceira etapa executada e teve início com a seleção dessas áreas a partir do mapa de uso da terra do munic ípio de Paulínia re ferente ao ano de 20 12. As unidades que representam as áreas verdes no mapa de uso da terra do município de Paulín ia fora m selecionadas e exportadas para um novo plano de informação e na sequência classificadas em grupos.

Os mapas elaborados inicialmente fora m os mapas de uso da terra e de distribuição da população de Paulínia em escala 1:10.000, sendo que para a elaboração de cada um deles foi adotada uma sistemática diferenciada. O uso de setores censitários como unidade de análise se deu pelo entendimento que a utilização de unidades menores que a área total de um munic ípio pode, de certa forma, colaborar para que não haja uma incorreta homogeneização da informação espacial.

Em seguida, foi e laborado o mapa de te mperatura de superfície que teve iníc io co m a aquisição das imagens captadas pelo satélite LANDSAT-8, d isponibilizadas gratuitamente pelo site do Serviço de Levantamento Geológico Americano (USGS, 2013). A partir do acervo disponível no site fora m selecionadas quatro imagens que recobrem a área de estudo, onde foi detectada a presença de poucas ou nenhuma nuvem ou ruídos , e com datas referentes às quatros estações no último ano (12/05/2013; 31/07/2013; 26/ 10/ 2013; 08/02/2014). O processamento da image m para elaboração do referido mapa foi baseado na proposta apresentada por Coelho e Correa (2013). A organização e o tratamento dos dados em formato matricia l (raster) fora m rea lizadas com o suporte do software Arc GIS 10.1 por meio de funções de cálculo matricia l (Raster Ca lculator) e teve iníc io com o recorte da image m infraverme lha terma l (banda 10) conforme o limite da área estudada. Na sequência, fora m utilizados os parâmetros fixos de conversão de níveis de cinza da image m (NC) para radiância e depois para temperatura Kelv in, e os ele mentos e valores da fórmula de conversão para radiância e da constante de calibração disponibilizados pelo Serviço Geológico A mericano no metadados da image m do satélite LANDSAT-8, banda 10.

Após a realização das conversões necessárias, os valores obtidos em temperatura Ke lvin (K) fora m subtraídos pelo seu valor absoluto para geração de um produto raster matric ia l correspondente à temperatura de superfície e m

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graus Celsius (ºC).

Na sequência, realizou-se o mapeamento da representação das áreas de influência das áreas verdes urbanas de Paulín ia. Diante da dificu ldade de se definir um valor correspondente a um raio de distância a ser mensurado a partir do limite da u ma área verde, e que represente o alcance da influência que a vegetação pode exe rcer e m termos de acessibilidade aos usuários considerando algumas das funções fundamentais na melhoria da qualidade amb iental dos habitantes de um determinado loca l, considerou -se coerente adotar distâncias correspondentes ao deslocamento médio de uma pessoa caminhando para chegar até uma área verde. Conforme Viel (2000), o intervalo das velocidades lentas de um indiv íduo adulto ao caminhar é de 0,50 a 1m/s. Para a delimitação das áreas de influência das áreas verdes de Paulín ia considerou-se a média entre o intervalo proposto por Viel (2000) e os valores de 10 e 15 minutos como o tempo que uma pessoa se dispõe a caminhar para chegar até uma área verde, o que corresponde a 450 e 675 metros. Tomou-se ta mbé m co mo referênc ia para de limitação das áreas de influências das áreas verdes urbanas de Paulín ia os valores de 100, 400 e 800 metros propostos por Santana et al (2010), sendo que a distância de 100 metros é considerada como área de influência direta e, portanto, foi delimitada para cada feição que representa uma área verde. As distâncias de 400 e 800 metros fora m delimitadas para as áreas com e xtensão de 0,9 a 10 hectares e de ma is de 10 hectares, respectivamente. Uma vez defin idos estes valores fora m rea lizados cálculos de áreas de abrangência (buffers) a part ir de cada feição geométrica correspondente às áreas verdes para representação das áreas de influência das áreas verdes urbanas de Paulín ia.

Por fim, e m busca de uma forma a lternativa para representação das áreas de influência das áreas verdes urbanas de Paulínia foi e laborado també m u m modelo tridimensional co m b ase nos princípios aplicados na elaboração de um modelo numérico de terreno (grade irregular triangular - TIN) a partir da utilização do aplicativo 3D Analyst disponível no software Arc GIS 10.1.

3. ÁREA DE ES TUDOS

O munic ípio de Paulínia é u m dos 20 munic ípios que integram a Região Metropolitana de Ca mp inas (RM C), considerada uma das principais regiões econômicas e industriais do Estado de São Paulo e do Brasil. Possui uma e xtensão territorial de 138,95 km2, densidade demográfica de 626,25 hab/km2 e u ma ta xa de urbanização de 99,9% (SEADE, 2013) (Fig 1). A elevada arrecadação municipal sempre fo i um considerável atrativo para o município que possui 82.146 habitantes (IBGE, 2010) e u m Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) que coloca o munic ípio na 13ª posição entre outros municíp ios do Estado de São Paulo no que se refere ao desenvolvimento humano (SEADE, 2013). Já a sua importância econômica é evidenciada pelo seu alto valor do Produto Interno Bruto (PIB) que alcançou em 2010 mais de 8 bilhões de reais (SEADE, 2013).

Paulín ia, assim co mo outros municíp ios paulistas, teve sua origem de uma velha sesmaria e a primeira referência h istórica que se tem do local onde hoje se encontra o município é, conforme Soares (2004), da época colonial, quando o governo português doava sesmarias a particula res. A Fazenda São Bento, e mbrião do munic ípio, apresentava uma dinâ mica econômica co mu m a todo o Brasil imperial, ou seja, valeu -se num prime iro mo mento, da mão-de-obra escrava, com técnicas de cultivo rudimentares e posteriormente da incorporação de técnicas ma is avançadas no cultivo e beneficia mento do café.

Um prime iro fator importante a se destacar na história do munic ípio foi a imp lantação da estação da linha de ferro da Co mpanhia Carril Agrícola Funilense no então bairro de São Bento, originário da fazenda de mes mo nome. Co m a instalação da estação houve uma dinamização da economia local propic iando uma ligação de transporte ferroviá rio co m a cidade de Ca mpinas. Outro mo mento importante na história de Pa ulínia foi a instalação, em 1942, da empresa Rhodia Indústrias Químicas e Tê xte is S.A., que teve grande contribuição para que em 30 de novembro de 1944 o então Bairro São Bento fosse elevado à categoria de Distrito do município. Vinte anos mais tarde Paulínia se tornaria um mun icíp io autônomo.

Embora estes acontecimentos tenham sido significat ivos para a história e para o desenvolvimento do munic ípio de Paulín ia, a construção da Refinaria do Planalto Paulista – REPLA N foi, segundo Müller e Mazziero (2006), sem dúvida, o marco ma is importante para a transformação do munic ípio e alavancou um processo de intensas transformações no território paulinense. “Uma das primeiras transformações foi no número de habitantes do município, subitamente aumentado por homens vindo de todas as partes do país, chegando aos milhares para a grande construção” (p. 86). As transformações seguintes se deram com a formação do comple xo industrial petroquímico que, mais tarde, se constituiu em um dos mais importantes polos petroquímicos da América Latina formado pela REPLAN e pelas empresas de alta tecnologia por ela atraídas, tais como a Du Pont do Brasil (1972), a CBI Industrial (1974), a Shell do Brasil (1975) e a Ga lvani (1981).

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Fig 1. Localização da Área de Estudos.

Em relação à cobertura vegetal original do municíp io destacavam-se a floresta estacional semidecidual, o cerrado e os campos (CHRISTOFOLETTI; FEDERICI, 1972). Mü lle r e Mazie ro (2006, p. 93) argu menta m que, de acordo com re latos de antigos moradores do munic ípio, já e xistira m “[...] matas cerradas, caça abundante e um rio de água limpas, co m várias e numerosas espécies de peixes” em Paulínia. De acordo co m Matias (2009), o Parque Ecológico A rmando Müller, o Jardim Botânico Municipal “Adelelmo Piva Junior” e o Minipantanal são exemp los de áreas que mantê m vegetação nativa em Paulínia , e que são testemunhas de uma configuração do passado, mes mo após a ocorrência das diversas transformações ocorridas no municíp io.

4. ANÁLIS E DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DAS ÁREAS VERDES URBANAS DE PAULÍNIA (SP) : DISCUSSÕES E RES ULTADOS

Desde o início da década de 1940, período de sua emancipação, o munic ípio de Paulín ia sofreu intensas transformações que causaram u ma série de impactos de ordem socioambiental e contribuíra m para que o munic ípio estivesse inserido no contexto atual de degradação ambiental das cidades brasile iras. Segundo Campos e Matias (2012), esses impactos estão de certa forma inter-re lac ionados entre si, sendo que o impacto ma is identificado é o desmatamento; que se deve, provavelmente ao ainda e xpressivo crescimento populacional do munic ípio.

A expansão da área urbana municipal e o au mento do número de habitantes e de estabelecimentos industriais se deram de forma mu ito acele rada e não fora m acompanhados pela elaboração de políticas públicas efic ientes para a manutenção da qualidade a mbiental e de vida da população. Pesquisas como as desenvolvidas por Matias (2009), Farias (2010), Bargos (2010) e Ca mpos e Matias (2012), reve la m que a vegetação original de Paulínia sofreu u ma e xpressiva diminu ição para dar lugar às áreas urbanizadas e agrícolas.

Em re lação à distribuição das áreas verdes urbanas de Paulínia pode -se dizer que estas áreas se encontram dispersas pelo território paulinense e se apresentam, na ma ioria dos casos, na forma de pequenos fragmentos de vegetação remanescente ocupando uma e xtensão de aproximada mente 7,79 km2; o que corresponde a 6,3% da área urbana oficia l e a 5,6% da área total do munic ípio (Fig 2).

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Fig 2. Á reas Verdes Urbanas de Paulín ia.

Co mo áreas de influência das áreas verdes urbanas foram defin idos raios de 100, 400, 450, 675 e 800 metros a partir de cada área verde urbana. Considerando os 5 valores estabelecidos neste trabalho com base na proximidade e no tempo de acesso a uma área verde como áreas de influência, tem-se que 15% da área total do município seria beneficiada pelas áreas de influência das áreas verdes nele implantadas quando considerado um raio de 100 met ros a partir de cada área verde; 41% quando o raio considerado for equivalente a 400 met ros; 49% para u m ra io de 450 metros; 66% quando o raio for igual a 675 metros, e 28% quando o raio a ser considerado for equivalente a 800 metros (Fig 3).

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A partir da espacialização das feições vetoriais que representam as áreas de influência das áreas verdes urbanas de Paulínia é possível constatar que, de modo geral, a parte que mais recebe influência das áreas verdes urbanas é a região central do município. Nota-se que em alguns casos a área de influência de determinada área verde ocupa a e xtensão total do setor censitário e pode ainda, e m casos particulares , e xerce r influência sobre pratica mente toda a e xtensão de um setor censitário e m seu entorno devido às suas reduzidas extensões territoria is, como é o caso daqueles densamente populosos na área central do munic ípio.

Em contrapartida, é notável també m a e xistência de va zios re lacionados às áreas de influência das áreas verdes em todo o municíp io, mesmo onde são considerados 800 metros como áreas de influência de uma área verde, principalmente na região centro-sul onde reside a ma ior parte da população. Um cenário seme lhante pode ser identificado quando se analisa a distribuição da população por faixa etária. Gera lmente, as localidades onde se concentram as populações de 0 a 14 anos e acima de 60 anos não apresentam áreas verdes e não recebem influência significativa das áreas verdes existentes no entorno (Fig 4 e 5). Em relação à distribuição da população por renda média mensal, pode-se dizer que há u ma tendência de concentração da população de baixa renda nas áreas periféricas do munic ípio, co m e xceção da região sudeste onde se encontram a lguns condomínios residenciais de alto padrão (Fig 6).

Fig 4. Mapa das Áreas de Influência das Áreas Ve rdes Urbanas de Paulínia e Distribuição da População por Setor Censitário.

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Fig 5. Mapa das Áreas de Influência das Áreas Ve rdes Urbanas de Paulínia e Distribuição da População por Faixa Etária.

Fig 6. Mapa das Áreas de Influência das Áreas Ve rdes Urbanas de Paulínia e Distribuição da População por Renda Média Mensal.

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De mane ira geral, as áreas onde reside a população mais carente de Paulínia recebem pouca ou nenhuma influência das áreas verdes urbanas do municíp io, princ ipalmente se considerados os valores de 100, 400 e 450 metros como áreas de influência de uma área verde. O que não pode ser dito da mesma forma e m re lação à população com alto poder aquisitivo. Nota-se que a maioria dos setores onde reside esta parte da população recebe influência das áreas verdes mais pró ximas. Va le le mbra r que a ma ioria da população de alto poder aquisitivo de Paulínia reside e m loteamentos fechados de alto padrão que, conforme Farias (2010), apresentam equipamentos próprios de lazer, tais como playgrounds, salões de festa, academia, ca mpo de futebol, dentre outros, e que essa população praticamente não utiliza os equipamentos públicos de laze r.

Quanto à distribuição das áreas verdes e de suas áreas de influência em relação às diferentes formas de uso da terra e m Paulín ia, é possível notar que uma das localidades mais influenciadas pelas áreas verdes corresponde ao local onde está instalado o comple xo industrial de Paulínia (Fig 7), devido à presença de um frag mento de vegetação nativa e de uma área de reflorestamento de aproximada mente 1,94 km2 e de 2,7 km2, respectivamente, que correspondem às duas maiores áreas verdes do municíp io. É possível constatar també m que estas áreas verdes encontram -se implantadas onde as unidades de uso predominante do entorno correspondem, alé m do comp le xo industrial, ao cult ivo da cana -de-açúcar, umas das principais atividades responsáveis pela grande diminuição das áreas de vegetação original do munic ípio (Fig 7).

Fig 7. Mapa das Áreas de Influência das Áreas Ve rdes Urbanas e Uso da Terra de Paulínia .

Conforme observado, a área central do município é a que recebe maior influência das áreas verdes, fato que se deve à presença da mata ciliar ao longo do rio Atibaia, da vegetação presente no Jardim Botânico Adelelmo Piva Junior e no Parque Ecológico Armando Mülle r, estes últimos que se apresentam como á reas de fácil acesso para a população não só do munic ípio de Pau lín ia, mas també m dos municíp ios vizinhos.

Em relação à temperatura de superfície, constatou-se que a temperatura, registrada conforme as imagens do satélite LA NDSAT 8, é maior quanto maio r for a distância de u ma área verde e ma is pró ximo de áreas industriais ou densamente construídas. Para os dias 12/05/ 2013, 31/07/2013 e 08/02/14 a diferença nas temperaturas entre o Parque Ecológico Armando Mülle r e o comple xo industrial da Rep lan chega a ser, em média, de 8°C. Enquanto para o dia 26/ 10/ 2013, essa diferença é de apro ximada mente 12°C. É prec iso ressaltar que o horário da passagem do satélite no dia 23/ 10/ 2013 dife re do horário de passagem nos demais dias em estudo em 6 minutos, o que de certa forma não prejudica a comparação aqui realizada (Fig 8).

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Alé m da espacialização, por me io de feições que representam a dimensão e as áreas de influência das áreas verdes urbanas de Paulínia em u m p lano, considerou -se outra forma de análise destes elementos para criação de um modelo tridimensional de representação das áreas de influência das áreas verdes imp lantadas no território paulinense (Fig 9).

Fig 10. Representação Tridimensional das Áreas de influência das Áreas Ve rdes Urbanas de Paulínia .

Considerando todas as distâncias adotadas como áreas de influência das áreas verdes, pode -se notar em análise a representação tridimensional das áreas de influência das áreas verdes de Paulínia que há a formação de pelo menos duas faixas, ou corredores , de áreas de influência das áreas verdes urbanas em Paulínia . A prime ira , forte mente delineada pela mata ciliar do Rio Atibaia, que corta o município de leste a oeste, se estende até o nordeste do município onde se encontra uma e xtensa área verde. A segun da, caracterizada por pequenos fragmentos de vegetação, se encontra ao sul próximo a loca lidades com grande nú mero de habitantes .

5. CONS IDERAÇÕES

Em u ma sociedade onde a informação e a tecnologia apresentam-se como pila res, os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) são, sem dúvidas, instrumentos fundamentais para a gestão da informação geográfica (Olaya, 2011) e sua utilização torna-se essencial para o desenvolvimento de estudos que visam à análise da distribuição e a representação das áreas verdes urbanas.

Neste trabalho, a utilização de um sistema de informação geográfica, fo i essencial para o desenvolvimento do estudo proposto. O emp rego do SIG permitiu a realização de procedimentos automatizados que facilitara m a compreensão da distribuição das áreas verdes de Paulínia, a lé m de possibilitar a utilização de diferentes tipos de dados para realização das análises quali-quantitativas dos indicadores considerados importantes para manutenção da qualidade amb iental e de vida u rbana em Paulínia .

Considera-se que o mapea mento das áreas de influência das áreas verdes urbanas é uma ta refa relat iva mente comple xa e a inda pouco exp lorada no meio c ientífico, pois assim co mo o conceito de áreas verdes o valor ideal a ser considerado como área de influência de uma área verde, mesmo e m termos de acessibilidade, ainda carece de u ma

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ma ior investigação. Todavia, o trabalho aqui apresentado busca oferecer subsídios para o estudo desta temática. O mapea mento das áreas verdes em Pau lín ia possibilitou o conhecimento da localização destes elementos no espaço intraurbano, permitindo constatar que a distribuição das áreas verdes se dá de forma heterogênea no municíp io, e na forma de pequenos fragmentos de vegetação arbórea remanescente. A espacialização de feições que representam as áreas de influência das áreas verdes urbanas a partir de distâncias pré -estabelecidas evidenciou a hipótese de que, somente o cálculo tradicional de índices de áreas verdes por habitante não é suficiente para de monstrar a real distribuição dos benefícios proporcionados por estas áreas, e pode induzir a u ma interpretação equivocada da real distribuição das áreas verdes no ambiente intraurbano. Vale ressaltar que os valores estabelecidos para este trabalho como áreas de influência das áreas verdes não invalida a adoção de outros critérios, inclusive em consideração a dimensão da área urbana estudada ou mesmo das áreas verdes existentes. Considerando que a espacialização deste critério pode ser facilmente realizada co m o suporte de um SIG, é possível a criação de diferentes cenários para diferentes análises desta questão. O modelo tridimensional proposto proporciona uma contribuição inicia l para o desenvolvimento de novas formas de representação e análise das áreas de influência das áreas verdes urbanas. Além de se revelar co mo adequado para este fim, este tipo de representação apresenta uma interface mais intuit iva que a representação bidimensional.

AGRADECIMENTOS

À CAPES e FA PESP processo nº 2012/20397-0 pe lo apoio concedido para a realização desta pesquisa. REFERÊNCIAS B IB LIOGRÁFICAS

BARGOS, D.C ; Análise Espacial das Áreas Ver des para Mape amento da Quali dade Ambiental Ur bana: Estudo de Caso de Paulínia-SP. Dissertação de Mestrado em Geografia . Unive rsidade Es tadual de Campinas, Ca mp inas, 2010.

BARGOS, D.C ; MATIAS, L.F. Geotecnologias aplicadas ao cálculo de índices de áreas verdes urbanas: estudo de caso de Paulín ia (SP). Geogr afia (Rio Cla ro. Impresso), v. 37, p. 307-318, 2012.

CAMPOS, F.F.; MATIAS,L.F. Mapea mento das Áreas de Preservação Permanente (APPs) e sua Situação de Uso e Ocupação no Município de Paulínia (SP). Ge ociências, São Pau lo, UNESP v. 31, n. 2, p. 309-319, 2012.

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Referências

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