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Um caso de colite ulcerosa fulminante

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Academic year: 2021

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Clínica Universitária de Gastrenterologia

Um caso de Colite Ulcerosa Fulminante

Sara Laranjo Duarte

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JUNHO

’2018

Clínica Universitária de Gastrenterologia

Um caso de Colite Ulcerosa Fulminante

Sara Laranjo Duarte

Orientado por:

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Resumo

Introdução: A Colite ulcerosa (CU) é uma das doenças inflamatórias intestinais (DII). Envolve a mucosa cólica de forma contínua, podendo afetar apenas o reto ou estender-se a todo o cólon. Em relação à gravidade da doença podemos ter formas de doença ligeira bem como formas muito graves com mortalidade apreciável se não forem tratadas de forma atempada. Apesar da sua etiologia permanecer desconhecida, pensa-se que a etiopatogenia da doença se relacione com uma resposta inapropriada contra a própria flora intestinal.

Caso clínico: Doente do sexo feminino, 55 anos, ex-fumadora, diagnosticada com proctite ulcerosa ligeira e medicada com 5-ASA enema e oral. Apesar da terapêutica ser escalada para corticoides, quatro meses após o diagnóstico, a doença evolui para um quadro de colite fulminante associada a choque hipovolémico, anemia aguda, coagulação intravascular disseminada (CID) complicada por trombose portomesentérica, isquémia hepática e intestinal e evidência serológica de infeção a citomegalovírus (CMV). No contexto de colite fulminante iniciou neste período infliximab. No mês seguinte, ainda sob corticoterapia, a doente apresentou nova agudização compatível com colite severa, mas desta vez com evidência imunohistoquímica de colite por CMV. Dada a ausência de resposta ao infliximab, alterou-se a terapêutica para vedolizumab, encontrando-se atualmente com a doença controlada.

Discussão: Este é um caso de uma CU com rápida evolução de proctite ulcerosa ligeira para pancolite fulminante, que permitiu discutir vários aspetos relacionados com o diagnóstico e tratamento desta doença bem como possíveis causas para este agravamento súbito.

Conclusão: A Colite Ulcerosa pode ter um espectro de extensão e gravidade muito diverso. O curso galopante desta doença associado a um conjunto de complicações e fatores de risco contribuem para atribuir a este caso um prognóstico reservado.

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Palavras-chave:

doença inflamatória intestinal, colite ulcerosa, colite fulminante,

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Abstract

Introduction: Ulcerative colitis (UC) is one of the inflammatory bowel diseases (IBD). It is characterized by continuous inflammation of the mucosa, which can affect only the rectum or extend throughout the colon. The spectrum of disease extension and severity varies considerably. Although its etiology remains unknown, it is thought to be a result of an inappropriate response against host’s intestinal flora.

Case report: Female patient, 55 years old, former smoker, diagnosed with mild ulcerative proctitis and medicated with 5-ASA, enema together with oral administration. Despite escalating therapy to steroids, four months after the diagnose, the disease progressed rapidly to fulminant colitis associated with hypovolemic shock, acute anemia, disseminated intravascular coagulation complicated by portalomesenteric thrombosis, hepatic and intestinal ischemia, and serological evidence of cytomegalovirus (CMV) infection. In this context of fulminant UC, infliximab was started. In the following month, still under corticotherapy, the patient presented new acute exacerbation compatible with severe colitis, but this time with immunohistochemical evidence of CMV colitis. Due to the lack of response to infliximab, treatment was altered to vedolizumab, with disease control so far.

Discussion: I present a case of a UC with rapid evolution from mild ulcerative proctitis to severe pancolitis, allowing a discussion of multiple aspects related to disease diagnosis and treatment as well as potencial causes for this dismal outcome.

Conclusion: UC can present across a wide spectrum of extension and severity. The association of multiple complications together with treatment refractoriness carries a poor prognosis to this case.

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Key-words:

inflammatory bowel disease, ulcerative colitis, fulminant colitis, venous thrombosis, cytomegalovirus infection

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Índice RESUMO ... 3 PALAVRAS-CHAVE: ... 4 ABSTRACT ... 5 KEY-WORDS: ... 6 LISTA DE ABREVIATURAS ... 8 INTRODUÇÃO ... 9 CASO CLÍNICO ... 10 DISCUSSÃO ... 17 TERAPÊUTICA ... 20

DII E COMPLICAÇÕES TROMBOEMBÓLICAS ... 23

CU E CMV ... 26

PROGNÓSTICO ... 29

CONCLUSÃO ... 30

AGRADECIMENTOS ... 31

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Lista de abreviaturas

5-ASA: Mesalazina

ABIA: Protocolectomia com anastomose com bolsa ileo-anal ANCA: anticorpos anti-citoplasma de neutrófilos

ASCA: anticorpo anti-Saccharomyces cerevisiae CCR: Carcinoma colo-rectal

CID: Coagulação intravascular disseminada CMV: Citomegalovírus

CU: Colite ulcerosa

DII: Doenças inflamatórias intestinais EBV: Vírus Epstein-Barr

ECCO: European Crohn´s and Colitis Organisation EROs: espécies reativas de oxigénio

EV: Endovenosa FA: Fosfatase alcalina

FvW: Fator de von Willebrand

HBPM: Heparina de baixo peso molecular HNF: Heparina não fracionada

IGRA: Interferon gamma realease assay LSN: Limite superior da normalidade

PAI-1: Inibidor um do ativador do plasminogénio PCR: proteína C-reativa

SU: Serviço de urgência

TAFI: inibidor da fibrinólise ativada pela trombina TC: Tomografia computorizada

TPM: Trombose porto-mesentérica tPA: Ativador de plasminogenio tecidual UCE: Unidade de concentrado eritrocitário UCI: Unidade de cuidados intensivos VS: velocidade de sedimentação

VDRL: Venereal Disease Research Laboratory VHC: VÍrus da hepatice C

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Introdução

As doenças inflamatórias crónicas do intestino incluem a Doença de Crohn e a Colite Ulcerosa (CU). A CU, ao contrário da Doença de Crohn que é uma doença transmural, envolve apenas a mucosa e tem uma distribuição contínua, podendo afetar apenas o reto ou estender-se a todo o cólon. Caracteristicamente, evolui com períodos de agudizações e remissões.1,2

Apesar da sua etiologia ser desconhecida, pensa-se que na sua base esteja uma interação entre predisposição genética e fatores ambientais que resulta numa resposta inflamatória inapropriada contra a própria flora intestinal.2,3

É mais frequente nos países desenvolvidos, tendo uma incidência anual de 10.4 a 12 casos por 100000 pessoas e uma prevalência de 35 a 100 casos por 100000 pessoas.1,4

A CU não tem predominância de género e tem um padrão de início bimodal, com um pico entre a 2ª e 4ª décadas de vida e outro, menos frequente, entre a 7ª e 9ª décadas.2 Apresenta como sintomatologia característica: diarreia, hematoquézias, mucorreia, tenesmo, urgência e incontinência fecal. Diarreia noturna e fadiga são frequentemente reportadas. Dor abdominal tipo cólica nos quadrantes inferiores, anorexia e febre sugerem colite grave.2,4

A CU pode também estar associada a uma grande variedade de outras condições patológicas. As manifestações extra-intestinais podem subdividir-se de acordo com a sua relação com a atividade da doença. As que mantêm estreita relação com períodos de atividade da doença intestinal, como a artrite periférica, episclerite e eritema nodoso e as que ocorrem independentemente da atividade inflamatória intestinal, como uveíte e espondilite anquilosante, pioderma gangrenoso e colangite esclerosante. Outras complicações extra-intestinais a referir são: anemia e complicações tromboembólicas. Finalmente, a terapêutica imunossupressora utilizada em muitos casos, predispõe estes doentes a infeções oportunistas, como a infeção por Clostridium difficile e a reativação do citomagalovírus (CMV), sendo desta forma importante excluir estas entidades em agudizações ou no início de terapêuticas imunossupressoras. 1,2

Pretende-se neste trabalho, a propósito de um caso clínico, fazer uma revisão teórica da CU, possíveis causas de reativação da doença bem como de algumas das complicações que podem ocorrer.

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Caso Clínico

H.L., sexo feminino, 55 anos, aparentemente saudável até quatro meses antes, altura em que iniciou quadro de diarreia, com cerca de 4 dejeções diárias, com hematoquézias em moderada quantidade, não associado a esforço defecatório e sem outras queixas nomeadamente proctalgia, mucorreia e sem evidência clínica de manifestações extra-intestinais. Nos antecedentes pessoais não havia dados relevantes a registar com a exceção da doente ter abandonado os hábitos tabágicos, de cerca de 20 cigarros por dia, um ano antes. Antecedentes familiares negativos nomeadamente para DII e/ou carcinoma colorrectal (CCR). Dois meses após o início dos sintomas, foi avaliada em consulta de Gastrenterologia e realizou colonoscopia total que revelou aspetos endoscópicos sugestivos de proctite ulcerosa (Mayo endoscópico 2). O exame histológico das biópsias do reto foi compatível com CU mostrando fragmentos de mucosa do intestino distal ulcerado, com ligeira distorção arquitetural e com moderado infiltrado linfocitário, sem displasia. Estas alterações eram mais marcadas no reto e sigmoideia distal, estando, contudo, também presentes noutros segmentos do cólon.

Foi medicada com 5 ASA 4500 mg por dia bem como enemas diários de 5 –ASA. Uma semana depois, dada a ausência de melhoria, adicionaram-se enemas de budesonide. Dada a persistência do quadro, manteve a terapêutica com 5-ASA oral e tópica e iniciou Prednisolona 40 mg por dia. Na reavaliação, duas semanas depois, mantinha o quadro clínico, desta vez com síndrome proctológico (tenesmo, urgência e falsas vontades) acentuado. Para confirmar a provável falta de resposta endoscópica, realizou retosigmoidoscopia que revelou extensão proximal da doença até pelo menos 25 centímetros da margem anal com mucosa edemaciada e úlceras serpiginosas de forma contínua (colite ulcerosa score endoscópico de Mayo 3). Tendo em conta o agravamento

Imagem 1 – Primeira colonoscopia, dois meses após início dos sintomas. Cego com hiperemia – cecal patch, válvula ileo cecal de aspeto normal e reto com hiperemia, microulcerações, friabilidade

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clínico e endoscópico, aumentou-se a prednisolona para 60 mg por dia e realizou inventário imunológico para início de terapêutica biológica.

Uma semana depois, recorreu ao serviço de urgência (SU) por agravamento do quadro clínico com diarreia com mais de 12 dejeções diárias, hematoquézias, dor abdominal difusa de intensidade moderada e ainda quadro de astenia e anorexia marcados com perda de peso, cerca de 6 Kg em 3 semanas, correspondendo a 8% do seu peso.

Ao exame objetivo, apresentava-se apirética, [Temperatura timpânica (TT): 36.8ºC], hipotensa [Tensão arterial (TA) de 60-40mmHg], com taquicardia compensatória [frequência cardíaca (FC): 110 bpm] e sinais de baixo débito, nomeadamente palidez, sudorese profusa e extremidades frias. À auscultação cardiopulmonar, apresentava S1 e S2 taquicárdicos, sem sopros e murmúrio vesicular mantido e simétrico bilateralmente, sem ruídos adventícios. À palpação abdominal, apresentava um abdómen mole e depressível, doloroso à palpação do hipocôndrio direito, sem reação peritoneal. Não apresentava edemas ou sinais de trombose venosa profunda. Dado o quadro clínico compatível com choque hipovolémico, a doente foi admitida na unidade de cuidados intensivos (UCI).

Analiticamente, apresentava anemia normocítica normocrómica, elevação de parâmetros de fase aguda: leucocitose com neutrofilia e proteína C-reativa (PCR) e velocidade de sedimentação (VS) aumentadas. Apresentava também trombocitopénia

Imagem 2 – Primeira retosigmoidoscopia, duas semanas depois da colonoscopia, revelando, de forma continua, edema, microulcerações e ulceras serpiginosas.

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grave, coagulopatia com prolongamento de INR e fibrinogénio diminuído, na ordem dos 101 mg/dL. As análises evidenciavam também padrão de lesão hepática misto com predomínio hepato-celular com elevação de transaminases 10 vezes superior ao limite superior da normalidade (LSN), fosfatase alcalina (FA) 2 vezes superior ao LSN e bilirrubina aumentada. Eram também evidentes as alterações iónicas com hiponatrémia grave e hipocaliémia ligeira, hipoproteinémia e hipoalbuminémia marcada. (Tabela 1). Apresentava uma gasimetria arterial revelando acidose metabólica compensada com alcalose respiratória (pH: 7.57 paO2: 132 mmHg, pCO2: 21 mmHg, HCO3: 19.2 mmol/L

lactatos: 31 mg/dL). A pesquisa de toxina de Clostridium difficile foi negativa e realça-se o facto de, na avaliação analítica da realça-semana anterior, aprerealça-sentar realça-serologia IgG e IgM positivas para CMV.

No SU realizou Tomografia Computorizada (TC) abdomino-pélvica com contraste endovenoso que revelou fígado com padrão marmoreado com múltiplas áreas hipodensas dispersas sugestivas de lesões de isquémia hepática, ascite em quantidade moderada e deficiente preenchimento do lúmen do tronco da veia porta, dos ramos porta intra-hepáticos, veia mesentérica superior e veia esplénica em provável relação com trombose luminal. Revelou ainda um espessamento difuso da parede de todo o cólon e reto, compatível com processo inflamatório abdominal bem como uma redução do calibre da aorta abdominal e das artérias mesentéricas e renais, sugestivos de baixo débito vascular.

Imagem 3 - TC abdomino-pélvica do primeiro internamento revelando áreas hipodensas hepáticas, trombose luminal das veias mesentérica e esplénica e espessamento difuso da parede

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Tratava-se então, de uma doente com quadro de colite ulcerosa fulminante (12 dejeções diarreicas com sangue por dia, taquicardia, anemia com necessidade de transfusão e VS de 41 mm/h), com choque hipovolémico, anemia aguda por hemorragia digestiva baixa e provável coagulopatia de consumo complicada por trombose portomesentérica, isquémia hepática e intestinal e evidência serológica de infeção a CMV.

A doente foi avaliada em conjunto pela Gastrenterologia e pela Cirurgia Geral e foi transferida para a Unidade de Cuidados Intermédios. Iniciou terapêutica de suporte com ressuscitação hemodinâmica com fluidoterapia endovenosa vigorosa, reposição iónica com cloreto de sódio e potássio e reposição de componentes sanguíneos: duas unidades de concentrado eritrocitário (UCE), 1 pool de plaquetas e 2g de fibrinogénio. Iniciou também hidrocortisona endovenosa (EV) num esquema de 100 mg, de 8 em 8h, e anticoagulação com heparina não fracionada em perfusão. Tendo em conta a evidência serológica de infeção a CMV, iniciou terapêutica dirigida com ganciclovir 500 mg num esquema de 12 em 12h e, tendo em conta o quadro inflamatório abdominal com repercussão sistémica grave, iniciou antibioterapia empírica de largo espectro (piperacilina e tazobactam 4.5g EV de 6 em 6h) atendendo à provável translocação bacteriana intestinal.

As biópsias da retosigmoidoscopia realizada na semana anterior ao internamento mostraram moderada distorção arquitectural, intenso infiltrado inflamatório com numerosos neutrófilos, ulceração, criptite e abcessos de cripta, compatíveis com colite ulcerosa com sinais intensos de atividade, sendo a pesquisa de CMV por imunohistoquímica negativa. A pesquisa de DNA CMV no sangue foi positiva, com uma carga viral de 3821 cópias/mL. As hemo, uro e coproculturas revelaram-se negativas. Por fim, o estudo para início de terapêutica biológica não apresentou alterações relevantes: a doente não tinha clínica ou história prévia de tuberculose pulmonar, o registo de provas de tuberculina prévias era negativo (o último em 1986), IGRA negativo, serologia VIH, antigénio HBs, anticorpo HBc e VHC negativos, VDRL negativo, e apresentava cicatriz imunológica de infeção a EBV Herpes Zoster, VHA e vacinação contra o VHB.

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No dia seguinte ao início da corticoterapia EV em alta dose e da anticoagulação objetivou-se melhoria clínica com melhoria do perfil hemodinâmico e diminuição do número de dejeções por dia.

Ao segundo dia de internamento repetiu TC abdomino-pélvica que revelou melhoria do quadro com recanalização das veias porta, mesentérica e esplénica e melhoria das lesões isquémicas hepáticas, bem como do processo inflamatório intestinal. Ao terceiro dia de internamento apresentava 3 dejeções diarreicas com moderada quantidade de sangue vivo e PCR em rampa descendente pelo que que foi considerada uma respondedora à corticoterapia tendo-se optado por protelar a colectomia. No entanto, dada a gravidade do quadro, decidiu-se iniciar, ao quinto dia de internamento, terapêutica biológica com infliximab na dose de indução 5 mg/Kg/dia, iniciando-se também desmame da corticoterapia.

A sua evolução laboratorial durante o internamento está representada na tabela 1.

Imagem 4 - Biópsias da primeira retosigmoidoscopia mostrando colite ulcerosa em fase ativa.

Imagem 5 - Biópsias da primeira retosigmoidoscopia com resultado de imunohistoquímica para CMV negativa.

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Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Dia 5 Dia 6 Dia 7 Dia 11 Hemoglobina (g/L) 10.4 12.1 11.5 11.6 11.9 11 9.8 8 Leucócitos 14160 16770 16550 15960 13400 11010 8830 10060 Plaquetas 16000 104000 145000 218000 258000 279000 282000 281000 INR 1.73 1.4 1.3 1.18 1.09 1.09 1.14 0.97 TP (segundos) 19.7 16 14.9 13.6 12.6 12.6 13.1 12.7 PCR (mg/dL) 3.37 2.28 2 1.24 0.86 0.55 0.41 0.19 VS (mm/h) 41 35 Ureia (mg/dL) 45 53 50 63 66 69 67 30 Creatinina (mg/dL) 0.72 0.67 0.87 0.87 0.84 0.74 0.72 0.62 BilT (mg/dL) 1.84 1.1 0.88 0.88 1.04 0.85 0.76 0.45 BilC (mg/dL) 1.01 0.64 0.49 0.48 0.58 0.44 0.36 0.21 AST (UI/L) 153 158 122 86 67 61 54 36 ALT (UI/L) 341 455 418 351 297 240 202 139 FA (UI/L) 356 255 261 304 318 282 260 209 GGT (UI/L) 618 458 467 646 816 828 801 541

Tabela 1 - Evolução laboratorial do primeiro internamento

A doente evoluiu favoravelmente com resolução da dor, mantendo as 3 dejeções diárias, mas sem sangue, apirética e com estabilidade hemodinâmica. Analiticamente, manteve anemia normocítica normocrómica, apresentou descida de parâmetros de fase aguda, subida de plaquetas, normalização do INR, melhoria do perfil hepatobiliar e do perfil iónico, o que permitiu a alta ao 13º dia de internamento, sob terapêutica biológica (esquema de indução às 0, 2 e 6 semanas). No sentido de perceber se haveria vantagem em aumentar as doses de Infliximab, foi feito doseamento sérico antes da 2ª administração do período de indução que mostrou níveis de infliximab de 20 µg/mL, pelo que se manteve o intervalo e doses habituais. Manteve corticoterapia oral em desmame lento, anticoagulação com enoxaparina e valganciclovir.

Tendo em conta o agravamento da atividade da CU após a alta, com cerca de 5 dejeções diárias, sem sangue, optou-se por antecipar a 3ª toma do período de indução bem como aumentar a dose de infliximab para 10 mg/Kg, apesar dos níveis de infliximab serem de 8 µg/mL.

Apenas realizou uma administração nesta dosagem pois um mês após o internamento, ainda sob desmame de corticoterapia, recorreu novamente ao SU por

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agravamento do número de dejeções (mais de 6 por dia) com hematoquézias, febre e dor abdominal difusa com 5 dias de evolução. Ao exame objetivo, encontrava-se vígil, pálida, desidratada e eupneica. Apresentava-se subfebril (TT: 37.8ºC), normotensa (TA: 112/60 mmHg), normocárdica (FC: 82 bpm) e sem alterações à auscultação cardiopulmonar. Apresentava ruídos hidroaéreos aumentados e um abdómen timpanizado, depressível e discretamente doloroso à palpação dos quadrantes esquerdos. As análises laboratoriais evidenciaram leucocitose e aumento da PCR. Realizou nova retosigmoidoscopia que revelou mucosa com perda total do padrão vascular, friabilidade, erosões e ulcerações profundas, compatível com proctite ulcerosa grave – Mayo 3. Optou-se assim, por internar novamente a doente com diagnóstico de colite ulcerosa grave, segundo os critérios de Truelove e Witts, bem como alterar corticoterapia para hidrocortisona EV 100 mg de 6 em 6 horas.

Durante o internamento, evoluiu de forma favorável, com diminuição do número de dejeções para 1 por dia, sem sangue vivo, sem dor abdominal e apirexia mantida. Analiticamente, verificou-se também uma melhoria do quadro com descida dos parâmetros de fase aguda (tabela 2) tendo tido alta para o domicílio ao fim de uma semana.

Tabela 2 - Evolução laboratorial no segundo internamento.

Dia 1 Dia 2 Dia 5 Dia 7

Hemoglobina (g/dL) 12 11,1 10 11,1 Leucócitos 14900 12000 6660 8590 Plaquetas 298000 289000 295000 339000 PCR (mg/dL) 6,59 6,73 0,76 0,31 Ureia (mg/dL) 23 27 29 30 Creatinina (mg/dL) 0,79 0,75 0,58 0,63

Imagem 6 – Segunda retosigmoidoscopia que revelou mucosa hiperemiada, com inducto mucoso, friável ao toque e com ulceração superficial .

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As biópsias da retosigmoidoscopia revelaram, posteriormente, uma inclusão intra-nuclear de CMV por imunohistoquímica com carga viral de 2500 cópias/mL, pelo que iniciou terapêutica com valganciclovir oral 900 mg de 12 em12 horas.

Por manter uma doença clínica e endoscopicamente grave apesar de níveis séricos de Infliximab adequados assumiu-se resistência aos anti-TNF e, após terapêutica dirigida ao CMV e dois meses após o último internamento, iniciou terapêutica com vedolizumab, que mantém até à data com apenas 1 dejeção por dia sem sangue. Ainda não repetiu a avaliação endoscópica.

Discussão

Neste caso clínico documenta-se uma CU diagnosticada numa mulher de 55 anos com uma evolução invulgar que permite a discussão de diversas particularidades, tais como critérios de atividade que permitem classificar a doença em colite ulcerosa grave e fulminante, bem como a conduta nestes casos, o estado de hipercoaguabilidade próprio das DII, o papel que o CMV pode ou não ter nesta patologia, a ausência de resposta à terapêutica com infliximab e a correlação entre o tabagismo e a CU.

Não existe um método gold standard para o diagnóstico da CU. Este diagnóstico é estabelecido através da clínica, avaliação laboratorial e ileocolonoscopia com biópsias a vários níveis. A colonoscopia mostra um envolvimento contínuo do cólon, com diminuição do padrão vascular, eritema, friabilidade, ulcerações e hemorragias espontâneas, dependendo do grau de gravidade. Na análise histológica das biópsias é habitualmente visível uma inflamação difusa e contínua da mucosa do cólon com infiltrado de células inflamatórias com: plasmocitose basal associado a atrofia da mucosa, distorção da arquitetura das criptas e processos de criptite. Observa-se comummente uma diminuição das características inflamatórias da parte distal para a proximal. Nas análises laboratoriais deve ter-se em especial consideração parâmetros como hemoglobina, leucócitos, plaquetas, PCR, VS, procalcitonina e albumina, que nos apontam para uma doença crónica com atividade inflamatória.1 A calprotectina fecal, mas também a lactoferrina, têm tido um papel crescente na avaliação da DII, não tanto no diagnóstico mas sobretudo no seguimento pois permitem avaliar a atividade da doença bem como a resposta à terapêutica. O aumento destes parâmetros é também importante a nível prognóstico uma vez que um aumento duas vezes superior ao normal de calprotectina fecal permite prever o risco de agudização da doença.5 Os marcadores serológicos, apesar

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de não específicos, podem ser positivos em doentes com CU, nomeadamente ANCA em 60 a 70% e, menos frequentemente, ASCA em 10 a 15% dos casos. 2,4,6

Existem vários scores que permitem avaliar a gravidade da doença relativamente à sua extensão, atividade clínica e endoscópica dos quais destaco a classificação de Montreal, o score de Mayo e os critérios modificados de Truelove e Witts.

Pela classificação de Montreal, a CU pode classificar-se segundo a sua extensão em: proctite (E1) (40-50%), colite esquerda (E2) (30-40%) e pancolite (E3) (20%); segundo a sua gravidade em: em remissão (S0), doença ligeira (S1), moderada (S2) e grave (S3), de acordo com a sintomatologia e com as análises laboratoriais (imagem 7 e 8). Por sua vez, os critérios de Mayo permitem classificar a doença também de acordo com a sua atividade, contemplando, para além da sintomatologia, a avaliação médica global e os achados endoscópicos (imagem 9).1,7

Imagem 7 - Classificação da Colite Ulcerosa segundo os critérios de Montreal.7

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Imagem 9 – Atividade da Colite Ulcerosa segundo o score de Mayo.6

Na altura do diagnóstico, a doente apresentava, segundo a classificação de Montreal, uma proctite de atividade ligeira, portanto, E1S1 e, tendo em conta os achados endoscópicos, uma proctite Mayo endoscópico 2, uma vez que apresentava uma mucosa hiperemiada e friável, perda do padrão vascular e erosões.6 Uma das particularidades

deste caso é precisamente a evolução e a alteração da classificação da doença num curto período de tempo.

Ambos os internamentos da doente foram motivados por agudizações da doença de base. As apresentações graves da CU podem subdividir-se em crises agudas graves e colite fulminante. Ambas são emergências médicas importantes que requerem hospitalização imediata. A colite grave, apresentada pela doente no segundo internamento, pode ser classificada pelos critérios de Truelove e Witts, bastante usados para classificar a gravidade das agudizações, e caracteriza-se por uma frequência de dejeções superior a 6 associado a temperatura superior a 37.5ºC, ou taquicardia, ou hemoglobina inferior a 10.5 g/dL ou uma VS superior a 30 mm/h (imagem 10).6,9 A CU fulminante é uma forma mais grave do que a descrita anteriormente, caracterizando-se por mais de 10 dejeções diarreias diárias associadas a hemorragia contínua, dor e distensão abdominal e sintomas de toxicidade sistémica como febre e anorexia. Nesta

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última, enquadra-se a apresentação da doente no primeiro internamento com mais de 12 dejeções, hemoglobina de 10.4 g/dL, com necessidade de transfusão, taquicardia (FC: 110 bpm) e VS de 41 mm/h.9 A CU fulminante apresenta grande risco de progressão para megacólon tóxico e perfuração intestinal sendo que, anteriormente à corticoterapia, estas apresentações eram responsáveis por uma mortalidade entre 22 a 75% no primeiro ano após o diagnóstico. Com a introdução da corticoterapia, esta mortalidade reduziu para 7%.10

Imagem 10 - Classificação da Colite Ulcerosa segundo os critérios de Truelove and Witts 11

Terapêutica

Em pacientes com CU fulminante, a abordagem passa pela admissão hospitalar, administração de corticosteroides EV (metilprednisolona 60 mg por dia ou hidrocortisona 100g, 4 vezes por dia), durante 7 a 10 dias, HBPM, antibioterapia de largo espectro para prevenção de translocação bacteriana, correção dos desequilíbrios hidro-eletrolíticos e da anemia.12

Os critérios de Oxford devem ser avaliados entre as 48 e 72 horas após o início de cortocoterapia e incluem frequência de dejeções e valor de PCR. Estes parâmetros permitem classificar o tipo de resposta do doente à corticoterapia ao terceiro dia de admissão, devendo-se, na ausência de resposta, iniciar outras opções terapêuticas e/ou considerar cirurgia, como se encontra demonstrado na imagem 11.10

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Em caso de resposta parcial podemos iniciar infliximab ou ciclosporina. No caso particular desta doente, em ambos os internamentos, verificou-se uma resposta à corticoterapia tendo havido uma redução do número de dejeções de 12 para 3 dejeções diárias e PCR inferior a 4.5 mg/dL. Por esta razão foi protelada a cirurgia. A terapêutica cirúrgica é protelada ao máximo uma vez que apresenta uma morbilidade considerável com necessidade de construir um estoma, embora transitório. Apenas se recorre a esta estratégia quando estamos perante um caso de CU moderada a grave e resistente a todas as terapêuticas médicas (consultar imagem 11). As indicações absolutas para cirurgia são: megacólon tóxico persistente, hemorragia não controlada, perfuração, carcinoma colo-retal ou lesões displásicas não removíveis por via endoscópica e CU aguda grave refratária à terapêutica médica.9 A cirurgia mais frequentemente executada é a protocolectomia com bolsa ileo-anal (ABIA) em 2 ou 3 tempos.1,2 Existem diversas complicações associadas a esta cirurgia, sendo que as pós-operatórias ocorrem em 33% dos pacientes e as complicações tardias em 30%. Mais de 46% dos doentes com ABIA irão ter pelo menos um episódio de pouchitis, uma inflamação da bolsa íleo-anal, sendo a sua apresentação caracterizada por aumento da frequência de dejeções, urgência, incontinência fecal e desconforto abdominal.13

Imagem 11. - Algoritmo de decisão terapêutica para doentes com colite ulcerosa severa agudizada com corticoterapia intensiva10.

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A terapêutica de indução e manutenção da CU baseia-se na gravidade, distribuição, frequência de agudizações, resposta prévia ao tratamento e na duração da doença.12

Segundo a ECCO, para proctite ligeira está preconizada 5-ASA enema 1g por dia podendo ou não adicionar-se a formulação oral 2g por dia, tal como foi realizado no caso de H.L., na altura do diagnóstico.12

Contudo, esta doente, apesar da dose adequada de 5-ASA enema e oral, manteve as queixas pelo que foi escalada para corticoterapia oral, primeiro na dose de 40 mg por dia e posteriormente, por ausência de resposta, para 60 mg por dia. Pela refratoriedade terapêutica com evolução para CU fulminante, iniciou terapêutica biológica com infliximab, um anti-TNF. Antes de iniciar a terapêutica com biológicos, é necessária a exclusão de infeções ativas e latentes, como infeção por CMV, C. difficile, tuberculose ou presença de neoplasias. O infliximab é utilizado num esquema de 5 mg/Kg, podendo ir até 10 mg/Kg, às 0, 2 e 6 semanas (fase de indução) e posteriormente a cada 8 semanas (fase de manutenção), sendo que, em casos de perda de resposta ao infliximab, é possível escalar a dose para 10 mg/Kg ou encurtar o intervalo para esquemas de 6 em 6 semanas. Atualmente está cada vez mais recomendada a prescrição da dose em função dos níveis séricos medidos antes da administração programada. 12,13

A continuação da terapêutica com infliximab, apenas deve ser feita no caso de

existir resposta terapêutica, sendo esta resposta avaliada através da monitorização clínica, laboratorial e endoscópica. No caso de não haver resposta, é importante medir os níveis dos anticorpos anti-TNF e do fármaco anti-TNF (infliximab) para perceber se é uma ausência de resposta primária ou secundária, e ainda, se se deve aumentar os níveis, ou mudar de classe. Segundo o TAXIT trial, estes níveis devem manter-se entre 3 e 7 µg/mL, uma vez que são estes os níveis mais eficazes a atingir a remissão clínica e endoscópica. No caso de existirem elevados níveis de anticorpos anti-TNF, ausência da cicatrização da mucosa ou remissão da sintomatologia, mesmo com a dose máxima possível de infliximab à 14ª semana, é pouco provável que haja resposta e deve considerar-se alterar a terapêutica.14,15

No caso apresentado, dada a falta de resposta ao infliximab, apesar de níveis séricos adequados, decidiu-se alterar a terapêutica para vedolizumab, um anticorpo monoclonal contra a integrina α4β7, indicado para CU ativa, moderada a severa, com história de perda de resposta a agentes imunomoduladores ou a anti-TNF, como o

(23)

infliximab, com um esquema de indução de 300 mg EV, às 0, 2 e 6 semanas, e posterior manutenção de 300 mg EV a cada 8 semanas.13,15,16

A estratégia de Treat to Target é um esquema proposto para a DII e tem com objetivo atingir a remissão clínica e a remissão endoscópica. Ou seja, através da otimização da terapêutica, pretende-se a resolução dos sintomas bem como a remissão endoscópica e histológica. Segundo este esquema, a mucosa do cólon deve ser avaliada, por meios endoscópicos, entre 3 a 6 meses após o início da terapêutica. O doente deve ser avaliado regularmente no mínimo de 3 em 3 meses até à resolução dos sintomas e depois com uma frequência de 6 a 12 meses com o objetivo de manter um controlo apertado.8

DII e complicações tromboembólicas

O caso apresentado, ilustra alterações da coagulação, nomeadamente fenómenos tromboembólicos e coagulação intravascular disseminada (CID), reconhecidamente associadas à DII.

A CID decorre de uma ativação sistémica da coagulação com produção e deposição exagerada de fibrina e consequente formação de trombos em resposta à atividade excessiva das proteases que ultrapassa as capacidades anticoagulantes naturais. A ativação persistente da coagulação, resulta no consumo de plaquetas e fatores de coagulação com consequente risco hemorrágico. Esta é uma condição secundária muito associada a doenças que envolvem a ativação do sistema inflamatório, como é o caso das DII. Esta entidade é raramente encontrada em doentes com DII mas está sobretudo associada a períodos de agudização.17

Doentes com DII têm um risco de complicações tromboembólicas 3 vezes superior ao normal.18,19,20 Tais complicações ocorrem, sobretudo, em idades inferiores a 40 anos, sendo 3 vezes mais frequente em homens.21 As complicações tromboembólicas têm uma taxa de mortalidade por episódio de até 25%, sendo a terceira causa de morte em pacientes com DII. Apresentam uma taxa de recorrência de 30%, dos quais 70% ocorrem no mesmo local e são do mesmo tipo que o primeiro episódio.21,22 Este risco aumentado tem por base um estado pró-trombótico de causa multifatorial.22

A associação entre DII e tromboembolismo está bem estabelecida e não se prende apenas com o estado inflamatório típico ou com uma doença intestinal crónica, uma vez que não foi demonstrada noutras doenças como artrite reumatoide ou doença celíaca. 18,23

(24)

num doente com DII e fenómenos tromboembólicos, pode ser importante excluir estas entidades, sobretudo causas adquiridas como neoplasias. 18,23,24

As complicações tromboembólicas mais frequentes são a trombose venosa profunda, com uma incidência global de cerca de 1 a 8%, sendo mais frequente nos membros inferiores e no sistema pulmonar (90.4%), seguindo-se das veias portal e mesentérica (9.6%).21,23,25,26 Pode ocorrer, embora menos frequentemente, trombose arterial.21

Estes eventos ocorrem na maioria das vezes durante a doença ativa, tendo, nesta fase, um risco 8 vezes superior. Contudo, um terço ocorre mesmo quando a doença se encontra em fase de remissão, corroborando a hipótese de que o estado pró-trombótico é independente da atividade da doença.26,27,28 Existe também uma correlação entre a extensão da doença e a incidência destes eventos. Assim, pancolites, como é o caso desta doente, têm um maior risco de tromboembolismo.26

Tendo uma etiologia multifatorial, foram identificados vários fatores de risco herdados e adquiridos que contribuem para o estado de hipercoagulabilidade. Nos fatores adquiridos estão incluídos: a depleção de fluídos, hospitalizações, imobilizações prolongadas, cirurgias, fase ativa da doença, uso de cateteres venosos centrais, terapia com corticosteroides, tabagismo e hiperhomocisteinemia, sendo este último um fator de risco independente.26,29,30 Alguns estudos demonstraram um nível aumentado de homocisteína em doentes com DII, pensando-se que os défices de folato, causados por fármacos como metotrexato ou sulfasalzina, possam contribuir para este facto.31 Quanto

às trombofilias de causa genética, não foi estabelecida nenhuma associação entre estas mutações e a DII, reforçando assim o peso dos fatores adquiridos no estado pró-trombótico da DII. 21

Diversos estudos mostraram ainda, anomalias na cascata de coagulação com elevação do fibrinogénio circulante, da protrombina e dos fatores V, VII, VIII, X, XI e XII e níveis diminuídos do Fator XIII.21 Pensa-se que a diminuição do fator XIII se deva a um consumo constante do mesmo para a formação de microtrombos, principalmente na mucosa entérica inflamada.32 Estas descobertas corroboram a hipótese de uma ativação do sistema de coagulação na DII.21

Relativamente ao sistema fibrinolítico, este também se encontra alterado em doentes com DII, tendo sido descrita uma redução dos ativadores da fibrinólise, como o ativador de plasminogénio tecidual (tPA) e um aumento dos seus inibidores, como o inibidor um do ativador do plasminogénio (PAI-1) e inibidor da fibrinólise ativada pela

(25)

trombina (TAFI).21 No que toca a este último, estabeleceu-se uma correlação entre este,

a atividade da doença e marcadores inflamatórios como a PCR, podendo ser utilizado para avaliar a gravidade da doença.33

Também relacionado com a atividade da doença, está o fator de von Willebrand (FvW), um marcador que, quando em concentrações aumentadas, como no caso das DII, se relaciona com disfunção endotelial. Num endotélio inflamado, existe uma produção diminuída de óxido nítrico e uma produção aumentada de espécies reativas de oxigénio (EROs). A associação entre EROs e o FvW aumentado, leva à formação de grandes multímeros de FvW que são hemostaticamente mais ativos, favorecendo a ativação e adesão plaquetária.21,22

As plaquetas em doentes com DII apresentam alterações morfológicas, quantitativas e qualitativas, sendo que, a trombocitose está relacionada tanto com a atividade como com a gravidade da doença. Outro dos componentes implicados no estado pró-trombótico são as micropartículas libertadas por plaquetas ativadas ou apoptóticas, identificadas em concentrações elevadas em doentes com DII ativa. Estas têm propriedades pró-coagulantes devido à expressão de fator tecidual.21,34 Na DII, as plaquetas parecem circular cronicamente ativadas sendo mais reativas à ação de agentes pró-agregantes. Pensa-se que esta hiperativação plaquetária ocorra sobretudo ao nível da mucosa intestinal, uma vez que foi no sangue mesentérico que foram encontradas maiores quantidades de agregados plaquetários.35

Assim, a inflamação e a coagulação formam entre si um ciclo vicioso, uma vez que o estado inflamatório, com a lesão endotelial, as citocinas e outras moléculas inflamatórias, alteram o equilíbrio hemostático, promovendo a hipercoagulabilidade que, por sua vez, potencia ainda mais a inflamação.27

Um dos exemplos deste estado pró-trombótico é precisamente o da trombose porto-mesentérica (TPM). Esta patologia tem uma prevalência de até 1%, ocorre mais frequentemente em doentes com mais de 37 anos e com mais de 8.5 anos de DII.36 Cerca de 40% dos doentes são assintomáticos e quando têm sintomas, os mais comuns são: dor abdominal, febre, náuseas, vómitos, síndrome de resposta inflamatória sistémica e raramente ascite, sendo bastante difícil de distinguir de uma agudização da DII.36,37

Segundo a ECCO, em casos de doentes hospitalizados com CU fulminante, deve fazer-se profilaxia anticoagulante, através de meios mecânicos, como meias de contenção elástica, e farmacológicos com HBPM, HNF ou fondaparinux, especialmente em períodos de imobilização prolongada. Esta terapêutica, apesar de não existirem

(26)

recomendações consistentes, deve ser realizada durante pelo menos 5 dias, seguida de antagonistas da vitamina K, os quais devem ser continuados até 3 meses após a remissão da doença. 12,38 Em pacientes com segundo episódio, deve ser considerada a terapêutica supracitada a longo prazo. 38, 39 Existem ainda evidências de que fármacos utilizados na terapêutica convencional da CU como messalazina, azatioprina e infliximab possam contribuir para diminuir o estado pró-trombótico.25,40

No que concerne ao prognóstico, doentes com história de TPM apresentam maior probabilidade de necessitarem futuramente de corticoterapia, de necessitarem de hospitalização e ainda de serem submetidos a cirurgia. Concluindo, a TPM está associada a piores outcomes na DII.37

Assim, esta entidade, em conjunto com baixo débito vascular presente na nesta doente no momento da primeira admissão, pode explicar as alterações dos testes de função e enzimologia hepática, bem como as alterações na TC abdominal, uma vez que se verificava uma diminuição da perfusão do fígado compatível com uma isquémia hepática. Porém, a rapidez com que o processo reverteu é igualmente compatível com a hipótese de não existir propriamente uma trombose portomesentérica mas apenas um colapso vascular pelo estado de baixo débito em que a doente se encontrava.

CU e CMV

Outra particularidade deste caso é a associação da CU com a infeção por CMV, detetada nas serologias e biópsia da mucosa cólica.

A seropositividade para CMV é bastante frequente na população adulta, cerca de 40 a 100%, principalmente em países não-ocidentais.41 Em indivíduos imunocompetentes esta encontra-se latente e assintomática. A sua reativação observa-se em doentes imunocomprometidos, situação típica entre os doentes com DII, muitas vezes tratados com imunossupressores (corticoesteróides ou imunomoduladores), como é o caso desta doente. 41,42, 43, 44 Estes doentes têm assim um risco de doença clínica mais elevado.

A infeção por CMV define-se como a deteção do vírus CMV ou de proteínas virais em qualquer amostra biológica, sem sinais ou sintomas associados. A deteção faz-se através da pesquisa de anticorpos (IgM ou IgG) anti-CMV no soro ou através da deteção DNA viral por polymerase chain reaction, sendo este último considerado o método mais fiável.45 A infeção difere da doença uma vez que, esta última, implica a existência de

(27)

manifestações clínicas, tanto como síndrome viral ou como doença orgânica invasiva com lesões nos tecidos afetados.46 No caso específico da Colite por CMV, segundo Weng et

al, implica a existência de sintomatologia como febre, dor abdominal, diarreia

sanguinolenta, perda ponderal, evidência endoscópica de mucosa eritematosa com ulcerações longitudinais perfuradas, hemorragias. Implica ainda a evidência, na biópsia, de células gigantes (com cerca de 25-35 µm de diâmetro) e, pelo menos um corpo de inclusão usualmente chamado de owl’s eye, detetado por imunohistoquímica em 10 a 20 campos de alta potência na mucosa intestinal obtida por biópsia. 46, 47

A colite ulcerosa é a DII que apresenta uma maior prevalência tanto da infeção por CMV como da doença clínica, sendo que as maiores taxas de evidência de CMV na mucosa do cólon se verificam na CU grave (21-34%) e nas formas de doença refratárias à corticoterapia (33-36%).45,48

O papel do CMV na CU ainda não está bem estabelecido. Se por um lado existem teorias de que este vírus é apenas um bystander inocente nas exacerbações da CU, aproveitando-se de uma maior suscetibilidade das células da mucosa afetadas, por outro lado, existem teorias que afirmam que o CMV tem um papel ativo no decurso de uma exacerbação.49 Segundo Park et al, é provável que, para um baixo grau de infeção por CMV, este seja um bystander inocente, ao passo que para graus mais elevados (definidos como uma carga viral superior a 250 cópias/mg), seja um patogéneo ativo, contribuindo para piores outcomes. Park et al, demonstraram que os doentes com baixo grau de infeção não apresentaram grandes variações nas taxas de colectomia, contrariamente aos doentes com alto grau. Para os doentes a realizar terapêutica antiviral, esta taxa foi de 44% ao passo que, para os que não realizaram esta terapêutica, a taxa de colectomia foi de 83%.

49,50, 51

Alguns estudos concluíram que têm maior risco de colite por CMV, os doentes com CU do sexo feminino, com mais de 30 anos, mais de 5 anos de doença, colite esquerda ou pancolite (E2 e E3, segundo a classificação de Montreal) e doentes já sujeitos a terapêuticas com corticoesteróides ou azatioprina. Pode assim constatar-se que a doente apresenta 4 dos fatores de risco anteriormente citados.46,52

Uma vez que apenas uma minoria dos casos com infeção a CMV evolui para doença clínica, a pesquisa CMV apenas está indicada em doentes com CU grave ou cortico-resistente e antes de iniciar ou aumentar a terapêutica com imunomoduladores e agentes biológicos.45

(28)

Atualmente, segundo a ECCO, deve considerar-se a terapêutica antiviral em doentes com evidência de CMV na mucosa do cólon. Nos casos de CU grave ou cortico-resistente com evidência de CMV na mucosa intestinal, deve considerar-se interromper a terapêutica com imunomoduladores até que se verifique uma melhoria clínica (imagem 12).49,52

A terapêutica preconizada nestas situações é ganciclovir EV, 5 a 7.5 mg/Kg, 2 vezes por dia, durante 2 a 3 semanas, podendo alterar-se ao fim de 3 a 5 dias para valganciclovir oral, 1g, 3 vezes por dia.45,49

A infeção por CMV parece agravar o prognóstico de doentes com CU. Existem evidências de que pode desencadear agudizações cortico-resistentes, apresentar um maior risco de megacólon tóxico e maior probabilidade de hospitalização, bem como uma maior probabilidade de intervenção cirúrgica. Para além disto, uma infeção com mais de 250 cópias/mg, como é o caso da doente, mostrou ser um fator preditivo de resistência à corticoterapia e mostrou uma propensão cerca de 6 vezes maior para a ausência de resposta à terapêutica com infliximab.12,49 Portanto, neste caso, a infeção por CMV poderá ter contribuído para a resistência terapêutica ao infliximab.

Esta doente, dada a deteção de CMV, foi tratada inicialmente com ganciclovir apenas com evidência de infeção, uma vez que estava sob corticoterapia e que iria iniciar agentes biológicos a curto prazo, estando assim mais suscetível. Posteriormente, as biópsias evidenciaram CMV na mucosa do cólon pelo que se protelou o inicio do vedolizumab que iria contribuir para a imunossupressão.

(29)

Prognóstico

Esta é uma doente que apresenta diversos fatores de mau prognóstico. A doente é ex-fumadora tendo assim um risco aumentado de um curso clínico desfavorável, uma vez que tem maior probabilidade de recaída, de hospitalizações, de necessidade de colectomia e menor probabilidade de regressão da doença, comparativamente a um não fumador. No grupo dos fumadores verifica-se uma menor taxa de doentes com CU e, entre os que sofrem desta patologia, verifica-se que estes têm um curso clínico mais favorável, apesar de todos os riscos associados ao tabagismo.3,13

Outro dos fatores é a extensão proximal da doença. Segundo Solberg et al, doentes que apresentam uma progressão para colite proximal, como é caso da H.L., têm maior probabilidade de necessitar de colectomia relativamente a doentes que apresentem colite extensa à altura do diagnóstico (28% versus 19%, respetivamente).53 Uma pancolite tem um pior prognóstico, não só pela maior carga da doença, com necessidade de terapêuticas mais agressivas, mas também porque o próprio curso natural da doença é pior. Estudos revelaram que doentes com extensão proximal da doença apresentavam doença com maior atividade, maior número de hospitalizações, maiores taxas de colectomia e maior necessidade de terapêutica com biológicos.54

Segundo Reinisch et al, uma CU moderada a severa na altura do diagnóstico, níveis de PCR elevados tanto na altura do diagnóstico como ao longo do curso da doença, níveis de VS superiores a 30 mm/h, score de Mayo mais elevado, infeção por CMV, hospitalizações prévias, ausência de resposta a azatioprina, corticosteroides ou infliximab, estão associados a maiores taxas de colectomia e a maior mortalidade. Já níveis de hemoglobina inferiores a 9 g/dL, fibrinogénio inferior a 200 mg/dL e aumento do tempo de protrombina (superior a 14s) estão associados a cortico-resistência.54, 55

Tendo em conta o caso clínico, pode concluir-se que esta doente apresenta bastantes fatores de mau prognóstico tendo assim uma probabilidade aumentada de cortico-resistência e de necessidade de colectomia.

Os doentes com CU têm um risco aumentado de desenvolver carcinoma colo-retal (CCR), comparativamente à população em geral. Fatores como a duração, extensão e a atividade inflamatória da doença influenciam este risco.Doentes com pancolite, como é o caso desta doente, têm um risco ainda maior de desenvolver displasia ou carcinoma colo-retal e, desta forma, o início e a frequência da vigilância endoscópica deve ser mais apertado. Segundo a ECCO, em doentes com CU extensa e com intensa atividade inflamatória, a colonoscopia de vigilância deve ser anual.1

(30)

Conclusão

Concluindo, a CU é uma doença com um espetro de apresentação muito grande, podendo variar, de caso para caso, ao nível da extensão, gravidade, manifestações extra-intestinais, complicações e prognóstico. O exemplo da H.L. mostra-nos uma CU de evolução galopante em que, num curto espaço de tempo, uma proctite ligeira progrediu para uma pancolite fulminante. Associadas a esta rápida evolução, estão um conjunto de complicações que atribuem a este caso um mau prognóstico, com provável necessidade de colectomia a curto prazo.

É muitas vezes difícil manter a remissão, principalmente em doentes com evoluções tão hostis. É importante manter uma vigilância apertada, através de marcadores laboratoriais de inflamação, um método não invasivo que apresenta cada vez mais um papel preponderante na identificação de agudizações, e através da colonoscopia. A avaliação da atividade da doença associada uma terapêutica eficaz, por objetivos, que permita inicialmente controlar e diminuir a atividade inflamatória da CU induzindo a remissão e, posteriormente, mantendo a mesma, permitem evitar períodos de agudizações que acarretam uma considerável morbilidade.

(31)

Agradecimentos

Quero agradecer à minha mãe, pai, restante família, amigos e namorado que sempre me deram todo o apoio que precisei ao longo do meu percurso pela FML.

Gostaria ainda de agradecer à Drª Marília Cravo por toda a atenção e disponibilidade, desde o primeiro dia, para orientar o meu trabalho final, bem como à Drª Catarina Gouveia pela sua dedicação e preciosa ajuda nesta etapa.

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Tabela 1 - Evolução laboratorial do primeiro internamento
Tabela 2 - Evolução laboratorial no segundo internamento.

Referências

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