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O CONTEÚDO DE LEISHMANIOSE EM LIVROS DIDÁTICOS DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA

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Academic year: 2020

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1 Graduanda em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix. E-mail: bellespi@gmail.com 2 Professora do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix

O CONTEÚDO DE LEISHMANIOSE EM LIVROS DIDÁTICOS DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA

Isabelle Spinelli da Silva1 Maria Esther Macedo2

RESUMO

As leishmanioses são causadas por parasitos do gênero Leishmania sp (Ross, 1903) e se apresentam de duas formas: Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) e Leishmaniose Visceral (LV). Os níveis de conhecimento da população a respeito da doença se restringem a informações superficiais, apontando para a necessidade de se trabalhar educação em saúde. Trabalho esse que deve ser iniciado ainda nas escolas, nas disciplinas de Ciências e Biologia, com a vantagem dos alunos transmitirem o conhecimento recebido aos pais e amigos. Considerando a importância do Livro Didático no processo de ensino e construção de conhecimento, e servindo como base para a maioria dos professores na preparação e criação de suas aulas, é essencial que seu conteúdo seja correto e coerente, para que a informação seja repassada corretamente aos alunos. Com isso, o objetivo do trabalho foi analisar em livros didáticos de Ciências e Biologia, do Ensino Fundamental e Ensino Médio os conteúdos em relação às Leishmanioses. Os resultados demonstram que os conteúdos relacionados às Leishmanioses são tratados nos livros de forma superficial e incompleta, o que pode vir a dificultar o conhecimento e a compreensão dos alunos sobre a doença, dificultando também às práticas e as atividades relacionadas ao seu controle e prevenção.

Palavras-chave: Leishmanioses. Livro didático. Educação em saúde.

1 INTRODUÇÃO

Dentre as principais doenças parasitárias que acometem o Brasil e que merecem atenção da população estão as Leishmanioses (SOUZA, 2010). A doença é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um problema de saúde pública mundial, ela se apresenta em duas formas, Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA), responsável pela formação de feridas na pele e a Leishmaniose Visceral (LV), que afeta órgãos como linfonodos, fígado e baço (ALVES et al., 2008; NEVES, 2011).

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Os níveis de conhecimento da população sobre as Leishmanioses se restringem a informações não concretas e superficiais sobre a doença e em atitudes preventivas inespecíficas, o que dificulta a implantação de práticas de controle (BORGES et al., 2008). A desinformação da população sobre as Leishmanioses apontam para a necessidade da realização de práticas educativas. Borges et al (2008) destacam a educação como uma forma de controle cultural para as Leishmanioses, por mobilizar toda a população, independente de suas classes sociais e por popularizar atitudes capazes de beneficiar as medidas preventivas e as práticas de controle.

A educação em saúde é fundamental para o controle das Leishmanioses. O conhecimento da população sobre a doença, formas de controle, transmissão e medidas preventivas são fundamentais, sendo que contribuem para as campanhas de controle existentes e estimulam a comunidade em ações sanitárias (UCHÔA et

al., 2004; BORGES et al., 2008; GENARI et al., 2012). A transmissão desses

conhecimentos deve ser iniciada nas escolas, ainda nos primeiros anos do Ensino Fundamental, criando, assim, cidadãos conscientes sobre os problemas da sociedade e participativos no combate e controle das doenças (UCHÔA et al., 2004).

Uchôa et al (2004) após realizarem uma intervenção em Escolas Municipais do Município de Maricá/ RJ sobre a importância da LTA no local verificaram que o objetivo foi alcançado, pois os alunos tinham conhecimento sobre o ciclo, reconheceram a importância do vetor na transmissão e as medidas de controle e prevenção eficientes no combate ao vetor. Isso demonstra que a educação em saúde é fundamental para enfrentar e combater a doença e que é necessário um maior investimento dos professores nesses assuntos.

Visto a importância da Educação em Saúde, é fundamental o preparo dos professores, munidos de livros e materiais didáticos adequados. O Livro Didático é o instrumento mais utilizado em sala de aula pela maioria dos professores, pois muitos o utilizam na preparação e criação das aulas, assumindo, assim, um importante papel na escola. Portanto, é necessário que seu conteúdo seja correto e coerente (FRISSON et al., 2000).

É antiga no Brasil a preocupação com o livro didático. Iniciou-se em 1929, quando foi criado um órgão específico para atuar na produção de livros didáticos de qualidade, o Instituto Nacional do Livro (INL) (FNDE, 2012). Em 1985, criou-se o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) que tem como objetivo distribuir, em

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Escolas Públicas, livros didáticos de qualidade, a fim de atingir uma educação de qualidade (FNDE, 2012). Em 1996, o MEC avaliou os livros inscritos no PNLD e aqueles, que apresentavam erros conceituais, preconceituosos, discriminativos e desatualizados, foram rejeitados, e, assim, foi publicado o primeiro “Guia de Livros didáticos” com livros avaliados e aceitos. Esse guia é disponibilizado às escolas e cabe aos professores analisarem e escolherem os livros com os quais querem trabalhar (FNDE, 2012). Porém, apesar de todos os critérios avaliativos pelos quais os livros são analisados, ainda assim os livros indicados e usados hoje apresentam erros (FERREIRA; SELLES, 2003; FREITAS; RODRIGUES, 2007). Entre as diversas fontes de informações existentes, o livro didático ainda é essencial em sala de aula, tanto para os professores quanto para os alunos, o que se questiona até hoje é a sua qualidade e como os conteúdos presentes estão sendo repassados (ROMANATTO, 1987 citado por FRISON et al., 2000).

Em um trabalho de revisão, Ferreira e Selles (2003) analisaram textos publicados em Revistas Brasileiras dedicadas ao ensino das Ciências sobre os Livros Didáticos no Brasil. A grande maioria dos artigos encontrados tratava dos erros presentes nos livros didáticos. De acordo com o trabalho das autoras, os livros, além de apresentarem erros conceituais nos textos, apresentavam também erros nas ilustrações. Alguns autores analisados no trabalho, como Mohr (2000), Cunha e Caldas (2000), destacaram que a maioria dos textos presentes nos livros didáticos eram superficiais, minimizando a capacidade intelectual e restringindo informações importantes dos alunos. Os erros presentes nos livros didáticos dificultam o conhecimento dos alunos e a didática do professor, que, muitas vezes, acaba até mesmo sem perceber, transmitindo essas informações erradas aos alunos (FERREIRA; SELLES, 2003).

Frison et al (2000) realizaram uma pesquisa com professores de uma Escola da Rede Municipal de Educação do estado do Rio Grande do Sul sobre a importância do Livro Didático no ensino de Ciências Naturais. Os entrevistados destacaram a importância do Livro Didático e o seu papel na educação em Ciências, ressaltando o apoio na hora da programação de suas aulas e na construção do conhecimento dos alunos. De acordo com os autores, o papel do livro didático vai muito além da transmissão de conhecimentos pedagógicos. O livro didático ultrapassa limites e valores, possibilita uma ampla visão das carências e dos problemas acerca da comunidade, influencia os alunos a hábitos saudáveis e na

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transferência de conhecimentos. Em muitos casos e regiões, o livro didático é o único livro em que a criança entrará em contato na vida (FREITAS; RODRIGUES, 2007).

O livro, ao apresentar conteúdos corretos, uma linguagem clara e apropriada, estímulos a prevenção e controle de doenças, repassando informações corretas, contribui para a formação de cidadãos conscientes, já que os alunos são considerados como multiplicadores de idéias, passando adiante para parentes e amigos o conhecimento adquirido (GENARI et al., 2012; LOBO et al., 2013).

A escola tem um grande papel inicial na construção de hábitos saudáveis de crianças e adolescentes (ZANCUL; COSTA, 2012). É dentro das disciplinas de Ciências e Biologia que são repassadas informações sobre as doenças, formas de contágio, ciclos, sintomas e profilaxias e cabe ao professor transmitir essas informações aos alunos (ZANCUL; COSTA, 2012).

Infelizmente, hoje, na maioria dos livros didáticos distribuídos nas Escolas Públicas ou indicados nas Escolas Privadas, pouca ou quase nenhuma importância é dada para alguns conteúdos relacionados à educação em saúde (FRANÇA et al., 2011).

A respeito do tema saúde presente nos livros didáticos, é, geralmente, abordado apenas algumas doenças especificas, dando ênfases às doenças que normalmente “estão na moda”, excluindo as demais ou simplificando seu conteúdo em pequenos parágrafos, não incentivando praticas educativas que visem contribuir para diminuição e controle das doenças, por considerarem desnecessárias ou por apresentarem baixa ocorrência na sociedade, sendo que a sociedade inteira está sujeita a ocorrência de toda e qualquer doença (MOHR, 2000; FERREIRA; SELLES, 2003).

Mohr (2000), ao analisar livros didáticos de Ciências do Ensino Fundamental no que diz respeito ao tema “Saúde”, relatou a carência de informações presentes nos livros, bem como a falta de linguagem apropriada, a omissão de conteúdos, definições mal feitas, valorização de exercícios que estimulavam a memorização, além de não influenciarem o aluno em práticas e atividades que possam ser usadas no dia a dia. Percebeu, também, que assuntos importantes, que fazem parte do cotidiano dos alunos ou que estão em alta no contexto da sociedade, não estavam presentes nos livros.

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Em muitos livros o tema “Saúde” é tratado de modo científico, com termos técnicos e linguagem formal e não apresentam o lado cultural ou social. Os livros didáticos são feitos para entender e transmitir o conhecimento correto de uma forma clara e objetiva aos alunos, devendo ser diretamente proporcional à idade e à situação em que se inserem os alunos. O ensino e a aprendizagem de Ciências devem ser desenvolvidos dentro da realidade social e cultural dos alunos e não apenas para transmitir conhecimentos com linguagens técnicas e científicas como são propostas em muitos livros didáticos (BRASIL, 1998; MOHR, 2000, NETO; FRACALANZA, 2003). É preciso que a linguagem seja clara, que desperte o interesse e a curiosidade dos alunos sobre as doenças, as formas de transmissão e de controle, que estimulem práticas educativas, de modo que eles utilizem o que lhes foi ensinado.

Portanto, a falta de informação e despreparo da população sobre os tipos de Leishmaniose apontam para a necessidade de práticas educativas voltadas para educação em saúde, como forma de prevenção e controle da doença (BORGES et

al., 2008; LOBO et al., 2013). Práticas essas que devem ser iniciadas e incentivadas

ainda nas escolas, nas disciplinas de Ciências e Biologia, tendo em vista a importância que crianças e adolescentes, em idade escolar apresentam na divulgação e disseminação de informações sobre as doenças (GENARI et al., 2012; LOBO et al., 2013). Para isso, são necessários livros e materiais didáticos atualizados e, considerando que os livros didáticos são os materiais educativos mais utilizados pelos professores nas salas de aula, é fundamental que seu conteúdo seja correto e coerente (FRISON et al., 2000). Em estudos realizados por autores como Mohr (1994; 2000), Neto e Fracalanza (2003), França et al. (2011), Pinhão e Martins (2012), a maioria dos livros didáticos de Ciências e Biologia encontram-se obsoletos em relação ao tema “Saúde”, seus conteúdos são superficiais e incompletos, além de apresentarem erros conceituais e nas ilustrações, o que dificulta o conhecimento e compreensão dos alunos sobre as doenças, dificultando, também, práticas e atividades relacionadas ao seu controle e prevenção.

O objetivo do trabalho foi analisar em livros didáticos de Ciências e Biologia do Ensino Fundamental e Ensino Médio os conteúdos relacionados às Leishmanioses.

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2 MATERIAIS E MÉTODOS

Foi realizada uma análise em Livros Didáticos de Ciências do Ensino Fundamental II (6º ano ao 9º ano) e Livros Didáticos de Biologia do Ensino Médio, sobre conteúdos referentes às Leishmanioses.

Foram analisados Livros Didáticos do período de 2002 a 2012 de algumas Escolas Públicas da Região de Belo Horizonte, algumas coleções e livros indicados pelo Programa Nacional do Livro Didático, livros pertencentes ao acervo da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa e livros do acervo da Biblioteca do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix.

Os livros foram avaliados e analisados baseados em critérios utilizados em artigos já publicados, como o de Mohr (2000), em que a autora analisou o conteúdo de saúde em livros didáticos e de Luz et al. (2003), no qual os autores analisaram materiais educativos relacionados as leishmanioses.

Foram analisados 57 livros didáticos do Ensino Fundamental II (6º ao 9º ano) e 39 livros do Ensino Médio (1º, 2º, 3º ano e volume único). A diferença no número de livros analisados do Fundamental para o Médio se deu pelo fato de que são poucos os autores que publicam para essa modalidade, sendo, também, que a maioria dos livros do Ensino Médio são publicados em volume único.

Feito o levantamento, os livros didáticos do Ensino Fundamental (Quadro 1) e os livros didáticos do Ensino Médio (Quadro 2), que apresentavam conteúdos relacionados às Leishmanioses, foram analisados se: os conceitos e definições apresentados nos livros estavam corretos, se eles destacam as duas formas da doença: Leishmaniose Tegumentar Americana e Leishmaniose Visceral, com seus sinais clínicos, agente etiológico, vetor, reservatórios/hospedeiros, transmissão, ilustrações presentes, o ciclo e, principalmente, sobre as medidas de prevenção e controle, sejam elas individuais ou coletivas.

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COD ANO EDIÇÃO SÉRIE/ ANO LIVRO AUTORES EDITORA

C01 2002 1ª

edição 6º ano

Ciências Novo Pensar - Coleção Ciências Novo Pensar

Demétrio Gowdak e Eduardo

Martins FTD C02 2005 20ª edição 7º ano Ciências Entendendo a Natureza - Os seres vivos no ambiente

César - Sezar - Bedaque Saraiva

C03 2006 1ª

edição 7º ano

Coleção Ciências e

Interação Alice Costa Positivo

C04* 2006 2ª

edição 7º ano

Ciências - A Vida na

Terra Fernando Gewandsznajder Ática

C05 2006 1ª

edição 7º ano

Seres Vivos com Atualizações -

Coleção Novo Pensar

Demétrio Gowdak - Eduardo

Martins FTD

C06* 2007 1ª

edição 7º ano Ciências Integradas

Jenner - Pedersoli - Moacir -

Wellington Positivo

C07* 2008 67ª

edição 7º ano

Ciências - Os Seres Vivos

Carlos Barros e Wilson

Paulino Ática

C08 2008 1ª

edição 7º ano

Ciências - Para viver juntos

Fernando Santiago dos Santos - Gustavo Eiji Kaneto - João Batista Vicentin Aguilar

SM

C09* 2009 1ª

edição 7º ano

Ciências - A Vida na

Terra Fernando Gewandsznajder Ática

C10 2010 1ª

edição 7º ano

Tudo é Ciências -

Seres Vivos Daniel Cruz Ática

C11* 2011 1ª

edição 7º ano

Ciências Para Nosso Tempo

Washington Carvalho e

Márcio Guimarães Positivo

C12* 2012 2ª

edição 8º ano Jornadas.cie Maíra Rosa Carnevalle Saraiva

C13* 2012 2ª

edição 7º ano

Companhia das Ciências

USBERCO, José Manoel et

al. Saraiva

C14* 2012 1ª

edição 8º ano

Ciências Novo Pensar (Edição Renovada) Seres Vivos

Demétrio Gowdak e Eduardo

Martins FTD

Quadro 1. Livros Didáticos de Ciências – Ensino Fundamental. Fonte: dados da

Pesquisa.

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COD Ano Edição Ano Livro Autores Editora

B01 2002 2ª

edição 2º ano Biologia - Volume 2

Armênio Uzunian e Ernesto

Birner Harbra

B02 2002 1ª

edição 2º ano Bio - Volume 2 Sônia Lopes Saraiva

B03 2003 1ª edição Vol. único Biologia para o Ensino Médio- Volume Único

Sídio Machado Scipione

B04 2003 11ª

edição 2º ano

Biologia Hoje - Os seres vivos - Volume 2

Sérgio Linhares e Fernando

Gewandsznajder Ática B05 2004 2ª edição Vol. único Biologia - Volume Único

Armênio Uzunian e Ernesto

Birner Harbra B06* 2005 1ª edição Vol. único Biologia - Volume Único J. Laurence Nova Geração B07* 2006 1ª edição Vol. único Biologia- Volume

Único Sônia Lopes e Sergio Rosso Saraiva

B08 2006 1ª

edição 2º ano Bio - 2 Sônia Lopes Saraiva

B09 2008 1ª

edição 2º ano

Biologia e

Cidadania - Volume 2

Ayrton Cesar Marcondes Escala

Educacional B10* 2009 1ª edição Vol. único Biologia - Volume Único

Sérgio Linhares e Fernando

Gewandsznajder Ática

B11* 2010 1ª

edição 3º ano Bio - Volume 3 Sônia Lopes e Sergio Rosso Saraiva

B12* 2010 9ª

edição 3º ano Biologia - Volume 3

César da Silva Júnior - Sezar Sasson - Nelson Caldini Júnior Saraiva B13* 2012 1ª edição 2º ano Biologia Hoje - Os seres vivos - Volume 2

Sérgio Linhares e Fernando

Gewandsznajder Ática

Quadro 2. Livros Didáticos de Biologia – Ensino Médio. Fonte: dados da Pesquisa.

* Indicado pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD)

Os conteúdos sobre as Leishmanioses foram encontrados em quatorze livros do Ensino Fundamental (Tabela 1) e em treze livros do Ensino Médio (Tabela 2). Nos livros didáticos do Ensino Fundamental o conteúdo foi encontrado em: um livro do 6º ano, onze livros do 7º ano e em dois livros do 8º ano. Apesar do ano de edição de alguns livros, optou-se por utilizar a nomenclatura atual ao se referir as séries do Ensino Fundamental. Nos livros do Ensino Médio, o conteúdo foi encontrado em: seis livros do 2º ano, dois livros do 3º ano e em cinco livros volume único. Sobre a localidade dos conteúdos sobre leishmanioses nos livros, eles foram encontrados principalmente nas Unidades/Capítulos relacionados ao Reino dos Protistas, Reino do qual é discutido assuntos sobre doenças causadas por protozoários.

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Tabela 1. Análise dos Livros Didáticos - Ensino Fundamental. C01 C02 C03 C04 C05 C06 C07 C08 C09 C10 C11 C12 C13 C14 Total Total % LTA ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ 13 93 LV ✓ ✓ ✓ ✓ 4 29 Sintomas ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ 13 93 Agente Etiológico ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ 8 57 Vetor ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ 13 93 Reservatório / Hospedeiros ✓ ✓ ✓ 3 21 Transmissão ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ 13 93 Ciclo ✓ ✓ ✓ ✓ 4 29 Ilustrações ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ 10 71 Medidas Preventivas ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ 8 57

Fonte: dados da pesquisa

Tabela 2. Análise dos Livros Didáticos - Ensino Médio

B01 B02 B03 B04 B05 B06 B07 B08 B09 B10 B11 B12 B13 Total Total % LTA ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ 13 100 LV ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ 10 77 Sintomas ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ 13 100 Agente Etiológico ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ 12 92 Vetor ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ 13 100 Reservatórios/ Hospedeiros ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ 7 54 Transmissão ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ 9 69 Ciclo ✓ ✓ ✓ ✓ 4 31 Ilustrações ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ 7 54 Medidas Preventivas ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ 10 77

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3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) e Leishmaniose Visceral (LV)

Dos quatorze livros didáticos do Ensino Fundamental, treze (93%) apresentaram informações relacionados à Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA). Apenas três livros (21%) se referiram a doença por seu nome real (LTA) os outros dez livros (71%) se referiram a doença por seu nome popular mais conhecido: Úlcera de Bauru, desses, seis livros (46%) citaram a origem do nome popular. A doença ficou conhecida como Úlcera de Bauru devido aos inúmeros casos que ocorreram na Cidade de Bauru em São Paulo no ano de 1908, durante a construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NEVES, 2011).

Os treze livros (100%) do Ensino Médio apresentavam informações sobre a LTA. Desses, dez livros (77%) se referiram a ela por seu nome real, mas, também, como ocorre nos livros do Ensino Fundamental, os livros do Ensino Médio utilizaram nomes populares para se referirem à doença, doze livros (92%) chamaram a doença de Úlcera de Bauru e também se referiram a ela por Leishmaniose de Pele ou Ferida Brava. Nenhum livro do Ensino Médio citou a origem do nome Úlcera de Bauru.

Dos quatorze livros didáticos do Ensino Fundamental, quatro (29%) apresentaram informações sobre a Leishmaniose Visceral, sendo que dois livros (14%) a chamaram pelo seu nome real (LV) e os outros dois (14%) se referiram à doença apenas por leishmaniose.

Dos treze livros do Ensino Médio, dez (77%) apresentavam informações sobre as LV e usaram o nome Calazar para se referir à doença, desses, nove (69%) se referiram a ela por seu nome real (LV). Apenas um livro (8%) citou a origem do nome Calazar.

Percebe-se que todos os livros, que trazem o assunto leishmaniose, citam principalmente a LTA, como se existisse apenas um tipo de doença, poucos são os que citam as outras formas de Tegumentar e, sobretudo, a Leishmaniose Visceral que se encontra cada vez mais próxima da realidade dos alunos. É primordial a presença do seu conteúdo nos livros didáticos e que os alunos conheçam e aprendam mais ao seu respeito, já que a Leishmaniose Visceral vem avançando nos grandes centros urbanos e tomando grandes proporções na sociedade.

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3.2 Sintomas

Sobre os principais sintomas da LTA mencionados, treze livros (93%) do Ensino Fundamental citaram feridas na pele dos braços, pernas e rostos, sete livros (50%) citaram lesões na boca e nariz, um livro citou lesões na orelha, um livro (7%) citou como sintoma da LTA sono agitado e insônia, porém esse sintoma não é encontrado na literatura.

Os treze livros do Ensino Médio citaram feridas na pele dos braços, pernas e rosto, dois livros (15%) citaram que as feridas apresentam “aspectos arredondados com forma de moeda”, três livros (23%) citaram lesões na mucosa da boca e do nariz, três livros (23%) citaram lesões na mucosa da faringe, um livro (8%) citou necrose dos tecidos conjuntivos.

Os livros do Ensino Fundamental citaram que o principal problema da LTA é quando a doença se espalha e começa a causar lesões nos revestimentos das mucosas, alguns citam que as lesões podem causar obstrução parcial das cavidades nasais; três livros (21%) citaram que o nariz pode ficar completamente destruído, pois o protozoário corrói a cartilagem; dois livros (14%) citaram que as lesões provocadas podem chegar até aos ossos; um livro (7%) citou que a “Leishmania se instala especialmente no rosto, orelhas, nariz e braços, causando ulcerações, que são feridas que não cicatrizam, provocando assim graves deformações após alguns anos da doença”.

Para os livros do Ensino Médio: três livros (23%) mencionam que as feridas são de difícil cicatrização na pele e em mucosas e se não for tratada evoluem para formas mais graves com lesões mutilantes; um livro (8%) que as ulcerações na pele costumam deixar cicatrizes bem visíveis; um livro (8%) cita que primeiro aparecem às lesões na pele e, em seguida, aparecem também nas mucosas da boca, do nariz e da faringe.

A LTA se apresenta de três formas: Leishmaniose Cutânea; Leishmaniose Cutaneomucosa (LCM) e Leishmaniose Cutânea Difusa. Na Leishmaniose cutânea, as lesões primárias são únicas ou múltiplas, em pequenos números, são úlceras leishmanióticas típicas, isso é, úlceras com bordas salientes e fundo granuloso. A Leishmaniose Cutaneomucosa é conhecida como espúdia ou nariz de anta, a forma primária da infecção ocorre como na forma cutânea, na forma secundária as regiões mais afetadas são as mucosas do nariz, da boca, da faringe e da laringe. A

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Leishmaniose cutânea difusa se caracteriza por lesões não ulceradas por toda a pele (NEVES, 2011).

Os livros, muitas vezes, misturaram os sintomas da Leishmaniose Cutânea com o da Leishmaniose Cutaneomucosa (LCM), anteriormente denominada de mucocutânea. Os livros citam que ao mesmo tempo já aparecem lesões na pele e na mucosa. O ideal seria mencionar nos livros didáticos que a forma mais comum da LTA é a forma Cutânea, contudo ela pode se manifestar de outras formas como a Cutaneomucosa, para que, desse modo, os alunos não venham pensar que existe apenas um tipo de LTA.

Em muitos casos da LCM ocorre a destruição da cartilagem do nariz, porém, na literatura não é mencionado que ocorre porque o protozoário corrói a cartilagem, também não foi encontrado na literatura relatos de que as feridas podem chegar até os ossos.

Tanto a forma cutânea como a cutaneomucosa são causadas pela

Leishmania braziliensis. As formas na variação clínicas da doença estão ligadas ao

estado imunológico do paciente, às espécies de Leishmania e ao compromisso do paciente em seguir o tratamento.

Apenas um livro (7%) do Ensino Fundamental separou os tipos de LTA, citando que: a Leishmaniose Cutânea ataca somente a pele e que a “Leishmaniose Mucocutânea” ataca as mucosas como lábios, bochecha e a pele. Para o Ensino Médio, três livros (23%) citaram a “Leishmaniose Mucocutânea”, mas não diferenciaram o tipo Leishmaniose Cutânea da Leishmaniose Cutaneomucosa citando os sinais e sintomas separadamente. O tipo Leishmaniose Cutânea Difusa não foi citada em nenhum livro.

Os quatro livros (29%) didáticos do Ensino Fundamental apresentaram os sintomas/sinais da Leishmaniose Visceral, descrevendo como principais a destruição e comprometimento dos órgãos internos, como: fígado e baço, um livro (7%) citou comprometimento do intestino, porém esse sintoma está associado apenas à presença de comorbidades.

Os dez livros (77%) do Ensino Médio também citaram os sintomas da LV, além do comprometimento dos órgãos como o fígado e o baço, os livros também citaram fraqueza, febre, anemia e perda de peso.

Os locais mais atingidos no corpo e que mais sofrem com os efeitos da doença são as vísceras, os principais sintomas são: Anorexia, perda de peso, febre,

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palidez, esplenomegalia, anemia, aumento dos linfonodos, hepatomegalia (NEVES, 2011).

3.3 Agente Etiológico

A respeito do agente etiológico, oito livros (57%) do Ensino Fundamental e doze livros (92%) do Ensino Médio usaram nomes científicos ao se referirem ao protozoário agente causador da LTA. O protozoário agente causador da LV não foi citado nos livros do Ensino Fundamental, foi citado apenas em onze livros (85%) do Ensino Médio. Em cinco livros (36%) do Ensino Fundamental e um livro (8%) do Ensino Médio foi citado apenas o gênero Leishmania. A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é causada por diferentes espécies de parasitas do gênero

Leishmania, do subgênero Viannia e Leishmania, a espécie mais comum no Brasil é

a Leishmania braziliensis. A Leishmaniose Visceral (LV) é uma doença causada por parasitos da espécie Leishmania chagasi.

No Ensino Médio já se pode usar e trabalhar a nomenclatura e nomes científicos com os alunos, pois os mesmos já estão cientes e conseguem compreender melhor a sua importância, contribuindo dessa forma para o enriquecimento das matérias.

Para o Ensino Fundamental o principal agente causador da LTA citado foi a “Leishmania braziliensis”, um livro (7%) citou que existem três espécies causadoras da LV, porém não mencionaram quais. Como principal causador da LTA, os livros do Ensino Médio também citaram a “Leishmania braziliensis” e para a LV dez livros (77%) citaram a “Leishmania chagasi” e quatro livros (31%) além da “Leishmania

chagasi” citaram também a “Leishmania donovani”, porém essa não ocorre no Brasil.

Um erro presente, detectado nos livros é o erro de ortografia ao escreverem nomes científicos. Apenas dois livros (14%) do Ensino Fundamental escreveram o nome cientifico do agente etiológico da LTA de forma correta: “Leishmania

braziliensis”, enquanto os outros escreveram com erro ortográfico, “Leishmania brasiliensis”, com „S‟. Os livros do Ensino Médio também pecam ao escrever o nome

cientifico do agente causador da LTA, oito livros (62%) escreveram errado

“Leishmania brasiliensis” (com S). A LTA também tem como agentes etiológicos no

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citados nos livros. Também ao se referirem ao gênero Leishmania, cinco livros (36%) do Ensino Fundamental e um livro (8%) do Ensino Médio acentuaram a palavra – “Leishmânia”.

3.4 Vetor

Os livros do Ensino Fundamental ao se referirem ao inseto vetor transmissor das leishmanioses o chamam de “mosquito”, utilizando nomes populares como: Mosquito Palha, Birigui, Tatuquira, Corcundinha, Cangalha, Cangalhinha e Mosquito Pólvora, nenhum livro se referiu aos insetos como flebotomíneos. As principais diferenças entre os mosquitos e os flebotomíneos são que os mosquitos precisam de água para reproduzir e os flebotomíneos se reproduzem em matéria orgânica, além de existirem, também, diferenças na morfologia do corpo e aparelho bucal desses insetos. Ao se chamar o inseto vetor de “mosquito”, pode-se criar certa confusão com os alunos, principalmente a respeito das ações preventivas que devem ser usadas para combater o vetor.

O mesmo ocorre nos livros do Ensino Médio, ao se referirem ao inseto vetor o chamam de “mosquito” e utilizam nomes populares. Em quatro livros (31%) disseram que o “mosquito” pertence à família dos flebotomíneos. Em doze livros (92%) citaram que o vetor pertence ao gênero “Lutzoymia”, dois deles (15%) escreveram “Lutzomya”, com erro de ortografia.

Os vetores transmissores das Leishmanioses são insetos da ordem Diptera, família Psychodidae, subfamília Phlebotominae, gênero Lutzomyia. Eles são conhecidos como flebotomíneos, os nomes populares variam de acordo com a região e localidade. No Brasil a LTA é transmitida por várias espécies diferentes de flebotomíneos do gênero Lutzomyia.

Em um livro do Ensino Fundamental ao falar sobre o inseto vetor utilizou o nome cientifico “Lutzomyia longipalpis”, porém esse livro não menciona qual o tipo de leishmaniose, sendo que a espécie Lutzomyia longipalpis é vetora apenas da Leishmaniose visceral.

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3.5 Reservatórios/ Hospedeiros

Os livros não apresentam informações completas a respeito dos reservatórios e dos hospedeiros, da forma de transmissão, como ocorre a infecção do inseto vetor, como esse infecta o hospedeiro. Dos três livros (21%) do Ensino Fundamental que citam os reservatórios/hospedeiros, dois (14%) mencionam que o inseto se infecta picando animais contaminados ou indivíduos com Leishmaniose, um livro (7%) cita como reservatórios naturais para a LTA animais silvestres - gambás, tatus e tamanduás e para a LV menciona que cães domésticos podem ser reservatórios se forem picados por um inseto infectado.

Os hospedeiros vertebrados da LTA incluem uma grande variedade de mamíferos, no ambiente silvestre os reservatórios são as raposas, cachorro do mato, ratos, gambás e os marsupiais.

No caso da LV, nos centros urbanos, o cão tem sido indicado como o principal reservatório de L. chagasi no ciclo de transmissão para o homem (BARATA et al., 2005). Entretanto, estudos recentes mostram que, para se comprovar o papel desses animais na transmissão das Leishmanioses, são necessários ainda maiores estudos (GONTIJO e MELO, 2004; RIBEIRO, 2010).

A respeito do cão sobre reservatório, um livro (8%) do Ensino Médio citou que “não há evidências científicas que animais representem reservatórios de espécies de

leishmânia”. Outros dois livros (15%) citaram o cão como possível reservatório. Os

livros também citaram como reservatórios: gambá, tatu, preguiça, roedores silvestres.

3.6 Transmissão

A respeito da transmissão, treze livros (93%) do Ensino Fundamental e nove livros (69%) do Ensino Médio afirmaram que a doença é transmitida pela picada do “mosquito”, um livro (8%) do Ensino Médio disse que ocorre pela picada de um inseto hematófago pertencente ao gênero “Phlebotomus”, sem especificar se era macho ou fêmea, apenas três livros (21%) do Ensino Fundamental e sete livros (54%) do Ensino Médio especificaram que ocorre pela picada da fêmea do inseto, um livro (7%) do Ensino Fundamental mencionou que as fêmeas são hematófagas,

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porém nenhum livro explicou o porquê e por qual razão as fêmeas são as únicas a fazerem o repasto sanguíneo.

Os machos não são hematófagos, somente as fêmeas fazem o repasto sanguíneo, o sangue é composto de proteínas e aminoácidos, que são essenciais e necessários para a maturação dos ovos. O caráter oportunista predomina na alimentação dos flebotomíneos que podem se alimentar de vários vertebrados (BARATA et al., 2005).

3.7 Ciclo

Para o Ensino Fundamental, quatro livros (29%) apresentaram informações incompletas que fazem menção ao ciclo, três livros (21%) citaram que ”quando o birigui pica, injeta saliva para que o sangue da vítima não coagule, com a saliva vão às leishmânias que, pela corrente sanguínea atingem a pele, nela causando graves feridas”; um livro (7%) citou que o “inseto ao sugar o sangue de indivíduos com leishmaniose, adquire o parasita e pode passá-lo para outras pessoas diretamente pela picada.”

Em um livro (8%) do Ensino Médio no tópico “Ciclo da leishmaniose”, é dito que “os parasitas se reproduzem no corpo dos insetos e são inoculados durante a picada”, três livros (23%) mencionaram que os “mosquitos se infectam ao sugar pessoas contaminadas”.

Uma grande falha encontrada nos livros é que eles não apresentam detalhadamente o ciclo da doença, como ocorre a infecção do inseto vetor, como as formas do parasito se transformam e mudam dentro do corpo do inseto, e como ele as transmite aos hospedeiros. Os poucos livros que mencionaram o fizeram de forma incompleta. Apenas um livro (7%) do Ensino Fundamental apresentou uma imagem sobre o ciclo e mesmo assim resumidamente, não explicando suas etapas e contendo erros (Figura 1). Se os livros didáticos usassem principalmente imagens para ilustrar os ciclos contribuiriam para uma melhor compreensão do aluno.

O protozoário completa o seu ciclo, necessitando de dois tipos de hospedeiros, o flebotomíneo e o vertebrado (BARATA et al., 2005). Quando a fêmea pica um hospedeiro com leishmaniose, ela ingere formas amastigotas junto com o sangue. No tubo digestivo do inseto, as amastigotas sofrem mudanças e se

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transformam em promastigotas, quando o inseto vetor for picar outro vertebrado para se alimentar, deixando nele o parasita na sua corrente sanguínea, o parasita se reproduzirá e provocará a doença (NEVES, 2011). Sem o inseto não haverá ciclo, o que mostra a importância da informação, do repasse de informações corretas à população, da criação de programas para combater efetivamente o vetor e o colocá-lo como o principal vilão na transmissão da doença.

3.8 Ilustrações

A utilização de ilustrações ao longo do texto tornam as informações mais claras para o aluno, o que contribui para uma melhor compreensão e assimilação do conteúdo trabalhado. Nos livros do Ensino Fundamental, dez (71%) usaram fotos e imagens para explicar/exemplificar e, assim, completar o conteúdo. Ilustrações do protozoário apareceram em cinco livros (36%), ilustrações do vetor em sete livros (50%), um livro (7%) ilustrou a ferida e um livro (7%) apresentou o ciclo, de forma simplificada e errada.

Figura 1. Ciclo de transmissão, apresentando erro: Vetor transmitindo ao

“Hospedeiro” Leishmania na forma promastigota e recebendo na mesma forma (C02). Fonte: JUNIOR et al., (2005)

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Nos livros do Ensino Médio, sete (54%) usaram ilustrações nos seus conteúdos, cinco livros (38%) apresentavam ilustrações do protozoário, seis livros ilustrações do vetor (46%), um livro (8%) apresentou a foto de uma preguiça, a destacando como reservatório natural do protozoário agente causador da leishmaniose.

É notório o predomínio de imagens repetidas, quase todos os livros utilizam a mesma imagem do vetor e do protozoário. Algumas imagens usadas nos livros não apresentavam escalas, autor, nem fonte. Dependendo da idade e do grau de entendimento dos alunos, a utilização de fotos sem escala podem trazer aos alunos medo e confusão, por acharem que os insetos e protozoários são encontrados naquele tamanho. Apenas um livro do Ensino Fundamental mencionou que as imagens eram meramente ilustrativas e estavam fora de proporção.

3.9 Medidas Preventivas e de Controle

Em se tratando de medidas preventivas e de controle que são fundamentais para evitar a transmissão da doença e a quebra do ciclo, oito livros (57%) do Ensino Fundamental citaram medidas individuais e coletivas. Entre as medidas individuais, quatro livros (29%) do Ensino Fundamental citaram tratamento dos doentes e um livro (7%) citou “evitando o contato com o vetor” explicando que: “vetores são insetos que picam animais contaminados e, posteriormente, podem transmitir a doença ao picar um organismo saudável”. As principais medidas coletivas sugeridas foram à Figura 2. Ilustração do Agente Etiológico com

erro na nomenclatura cientifica (C07).

Fonte: Barros; Paulino (2008)

Figura 3. Ilustração do Agente Etiológico,

apresentando a L. tropica, pertencente ao Velho Mundo (C10). Fonte: CRUZ, (2010)

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eliminação e combate ao “mosquito”, porém, não citaram como, nem de que forma proceder para a sua eliminação. O uso de inseticidas nas casas, ao redor das casas e nos abrigos dos animais, é considerado eficiente para reduzir a população de flebotomíneos e consequentemente a transmissão do parasito. Em três livros (21%) citaram que para a eliminação, o ideal seria destruir os focos dos "mosquitos" transmissores, mas sem citar quais seriam esses focos e onde encontrá-los. Os locais de criadouros são difíceis se serem encontrados, o que dificulta as medidas de controle do vetor. Eles habitam principalmente locais úmidos, escuros e com muitas plantas, as fêmeas colocam seus ovos nos locais úmidos na terra, sob folhas e pedra (BARATA et al., 2005).

Foi comprovado que a principal arma contra as Leishmanioses é o combate e a eliminação do vetor, medidas essas que devem ser trabalhados com mais afinco nos livros e pelos professores de Ciências e Biologia.

Medidas de controle e prevenção individuais e coletivas foram encontradas em dez livros (77%) do Ensino Médio, desses, oito livros (62%) apresentaram medidas individuais, entre as principais: cinco livros (38%) citaram tratamento dos doentes; três livros (23%) citaram o uso de repelentes; seis livros (46%) o uso de telas, dentre esses apenas um citou tela de malha fina e o porquê da necessidade dela ser fina; cinco livros (38%) mencionaram o uso de mosquiteiros e cortinados; um livro (8%) citou como medida de controle “evitar entrar na mata a noite”, os insetos atacam geralmente no início da noite e voltam a atacar perto do nascer do sol.

Dos livros do Ensino Médio, dez (77%) apresentaram as medidas coletivas, sendo que a principal medida sugerida foi à eliminação do “vetor”; um livro (8%) citou combate ao vetor, sem nem ao menos mencionar o tipo de vetor, sendo que inúmeros insetos também são vetores de outras doenças; três livros (23%) mencionaram como forma de controle construir as casas a mais de 100m da mata; um livro (8%) citou o controle dos insetos transmissores, não explicando de qual forma proceder; um livro (8%) citou a limpeza do local. Um livro didático (8%) citou a eliminação de focos do vetor, explicando o local de ocorrência desses focos, dizendo que “as fêmeas colocam seus ovos em locais úmidos e ricos em matéria orgânica”. Apenas um livro citou medidas educativas como: “informação sobre a doença, modo de adquirir, como evitá-la, etc.”. Já foi comprovado que essas são as melhores armas no controle e prevenção das doenças.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A leishmaniose é uma doença antiga que vem aumentando cada dia mais, tomando grandes proporções na sociedade e está longe de ser erradicada. A cada dia aparecem novos casos, mesmo assim, os conteúdos presentes nos livros didáticos continuam reduzidos, como se não existisse mais a necessidade de transmitir a informações aos alunos. Como se apenas as informações presentes em portais de internet e televisões fossem suficientes para informar e conscientizar sobre a doença, esquecendo do papel da escola, no processo de ensino e construção de hábitos saudáveis de crianças e adolescentes.

Nota-se que o tema saúde, sobretudo o tema leishmaniose, presente nos livros didáticos, é escasso e descrito de forma superficial. Os conteúdos, na maioria das vezes, foram encontrados de forma resumida, em quadros ou pequenos textos entre os capítulos e contribuem muito pouco para o processo de ensino-aprendizagem, o que pode vir a dificultar o conhecimento e compreensão dos alunos sobre a doença, bem como as práticas e atividades relacionadas ao seu controle e prevenção.

Temas importantes como esses deveriam ser tratados com mais ênfase nos livros didáticos e assim trazer novos conhecimentos e informações para os alunos, conscientizando-os sobre a saúde e o seu papel junto à sociedade.

O ideal seria os livros apresentarem dados sobre a doença, para conscientizar a população sobre os riscos que estão correndo e o quanto a doença está cada vez mais próxima da realidade.

Poderiam ser apresentadas medidas preventivas e de controle acessíveis a toda população. As medidas presentes nos livros ainda se destinam às comunidades rurais, não levando em conta o avanço das Leishmanioses nos centros urbanos.

Os livros deveriam estabelecer uma relação entre saúde e ambiente. Mostrando de que forma a doença é vista e tratada pela sociedade, o lado cultural e social da doença, como a polêmica existente que envolve uma das mais controversas medidas do programa de controle, que é a eliminação dos cães soropositivos, visto que para muitos o animal é como se fosse um membro da família, e como tal merece tratamento. O fim da doença depende da disponibilidade de recursos econômicos e do conhecimento da população. O controle das leishmanioses consiste em acabar com a pobreza do país, proporcionar qualidade

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de vida a população como alimentação adequada, saneamento básico e o repasse da informação correta, sejam por meio de campanhas, folhetos, livros e materiais didáticos.

Percebe-se que os conteúdos presentes nos livros didáticos seguem o mesmo padrão, são meras cópias uns dos outros, reproduzindo os mesmos textos e até os mesmos erros, na tentativa de adequá-los à idade dos escolares ou para atender aos padrões estabelecidos pelo PNLD.

Tendo em vista a importância do professor na análise e escolha do livro e levando em conta que é o professor que escolhe o livro com o qual irá trabalhar pelos próximos anos, é fundamental que ele esteja ciente que o livro não é o saber pronto, não é o saber absoluto, que os livros contêm erros, principalmente no que diz respeito aos temas relacionados à saúde, sendo assim, é essencial na hora da seleção do livro que o professor o analise antes. Os professores deveriam analisar principalmente aqueles conteúdos e temas que trazem maior relevância na sociedade, como é o caso das Leishmanioses.

As informações presentes nos livros deveriam ser corretas, adequadas e atualizadas. Contrariando o que se é esperado, os livros não estão isentos de erros, sejam eles: ortográficos, de conceitos, conteúdos incompletos, a imagens e ilustrações que não condizem com o texto, à presença de termos técnicos ou a ausência de informações. Cabe ao professor adaptar o conteúdo do livro dentro da realidade social e cultural do aluno, caso o livro contenha qualquer tipo de erro ao transmitir a informação ao aluno, corrigir, acrescentar e passar as informações de uma forma clara.

É preciso que o professor desperte o interesse e a curiosidade dos alunos sobre a doença, a forma de transmissão e de controle, estimulando práticas educativas, de modo que eles coloquem em ação o que lhes foi ensinado. As definições presentes nos livros são apenas o início, uma forma dos alunos chegarem até a compreensão e o entendimento do conteúdo que se espera ser repassado.

Deseja-se, com este trabalho, contribuir para a questão do papel e a importância do Professor de Ciências e Biologia no processo de escolha e seleção do Livro Didático.

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Tabela 1. Análise dos Livros Didáticos - Ensino Fundamental.  C01  C02  C03  C04  C05  C06  C07  C08  C09  C10  C11  C12  C13  C14  Total  Total  %  LTA  ✓ ✓  ✓  ✓  ✓  ✓  ✓  ✓  ✓  ✓  ✓  ✓  ✓  13  93  LV  ✓  ✓  ✓  ✓  4  29  Sintomas  ✓  ✓  ✓  ✓  ✓  ✓  ✓  ✓
Figura  1.  Ciclo  de  transmissão,  apresentando  erro:  Vetor  transmitindo  ao
Figura  3.  Ilustração  do  Agente  Etiológico,  apresentando  a  L.  tropica,  pertencente  ao  Velho  Mundo (C10)

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