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Governança e atividade turística sustentável: o projeto atrativo Cachoeira do Label de São João d Aliança-GO

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(1)

Universidade

Católica de

Brasília

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO

SENSU EM PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAL

Mestrado

 

GOVERNANÇA E ATIVIDADE TURÍSTICA SUSTENTÁVEL:

O PROJETO ATRATIVO CACHOEIRA DO LABEL DE

SÃO JOAO D’ALIANÇA - GO

Autor: Maurício Alberto Pontalti

Orientadora: Sueli Corrêa de Faria

(2)

MAURÍCIO ALBERTO PONTALTI

GOVERNANÇA E ATIVIDADE TURÍSTICA SUSTENTÁVEL: O PROJETO DO

ATRATIVO CACHOEIRA DO LABEL DE SÃO JOÃO D’ALIANÇA-GO.

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação Stricto Sensu em

Planejamento e Gestão Ambiental, da

Universidade Católica de Brasília, como

requisito parcial para obtenção do título

de Mestre em Planejamento e Gestão

Ambiental.

Área de Concentração: Planejamento e

Gestão Ambiental

Orientadora: Profª Dra. Sueli Corrêa de

Faria

Brasília 2008

(3)

Ficha elaborada pela Coordenação de Processamento do Acervo do SIBI – UCB.

P811g Pontalti, Maurício Alberto.

Governança e atividade turística sustentável: o projeto atrativo Cachoeira do Lael de São João d’Aliança-GO / Maurício Alberto Pontalti – 2008.

109 f.: il. Color.; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2008. Orientação: Sueli Corrêa de Faria

(4)

Dissertação de autoria de Mauricio Alberto Pontalti, intitulada Governança e

atividade turística sustentável: O projeto atrativo Cachoeira do Label de São João

D’Aliança-Go, requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Planejamento e

Gestão Ambiental, defendida e aprovada em 19 de maio de 2008 pela banca

examinadora constituída por:

______________________________________________

Profª Dra. Sueli Corrêa de Faria

Orientadora

_______________________________________________

Profª Dra. Fernanda Gabriela Borger

Examinadora Externa

_______________________________________________

Profª Dra. Helena Corrêa Tonet

Examinadora Interna

(5)

AGRADECIMENTOS

À minha família, meus amigos e à Diretoria, pelo apoio,

companheirismo e compreensão.

À minha orientadora, Professora Doutora Sueli Corrêa de

Faria, pelos conhecimentos transmitidos.

A todo o corpo docente do Programa de Pós-Graduação

Stricto Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental, da

Universidade Católica de Brasília, por me introduzirem no

conhecimento da gestão ambiental e pelas demais

contribuições, que começam a dar um novo sentido à

minha vida profissional.

As Professoras Doutoras Fernanda Gabriela Borger e

Helena Corrêa Tonet, pela gentileza de participar da

banca examinadora.

E a Deus, por ter colocado pessoas tão especiais no meu

caminho e por ter-me dado a oportunidade de agradecer

(6)

Uma sociedade só é democrática quando ninguém for tão rico, que possa comprar alguém, e ninguém

for tão pobre, que tenha de se vender a alguém.

(7)

RESUMO

Esta dissertação propõe um novo instrumento de avaliação da governança na atividade turística, testado no projeto de formatação do atrativo Cachoeira do Label, localizado em São João D’Aliança–GO, parcialmente implementado com o apoio da Universidade Católica de Brasília, no âmbito do programa de cooperação

internacional Green Governance, Green Peace. Os procedimentos metodológicos

iniciam-se pela revisão bibliográfica sobre governança, turismo sustentável e instrumental básico de avaliação de governança e sustentabilidade. A construção do instrumento de avaliação da governança integra elementos do método de Fatores Críticos de Sucesso e das diretrizes e indicadores do relatório de sustentabilidade GRI. Como primeiro passo na avaliação, são identificados os atores sociais envolvidos no projeto, classificados em líderes do projeto (LP) e partes interessadas (PI). Cada grupo de atores é entrevistado, com vistas à identificação dos fatores críticos de sucesso e dos aspectos de sustentabilidade dos temas apontados como mais relevantes. Com a análise comparativa dos fatores críticos de sucesso e aspectos de sustentabilidade convergentes, controversos e distintos, conclui-se a avaliação da governança do projeto. Com base na conclusão, são feitas recomendações para garantir a governança e a sustentabilidade de empreendimentos turísticos, no longo prazo.

(8)

ABSTRACT

This dissertation proposes a new evaluation tool for governance in tourism, tested in the project of developing the tourist attraction Cachoeira do Label (Label Waterfall), located in São João D’Aliança (Goiás), partially implemented with the support of Universidade Católica de Brasília, in the framework of the international cooperation

program Green Governance, Green Peace. The methodological procedures begin

with the literature review on governance, sustainable tourism, and basic evaluation tools for governance and sustainability. The building of the evaluation tool for governance integrates elements of the Critical Sucess Factors and of the guidelines and indicators of the GRI sustainability report. As the first step in the evaluation, social actors involved in the project are identified and classified into Project Leaders (PL) and Interested Parties (IP). Each group of actors is interviewed with the purpose of identifying the critical success factors and the sustainability aspects of the themes judged to be the most relevant. The evaluation of the project’s governance concludes with the comparative analysis of the converging, controversial and distinct critical success factors and sustainability aspects. Based on the conclusion, recommendations are made to guarantee governance and sustainability of tourism enterprises in the long run.

(9)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Matriz de análise S.W.O.T. 25

Figura 2 - Mapa da região 33

Figura 3 - Localização georreferenciada da Cachoeira do Label 36

Figura 4 - Foto da Cachoeira do Label 37

Figura 5 - Foto da trilha Cachoeira do Label 38

Figura 6 - Foto da trilha Cachoeira do Label 39

Figura 7 - Foto do equipamento de lazer na Cachoeira do Label 39

(10)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Temas de sustentabilidade do Relatório de Sustentabilidade GRI 29

Quadro 2 – Perguntas contextualizadas para temas, protocolos e indicadores GRI

45

Quadro 3 – Atrativo Cachoeira do Label: Líderes do Projeto e Partes Interessadas

55

Quadro 4 - Resumo dos temas de sustentabilidade – Líderes do Projeto 68

(11)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 12

1.1 Contextualização 12

1.2 Objetivos 15

1.2.1 Geral 15

1.2.2 Específicos 15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 15

2.1 Governança 16

2.2 Turismo sustentável, ecoturismo e produto turístico 18 2.3 Instrumental básico de avaliação de governança e sustentabilidade 23

2.3.1 Métodos de análise de gestão 23

2.3.1.1 Fatores Críticos de Sucesso 23

2.3.1.2 Análise S.W.O.T. 24

2.3.1.3 Balanced Scorecard 26

2.3.2 Balanços sociais e de sustentabilidade 27

2.3.2.1 Balanço social IBASE 28

2.3.2.2 Relatório de Sustentabilidade da Global Reporting Initiative (GRI) 28

3 CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO: O PROJETO DO ATRATIVO CACHOEIRA DO LABEL DE SÃO JOÃO D’ALIANÇA - GO 32

3.1 Localização 32

3.2 O projeto de formatação do atrativo Cachoeira do Label 35

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 42

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 55

5.1 Fatores Críticos de Sucesso do ponto de vista dos Líderes do Projeto 57 5.1.1 Dificuldades / Pontos fracos 57

5.1.2 Facilidades / Pontos fortes 58

5.1.3 Expectativas 59

5.1.4 Resultados 59

(12)

5.2 Fatores Críticos de Sucesso do ponto de vista das Partes Interessadas 60

5.2.1 Dificuldades / Pontos fracos 60

5.2.2 Facilidades / Pontos fortes 64

5.2.3 Expectativas 65

5.2.4 Resultados 66

5.2.5 Fatores críticos de sucesso para as PI 67

5.3 Líderes do projeto e os temas de sustentabilidade do GRI 68 5.3.1 Os temas de sustentabilidade mais importantes para os LP 70

5.3.1.1 Os aspectos de sustentabilidade dos temas mais importantes 72

5.4 Partes interessadas e os temas de sustentabilidade do GRI 73 5.4.1 Os temas de sustentabilidade mais importantes para as PI 74

5.4.1.1 Os aspectos de sustentabilidade dos temas mais importantes 79

5.5 Análise comparativa dos fatores críticos de sucesso e dos aspectos dos temas de sustentabilidade por Líderes do Projeto e Partes Interessadas 80 5.5.1 Os fatores críticos e os aspectos de sustentabilidade convergentes 81

5.5.2 Os fatores críticos e os aspectos de sustentabilidade controversos 81

5.5.3 Os fatores críticos e os aspectos de sustentabilidade distintos 84

5.5.3.1 Fatores críticos e os aspectos de sustentabilidade identificados pelo

grupo de LP 84

5.5.3.2 Fatores críticos e os aspectos de sustentabilidade identificados pelo

grupo de PI 84

6 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇOES 87

REFERÊNCIAS 89

APÊNDICE A - Identificação dos atores sociais 95 APÊNDICE B - Classificação dos atores sociais 98 APÊNDICE C - Roteiro de entrevista para avaliação de Fatores Críticos de

Sucesso 100

APÊNDICE D - Roteiro de entrevista para avaliação dos Temas de

(13)

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

Atualmente, o turismo é considerado a principal atividade econômica do

planeta. Os negócios desse setor geram uma receita anual de U$ 3,4 trilhões e são

responsáveis por 204 milhões de empregos diretos e 10% do PIB mundial. Entre

1975 e 2000, o turismo cresceu a um ritmo médio de 4,4% ao ano, enquanto o

crescimento econômico mundial médio, medido pelo PIB, foi de 3,5% ao ano

(WORLD TOURISM ORGANIZATION, 2005).

O Plano Nacional de Turismo (BRASIL, 2007, p. 45) considera o turismo um

setor estratégico, por sua capacidade de gerar postos de trabalho, contribuir para a

valorização e proteção do patrimônio nacional, dinamizar outras economias,

melhorar a vida das comunidades visitadas e gerar divisas. Além disso, o setor é

visto pelo governo como uma ferramenta para a erradicação da pobreza e da fome,

para a garantia da sustentabilidade ambiental e de uma parceria de desenvolvimento

mundial.

Esse cenário torna o turismo uma atividade atrativa, em especial o

ecoturismo1, quase uma panacéia, que exerce grande fascinação, principalmente

sobre as pequenas comunidades com atrativos naturais, como uma nova opção para

fazer frente a seus problemas socioeconômicos.

Outro aspecto distinto da atividade turística refere-se aos impactos que

provoca. Um leque amplo de variáveis interfere na sustentabilidade do seu

desenvolvimento, onde interagem fatores ecológicos, econômicos, políticos, sociais,

culturais e institucionais, entre outros. Segundo Ruschmann (1997), para entender o

relacionamento do turismo com o meio ambiente, é necessário avaliar todos os

aspectos positivos e negativos da atividade, os seus impactos na economia, nos

valores socioculturais e na natureza. Nesse sentido, esta pesquisa procura

aprofundar o estudo da governança na exploração sustentável da atividade turística,

como forma de administrar suas vantagens e limitações.

1 Ecoturismo é o segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e

(14)

Segundo Stoker (1998), governo refere-se geralmente às instituições formais

do Estado, enquanto governança refere-se a toda sorte de novos arranjos para criar

ordem e estrutura de ação coletiva. O valor do conceito de governança está em

prover uma estrutura para um melhor entendimento de mudanças nos processos de

governo.

O interesse pela Cachoeira do Label, um atrativo ecoturístico do município de

São João D’Aliança, localizado no entorno do Parque Nacional Chapada dos

Veadeiros e na Reserva da Biosfera de Goyaz, decorre de sua inserção como

projeto piloto do programa Green Governance, Green Peace: a Program of

International Exchange in Environmental Governance, Community Resource

Management, and Conflict Resolution, que é objeto de parceria entre o Programa de

Pós-Graduação em Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade Católica de

Brasília, a Universidade da Califórnia, Berkeley, o Center of Advanced Social

Science (Nigéria) e a Karsa Foundation (Indonésia).

O projeto piloto, desenvolvido pela organização não governamental (ONG)

Agência de Desenvolvimento da Capetinga para a Cachoeira do Label, em 2006,

teve o objetivo de estruturar um atrativo modelo, formado por trilhas, mirante, poço

para banho e o acesso a uma cachoeira deslumbrante, de 120 m de altura. Com

esse atrativo modelo, espera-se despertar o interesse de proprietários rurais pelo

ecoturismo, enquanto opção viável de geração de renda. Segundo os

coordenadores do projeto, o ecoturismo vem sendo instrumento de contenção na

derrubada das matas e no uso indevido de recursos naturais, práticas encontradas

no local do projeto. A seu ver, São João D’Aliança possui inúmeros atrativos naturais

e precisa aliar a população ao propósito de utilizá-los de forma sustentável, a fim de

manter o cerrado preservado (ALMEIDA, 2006).

O projeto envolve diretamente duas famílias de pequenos proprietários rurais,

que têm o objetivo comum de explorar o atrativo Cachoeira do Label, em processo

de interação com outros atores presentes no município, tais como: as famílias do

entorno do atrativo, a Agência de Desenvolvimento de Capetinga, a Associação de

Guias Turísticos Locais (AGEMA), a Prefeitura Municipal de São João D’Aliança,

entre outros.

Pelo fato de se encontrar em fase inicial de implantação, esse projeto

(15)

dificuldades de interação entre os atores e os fatores de (in)eficiência de

organizações e ações locais, na implementação de um projeto turístico sustentável.

O turismo, uma atividade em fase de crescimento acelerado no cenário

econômico mundial e do Brasil, tem a característica de envolver os atores públicos e

privados e ações planejadas para a sua realização. Sabe-se pouco, no entanto,

sobre como se dão os processos de governança e planejamento para garantir a

sustentabilidade das atividades turísticas. O estudo do processo de governança local

na atividade turística é necessário para que se compreendam as várias formas de

relações entre atores, na estruturação das ações coletivas que possam garantir a

sustentabilidade da atividade.

O conhecimento dos fatores de sustentabilidade do turismo; dos objetivos e

expectativas dos atores envolvidos; bem como dos processos envolvidos na

governança de uma atividade turística em implantação, em São João D’Aliança,

pode gerar indicações para o planejamento de novos empreendimentos turísticos em

bases sustentáveis e fornecer subsídios a iniciativas locais voltadas para atrair

novos investimentos.

Para tanto, a dissertação encontra-se estruturada da seguinte forma:

No Capítulo 1, a introdução apresenta o tema central, a problematização e os

objetivos da pesquisa.

No Capitulo 2, encontra-se a revisão bibliográfica, centrada nos temas

governança, turismo sustentável e métodos de análise de gestão, de balanços

sociais e de sustentabilidade, que servem de embasamento para a construção do

instrumento de avaliação da governança utilizado na pesquisa.

No Capitulo 3, é caracterizado o objeto de estudo - o projeto de formatação do

atrativo Cachoeira do Label de São João D’Aliança-GO -, contextualizado na região

Chapada dos Veadeiros e Nordeste Goiano, onde está localizado.

No Capítulo 4, apresentam-se os procedimentos metodológicos, que

consistem da identificação e classificação de atores sociais envolvidos no projeto;

construção e validação do instrumento de avaliação do governança na atividade

turística sustentável; aplicação do instrumento em São João D’Aliança; análise dos

resultados das entrevistas; e elaboração de conclusão.

No Capítulo 5, são apresentados e discutidos os resultados da pesquisa. A

partir das informações das entrevistas realizadas, identificam-se os fatores e

(16)

pelos atores sociais; faz-se uma análise comparativa; e realiza-se a avaliação da

governança do projeto de formatação do atrativo turístico Cachoeira do Label.

No Capítulo 6, é apresentada a conclusão da pesquisa e são feitas

recomendações relacionadas com a governança de empreendimentos turísticos e o

desenvolvimento do modelo de avaliação utilizado.

1.2 Objetivos

1.2.1 Geral

Construir um modelo de avaliação da governança e sustentabilidade da

atividade turística.

1.2.2 Específicos

• Caracterizar a área de estudo e identificar os atores sociais que participam da governança da atividade turística de São João D’Aliança;

• Desenvolver e validar um instrumento para analisar a situação da

governança do atrativo turístico Cachoeira do Label;

• Realizar a análise da governança ambiental e local da atividade turística, com o apoio do instrumento desenvolvido;

• Elaborar recomendações para garantir a governança de

empreendimentos turísticos em bases sustentáveis.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Com o objetivo de atender as necessidades da pesquisa, a revisão

bibliográfica aborda dois grandes temas: a governança e a atividade turística. Além

disso, para orientar na construção dos procedimentos metodológicos, são

apresentados alguns instrumentos básicos para a avaliação da governança e da

(17)

2.1 Governança

No emprego atual do termo governança, percebe-se um redirecionamento no

seu uso e significado. Governança é definida como “a mudança do significado de

governo referindo-se a um novo processo de governar; uma mudança nas condições

das regras existentes; novo método pelo qual a sociedade é governada” (RHODES,

1996, p. 652-3 apud STOKER, 1998)

Segundo Stoker (1998), a discussão de governança pode ser estruturada em

torno de cinco pressupostos, a saber:

1. Governança refere-se a um conjunto de instituições e atores que se forma a partir e além do governo;

2. Governança reconhece a falta de clareza dos limites e das responsabilidades na condução das questões sociais e econômicas;

3. Governança identifica a dependência de poder no relacionamento entre instituições envolvidas em ações coletivas;

4. Governança refere-se a uma rede de autogoverno de atores autônomos; 5. Governança reconhece a capacidade de realizar atividades, independentemente do poder de comando do governo ou do uso de sua autoridade, e considera que o governo é capaz de utilizar novas ferramentas e técnicas para governar. (STOKER,1998. p.7).

Ostrom (1990) também contribui para o estudo da governança, quando

apresenta em seu livro Governing the Commons três modelos freqüentemente

usados para fundamentar ações de governo ou gerenciamento de recursos naturais,

pelo Estado ou pelo mercado: a Tragédia dos Comuns, de Hardin (1968 apud

OSTROM, 1990); o Dilema do Prisioneiro, de Flood e Dresher (1950 apud OSTROM,

1990); e a Lógica da Ação Coletiva, de Olson (1965 apud OSTROM, 1990).

Desde que Hardin divulgou a teoria da Tragédia dos Comuns, comungando

com outros pesquisadores, como Lloyd (1977 apud OSTROM, 1990) e Gordon,

(1954 apud OSTROM, 1990), entre outros, ela passou a simbolizar a esperada

degradação do meio ambiente natural, quando um grupo de indivíduos explora um

escasso recurso em comum.

O Dilema do Prisioneiro (DP) foi originalmente formulado por Merrill Flood e

Melvin Dresher, em 1950. Mais tarde, Albert W. Tucker formalizou-o com o tema da

sentença de tempo de prisão e deu ao problema geral esse nome específico. O DP

ilustra o porquê da dificuldade em se manter a cooperação entre parceiros. A

cooperação vai contra o interesse individual de cada um. Mesmo que os dois

(18)

que o acordo não será quebrado. Do ponto de vista de vantagem individual, a

cooperação é irracional; é o cálculo das vantagens de uma decisão cujas

conseqüências estão atreladas às decisões de outros agentes (CAMPBELL,1985

apud OSTROM, 1990).

Diferentemente dos dois modelos anteriores, onde não se acredita no

resultado positivo da cooperação coletiva, Olson (apud OSTROM, 1990), na teoria

da Lógica da Ação Coletiva, estuda a possibilidade de uma ação coletiva atingir

resultados conclusivos.

Com base nesses três modelos, Ostrom (1990) propõe a discussão das bases

das políticas públicas e privadas, atualmente em prática na análise e elaboração de

leis para a solução de problemas de gerenciamento das atividades de recursos de

uso coletivo.

Hanson (2005) diz que a globalização mudou a maneira como os Estados

reagem às forças transnacionais e a seus próprios cidadãos: em alguns aspectos,

ela intensificou o poder do Estado e, em outros, reduziu-o. A compreensão de como

a autoridade é exercida requer o exame das interações entre atores locais,

nacionais, regionais e internacionais, públicos e privados. Essa observação conduziu

muitos analistas a propor o estudo de “governança” em lugar de “governo”.

Além disso, as ações locais têm um alto grau de variabilidade. Conforme Mc

Kean (2000), muitas combinações de variáveis afetam o estabelecimento inicial de

novos ajustes institucionais, bem como o esforço por adotar e experimentar novas

regras, a fim de se encontrar um conjunto adequado de incentivos, dada a situação

ambiental e cultural, assim como o contorno institucional mais amplo em que essas

combinações se apresentam, afetando o processo de governança.

Em suma, há necessidade de mais pesquisa, com investigações ainda mais

sistemáticas, para se estabelecer um referencial teórico e conceitual, que contemple

as características e determinantes da governança, percebidos na ação coletiva,

como também as estruturas de apoio institucional, que poderiam ajudar na gestão

(19)

2.2 Turismo sustentável, ecoturismo e produto turístico

Existem várias definições de turismo, que foram evoluindo com o tempo e o

desenvolvimento das condições da sociedade humana. Para Hunziker (1973 apud

CASTELLI, 1984, p. 72):

turismo é um conjunto de relações e fenômenos resultantes da viagem e permanência em uma determinada localidade de pessoas que lhe são estranhas, desde que tal permanência não estabeleça vínculo permanente e, em geral, não esteja vinculada a nenhuma atividade lucrativa.

Modernamente, adota-se um conceito mais amplo de turismo, onde as

características de deslocamento e permanência temporária são determinantes para

identificar o fenômeno turístico: conjunto de relações e fenômenos produzidos pelo

deslocamento e permanência de pessoas, fora de seu local de domicílio.

Caracteriza-se pela movimentação de pessoa(s) pelo período máximo de seis meses

e mínimo de um pernoite (GIL, 2000).

O turismo é sentido pelo consumidor como uma experiência vivida desde o

momento que sai de casa para viajar até o seu retorno.

Ruschmann (1997) ressalta a necessidade de planejamento para uma

atividade turística:

Não é novidade que a atividade turística promove desenvolvimento econômico, no entanto deve ser provida com o necessário planejamento. O maior problema da ausência do planejamento em localidades turísticas reside no seu crescimento descontrolado, que leva à descaracterização e à perda da originalidade das destinações que motivam o fluxo dos turistas, e o empreendimento de ações isoladas, esporádicas, eleitoreiras e desvinculadas de uma visão ampla do fenômeno turístico (RUSCHMANN , 1997 apud RUSCHMANN,1992, p. 163).

Baseado nos conceitos acima, bem como na visão lucrativa e próspera do

turismo e nas práticas de desenvolvimento sustentável, atualmente divulgadas nos

meios de comunicação, iniciou-se em alguns círculos profissionais a discussão das

vantagens e desvantagens da atividade turística. Com isso, o conceito de turismo

sustentável toma forma e entra na pauta de discussões da política de turismo:

(20)

Assim, foi formulado o conceito de turismo sustentável. Sua base é o

desenvolvimento sustentável, para o qual Ruschmann (1997, p.44) estabelece a

seguinte relação:

Os conceitos de desenvolvimento sustentável e de turismo sustentável estão intimamente ligados à sustentabilidade do meio ambiente, principalmente nos países menos desenvolvidos. Isso porque, o desenvolvimento, e o desenvolvimento do turismo, em particular, depende da preservação da viabilidade de seus recursos de base. Encontrar o equilíbrio entre os interesses econômicos que o turismo estimula e um desenvolvimento da atividade que preserve o meio ambiente não é tarefa fácil, principalmente porque seu controle depende de critérios e valores subjetivos e de uma política ambiental e turística adequada – que ainda não se encontrou no Brasil e em vários outros países.

Na relação turismo e sustentabilidade, destaca-se, dentre os segmentos que

têm apresentado maior crescimento, o ecoturismo. E nesse sentido, o Brasil também

leva vantagens em termos de atrativos, devido à grande diversidade de seus

ecossistemas.

A Ecotourism Society (LINDBERG; HAWKINS, 1999) define ecoturismo como

uma viagem responsável a áreas naturais, com vistas a preservar o meio ambiente e

promover o bem-estar das comunidades locais.

Em 1994, com a publicação das Diretrizes para uma Política Nacional de

Ecoturismo (BRASIL, 2008 p. 16), o “turismo ecológico” passou a denominar-se

ecoturismo e foi conceituado da seguinte forma:

Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações.

Além dos conceitos ou segmentações do turismo, é necessário conhecer as

características intrínsecas dessa atividade. Conforme Krippendorff (2003), podem

ser destacadas as seguintes singularidades do produto turístico:

• Ele é um bem de consumo abstrato, imaterial e intangível;

• Há uma diferença espacial e temporal entre o momento da venda/compra e do consumo propriamente dito, que ocorre na prestação do serviço turístico in loco;

• Há necessidade da presença da clientela no local da produção. O produto turístico é estático, sendo o cliente que deve sempre se deslocar até ele;

(21)

• Apesar de todos os esforços despendidos no aperfeiçoamento da mão-de-obra, os serviços são prestados de forma irregular;

• O turismo depende do funcionamento e da atratividade de todos os seus componentes. A complementaridade dos componentes os relaciona e os torna

interdependentes. O turista necessita de serviços conjuntos de vários

empreendedores;

• O fenômeno da sazonalidade, que é caracterizado pela instabilidade entre oferta e demanda em determinados períodos do ano, mais especificamente, no caso

do turismo, conhecidos como épocas de alta estação e baixa estação.

• Instabilidade e heterogeneidade da demanda fazem com que se torne difícil prever com exatidão a procura dos serviços turísticos;

• Acentuada concorrência entre si. O desenvolvimento dos transportes e das comunicações dá ao turista maior mobilidade e faz com que ele possa escolher as

atrações do mundo inteiro, tornando a concorrência, em muitos casos,

intercontinental.

Essas características singulares da atividade turística demandam pesquisas

específicas, como esta, que tratem da governança do setor.

Em relação ao produto turístico, a World Tourism Organization (WTO, 2006,

p.10.) propõe uma definição bem sucinta: “conjunto dos bens e serviços que são

utilizados para o consumo turístico, por determinado grupo de usuários”.

Na composição de um produto turístico, segundo Ruschmann (1997), são

necessários três componentes:

• As atrações ou atrativos turísticos – compreendendo, em geral, o que motiva o turista a deslocar-se a determinado destino, “matéria prima sobre a qual o

núcleo se organiza”, uma vez que as facilidades e os acessos se planejam sobre o

atrativo, já que ele é a motivação do deslocamento do turista.

• As facilidades – diz respeito a todo o conjunto de bens e serviços

colocados à disposição para atendimento às necessidades dos turistas, “que, por si

só, não geram fluxos turísticos”, tanto aqueles de infra-estrutura básica como

saneamento e segurança, quanto os de infra-estrutura turística como hotéis e

restaurantes.

(22)

O turismo compreende e combina as atrações desta destinação, as

facilidades e as formas de acesso, dos quais o turista compra a combinação de

atividades e arranjos.

O atrativo turístico, como já foi dito anteriormente, diz respeito ao fator

motivador do deslocamento do turista, portanto deve estar de acordo com as

expectativas do público alvo para que se torne competitivo no mercado. Beni (2001)

divide os atrativos da seguinte forma:

• Atrativos naturais – localizados no espaço físico-geográfico, constituindo o que se convencionou chamar de paisagem, na qual não houve intervenção do

homem, ainda que ele possa a qualquer momento modificá-la.

• Atrativos histórico-culturais – manifestações sustentadas por elementos materiais que se apresentam sob a forma de bens imóveis e móveis. Arquitetura,

pinturas, sítios, etc.

• Manifestações e usos tradicionais e populares – todas as práticas

culturais onde funcionam bibliotecas do próprio local ou da região que as integram,

ou ainda em nível nacional como: atividades cotidianas de ordem sacra ou profana,

de caráter popular ou folclórico, consideradas objeto de apreciação e/ou participação

turística. Festas, gastronomia, artesanatos, feiras etc.

• Realizações técnicas e científicas contemporâneas – toda obra ou

complexo científico e/ou tecnológico próprio para a exploração nas áreas de

mineração, agricultura, pecuária ou da indústria e outras instalações que, pelas

características de elaboração técnica, estimulam seu aproveitamento como recurso

de atração turística. Só devem ser inventariadas aquelas onde é permitida a

visitação pública. Exploração de minérios, fazendas modelo, zoológicos, aquários,

viveiros etc.

• Acontecimentos programados – organizados visando ao intercâmbio e à divulgação de matérias científicas e técnicas, à comercialização de produtos, ao

desenvolvimento e a prática de atividades desportivas e culturais e até assistenciais.

Convenções, exposições etc.

Em relação ao objeto de estudo desta pesquisa, pode-se identificá-lo como

um conjunto de bens e serviços colocados à disposição para atendimento das

necessidades dos turistas que usufruem do atrativo natural Cachoeira do Label, de

(23)

anteriormente apresentadas, o projeto de formatação do atrativo Cachoeira do Label

pode ser denominado como um equipamento de serviço e lazer, sendo um

componente de facilidade do produto turístico.

O Ministério do Turismo, em 2003, criou o Sistema de Informações Turísticas/

Inventariação da Oferta Turística, que compreende o levantamento, identificação e

registro dos atrativos turísticos, dos serviços e equipamentos turísticos e da

infra-estrutura de apoio ao turismo de localidades.

O processo de inventariação possibilita o levantamento dos mais diversos

elementos da oferta turística, tais como:

• os atrativos existentes na região (naturais, culturais, atividades econômicas, realizações técnico-científicas e artísticas, eventos programados);

• os serviços e equipamentos turísticos (de hospedagem, de alimentação, de agenciamento, de transporte, de lazer e entretenimento, para eventos etc.);

• a infra-estrutura de apoio ao turismo;

• as instâncias de governança estaduais, regionais e municipais do Programa de Regionalização do Turismo, assim como os colegiados que apóiam a

coordenação do programa.

As informações fornecidas por esse inventário são de grande importância

para o reconhecimento da cadeia produtiva2 do turismo (downstream / upstream),

em São João D’Aliança, que é necessário para a identificação dos atores sociais

locais.

2.3 Instrumental básico de avaliação de governança e sustentabilidade

O grande desafio, na avaliação do processo de governança da atividade

turística sustentável, está no desenvolvimento de um instrumento adequado de

avaliação. Nesse sentido, para orientar a construção dos procedimentos

metodológicos, apresenta-se a seguir uma revisão das estruturas de métodos de

análise de gestão e dos balanços sociais e/ou de relatórios de sustentabilidade de

organizações, que podem contribuir na tarefa de identificação de indicadores para

2Cadeia Produtiva – entidades que desempenham um papel de suprimento, distribuição ou uso de

(24)

compor o instrumento de avaliação de governança, um dos principais objetivos desta

pesquisa.

2.3.1 Métodos de análise de gestão de negócios

Para a análise de gestão de negócios, foi possível identificar os seguintes

métodos: Fatores Críticos de Sucesso, Análise S.W.O.T. e Balanced Scorecard.

2.3.1.1 Fatores Críticos de Sucesso

Existem diversas definições de fatores críticos de sucesso. Destacam-se, a

seguir, as mais citadas:

- são aquelas variáveis cujo gerenciamento poderá afetar significativamente a

posição competitiva de uma empresa dentro de seu ramo de atividade, podendo

variar de acordo com o ramo (HOFER & SCHENDEL, 1978 apud TARAPANOFF,

2001, p. 191);

- são aquelas características, condições ou variáveis que, quando

devidamente gerenciadas, podem ter um impacto significativo sobre o sucesso de

uma empresa, considerando seu ambiente de competição (LEIDECKER; BRUNO,

1984 apud TARAPANOFF, 2001, p.191);

- são aquelas poucas áreas nas quais os resultados, se satisfatórios, irão

assegurar um desempenho competitivo e de sucesso para a organização

(ROCKART, 1979 apud TARAPANOFF, 2001, p. 191).

Além da definição, Rockart (1979 apud TARAPANOFF, 2001, p. 195)

descreve um método simples para a identificação de fatores críticos de sucesso:

uma primeira etapa, com base em entrevistas com a administração da organização;

e uma segunda etapa, que consiste na análise dos resultados de todas as

entrevistas. Ele sugere ainda uma terceira etapa, onde todos voltam a discutir os

fatores críticos de sucesso, quando buscam um consenso e uma proposta

consolidada. Para ele, os fatores críticos de sucesso são as condições fundamentais

que precisam necessariamente ser satisfeitas para que a instituição ou a estratégia

tenha sucesso. O fato de serem considerados fatores críticos não significa que

sejam problemas ou pontos fracos; pode ser que alguns deles sejam pontos fortes

(25)

2.3.1.2. Análise S.W.O.T.

O termo S.W.O.T. resulta da conjugação das iniciais das palavras

anglo-saxônicas Strengths (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities

(oportunidades) e Threats (ameaças). Assim, a análise SWOT corresponde à

identificação, por parte de uma organização e de forma integrada, dos principais

aspectos que caracterizam a sua posição estratégica num determinado momento,

tanto no nível interno como externo (forma como a organização se relaciona com o

meio em que se insere). Essa análise foi desenvolvida na década de 70. por

Kenneth Andrews e Roland Christensen, dois professores da Harvard Business

School, como ferramenta de apoio ao processo de planejamento estratégico. Sua

importância no apoio à formulação de estratégias deriva da capacidade para

promover um confronto entre as variáveis externas e internas, facilitando a geração

de alternativas de escolhas estratégicas, bem como de possíveis linhas de ação

(BICHO; BATISTA, 2006).

Conforme apresentado na Matriz de Análise S.W.O.T. (FIGURA 1), no eixo

externo da análise organizacional encontram-se as Oportunidades e Ameaças,

enquanto que no ambiente interno encontram-se as Forças e Fraquezas.

Estratégias de

Forças e

Oportunidades

Oportunidades

Estratégias

de Oportunidades

e Fraquezas

Forças

Missão da

Empresa Fraquezas

Estratégias de

Forças e

Ameaças

Ameaças

Estratégias

de Ameaças e

Fraquezas

(26)

Na Matriz:

• Forças correspondem aos recursos e capacidades da organização, que

podem ser combinados para gerar vantagens competitivas com relação a seus

competidores.

• Fraquezas são os pontos mais vulneráveis da empresa em comparação

com os mesmos pontos de competidores atuais ou em potencial

De qualquer modo, deve-se atentar que muitas vezes Forças e Fraquezas se

confundem. Uma Força atual pode se transformar em Fraqueza no futuro, pela

dificuldade de mudança que a mesma provoca.

• Oportunidades correspondem às oportunidades para crescimento, lucro e

fortalecimento da empresa.

• Ameaças correspondem a mudanças no ambiente que representam

ameaças à sobrevivência da empresa.

Segundo Araújo (2008), o cruzamento entre os quatro quadrantes de análise

provê uma moldura onde a empresa pode desenvolver melhor suas vantagens

competitivas, "casando" Oportunidades e Forças, por exemplo.

No caso do cruzamento entre Oportunidades e Fraquezas, podem-se

estabelecer as bases para modificações no ambiente interno, de modo a aproveitar

melhor as Oportunidades.

O cruzamento entre Ameaças e Forças pode representar a possibilidade de

se investir na modificação do Ambiente, de modo a torná-lo favorável à empresa.

Se no cruzamento entre Ameaças e Fraquezas verificarem-se situações de

alta relevância para a empresa, provavelmente, trata-se de ocasião para

modificações profundas, inclusive quanto à sua manutenção ou não, no próprio

negócio.

2.3.1.3 Balanced Scorecard

Trata-se de uma ferramenta estratégica desenvolvida por Robert Kaplan &

David Norton, divulgada no artigo intitulado “The Balanced Scorecard - measures

that drive performance” (Balanced Scorecard - medidas que impulsionam o

desempenho) da revista Harvard Business Review, em 1992. Nesse artigo, os

(27)

julgar o desempenho empresarial, e incentivam as empresas a medir também

fatores tais como qualidade e satisfação do cliente (REINCKE; CAJARAVILLE,

1998).

De acordo com Kaplan e Norton (1997), o Balanced Scorecard é o novo

instrumento que integra as medidas derivadas da estratégia. Sem menosprezar as

medidas financeiras do desempenho do passado, ele incorpora os vetores do

desempenho financeiro futuro. Esses vetores, que abrangem as perspectivas do

cliente, dos processos internos e do aprendizado e crescimento, nascem do esforço

consciente e rigoroso de tradução da estratégia organizacional em objetivos e

medidas tangíveis.

De um complexo instrumento de avaliação de desempenho, o Balanced

Scorecard transformou-se, para grande parte das empresas que o adotaram, em

uma ferramenta gerencial e estratégica, por definir, dentro de uma perspectiva

sistêmica, o papel de cada setor da empresa na consecução das estratégias

previstas no planejamento geral. Além disso, o instrumento propicia o

desmembramento das estratégias em objetivos e metas específicos de Finanças, de

Relacionamento com Clientes, de Processos Internos de Produção e de

Aprendizado e Crescimento, estabelecendo ligação entre eles, com base em uma

relação de causa e efeito. Segundo os autores, as organizações bem sucedidas na

aplicação dessa ferramenta gerencial:

Foram aquelas que contavam com uma liderança forte e respeitada, que conseguiram traduzir suas estratégias nos termos do Balanced Scorecard, que competentemente transmitiram as estratégias a todos os níveis hierárquicos da organização, que conseguiram fazer da estratégia uma atribuição do dia-a-dia de todos, reforçando isso com o estabelecimento de metas e objetivos pessoais e depois ligando a remuneração à realização de objetivos e metas da empresa (REINCKE; CAJARAVILLE, 1998. p. 43)

2.3.2 Balanços sociais e de sustentabilidade

Como balanços sociais e de sustentabilidade são analisados, a seguir, os

métodos Ibase e GRI.

Nos anos 60, nos Estados Unidos e na Europa, o repúdio da população à

guerra do Vietnã deu início a um movimento de boicote à aquisição de produtos e

ações de algumas empresas ligadas ao conflito. A sociedade exigia uma nova

(28)

ações e objetivos sociais. A elaboração e divulgação anual de relatórios com

informações de caráter social resultaram no que hoje se chama de balanço social

(IBASE, 2008).

No Brasil, a idéia começou a ser discutida na década de 70. Contudo, apenas

nos anos 80 surgiram os primeiros balanços sociais de empresas. A partir da década

de 90, corporações de diferentes setores passaram a publicar balanço social

anualmente (IBASE, 2008).

De acordo com o Instituto Ethos (2007):

“O Balanço Social é uma ferramenta de gestão da responsabilidade social; é compreendido pelas entidades que o difundem como uma ferramenta fundamental para a consolidação de uma cultura empresarial que privilegie a transparência e permita à sociedade conhecer e valorizar os esforços das empresas, no sentido de conciliar o sucesso econômico com resultados positivos do ponto de vista socioambiental, ou seja, em direção à sustentabilidade”.

2.3.2.1 Balanço Social IBASE

Segundo o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE,

2008), a idéia do balanço social ganhou visibilidade nacional, com a campanha

empreendida pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, em junho de 1997. Desde

então, o Instituto vem chamando a atenção de empresários e da sociedade para a

importância e a necessidade da realização do balanço social das empresas, em um

modelo único e simples.

Se a forma de apresentação das informações não seguir um padrão mínimo,

torna-se difícil uma avaliação adequada da função social da empresa ao longo dos

anos. A predominância de dados que possam ser expressos em valores financeiros

ou de forma quantitativa é fundamental para enriquecer este tipo de demonstrativo.

Nem sempre correlacionar fatores financeiros com fatos sociais é uma tarefa fácil,

porém, os indicadores desenvolvidos do modelo Ibase ajudam às análises

comparativas da própria empresa ao longo do tempo ou entre outras do mesmo

setor. No modelo sugerido pelo Ibase, a sociedade e o mercado são os grandes

(29)

Para o IBASE (2008):

O Balanço Social é um demonstrativo publicado anualmente pela empresa, reunindo um conjunto de informações sobre os projetos, benefícios e ações sociais dirigidas aos empregados, investidores, analistas de mercado, acionistas e à comunidade. É também um instrumento estratégico para avaliar e multiplicar o exercício da responsabilidade social corporativa.

2.3.2.2 Relatório de Sustentabilidade da Global Reporting Initiative (GRI)

Global Reporting Initiative (GRI) é uma fundação criada em 1997, com sede

na Holanda, cuja missão é elaborar e difundir diretrizes para elaboração de relatórios

de sustentabilidade, aplicáveis globalmente e voluntariamente, por organizações de todos os tamanhos, setores e localidades, que desejem dar informação sobre os aspectos econômicos, ambientais e sociais (tripple bottom line) das suas atividades, produtos e serviços (GRI, 2006, p. 46).

Elaborar relatórios de sustentabilidade é a prática de medir, divulgar e prestar contas a stakeholders, internos e externos, do desempenho organizacional, com vistas ao desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, esses relatórios podem ser considerados como sinônimo do relatório de responsabilidade social empresarial, do balanço social e outros (GRI, 2006, p.46).

Um relatório de sustentabilidade, baseado nas Diretrizes da GRI, divulga os

resultados obtidos dentro do período relatado, no contexto dos compromissos, da

estratégia e da forma de gestão da organização relatora. Todos os documentos que

compõem a Estrutura de Relatórios da GRI são desenvolvidos por meio de um

processo de busca de consenso entre os stakeholders, como empresas,

investidores, trabalhadores, sociedade civil e comunidade científica, entre outros, e

estão sujeitos a testes e melhoria contínua.

Na preparação de relatórios de sustentabilidade, de acordo com a estrutura da GRI, deve-se obedecer à seguinte abordagem:

• Identificar os temas e respectivos indicadores que sejam relevantes e que, portanto, devam ser relatados, por meio de um processo interativo compatível

com os princípios de materialidade, de inclusão dos stakeholders e de contexto da

sustentabilidade e com as orientações para o estabelecimento do limite do relatório.

• Ao identificar os temas, considerar a relevância de todos os aspectos do indicador identificados nas Diretrizes da GRI e nos suplementos setoriais aplicáveis.

(30)

• A partir do conjunto de temas e indicadores relevantes identificados, aplicar os testes apresentados para cada princípio do relatório a fim de avaliar quais

temas e indicadores devem ser relatados.

• Usar os princípios para priorizar os temas selecionados e decidir que informações devem ser enfatizadas.

O Quadro 1 apresenta os temas de sustentabilidade do GRI (2006), segundo

o desempenho nas dimensões econômica, ambiental e social.

Desempenho

Econômico Impactos econômicos diretos e o valor econômico agregado dessas atividades. Presença no

Mercado

Interações em mercados específicos. Bem estar econômico dos empregados; relação com fornecedores locais. Des em p enh o Econô mico Impactos da organização sobre as

condições

econômicas de seus stakeholders e sobre

os sistemas econômicos em nível

local, nacional e global.

Impactos Econômicos Indiretos

Impactos econômicos resultantes das atividades. Além do investimento em suas próprias operações, investimento em infra-estrutura. Impactos adicionais gerados pela circulação do dinheiro, às vezes são resultados não monetários da transação.

Contribuição da organização à conservação das bases de recursos globais e os esforços para reduzir a intensidade de materiais e aumentar a eficiência da economia. Materiais que estão presentes no produto final.

Material

Identifica a capacidade de usar insumos reciclados.

Mede o consumo de fontes primárias de energia direta da organização.

Mede a energia necessária para produzir e entregar eletricidade e qualquer outro produto de energia intermediária que envolva consumo significativo de energia upstream dos limites da organização.

Demonstra os resultados de esforços proativos para melhorar a eficiência energética por meio de melhorias.

Fornecimento de produtos e serviços com baixo consumo de energia.

Energia

Redução e/ou consumo de produtos e serviços com baixo consumo de energia.

Volume retirado de água por fonte. As retiradas de um sistema de água. Água

Taxa de reutilização e reciclagem de água. Impacto potencial em terras dentro de áreas protegidas e fora de áreas protegidas de alto índice de biodiversidade.

Des em penh o Am bient al

Refletir os insumos, produções e os impactos da organização sobre sistemas naturais vivos e não-vivos, incluindo ecossistema, terra e água.

Biodiversidade

(31)

Prevenção, gestão e mitigação de danos a habitats.

Programas de gestão de impactos na biodiversidade

Impacto de suas atividades em ameaça ou risco de extinção de espécies de flora e fauna. Emissões de gases de efeito estufa.

Substâncias destruidoras da camada de ozônio Emissões atmosféricas significativas

Descarte de efluentes em local definido, no solo ou removido.

Geração e destino de resíduos.

Derramamento de substâncias químicas, óleos e combustíveis com impactos significativos. Gestão de resíduos perigosos.

Emissões,

Efluentes e Resíduos

Contrapartida qualitativa de descartes de água e drenagem.

Concepção e entrega de produtos. Produtos e

Serviços Disposição de produtos e embalagens ao término da fase de uso.

Conformidade Capacidade da gestão de assegurar que as operações obedeçam a certos parâmetros de desempenho ambiental.

Transporte Impactos ambientais decorrentes de sistema de transportes

Geral Mitigação ambiental e despesas com proteção ambiental

Práticas

Trabalhistas e Trabalho Decente

Estruturada dentro do contexto de uma globalização justa que visa o crescimento econômico como a equidade por meio de uma combinação de objetivos sociais e econômicos. Emprego; Diálogo, Direitos e Proteção.

Direitos Humanos Impactos e atividades da organização nos direitos civis e políticos de seus stakeholders.

Sociedade

Vinculados a interações com estruturas de mercado e instituições sociais que estabelecem o ambiente social dentro do qual o grupo de

stakeholders interagem. Como são geridas e mediadas as interações da organização com outras instituições sociais.

Des

empenh

o Social

Impactos nos sistemas sociais que

opera

Responsabilidade pelo Produto

Efeitos da gestão de produtos e serviços em clientes e usuários

Quadro 1 - Temas de sustentabilidade do Relatório de Sustentabilidade GRI Fonte: GRI, 2006.

No Relatório GRI, encontram-se também definições de alguns atores sociais,

(32)

• Organização relatora - entidades privadas, públicas ou sem fins lucrativos que declaram seus desempenhos e impactos econômicos, ambientais e sociais na relação com as Partes Interessadas, nas decisões de investimentos e em outras relações com o mercado;

Stakeholders - organizações ou indivíduos que podem ser significativamente afetados pelas atividades, produtos e/ou serviços da organização relatora e cujas ações possam significativamente afetar a capacidade dessa organização de implementar suas estratégias e atingir seus objetivos com sucesso. Inclui entidades ou indivíduos cujos direitos, nos termos da lei ou de convenções internacionais, lhes conferem legitimidade de reivindicação perante a organização.

3 CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO: O PROJETO DO ATRATIVO

CACHOEIRA DO LABEL DE SÃO JOÃO D’ALIANÇA-GO

3.1 Localização

O município de São João D´Aliança insere-se na região do Nordeste Goiano e

na microrregião Chapada dos Veadeiros (Figura 2), cuja colonização foi marcada

pelas bandeiras (idos de 1500), a mineração colonial e a criação de gado

(BARREIRA, 2002).

O "Nordeste Goiano" apresenta, desde há muito, características de pobreza e

miséria, aliadas a um uma dinâmica ambiental tida como problemática, estação seca

muito longa, áreas de relevo alto, solos pobres em sua maior parte, bem como

extensas áreas de cerrado, que até pouco tempo não representavam atrativo, senão

um empecilho à utilização econômica. A região permaneceu isolada do mercado

regional, ou no mínimo, com uma ligação muito tênue, até à segunda metade do

século XX, o que significou um aprofundamento, no longo prazo, das condições de

pobreza e miséria.

(33)

no sentido da homogeneidade e permanência dos elementos responsáveis pela realidade regional, a despeito das influências exercidas por Brasília e de outros processos que estruturaram o espaço goiano ao redor dela. (BARREIRA, 2002, p.27)

Ainda segundo Barreira (2002), com as políticas desenvolvimentistas do

período Juscelino Kubitschek, na década de 50, que passaram a ser implementadas

no território brasileiro e especialmente em Goiás, resultou no processo de

organização do território, dentre outros fatores com a criação de nada menos que

oito municípios,, sendo que a maior parte deles eram antigos distritos ou vilas, que

foram emancipados. No início da década de 60, são criados mais municípios,

consolidando, pois, a tendência desencadeada com a proximidade de Brasília.

Figura 2 - Mapa da região.

Fonte: GOIAS, Planejamento Estratégico de São João D’Aliança, 2004.

O município de São João D’Aliança desenvolveu-se a partir da Fazenda

Olhos D’Água onde se formou uma vila, às margens do rio Capetinga, que foi

elevada à categoria de município em 1930. Em 1938, o novo município perdeu sua

autonomia política e voltou à categoria de distrito, subordinado a Formosa. A

(34)

São João D’ Aliança situa-se entre os paralelos 14 e 15 de latitude sul. Com

altitude média de 1.200 m, tem uma área total de 3.327 km2, toda ela incluída na

Região da Reserva da Biosfera3 do Cerrado, conforme título conferido pela Unesco,

em 2000.

Possui relevo médio ao longo de sua extensão, acentuando-se porém, em

íngrimes bocainas, no limite oeste próximo a Niquelândia. Também a norte e leste,

nos limites de Formosa, Flores de Goiás e Nova Roma, há uma brusca diferença de

altitude, a partir da Serra Geral do Paranã tendo uma paisagem bastante

diferenciada do restante da Chapada.

Na região, predomina a paisagem típica do cerrado, com latossolo vermelho

apresentando PH médio de 4,5, teores baixos de matéria orgânica e altos teores de

alumínio. O subsolo é rico em reservas de manganês, que é a única produção

mineral explorada intensivamente no município.

Tem uma população de 8.177 habitantes, sendo 60,73% residentes em área

urbana e 39,27% em área rural (Instituto Brasileiro Geografia e Estatísticas - IBGE,

2007).

A economia é baseada na agricultura e pecuária extensiva. São João D’

Aliança tem experimentado, desde os anos 90, um grande incremento na produção

de soja e de arroz devido à constante imigração de agricultores sulistas atraídos por

condições favoráveis a agricultura (estações definidas, solo fértil e altitude

privilegiada).

Nas grandes propriedades, é desenvolvida a monocultura mecanizada de

soja, milho e outros. As pequenas propriedades (a maioria) ainda possuem

vegetação nativa preservada e fazem uso de pastagens naturais (campos limpos) ou

praticam agricultura de subsistência, com pouco manejo mecânico (SERVIÇO

BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS SEBRAE/GO,

2001).

Apesar do potencial de riquezas existente no Vale do Paranã, o município de

São João D’ Aliança disto pouco usufrui, devido às dificuldades de acesso e

3 As Reservas da Biosfera fazem parte do Programa “O Homem e a Biosfera”, da UNESCO, e

(35)

escoamento da produção, uma vez que a Serra do Geral torna-se um obstáculo para

o transporte rodoviário.

A especulação imobiliária afugentou e retirou de suas propriedades os antigos

residentes, restando ainda alguns remanescentes, principalmente em áreas de baixa

qualidade do solo ou de difícil acesso, como as pequenas glebas de terras nas

escarpas da Serra do Forte e do Vale do rio Paranã. Ainda assim, seus ocupantes,

continuam a receber pressões para desocupação destas glebas ou enfrentam

problemas fundiários, devido a falta de documentação das mesmas e grande

número de assentamentos (SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E

PEQUENAS EMPRESAS SEBRAE/GO, 2001).

Em se tratando do potencial turístico, o município apresenta uma paisagem

exuberante e rica em atrativos naturais, como rios, córregos, cachoeiras, a Serra do

Forte e o Vão do Paranã, que possibilitam banhos, caminhadas e outras atividades

recreacionais e de lazer. Sítios arqueológicos, resquícios de civilizações indígenas e

da colonização bandeirante e negra ainda se fazem presentes no município.

Expressões folclóricas (como a dança da Catira) e festas tradicionais (São

Sebastião, Caçada da Rainha e Folia de Reis) são mantidas pela comunidade local,

que organiza caravanas e se locomove da sede municipal à zona rural, para

participar das festividades (SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E

PEQUENAS EMPRESAS SEBRAE/GO, 2001).

Esses atrativos naturais e culturais que colocaram São João D’Aliança como

parte do Roteiro Turístico da região Nordeste de Goiás, somados à proximidade de

Brasília, levam a que o município se apresente como um potencial receptor de

visitantes.

No Diagnóstico Turístico e Plano de Ação do Município de São João

D’aliança/Go, realizado pelo Grupo Nativa e o Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e

Pequenas Empresas - Sebrae/Go (2001), é destacado que alguns atrativos

apresentam acesso com alto nível de dificuldade, o que constitui fator limitante para

determinados tipos de visitantes, principalmente, crianças e pessoas idosas.

Contudo, destaca o mesmo diagnóstico, para que a alavancagem ocorra de forma

sustentável, do ponto de vista ambiental, social e econômico, é imprescindível a

definição de critérios, que primem pela conservação ambiental e contem com o

(36)

3.2 O projeto de formatação do atrativo Cachoeira do Label

O projeto de formatação da Cachoeira do Label como um atrativo turístico

(FIGURA 3) foi desenvolvido, em 2006, pela ONG Agência de Desenvolvimento da

Capetinga, sob a coordenação da Universidade Católica de Brasília (UCB), como

projeto piloto do programa de cooperação internacional “Green Governance, Green

Peace: a Program of International Exchange in Environmental Governance,

Community Resource Management, and Conflict Resolution”, que foi concebido e é

implementado, em rede, pela Universidade da Califórnia/Berkeley. Esse Programa

tem como foco o estudo da governança ambiental e conta com a participação de

instituições de pesquisa da Indonésia, Nigéria e Brasil.

Dentre as atividades do Programa “Green Governance”, cabe à UCB

desenvolver o projeto Governança Ambiental no Cerrado, constituído de

experiências piloto de pequenos projetos de governança na região do entorno do

Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Essa região apresenta-se como um

desafio para a governança ambiental do Cerrado, tendo em vista o processo de

expansão da produção de grãos e a necessidade de se preservar uma área

(37)

Figura 3 - Localização georreferenciada da Cachoeira do Label Fonte: ALMEIDA, 2006.

A proposta do Projeto de Formatação do Atrativo Label (FIGURA 4) consiste

em estruturar um atrativo turístico, que é formado por trilhas, mirante, poço para

banho e uma cachoeira deslumbrante, de 120 m de altura, no Vale do Paranã, com

o objetivo de tornar-se um modelo capaz de despertar o interesse da comunidade

local para o ecoturismo aliado à preservação ambiental, como possibilidade de

geração de renda, em um município onde predomina o agronegócio (ALMEIDA,

2006).

Figura 4 – Foto da Cachoeira do Label Fonte: ALMEIDA, 2006

Segundo o projeto, o ecoturismo vem sendo instrumento de contenção na

derrubada das matas e no uso indevido de recursos naturais, práticas encontradas

na área da Cachoeira do Label. Parte-se do pressuposto de que São João D’Aliança

possui inúmeros atrativos naturais e precisa aliar a população ao ecoturismo, de

(38)

O projeto do atrativo consiste, basicamente, do seguinte:

1) Objetivo geral:

Formatar um dos atrativos mais procurados para visitação em São João

D’Aliança promovendo o ecoturismo e a conservação do cerrado, mais precisamente

o Corredor Ecológico Paraná/Pirineus, evitando o processo de expansão agrícola

nessa área que é de relevante importância ambiental.

2) Linhas gerais:

• Implantação e manejo de trilhas com o mínimo impacto ambiental, para proporcionar ao turista uma experiência agradável em comunhão com a natureza

(FIGURA 5, 6);

• Construção de um rancho e dois banheiros, por meio de ecotécnicas, para recepção e área de camping (FIGURA 7);

• Oferta de produtos artesanais e típicos da região a turistas e visitantes, visando principalmente a preservação do cerrado e a geração de renda local;

• Contenção da expansão agrícola na região do Vale do Paranã.

(39)

Figura 5 – Trilha para a Cachoeira do Label Fonte: ALMEIDA, 2006

(40)

Figura 7 – Foto do equipamento de lazer na Cachoeira do Label Fonte: ALMEIDA, 2006

3) População a ser beneficiada: 40 pessoas, basicamente guias turísticos,

artesãos e agroindústria familiar.

4) Capacidade de carga/dia de fluxo de turistas: 30 pessoas.

5) Estimativa mensal de visitantes: 340 pessoas em média.

6) Como metodologia, propõe-se:

Serão seguidas técnicas de mínimo impacto, usando métodos orientados pelo

Manual de Ecoturismo de Base Comunitária da World Wildlife Foundation (WWF),

acompanhada por técnicos capacitados em manejo de trilhas e curso de ecotécnicas

do Instituto de Permacultura e Ecovilas dos Cerrado (IPEC), integrando a construção

ao meio ambiente.

A mão-de-obra será local, com capacitação contínua das pessoas envolvidas,

(41)

Fomentar a geração de renda democrática e buscar uma alternativa de visão

de futuro, criando novo seguimento econômico para o município, que hoje tem como

maior gerador o agronegócio.

7) Resultados Esperados:

Aumento da capacidade de carga de turistas, surgimento de novos

empreendimentos, aumento da geração de renda local e diminuição da expansão

agrícola na região do Vale do Paranã.

8) Orçamento

Itens Orçamento Contra partida Valor

Despesas com pessoal R$ 3.096,00 R$ 3.096,00

Despesas com material R$ 3.939,00 R$ 840,00 R$ 3.099,00

Despesas com Deslocamento R$ 112,00 R$ 122,00

Outras despesas (pedras,

madeiras, mão-de-obra)

R$ 3.683,00 R$2.000,00 R$ 1.683,00

(42)

Figura 8 - Cachoeira do Label, São João D’Aliança-GO Fonte: ALVES, [200-?}.

(43)

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A construção do modelo de avaliação da governança na atividade turística é

feita com base na integração de elementos do método Fatores Críticos de Sucesso e

de diretrizes e indicadores do Relatório de Sustentabilidade GRI. O modelo

construído é testado no projeto de formatação do atrativo Cachoeira do Label,

situado em São João D’Aliança-GO.

As etapas de trabalho são as seguintes:

a) Levantamento bibliográfico sobre governança e turismo sustentável, bem

como sobre o instrumental básico disponível para avaliação de governança e de

sustentabilidade.

b) Levantamento de dados e informações sobre a atividade turística no

município de São João D’Aliança e sobre o projeto do atrativo Cachoeira do Label.

As fontes consultadas são: organizações do terceiro setor atuantes no município,

Prefeitura Municipal, Secretaria Estadual de Turismo de Goiás, Ministério do

Turismo, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SEBRAE/GO e

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, entre outros.

c) Criação de instrumentos para identificação e classificação dos atores

sociais. Para tanto, são utilizados como referencial: (i) a categorização de

Borrini-Feyerabendi (1997, apud Pereira 2000); (ii) os componentes do produto turístico

contemplados na cadeia produtiva do turismo do Inventário da Oferta Turística do

Ministério do Turismo (Ministério do Turismo, 2003); e (iii) a classificação do Global

Reporting Iniciative (GRI, 2006).

(i) Borrini-Feyerabendi apresenta 26 categorias de atores sociais diferentes,

potencialmente interessados em um processo de gestão (Apêndice A). Essas

categorias orientam a identificação de pessoas ou organizações que possam ser

atores sociais de um processo, ou seja, que possam provocar ou ser

significativamente afetados pelas atividades, produtos e/ou serviços da organização relatora.

(ii) Os dados do inventário da oferta turística de São João D’Aliança, do

Sistema de Informações do Ministério do Turismo, são utilizados no reconhecimento

da cadeia produtiva do turismo (donwstream / upstream) de São João D’Aliança,

Imagem

Figura 1 - Matriz de análise S.W.O.T.
Figura 2 - Mapa da região.
Figura 3 - Localização georreferenciada da Cachoeira do Label          Fonte: ALMEIDA, 2006
Figura 5 – Trilha para a Cachoeira do Label  Fonte: ALMEIDA, 2006
+3

Referências

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