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Relação entre conservação e comercialização de energia elétrica : um estudo sobre representações sociais

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Academic year: 2017

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Universidade Católica de Brasília

Pró- Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Programa de Pós-Graduação de Mestrado em Psicologia

Relação entre conservação e comercialização de energia elétrica: um estudo sobre representações sociais

Maria Helena Bastos Cunha

Orientadora: Prof. Dra. Tânia Maria de Freitas Rossi

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Relação entre conservação e comercialização de energia elétrica: um estudo sobre representações sociais

Maria Helena Bastos Cunha

Trabalho apresentado ao Programa De Pós-graduação em Psicologia da Universidade Católica de Brasília como requisito para a obtenção do título de Mestre em Psicologia.

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Trabalho apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Católica de Brasília como requisito para a obtenção do título de mestre em psicologia e examinado pela seguinte Banca:

_________________________________________________________________________ Professora Doutora Tânia Maria de Freitas Rossi

Presidente da Banca Universidade Católica de Brasília

_________________________________________________________________________ Professora Doutora Carmen Jansen de Cárdenas

Membro da Banca

Universidade Católica de Brasília

_________________________________________________________________________ Professor Doutor Fernando Monteiro de Figueiredo

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Sumário:

Pág.

Agradecimentos i

Resumo ii

Abstract iii

Introdução 01

II – O Setor Elétrico Brasileiro 07

III – A Companhia Energética de Brasília 21

IV – A Teoria das Representações Sociais 25

V – Metodologia 40

VI – Resultados 57

VII – Considerações Finais 110

Referências Bibliográficas 113

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Agradecimentos

Inicialmente agradeço a Deus pela vida, e por ter permitido que eu concretizasse um sonho há tantos anos acalentado: o mestrado em Psicologia.

À minha mãe Irene – fonte de amor incondicional – e à minha filha Andréia pela compreensão e apoio.

À minha querida orientadora Prof. Dra. Tânia Maria de Freitas Rossi, pela competência e dedicação com que guiou os meus passos nessa dissertação, sempre com palavras de carinho, me incentivando a enfrentar os desafios e a não esmorecer.

Aos professores doutores Fernando Monteiro de Figueiredo e Carmen Jansen Cárdenas, que me fizeram sentir muito honrada ao comporem a banca examinadora desta dissertação. Aos amigos Robertson Moreira de Sá e Eliene Muniz de Matos, os primeiros na CEB que me estimularam a cursar o mestrado.

À doutoranda Divaneide Lira Lima Paixão, pela grande ajuda no processamento e interpretação do Alceste, e à aluna de Psicologia Ana Paula Bueno, pela contribuição na elaboração das tabelas e gráficos do Alceste.

Aos queridos primos Ângela, Homero e Marco Antônio pela ajuda e apoio moral nas diversas etapas do trabalho.

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Resumo:

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Abstract:

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Introdução

1.1 – Os problemas decorrentes do consumo de energia elétrica:

A energia elétrica é um bem que está incorporado ao modo de vida moderno, pois. com exceção de comunidades rurais remotas, atualmente não se imagina viver sem esse recurso.

Até a década de 70, o Brasil apresentava condições satisfatórias de fornecimento de energia elétrica, mas a partir da década de 80, houve uma diminuição dos investimentos no setor elétrico, em função da dívida externa e inflação.

Paralelamente, o setor elétrico constatou o desperdício no consumo de energia elétrica, por parte dos consumidores, o que levou o governo federal a criar em 1985 o Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Energia – PROCEL, subordinado ao Ministério de Minas e Energia, com o objetivo de fomentar ações de estímulo ao uso racional de energia, tanto nos aspectos tecnológicos, quanto nos hábitos de consumo dos usuários. Desta forma, em atendimento às recomendações do PROCEL, as concessionárias agregaram à estrutura organizacional uma unidade responsável pela realização de projetos relacionados ao uso racional de energia, ou seja, de eficiência energética.

Com o agravamento da crise energética, o governo implantou o programa de racionamento, que vigorou no período de 1 de junho de 2001 a fevereiro de 2002, nas regiões Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste.

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fornecimento de energia elétrica ao Distrito Federal, para atender às exigências contratuais, implementa dois programas: Programa Anual de Eficiência Energética e Programa Anual de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico. Ambos os programas têm como objetivo agregar inovações tecnológicas ao sistema, de modo a melhorar a qualidade dos serviços prestados aos clientes, bem como orientá-los sobre o uso racional de energia. É oportuno registrar que desde 1987 a CEB tem realizado projetos de eficiência energética, os quais referem-se ao uso racional da energia e eliminação dos desperdícios, sem abrir mão do conforto trazido pela eletricidade. A partir de 1995, com a criação de uma assessoria voltada para o desenvolvimento energético, essas ações começaram a ser intensificadas, culminando com a exigência legal da ANEEL para realização de programas anuais de eficiência energética e pesquisa e desenvolvimento. Embora haja uma diferenciação teórica entre os conceitos de conservação de energia elétrica e eficiência energética, nesta pesquisa serão utilizados com sentidos equivalentes.

As ações de eficiência energética compreendem duas vertentes: tecnológica – projetos de equipamentos e instalações mais eficientes, e educacional – projetos educacionais e de sensibilização dos clientes, orientando-os sobre o combate ao desperdício. A necessidade de intensificar as iniciativas de orientação aos clientes sobre o tema tornou-se mais premente no período de maio de 2001 a fevereiro de 2002, quando o Governo Federal instituiu o Programa de Racionamento.

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Em decorrência dos prejuízos financeiros causados pela queda no consumo de energia, evidenciou-se internamente à organização uma reação de antagonismo aos projetos de eficiência energética. É provável que essa oposição existisse anteriormente, de forma velada, porém emergiu com mais força durante o racionamento, devido aos impactos ocorridos na receita da empresa. Em outras ocasiões alguns profissionais, notadamente da área de produção e comercialização, já haviam verbalizado que a idéia de incentivar a economia de consumo era contrária à meta principal da CEB, pois uma empresa que vende energia não pode estimular seus clientes a diminuir o consumo. Em contraposição, os técnicos da área de eficiência energética argumentavam ser essa uma alternativa inteligente para a concessionária, pois poderia adiar a aplicação de vultosos investimentos na expansão da geração de energia elétrica.

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A constatação é de que não há uma homogeneidade nos discursos dos empregados da CEB, no que se refere a projetos de eficiência energética, sugerindo a existência de posicionamentos diferenciados ligados às idéias de eficiência energética ou à preocupação com o mercado. A falta de clareza na abordagem desse tema tem dificultado o desenvolvimento da unidade organizacional responsável pelo desenvolvimento energético. Parece haver, como conseqüência, uma retração da área de eficiência energética, a qual cria uma inibição em relação a iniciativas mais arrojadas, tanto na implantação de novas tecnologias, como nos projetos de orientação aos clientes.

A proposta deste projeto de dissertação foi apresentar um estudo de caso, analisado com base na Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici, como essa conjuntura refletiu no ambiente interno de uma concessionária – a Companhia Energética de Brasília – CEB, influenciando as crenças, os saberes, as opiniões, os valores e as atitudes de seus empregados sobre a conservação de energia elétrica. O estudo pretendeu identificar as representações sociais dos empregados da CEB, e responder à indagação: Há contradições que se verificam nas representações sociais dos empregados da CEB, das áreas de eficiência energética e de comercialização, em relação à conservação de energia elétrica?

Esse cenário como um todo trouxe repercussões não só para os consumidores, como também para o ambiente interno das empresas concessionárias de energia elétrica. A compreensão mais profunda dessa realidade consensual é benéfica à CEB, que poderá integrar esforços e investimentos que atendam, ao mesmo tempo, à responsabilidade social para com a sociedade a qual presta serviços e às metas de auto-sustentação empresarial.

Os problemas relatados refletem, em grande parte, os percalços que as empresas do setor elétrico brasileiro têm vivenciado, devido às crises econômicas, político e sociais.

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1.2 –Objetivos do estudo:

1.2.1 -Objetivo Geral

O objetivo do presente estudo foi identificar e analisar as representações sociais dos empregados da CEB, relacionadas às ações de conservação da energia elétrica, para verificar se havia contradições nas representações dos empregados cujas atividades são voltadas para eficiência energética e nas daqueles com atividades relativas à comercialização e produção de energia elétrica.

1.2.2 - Objetivos Específicos:

a) Identificar as representações sociais dos empregados da CEB, que atuam nas áreas relacionadas à comercialização de energia elétrica e à eficiência energética, sobre a conservação de energia elétrica, bem como a adoção de procedimentos profissionais em relação à eficiência energética;

b) Identificar o que pensavam os empregados da CEB em relação às iniciativas de orientação aos clientes sobre o uso racional de energia elétrica;

c) Identificar o que pensavam os empregados da CEB sobre a implementação de projetos de eficiência energética em unidades consumidoras;

d) Analisar as representações sociais obtidas para verificar possíveis contradições nos grupos pesquisados.

1.3 – Hipótese:

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Capítulo II – O Setor Elétrico Brasileiro

2.1 - O Processo Produtivo de Energia Elétrica:

Com o intuito de facilitar a compreensão da especificidade do setor elétrico, inicialmente será feita uma abordagem ampla da produção da energia elétrica e da organização do setor no Brasil, tomando como referência principal a obra “Energia elétrica para o desenvolvimento sustentável”, organizada por Reis e Silveira (2000).

O sistema elétrico como um todo abrange a operacionalização de três grandes subsistemas: geração, transporte e uso final de energia. No Brasil predomina a utilização da geração hidrelétrica, devido à grande disponibilidade de recursos hídricos. O transporte da energia em grandes blocos, dos pontos de geração (usina hidrelétrica) até os grandes centros consumidores, caracteriza a transmissão. É feita através das linhas de transmissão e torres, que cruzam grandes distâncias até os pontos próximos aos grandes centros consumidores. O sistema de distribuição consiste no transporte de energia do ponto de chegada da transmissão até o consumidor individual. As empresas distribuidoras compram energia em grande quantidade das geradoras e ajustam os níveis de tensão para o consumo de sua clientela, que se distribui em vários segmentos, como: residencial, comercial, industrial, iluminação pública, poder e serviços público e rural. Os subsistemas de geração e transporte desenvolvem estratégias para otimizar a oferta de energia. O subsistema uso final da energia preocupa-se com as necessidades do mercado consumidor e com os serviços que oferece, considerando as peculiaridades dos diferentes segmentos.

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conforto ao homem. A satisfação dos desejos e necessidades dos clientes e a manutenção de um padrão satisfatório de qualidade de vida constitui o elo final da cadeia energética.

Para atender o objetivo de fornecer adequadamente a energia elétrica aos consumidores, as empresas distribuidoras são estruturadas de tal forma que possam exercer três funções: engenharia, gestão e administração e comercialização (Reis, Tahan, Gouvêa, Ribeiro e Carvalho, 2000). A função engenharia é a atividade fim da empresa e compreende as seguintes atividades: planejamento da expansão do sistema, padronização de materiais e equipamentos, projetos dos sistemas elétricos, construção das redes planejadas, operação e manutenção das redes e dos equipamentos. A função gestão e administração refere-se à estratégia do negócio da empresa e o apoio administrativo, como: planejamento estratégico e de investimentos da empresa, recursos humanos, suprimentos, financeira, informática e transporte. A função comercialização ocupa-se de todo o relacionamento técnico-comercial com o consumidor.

2.2 - Energia Elétrica e Desenvolvimento Sustentável:

A revisão bibliográfica sobre a ligação da energia elétrica com a questão ambiental está em grande parte fundamentada na publicação de Reis e Silveira (2000) sobre o assunto.

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afetar a capacidade de gerações futuras de também satisfazerem suas próprias necessidades.

Na análise das condições de sustentabilidade do desenvolvimento de um país a energia elétrica é considerada um indicador econômico (produtividade energética: relação PIB/energia consumida) e indicador social (a- cobertura elétrica: porcentagem de lugares eletrificados; b- cobertura das necessidades energéticas básicas: consumo de energia útil residencial).

Se os problemas ambientais estão em grande parte relacionados à pobreza, como a falta de moradia, alimentação e saúde, os países desenvolvidos são acusados de serem os maiores causadores de poluição. Os paradigmas atuais de desenvolvimento priorizam, em sua maioria, o crescimento econômico, e necessário se torna englobar as dimensões políticas, econômica, sociais, tecnológicas e ambientais; enfim, adotar uma “visão estratégica do trajeto humano” (Reis, Silveira e Galvão, 2000).

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linhas de transmissão e as subestações do sistema de transmissão de energia elétrica causam impactos socioambientais, cujas principais conseqüências são:

- Efeitos de campos elétricos e magnéticos que podem ser prejudiciais aos organismos vivos expostos aos seus efeitos.

- Interferência eletromagnética em aparelhos de rádio e TV das populações vizinhas às linhas de transmissão;

- Podem restringir a utilização de áreas agrícolas produtivas.

O Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica – PROCEL estima que cada consumidor residencial desperdiça 10% da energia elétrica fornecida; e o segmento comercial desperdiça 14% , equivalente a um desperdício de 20% de energia elétrica no Brasil (www.eletrobras.gov.br/procel).

As decisões acordadas no Protocolo de Kyoto, em 1997, estabeleceram medidas para controlar as emissões dos gases-estufa até 2020. Em consonância com essas diretrizes, o setor elétrico tem desenvolvido tecnologias que minimizam os impactos ambientais negativos de usinas que utilizam o carvão mineral e os derivados de petróleo; estimulado o uso de gás natural; melhorado a segurança das usinas nucleares e estimulada a adoção de fontes primárias renováveis, como energia solar, eólica, hidrelétricas e biomassa.

2.3 - Planejamento Energético:

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crescimento dos países em desenvolvimento e, em conseqüência, um aumento significativo na demanda de energia. Em contraposição, no cenário ecológico, a possibilidade da adoção de medidas de eficiência energética e de fontes alternativas de energia renováveis como a biomassa, energia solar e eólica, reduzirá a taxa de crescimento do consumo. Esse fato demonstra que a ênfase no desenvolvimento sustentável poderá trazer resultados positivos para o futuro.

Os autores citados afirmam que há uma tendência de aumento da participação da eletricidade no consumo energético futuro, devido às vantagens que esse tipo de energia apresenta: flexibilidade e confiabilidade, alternativas para produção ambientalmente limpa, limpeza nos usos finais, tecnologia bem dominada e em franco desenvolvimento, integração às demais tecnologias e capacidade para atender aos principais serviços de tecnologia demandados pela sociedade atual.

No Brasil as usinas hidrelétricas de médio e grande porte são distantes dos centros consumidores, aos quais se conectam por extensas linhas de transmissão de alta tensão, compondo um sistema de geração e transmissão interligado. Nos anos 90 as políticas de planejamento energético voltaram-se para a geração descentralizada ou local, na qual através de pequenas centrais hidrelétricas (PCH) ou sistemas de fontes alternativas, ocorre o suprimento de consumidores locais. Os esforços para construção ou a reativação de usinas menores e locais devem-se às mudanças ocorridas no setor elétrico brasileiro, como a descentralização, privatização, aumento da confiabilidade, menores impactos sócio ambientais e diminuição de custos. Entretanto, a decisão sobre a melhor alternativa no planejamento energético deve levar em consideração os critérios econômico-financeiros, sociais, políticos e ambientais.

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energia em sua cadeia total. A conservação de energia representa uma estratégia que contrasta com a preocupação anterior baseada na oferta de energia (Saidel, Kanayama, Carvalho, Alvarez e Udaeta,(2000). Para isso é necessário que o planejamento dos sistemas de energia elétrica sofra transformações conceituais e metodológicas, passando de uma ênfase puramente econômica, para uma visão holística, em que fique evidenciada a preocupação com a responsabilidade social, no sentido de garantir a preservação do meio ambiente para as futuras gerações.

2.4 - O Setor Elétrico Brasileiro:

A partir do início da década de 90, o setor elétrico brasileiro tem sido objeto de profundas transformações na sua estrutura de gerenciamento, de investimentos, e nos mecanismos de controle e fiscalização. O Estado redefiniu o seu papel na economia, instituiu uma política de privatização e passou a desempenhar a função de regulador e fiscalizador. Houve um enfraquecimento do poder público e, em conseqüência, algumas ações que são de utilidade pública, como a eficiência energética, têm despertado pouco interesse do investidor privado. O grande desafio nessas mudanças implementadas no setor elétrico é assegurar a competitividade das empresas com o alcance dos objetivos sociais, de proteção ambiental e de sustentação do sistema para o futuro, afirma Jannuzzi

(www.fem.unicamp.br/~jannuzzi/id34_m.htm).

Em 1996, foi instituída a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, com o objetivo de regulamentar e fiscalizar a produção, a transmissão, a distribuição e a comercialização de energia elétrica.

Em 1998 foi criado o Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS, responsável pelo controle da geração e transmissão de energia elétrica nos sistemas interligados e distribuidoras.

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principais responsabilidades são: “promover o aproveitamento racional de energia, a proteção ao consumidor, a proteção ao meio ambiente, o incremento do uso do gás natural, a utilização de fontes renováveis de energia, a promoção da livre concorrência, a ampliação da competitividade e a atração de capitais para a produção de energia”

(www.ons.gov.br).

As mudanças implementadas refletiam uma política de incentivo à livre iniciativa e competitividade, em contraposição à situação anterior, em que o Estado detinha o monopólio de toda a cadeia produtiva da energia elétrica.

2.5- Comercialização de Energia Elétrica:

As empresas distribuidoras de energia elétrica exercem a comercialização em duas direções: compram a energia das empresas geradoras e a repassam ao consumidor, para o uso final.

A reestruturação do setor elétrico brasileiro levou a uma mudança na operacionalização da compra e venda de energia entre as empresas geradoras e as distribuidoras. Os procedimentos atuais foram estabelecidos pela Lei no. 10.848, de 15 de março de 2004, que determina que a comercialização de energia elétrica entre as empresas do setor dar-se-á mediante a contratação regulada ou livre. Foi autorizada a criação da Câmara de Comercialização de energia Elétrica – CCEE, em substituição ao Mercado Atacadista de Energia Elétrica – MAE, com a finalidade de viabilizar a comercialização de energia elétrica entre as empresas.

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consumidor é definido como “pessoa física ou jurídica, ou comunhão de fato ou de direito, legalmente representada, que solicitar à concessionária o fornecimento de energia elétrica e assumir a responsabilidade pelo pagamento das faturas e pelas demais obrigações fixadas em normas e regulamentos da ANEEL, assim vinculando-se aos contratos de fornecimento, de uso e de conexão ou de adesão, conforme cada caso”.

2.6 - Eficiência Energética:

A preocupação com a preservação ambiental e fatores de ordem econômica levaram à adoção de medidas de conservação de energia.

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equipamentos elétricos como geladeiras, freezers e outros, que eram eficientes do ponto de vista do consumo de energia.

As ações fundamentadas nessa política pública têm o caráter de informar e sensibilizar os consumidores para o uso racional de energia. O PROCEL sempre atuou de forma contínua e sistemática, e suas diretrizes foram sendo absorvidas paulatinamente pelas concessionárias, que têm desenvolvido projetos específicos de eficiência energética para o seu mercado consumidor. Há uma congruência entre as ações e a política pública formulada, procurando divulgar para a população a idéia de que racionalizar energia traz benefícios financeiros para os clientes e ajuda a preservar o meio ambiente. A palavra-chave dessa política é racionalizar.

Para o PROCEL “combater o desperdício significa melhorar a maneira de utilizar a energia, sem abrir mão do conforto e das vantagens que ela proporciona. Significa diminuir o consumo, reduzindo custos, sem perder, em momento algum, a eficiência e a qualidade dos serviços”(www.eletrobras.gov.br/Procel). É possível conservar energia sem prejuízos para o crescimento da economia e garantir a preservação do meio ambiente, desde que sejam disponibilizados equipamentos mais eficientes, tornando racional a produção e a distribuição e sensibilizando a população e setores produtivos da sociedade.

A Agência Nacional do Petróleo – ANP recomenda que “um programa de racionalização do uso de energia deve abranger os seguintes tópicos:

- eliminação de desperdícios;

- aumento da eficiência intrínseca dos equipamentos;

- preservação do meio ambiente pelo controle das emissões de poluentes;

- reaproveitamento dos recursos naturais, através de reciclagem e otimização do consumo;

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localização e transporte, assim como a valorização de produtos e serviços mais econômicos em termos de consumo energético”(www.anp.gov.br).

Diversas barreiras têm dificultado a implementação e consolidação de programas de conservação de energia nos países em desenvolvimento: a) barreiras técnicas e econômicas; b) barreiras relacionadas com os produtores, distribuidores e fabricantes de equipamentos; c) barreiras relacionadas com os consumidores; d) barreiras sociais, políticas e institucionais (Saidel et al, 2000). As barreiras relacionadas com o comportamento dos consumidores referem-se principalmente a: falta de informação, que pode ser resolvida por meio de campanhas de divulgação e esclarecimentos; incentivos fiscais e legais; subsídios financeiros para propiciar a inserção da população de baixa renda nos projetos de eficiência energética; a indiferença dos consumidores que consideram a energia elétrica um insumo barato e por isso não se interessam em aderir às campanhas de uso racional de energia; os consumidores desconhecem como identificar oportunidades de redução de consumo. As barreiras sociais, políticas e institucionais referem-se à necessidade de subsídios financeiros para que a população de baixa renda possa ter acesso à energia elétrica de forma eficiente, além da necessidade do planejamento energético das empresas do setor elétrico considerar o fator sustentabilidade.

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Quadro 2.1: Legislação sobre Eficiência Energética

- Decreto no. 1.040, de 11/01/1994: determina aos agentes financeiros oficiais a inclusão, entre as

linhas prioritárias de crédito e financiamento, dos projetos destinados à conservação e uso racional da

energia e ao aumento da eficiência energética.

- Resolução ANEEL no. 242, de 24/7/1998: determina que as concessionárias de distribuição de

energia elétrica apliquem 1% (um por cento)da receita operacional anual (RA) em ações de eficiência

energética.

- Decreto no. 3.330, de 6/01/2.000: dispõe sobre a redução do consumo de energia elétrica em prédios

públicos da Administração Pública Federal.

- Resolução ANEEL no. 271, de 19/07/2000: estabelece os critérios de aplicação de recursos em

ações de combate ao desperdício de energia elétrica e pesquisa e desenvolvimento tecnológico do

setor elétrico brasileiro.

- Lei no. 9.991 de 24/07/2000: dispõe sobre realização de investimentos em pesquisa e

desenvolvimento e em eficiência energética por parte das empresas concessionárias, permissionárias e

autorizadas do setor de energia elétrica.

- Resolução ANEEL no. 185, de 21/05/2001: estabelece critérios para cálculo e aplicação dos

recursos destinados à pesquisa e desenvolvimento, bem como em eficiência energética, pelas

concessionárias, permissionárias e a utorizadas do setor de energia elétrica.

- Decreto no. 3.867, de 16/07/2001: regulamenta a Lei no. 9.991, que dispõe sobre realização de

investimentos em pesquisa e desenvolvimento e em eficiência energética por parte das empresas

concessionárias, permissionárias e autorizadas do setor de energia elétrica.

- Resolução ANEEL no. 394, de 17/09/2001: estabelece os critérios para aplicação de recursos em

projetos de combate ao desperdício de energia elétrica.

- Lei no. 10.925, de 17/10/2001: dispõe sobre a Política Nacional de Conservação e Uso Racional de

Energia.

- Resolução Aneel no. 492, de 3/09/2002: estabelece os critérios para aplicação de recursos em

programas de eficiência energértica.

- Lei no. 10.848, de 15/03/2004, que dispõe sobre a comercialização de energia e altera os artigos 4o. e

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A análise da eficiência energética tem um amplo espectro de atuação, abordando desde as campanhas de divulgação e ações educativas para os consumidores relacionadas ao combate ao desperdício, o incentivo às indústrias para o fabrico de equipamentos eletro-eletrônicos com menor consumo energético e a tarifação diferenciada para incentivar a eficiência energética.

2.7 - O Racionamento de Energia Elétrica:

Com o agravamento da crise energética, o governo implantou o Programa Emergencial de Redução de Consumo de Energia, que vigorou no período de 1 de junho de 2001 a fevereiro de 2002, nas regiões Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste, e aumentou a necessidade de intensificar as iniciativas de orientação aos clientes sobre o combate ao desperdício de energia elétrica. Os principais motivos que levaram ao racionamento foram a insuficiência de investimentos no setor elétrico, aliado ao baixo índice de chuvas no período.

Naquela ocasião foram realizadas intensivas campanhas de sensibilização nos meios de comunicação de massa, com o objetivo de orientar aos clientes sobre como economizar energia elétrica. As empresas distribuidoras de energia formaram as Brigadas da Economia, que visitavam os clientes para prestar orientação personalizada; implantaram um Call Center específico para atender aos inúmeros pedidos de informação sobre o assunto; realizaram palestras nas escolas e em locais solicitados pelos clientes e contrataram campanhas publicitárias. O governo estabeleceu metas de consumo de energia para os clientes, que resultavam em bônus ou multas e até possibilidades de suspensão do fornecimento, caso fossem cumpridas ou não.

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como prêmio por ter cumprido as metas de consumo estabelecidas pelo governo. Outro fator mobilizador pode ter sido a preocupação com as conseqüências advindas do não cumprimento das metas. No Distrito Federal, a maioria da população mostrou que estava bem informada sobre o desperdício e suas conseqüências para a vida das pessoas e que o principal veículo de divulgação era a televisão (Rossi, 2002). As razões alegadas para a decretação do racionamento foram várias, porém o que estava implícito era a necessidade de tomar medidas drásticas para evitar o colapso do Brasil, em decorrência de um possível “apagão”.

Como conseqüência das campanhas de comunicação, do medo de conviver com o “apagão” e da política pública de racionamento de energia divulgada de forma bastante clara e incisiva, a sociedade brasileira rapidamente assimilou os novos conceitos e aderiu em massa ao combate ao desperdício. Ocorreram profundas mudanças no comportamento dos consumidores, os quais descobriram ser possível usufruir os benefícios da energia elétrica de uma forma mais racional, evitando o desperdício, sem prejuízo ao seu conforto. Além disso, onerando menos o orçamento doméstico com o pagamento da conta de luz.

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Capítulo III – A Companhia Energética de Brasília

Nos primeiros anos após a inauguração de Brasília o fornecimento de energia elétrica estava sob a responsabilidade do Departamento de Força e Luz - DFL, um órgão da NOVACAP. Em 16 de dezembro de 1968 foi criada a Companhia de Eletricidade de Brasília – CEB, uma empresa de economia mista, em substituição ao antigo DFL. Em 1993 a CEB ampliou seu mercado de atuação, incluindo a distribuição de gás canalizado e outras fontes de energia, e passou a denominar-se Companhia Energética de Brasília. Devido à necessidade de adequação ao novo modelo do setor elétrico, a CEB criou três empresas subsidiárias (controladas) e cinco participações societárias (coligadas) e tornou-se uma holding. Além da distribuição de energia elétrica, a CEB detém a concessão para a distribuição de gás natural e tem autorização para atuar na prestação de serviços de telecomunicações, transmissão de dados e consultoria.

A CEB é a concessionária de energia elétrica no Distrito Federal, com uma área aproximada de 5.814 Km2 e 694.254 consumidores em 2002, dos quais 86,74 % são do segmento residencial. O mercado da CEB vinha apresentando um crescimento anual médio de 6,5 %, porém o racionamento implementado pelo governo em 2001 acarretou um decréscimo no consumo de energia elétrica de 13%, conforme dados do Relatório de Administração da CEB; e somente em 2002 o consumo voltou a crescer 4,4%, igualando-se aos valores do ano de 1998. Em 2004 o consumo apreigualando-sentou um acréscimo de 6,6 % em relação aos valores de 2001.

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é composto de crenças, valores essenciais, visão ampliada do negócio e missão, como explicitado a seguir:

As crenças constituem um conjunto de princípios balizadores do comportamento, em todos os níveis da organização. O papel de liderança da CEB na indução do processo de desenvolvimento regional e a sobrevivência da CEB como conseqüência da sua capacidade de garantir ao cliente o melhor serviço e o melhor atendimento são crenças dessa organização que fundamentam as ações em prol da preservação do meio ambiente e, portanto, do uso racional da energia elétrica. Uma empresa que fornece energia elétrica por si só já é indutora do desenvolvimento regional, pois oferece condições para a implantação dos serviços básicos e a melhoria da qualidade de vida numa região. O processo produtivo da energia elétrica causa um impacto ambiental significativo, sendo motivo de preocupação de toda a sociedade. A CEB constituiu internamente em 2002 um Comitê Permanente de Atividades Ambientais para mapear as necessidades e fornecer subsídios à tomada de decisão relativa a ações de preservação do meio ambiente.

Os valores essenciais dessa organização asseguram a prática das crenças nas atividades cotidianas. A qualidade - garantir, como padrão, a melhor prestação de serviços e o profissionalismo - a ética e a competência como base do trabalho, são valores empresariais que apresentam afinidade com a eficiência energética.

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compatíveis com as exigências de desenvolvimento da comunidade”(Identidade Institucional).

O documento “Processos institucionais, empresariais e operacionais” afirma que a CEB adota um modelo empresarial que permite a flexibilidade para responder às exigências do ambiente externo - o modelo de processo integrado de trabalho. Sua estrutura é um processograma, composto de três processos institucionais, ligados diretamente à capacidade da CEB para competir no mercado, portanto importantes para a gestão do Negócio. Dos processos institucionais derivam os processos empresariais e os operacionais. Os primeiros estão relacionados à dimensão organizacional, responsável pela elaboração das metas e dos planos de ação. Os processos operacionais direcionam-se para a execução das ações planejadas nas instâncias superiores.

O conceito de processograma não deve ser confundido com o conceito de estrutura organizacional, pois representa processos e não unidades organizacionais. O organograma da CEB, ou arquitetura organizacional, baseado nos processos descritos, é horizontal, direcionado para o melhor atendimento aos clientes. É valorizado na organização o espírito de equipe, o trabalho em parceria, e não somente o desempenho individual. Essa estrutura substitui o paradigma de eficiência setorizada, típica das organizações com forte estrutura hierárquica, pela busca do resultado global, fruto do esforço coletivo.

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funções de eficiência energética e comercialização estarem subordinadas ao mesmo núcleo estratégico pode sugerir a idéia de que ambas são executadas de forma integrada ou sinérgica. Outra possibilidade é que haja uma prevalência da atividade comercial, pois está diretamente relacionada à receita da CEB, em detrimento da eficiência energética, que pode ser vista como causadora de diminuição das vendas. Os resultados desta pesquisa proposta poderão trazer elucidações sobre a questão.

Desde 1987 a CEB atua na área de economia e conservação de energia elétrica, com os projetos Procel nas Escolas, diagnóstico energético e substituição de lâmpadas incandescentes na iluminação pública. A partir de 1994 foi criada uma assessoria ligada diretamente à direção da empresa, encarregada de sistematizar e desenvolver as atividades ligadas a essa matéria.

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Capítulo IV – A Teoria das Representações Sociais:

A convivência cotidiana entre os profissionais que trabalham numa concessionária de energia elétrica, compartilhando experiências e problemas, constrói uma realidade comum, que se diferencia da vida de cada indivíduo fora daquele contexto. Embora, em grande parte, o saber específico desse setor produtivo esteja alicerçado no domínio da Engenharia Elétrica na prática, há um entrelaçamento com os conhecimentos da Economia, Administração, Contabilidade e também da Psicologia. A própria situação de trabalho requer que o profissional se apóie no conhecimento teórico para resolver um problema prático. No caso, esse conhecimento é resultante da intersecção das diversas disciplinas apontadas, como também das interações entre os profissionais da concessionária, os clientes e os fornecedores. Desta forma, cria-se um saber oriundo do universo científico, mas que é transformado num conhecimento do senso comum entre os membros da organização.

Considerando que o objeto de investigação da dissertação refere-se a um conhecimento do senso comum, produzido nas relações interpessoais entre os empregados das concessionárias de energia elétrica, o referencial conceitual que fundamentará a pesquisa é a Teoria das Representações Sociais, formulada por Serge Moscovici (1978) no campo da Psicologia Social.

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Social se torna uma Antropologia da cultura moderna, da mesma forma que a Antropologia parece ser uma Psicologia Social das culturas ditas primitivas” (p.63).

A teoria das representações sociais é uma forma sociológica de Psicologia Social, originada na Europa com a publicação por Moscovici, em 1961, de seu livro “La Psycanalise: son image e son public”. Essa obra relata a pesquisa realizada com uma amostra da população parisiense (N=2.265), com o objetivo de analisar como um conhecimento científico - a Psicanálise – é difundido na sociedade, passando para o domínio do senso comum. Foi investigado também como este conhecimento é representado e os mecanismos que formam as representações (Moscovici, 1978). A segunda parte da pesquisa consistiu na análise de conteúdo de 1.640 artigos sobre Psicanálise publicados na imprensa francesa durante quinze meses. O autor mostra que, nas sociedades modernas, o senso comum não se origina mais da experiência direta dos indivíduos, mas sim do conhecimento científico, de cujos postulados e leis os indivíduos criam representações, que ajudam a compreender o meio ambiente e guiar a conduta.

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Jodelet (2001) identifica três características das representações sociais: vitalidade, transversalidade e complexidade. A primeira representa a permanência desse conceito, que superou os obstáculos teóricos trazidos pelo behaviorismo - que negava os fenômenos mentais - e pelo marxismo. A transversalidade é explicitada, quando se observa sua apropriação pelas disciplinas Antropologia, Sociologia, História, Psicologia Cognitiva e Psicanálise. Traz também uma grande contribuição para a Psicologia Social, que conforme observou Moscovici, era limitada em seus conceitos e paradigmas. Essa multiplicidade de interfaces caracteriza a complexidade das representações sociais.

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acrescentou que a sociedade se representa a si mesma naquilo que tem de distinto, de próprio. Observou-se desta forma, a evolução da ênfase ao caráter coletivo das representações para o estudo da sua dinâmica. Moscovici (2001) mostra que Freud também trouxe contribuições para a compreensão das representações sociais. No estudo da paralisia histérica, ressalta a força das representações. Suas teorias sexuais sobre a criança mostram como as representações passam do nível consciente ao inconsciente e como são formadas as representações sexuais dos adultos. Freud fez a articulação do nível individual com o nível coletivo, tendo se interessado pelo estudo da cultura e sociedade (p. 55 – 58).

Kaës (2001), por exemplo, analisa as relações entre a Psicanálise e o conceito psicossociológico de representação social, mostrando que a partir dos estudos sobre afasia, Freud distinguiu representação de coisa e de palavra, e que a representação faz uma transformação, estabelecendo um vínculo entre a presença que se ausentou e uma ausência representada, através do processo associativo. A Psicanálise não faz alusão direta às representações sociais, porém, refere-se a alguns elementos culturais (lendas, mitos, etc) como heranças da coletividade para o indivíduo. Segundo Freud, é pela identificação que se assegura o vínculo social, enquanto a preexistência das representações assegura a identificação do sujeito.

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Uli Windisch (2001) apresenta um estudo do raciocínio e da fala cotidianos, analisando o pensamento social corrente em relação ao fenômeno social da xenofobia e do racismo. Para ele alguns temas revelam melhor a forma de pensamento e sua linguagem específica, os quais são determinados por: grau de centração ou descentração, causalidade (pró ou contra) e percepção do tempo (mítico-cíclico ou linear). Um outro autor que analisa o papel da linguagem nas representações sociais, é Rom Harré (2001), o qual classifica a gramática e os léxicos como vetores dessa teoria. Segundo o autor, as práticas lingüísticas são sociais, e as palavras representam o suporte das representações sociais. Harré (2001) afirma que as representações sociais devem desempenhar um papel essencial na explicação de como se organizam os comportamentos coletivos humanos, e que “pensar conscientemente é se contar histórias” (p.110). Enfatiza o papel da cultura e do social, na formação do “eu”, explicando que este deveria ser estudado como conceito social de “pessoa”, pois é nos indivíduos que se encontram as ações e os discursos dizíveis publicamente.

De fato, o conceito de representação social não é considerado de fácil apreensão por Moscovici, porque está situado na intersecção da Sociologia com a Psicologia Social. Seguem-se algumas conceituações de representações sociais:

“Representação social é uma modalidade de conhecimento particular que tem por função a elaboração de comportamentos e a comunicação entre indivíduos.”(Moscovici,1978: p26.).

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“Representação social é uma forma de conhecimento, socialmente elaborada e partilhada, com um objetivo prático, e que contribui para a construção de uma realidade comum a um grupo social” (Jodelet, 2001: p.22).

“Representação social é um conjunto organizado de opiniões, de atitudes, de crenças e de informações referentes a um objeto ou a uma situação. É determinada ao mesmo tempo pelo próprio sujeito (sua história, sua vivência), pelo sistema social no qual está inserido e pela natureza dos vínculos que mantém com esse sistema social” (Abric, 2001: p.156).

Preocupado em delimitar o conceito de representações sociais, Moscovici (1978), diferencia-o de mito, opinião e imagem. Mito é o instrumento de que o homem primitivo se valia para compreender o seu mundo. Opinião significa a tomada de posição acerca de um objeto externo; e imagem é o reflexo interno de um objeto externo à mente, sendo portanto “a reprodução passiva de um dado imediato” (p.47). Representar não significa duplicar o objeto, mas modificar e reapresentá-lo de outra forma. Moscovici também distingue os conceitos de ciência e ideologia do conceito de representação social: a ciência busca conhecer e controlar a natureza, e a ideologia justificar os atos de um grupo. Para atingirem seus objetivos, cada uma delas sofre uma transformação por meio das representações.

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no desenvolvimento deste conhecimento: a fase científica, que corresponde ao início do conhecimento como uma teoria propriamente dita; fase representacional – referente à difusão desse conhecimento na sociedade e a formação de representações sociais; e a fase ideológica. Esta última significa a apropriação do conhecimento por instâncias formais, como órgãos estatais ou escolas de pensamento.A ideologia compreende as representações que migraram do universo consensual para o universo reificado. A ideologia contribui para o estudo da consciência por referir-se a juízos de valor e ética, e traz elucidações para os processos de conformismo e resistência. As representações sociais contêm elementos da ideologia, que na visão marxista, ideologia é definida como a mediação entre as relações de dominação e exploração sócio-econômica.

O uso e o desperdício de energia elétrica são idéias que têm significado para a vida das pessoas, principalmente após o racionamento ocorrido em 2001. Este último foi um fato social, uma prática caracterizada por efeitos restritivos e punitivos que se aplicavam a todos os indivíduos. Gerou conseqüências desagradáveis na vida das pessoas, obrigando a mudanças na rotina pessoal e preocupações sobre o consumo de eletrodomésticos e quilowatts-hora gastos no mês. Em conseqüência, houve alterações das representações sociais sobre o consumo de energia elétrica nas populações atingidas. De fato, as representações sociais são fenômenos complexos presentes na vida social, compostos de múltiplos elementos - informativos, cognitivos, ideológicos, normativos, crenças, valores, atitudes, opiniões, imagens - que se articulam sob a forma de um saber sobre a realidade comum a um fato social. Diferentes do conhecimento científico, constituem o saber do senso comum ou ingênuo.

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representações nas conversações (Moscovici, 1978). Sá (1995) afirma que o próprio Moscovici considera as representações sociais como verdadeiras “teorias” do senso comum, originadas na conversação cotidiana, que explicam e reconstróem a realidade social.

Focalizar e compreender a gênese das representações sociais, segundo Jodelet (2001), traz uma contribuição para o entendimento da vida mental individual e coletiva, pois são abordadas como um processo de apropriação da realidade exterior ao pensamento e da elaboração psicológica e social dessa realidade. Essa autora apresenta um diagrama, que sintetiza todos os aspectos e eixos de desenvolvimento das representações, cujas idéias básicas são:

o A representação social é sempre a representação de alguma coisa (objeto) e de

alguém (sujeito). As características do sujeito e do objeto nela se manifestam;

o A representação social tem com seu objeto uma relação de simbolização

(substituindo-o) e de interpretação (conferindo-lhe significações). Pode advir de processos cognitivos, mecanismos intrapsíquicos ou da atividade mental de um grupo ou coletividade;

o É uma forma de conhecimento;

o É uma forma de adaptação do indivíduo ao seu meio, designada como

compromisso social

As perguntas-chave para a compreensão desse conceito são: “Quem sabe e de onde sabe?”; “O que sabe e como sabe?’; “Sobre o que sabe e com que efeitos?”.

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consciência, a atividade e a identidade dos pesquisados, contextualizados no social (Lane, in Spink,1995:p.68).

As razões que levam os indivíduos e os grupos sociais a elaborar as representações foram questionadas por Moscovici (1978), pois “são necessárias numerosas operações socializantes para que uma ciência se converta numa imagem comum e transformada; a física atômica, por exemplo não tinha, em seus primórdios, a fisionomia que Hiroxima lhe deu” (p.83). Os resultados da pesquisa sobre a difusão da psicanálise, realizada por Moscovici (1978) evidenciaram que:

• A idade dos sujeitos influenciou as respostas sobre as razões da extensão da psicanálise;

• As atitudes favoráveis ou desfavoráveis dos respondentes em relação à psicanálise gerava causas “boas” e causas “más”;

• Quanto ao nível de conhecimento de um sujeito sobre a psicanálise e sua atitude a respeito dela, não há uma relação única; a tomada de posição dos sujeitos não depende de seu grau de informação;

• As fontes nas quais os pesquisados obtém informação sobre a psicanálise estão relacionadas ao grupo social a que pertence; porém, em todos os grupos sociais, a conversação teve um resultado elevado, o que demonstra o papel das relações interpessoais na difusão das informações;

• Quanto mais positiva a psicanálise era percebida, mais ela era o objeto das comunicações.

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As conclusões formuladas por Moscovici em seu estudo, têm sido confirmadas por outras investigações. Assim, uma pesquisa realizada por Rossi (2002), com apoio da Companhia Energética de Brasília – CEB, com o objetivo de identificar e analisar as representações sociais da população do Distrito Federal sobre o uso e o desperdício de energia elétrica mostrou que as mesmas variam de acordo com o estrato sócio-econômico a que pertencem os sujeitos pesquisados. Os estratos foram diferenciados de acordo com o consumo mensal de energia elétrica e o nível sócio-econômico dos indivíduos. As representações sobre o que é energia elétrica e a sua importância para a vida das pessoas apresentaram como núcleo central a essencialidade deste bem para a vida. As representações relativas ao desperdício revelaram que há uma parcela considerável da população que o rejeita e os estratos mais pobres são os que menos desperdiçam, mas que também têm menos “gorduras” para cortar. Consideram o chuveiro e, em seguida, as luzes acesas desnecessárias, como “vilões” do desperdício. Há também outros procedimentos sobre a possibilidade de economizar a energia sem perder o conforto, como a educação ambiental e a responsabilidade social. Deve ser lembrado que essa pesquisa foi realizada logo após o término do racionamento de energia elétrica e as representações identificadas refletem a campanha massiva e coercitiva veiculada na mídia nos meses anteriores. A pressão em prol da economia de energia naquela ocasião foi tão intensa, que a maioria dos respondentes revelou não ter intenção de comprar equipamentos elétricos nos doze meses seguintes.

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(Moscovici, 1978: p. 67). Moscovici propõe a fórmula: Representação = figura/significação, no qual toda figura tem um sentido, e vice versa.

As representações sociais têm origem no universo consensual, nas comunicações do cotidiano, e para isso contribuem dois processos formadores: objetivação e ancoragem. A objetivação implica em reproduzir um conceito em imagem, “naturalizá-lo”, atribuindo materialidade a algo abstrato. Um saber, enquanto faz parte do universo científico, intelectual, necessita da mediação do especialista – que detém o poder da informação - para ser entendido pelo público leigo. Na medida em que o saber é apropriado pelo senso comum, tornando familiar o saber desconhecido, há uma apropriação indireta do saber, gerando cultura. Esta é a importância da objetivação. Como ocorre a objetivação? Há um duplo movimento psicológico: em primeiro lugar, o saber é naturalizado, tornando-se uma realidade quase física. Em segundo lugar, ocorre a classificação, integrando o novo objeto à ordem já existente. “Naturalizar, classificar – eis duas operações essenciais da objetivação. Uma torna o símbolo real, a outra dá à realidade um ar simbólico” (Moscovici,1978: p.113). No processo de ancoragem, um novo objeto é tornado familiar e integrado aos preexistentes. Moscovici assevera que, para dar sentido à relação entre o psicanalista e o cliente, os respondentes recorriam a idéias conhecidas para “ancorar” a nova idéia. Assim, psicanalista e cliente assemelhavam-se à interação entre confessor e o confessado, e a idéia de confissão é ligada à de associação livre. A representação tem um poder criativo, pois integra saberes formando um novo.

(43)

aquisição de novas informações e, finalmente, sua importância para as transformações sociais.

A Teoria do Núcleo Central, proposta por Abric em 1976, sustenta que toda representação está organizada em torno de um núcleo, responsável por sua organização e significação. Claude Flament (2001) explica que a coerência de uma representação se dá no núcleo central, a estrutura que organiza os seus elementos e que lhe dá sentido. Abric criou a noção de centralidade qualitativa estrutural para diferenciar o núcleo central de outros elementos igualmente centrais, mas há também os elementos periféricos, que se constituem em torno do núcleo e por ele são organizados. Flament designou-os como esquemas periféricos, com a função econômica, e que permitem a decifração de uma situação normal. Abric (2001) descreve uma pesquisa que realizou para verificar a existência de um núcleo central da representação e seu caráter estável e organizador. Os resultados mostraram que os elementos centrais são os mais memorizados, evidenciando a sua importância para a organização e significação da representação. Outra modalidade de pesquisa refere-se ao estudo dos processos que provocam a transformação de uma representação. Assim, quando se questiona um elemento periférico da representação, ela permanece imutável. Entretanto, o questionamento do núcleo central acarreta mudança da representação. No caso desta investigação, as contradições hipotéticas poderão se dar apenas nos esquemas periféricos, não se configurando dessa forma representações sociais antagônicas sobre o uso da energia elétrica, o que facilitará a adoção de medidas integradoras na concessionária. Entretanto, o antagonismo será mais profundo se forem constatadas diferenças significativas no núcleo central de cada representação.

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pensamento social, pois está contida em processos de interação social, influência, consenso ou dissenso e polêmica; e, contribui para formar as representações sociais. Essa autora relata que Moscovici examinou três níveis de participação da comunicação que impactam as representações sociais: 1) criação das representações e as condições que afetam o cognitivo; 2) processos de formação das representações, a objetivação e a ancoragem que explicam a interdependência entre a atividade cognitiva e seu exercício social; 3) dimensões das representações referentes à formação da conduta (opinião, atitude e estereótipos), que são influenciadas pela mídia. Jean–Blaise Grize (2001) a partir do estudo da lógica natural, conclui que a fala e a escrita permitem acessar suas representações sobre as coisas e os fenômenos. Dessa forma, por meio da lógica natural na análise dos discursos, é possível conhecer o conteúdo das representações. A denominação “lógica natural” deve-se ao fato de ser uma lógica expressa por meio das línguas naturais e de considerar os conteúdos e não apenas as formas de pensamento. Esse autor mostra as dificuldades para compreender em profundidade as representações de um sujeito, tendo em vista as peculiaridades inerentes a cada elemento do esquema proposto: as intenções subjacentes do emissor, as próprias representações do investigador, a situação representada e os aspectos lingüísticos presentes no discurso.

(45)

uma característica dos discursos políticos eficazes. Claude Flament (2001) argumenta que, mesmo quando se obtém uma representação bastante completa sobre um objeto, observam-se diferentes significações locais, inclusive contradições.

Jodelet (2001), ao analisar como ocorre a partilha das representações no seio de um grupo ou de uma sociedade, verificou que a representação implica num processo de adesão e participação, e a estrutura e as relações sociais dos indivíduos é que serão determinantes no compartilhamento da mesma. Por outro lado, a adesão reafirma a idéia de unidade e de pertença, bem como contribui para o estabelecimento do vínculo social. Doise (2001) demonstrou que nos grupos de referência não há uma relação causal simples entre o fato de um indivíduo pertencer ao grupo e todos os membros partilharem as mesmas opiniões. Devido ao mecanismo da ancoragem, um indivíduo pode até partilhar as opiniões de outro grupo ao qual aspira pertencer. Moscovici (citado por Sá, 1995) identificou que diferentes grupos variam nas opiniões, em relação às seguintes dimensões: grau de consistência da informação, o campo de representação e a atitude. Desta forma, tem-se uma “sociedade pensante”, onde os indivíduos produzem e comunicam continuamente suas próprias representações.

(46)

utilitário, impessoal, mecanicista e centralizador. A comunidade, pelo contrário, é um organismo vivo. Buber acredita que só haverá comunidades autênticas e Estado, na medida em que as pessoas se envolverem mais com seus ideais, assumirem responsabilidades para com os outros indivíduos e dominarem a apatia e o individualismo. Conclui que “o Estado está em cada um de nós, entre nós” (p.78).

(47)

Capítulo V - Metodologia:

5.1 - Fundamentação Metodológica:

A literatura referente às pesquisas sobre representações sociais mostra que uma variedade de métodos e técnicas tem sido utilizada, e que não há um método específico para o estudo deste objeto. Ao verificar as pesquisas realizadas pelos principais seguidores de Moscovici, Sá (1998) aponta a preferência de Jodelet pelos métodos qualitativos, de Doise pelos tratamentos estatísticos correlacionais e de Abric pelo método experimental.

A escolha dos métodos e das técnicas a serem implementados numa pesquisa implica que o pesquisador faça uma opção epistemológica. Em particular, no que se refere à teoria das representações sociais, reacende o debate sobre as metodologias qualitativas e quantitativas e, em uma escala mais ampla, a contraposição entre ciências sociais e naturais. As ciências naturais são pautadas pelos pressupostos positivistas, com a busca causal de cunho objetivo para os eventos; as ciências sociais buscam a compreensão e a explicação dos eventos sociais, de acordo com a tradição hermenêutica. Os métodos quantitativos adaptam-se melhor à ciência positivista, enquanto os qualitativos, como as entrevistas, grupos focais e estudo de caso são mais adequados às ciências sociais, conforme apontado por Spink (1995) e Wagner (1995).

(48)

compreensão dos processos psicológicos contidos no material pesquisado.

Nesta pesquisa optou- se pela análise dos dados de forma quantitativa e qualitativa, e pela confrontação dos resultados de ambas as análises, o que segundo Guareschi & Jovchelovitch (2002) caracteriza a triangulação metodológica, uma estratégia de validação que proporciona maior segurança na interpretação dos resultados.

5.2 - Sujeitos:

Para atender aos objetivos propostos para a pesquisa, foi uma selecionada uma amostra composta de dois grupos de empregados da CEB, os que trabalham nas áreas de produção ou comercialização e os da área de eficiência energética, e que ocupam cargos com escolaridade mínima em nível de segundo grau.

Foram selecionados dentre os 338 (trezentos e trinta e oito) empregados da CEB que atendiam aos requisitos de área de lotação e escolaridade, uma amostra de 74 (setenta e quatro) sujeitos distribuídos em grupos, conforme demonstrado no quadro 5.1 a seguir:

Quadro 5.1: estratificação da amostra de sujeitos pesquisados

ÁREA Produção e

comercialização Eficiência Energética

E S C O L A R I D A D E N S N M Engenheiro Não Engenheiro Engenheiro Não Engenheiro Técnico eletricidade Não Técnico de Eletricidade

Técnico eletricidade

Não Técnico de Eletricidade

(49)

Desta forma, a população pesquisada foi dividida em oito grupos, dos quais se definiu uma amostra para aplicação do questionário, conforme explicitado no quadro 5.2.

Quadro 5.2: organização dos grupos de pesquisados Grupos:

A – Empregados da área de produção e/ou comercialização, escolaridade de nível superior, ocupantes do cargo de engenheiro;

B - Empregados da área de produção e/ou comercialização, escolaridade de nível superior, ocupantes de outros cargos de nível superior, exceto o de engenheiro;

C - Empregados da área de produção e/ou comercialização, escolaridade de nível médio, ocupantes de cargos técnicos de eletricidade (eletrotécnico, auxiliar técnico, eletricista, operador de subestação);

D - Empregados da área de produção e/ou comercialização, escolaridade de níveis médios, ocupantes de cargos não técnicos de eletricidade;

E - Empregados da área de eficiência energética, escolaridade de nível superior, ocupantes do cargo de engenheiro;

F - Empregados da área de eficiência energética, escolaridade de nível superior, ocupantes de outros cargos de nível superior, exceto o de engenheiro;

G - Empregados da área de eficiência energética, escolaridade de níveis médios, ocupantes de cargos técnicos de eletricidade (eletrotécnico, auxiliar técnico, eletricista, operador de subestação);

H - Empregados da área de eficiência energética, escolaridade de níveis médios, ocupantes de cargos não técnicos de eletricidade.

m

A amostra é um aspecto importante em toda investigação, pois se refere à pesquisa da tipicalidade, ou seja, a validade externa ou generalização. Nas amostras probabilísticas ou amostras representativas a probabilidade de seleção de cada um dos respondentes é conhecida; sendo possível fazer inferências estatísticas.

(50)

Em seguida foi feita uma seleção randômica da quantidade de sujeitos necessários em cada grupo. Partindo do pressuposto que 20% é um percentual significativo para se ter representatividade, a amostra de participantes em cada grupo foi definida como explicitado no quadro 5.3 seguinte:

Quadro 5.3: seleção da amostra de sujeitos pesquisados

E n g e n h e i r o 6 9

N ã o e n g e n h e i r o 1 3

T é c . E l e t r i c . 1 3 0

N ã o T é c . E l e t r i c . 9 9

E n g e n h e i r o 1 2

N ã o e n g e n h e i r o 7

T é c . E l e t r i c . 3

N ã o T é c . E l e t r i c .

5 3

7 4 1 4

3

2 6

N S 1 9

N M 8

3 3 8

2 0

3

3

2 C o m e r c i a l i z a ç ã o

3 1 1

E f i c . E n e r g é t i c a 2 7

N S 8 2

N M 2 2 9

5.3 - Local da pesquisa:

O problema investigado ocorre no ambiente interno de uma instituição com políticas, normas e diretrizes próprias que a caracterizam. Desta forma, para se obter melhor compreensão, o problema foi contextualizado por meio da análise dos principais documentos norteadores da política e da estrutura da organização, vigentes em novembro de 2003. Para aplicação dos questionários a pesquisadora dirigiu-se ao local de trabalho dos respondentes.

5.4 - Materiais e Instrumentos:

A geração de dados nesta investigação foi obtida com a aplicação de um questionário elaborado para tal fim.

(51)

esclarecido, com as informações necessárias ao respondente. O instrumento é dividido em cinco blocos; o primeiro bloco contém perguntas relacionadas à identificação do respondente e os três seguintes apresentam questões abertas e fechadas diretamente vinculadas a cada objetivo proposto na pesquisa. Assim, o segundo bloco inclui sete perguntas abertas focadas na identificação das representações sociais sobre o uso da energia elétrica pelos participantes. O terceiro bloco contém questões que procuram identificar a opinião dos participantes sobre a iniciativa da concessionária em orientar seus clientes sobre o uso racional de energia elétrica. O quarto bloco inclui duas questões relativas à opinião dos respondentes sobre a possibilidade de execução de serviços de eficiência energética nas unidades consumidoras. Finalmente, o quinto bloco, com cinco perguntas, aborda o modo de relacionamento entre as áreas de comercialização e eficiência energética na empresa, com o objetivo de verificar se há emergência de contradições nas representações sociais dos grupos pesquisados. No anexo I encontra-se o modelo do questionário utilizado.

Foram apresentadas, propositadamente, perguntas abertas para permitir a associação livre de idéias, da qual emergiriam as representações sobre o tema proposto. O método de associação livre de idéias foi usado por Freud, e tornou-se “a regra fundamental do tratamento psicanalítico: o meio de investigação do inconsciente”, conforme esclarece Chemama, R. (1995 ) no livro “Dicionário de Psicanálise”. Nesse método, a pessoa deve dar livre curso a seus pensamentos, imagens e emoções, sem procurar selecioná-los ou reprimi-los, o que levará à expressão das representações inconscientes sobre o assunto de interesse. A associação livre é induzida a partir de uma palavra ou texto que serve de estímulo, como é o caso das perguntas abertas.

(52)

disso, as respostas não ficam restritas às alternativas apresentadas nas perguntas fechadas, o que permite acessar o universo de pensamento dos respondentes sobre o objeto de estudo.

5.5 - Estudo Piloto para Validação do Instrumento:

Com o objetivo de validar o questionário foi realizado um estudo piloto, que consistiu na aplicação do instrumento a seis pessoas das duas áreas estratificadas, na concessionária pesquisada. As respostas obtidas foram submetidas a uma análise de conteúdo, de acordo com as seguintes etapas:

a) Tabulação preliminar, listando as respostas dadas a cada pergunta b) Classificação das respostas em unidades de sentido comum..

c) Identificação das categorias específicas resultantes do agrupamento das unidades de sentido.

Quadro5.4: Identificação das categorias

PERG. 2.1. - O que você entende por uso racional de energia elétrica:

- Saber usar para não faltar e ajudar o meio ambiente

- A obtenção de um serviço de eletricidade com o consumo de energia de forma racional

- Utilizar a energia elétrica para fins que não podem ser preenchidos por outra forma de

Sentido

- Saber usar para não faltar

- Evitação de falta de energia elétrica.

- Preocupação com o meio ambiente.

- Consumo racional

- Uso que não se atende por fontes menos nobres

- Uso com a maior eficiência

Categorias

a) Uso

racional para preservar o meio ambiente;

b) Uso

racional para não faltar energia elétrica;

c) Uso

(53)

com a maior eficiência possível

- É fazer uso dos recursos disponíveis naturais ou da energia, de forma consciente.

- Utilização da energia elétrica de acordo com suas necessidades, ou seja, sem causar desperdício Uso sem desperdício; uso de acordo com a necessidade; uso inteligente.

- Uso de recursos naturais - Uso da energia elétrica - Uso de forma consciente

- Uso de acordo com as necessidades (saber usar )

- Uso sem desperdício

d) Descrição das categorias:

A análise de conteúdo dos questionários aplicados na amostra-piloto permitiu a identificação e a descrição de categorias, referentes às questões relacionadas a cada objetivo da pesquisa. Este material foi comparado aos dados obtidos na aplicação do questionário à amostra total. Desta forma, com o questionário foi validado e foram definidas as seguintes categorias:

PERG. 2.1. - O que você entende por uso racional de energia elétrica:

a) Uso racional para preservar o meio ambiente – respostas que se referem à conservação do nosso planeta, controle da poluição, dos impactos ambientais negativos, evitar desmatamento, e similares.

b) Uso racional para não faltar energia elétrica - respostas relativas a saber usar para não faltar, evitar o desperdício para não faltar energia, e similares.

(54)

d) Uso racional específico – respostas explicitando como usar e porque usar e) Outros

PERG. 2.2 – Como empregado de uma concessionária de energia elétrica, a sua visão sobre “eficiência energética”na empresa quer dizer---

a) Uso racional para evitar a falta de energia elétrica – respostas sobre a responsabilidade e ações da empresa para evitar desperdício e racionamento futuro, e similares.

b) Negócio que se concilia com a comercialização - respostas nas quais a eficiência energética é vista como um negócio para a empresa, oferta de novos produtos e serviços, e similares.

c) Fonte de fidelização - respostas que se referem a ações de melhoria do relacionamento com o cliente e orientação sobre uso de equipamentos eletrodomésticos eficientes e outras medidas de combate ao desperdício, e similares. d) Uso racional inespecífico - uso eficiente das instalações do sistema elétrico para

atender ao maior número de consumidores, e similares.

e) Uso racional específico – como usar e porque usar, ações concretas da empresa para o uso racional

f) Outros.

PERG. 2.3 – Para você “comercialização” na empresa refere-se a ---

a) Sustentação da empresa – respostas nas quais a comercialização é vista como o setor ou o conjunto de atividades que se revertem em receita para a sustentação financeira da empresa, e similares.

(55)

c) Negócios com foco no mercado – venda de energia elétrica de acordo com a demanda da sociedade e não apenas da empresa; adequação da demanda de geração x venda para que a comercialização seja a ideal em cada cenário; tarifas atrativas e similares.

d) Outros

PERG. 2.4 – Em sua opinião, o fato da eficiência energética e da comercialização existirem ao mesmo tempo na empresa representa....

a) Convivência condicionada à eficiência energética como negócio – respostas nas quais a eficiência energética representa um serviço adicional para o cliente, e similares.

b) Convivência condicionada à coordenação das ações de ambas – respostas que defendem a necessidade de integração e de ações coordenadas, tanto da comercialização quanto da eficiência energética, e similares.

c) Administração da complementariedade entre mercado e demanda sociais – respostas que reconhecem que pode haver posições conflitantes inicialmente, mas que podem ser integradas, de modo que um processo não seja prejudicial ao outro e o resultado final seja favorável ao cliente, e similares.

d) Complementaridade no atendimento ao cliente – respostas que demonstram uma complentariedade de atitudes com o objetivo de expandir o mercado consumidor e similares.

e) Outros

PERG. 2.5 – Para a concessionária, as ações de eficiência energética significam:

Imagem

Tabela 6.2: comercialização na empresa x grupos de respondentes
Tabela 6.3: Significado das ações de eficiência energética para a concessionária x grupos  de respondentes
Figura 6.3: ações de eficiência energética significando melhoria no  relacionamento com o cliente
Tabela 6.6: Comparação das ações de eficiência energética e de comercialização x grupos  de respondentes
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Referências

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