SZIa Jorge e TopoD2: Relatdrio (21-27)
ALGUMAS PRAGAS
DE
CITRINOSDA
ILHADE
S.
JORGE (ACORES) SOARES, MNIO0.
,
HENRIQUE I.SCHANDERL
&JOSE
M.
P.
ALMEIDADepartamento de Biologia, Universidade dos A~ores Rua M5e de Deus. 58. P-9502 PONTA DELGADA codex
Durante a Expediqiia Cientifica "S. Jorge e Topo/92", realizada em Junho- Julho de 1992, foram colhidas amoatras de drvores de citrinos para observa~lo da entornofauna e acarofauna nocivas a esta cuhura. Foram identificadas 14 espdcies pertencentes
a
9 famflias. AS famtlias Diaspididae, Coccidae e Aphididae, s3u aquelas que apresentam maior riqueza especifica, representando cerca de 60% do total.0 s
citrinos constituem a maior cultura fruteira dos A~ores, em superficie deAmores
de fruto. Na ilha de S. Jorge o mesmo se verifica. sendo esta cerca de 66 5% deste valor. Yerifica-se ainda que a cultura tern sofrida urn incremento consider4veI evidenciado pel0 aumento da sua drea de exploraglo. Assim desde 1985~
1989 esta ultrapassa, em mais de metade, a drea anterior (DREPA, 1985; SREA, 1989).Tendo em vista a implementa$iio de programas de Luta Integada ou de Controlo Biolbgico, a estudo dos Aru6podos nocivos, bem como o de auxiliares, quer sejam insectos ou acaros, em culturas corn dimensgo e irnportlncia econ6mica
6
fundamental. Assim, nesta fase, pretende-se identificar estas espCcies para posteriores estudos dinarnica populacional.
Durante a Expedi~iio Cientifica: "S. JorgelTopo
92",
organizada pelo Departamento de Biologia da Universidade dos Aqores, a Sec~Ho de Predadores Entomdfagos realizou urn trabalho de campo tendo por objective a inventariaqso e actualizaqgo da lisra de insectos e Acaros fit6fagos dos pomares de citrinos desta i l h a .MATERIAL
E
&ODOS0 metoda utiIizado foi a observa@o directa
Seleccionamos
tr&s parcelas de citrinos, em duas zonas diferentes. do concelho de Velas; Queimada. (freguesia deS.
Amaro) e Urzelina (figura 1.). Nestas f o r m ainda seleccionadas 5 hrvores das quais eram recothidas, sensivelmente 5 mesma altura da planta, ramos de diferentes, rebentaqdes. orienta~6es e profundidades em telaq5o ao tronco principat.0 material vegetative
era
trazido para o laboratdrio em sacos de plastico,nvmerados
em
fungza da parcela e da irvore, No laborat6rio era efectuada atriagem qualitativa dos individuos, em funqgo das suas caracteristjcas morfolbgicas externas. recorrendo-se h utiliza@o de uma
Lupa
WildM5
corn amplia~Bo de SOX. Eram separados e conservados em alco61 a 30° para posteriormente serem classificados.Figura 1. Vista parcial da nha de S. Jorge, corn a indica~50 das parcelas de citrinas seleccionadas (1,
2
e 3).0 s
resultados obtidos estio sumarizados nas tabelas 1 e 2, em anexo. Estas indicam as catorze especies observadas. Refira-se que em 3 delas nio foi passive1 classificar at6 & especie por esta razgo s8o indicadas unicamente pela seu geneso:Unaspis
sp., Pseudococcus e Telranychus sp.0 s insectas, em n6mero de doze, pertencem a 7 familias. As de maior riqueza especifica. Diaspididae. Coccidae e Aphididae, esao representadas por 3 especies cada, nas duas primeisas, e
2
espCcies na bltima. As restantes. Pseudococcidae, Margarodidae. Aleyrodidae e Thripidae por 1 sb espbcie.Relativamente
aos
gcaros, apenas 2 foram identificadas as quais pertencem a 2 farnilias; Tenuipalpidae e Tetranychidae.Diaspididae
Lepidosaphes beckii (Newman)
Espdcie que se encontra em todas as zonas de clima temperado. Considerada
uma
das espdcies principais em Portugal Continental/C
A R VALHO,
1990). Identificada paraos
Apores por Matilde BensaGde em 1927 e jA atribnida para as ilhas de S. Miguel, Faial. Pico e Terceira(CARVALHO.
1984:SOARES.
1992; SCHANDERL. 1993).U n a s p i s s p .
As especies referidas coma nocivas aos citrinos, Unaspis citri
C O M S T O C K
e Unaspis yononensis KUWANA, tern distribui~2io tropical e subtropical. Consideradas cosmopolita e muito localizada. na primeira e segunda respectivamente. A primeira n30 se encontra presente na bacia mediterdnea, nZo havendo possibilidades de se aclimatar nesta(BENASSY,
1986).Cirrysomp h a l u s d i c t i e s p a r m i (Morgan)
Espdcie polifaga de zenas temperadas. Ataca citrinos e ornamentais. Considerada uma das espdcics principais em Portugal Continental (CARY
ALHO,
1990). Identificada pela prirneira vcz nos A ~ o r c s em 1957. Mais tardc confirmada a sua presenqa (SCHANDERL, 1993).Coccidae
C e r e p l a s t e s sinensis Del Guercio
Espkie cosmopolita adaptada a zonas temperadas. Ataca algumas plantas ornamentais. Descrita para as ilhas dc S. Migucl Tcrceira e Pico (CARVALHO, 1984; SOARES, 1992; SCHANDERL, 1993). lrnport2ncia econ6mica media crn S. Miguel (CARNEIRO, 1982).
Coccus hasperidium Linneum
Cosmopolita e distribuida por todo
o
mundo, Encontra-se em todaa
bacia mediterrhea, incluindo Portugal Continental. Nos Aqores foi referida como sendo causadora da diminui~go da produ~go de laranja. Identificadanas
ilhas deS.
Miguel, Terceira e Pico (CARVALNO, 1984; SOARES, 1992; SCHANDERL, 1993).Parasita de numerosas plantas, citrinos e ovtras subtropicais. Enconlra-se
em
todoo
mundo. Em Portugal nlo se encontra entre as principais especies da entomofauna nocivados
citrinos.Nos
A ~ o r e s identificado nas ilhas de S. Miguel (SCHANDERL, 1993).Pseudococcidae
Pseudococcus s p .
As espbcies, Pseudococcus citri
(RISSO)
e Pseudocaccus longispinus (TARGIONI) s8o conhecidas emS.
Miguel desde o inicio do seculoXX.
A primeira. foi ainda observada na Ilha Terceira e S. Miguel (CARVALHO, 1984;SCHANDERL.
1993).Margarodidae
leerpa parrchasi (Maskell)
Espdcie pollfaga. Na regigo mediterranea afecta grande parte das plantas
cultivadas e silvestres.
Nos
A F D ~ ~ S foi idenzificada pela primeira vez em 1912. tendo sido combatida, mais tarde, em 1915, corn largadas de Rodolia Cardinalis MASKEL. (CARNEIRO, 1982). Identificada nas ilhas Tcrceira e Pico (CARVALHO, 1984;SOARES,
1992).Aleyrodidae
Alrurothrixus floccosas Mask.
Uma das principais espdcies da entomefauna dos citrinos em Portugal Continental e Madeira (GARCIA:
1986).
Recentemente introduzida nos A~ores e em Portugal Continental. Na ilha da Madeira C conhecida, desde o principio do sCculoXX.
JA
identificada nas ilhas S. Miguel e Pico (SOARES, 1992; SCHANDERL. 1993).Aphididae
Aphis spiraecola Patch
Considerada cosmopolita ou subcosmopolita
(ILHARCO,
1982). DistribuiqIo g e ~ g r ~ c a pwco estudada nos Aqores. EmS.
Miguel, Terceira foi encontradn sobre citrinose
outros hospedeiros (ILHARCO, 1976, 1980) c sobre citrinas, na ilha do Picu (CARVALHO, 1984; SOARES, 1992).Toroptera auranrii (Boyer de Fonscolombe)
Considerada cosmopolita ou subcosmopolita (ILH ARCO. 1982). Observada
nas ilhas de
S.
Miguel, Tcrceira e Faial (ILHARCO, 1976, 1980, CARVALHO, 1984). ThripidaeH e l i o t h r i p s k a e m orrhoIda Iis (Bouchk)
Referida
sobre
diversos hospedeirosaas
ilhas de5.
Maria, S . Miguel, Terceira, S. Jorge, Pico e Faial(ZUR
STRASSEN inCARVALHO.
1984). Sobre os citrinos, encontra-se referida na ilha de S. Miguel(SOARES,
1992;SCHANDERL.
1993).Tenuipalpidae
B r e v i p a l p u s p k o e n i c i s (Geijskes)
Bsptcie fit6faga e presente em n6merosos hospedeiros incluindos ciirinos. Nesta dltima, causando danos nas hreas onde se cultivam. Presente em Portugal Continental e Madeira.
Nos
Aqores identificado recentemente na ilha deS.
Miguel e Terceira(CARMONA,
1981) e observado individuos desta sobre citrinos e outros hospedeiros nas ilhas de S. Miguel, Faial e Pico (SCHANDERL. 1993; COMELLES.Tetranychidae
Neste gtnero s50 observadas esptcies fit6fagas sobre os citrinos. Nos Aqores foi identificada Tclranychus teiarius L. no principio deste seculo. Carneiro. refere-se presenGa de Tetranychus cinnabarinus
BOISDUVAL.
Pensamos, no entanto, que podem pertencera
mesma e recenremente referida paraS.
Miguel como Temnychus urticaeKOCH
(SCRANDERL, 1993).A lista de esptcies fit6fagas agora apresentadas. vem contribuir para o conhecimento da entornofauna e acarofauna dos agroecossistemas da ilha de S. Jorge.
Relrmtivamente aos pomares de citrinos. e comparativamente corn outras ilhas. o nllmero de especies 6 grande. Especial referencia
Bs
famflias Coccidae, Diaspididaee
Aphididae que no seu conjunto comportam cerca de 60% destas.As espdcies mais abundantes foram Aleurorhrixus floccosus MASKELL, Lepidosaph es beckii (NEWMAN) e Aphis spr'raecola PATCH.
Para que a identifica~zo de outras espCcies seja possivel, bem como o estudo do
impacte
destas sobre os hospedeiros e produqIo de frutos desta ilha, sera necesshiourn
estudo mais alargado, no tempo, no espaqo e o recurso h utiliza~go de outras ttcnicas de trabalho.A avalia~Zo dog niveis populacionais, pela quantificaqso dos mesmos, aliados aa estudo de dinlmica papulacional padera fornecer urna base de trabalho para implementaqlo de futuros projectos de Luta Biol6gica ou Protecg5a Integrada para
esta cultura.
B ~ N A S S Y , C., 1986.
Les
Probldme Cochenilles Diaspines Chez les Citrus. Fruits. 41(11): 649-654.B E N S A ~ E ,
M.
1927. InventArio das molestias das plantas agricolas da ilha de S. Miguel. Boletim Agricola e Econdmico da Sociedade Corretora Lda., 4: 3-4.CARMONA,
M. M.,
1981. Dois Acaros Fitdfagos dos Aqotes. Agronomia lusit. 41(2) 139-147.CARNEIRO
M ,
C.. 1980. Problemas Fitossanitarios dos A ~ o r e s . I Congress0 PortuguSs de Fitiatria e Fitofarmaeologia e 111 Simp6sio Nacional de Herbologia: 259-273CARNEI[RO
M.
C., 1982. Pragas das Culturas na Ilha de S. Miguel. Bolrn. da Soc. port. Ent 7 (Supl. A): 7-33.CARVALHO,
I.
P. de, 1984.
Notas Acerca de Pragas de Culturas dos Apres. Universidade dos Agores. 47 pp.CARVALHO, I .
P.
de, 1990.
Entornofauna dos Citrinos e Protecqiio Integrada. Agros. 1: 9-15C O m L E S . J.
C.. SOARES,
A. 0..
SCHANDERL,
K.
J., VERCHER.R.
e FERRAGUT,F.,
1993. A Contribution to Data on Mite fauna in Azores Islands (emapreciaggo)
DREPA, 1985. @irecqIo Regional de Estudos e Planeamento dos A~ores). Aqores: Estrutura AgraTimREPA [Angra do Heroismol.
335
pp.GARCIA,
V.,
1986. Approaches to Inlegrated Control of some Cilrus Pests in Azores and AIgarve (Potwgal). Integrated Pests Control in Citrus Groves Comission of the European Communities. Cavalloro, R . Di Martino.E.
1986. 545-556.ILHARCO,
F.
A*, 1976. A First List of Aphids of the Azores. (Homoptera, Apbidoidea). "Agronomia Lusitana", Lisboa, 37(31,
207-267.ILHARCO,
F.
A*. 1980. Afideos CoIhidos nos A ~ o r e s pelo Major Bivar de Sousa. enue JuZha de 1978 e Agosto de I939 ( Homoptera Aphidoidea ). Bolrn.da Soc. port. Ent., 6. t-9.
ILHARCQ.
F.
A. 1982, Afidofauna A~oriana: ComentArios Zoogeograficos (Hornoptera: Aphidoidea). BoEm. da Soc. port. Ent. 7 (Supl. A): 275- 285.SCHANDERL,
H. J., SOARES A.0.
e ALMEIDA, J.P.,
1993.
Identifica~lo de Pragas de Citrinos na Ilha de S. Miguel. 1' Congress0 de Citricultura. Silves(Em
publicaqgona
Aqoreana).SOARES A.
0..
SCHANDERL,H.
J.. e ALMEIDA, 1.P., 1992.
Algumas pragas nos Pomares de Cjtrinos da IIha do Pico ( A ~ o r e s ). Relatbrios e Comunica$6es do Departamento de Biologia, PicoJ92: 49-52SREA, 1989. Recenceamento Geral Agricola
-
1989. Resultados Preliminares. S e r v i p Regional de Estatistica dos Aqores.Tabela 1. Lista das espCcies de insectos observados
nas
trds parcelas selecionadas. F a m i l i a Genero Espbcie D i a s p i d i d a e Lepidosap hesLepidosaphes beckii (Newman) Unaspis
Unaspis
sp.
ChrysomphalusChrysomphalus dictiospermi (Morgan) C o c c i d a e
Ceroplastes
Ceroplastes sinernsis Del Guercio Coccus
Coccus hesperidium Linneum Saissetia Saissescria coffeae
W
a 1 k e r P s e u d o c o c c i d a e Pseudococcus Pseudococcus sp M a r g a r o d i d a e I c e r y aIcerya purchasi (Maskell) A l e y r o d i d a e
Aleuro thrixua
Aleurothsixus floccosus Maskell A p h i d i d a e
A p h i s
Aphis spiraecola Patch Toxoptera
Toxoptera auranfii (Boyer de Fonscolombe) T h r i p i d a e
Heliothrips
Heliolhrips haemorrhoidalis (Bouch6)
Tahla 2. Lista das especies de 6caros observados nas tr&s parcelas selecionadas. F a m i l i a
GCnero EspCcie
T e n u i p a l p i d a e
Brevipalpus
Brevipalpus phoenicis (Geijskes) T e t r a n y c h i d a e
Tetranychus