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Ressignificado, avaliação e implantação do ensino médio : um estudo de caso sobre a reforma do ensino médio numa escola confessional

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(1)

C A T Ó L I C A

DE BRASILIA

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

RESSIGNIFICADO, AVALIAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DO

ENSINO MÉDIO: um estudo de caso sobre a Reforma do

Ensino Médio numa Escola Confessional

NEIVA LOBATO SAMPAIO

(2)

RESSIGNIFICADO, AVALIAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DO

ENSINO MÉDIO: um estudo de caso sobre a Reforma do

Ensino Médio numa Escola Confessional

Dissertação de Mestrado apresentada como exigência para a obtenção do título de Mestre em Educação na área de Gestão Escolar, à Comissão Examinadora da Universidade Católica de Brasília, sob a orientação do Prof. Dr. Candido Alberto Gomes.

(3)

Dissertação defendida e aprovada como requisito parcial para a obtenção do Título de Mestre em Educação na área de Gestão Escolar, defendida e aprovada em 14 de dezembro de 2006, pela banca examinadora constituída por:

____________________________________________________ Prof. Dr. Candido Alberto Gomes – UCB

____________________________________________________ Prof. Dr. Luis Siveres – UCB

____________________________________________________ Profa. Dra. Kátia Stocco Smole – USP

(4)
(5)

A Deus de minha vida, fonte inesgotável de sabedoria, que me dotou de

inteligência, “liberdade para a missão” (cf Isaias, 24, 6), ousadia, perseverança,

coragem para lutar e por me dar a capacidade de discernimento para conciliar as

atividades cotidianas com a caminhada do mestrado.

À mãe e Mestra, Maria Auxiliadora dos Cristãos, que guiou os meus passos

nessa longa caminhada de educadora-missionária salesiana.

Aos meus pais, de saudosa memória, que me encaminharam desde cedo

para a vida estudantil, reconhecendo a riqueza e o valor do estudo.

Aos meus familiares, pelo apoio, amizade e incentivo sempre.

Aos professores e à equipe técnica do Ensino Médio do Colégio Nossa

Senhora Auxiliadora e aos alunos dos 1º ano C, 2º ano A e 3º ano A, pelo carinho,

atenção e disponibilidade em contribuir com o meu trabalho.

Ao professor Candido Alberto da Costa Gomes, orientador desta dissertação,

pela competência, compreensão e respeito ao meu ritmo pessoal, ajuda, estímulo,

interesse e apoio incondicional em todos os momentos.

À professora Kátia Smole e ao professor Luís Síveres, componentes da

comissão examinadora, pela atenção, amizade e disponibilidade em atender às

solicitações referentes ao curso.

A Maria de Fátima Castro Barros e Lorailde Silva Souza, pela competência,

disponibilidade nos trabalhos de digitação e grande colaboração nas minhas

(6)

carinho e incentivo.

Aos professoras Clemilda Dias de Souza, Maria do Socorro Amariz Gomes e

Manuel Licínio Gonçalves, pela grande colaboração na pesquisa e longas horas de

reflexão e debate em torno das questões pertinentes a esse trabalho.

À equipe colegiada de coordenação da escola, com quem partilhamos

reflexões, planejamento, avaliação, pelo empenho, interesse para que tudo desse

certo.

À Universidade Católica de Brasília, que me proporcionou o ingresso no

Mestrado em Educação, reiniciando uma nova caminhada de estudos.

À minha comunidade Filhas de Maria Auxiliadora, pela compreensão, apoio e

oração em toda horas.

Enfim, a todos(as) que direta ou indiretamente ajudaram a construir este

trabalho e acreditaram na educação como principal estratégia para colaborar com o

(7)
(8)

Esta pesquisa versa sobre a ressignificação, avaliação e implantação do ensino médio, numa Escola Confessional – Colégio Nossa Senhora Auxiliadora em Petrolina-PE. Após treze anos de interrupção, essa modalidade de ensino foi restabelecida nos últimos anos, suscitando um importante questionamento entre a proposta pedagógica da escola e a cultura conteudista e macanicista vigente na região. A partir de uma perspectiva histórica, enfatizando o Ensino Médio no Brasil, analisa a reforma consubstanciada na Lei de Diretrizes e Bases, nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio, na proposta pedagógica salesiana e no Projeto Político Pedagógico da escola. Os dados foram coletados e analisados, mediante a aplicação de questionários junto aos professores e alunos do ensino médio. Os resultados destacam o papel dos educadores, sujeitos nucleares na concretização da reforma do Ensino Médio e o olhar diferenciado dos adolescentes e jovens nas definições sobre o Projeto Político Pedagógico, Habilidades e Competências, Currículo, Mecanismos de Avaliação, Interdisciplinaridade, Temas Transversais, Metodologia e Parceria Família/Rede Salesiana de Escolas. A pesquisa levanta problemas relacionados a recursos humanos e pedagógicos. Demonstra as conseqüências dos limites e desafios enfrentados pelos docentes e a comunidade educativa, bem como as perspectivas de avanço. O estudo gerou subsídios para permanentes reexames e reorientações exigidos pelos avanços do conhecimento demandados pelos contextos nacional e internacional. Os resultados sugerem um investimento mais sistemático nos recursos pedagógicos e humanos. Sinaliza dificuldades em inserir o material didático da Rede Salesiana de Escolas, no enfrentamento dos desafios na rota das transformações, considerando sua cotidianidade, as suas referências temporais e espaciais.

(9)

The present study concerns the significance, assessment and introduction of high

school in a Confessional School - Nossa Senhora Auxiliadora School in a city of Pernambuco - Petrolina. After thirteen years of interruption, that level modality of education was reestablished in the last years, raising an important question between the pedagogic proposal of the school in a culture of mechanic contents of education effective in the area. Starting from a historical perspective, emphasizing the high school in Brazil, it analyzes the reform, consolidated in the Law of Guidelines Bases and National Curricular Parameters of high school, in the salesian educational proposal and in the pedagogic political project of the school. The data were collected and analyzed, through the application of questionnaires together with the teachers and students of high school. The results highlight the educators' paper, nuclear characters in the materialization of the reform of high school and the adolescents and young people´s differentiated glance in the definitions on the pedagogic political project, abilities and competences, curriculum, mechanisms of assessment, cross-curricular studies, traverse themes, methodology and a partnership between family and Salesian School Network. The study arises problems related to human and pedagogic resources. It demonstrates the consequences of the limits and challenges faced by the educational ones and the educational community, as well as the progress perspectives. The study generated subsidies for permanent new examination and new guidances demanded by the progresses of the knowledge demanded by the national and international contexts. The results suggest a more systematic investment in the pedagogic and human resources. It signals difficulties in inserting the didactic material of the Salesian School Network, in meeting the challenges on the road desired transformations, considering its school daily routine, as well as its temporal spatial benchmarks.

(10)

INTRODUÇÃO... 13

CAPÍTULO 1. O ENSINO MÉDIO: SUAS FINALIDADES EM PERSPECTIVA INTERNACIONAL... 18

CAPÍTULO 2. O ENSINO MÉDIO NO BRASIL... 33

2.1 EDUCAÇÃO: O PASSADO E O PRESENTE CONSTRUÍNDO O AMANHÃ ... 35

2.2 A CONTEXTUALIZAÇÃO DO ENSINO MÉDIO POR DÉCADAS E REFORMAS CURRICULARES ... 37

2.3 IDENTIDADE DO ENSINO MÉDIO NA DÉCADA DE 90 ... 40

2.4 CONTINUIDADES E RUPTURAS ... 45

CAPÍTULO 3. O ENSINO MÉDIO NA CIDADE DE PETROLINA – PE... 54

CAPÍTULO 4. UM ESTUDO DE CASO SOBRE A REFORMA DO ENSINO MÉDIO NUMA ESCOLA CONFESSIONAL ... 61

4.1 BREVE HISTÓRICO DO COLÉGIO NOSSA SENHORA AUXILIADORA... 61

4.2 PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO ... 65

4.2.1 Construindo o Projeto Político-Pedagógico do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora ... 67

4.2.2 Proposta Pedagógica ... 70

CAPÍTULO 5. CAMINHO TEÓRICO–METODOLÓGICO ... 79

5.1 ABORDAGEM METODOLÓGICA E PROCEDIMENTOS ... 79

5.2 SUJEITOS DA PESQUISA ... 80

5.2.1 Perfil das Turmas... 80

5.2.2 Perfil dos Professores do Ensino Médio ... 85

5.3 O TRABALHO DE CAMPO ... 93

CAPÍTULO 6. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ... 95

CAPÍTULO 7. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ... 179

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 191

APÊNDICES ... 196

(11)

LDB CNSA PE FMA SER UNESCO OCDE MEC MEC LOGSE BAC BTS BT IUT RTC SAEB ENEM SENAI SENAC BM PMDB MG PDT RJ DCNEM SEMTEC PCNEM CEB CODEVASF CPATSA EMBRAPA

Lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional Colégio Nossa Senhora Auxiliadora

Pernambuco

Filhas de Maria Auxiliadora Rede Salesiana de Escolas

United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico Ministerio de Educación y Cultura ( Portugal)

Ministério da Educação (Brasil)

Ley Ordenación General del Sistema Educativo Baccalauréat

Brevet de Technicien Supérieur Brevet de Technicien

Instituto Universitário de Tecnologia Revolução técnico-científica

Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica Exame Nacional do Ensino Médio

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial Banco Mundial

Partido do Movimento Democrático Brasileiro Minas Gerais

Partido Democrático Trabalhista Rio de Janeiro

Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio Secretaria de Educação Média e Tecnológica

Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio Câmara de Educação Básica

(12)

FFPP UNIVASF CEFET SESI SESC SEBRAE SAEPE GERE

Faculdade de Formação de Professores de Petrolina Universidade Federal do Vale do São Francisco Centro Federal de Educação Tecnológica Serviço Social da Indústria

Serviço Social do Comércio

Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Sistema de Avaliação Educacional de Pernambuco

Gerência Regional de Educação do Sertão do Médio São Francisco

(13)

Quadro 1 – Distribuição dos professores segundo características selecionadas Quadro 2 – resultados da pesquisa com os discentes do 1º ano do ensino médio Quadro 3 – resultados da pesquisa com os discentes do 2º ano do ensino médio Quadro 4 – resultados da pesquisa com os discentes do 3º ano do ensino médio Quadro 5 – resultados da pesquisa com os docentes

1º ANO DO ENSINO MEDIO

Tabela 1 – Projeto Político-Pedagógico Tabela 2 – Habilidades e Competências Tabela 3 – Currículo do Colégio

Tabela 4 – Mecanismos de Avaliação e Temas Transversais Tabela 5 – Metodologia

Tabela 6 – RSE – Parceria Família e Escola Tabela 7 – Problemas de Recursos Humanos Tabela 8 – Problemas de Recursos Pedagógicos

2º ANO DO ENSINO MEDIO

Tabela 1 – Projeto Político-Pedagógico Tabela 2 – Habilidades e Competências Tabela 3 – Currículo do Colégio

Tabela 4 – Mecanismos de Avaliação e Temas Transversais Tabela 5 – Metodologia

Tabela 6 – RSE – Parceria Família e Escola Tabela 7 – Problemas de Recursos Humanos Tabela 8 – Problemas de Recursos Pedagógicos

3º ANO DO ENSINO MEDIO

Tabela 1 – Projeto Político-Pedagógico Tabela 2 – Habilidades e Competências Tabela 3 – Currículo do Colégio

(14)

Tabela 8 – Problemas de Recursos Pedagógicos

3º ANO DO ENSINO MEDIO

Tabela 1 – Projeto Político-Pedagógico Tabela 2 – Habilidades e Competências Tabela 3 – Currículo do Colégio

Tabela 4 – Mecanismos de Avaliação e Temas Transversais Tabela 5 – Metodologia

Tabela 6 – RSE – Parceria Família e Escola Tabela 7 – Problemas de Recursos Humanos Tabela 8 – Problemas de Recursos Pedagógicos

PROFESSORES

Tabela 1 – Projeto Político-Pedagógico Tabela 2 – Habilidades e Competências Tabela 3 – Currículo do Colégio

Tabela 4 – Mecanismos de Avaliação e Temas Transversais Tabela 5 – Metodologia

(15)

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa versa sobre a avaliação, implantação e ressignificação do

ensino médio, por meio de um estudo de caso, que analisou os aspectos conceituais

e operacionais do ensino médio no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora - CNSA,

avaliou a chamada Reforma do Ensino Médio e verificou sua implantação segundo

as perspectivas dos atores escolares, bem como os fatores que a dificultaram e os

que a impulsionaram. Essa reforma consubstanciou-se na segunda Lei de Diretrizes

e Bases da Educação Nacional - LDB, nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

A LDB (Lei nº 9394/96) estabeleceu o ensino médio como última etapa da

educação básica, com a finalidade de consolidar e aprofundar os conhecimentos

adquiridos no ensino fundamental, além de possibilitar o prosseguimento de

estudos. Em 2001, foi sancionado pelo Congresso Nacional o Plano Nacional de

Educação, Lei nº 10.172/2001 que, dentre outras medidas, determina a expansão do

ensino médio.

A opção pelo estudo de caso justificou-se pelo fato de a autora, ao chegar à

cidade de Petrolina para assumir a direção do CNSA, sentir a necessidade de

adentrar no cotidiano da escola para melhor compreender o processo de reabertura

do ensino médio e suas implicações na contextualização da escola. Desse modo,

utilizou a sua dissertação como um elo entre a pesquisa e a atuação como gestora

escolar.

Percebendo os obstáculos internos e externos do processo de gestão

democrática, considerou relevante a caracterização da escola ao longo da história

do ensino médio no Brasil, que busca suas raízes na América Latina e numa visão

(16)

promovida pela UNESCO, em 2001, em Beijing, na República Popular da China.

(UNESCO, 2003).

Ao assumir a direção, algumas interrogações preocuparam a pesquisadora:

Como se firmar com os princípios da proposta pedagógica salesiana, em meio a

cursinhos e escolas com tradição em ensino médio, na região, superando a visão

ideológica dominante de que o CNSA não preparava para a educação superior?

Como ressignificar o ensino médio, a partir da proposta da Rede Salesiana de

Escolas – RSE, para que ele se estruturasse e se firmasse e atendesse à demanda

social da região, que compreende um ensino conteudista e mecanicista como melhor

opção para o ensino médio?

A reflexão dos problemas expostos levou a pesquisadora a verificar o

compromisso e a contribuição do CNSA em ações, que envolvem responsabilidade

social, considerando a finalidade do CNSA e suas relações com o cenário externo.

Integrado nessa realidade, busca ser uma presença significativa na região, mas quer

ampliar este horizonte para novas fronteiras, com a intenção de ser uma Escola que

tenha como principio educativo as finalidades legais da educação e, como força

propulsora, a sua missão institucional.

Foi nessa perspectiva que considerou relevante o estudo do ensino médio

numa leitura de ressignificação e avaliação para um avanço da qualidade na

fidelidade aos princípios, que embasam a história e a continuidade do CNSA, como

também as expectativas do gestor, professores e alunos em relação a esse nível de

ensino.

Foi dentro desse contexto que o CNSA buscou a ressignificação, avaliação

e implantação do ensino médio mostrando algumas dimensões de sua totalidade,

(17)

pelas mudanças das reformas educacionais e das grandes transformações do

contexto socioeconômico e cultural vigente no Brasil.

No cenário nacional brasileiro, no final do século XX e início do séc. XXI,

ocorreu um fenômeno demográfico, conforme dados relatados por Abramovay e

Castro (2003), que se refere a um progressivo aumento de jovens entre 15 e 18

anos; o número de matrículas, que, em 1994, era aproximadamente cinco milhões

de alunos, alcançou 8,4 milhões, conforme os dados do Censo Escolar de 2001.

Gomes (1998), na sua obra, Quanto custa a expansão do ensino médio?, afirma que

“a expansão do Ensino Médio é fato completamente reconhecido”.

Em face das mudanças no cenário brasileiro e em consonância com as novas

medidas legais, que regulamentam a base curricular nacional e a organização do

Ensino Médio, o CNSA ampliou seu raio de ação, ofertando o ensino médio à

comunidade petrolinense, após 13 anos de interrupção nesse nível de ensino.

Esse foi mais um passo na consolidação de uma proposta pedagógica, que

se tornou diferencial de qualidade na comunidade em que está inserida. Um dado

notável da estatística educacional diz respeito ao crescimento de matrículas do

ensino médio no CNSA, que, em 2001, contava com 144 egressos e, em 2006,

completou 465, ou seja, um aumento de 223% em cinco anos.

Para tanto, faz-se necessário um resgate da história, não só do ensino médio,

mas também da história do CNSA, ao longo dos seus 80 anos de existência a

serviço da educação em Petrolina.

O capítulo 1 faz um breve retrospecto do ensino médio e suas finalidades em

perspectiva internacional, apresenta a política educacional e o ordenamento do

(18)

Inglaterra e Itália; na América do Norte, os Estados Unidos e na América do Sul, o

Chile.

O capítulo 2 mapeia a trajetória das reformas curriculares ocorridas em nosso

país, iniciadas na década de 30, passando pelas mudanças ocorridas entre as

décadas 60 a 90.

O capítulo 3 apresenta uma contextualização socioeconômica, política e

histórica de Petrolina e destaca a política educacional do ensino médio na região.

Esse capítulo revelou um fato notável e importante para a pesquisadora, pois o

Ensino Médio foi implantado em Petrolina por meio do CNSA. Isso revela que a

história do Colégio se funde à história da cidade.

O capítulo 4 descreve um breve histórico do CNSA, da sua origem aos dias

atuais; aborda o funcionamento ensino médio ao longo dos 80 anos; apresenta e

ressalta a formação e importância do projeto político-pedagógico.

O capítulo 5 define o tipo de pesquisa realizada, cita os procedimentos

metodológicos utilizados, explicita os mecanismos de integração entre os

instrumentos de avaliação, mostra o perfil dos sujeitos da pesquisa, apresenta, de

forma sucinta, os passos seguidos na investigação, relacionando os dados

pesquisados e analisados em sete blocos temáticos para uma melhor compreensão

e análise dos fatos e, em seguida, caracteriza a amostra.

O capítulo 6 apresenta os resultados da pesquisa de campo por meio de

gráficos e tabelas, seguidos da análise dos dados, relacionando os problemas

assinalados.

No capítulo 7, apresentam-se conclusões e recomendações para uma

pesquisa futura, começando por apontar aquelas recomendações que derivam

(19)

ou de caráter mais teórico. Nesse capítulo, propõe-se uma política de utilização dos

(20)

CAPÍTULO 3

O ENSINO MÉDIO NA CIDADE DE PETROLINA – PE

Uma rápida análise do desenvolvimento histórico do município de

Petrolina-PE faz-se necessária para que se configurem o espaço e o tempo de uma cidade,

fincada às margens de um rio, em pleno sertão pernambucano.

A cidade foi, inicialmente, chamada de “Passagem”, em decorrência da

travessia do rio São Francisco, feita em canoa entre as margens das províncias de

Pernambuco e da Bahia. No início do século XIX, com a intensificação dos viajantes

e o crescimento do povoado de Juazeiro, passou a ser chamada “Passagem de

Juazeiro”, nome que conservou por muito tempo até receber a denominação de

Petrolina (PADILHA, 1982).

Há duas versões sobre a origem do nome de Petrolina. A primeira teria sido

derivada de “PEDRA LINDA”, expressão dada a uma pedra existente ao lado da

Igreja Matriz, utilizada nas obras da construção da Igreja Catedral. A segunda, a

mais provável, afirma que o nome foi uma homenagem ao Imperador D. Pedro II e à

sua esposa, a Imperatriz Maria Teresa Cristina, ou seja, Petro, Pedro em latim e a

terminação do nome Cristina.

Em 28 de julho de 1895, Petrolina foi elevada à categoria de cidade pela Lei

Estadual de nº 130, do governador Alexandre José Barbosa Lima. Oficializou-se o

dia 21 de setembro do mesmo ano como “o Dia da Cidade”, quando a Ata de

Instalação foi lavrada.

Petrolina localiza-se no extremo oeste do Estado de Pernambuco e faz parte

(21)

privilegiada, pois está situada à margem esquerda do rio São Francisco, o Velho

Chico, carinhosamente apelidado pelos ribeirinhos.

O rio São Francisco é o grande impulsionador do desenvolvimento econômico

do Município. Suas águas representam a força da história da navegação e do

aproveitamento para fins de irrigação. Embora o processo de irrigação seja o fulcro

do desenvolvimento, é, também, atualmente criticado pelos ecologistas.

Silva e colaboradores (1992) relatam que o município de Petrolina passou a

destacar-se economicamente no cenário do Estado a partir da década de 80,

quando se elevou o seu desenvolvimento econômico e social. Nesse decênio, os

setores primário e secundário foram intensivamente dinamizados pela iniciativa

pública e privada, por meio da implantação de grandes projetos de irrigação pela

Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF), além de

agroindústrias.

No início da década de 80, a área irrigada em produção (pública) era de

apenas 12.000 hectares (ha), e a área estimada da iniciativa privada atingia 4.000

ha (ARAÚJO, 1992). Atualmente, essas duas áreas somam mais de 120.000 ha

irrigados. Foi consolidada, também, a estrutura do Centro de Pesquisa Agropecuária

do Trópico Semi-Árido – CPATSA, uma das unidades descentralizadas da Empresa

Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA).

Esses fatos, associados a uma infra-estrutura de transporte, comunicação e

equipamentos sociais já instalados no Município, contribuíram para dinamizar a

economia local de forma efetiva, com desdobramentos no setor terciário, atraindo

para a região várias instituições financeiras. Aumentou-se a eficiência dos meios de

transporte pela presença do Aeroporto Internacional de Petrolina, que favorece a

(22)

Petrolina é o mais importante pólo exportador de frutas tropicais do Brasil.

Seu posicionamento geográfico constitui-se em uma das suas principais vantagens.

A distância em relação aos grandes centros comerciais do Nordeste e Centro-Sul do

País com interligação por malha asfáltica, hidrovia do São Francisco e aeroporto

internacional, possibilitam o escoamento da produção para os mercados nacionais e

internacionais.

Os meios de comunicação (jornais, rádios e TV) foram viabilizados, bem como

os serviços básicos, a exemplo de saúde, saneamento e educação, que vêm sendo

dinamizados, transformando o Município num pólo de desenvolvimento.

A dinâmica da economia da região, pressionada por esses fatos

sócio-econômicos, tem contribuído para estimular a atração populacional de outras regiões

de Pernambuco, além de outros estados da Federação e, até, de outros países,

todos atraídos pelo crescimento econômico decorrente da fruticultura irrigada. Esse

ciclo migratório cresce assustadoramente, trazendo, também, levas de

desempregados dos mais distantes lugares do Brasil, que aqui aportam com crença

em dias melhores, esperando a promessa tão bem proclamada pelos discursos do

porvir.

Com uma população de aproximadamente 250 mil habitantes, Petrolina é o

sexto maior município do Estado, além de ser uma cidade com muitos contrastes e

problemas graves, comuns a outros grandes centros.

Diante desse contexto, surge a necessidade de ampliação do atendimento

educacional nos diversos níveis de ensino, inclusive no ensino médio, na área de

profissionalização e na educação superior. No setor educacional, Petrolina

apresenta, em relação a outras cidades pernambucanas, um crescimento

(23)

Atualmente, existem duas faculdades na cidade: a Faculdade de Ciências

Aplicadas e Sociais de Petrolina (FACAPE), que é uma autarquia, ligada ao

Município, onde funcionam os cursos de Administração de Empresas, Direito,

Secretariado Executivo, Ciências Contábeis, Ciência da Computação, Economia,

Turismo e Comércio Exterior, com 2.491 alunos, e a Faculdade de Formação de

Professores de Petrolina (FFPP), com aproximadamente 3.025 alunos, ligada à

Universidade de Pernambuco, oferece os seguintes cursos: História, Geografia,

Matemática, Biologia, Letras, Pedagogia, Fisioterapia e Enfermagem. Essa unidade

de educação superior também oferece cursos de especialização nessas áreas e,

ainda, em Gestão Escolar, Recursos Humanos, Educação Especial e

Psicopedagogia.

Implantou-se, recentemente, a Universidade Federal do Vale do São

Francisco (UNIVASF), única universidade brasileira, que não leva o nome de uma

cidade ou Estado. Sua missão é desenvolver a região onde está localizada,

compreendendo parte de oito Estados do Nordeste e o norte de Minas Gerais.

Em Petrolina, a CODEVASF doou uma área de 300 ha para a construção do

campus da UNIVASF, que funciona provisoriamente no Centro Federal de Educação

Tecnológica (CEFET), abrigando os cursos de Medicina, Enfermagem, Psicologia,

Zootecnia e Administração com ênfase em Turismo e Hotelaria, Comércio Exterior e

Agronegócio. A implantação dessa universidade foi um marco no sentido da

federalização da educação superior em Petrolina.

Na cidade de Juazeiro, o campus será erguido numa área de 60 ha cedida

pela Prefeitura, mas, até a sua construção, os cursos nas áreas de Engenharia

(Civil, Elétrica, Produção, Mecânica, Agrícola e Ambiental) funcionam em um prédio

(24)

existentes na Fundação do Homem Americano, administradora do acervo

arqueológico do Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato,

no Piauí, distante 300 km de Petrolina.

No que tange à formação profissional, o município de Petrolina dispõe do

Centro Federal de Educação Tecnológica – CEFET, que funciona em duas

unidades, oferecendo os cursos de: Informática, Edificações, Turismo, Eletrotécnica,

Agricultura, Zootecnia, Agroindústria e Eletrônica, e da Escola Técnica Federal de

Alimentos, administrada pelo SENAI, onde funcionam os cursos de Processamento

de Polpas de Frutas, Processamento de Geléias, Congeladas, Qualidade de

Alimentos pela Higiene e Sanitização, Iniciação à Microbiologia, Qualidade

Participativa e Iniciação à Qualidade Total. Em 2005, o CEFET – Petrolina passou a

oferecer o Ensino Médio integrado ao Técnico, conforme o Decreto nº 5.154, de 26

de julho de 2004.

Várias entidades, com sede regional no município, também oferecem cursos

técnicos: SENAI, SENAC, SESI (Serviço Social da Indústria) SESC (Serviço Social

do Comércio), SEBRAE (Serviço de Apoio às Micros e Pequenas Empresas),

EMBRAPA – CPATSA, CODEVASF, entre outras.

No caso específico do ensino médio, objeto desta investigação, vale ressaltar

que esse nível de ensino, em Petrolina, surgiu em 1930, no CNSA, da rede privada,

com a abertura da Escola Normal Rural anexa à Escola Estadual do Recife. De 1930

a 1966, espaço bastante longo, somente uma pequena parcela da população, mais

favorecida, tinha acesso à escola de nível médio; outra parte estava excluída pela

situação financeira.

(25)

Petrolina, instituição ligada à Fundação Educacional10, que passou para o Estado,

recebendo o nome de Colégio de Petrolina e funcionando, a partir daí, o curso

ginasial já existente e mais os cursos científico e normal, dando assim opção aos

alunos que concluíssem o 1º ciclo. Com essa denominação, funcionou até 1974,

quando a Secretaria de Educação do Estado lhe deu o nome de Escola de Petrolina

1º e 2º Graus.

Sintonizado com a política em nível nacional, o ensino médio, em Petrolina,

desenvolve-se basicamente seguindo a mesma trajetória dele no Brasil. Possuidor

das mesmas marcas históricas de falta de identidade e de políticas claras e

contínuas, em Petrolina, ele sobrevive a reboque do ensino fundamental, até com

divisão do mesmo espaço nas escolas. Em outras palavras, a estrutura de nossas

escolas do ensino médio não foi planejada para o funcionamento do mesmo.

Analisando os dados de matrícula11 desse nível de ensino, nos últimos três anos, nas escolas estaduais da zona urbana de Petrolina, verifica-se que, em 2001,

a matrícula atingiu um quantitativo de 9.607 alunos; em 2002, houve um acréscimo

de apenas 33 alunos e, em 2003, a matrícula alcançou um total de 10.377 alunos,

significando um aumento de 637 estudantes em relação ao ano anterior.

De fato, o Ensino Médio em Petrolina ainda é uma realidade distante para

muitos jovens, como demonstram os dados no âmbito de Brasil. Em 2003, houve um

percentual de 22,2% de abandono e 12,5% de reprovação. No entanto, o percentual

de 87,5% de aprovação não representa um ensino de qualidade satisfatória, porque

____________

10A Fundação Educacional de Petrolina, hoje Fundação Educacional Senador Nilo Coelho, entidade

jurídica de direito privado sem fins lucrativos. Como as demais fundações existentes no país, teve o seu apoio no art. 107 da LDB 4.024/61, nos termos do art 62, §2º, da Lei 5.692/71.

11 Dados fornecidos pela Gerência Regional de Educação do Sertão do Médio São Francisco –

(26)

o sistema de avaliação, como vem acontecendo em muitas escolas

petrolinenses da rede estadual, favorece a promoção sem as competências e

habilidades necessárias para o aluno cursar a série seguinte. Isso leva a refletir que

a democratização do acesso sem a qualidade do curso revela discriminação.

Esses dados são demonstrados através das avaliações do SAEPE (Sistema

de Avaliação Educacional de Pernambuco), SAEB e ENEM. Tais avaliações revelam

que não há um encontro do estudante com a leitura. Ao chegar à 3ª série do ensino

médio, grande parte dos alunos demonstra deficiências em Língua Portuguesa, que

interferem no aprendizado das demais disciplinas.

Como se pode observar, analisando-se os dados do Ensino Médio em

Petrolina, verifica-se que a situação não é tão diferente da realidade do país. Em

outras palavras, evidenciou-se, nessa análise, que se está vivenciando uma nova

crise de identidade. Evidentemente, essa crise atual possui novas características,

bem distintas das anteriores, considerando-se os avanços de nosso país, as

inovadoras exigências deste novo milênio e as demandas desse nível de ensino. No

bojo dessa problemática do ensino médio, destaca-se a questão da Escola escolhida

(27)

CAPÍTULO 4

UM ESTUDO DE CASO SOBRE A REFORMA DO ENSINO MÉDIO NUMA

ESCOLA CONFESSIONAL

4.1 BREVE HISTÓRICO DO COLÉGIO NOSSA SENHORA AUXILIADORA

Desde a época em que Petrolina ainda era conhecida como “Passagem de

Juazeiro”, a religião já ocupava um lugar importante na vida dos petrolinenses. Em

maio de 1923, o bispo de Pesqueira, Dom José Oliveira Lopes, anunciou a criação

de um bispado no sertão nordestino. Em novembro, a Bula Pontifícia Dominici

Gregis Cura, do Papa Pio XI, instituiu o bispado em Petrolina e nomeou como

primeiro bispo o salesiano Dom Antonio Maria Malan, que havia sido inspetor de

Mato Grosso e sempre se destacou por promover a obra dos salesianos e das Filhas

de Maria Auxiliadora, como também a ação missionária em favor dos índios bororos.

Segundo Pedro Massa (1965), na diocese de Petrolina, Dom Malan “realizou

ali notáveis trabalhos e um intenso movimento religioso, criando paróquias,

levantando capelas e colégios”. Foi Dom Malan quem trouxe as filhas de Maria

Auxiliadora para Petrolina, representando a primeira obra na região nordestina.

As crônicas da casa rezam:

(28)

Para conseguir seu objetivo de trazer para Petrolina as Filhas de Maria

Auxiliadora-FMA, o bispo Dom Malan recorrera à Inspetoria de Santa Catarina, com

sede em São Paulo. Não foi atendido por haver carência de pessoal. Sem desistir de

seus objetivos, Dom Malan partiu para a Itália, onde conseguiu seis irmãs para sua

diocese. Em São Paulo, houve uma permuta de algumas irmãs brasileiras, que já

conheciam a língua. Essas irmãs eram: Ir. Modesta Martinelli, diretora; Ir. Elisabeth

Artemback; Ir. Salomé Ferreira; Ir. Felicina Bongianini; Ir. Irene Oria e Ir. Leontine

Ichverza (AZZI, 2002).

Após longa viagem por terra e por mar, chegaram ao sertão pernambucano,

acompanhadas pelo bispo e pelo Reverendo Monsenhor Ângelo Sampaio, sacerdote

que teve um papel fundamental durante os primeiros anos do CNSA, tornando-se

capelão e guia espiritual das irmãs durante vinte e quatro anos.

Inicialmente, as irmãs foram instaladas em uma casa que pertencia à diocese,

desprovida de tudo, de móveis e até de cozinha e faziam as refeições na casa de

uma senhora vizinha do Colégio, a senhora Dalva Padilha de Souza. Através de

empréstimos, a casa começou a ser equipada e, no dia 17 de março, a comunidade

já fazia refeições em sua própria casa.

No dia 21 de março, deram início ao Oratório Festivo, com 96 crianças. No dia

cinco de abril, inaugurou-se a capelinha dedicada a Maria Auxiliadora, na presença

de grande número de pessoas, benfeitores e autoridades. Dom Malan ofereceu às

irmãs a imagem de Nossa Senhora Auxiliadora, que se encontra até hoje no colégio.

O dia seis de abril marcou o início do CNSA em Petrolina. É o primeiro dia de

aula, funcionando da 1ª à 4ª série, com número reduzido de alunas. Em 17 de abril,

(29)

falecer no dia 24 de abril. No dia 17 de fevereiro de 1927, chegou a nova diretora, Ir.

Madalena Jauregui.

No Colégio, funcionavam o oratório, o curso primário, aulas de pintura, piano

e bordado e, no dia 31 de janeiro de 1928, chegaram a Petrolina sete irmãs, tendo à

frente, como Diretora, Ir. Bibiana Marcial, que dirigiu o CNSA por doze anos.

Em 1929, no dia dois de fevereiro, o bispo anunciou a abertura do Curso

Normal e avisou que o Colégio seria observado para ser equiparado à escola

normal. No dia três de fevereiro de 1930, iniciaram-se as aulas do curso elementar e,

em três de março, as aulas do curso normal, que começou a funcionar como um

anexo à Escola Normal Oficial de Recife.

Em 1931, a Diretora trouxe de São Paulo para Petrolina a Ir. Maria Augusta

Lopes, que veio lecionar no Curso Normal. A diretora conseguiu um prédio vizinho,

pois o Colégio não comportava mais o número de alunas.

No dia cinco de dezembro de 1931, encerraram-se os trabalhos letivos com a

formatura de primeira turma de normalistas no dia seis de dezembro. Iniciou-se a

construção da muralha do futuro edifício do Colégio, autorizada pela inspetora

Madre Francisca Lang. Formou-se a segunda turma de professoras. Em 1933, a

Escola Normal de Petrolina foi legalmente equiparada com o Curso Normal Rural.

No dia seis de fevereiro de 1934, chegou de São Paulo a nova Diretora, Ir.

Hortência van Moerckerke. Em abril desse ano, Dom Bosco, fundador dos

Salesianos e das FMA, foi canonizado. No final do ano letivo, 14 professoras

recém-formadas começaram a exercer o magistério na cidade.

Em 1936, iniciou-se a construção do prédio para a Escola Normal. No ano

seguinte, 21 novas professoras concluíram o curso Normal e começaram a trabalhar.

(30)

Em 1949, o curso Ginasial foi equiparado oficialmente ao do Estado, através

da Portaria nº 33, de 31/01/1949. Em 1952, foi aprovado um novo regimento escolar.

Em 1965 encerrou-se o internato, passando o estabelecimento a funcionar somente

com alunas externas.

Em 1974, o CNSA, seguindo as orientações da Lei Federal, abriu novos

cursos, oferecendo aos alunos quatro opções: Análises Clínicas, Análises Químicas,

Arquitetura e Magistério. Nessa época, houve um grande crescimento no Brasil de

cursos profissionalizantes. Além desses cursos, foi autorizado e reconhecido o

Curso Científico, através da Portaria nº 2432, de 23/10/1974.

De 1931 a 1988, o Colégio entregou o diploma a 1.327 professoras, em 54

turmas. Durante esse período, o magistério, na cidade de Petrolina e em cidades

próximas, foi exercido por ex-alunas salesianas.

Em 1984, foi suspenso o curso Científico e em 1988, o Curso de Magistério.

O CNSA encerrou, temporariamente, as atividades de ensino médio, que só foram

reiniciadas no ano de 2001, seguindo as normas da nova LDB – 9394/96.

De 2001 a 2005, percebe-se que o ensino médio se encontra consolidado,

havendo, atualmente, cinco turmas de 1º ano, quatro turmas de 2º ano e três turmas

de 3º ano, com alunos com ótimo índice de aprovação em universidades de todo o

país.

Escolheram-se duas realidades: a primeira, os últimos anos de um período

em que o CNSA decidiu colocar o ensino médio numa perspectiva profissionalizante,

oferecendo opções de Magistério e Análises Clínicas. Os últimos anos dessa época

caminharam para a suspensão do ensino médio por 13 anos.

A segunda realidade marca o reinício do Ensino Médio e a evolução das

(31)

matrículas no Ensino Médio (Apêndice). Percebe-se que o Ensino Médio vai se

consolidando, fortalecendo e entrando numa nova fase de credibilidade, segurança

sem perder o seu diferencial e com o grande desafio de fazer parte da Rede

Salesiana de Escolas.

4.2 PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

O projeto político-pedagógico - PPP tem sido objeto de estudo e motivo de

inquietação para muitos educadores e instituições educacionais, em busca da

melhoria da qualidade do ensino. Considerando o PPP como a própria organização

do trabalho da escola respaldado em sua trajetória de experiências, ações

concretizadas e frustradas, que foram vivenciadas e que permitem ao grupo de

educadores refletir sobre sua ação; não se pode encará-lo como mais um modismo.

Entende-se que planejamento é a instância para consolidar e dinamizar ações

que venham do encontro dos interesses de uma coletividade, contemplando

atividades que permitam a implementação das decisões explicitadas pelos

indivíduos em uma instituição. O processo de planejamento é a dinâmica

operacional, que deve garantir o momento da tomada de decisão e da sua

formalização.

Nessa perspectiva, insere-se o PPP da escola, como a própria essência do

trabalho, que se desenvolve no seu contexto histórico, o que marca a singularidade

de cada projeto. O pensado e o vivido, tornados documentos, garantem, mais do

que o seu registro e a sua memória, o seu fazer.

Veiga (1995) conceitua projeto político-pedagógico a partir do sentido

(32)

disso, enfatiza que a organização de projetos de escola não se pode restringir ao

planejamento de ensino e atividades diversas.

O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional com um

sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. Por isso, o projeto

pedagógico da escola é, também, um projeto político, por estar intimamente

articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses reais e coletivos da

população majoritária. É político no sentido de compromisso com a formação do

cidadão para um tipo de sociedade. É pedagógico no sentido de definir as ações

educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus

propósitos e sua intencionalidade.

Assim, o político e o pedagógico são indissociáveis, implicando um processo

contínuo de reflexão e discussão das questões, que perpassam o dia-a-dia da

escola. As dimensões política e pedagógica revestem o projeto de uma amplitude

significativa. É a busca da organização do trabalho pedagógico da escola na sua

globalidade, o que requer certa autonomia.

A principal possibilidade de construção do PPP passa pela relativa autonomia

da escola, a sua capacidade de delinear sua própria identidade, significando

resgatar a escola como espaço público, lugar de debate, do diálogo, fundado na

reflexão coletiva. Nesse sentido, o projeto político-pedagógico da escola dará

indicações necessárias para a organização do trabalho pedagógico, que incluiu o

trabalho do professor na dinâmica de sala de aula (VEIGA, 1995).

O PPP deve ser entendido, portanto, como uma construção contínua por

todos os sujeitos envolvidos com o processo educativo da escola. Não é algo que é

elaborado e, em seguida, arquivado ou encaminhado às autoridades educacionais

(33)

4.2.1 Construindo o Projeto Político-Pedagógico do Colégio Nossa Senhora

Auxiliadora

Construir um PPP implica distinguir fins e meios. É imprescindível definir

claramente o tipo de escola que se quer, assim como a sociedade e o cidadão, que

se pretende formar. Isso significa trabalhar no campo das finalidades: uma escola

para que e para quem? As ações específicas são menos para a obtenção desses

fins. Esse compromisso requer uma construção coletiva e contínua. Não é algo que

se faça de uma hora para outra.

O PPP de uma escola exige a construção de sua identidade coletiva. Que

espécie de educadores somos? Qual a nossa formação? Aonde queremos chegar?

Resgatar a historicidade da escola, confrontar sua estrutura e organização com o

contexto no qual está inserida, a partir de um marco teórico-conceitual, são

procedimentos para a condução do processo.

Nesse contexto e baseado na Carta de Princípios das Escolas Salesianas, o

CNSA tem como missão e objetivos:

¾ A escola Salesiana-FMA propõe ser casa que acolhe, família em que cada membro se sente amado e respeitado, aprende a amar e respeitar o outro, convivendo em paz.

¾ Colabora na formação de pessoas abertas ao Transcendente, conscientes de suas limitações, mas também da sua capacidade de libertar-se em reciprocidade com os outros. Pessoas livres, com autonomia para pensar e agir, corresponsavelmente e, com decisão.

¾ Opõe-se à superficialidade e à fragmentação, desenvolve o senso de pertença e o compromisso com a comunidade local e mundial.

(34)

¾ Na Escola Salesiana-FMA, o professor é mediador do conhecimento, organizador da ação pedagógica, sistematizador de seus conteúdos, vivências e procedimentos, atento às expressões da ciência e tecnologia, à influência da mídia, às novas linguagens e aos valores essenciais da cultura humana e do Evangelho, ciente de que o jovem é protagonista de sua própria transformação.

¾ Interage com os jovens e, em colaboração com a família, acompanha-os no seu processo de amadurecimento, de releitura permanente dos modelos de pensamento e de comportamento, priorizando sempre os valores da pessoa.

¾ Opta pela solidariedade, não como gesto isolado, mas pela

cultura da solidariedade, que é atitude permanente ou critério de

acolhimento do outro de forma positiva, processual, partilhando continuamente os questionamentos e as respostas da vida. Vive atenta e sensível às necessidades dos pequenos, dos marginalizados, das minorias sociais. Vai ao encontro dos jovens, acolhe-os com solicitude, coloca-se em atenta escuta das suas aspirações, ajudando-os a construir seu projeto de vida.

¾ No horizonte antropológico da reciprocidade, a Escola Salesiana - FMA assume uma proposta efetiva de educação para a autonomia responsável dos alunos e das alunas, que se expressa tanto na aceitação da identidade sexual, quanto no encontro autêntico entre eles, respeitando-se, mutuamente, em suas diferenças de gênero e em sua igualdade pessoal. Com essa consciência serão capazes de desenvolver um projeto comum, com vistas à vivência da reciprocidade no amor, tornando-se testemunhas dos valores cristãos, na sociedade atual.

¾ A Escola Salesiana-FMA vive a reciprocidade como categoria fundamental, que permite integrar as diferenças para construir consenso, acolhida, valorização do outro e melhores condições de vida.

¾ Valoriza o ser mais que o fazer, o verdadeiro mais que o

eficiente, a ética mais que a técnica, a comunhão mais que o

êxito individual e ajuda a recuperar o feminino como apoio

emergente da dualidade humana, priorizando o relacionamento afetivo. Faz da alteridade a chave de interpretação da realidade, opondo-se ao modelo vigente de exploração e dominação.

¾ Oportuniza a experiência da vida como festa, pela vivência do espírito de família, que é o oxigênio da Pedagogia Salesiana. Nesse clima e, para gerá-lo e alimentá-lo, realizam-se atividades complementares essenciais como teatro, música, dança, esportes, celebrações, excursões, etc.

¾ Estimula-se, também, a experiência de grupo como lugar onde privilegia o protagonismo do jovem e, simultaneamente, se faz uma educação personalizada, favorecendo a comunicação interpessoal.

¾ A escola Salesiana-FMA empenha-se em preparar

comunicadores, não meros receptores ou acumuladores de

informação; pessoas capazes de transformar as informações em

conhecimentos e os conhecimentos em sabedoria, superando a

instrumentalização da pessoa em relação à mídia.

(35)

metodologia participativa, à problematização das situações e aos processos transformadores da realidade. Desse modo, aspira tornar-se presença significativa no seu contexto sociocultural, ciente de que a construção de um projeto de vida, a educação para o trabalho e a profissionalização são instrumentos significativos para a inserção do jovem na sociedade moderna. (EQUIPEDE, 1998).

Em cumprimento à missão do CNSA e aos seus objetivos, o PPP foi

construído a partir das seguintes etapas.

ƒ Formação da equipe de organização e elaboração do PPP (direção e coordenação, representantes do corpo docente);

ƒ Sessões de estudo sobre PPP por esse grupo;

ƒ Sensibilização e preparação da comunidade escolar (professores, representantes de pais, alunos e funcionários administrativos), mediante

uma palestra sobre Escola e Sociedade e sobre o sentido do

Planejamento Participativo nesta relação;

ƒ Para garantir participação democrática e para melhor expressar aquilo que o grupo/comunidade pensava e queria, foi escolhido, como instrumento, o

recurso metodológico do questionamento, da problematização,

sistematizado em perguntas;

ƒ Todas as etapas da elaboração do projeto (Marco Referencial, Diagnóstico e Programação) seguiram uma metodologia, envolvendo essencialmente o

trabalho individual, de grupo e de plenário, sendo equipe de elaboração

responsável por todo o processo metodológico: definição das ações,

escolha dos instrumentos a serem aplicados, criação de estratégias de

participação e resultados, redação das idéias recebidas de toda a

(36)

ƒ Após a vivência de todas as etapas de elaboração do projeto, a equipe de coordenação reuniu todos os textos num documento único, que foi digitado

e distribuído para toda a comunidade escolar.

Esse documento, sintonizado com os desafios e programas educacionais do

Brasil, segue as orientações da LDB e dos PCNs, do Ministério da Educação, em

permanente diálogo com o carisma e a missão salesiana.

Assim, o projeto pedagógico do CNSA redefine modelos, estilos e conteúdos

e faz disso uma contribuição valiosa para a formação crítica, ética, social e política

do educando, possibilitando-lhe o exercício renovado de uma cidadania participativa,

construtiva e solidária.

4.2.2 Proposta Pedagógica

A proposta apresentada pela RSE, centrada na transformação das pessoas e

da realidade social em que estão inseridas, é uma herança pedagógica deixada por

Dom Bosco e Madre Mazzarello e enfrenta, desde a sua fundação, no século XIX, o

desafio de educar: “O estilo salesiano de educar inspira-se nos valores cristãos e

pauta-se no paradigma de educar pelo amor, sob o prisma da inclusão e da

reciprocidade” (REDE SALESIANA DE ESCOLAS, 2005).

O Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora ou Salesianas de Dom Bosco

compõe a Rede de Escola Salesianas, uma “rede mundial de educação e de

(37)

apontam uma proposta de educação voltada para o Sistema Preventivo de Dom

Bosco e Madre Mazzarello.

O sistema Preventivo de Dom Bosco é uma proposta comprovadamente

eficiente e eficaz para a educação da juventude. A experiência de Dom Bosco, vivida

há mais de um século, faz-se presente e válida na atualidade.

A convivência de Dom Bosco com seus jovens sempre foi a marca da sua

pedagogia. O amor que sentia por eles, versão do princípio evangélico do bom

Pastor, atingia toda a sua realidade humana. Amor que se faz com todos os que

estão envolvidos na educação, educadores e educandos, membros de uma mesma

família. Para Dom Bosco, esse amor educativo está fundamentado em bases sólidas

como: Razão, Religião e Amorevolezza (Carinho).

RAZÃO

Na Pedagogia de Dom Bosco, busca-se conseguir desenvolver, junto aos

jovens, um processo educativo de modo que, aos poucos, eles cheguem sem

traumas à maturidade. Isso se dá porque se aceita o jovem como ele é, são

oferecidas oportunidades de participação em todas as atividades que lhes agradam.

O ambiente é extremamente importante, com muita espontaneidade, alegria, diálogo

cordial; não há distâncias. Todos se sentem em casa, bem à vontade.

Acredita-se na capacidade de compreensão e decisão do jovem.

Ensina-se-lhe que se deve fazer as coisas com convicção e assumir com responsabilidade as

exigências para o seu crescimento e a convivência no grupo. O segredo é a

persuasão. A razão é compartilhada com os jovens, de tal forma que se passa a ter

(38)

Tornar o educando protagonista do seu desenvolvimento é o aspecto principal

para poder aplicar com resultados satisfatórios essa dimensão do Sistema

Pedagógico de Dom Bosco. Para tanto é preciso:

9 Estreitar o vínculo professor – aluno.

9 Educar o jovem para uma atitude constante de julgamento e de avaliação dos fatos vividos no cotidiano.

9 Relacionar-se com os jovens, conscientizando-os de valores como: autonomia, liberdade e responsabilidade.

9 Agir com espontaneidade, simplicidade e amizade.

RELIGIÃO

Para Dom Bosco, a religião era entendida como instrumento de salvação e

também como elemento fundamental para a educação. A religião oferece os canais

da graça e a doutrina, que guia para um caminho seguro. Do ponto de vista

educativo, a religião tem a força de motivar e transformar as pessoas. Procura

formar a pessoa para o convívio humano e social e, ainda, formar a pessoa para o

transcendente.

O educador é um instrumento nas mãos de Deus e deve ser sinal desse amor

divino para os jovens.

A vivência da religião na prática do Sistema Preventivo de Dom Bosco

apresenta-se como uma proposta de valores, que transparece em todo momento e

em toda parte. Oferece-se uma sólida instrução e oportunizam-se as práticas

religiosas: oração diária, comemorações e as principais festas da Igreja Católica.

Incentiva-se e facilita-se a prática de uma vida sacramental, especialmente a

(39)

ambiente educativo, por meio da orientação vocacional e experiência nos grupos de

jovens.

É preciso clarificar as diferenças entre religiosidade e religião. A primeira é

uma atitude dinâmica, segundo a qual a pessoa está aberta para o sentido da vida e

sua origem. A segunda é um sistema de crenças, atitudes e compromissos

assumidos por um determinado grupo de pessoas.

Faz-se mister estar atento a algumas pistas e atrair os jovens para essa

dimensão muito importante na sua formação como homem e como cristão:

9 Ajudar os jovens a perceberem, escolherem e aderirem livre e criticamente à proposta de fé autêntica, que oriente o seu projeto de vida.

9 Testemunhar como educador a vivência da fé.

9 Educar a religiosidade, através de Ensino Religioso na escola, unindo reflexão e experiência.

9 Aproveitar os momentos de acolhida, auxiliar os jovens a identificarem seus valores de vida e a refletirem sobre os mesmos.

AMOREVOLEZZA

É o amor educativo, uma expressão de caridade pastoral, elemento unificante

de tudo. Não é simplesmente um recurso pedagógico, que o educador utiliza como

meio de educação.

Amorevolezza significa o amor de Deus a desdobrar-se sobre os jovens, por

intermédio do educador. Considera que o jovem precisa ser amado, antes de ser

cobrado. Significa, ainda, demonstrar afeto, de maneira gratuita, sem impor

(40)

ressaltar que a Amorevolezza é uma atitude profundamente desejada e reafirmada

pelas mais recentes conquistas da pedagogia e da psicologia; portanto,

observam-se algumas atitudes que propõem intensificar e aplicar com o coração essa

pedagogia de Dom Bosco no âmbito do relacionamento com os outros:

9 a capacidade de amar, de dar e receber afeto, sem vínculo de

dominação ou de dependência;

9 o respeito para com todos, expresso pelo modo cordial de acolher as pessoas e pelos sentimentos de apreço e amizade;

9 a valorização do grupo humano ao qual se pertence, da sua história e cultura e o respeito pelas diferentes maneiras de pensar e pelas distintas

sociedades e culturas, cultivando a tolerância e o espírito democrático;

9 a capacidade de viver em paz diante da incerteza, da ambigüidade e do provisório.

AMBIENTE EDUCATIVO

Na visão de Dom Bosco, grande parte das atividades educativa e formativa

acontece fora da sala de aula, no pátio, com atividades lúdicas, esportivas, nos

passeios, teatros e músicas. ”Dom Bosco pôs em ação uma pedagogia tendente a

prevenir desequilíbrio social. Muitas de suas observações sobre o desajustamento

de crianças e jovens vieram a ser confirmadas por estudos objetivados da

psicologia” (LOURENÇO FILHO , 1999).

O ambiente educativo é um dos fatores que mais incidem sobre o

amadurecimento da personalidade juvenil. O jovem cresce num país, numa família,

numa comunidade. Esse ambiente será educativo na medida em que possibilitar

(41)

Acredita-se que esse conhecimento é construído ao longo do

desenvolvimento natural do indivíduo em interação com o meio, podendo se

confirmar que a pedagogia de Dom Bosco também se relaciona à proposta

interacionista representada por Piaget, Vygotsky e Wallon.

Piaget apresenta o indivíduo como um ser, que constrói o conhecimento em

contínua interação com o meio, preocupando-se em compreender os processos

mentais usados pelo sujeito para perceber o mundo que o cerca. O autor

preocupa-se em desvendar os caminhos que o indivíduo utiliza para resolver certas situações.

Vê o sujeito como que tentando descobrir o sentido de mundo, lidando ativamente

com objetos e pessoas. (RAPAPPORT, 1981, p.51). O educador salesiano deve

atuar como mediador do conhecimento, respeitar as modalidades de aprendizagem

de seus educandos, selecionar e organizar suas ações pedagógicas, sistematizar os

conteúdos de forma a integrar e enfrentar os desafios da sala de aula.

Wallon considera a pessoa “como um ser social desde o nascimento e

proclama os processos afetivos anteriores a quaisquer tipos de comportamento”

(VASCONCELOS e VALSINE, 1995, p.40). Para ele a emoção é a base da formação

da consciência do sujeito e a sustentação das ações e instrumentos intelectuais na

construção da sua individualidade e compreensão de si mesmo e do outro. Na

educação salesiana, o afeto favorece a relação professor-aluno, aluno-aluno,

família-escola, estreitando o vínculo entre a comunidade educativa e ressignificando

a afetividade como o caminho para uma educação significativa, onde o amor e a

vida estão intimamente ligados.

Para Vygotsky, “a criança nasce num ambiente cultural historicamente

estruturado, provido de significados, com estímulos artificiais e complexas relações

(42)

(VYGOTSKY, 1995, p.46). Segundo o autor, o ambiente em que vive a criança,

interfere no seu desenvolvimento, auxiliando-a na construção do seu pensamento. A

educação salesiana tem como objetivo a construção do ser humano na sua

totalidade, interagindo com o ambiente sociocultural e garantindo que o jovem seja o

protagonista da sua história, de forma a elevar sua dignidade e exercer a cidadania

como uma prática diária, principalmente nas atividades escolares.

As abordagens pedagógicas dos autores pré-citados vêm ao encontro da

visão do Sistema Preventivo de Dom Bosco, ou seja, confirmam o tripé salesiano:

Razão, Religião e Carinho.

Portanto, faz-se necessário pensar a escola como espaço, que possibilita a

comunicação de idéias, metas, sonhos e de reflexão e ação, de solidariedade e

respeito às diferenças. O prazer de estar ali são razões que fundamentam essa

proposta e faz da escola que integra a RSE (2005) um espaço de educação para

aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a ser, aprender a conviver e aprender a crer:

9 Espaço educativo para aprender a aprender, resgatando a função primeira da escola, que é formar a pessoa, preparando-a para discernir e enfrentar as mudanças de uma sociedade em constante transformação;

9 Espaço educativo para aprender a fazer, onde se oferecem condições, proporcionais ao estágio de desenvolvimento do educando, para a aquisição de habilidades e competências práticas.

9 Espaço educativo para aprender a ser, isto é, um ambiente favorável à construção e enriquecimento da identidade pessoal e coletiva;

9 Espaço educativo para aprender a conviver, o que significa que, além de acolher o aluno e sua família numa comunidade diferenciada, o modo de trabalho deve permitir a vivência de situações especialmente planejadas para a formação de uma identidade ativa e solidária com o grupo social;

(43)

Desse modo, a organização da escola, a metodologia de trabalho, os

referenciais teóricos e os recursos didáticos são instrumentos para a construção

desse projeto, além de caminho de qualificação constante para os educadores da

RSE.

Os educadores da RSE (Rede Salesiana de Escolas) entendem a educação

como processo de construção e desenvolvimento pessoal pelo qual o indivíduo,

relacionando-se com o ambiente, com os outros e com a sociedade, cresce e se

constitui como pessoa. Nesse sentido, a educação ultrapassa o espaço da escola e

incide sobre a totalidade da vida do educando. Não há dúvida, contudo, de que a

escola é um lugar privilegiado para o desenvolvimento das capacidades individuais e

coletivas e para a análise crítica da sociedade, resultando, assim, no perfil do

educando salesiano.

O Marco doutrinal da RSE ressignifica modelos, estilos e conteúdos

educativos e faz disso uma contribuição valiosa para a formação crítica, ética, social

e política do educando, possibilitando-lhe o exercício renovado de uma cidadania

participativa, construtiva e solidária:

Nasce de uma visão humanista e cristã, em sintonia com o carisma da educação salesiana, sendo esta voltada para a formação.

Integral da pessoa como honesto cidadão e bom cristão, de homens e mulheres capazes de:

9 Dar significado e sentido às suas vidas num contexto de mudanças significativas;

9 Encontrar prazer na construção de sua identidade de forma livre e responsável;

9 Vivenciar o exercício de uma cidadania ativa, comprometendo-se consigo e com os outros;

(44)

ASSISTÊNCIA PRESENÇA

Para Dom Bosco, estar com os jovens, assistindo-os, significa presença

educativa incessante de todos os envolvidos na educação dos mesmos. Presença

ativa, diretiva, orientadora, de estímulos motivadores e participativos.

Juntamente com o diretor, o Sistema Preventivo está confiado à pessoa dos

educadores e de todos os envolvidos no processo educativo dos educandos,

tornando-se amigo e conquistando a confiança desses jovens.

É fundamental que essa assistência se dê no pátio e em outros ambientes da

escola, intervindo de forma discreta, envolvente, amorosa, individualizada,

favorecendo o exercício da liberdade e da responsabilidade e estando ao lado do

jovem no momento em que ele precisa.

A Escola Salesiana – FMA propõe-se a ser “casa” que acolhe, “família” em

que cada membro se sente amado, respeitado, aprende a amar e respeitar o outro,

(45)

CAPÍTULO 5

CAMINHO TEÓRICO–METODOLÓGICO

5.1 ABORDAGEM METODOLÓGICA E PROCEDIMENTOS

A pesquisa realizada neste trabalho enquadra-se nos estudos de caso

histórico-organizacionais, pois o interesse da pesquisadora recai sobre a vida de

uma instituição com destaque sobre o ensino médio. O estudo de caso, na opinião

de Lüdke e André (1986, p. 17-21), tem um interesse próprio, singular e é sempre

delimitado. O pesquisador procura se manter constantemente atento a novos

elementos que podem emergir com significado especial para a questão abordada. O

conhecimento se faz e refaz constantemente. E para uma apreensão mais completa

do objeto, é preciso levar em conta o contexto em que se situa.

Estudos de casos procuram representar os diferentes e, às vezes, conflitantes

pontos de vista numa situação social. Devido à implicação do sujeito no processo e

aos resultados do estudo, exige objetividade, coerência e consistência de idéias.

A dialética pode ser a metodologia mais adequada às Ciências Sociais,

possibilitando uma construção criativa da realidade. A característica da dialética é

uma sensibilidade que lhe permite conviver espontaneamente com a insegurança

dos fenômenos sociais. Conforme observa Demo (1997), toda formação social é

contraditória e superável.

A dialética, privilegiando o fenômeno da transição histórica, a superação de

uma fase por outra, predominando nesta o novo; problematiza a relação entre sujeito

(46)

homem é ator da história, que percebe a profundidade dos fatos, propondo uma

visão globalizante dos mesmos.

O objetivo do questionário foi abordar o Ensino Médio por meio da prática

pedagógica dos docentes e o olhar específico dos alunos, ambos os sujeitos da

pesquisa, pois entendemos que o “espaço pedagógico” é um texto para ser

constantemente lido, interpretado, escrito e reescrito, pois.

o ambiente escolar proporciona uma experiência sociocultural insubstituível, não apenas por ser um espaço de convivência, de formação e informação, mas também porque lá há lugar para sonhos, tristeza, compartilhamento, desejos, enfim. (CORTELLA, 2001, p.57)

Esse questionário para os professores contempla os seguintes aspectos:

dados pessoais, formação acadêmica, continuidade da formação e experiência

profissional.

5.2 SUJEITOS DA PESQUISA

5.2.1. Perfil das Turmas

A partir dos critérios estabelecidos de representação de turma, dos quais se

tratou anteriormente, a amostra foi composta pela totalidade da equipe técnica e do

corpo docente do Ensino Médio, totalizando 30 (trinta) entrevistados. As classes do

(47)

1º Ano “D”

A turma é composta de 40 alunos, sendo 29 meninos e 11 meninas. Entre

esses, 04 são novatos. 36 responderam prontamente ao questionário e solicitaram,

com bastante interesse, o conhecimento dos resultados da pesquisa. Como fato que

vem ocorrendo em outras cidades da região, os alunos chegam cada vez mais cedo

ao ensino médio. Há alunos de 13 anos e a maioria está entre 14 e 15 anos.

Demonstram amizade, com sinais visíveis de solidariedade. Gostam muito do

Colégio, estão presentes em todas as atividades educativas. Seus interesses são

voltados para as atividades esportivas, trabalhos de grupo, danças e apresentações

teatrais.

Possuem dificuldade de organizar os horários de estudo e, em

conseqüência, percebe-se um desequilíbrio cognitivo no baixo rendimento escolar

por parte de um bom número de alunos, demonstrando assim dificuldade na

aprendizagem. Alguns já se preocupam com o ENEM e o Vestibular.

Quando convidados, participam dos encontros com a psicóloga escolar.

Alguns são resistentes às normas disciplinares da escola, mas como afirma Freire

a rebeldia faz parte do processo de autonomia. Não é possível ser sem rebeldia. O grande problema é como amorosamente dar sentido produtivo, criador ao ato rebelde, e não acabar com a rebeldia (FREIRE, 2001, p.249).

Dom Bosco (DOM BOSCO apud BRAIDO, 2004) já dizia

(48)

E dentro dos princípios da Rede Salesiana de Escolas e graças também, aos

profissionais consegue-se encontrar esse ponto e manter um bom relacionamento

com estes jovens.

2º Ano “A”

É uma turma composta de 35 alunos, sendo 17 do sexo feminino e 18 do

sexo masculino, tendo apenas 01 aluno, novato bastante integrado aos demais. A

faixa etária varia entre 16 e 17 anos. A principal característica dessa turma é a

criticidade, conforme o diagnóstico da coordenadora dos alunos e a convivência com

esses jovens. Muitas vezes são incoerentes: criticam a escola e os professores, e

apresentam resistências a normas disciplinares assumidas coletivamente. Colocam

outros interesses como esporte, internet, festas, acima do estudo, o que resulta num

nível de aprendizagem nem sempre compatível com a capacidade intelectual do

grupo.

Trata-se de uma turma bastante amiga, solidária e participativa. Nessa turma,

sobressai um núcleo que “cobra” muito dos professores e refratário aos livros da

Rede Salesiana de Escolas. O argumento é que os livros não possuem todos os

conteúdos exigidos para o vestibular da região.

Após a aplicação dos questionários, houve uma discussão muito salutar entre

eles a esse respeito. Alguns diziam: “Eu estudo nesse colégio não só pelo

conhecimento, mas também pelos valores que são passados para nós.” Nesse

(49)

3º Ano “A”

A turma do 3º Ano “A” é composta por 42 alunos, 20 do sexo feminino e 22

do masculino. Desses, 38 participaram satisfatoriamente da pesquisa. Três alunos

faltaram no dia da aplicação e um estava na biblioteca.

O grupo tem uma boa convivência e está junto desde o 1º Ano. Apenas uma

aluna é novata, e se integrou bem à turma. A faixa etária varia de 16 a 17 anos,

sendo que alguns alunos completarão 18 anos ainda neste ano.

Esses jovens vivem uma fase da vida permeada por intensas transformações

biológicas, sociais e econômicas. Tal fase pode tanto se caracterizar por

fragilidades, que resultarão em vulnerabilidades, como por potencialidades,

dependendo das trajetórias de vida seguidas por eles. Oscilam entre a preocupação

com o vestibular e a imaturidade em relação aos estudos.

No primeiro trimestre, o percentual de notas foi abaixo da média nas

disciplinas de Língua Portuguesa, Química, Matemática e Geografia. A psicóloga

escolar atribui esse baixo rendimento a diversos fatores, entre eles, a ausência de

uma rotina de estudo, a resistência para enfrentar as dificuldades e uma

preocupação excessiva com o vestibular, pois os educandos vivem um momento de

buscas e definições.

Muitos cursam o 3º Ano regular e estudam em cursinhos completos ou

disciplinas isoladas, conseqüentemente não se empenham na formação geral, nem

dispõem de tempo para uma rotina de estudos proposta pelo colégio.

Segundo Gomes (1990, p. 25):

Imagem

TABELA 1 - PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO – 1º ANO
GRÁFICO 1- PROJETO PEDAGÓGICO - 1º ANO
TABELA 2 - HABILIDADES E COMPETÊNCIAS - 1º ANO (%)
GRÁFICO 3 - CURRICULO DO COLÉGIO - 1º ANO
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Referências

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