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PDF PT Jornal Brasileiro de Pneumologia 6 4 portugues

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ISSN 1806-3713 © 2016 Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia

http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37562016000000354

Desenvolvendo perguntas do estudo que

fazem a diferença

Cecilia Maria Patino

1,2

, Juliana Carvalho Ferreira

2,3

1. Department of Preventive Medicine, Keck School of Medicine, University of Southern California, Los Angeles, CA, USA.

2. Methods in Epidemiologic, Clinical and Operations Research (MECOR) Program, American Thoracic Society, New York, NY, USA, and Asociación Latinoamericana de Tórax, Montevideo, Uruguay.

3. Divisão de Pneumologia, Instituto do Coração – InCor – Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil. CONTEXTO

Uma pergunta de estudo clínico é deinida como uma incerteza sobre um problema de saúde que aponta para a

necessidade de compreensão e investigação deliberada.(1)

Para os clínicos interessados em realizar pesquisa clínica de alta qualidade, é fundamental reconhecer que o processo de pesquisa começa com o desenvolvimento de uma pergunta

sobre uma área de interesse especíica relacionada à saúde. Isso é importante, pois uma vez deinida a pergunta do

estudo, a mesma impacta cada um dos demais componentes do processo de pesquisa, incluindo a geração da hipótese

e a deinição do delineamento apropriado do estudo, bem

como a população e as variáveis do estudo e a abordagem estatística. No entanto, a formulação de uma boa pergunta de estudo não é tarefa fácil; exige um determinado conjunto de habilidades e a utilização de abordagens estruturadas.

DESENVOLVENDO E REDIGINDO UMA PERGUNTA DE ESTUDO

O desenvolvimento de uma pergunta de estudo começa

pela identiicação de um problema clínico que seja importante para os pacientes, tendo relação com o manejo e, por im,

a melhora da saúde dos mesmos. O processo exige que os cientistas clínicos sejam curiosos e estejam atentos aos resultados da prática diária, e também que sejam ávidos leitores

da literatura cientíica, participem de atividades cientíicas

(por exemplo, journal clubs) e tenham acesso a um mentor

cientíico ou colaboradores interessados em pesquisa clínica.

A própria pergunta de estudo deve atender a certos critérios, resumidos pelo acrônimo FINGER, do inglês Feasible, Interesting, Novel, Good (for your career), Ethical, and Relevant (Quadro 1). (1)

Recomendamos o exame sistemático dos critérios FINGER e a discussão de todos os aspectos relevantes com um mentor

ou colega antes da redação do protocolo de estudo e da

realização de um trabalho que irá responder à pergunta de

estudo proposta.

Uma vez deinida, a pergunta do estudo deve ser redigida

de forma que a resposta possa ser expressa por um número, o que é típico de perguntas de estudo descritivas (por exemplo,

uma prevalência relacionada à carga de doença, tal como

“Qual é a prevalência da asma entre moradores de favela no Brasil?”), ou por sim ou não, o que é típico de estudos sobre associações entre exposições e desfechos (por exemplo, “Morar em favela no Brasil está associado a aumento da mortalidade entre adultos com asma?”). Além disso, se o pesquisador

tem uma hipótese sobre a resposta à pergunta do estudo,(1)

é importante que essa hipótese seja redigida utilizando-se uma abordagem abrangente, resumida pelo acrônimo PICOT, do inglês Population (população a ser incluída no estudo),

Intervention (tratamento aplicado aos participantes no braço tratamento),Comparison (tratamento aplicado ao grupo controle),Outcome (variável de desfecho primário), e Time

(tempo de seguimento para medir o desfecho).(2)

INVESTIR TEMPO E ESFORÇO PARA ELABORAR UMA PERGUNTA DE ESTUDO BEM REDIGIDA E DE ALTA QUALIDADE VALE A PENA!

Como cientistas que treinam clínicos para se tornarem pesquisadores de sucesso, não podemos deixar de enfatizar a importância de se investir o tempo com sabedoria para desenvolver uma pergunta de estudo de alta qualidade. Os pesquisadores que formulam e enunciam de forma clara uma pergunta de estudo sobre um problema importante relacionado

à saúde estão em vantagem por terem maior probabilidade de

convencer indivíduos-chave a fornecer-lhes os recursos e apoio necessários para a realização do estudo, bem como de aumentar a qualidade do trabalho a ser publicado.(3)

Quadro 1. Descrições expandidas dos critérios recomendados para o desenvolvimento de uma boa pergunta de estudo.

Critérios FINGER

Feasible (Factível)

Acesso a um número adequado de participantes

A equipe de pesquisa tem formação técnica adequada para realizar o estudo Acessível: os custos são razoáveis e o inanciamento está disponível Pode ser concluído em um período de tempo razoável

Interesting (Interessante)

As respostas fornecidas pelo estudo serão de interesse para a comunidade cientíica Novel (Original)

Fornece novos achados, amplia ou refuta achados anteriores Good (Bom)

Para sua carreira: se alinha em seu plano de carreira Ethical (Ética)

O risco para os participantes é baixo/aceitável, considerado ético pelos pares e pelo comitê de ética Relevant (Relevante)

Para melhorar o conhecimento cientíico, orientar médicos clínicos e a política de saúde e impactar futuras pesquisas

REFERÊNCIAS

1. Hulley SB, Cummings SR, Browner WS, Grady DG, Newman TB. Designing clinical research. 4th ed. Philadelphia (PA): Lippincott Williams and Wilkins; 2013.

2. Haynes R. Forming research questions In: Haynes R, Sackett D, Guyatt GH, Tugwell P, editors. Clinical Epidemiology: How to do Clinical Practice

Research. Philadelphia, PA: Lippincott Williams & Wilkins; 2006. p. 3-14. 3. Rios LP, Ye C, Thabane L. Association between framing of the research

question using the PICOT format and reporting quality of randomized controlled trials. BMC Med Res Methodol. 2010;10:11. http://dx.doi. org/10.1186/1471-2288-10-11

J Bras Pneumol. 2016;42(6):403-403

403

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