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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS MIRIAM SUELI MONTEIRO DE JESUS SOUSA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO

CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

MIRIAM SUELI MONTEIRO DE JESUS SOUSA

ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÔMICO DE

CABO VERDE 1980 - 2005

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MIRIAM SUELI MONTEIRO DE JESUS SOUSA

ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÔMICO

DE CABO VERDE 1980 - 2005

Orientador: Prof. Louis Roberto Westphal, Dr.

FLORIANÓPOLIS, 2008.

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ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÔMICO DE

CABO VERDE 1980 - 2005

Esta Monografia foi julgada e aprovada para obtenção do Título de Bacharel em Economia do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Santa Catarina, sendo atribuída a nota 8,0 à aluna Miriam Sueli Monteiro de Jesus Sousa na Disciplina CNM 5420 – Monografia (TCC), pela apresentação deste trabalho à Banca Examinadora.

Florianópolis, 10 de Março de 2008.

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. Louis Roberto Westphal

(Presidente)

Prof. Cícero Ricardo França Barbosa

(Membro)

Prof. Luiz Carlos de Carvalho Junior

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por me ter dado força nos momentos de cansaço, de dúvidas e anseios, e por me iluminar a cada passo, mesmo quando o sonho parecia ser difícil de alcançar, mas não impossível.

A minha família, meu pai João, minha mãe Zélia, meus irmãos Fábio e Jéssica, as minhas tias Betty e Lucy, pela confiança, força e encorajamento, nos momentos que mais precisei.

Ao meu companheiro e amigo Hamilton, por ser meu porto seguro, pelas palavras de consolo e carinho e especialmente pelo amor.

Aos meus amigos do curso, em especial à Carol, Paula e Alfonso pela amizade e cumplicidade.

A UFSC, pela oportunidade, em especial aos professores do curso de economia pela minha formação acadêmica e pessoal, e por fazer despertar em mim a vocação tanto procurada e desejada.

Um especial obrigado ao Eduardo pela grande ajuda e pela paciência, que resultaram no aprimoramento deste trabalho.

Ao meu orientador e professor Louis, pela paciência e orientação, e principalmente por me ter encorajado a tornar material a idéia do meu projeto.

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RESUMO

A economia caboverdiana apresentou muitos progressos, tanto em nível econômico como social. A expansão populacional tem aumentado rapidamente, crescendo à taxa de 2,4% a.a em 2000, embora sua estrutura e distribuição, assim como crescimento estejam muito condicionados pela forte tradição migratória do país. Durante o período analisado, a economia expandiu à taxa de 1,4% a.a, no início do período (1993), para 4,3% no final do período analisado, em 2003. O produto interno bruto per capita conseguiu acompanhar a expansão populacional garantindo níveis de renda per capita crescentes, à taxas superiores à do crescimento populacional. A distribuição da renda em Cabo Verde é equilibrada, segundo o índice de Gini, de 0,54 em 2002, sendo mais concentrada nos maiores centros urbanos do país. A pobreza atinge mais as mulheres, em razão do desemprego e tem maior incidência no meio rural, principalmente as faixas etárias mais baixas. Este fenômeno ainda é desigual entre as ilhas, apesar de o nível de conforto ser relativamente satisfatório. A população ativa do país, em 2006, se resumia a 183.254 pessoas, aproximadamente 38% da população residente, dentre as quais 33.554 se encontravam desempregadas, sendo na sua maioria indivíduos jovens, sem muita escolaridade e principalmente mulheres. Segundo os setores da economia, o que mais cresce e emprega é o do comércio e serviços, com destaque para o turismo. O setor primário é muito vulnerável às condições climáticas, pouco favoráveis, e à escassez de recursos naturais, enquanto que o setor terciário enfrenta problemas estruturais: sua estrutura é fraca e pouco desenvolvida. O desenvolvimento humano segundo o PNUD está entre os melhores da África, sendo conseguido através de melhorias na saúde (aumentando a longevidade da população) e educação (sendo que 81,2% da população do país é alfabetizada). As Metas do Milênio para o desenvolvimento apontam melhorias e conquistas no desenvolvimento socioeconômico do país, assim como o aumento das parcerias entre Cabo Verde e instituições mundiais, tais como BM, ONU, FMI, BAD, BADEA, e com outros países tais como Holanda, China, Japão, entre outros. Cabo Verde está no rumo certo para que o desenvolvimento possa se sustentar apostando na boa governança e no combate às vulnerabilidades do país, mas ainda há muito para se fazer.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa de Cabo Verde...38

Figura 2: Divisão Administrativa de Cabo Verde ...41

Figura 3: Taxas de Crescimento da População caboverdiana ...45

Figura 4: Crescimento das Taxas de Fecundidade...46

Figura 5: População Residente por Ilhas...48

Figura 6: Crescimento efetivo da população residente e suas taxas de crescimento – 1980-2010* ...51

Figura 7: Repartição da população total de 15 anos ou mais segundo a condição na Atividade Habitual...56

Figura 8:Percentagem da População Empregada por Setor de Atividade, 2002 ...58

Figura 9: População Empregada por Nível de Instrução e Sexo (15 anos ou mais), 2002 60 Figura 10: Repartição da População Desempregada segundo o Nível de Instrução por Sexo, 2002 ...61

Figura 11: Nível de Instrução da População Ativa Empregada, 2005, (%) ...64

Figura 12: Nível de Instrução da População Ativa Desempregada, 2005 (%)...65

Figura 13: Cabo Verde, Tempo de Desemprego, 2005 (%)...66

Figura 14: PIB a preços constantes de 1990- 2003...70

Figura 15: Taxa de Crescimento do PIB 1991-2003...71

Figura 16: Participação dos Setores Econômicos no PIB á preços constantes 1990-2003 em milhões de escudos caboverdianos...74

Figura 17: Evolução do PIB per capita de Cabo V erde 1993-2005 ...77

Figura 18: Índice de Gini por Ilhas, 2002 ...79

Figura 19: Índice de Desenvolvimento Humano 1985-2005 ...81

Figura 20: Taxas de Alfabetismo e Analfabetismo da população maior de 15 anos, 1985-1990/ 1995-2005 ...82

Figura 21: Expectativa de Vida ao Nascer, 1975-2007...83

Figura 22: Comportamento da Pobreza Absoluta...86

Figura 23: Variação da População com mais de 17 anos segundo o Ìndice de Massa Corporal 2002-2003 ...87

Figura 24: Variação das Taxas de Alfabetismo e Analfabetismo 1985-1995/ 1995-2005 88 Figura 25: Taxas de Analfabetismo por Faixa Etária 1990-2000...89

Figura 26: Taxa de Atividade por Sexo (%)...90

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Figura 29: Evolução dos Novos Casos de HIV Notificados em Números Absolutos, 1987-2002 ...94 Figura 30: Evolução dos Casos de Tuberculose e o Número de Pessoas Vitimadas pela Doença ...95 Figura 31: Porcentagens de Famílias abaixo das Linhas de Pobreza e Indigência por Ilhas,

2002 ...101 Figura 32: Indicência da Pobreza segundo Sexo e respectivos Grupos Etários ...102 Figura 33: Famílias Pobres segundo Gênero do Chefe de Família e por Ilhas, 2002 104 Figura 34: Porcentagem de Famílias Pobres segundo o Nível de Instrução e por Ilhas, 2002

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Distribuição da população residente por ilhas 1940-2010, em números absolutos

...44

Quadro 2: Distribuição da população residente por Ilhas, 2002...52

Quadro 3: Repartição percentual da população segundo meio de residência, sexo e idade, 2002 ...53

Quadro 4: Repartição Percentual da população ativa e seus componentes, 2000 ...55

Quadro 5: Repartição da População Empregada segundo o Ramo de Atividade, 200257 Quadro 6: Percentagem da População Empregada por Alfabetização segundo Grupo Etário e sexo, 2002 ...59

Quadro 7: Situação na atividade da população 2005-2006 em números absolutos...62

Quadro 8: Empregados e Desempregados segundo os ramos de atividade, 2005-200663 Quadro 9: Relação entre a PEA nos anos de 2000, 2002, 2005 e 2006...67

Quadro 10: Proporção de Áreas Florestais...96

Quadro 11: Incidência da Pobreza por Meio de Residência, 2002...100

Quadro 12: Incidência da Pobreza por Gênero de Chefe de Família, 2002 ...103

Quadro 13: Famílias Pobres segundo o Gênero do Chefe por Ilhas, 2002 ...104

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LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1: Produto Interno Bruto ...23

Equação 2: Coeficiente de Gini ...24

Equação 3: Índice de Desenvolvimento Social ...25

Equação 4: Índice de Desenvolvimento Humano...26

Equação 5: Longevidade da população...27

Equação 6: Taxa de adultos matriculados ...27

Equação 7: Renda com base no PIB ajustado...27

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACP: África Caraíbas e Pacífico ASS: África Subsariana

BAD: Banco Africano para o Desenvolvimento BCV: Banco de Cabo Verde

BADEA: Banco Árabe de Desenvolvimento Estado Africano BM: Banco Mundial

CVE: Escudos Caboverdianos

ENSA: Estratégia Nacional de Segurança Alimentar

FAO. Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação FMI: Fundo Monetário Internacional

HIV. Human Immunodeficiency Virus IDA: Índice de Desenvolvimento Ambiental IE: Inquérito ao Emprego

IDH: Índice de Desenvolvimento Humano

IDRF: Inquérito as Despesas e Receitas Familiares IDS: Índice de Desenvolvimento Social

IMA: Índice de Massa Corporal INE: Instituto Nacional de Estatística UE: União Européia

UNESCO: Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura UNICEF: Fundo das Nações Unidas Para as Crianças

OIT: Organização Mundial do Trabalho ONU: Organização das Nações Unidas

ONUDI: Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial PAM: Programa Alimentar Mundial

PEA: População Economicamente Ativa PIB: Produto Interno Bruto

PNLP: Plano nacional da Luta contra Pobreza

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 - PROBLEMA DE PESQUISA...14

1.1 Introdução...14

1.2 Objetivos ...16

1.2.1 Geral ...16

1.2.2 Específicos ...16

1.3 Metodologia ...16

CAPÍTULO 2 - ASPECTOS CONCEITUAIS...18

2.1 A evolução do marco teórico ...18

2.2 Crescimento e Desenvolvimento...20

2.3 Desenvolvimento sustentável...21

2.4 Indicadores de Desenvolvimento Sócio-Econômico ...22

2.4.1 Indicadores de desempenho econômico...23

2.4.2 Indicadores de desempenho social...24

CAPÍTULO 3 – DISCUSSÕES TEÓRICAS...30

3.1 A Qualidade do crescimento ...30

3.1.1 Princípios ...31

3.2 Desenvolvimento e redução da pobreza ...34

3.2.1 Fatores determinantes da pobreza...35

CAPÍTULO 4 –ASPECTOS GERAIS DE CABO VERDE...37

4.1 Contextualizações sobre Cabo Verde...37

4.1.1 Geografia, Demografia e Cultura ...37

4.1.2 Política e Economia ...39

CAPITULO 5 – ANÁLISE SÓCIOECONOMICA DE CABO VERDE ...43

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5.1.1 População residente total...43

5.1.2 População Economicamente Ativa (PEA) ...54

5.2 Características do Desenvolvimento Econômico...69

5.2.1 Produto Interno Bruto - PIB ...69

5.3 Perfil do Desenvolvimento Social...77

5.3.1 Distribuição de Renda ...77

5.3.2 Índice de Desenvolvimento Humano...79

5.3.3 Avaliação das Metas do Milênio para Cabo Verde...84

CAPÍTULO 6 – POBREZA EM CABO VERDE ...99

6.1 Perfil da pobreza em Cabo Verde ...100

6.2 Condições de Vida dos Pobres em Cabo Verde ...106

6.3 O papel das políticas de redução da pobreza em Cabo Verde...109

CAPÍTULO 7 – CONCLUSÃO E SUGESTÕES...110

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CAPÍTULO 1 - PROBLEMA DE PESQUISA

1.1 Introdução

O processo de desenvolvimento econômico e social é um processo complexo que incluí diferentes variáveis e um determinado conjunto de indicadores.As teorias sobre o desenvolvimento estão sempre se dinamizando, baseadas em novas características que vêm adquirindo ao longo dos tempos.

O desejo desenfreado pelo crescimento, industrialização, globalização e desenvolvimento econômico levou muitos países a focarem suas forças e recursos no aumento do Produto Interno Bruto (PIB), ignorando as demais vantagens que se poderia extrair desse crescimento e, assim, banindo dos seus cadernos de prioridades o bem estar social, a qualidade de vida.

Observe-se que o crescimento econômico era entendido como meio e fim do desenvolvimento, segundo Amartya Sen. Contudo, as formas que a teoria de desenvolvimento vem adquirindo até os dias de hoje, tanto na sua prática como na sua concepção, são diferentes. Se na década de 1960 o crescimento agregado era considerado o próprio desenvolvimento, hoje, o desenvolvimento tem um caráter voltado ao bem estar social, à qualidade do meio ambiente, à redução da pobreza, enfim ao desenvolvimento sustentável.

Tratar de desenvolvimento, atualmente, implica aceitar variáveis e indicadores antes desprezados.

A pobreza apresenta-se hoje como um grande entrave ao processo de desenvolvimento, sendo sua compreensão importante para que se possa entender o processo de desenvolvimento. Se antes, este se debruçava sobre os níveis de renda, de consumo, um desenvolvimento focado no crescimento do PIB, agora é importante também avaliar os níveis de educação, saúde, as liberdades sociais, políticas, os níveis de desemprego, em outras palavras, os níveis de bem estar oferecidos à população como um todo e de forma sustentada, sendo isso considerado qualidade de crescimento.

(16)

e também o engajamento das suas instituições e d) o desenvolvimento com crescimento sustentável e principalmente o bem estar.

Tendo em conta o Relatório do Banco Mundial “Desenvolvimento e Redução da Pobreza, Reflexão e Perspectiva” de Outubro de 2004, os indicadores que hoje medem o progresso são: o desenvolvimento humano, que compreende a pobreza, o analfabetismo, a mortalidade infantil, a expectativa de vida, o nível de renda, a desigualdade de renda, o crescimento da renda que compreende o PIB per capita, a sustentabilidade ambiental que compreende a emissão de dióxido de carbono, os desmatamentos e a poluição da água1.

Através dessa visão o trabalho aqui apresentado propõe a analisar da economia de Cabo Verde, um país pertencente à África, formado por um arquipélago de dez ilhas. Sua economia está concentrada principalmente no setor de serviços, sendo muito vulnerável, principalmente por ser um país de cunho importador.

Como quase a totalidade dos países africanos, a realidade de conseguir alcançar níveis de desenvolvimento satisfatórios parecia distante.

Cabo Verde hoje é um exemplo de país que se empenhou, apresentando resultados cada vez mais aparentes e compensatórios. Atualmente, sua economia consegue avançar à passos sólidos, e ainda o mais importante, mostrando os aspectos qualitativos desse desenvolvimento, os quais serão posteriormente analisados levando-se em conta os parâmetros pelos quais se avaliada a qualidade do crescimento.

Juntamente com outros países, Cabo Verde pertence ao grupo de países Africanos que conseguiram nos últimos anos aumentar porcentagens significativas de sua população acima do nível da pobreza, segundo (Banco Mundial, 2004). O documento ainda afirma que Cabo Verde está no caminho para alcançar os “Objetivos de Desenvolvimento do Milênio”, adotados pelas Nações Unidas em 2000, no que diz respeito à redução, para metade, da pobreza extrema e da fome até 2015. A África é hoje um continente em movimento, com progressos significativos quando se trata da prestação de melhores serviços de Saúde e Educação, do crescimento, comércio e da redução da pobreza: as estatísticas indicam que Cabo Verde está entre os países de sucesso do continente africano. Deste modo, será avaliado o grau de desenvolvimento social e econômico de Cabo Verde através do enfoque nos aspectos que oferecem qualidade ao crescimento deste país.

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1.2.1 Geral

Estabelecer uma análise do desenvolvimento sócio econômico de Cabo Verde no período de 1980 a 2005 explorando os indicadores econômicos e sociais. Identificar os aspectos qualitativos de seu crescimento e desenvolvimento econômico.

1.2.2 Específicos

- Estabelecer uma analise dos diferentes indicadores que mensuram o Desenvolvimento Sócioeconômico, enfatizando os aspectos qualitativos do desenvolvimento;

- Estabelecer o panorama atual do desenvolvimento socioeconômico de Cabo Verde; - Analisar o comportamento dos indicadores econômicos e sociais deste país;

- Fazer uma análise dos fatores qualitativos do desenvolvimento econômico e social de Cabo Verde.

1.3 Metodologia

Em relação à metodologia do trabalho, esta tem como técnica de coleta de dados a pesquisa documental a partir de trabalhos já elaborados.

A pesquisa compreende documentos relacionados aos indicadores de desenvolvimento sócio-econômico tais como população, população economicamente ativa (PEA), Produto Interno Bruto (PIB), Coeficiente de Gini, Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), assim como as linhas de Pobreza, entre outros, relacionados à Cabo Verde.

Os materiais bibliográficos foram pesquisados em sites e documentos do Banco Mundial, Banco do Desenvolvimento Africano, Banco de Cabo Verde (BCV), Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde (INE), Fundo Monetário Internacional (FMI), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Organização das Nações Unidas (ONU), dentre outras organizações relacionadas a esta organização.

(18)

Este trabalho teve como alicerce duas importantes teorias, quais sejam: a Teoria da Qualidade do Crescimento (THOMAS, 2000) e a Teoria contida no texto “Desenvolvimento e Redução da Pobreza, Reflexão e Perspectiva” (BANCO MUNDIAL, 2004).

A analise do Produto Interno Bruto (PIB), em suas taxas reais, se realizou através do defator implicito2 do PIB, tendo como base o ano de 1990.

Para analisar as médias dos períodos analisados em relação a variáveis como a população, foi utulizada a média geométrica, que se basea na seguinte equação:

X = (Yi / Yo) 1/n – 1 Onde:

X = Média geométrica Y i= Valor Final Yo = Valkor Inicial

n = Número de períodos analisados

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CAPÍTULO 2 - ASPECTOS CONCEITUAIS

Este capítulo tem como objetivo destacar de forma geral a evolução histórica do conceito de desenvolvimento econômico e suas abordagens tais como a do crescimento e do desenvolvimento sustentável e endógeno. Ainda trata os diferentes indicadores utilizados na mensuração do desenvolvimento econômico.

A primeira seção trata da evolução histórica da teoria do desenvolvimento econômico ao longo das décadas, partindo-se da década de 1950 até as décadas mais recentes. A segunda seção do capítulo aborda as teorias de desenvolvimento e crescimento. A terceira seção discorre sobre a teoria do desenvolvimento sustentável, seus princípios e dimensões. A quarta seção tráz em seu bojo uma discussão sobre o desenvolvimento endógeno, sua origem e seu desenvolvimento. Por último, a quinta seção trata dos índices de desenvolvimento, dividindo-os conforme suas respectivas categorias e enfatizando a importância das mesmas na mensuração do desenvolvimento.

2.1 A Evolução do Marco Teórico

O conceito de desenvolvimento econômico consagrou-se como um tema de grande destaque neste século, muito debatido entre diversos autores com diferentes visões sobre o assunto. O resultado desse processo resultou em diferentes concepções na evolução do sistema mundo, embora ainda hoje não se tenha conseguido chegar à uma definição universal.

Nas décadas de 1950 e 1960, a idéia de desenvolvimento econômico era associada ao crescimento agregado, ao processo de acumulação de capital, com o intuito de enriquecimento, ou seja, o aumento da renda nacional e consequentemente outras variáveis, tal como emprego, seriam impulsionadas pelo crescimento agregado.

Ainda na metade da década de 1960, autores como Singer e Seers ajudaram a formular a idéia de desenvolvimento econômico como uma nova visão, voltada aos processos de transformação social e econômica, o que auxiliou a desencadear uma nova onda de pensamento sobre o desenvolvimento.

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das análises empíricas e teóricas: conseqüentemente as abordagens sobre a redução da pobreza foram deixadas de lado.

Na década de 1980, com o predomínio da onda neoliberal3, observou-se que mais uma vez as considerações da pobreza e distribuição da renda ficaram de lado em detrimento do restabelecimento dos mecanismos de mercado como agentes promotores do crescimento.

Já a década de 1990 representou um período de importantes mudanças e progressos, já que foram inseridos novos elementos de análise do desenvolvimento econômico com ênfase na redução da pobreza. Agora, a redução da pobreza era analisada articuladamente ao crescimento, não sendo mais visto como fatores antagônicos.

O modelo4 de Harrod e Domar deu lugar aos fundamentos micro das questões de desenvolvimento. Isso significou uma mudança na concepção do desenvolvimento, deixando de ser exclusivamente um problema macro para se pensá-lo como um problema também micro.

Souza (1995) define o desenvolvimento econômico,

[...] pela existência de crescimento econômico continuo (g), em ritmo

superior ao crescimento demográfico (g*), envolvendo mudanças de

estruturas e melhoria de indicadores econômicos e sociais per capita

(SOUZA, 1995, p.17).

Paulo Sandroni destaca o conceito de desenvolvimento econômico como “crescimento econômico (aumento do Produto Nacional Bruto per capita) acompanhado pela melhoria do padrão de vida da população e por alterações fundamentais na estrutura de sua economia” (SANDRONI, 2002, p.169).

Ainda considerando o autor, para classificar os países segundo o grau de desenvolvimento, a Organização das Nações Unidas faz uso dos seguintes indicadores:

• índice de mortalidade infantil; • expectativa de vida média;

• grau de dependência econômica externa; • nível de industrialização;

• potencial cientifico e tecnológico;

3 O neoliberalismo é uma doutrina político-econômica que representa uma tentativa de adaptar os princípios do

liberalismo econômico ás condições do sistema capitalista moderno.

4 O modelo de Harrod e Domar é um modelo de crescimento econômico, em que Harrod sustentou a idéia que a

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• condições sanitárias.

Considerando que o desenvolvimento econômico é caracterizado pela qualidade e aumento sustentado nos níveis de vida e bem estar, constata-se que a análise do crescimento econômico bem como do PIB per capita são importantes para a análise do desenvolvimento, mas são indicadores que não podem ser analisados isoladamente, pois podem camuflar determinadas variáveis, como é o caso da distribuição de renda. Deve-se ter em conta, portanto, outras variáveis como concentração de renda, saúde, educação, pobreza, liberdades políticas entre outros.

Resume-se que estudar o desenvolvimento econômico de uma nação implica considerar indicadores de desempenho social, mas também de desempenho econômico e, ainda, as especificidades de cada região, sempre enfatizando o papel crucial do Estado concentrado na boa governança e na distribuição de oportunidades.

2.2 Crescimento e Desenvolvimento

A visão dos dois conceitos considerados como sinônimos se manteve durante muitos anos, apesar de equivocada, o que acabou gerando diferentes modelos, alguns focados na acumulação de capital, e outros que envolvem a análise das variáveis qualitativas conseqüentes do crescimento agregado.

Segundo Souza (2005), considerando a evolução do marco teórico de desenvolvimento econômico, existem duas correntes de economistas do desenvolvimento igualmente importantes que fizeram corpo à teoria. A primeira corrente está voltada essencialmente ao desenvolvimento teórico de modelos elaborados por economistas de tradição neoclássica, com destaque para Meade, Solow e ainda economistas de tradição keynesiana, tais como Harrod, Domar e Kaldor, que em sua concepção consideravam o crescimento econômico como sinônimo de desenvolvimento. Na segunda corrente, com características mais empíricas, destacam-se economistas como Lewis, Hirschman, Myrdal e Nurkse, no desenvolvimento de modelos direcionados à realidade das economias subdesenvolvidas.

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teóricas fugiam à realidade, uma vez que a experiência mostrava que nem sempre o crescimento econômico era benéfico para a economia como todo e para a população. Portanto, o desenvolvimento não pôde mais ser somente explicado pelo crescimento econômico.

A segunda corrente, de economistas estudiosos do desenvolvimento, trata o desenvolvimento como um conjunto de mudanças qualitativas nas condições de vida da população, das estruturas produtivas e das instituições, garantindo à economia um caráter de modernidade, ao passo que o crescimento era considerado como uma variação na quantidade do produto, como afirma Souza (2005, p.7).

Para que o desenvolvimento signifique qualidade de vida às pessoas é primordial que haja crescimento de produto e consequentemente da renda per capita, resultando na diminuição as desigualdades e favorecendo o acesso das pessoas aos bens e serviços, e melhorias em seu bem estar.

2.3 Desenvolvimento Sustentável

Segundo Montibeller, o surgimento do conceito de desenvolvimento sustentável5, que se difundiu na década de 1980, foi conseqüência do aumento da preocupação pela preservação do meio ambiente conjugada com a melhoria das condições socioeconômicas da população, pois originou o conceito de ecodesenvolvimento e foi mais tarde foi substituído pelo conceito de desenvolvimento sustentável.

O conceito de desenvolvimento sustentável6 se refere ao desenvolvimento que em seu processo não esgota os recursos naturais que consome nem danifica o meio ambiente de forma a comprometer esta atividade no futuro, como afirma Sandroni (2002).

Segundo Montibeller (2004, p.49) o novo paradigma do desenvolvimento sustentável está baseado nos seguintes princípios:

• integrar conservação da natureza e desenvolvimento; • satisfazer as necessidades humanas fundamentais; • Perseguir equidade e justiça social;

• buscar a autodeterminação social e respeitar a diversidade cultural;

5 Atualmente, segundo Montibeller, o desenvolvimento sustentável é o importante padrão normativo do

movimento ambientalista que surge e se prolifera nos anos de 1970.

6 O Relatório Brundtland de 1987 define o desenvolvimento sustentável como “Desenvolvimento que responde

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Ainda, para que se possa atingir o desenvolvimento sustentável, segundo Sachs (1993), há que se sustentar as cinco dimensões e alcançar seus objetivos, quais sejam:

• sustentabilidade social; • sustentabilidade econômica; • sustentabilidade ecológica;

• sustentabilidade espacial geográfica; • sustentabilidade cultural.

O desenvolvimento sustentável se traduz na idéia de oferecer e garantir aspectos qualitativos para a população e o meio onde ela vive e transmíti-las às gerações futuras. Assim, seus princípios quando respeitados e alcançando-se a sustentabilidade nas cinco dimensões, sem limitar-se somente ao crescimento em si, pode-se alcançar o tão almejado desenvolvimento sustentável.

2.4 Indicadores de Desenvolvimento Sócio-Econômico

Para se analisar e mensurar o desenvolvimento econômico faz-se uso de um conjunto de indicadores de progresso, os quais, segundo Montibeller (1999, p.6), constituem “[...] algo que não sendo a própria essência do que está em questão, consegue, todavia apontar os movimentos ou inércia desta” já que podem ser utilizados para avaliação social, econômica e ambiental.

Podem ser divididos em dois grupos: um grupo de indicadores de desempenho econômico e outro de desempenho social, que será mais enfatizado no presente trabalho.

Os indicadores de desempenho sociais (IDS) refletem melhorias ou a falta das condições mais gerais de vida das pessoas, permitindo, por exemplo, a medição e avaliação a possibilidade de uma vida digna e longa, com sabedoria e saúde (MONTIBELLER, 1999). Já os indicadores de desempenho econômicos refletem na distribuição de renda e nas taxas de crescimento.

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Dentre os indicadores tratados e que servirão de alicerce à este trabalho, destaca-se o PIB, o IDH e o índice de Gini. Ainda são tratadas outras variáveis, quais sejam, a população, os níveis de pobreza, desemprego, educação e saúde. A seguir estão os indicadores tratados na análise do desenvolvimento de Cabo Verde.

2.4.1 Indicadores de Desempenho Econômico

Os indicadores de desempenho econômico têm o objetivo de analisar a renda e conseguir detectar a ocorrência e alterações ou não na distribuição de renda, sendo avaliados a partir dos indicadores subsequentes.

2.4.1.1 Produto Interno Bruto

O PIB é um importante indicador para mensurar a renda. Refere-se ao valor agregado de todos os bens e serviços finais produzidos dentre do território econômico de um país (independente da nacionalidade das unidades produtoras). Está expresso na seguinte equação:

Equação 1: Produto Interno Bruto

PIB = C + I + G + NX Onde:

C = Consumo I = Investimento

G = Despesas do governo NX = Exportações líquidas

O PIB está diretamente relacionado ao crescimento econômico e como indicador relativo a mudanças estruturais, não implica prioritariamente melhorias nos indicadores sociais, logo, é um indicador que por si só não expressa o desenvolvimento econômico na sua plenitude.

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condição de vida, entre outros.

2.4.1.2 Índice de Gini

O coeficiente de Gini é uma medida de concentração e desigualdade de renda. É medido por uma fórmula geral dada por Silva (2007) 7:

Equação 2: Coeficiente de Gini

Onde,

G= Coeficiente de Gini

X= Proporção acumulada da população Y= Proporção acumulada da renda

O Índice de Gini expressa-se em pontos percentuais (igual ao coeficiente multiplicado por cem), compreendendo a faixa de zero a um, significando que quanto mais próximo estiver de 0, menor desigualdade na distribuição de renda, e quanto mais próximo de 1, maior desigualdade de renda ou maior concentração de renda.

2.4.2 Indicadores de Desempenho Social

Os indicadores de desempenho social têm como objetivo quantificar o grau de bem-estar ou a qualidade de vida da população.

2.4.2.1 Saúde

A saúde é um importante indicador, principalmente quando se quer observar a qualidade do crescimento. Este indicador é dado pelo conjunto de outras informações, como a mortalidade infantil, a esperança de vida ou expectativa de vida ao nascer, o consumo de calorias e as taxas de fertilidade.

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Outros fatores ainda têm influência direta sobre esse indicador, tais como a desigualdades na renda, o acesso a determinados serviços com qualidade, como saúde, água potável, saneamento básico etc.

2.4.2.2 Educação

A educação é responsável por diversas mudanças que podem acontecer em uma sociedade, pois ajuda a constituir indivíduos mais informados e cientes de seus direitos e deveres.

Juntamente com a educação, é analisado: a) o índice de analfabetismo, que mostra em porcentagens as quantidades de pessoas analfabetas com idade superior a 10 anos, b) o índice de escolarização, que analisa a população escolarizada em relação à população escolarizável e, por último, c) o grau de instrução que analisa as matrículas em cursos médios, profissionalizantes e superiores.

2.4.2.3 Índice de Desenvolvimento Social (IDS)

O IDS é uma metodologia que consegue captar e sintetizar um conjunto de indicadores socioeconômicos. Apresenta-se como uma variável do índice de desenvolvimento humano (IDH), métodos esses desenvolvidos pela Organização das Nações Unidas em 1990.

Segundo Montibeller (1999), o IDS leva em conta as três dimensões básicas para uma pessoa, ou para o desenvolvimento humano, que são:

• ter vida longa e saudável; • adquirir conhecimentos;

• ter acesso a recursos para possibilitar um padrão de vida digno.

Ainda, o IDS associa informações como nível de escolaridade, consumo de energia elétrica, analfabetismo, acesso a programas sociais e a mortalidade infantil.

Para seu cálculo recorre-se à média dos indicadores da expectativa de vida, saúde e mortalidade infantil, sendo sua equação final representada à seguir:

Equação 3: Índice de Desenvolvimento Social

IDS = ID’s / n, Onde:

(27)

n, é o numero de índices de desenvolvimento.

Utilizando o IDS para analisar o desenvolvimento de um país, este pode ser medido numa escala de zero a um. A região ou país analisado que se encontrar próximos de zero, significará um baixo desenvolvimento (tal qual o dos países subdesenvolvidos), com condições sociais deterioradas. Por outro lado, a região ou país analisado que se encontrar próxima de um, significará um maior nível de desenvolvimento (tal qual o dos países desenvolvidos), ou seja, em melhor situação social.

2.4.2.4 Índice de Desenvolvimento Humano

O índice de desenvolvimento humano, elaborado na década de 1990 pela ONU (pelos renomados economistas Mahbub Ul Haq e por Amartya Sen), considera não só as necessidades fundamentais e materiais, tais como a condição política, cultural e social, isto é, a realização do indivíduo em suas múltiplas dimensões (MONTIBELLER, 1999, p.11).

O IDH reflete a renda, assim como a longevidade da população e o grau de maturidade educacional. É composto pelos seguintes indicadores:

• Esperança de vida ao nascer ou longevidade, que representa uma vida longa e com bem-estar;

• Nível educacional (freqüência escolar e taxas de alfabetização), representando o conhecimento;

• PNB real (em paridade do poder de compra), representando um padrão de vida decente.

O IDH é dado pela seguinte equação8:

Equação 4: Índice de Desenvolvimento Humano

IDH = L + E + R

3

Onde:

IDH= Índice de Desenvolvimento Humano L= Longevidade

E= Educação

(28)

R= Renda

O IDH varia de zero (significando nenhum desenvolvimento humano) a 1 (significando desenvolvimento humano total). Deste modo, países com IDH até 0,499 têm um desenvolvimento humano considerado baixo, países com índice entre 0,500 e 0,799 são considerados de médio desenvolvimento humano e países com IDH maior ou igual a 0,800 têm desenvolvimento humano elevado.

A longevidade indica a média de anos de vida da população de nasceu numa determinada localidade ou país durante o período de referência, sendo que 25 anos é o parâmetro mínimo de longevidade e os 60 anos destacados na euação correspondem á razão entre o parâmetro mínimo e máximo de longevidade. Sua avaliação é dada pela seguinte equação:

Equação 5: Longevidade da população

L= EV - 25/ 60 Onde:

L= Longevidade

EV= Expectativa de Vida

A educação indica o acesso das pessoas à educação, ou seja, mede a taxa relativa de adultos matriculados nos diferentes níveis de escolaridades de uma sociedade. É dada pela equação abaixo:

Equação 6: Taxa de adultos matriculados

E= 2TA + TE/ X Onde:

E= Educação

TA= Taxa de Alfabetização

TE= Taxa de Escolaridade e X= População na faixa etária dos 7 aos 22 anos

A renda é calculada com base no PIB per capita ajustado. É dada pela seguinte equação:

Equação 7: Renda com base no PIB ajustado

(29)

Onde: R= Renda

Pibpc= PIB per capita

Ela tem como principal objetivo refletir uma face diferente do desenvolvimento humano não apenas baseado na expectativa de vida e na educação.

2.4.2.5 Índice de Pobreza Humana (IPH)

Criado em 1997, o índice de Pobreza Humana para os países em desenvolvimento mede os desvios nas três dimensões abordadas no desenvolvimento humano dado pelo IDH. São estas:

• Uma vida longa e com bem-estar, medida pela vulnerabilidade em relação à morte, numa idade relativamente nova, ou seja, pela probabilidade de nascer e não sobreviver até a idade de 40 anos;

• Conhecimento, que é medido pela exclusão do mundo de leitura e comunicação, calculado pela taxa de adultos analfabetos;

• Um padrão decente de vida, medido pelo não acesso à economia global, pelo porcentual de população que não tem acesso à água potável e o porcentual de crianças menores de cinco anos que estão abaixo do peso normal.

Para se calcular o IPH, existem duas formulações, o IPH-2, que refere-se aos países desenvolvidos e o IPH-1, relacionado aos países em desenvolvimento, que é o caso de Cabo Verde. Assim, conforme Silva (2007), parte-se da seguinte equação, utilizando três variáveis:

Equação 8: Índice de Pobreza Humana

Onde:

P1 = Probabilidade de nascer e não sobreviver até os 40 anos (x 100) P2 = Taxa de analfabetismo adulto (pessoas maiores que 15 anos)

(30)

= 3

2.4.2.6 Índice de condição de vida

(31)

CAPÍTULO 3 – DISCUSSÕES TEÓRICAS

Este capítulo tem como objetivo expor as principais teorias e conceitos usados na realização deste trabalho. Após a exposição do marco teórico, será analisada a importância dos indicadores sociais e sua correlação com a teoria do desenvolvimento econômico.

As teorias utilizadas foram elaboradas pelo Banco mundial: a primeira é de Vinod Thomas et al (2000), “A Qualidade do Crescimento”, a segunda é do Relatório do Banco Mundial de outubro de 2004, “Desenvolvimento e Redução da Pobreza Reflexão e Perspectiva”.

A teoria desenvolvida por Thomas (2000) tem como principal preocupação o crescimento econômico atrelado a uma qualidade sustentável, que resulte no bem estar social da nação envolvida. A seguinte teoria, “Desenvolvimento e redução da Pobreza: reflexão e Perspectiva” enfatiza a redução da pobreza como sendo um passo importante para o desenvolvimento, não tratando essas duas questões de modo antagônico.

3.1 A Qualidade do Crescimento

Hoje, falar em desenvolvimento econômico implica falar essencialmente de questões tais como a qualidade de vida, bem estar sociais e mais recentemente, relacionadas à sustentabilidade ambiental. A evolução do conceito de desenvolvimento econômico faz com que se esteja focado nestes tópicos como sendo prioritários, pois assim pode-se saber se as nações progrediram ou não, de forma qualitativa.

A qualidade do crescimento é mais importante do que somente o crescimento em si. Segundo Thomas (2000), na sua discussão sobre a Qualidade do Crescimento, existe um conjunto de indicadores que ajudam a avaliar o crescimento com qualidade. O foco de sua discussão está voltado aos resultados positivos que um crescimento econômico pode acarretar para o desenvolvimento de um país, ou seja, se há crescimento econômico e quais os seus aspectos qualitativos.

(32)

no trabalho, sendo posteriormente discorrido a importância das ações que são primordiais para o sucesso da qualidade de crescimento.

3.1.1 Princípios

Durante todo o desenvolver do conceito e da Teoria do Desenvolvimento Econômico, foram diagnosticados novos valores de suma importância para o desenvolvimento de um país, em detrimento do foco do desenvolvimento calcado no crescimento econômico, enfatizando-se, agora, que o crescimento é crucial assim como a qualidade desse mesmo crescimento. Novos aspectos do desenvolvimento, como redução da pobreza, o desenvolvimento humano e a sustentabilidade ambiental foram trazidos à tona como os pilares para a construção de um desenvolvimento sustentável e com qualidade.

Conseguiu-se identificar valores e prioridades vinculados às instituições, ao governo e à responsabilidade corporativa, inclusão social, às liberdades de expressão e à participação e distribuição de oportunidades, vistos como os atores chave de qualquer processo de desenvolvimento.

O novo milênio introduziu novas mudanças tal como a expansão da democracia, contribuindo para a maior liberdade de expressão e oportunidades, conjuntamente com a revolução das comunicações e tecnologias prometendo igualdade no acesso global do conhecimento. Contudo, todas essas mudanças também foram acompanhadas de desigualdades sociais, muitas delas localizadas nos países mais pobres, onde pacotes políticos privilegiam a elite em detrimento da massa.

Assim, se torna cada vez mais urgente identificar, priorizar e desenvolver políticas com o objetivo de combater e inibir essas desigualdades e de garantir a qualidade no crescimento e desenvolvimento de qualquer nação.

A qualidade do crescimento traz em seu bojo os seguintes princípios de desenvolvimento fundamentais, de características tanto qualitativas como quantitativas:

(33)

Crescimento, elaborada por Vinod Thomas et al. (2004), em seu trabalho “A qualidade do Crescimento”.

3.1.1.1 Capital Físico, Capital Humano e Capital Natural

Os capitais físico, natural e humano contribuem e proporcionam o crescimento e o bem estar de uma nação.

O capital físico aumenta os retornos do capital humano e natural, sendo ainda determinado pelos ativos que contribuem com a produção. Já o capital humano (e social) se refere à designação de aptidões e habilidades das pessoas, adquiridas em processos de aprendizagem, para que as mesmas possam auferir de uma renda. Por sua vez, capital natural (ou ambiental) engloba o conjunto dos recursos naturais disponíveis na natureza que possam ser usadas e que possam beneficiar o processo de crescimento econômico.

Conjuntamente, esses capitais, quando são alvos de fortes investimentos, contribuem para o progresso tecnológico, o crescimento do fator produtividade e conseqüentemente, o crescimento.

É importante enfatizar, a importância das reformas políticas e da boa governabilidade nesse processo, pois políticas ineficazes, corrupção, mau governo, externalidades, podem distorcer os efeitos que esses capitais podem trazer ao crescimento e no bem estar. Logo, o equilíbrio dos capitais é conseguido através da correção dos fatos acima apontados.

Equilibrando sistematicamente os três capitais e driblando obstruções consegue-se obter o crescimento e, sincronicamente, o bem estar.

3.1.1.2 Aspectos Distributivos

Os aspectos distributivos são fundamentais para a qualidade do processo de crescimento econômico. Quando há equidade na distribuição de fatores como a terra, o capital humano e os demais bens referentes ao processo produtivo, assegura-se que as pessoas se beneficiem das tecnologias e aproveitem melhor a distribuição das remunerações. Assim, o resultado de uma distribuição mais eqüitativa produz uma melhora nas condições de vida das pessoas além de contribuir para o crescimento.

(34)

dos fatores acima apontados apresentam resultados diretos na redução da pobreza, tendo como resultado final uma qualidade no crescimento também observada nas variações positivas de sua taxa.

Thomas et al. (2000. p XXVIII) aponta que: “assim para o crescimento reduzir a pobreza, ele precisa não apenas ser, de forma habitual, relativamente estável, como seus benefícios serem amplamente distribuídos”. Concluindo, afirma-se que as políticas desenvolvimentistas devem incluir não apenas a redução das desigualdades de oportunidades, mas também a desigualdade e volatilidade de resultados de crescimento, investindo sempre na melhoria das operações das agencias reguladoras, acentuando o gerenciamento dos riscos financeiros e diminuindo a sensibilidade do povo em relação as mesmas (THOMAS, 2000).

3.1.1.3 A estrutura do Governo - O bom governo

O bom funcionamento do corpo institucional, de forma transparente e responsável, favorece o desenvolvimento com qualidade e de modo sustentável. “Logo, investir na capacidade para um melhor governo é a principal prioridade para uma melhor performance econômica” (THOMAS, 2000 p. XXIX).

Uma sociedade ativa, livre e informada é indispensável na luta contra a corrupção e outras formas de mau governo - alguns dos maiores entraves para o desenvolvimento qualitativo - contribuindo para um maior nível de bem estar.

Os direitos civis são colocados como instrumentos primordiais quando se trata de complementar reformas políticas governamentais e implementar estratégias desenvolvimentistas.

O papel do bom governo vai desde a resolução dos entraves burocráticos, o asseguramento do bom funcionamento de suas instituições e a promoção e garantimento das liberdades civis até o combate à corrupção. O bom governo deve exercer a boa governabilidade, utilizando-se de forma responsável dos instrumentos à ele disponíveis, garantindo transparência, equidade e participação da sociedade, promovendo, portanto, o crescimento e sua qualidade de forma sustentável.

(35)

A visão de que a redução da pobreza seria uma importante alavanca impulsionadora do desenvolvimento socioeconômico de qualquer nação foi detectada e apontada como umas das mais importantes revelações à teoria do desenvolvimento econômico.

A pobreza9 é um fenômeno multidimensional, se manifestando pela insuficiência de recursos e precariedade e pela exclusão social. Sua percepção, segundo Fall:

[...] é relativa e deve ser considerada em relação com as práticas sociais, as culturas, as representações, as maneiras de pensar e as formas de sociabilidade. Portanto, existem tantas percepções quantas sejam as diferentes entidades sócio-culturais, as categorias de atores e as épocas (FALL, 2006, p.4).

Na evolução do conceito da pobreza suas dimensões foram se multiplicando, na medida em que surgiram modificações nos seios das sociedades. Essas dimensões explicam a multiplicidade do conceito da pobreza, são elas: a pobreza relativa e absoluta, a pobreza urbana e rural, a pobreza tradicional e a nova pobreza e a pobreza objetiva e subjetiva.

A partir da década de 2000, a comunidade internacional adotou a redução da pobreza como uma das metas mais importantes, constituinte ao grupo de metas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Torna-se fundamental a adoção de programas de redução da pobreza, principalmente nos grupos de paises subdesenvolvidos onde a pobreza é um entrave ao desenvolvimento.

O FMI elaborou o Programa para a Redução da Pobreza e para o Crescimento (PRGF) com o intuito de oferecer condições para que os governos dos países elaborem e desenvolvam pacotes de políticas e estratégias com o objetivo de reduzir a pobreza.

Qualquer modelo de uma estratégia de redução da pobreza deve ter em conta as especificidades de cada país, assim, o combate à pobreza deve ter em conta as características sociais e econômicas de cada país.

Assim, Babakar Fall10 (2006, p.1), aponta um conjunto de princípios universais11 que devem ser adotados nos modelos de luta contra pobreza. Destacam-se:

9 Pobreza é definida como um estado de carência que impossibilita as pessoas de terem acesso ao consumo por

insuficiência de renda, dificultando a satisfação das necessidades básicas. Ela se manifesta mais intensamente em países subdesenvolvidos.( Sandroni, 2002).

10 FALL, Debt Relief Internacional, 2006.

(36)

• possibilitar que a evolução da pobreza seja medida de acordo com um número máximo de suas definições;

• ajudar a identificar e analisar os fatores determinantes dessa evolução, principalmente aqueles que estão sujeitos ao impacto das ações da política governamental;

• estabelecer os vínculos entre a estabilização, o crescimento e a redução da pobreza;

• ser confiáveis como instrumentos de discussão entre os parceiros na elaboração de uma estratégia nacional de redução da pobreza, incluídas a sociedade civil e a comunidade financeira internacional;

• ser apropriados e adaptados às circunstâncias e características de cada país;

• ser suficientemente simples para utilizar os dados e capacidades disponíveis em nível nacional (ou estar acompanhados de um importante esforço de fortalecimento de dados e capacidades).

A redução da pobreza implica a justiça social e os direitos humanos, onde as instituições promovem oportunidades, segurança e transparência.

3.2.1 Fatores determinantes da pobreza

Os indicadores dos fatores determinantes12 da pobreza numa sociedade são importantes quando se quer lutar contra a pobreza. Existe um conjunto de variáveis que determinam cada um dos indicadores. Segundo Fall (2006, p.4) são eles:

• os determinantes da pobreza de renda ou pobreza monetária ✂ a falta de

renda determinada pelo crescimento econômico, e a exposição e impacto dos choques exógenos entre estes, climáticos, tendências econômicas internacionais, conflitos, entre outros, tendências demográficas, indicadores-chave da macroeconomia, como a inflação e o desemprego, a produtividade e utilização de recursos nos setores, sobretudo no setor agrícola;

• determinantes da pobreza de condições de vida ✂ a falta de utilização de

serviços básicos depende da oferta desses serviços, que por sua vez depende da quantidade e da qualidade dos investimentos públicos e privados, e da demanda dos pobres por esses serviços (que depende do preço dos serviços, da informação e de fatores culturais);

(37)

também são determinantes de indicadores de utilização de serviços à oferta e o custo desses serviços (sistemas de micro crédito ou de financiamento descentralizado; sistemas de), redistribuição da terra, existência de estradas e de centros de comercialização) e a demanda dos pobres por esses serviços.

É essencial definir e detalhar os fatores que determinam, dentre esses três tipos de pobreza, aqueles que se encontram presentes na sociedade, oferecendo assim mais facilidade de produzir instrumentos de combate à pobreza com maior eficiência.

(38)

CAPÍTULO 4 - ASPECTOS GERAIS DE CABO VERDE

Este capitulo tem como objetivo oferecer informações referentes á localização, cultura, poplitica e economia do país, de forma breve, para que se possa enteder melhor o contexto em que o país vive, dentro destas carateristicas.

4.1 Contextualizações sobre Cabo Verde

Essa seção fornece informações básicas sobre o país para que se possa conhecer melhor seu perfil.

4.1.1 Geografia, Demografia e Cultura

Cabo Verde é um arquipélago de origem vulcânica, formado por dez ilhas das quais nove são habitadas e cinco ilhéus situadas no Oceano Atlântico, a cerca de 500 km na costa ocidental africana, constituindo um total de área terrestre de aproximadamente 4.033 km2. As ilhas são divididas em dois grupos regionais: as ilhas ao sul são denominadas de Sotavento e as ilhas ao norte, Barvalento. Pertencem ao Barlavento as ilhas de Santo Antão, São Vicente, Santa Lúzia13, São Nicolau, Sal e Boavista e pertencem a Sotavento as ilhas de Maio, Santiago, Fogo e Brava.

O clima é caracterizado por tropical quente e seco, sendo que algumas ilhas são áridas, mas outras possuem uma vegetação exuberante e com características tropicais.A população resultou de um processo de mestiçagem entre colonos europeus e escravos africanos que se fundiram num só povo, o crioulo.

Segundo estimativas do Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde, a população residente totalizou 487.121 habitantes em 2006 e aumentaria para 496.319 habitantes em 2007.

A Língua Oficial é o Português e a Língua Nacional é o Crioulo, originário de uma miscelânea de português e dialetos africanos, trazidos pelos escravos africanos, transformando-se num dos símbolos máximos da identidade cultural do país. Ainda foi herdada dos coloniadores portugueses a tradição religiosa católica, que corresponde á 96% dos caboverdianos e as demais religiões corespondem a apenas 4% da população.

(39)

Figura 1: Mapa de Cabo Verde

(40)

4.1.2 Política e Economia

De colonização Portuguesa14, descoberta por navegadores portugueses em Maio de 1460, seu povoamento iniciou somente dois anos após a descoberta. O processo de independência começou após 500 anos, como colônia portuguesa, de modo que 1950 marca o início da luta pela liberdade.

A divulgação de idéias nacionalistas pelo líder da revolução Amílcar Cabral15 conduziu à independência do arquipélago em 5 de Julho de 1975 constituindo-se, então, a República de Cabo Verde.

Até ao início da década de 1990, a economia caboverdiana caracterizava-se por ser centralizador, com forte intervenção estatal nos domínios da produção e afetação de recursos e, por isso, pouco incentivadora do setor privado.

Até então, esteve centrado em um regime parlamentar de partido único - por meio do Partido Africano para a Independência de Cabo Verde (PAICV) -, mas em 1991 o país realizou sua primeira eleição multipartidária, substituindo, assim, o ritmo lento de desenvolvimento econômico (até então sustentado por remessas de emigrantes e ajudas externas). Com o advento da democracia multipartidária e a aposta no modelo da economia de mercado (em contraposição ao modelo estatal planificador), o sector privado empresarial ganhou uma dinâmica crescente e, hoje, as empresas tenderam a ganhar peso na economia e começaram a ser parceiros sociais com capacidade de influência. A descentralização iniciada em 1991 esteve acompanhada do processo de democratização.Desde então, Cabo Verde vem conquistando o seu espaço no núcleo dos países democráticos do mundo, posicionando-se de forma destacável no grupo dos demais países da zona ocidental da África.

De acordo com a atual Constituição, a República de Cabo Verde é um Estado de direito democrático, soberano e unitário onde os direitos dos cidadãos são respeitados. O regime em vigor é de base republicana e parlamentarista. Pedro Pires, veterano da luta pela independência, é o atual presidente da república ou o chefe de Estado e José Maria Neves o

14 Ver Cultura Caboverdiana, UNICV, 2005.

15 Amílcar Cabral nasceu na Guiné em 1924 e viveu em Cabo Verde, até mudar-se para Portugal para concluir

(41)

possui um poder local organizado em câmaras e assembléias municipais assim como as demais ilhas.

Segundo a divisão administrativa da República de Cabo verde, o país está dividido em dois grupos de ilhas, Barlavento e Sotavento, com 22 Conselhos ou Municipios e 32 Freguesias. O caráter da divisão administrativa foi herdada de Portugal, desde a época colonial e se manteve até hoje.

Segundo a Constituição da República de Cabo Verde, Artigo 226, Parágrafo 2: “As autarquias locais são pessoas coletivas publicas territoriais dotadas de orgão representativos das respectivas populações, que prosseguem os interesses proprios destas” (Constituição da Republica de Cabo Verde, p.48)

Assim, os Conselhos ou Municípios são organizações locais, isto é, entidades da divisão administrativa estatal, dotadas de personalidade jurídica e com determinada autonomia administrativa, constituindo-se de certos órgãos político-administrativos, que são as assembléias eleitas, formando a câmara municipal. Estas assembléias gozam de poder regulamentador próprio, dentro dos limites da constituição, com finanças e patrimônios próprios. A administração central garante aos conselhos ou munícipios apoio técnico, material e recursos humanos.

As Freguesias, as menores divisões administrativas, são as subdivisões dos conselhos e são governadas por uma Junta de Freguesia.

O Código Geográfico Nacional de Cabo Verde (CGN-CV) é um padrão de nomenclatura geográfica criado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) de Cabo Verde e subdivide o território em Ilhas, Conselhos, Freguesias, Zonas e Povoados, sendo designados estatisticamente por Lugar. Na prática, muitas das zonas acabam por corresponder a cidades e vilas, sendo os lugares sub-zonas das mesmas.

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Figura 2: Divisão Administrativa de Cabo Verde

Fonte: Constituição da República de Cabo Verde (1999). Elaboração própria.

Ilhas de Barlavento Ilhas de Sotavento

Freguesias

Municípios ou Conselhos (Assembléias e Câmaras

Municipais)

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se refere a duas idéias essenciais: por um lado, a necessidade de desenvolvimento, isto é, crescimento econômico juntamente com uma distribuição eqüitativa do rendimento disponível e por outro lado, o desenvolvimento auto-sustentado, isto é, um processo ponderado de desenvolvimento que possa trazer às gerações vindouras, bem-estar e principalmente sustentabilidade.

A economia cabo-verdiana possui fracas potencialidades produtivas devido à escassez de recursos naturais geradoras de matérias-primas, o que não impediu de se fazerem importantes progressos. Isso pode ser observado no empenho do próprio Governo, elaborando seus planos nacionais de desenvolvimento, e mais importante nos resultados positivos de se fazer este tipo de planejamento.

Segundo Grassi16, “a situação econômica de Cabo Verde é caracterizada pela escassez de recursos naturais devido a sua situação geográfica e climática, que determina uma atividade agrícola muito precária” (GRASSI, 2003, p.108).

A abertura da economia de Cabo Verde vem conectando-a ao mundo globalizado, conferindo-lhes novas características, a de ser um país cada vez mais migratório, acolhedor da emigração, incrementando setores da economia como o turismo e serviços.

Como pequena economia aberta numa envolvida cada vez mais globalmente e competitivamente, Cabo Verde é muito condicionada pela conjuntura externa, sendo também muito volátil, principalmente por causa do seu fraco desenvolvimento da base produtiva.

O país tem tido normalmente o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BM) como principais parceiros no processo para a estabilização macroeconômica através de sucessivos acordos e programas com as mesmas.

O desenvolvimento econômico de Cabo Verde tem sido marcado, nas últimas décadas, por avanços, mas também está muito determinado por sua vulnerabilidade econômica, forte dependência em relação aos fluxos financeiros externos, limitação em termos de recursos naturais e fraca base produtiva.

16 Marzia Grassi é uma economista portuguesa que investiga as realidades dos países africanos. Sua pesquisa de

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CAPITULO 5 – ANÁLISE SÓCIOECONÔMICA DE CABO

VERDE

Este capítulo analisa o desenvolviemento socioeconômico de Cabo Verde, tendo em conta os diferentes indicadores usados, que ajudam a conluír se houve ou não qualidade de crescimento.

5.1 Perfil Demográfico de Cabo Verde

Nesta seção será analisado o perfil da população caboverdiana baseada nas informações disponibilizados pelo INE obtidas através dos Censos Demográficos17, dos Inquéritos às Despesas e Receitas Familiares e Inquéritos ao Emprego. Primeiramente parte-se da população total e em parte-seguida é analisada a população economicamente ativa (PEA).

É extremamente importante analisar e diagnosticar os fatores que determinam a expansão demográfica de qualquer nação, assim como seu ritmo e evolução. Estes aspectos podem se transformar num importante estrangulador do crescimento econômico, melhor dizendo, do desenvolvimento socioeconômico.

5.1.1 População residente total

Para o estudo de desenvolvimento é muito importante analisar a distribuição da população, suas características e evolução. Nesta seção é apresentada a evolução do crescimento da população de Cabo Verde acompanhada da sua distribuição por ilhas, sendo analisadas de forma mais detalhada através do 2° Inquérito às Despesas e Receitas Familiares realizado em 2002 e do 3º Censo Demográfico, realizado no ano de 2000, os quais oferecem o panorama mais recente do comportamento da população caboverdiana e de suas características.

A população foi estimada em 475.947 habitantes (2005), sendo distribuída por nove das dez ilhas (uma delas é desabitada). A densidade populacional é de 118,0 habitantes por Km².

17 Os censos demográficos são registros estatísticos de uma determinada população, segundo critérios como

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1940 até a última projeção elaborada referente ao ano de 2010. Nela consegue-se observar como se comportou o crescimento populacional no país e sua intensidade nas diferentes ilhas.

Quadro 1: Distribuição da População Residente por Ilhas 1940-2010, em Números Absolutos

ILHAS 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010*

Santo Antão 35.977 28.379 33.953 44.623 43.321 43.845 47.124 49.932 São Vicente 15.848 19.576 20.705 31.578 41.594 51.277 67.844 82.463 São Nicolau 14.846 10.366 13.866 16.308 13.572 13.665 13.536 12.875 Sal 1.121 1.838 2.608 5.505 5.826 7.715 14.792 20.956 Boavista 2.779 2.985 3.263 3.569 3.372 3.452 4.193 6.305

Maio 2.237 1.942 2.680 3.466 4.098 4.969 6.742 8.431

Santiago 77.382 59.394 88.587 128.782 145.957 175.691 236.352 299.920 Fogo 23.022 17.582 25.615 29.412 30.978 33.902 37.409 38.379 Brava 8.538 7.937 8.625 7.756 6.985 6.975 6.820 6.049

CABO

VERDE 181.750 149.999 199.902 270.999 295.703 341.491 434.812 525.310 Fonte: INE (2007), Elaboração própria.

* Projeções

Pode-se observar uma expansão expressiva da população total, principalmente nos maiores centro urbanos localizados nas ilhas de São Vicente e Santiago, de modo mais acentuado.E nas demais ilhas este o crescimento é insignificante, quase que estagnada.. Durante as décadas analisadas, em algumas ilhas essa expansão se mostra com fraca incidência em relação às outras, mas no geral a população é característica dos estados insulares: é reduzida devido à pequenez do país, crescendo de forma assimétrica e a uma velocidade reduzida. Outro fator a ser apontado é tradição migratória18 do país, em direção a outros países, principalmente para a Europa e América do Norte, o que acaba condicionando a expansão demográfica do país.

As taxas de crescimento demográfico do país se comportam de forma irregular quanto à sua distribuição, entre as ilhas (ver Quadro 1).

Através do gráfico pode-se visualizar melhor essa evolução da população. Observam-se duas tendências: da década de 1980 aos anos 1990 constata-Observam-se uma evolução lenta e reduzida da população. Por outro lado a partir dos anos 1990 aos de 2000 observa-se um aumento, num ritmo acelerado da população, houve um aumento total de 93.321 habitantes.

18 A migração é um movimento populacional que se dirige de uma região (área de emigração) para outra (área de

(46)

Se, aumentar a atenção sobre o período de 2000, obtém-se um perfil atualizado da população caboverdiana: há um aumento da população em ritmo lento, explicado pela diminuição da taxa de fecundidade, principalmente na metade das décadas de 1990 e 2000 respectivamente.

Figura 3: Taxas de Crescimento da População caboverdiana 1940/ 1950/ 1960/ 1970/ 1980/ 2000/2010* -1,9 2,9 3,1 0,9 1,5 2,4 2,8 3,4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4

1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010*

Anos T a x a C re s c im e n to d a P o p u la ç ã o

Taxa de Crescimento da Populção Caboverdianan

Fonte: INE (2007). Dados correspondentes a taxa geométrica. Elaboração própria. * Projeções

Observa-se o crescimento negativo na década de 1940, o que pode ser explicado pelo maior período de fome já vivenciado, a chamada “Fome de 40”19, que devastou o país. O longo período de seca em todas as ilhas comprometeu completamente a produção agrícola da época. A população que vivia da agricultura de subsistência, deparou-se com enormes dificuldades na obtenção de alimentos. Foram muitas pessoas que faleceram, por causa da fome e outras enfermidades, tais como a malária e a cólera, que acabaram surgindo em meio à pobreza e à fome,.

Nas décadas de 1950 e 1960 a população, ainda se recuperando do período assolado pela fome, cresceu lentamente, a uma taxa de 2,9 para 3,1%. Ainda na década de 1960 foi iniciada a luta armada pela independência, onde muitos guerrilheiros caboverdianos se deslocaram para a Guiné para lutar contra metrópole, Portugal, o que em 1975 resultaria na independência dos dois países.

19 A fome foi resultado de um longo período de seca que devastou tanto as plantações de sequeiro como os de

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década ocorreu uma forte expansão da emigração caboverdiana, direcionada principalmente para os países Europeus. Esta mesma tendência acabou se intensificando ainda mais na década de 1980, quando a emigração passou a ser vista como alternativa de sobrevivência e busca de melhores condições de vida bem como uma solução para fugir da pobreza, conseqüentemente o crescimento populacional foi de apenas 1,5% ao ano.

Nos próximos períodos a taxa de crescimento da população aumentou consideravelmente. Nos anos de 1990, apesar de uma leve redução da taxa de fecundidade no país, houve um crescimento populacional de 2.4%. Isso é explicado pelos aumentos de barreiras de contenção ao fluxo migratório, devido às políticas de emigração restritivas pelos países de acolhimento.

A partir da década de 1990 até o ano de 2000, as taxas de crescimento da população aumentaram em ritmo moderado. De 1979 a 1981, a taxa de fecundidade aumentou para 7,05 filhos por mulher e nos anos posteriores até 1988, ela diminuiu para 5,95 filhos por mulher, mas na década de 1990 elas cresceram novamente, contribuindo para o aumento generalizado da população.

As taxas de natalidade nos períodos compreendidos entre 1980 a 1990 se mantiveram regulares e com tendência levemente crescente, enquanto a taxa de mortalidade decresceu levemente de 8,7 em 1985 para 8,4 em 1995, segundo o Inquérito Demográfico e de Saúde Reprodutiva realizada em 1998 pelo INE em conjunto com o Ministério da Saúde. As taxas de fecundidade do país são tratadas na figura logo abaixo:

Figura 4: Crescimento das Taxas de Fecundidade 1980/1990/2000

Imagem

Figura 1: Mapa de Cabo Verde
Figura 3: Taxas de Crescimento da População caboverdiana 1940/ 1950/ 1960/ 1970/
Figura 4: Crescimento das Taxas de Fecundidade 1980/1990/2000
Figura 6: Crescimento efetivo da população residente e suas taxas de crescimento –  1980-2010*  0100.000200.000300.000400.000500.000600.000 1980 1990 2000 2010 AnosPopulação 0 0,511,522,53 Tx de crescimento da população
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