• Nenhum resultado encontrado

ACESSO E DIREITO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA À EDUCAÇÃO: ANÁLISE DO INSTITUTO FEDERAL GOIANO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "ACESSO E DIREITO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA À EDUCAÇÃO: ANÁLISE DO INSTITUTO FEDERAL GOIANO"

Copied!
15
0
0

Texto

(1)

ACESSO E DIREITO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA À EDUCAÇÃO:

ANÁLISE DO INSTITUTO FEDERAL GOIANO

Higor Heyder da Costa Pinto1 Dulcéria Tartuci2 Sílvio César Rezende3

Eixo Temático: Políticas Educacionais para pessoas público-alvo da Educação Especial

Categoria: Comunicação Oral Resumo

O trabalho é resultado de pesquisa de iniciação científica, que buscou investigar o acesso de estudantes público alvo da educação especial no Instituto Federal Goiano, a partir do levantamento de dados de matrícula, no período de 2015 a 2017. A construção de dados se deu por meio do levantamento de matrícula disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacional Anísio Teixeira e Pró-reitoria de Ensino do IF Goiano, que foram sistematizados e apresentados por meio de gráficos, tabelas e figuras, de modo a demonstrar o número total de matrícula destes estudantes e o que representa em relação a matrícula total da instituição. A análise dos dados pautou-se nas diretrizes legais e autores que discutem sobre a inclusão, tais como: Meletti e Bueno; Mendes e outros. Foi possível verificar que de 2015 a 2017 houve uma ampliação expressiva do número de matrícula de estudantes público alvo da Educação Especial atendidos pelo Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Específicas no Instituto Federal Goiano.

Todavia é necessário problematizar se não prevalece somente a questão quantitativa. Além disso, a proporção de matrícula de estudantes público alvo da educação especial ainda esta distante em relação à matrícula total no IF Goiano.

1 Instituto Federal Goiano – Campus Avançado Catalão e Mestrando do Programa de Pós- graduação em Educação da UFG/RC. E-mail: higor.heyder@ifgoiano.edu.br.

2 Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão, Unidade Acadêmica Especial de Educação e Programa de Pós-Graduação em Educação. E-mail: dutartuci@brturbo.com.br.

3 Instituto Federal Goiano – Campus Avançado Catalão e bolsista de Pibic – Cnpq. E-mail:

scesartricolor@outlook.com.

(2)

Palavras chave: Educação, Deficiência, Instituto Federal Goiano.

Introdução

A oferta de uma educação inclusiva a todos os discentes, nos níveis fundamental, médio e superior, é uma garantia estabelecida em diversas leis no país, está ligada a uma reflexão mundial acerca do respeito à diversidade e aos direitos humanos, dessa forma, as condições necessárias para o ingresso e permanência dos discentes público-alvo da educação especial nas instituições de ensino são fundamentais para a construção de uma escola verdadeiramente democrática e uma sociedade livre de preconceitos e discriminações, de tal forma que o impacto dessas ações não se restringem apenas aos discentes público-alvo da educação especial, mas sim em toda a sociedade. Nesse contexto, o ambiente escolar é essencial na construção do sujeito enquanto humano e cidadão e a atuação de professores e comunidade escolar são primordiais para a promoção de uma educação mais humana e propagadora de uma reflexão acerca de valores sociais inclusivos.

No Brasil, a temática da educação inclusiva ainda é alvo de profundas reflexões e debates e, por isso, ao longo de várias décadas, diversas leis foram promulgadas e aprimoradas para se buscar um modelo menos excludente, pois a exclusão está presente historicamente na construção social do país e o ambiente escolar é fundamental para superá-las. Silva (2010) explicita que inclusão e exclusão se inter-relacionam em um processo dialético e não podem ser analisadas separadamente, pois o processo de inclusão é uma constante tentativa de superar a exclusão presente na interação entre atitudes, ações, cultura, políticas e práticas institucionais discriminatórias.

Entre as legislações vigentes em território nacional, a Constituição Federal prevê a equidade em nível social e educacional em alguns de seus artigos, destaco aqui o artigo 3º, inciso IV, que estabelece como um de seus objetivos fundamentais, a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, cor, sexo, idade ou quaisquer outras formas de discriminação. O artigo 205 define a educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. No artigo 208 é garantido como dever do estado a oferta de atendimento educacional especializado preferencialmente na rede regular de ensino.

(3)

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), com redação dada pela lei nº 12.796/13, em seu artigo 59, contempla a formação de uma educação inclusiva aos “educandos com altas habilidades, superdotação, transtornos globais ou deficiência e aponta no inciso I que os sistemas de ensino devem assegurar “currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender as suas necessidades”

Nesta direção o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90), em seu artigo 54 aponta que “É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: III – o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.”

No campo da educação especial, a publicação pelo Ministério da Educação da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEE-PEI), em 2008, é um marco para a educação especial em todo o país, amparado em um movimento mundial que concebe a educação inclusiva como ação pedagógica, cultural, social e política e institui importantes diretrizes para promover uma educação fundamentada na concepção humana e cidadã, em que prevalece a equidade e combate práticas discriminatórias nas escolas. É necessário que as diferenças entre os múltiplos sujeitos que integram o ambiente educacional sejam reconhecidas e, a partir delas potencializar o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.

O público-alvo da educação especial é caracterizado na PNEE-PEI, através da resolução nº 04/2010 do Conselho Nacional de Educação e pelas Diretrizes Curriculares Nacionais que define os discentes que devem ter, a matrícula garantida nas classes comuns do ensino regular e acesso ao Atendimento Educacional Especializado (AEE), são eles: pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, o AEE, suplementar ou complementar deve, assim, ser ofertado “em salas de recursos multifuncionais ou em centros de AEE da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos.

Articulado ao movimento de ampliação da educação, em 2008 que é promulgada a lei 11.892/08 que institui a criação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, que atualmente estão presentes em todas as 27 unidades federativas brasileiras, em mais de 500 campi.

Os Institutos Federais são instituições de educação superior, básica e profissional, pluricurriculares e multicampi, especializados na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de

(4)

ensino, com base na conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos com as suas práticas pedagógicas, nos termos desta Lei. (Lei 11.892, 2008)

Desde a sua criação, os Institutos Federais têm obtido excelentes resultados em exames nacionais e se apontado como promotor de uma educação pública de qualidade, nesse contexto, é importante acompanhar como têm acontecido as ações inclusivas do público-alvo da educação especial nessas instituições e de que maneira o PNEE-PEI tem contribuído para garantir o ingresso e matrículas dos discentes público-alvo da educação especial nos Institutos Federais. Dessa forma, a pesquisa, que está vinculada à Universidade Federal de Goiás, se efetivará no Instituto Federal Goiano, onde existem 12 campi atualmente e se restringirá ao público-alvo da educação especial. A partir do levantamento de documentos e dados será realizada uma análise acerca das políticas e ações de educação especial e inclusão no contexto desta instituição.

Recentemente, ao final do ano de 2016, foi aprovada a lei 13.406/16, que altera a lei 12.711/12 em seu artigo 3º e 5º e assim, inclui o grupo de pessoas com deficiência entre aqueles que têm direito a reserva de vagas para o ingresso em instituições federais de ensino.

Em cada instituição federal de ensino técnico de nível médio, as vagas de que trata o art. 4o desta Lei serão preenchidas, por curso e turno, por autodeclarados pretos, pardos e indígenas e por pessoas com deficiência, nos termos da legislação, em proporção ao total de vagas no mínimo igual à proporção respectiva de pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência na população da unidade da Federação onde está instalada a instituição, segundo o último censo do IBGE. (BRASIL, 2016)

Por ter sido aprovada em dezembro de 2016, essa lei passa a vigorar em território nacional somente a partir de 2017, o que poderá se refletir na ampliação do acesso e na estruturação dos campi dos Institutos Federais e Universidades Federais para proporcionar condições de permanência exitosas para esses estudantes.

Objetivo

Este trabalho visa apresentar os resultados de uma investigação cujo objetivo foi investigar o acesso de estudantes público alvo da educação especial no Instituto Federal Goiano, a partir do levantamento de dados de matrícula, de 2015 a 2017.

(5)

Metodologia: procedimentos e o contexto da pesquisa

Este trabalho está vinculado à pesquisa “Sujeitos, Diretrizes Políticas, Formação Docente e Práticas de Educação Especial e Inclusão Escolar em Goiás”, aprovada no comitê de ética sob o parecer nº 2.016.997. Portanto, o trabalho é de abordagem qualitativa e possui como instrumentos a análise documental de regulamentos do Instituto Federal Goiano relacionados à educação especial e inclusão, de dados censitários do IBGE e Censo INEP.

O estado de Goiás apresenta uma população de aproximadamente 6 milhões de habitantes e, segundo censo do IBGE (2010), cerca de 1 milhão e 400 mil possuem algum tipo de deficiência, o que significa 23,21% em relação à população absoluta. Assim, buscaremos realizar o levantamento de estudantes público alvo da Educação Especial matriculados em Goiás e o levantamento de estudantes do Instituto Federal Goiano, bem como aqueles atendidos pelo NAPNE4 do IF Goiano. O levantamento foi realizado a partir dos dados de matrícula disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacional Anísio Teixeira (Inep ) e na Pró-reitoria de Ensino do IF Goiano.

O Instituto Federal Goiano foi criado no ano de 2008 a partir da lei 11.892/08 que institui a criação dos Institutos Federais de Educação Ciência e Tecnologia em âmbito nacional e caracteriza-se pela oferta de educação profissional e tecnológica nas modalidades concomitante e subsequente, ensino técnico integrado ao nível médio, graduação e pós-graduação profissional.

4 Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Específicas, núcleo de inclusão existente nos campi da

instituição e realizam o atendimento dos estudantes com deficiência.

(6)

Fonte: Site do IF Goiano

Atualmente, o IF Goiano possui 12 campi no estado de Goiás, dos quais 7 deles são Campi Avançados ou em implantação e, portanto, tem se observado um aumento no número de matrículas nos últimos anos e, segundo dados da Pró-reitoria de Ensino da instituição, há um total de 10.330 estudantes matriculados em toda a rede no ano de 2017, em que maior parcela desses estudantes se encontram nos campi mais antigos da instituição.

Resultados

Segundo dados do Censo Inep (2014), atualmente o Brasil possui cerca de 49 milhões de estudantes na educação básica e cerca de 8 milhões na educação superior5. No estado de Goiás, a educação básica6 apresenta um total de 1.376.350 estudantes matriculados no ano de 2014 e representa quase 3% dos estudantes do país. Entre estudantes público alvo da educação especial, o estado apresenta um total de 23.449 (1,7% do total de estudantes em Goiás) são público alvo da educação especial.

Quadro 1 – Número total de estudantes da educação básica no estado de Goiás no período de 2008 a 2014.

Ano Número de matrículas

2008 1.371.008

5 Não foram disponibilizados os dados de estudantes público alvo da educação especial no ensino superior no censo Inep.

6 Educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e educação profissional.

(7)

2009 1.376.028

2010 1.374.963

2011 1.362.061

2012 1.367.915

2013 1.364.777

2014 1.376.350

Fonte: Inep/MEC. Quadro elaborado pelos pesquisadores

Gráfico 1 – Número de estudantes da educação básica público alvo da educação especial no estado de Goiás.

Fonte: Gráfico elaborado pelos pesquisadores, a partir do Censo INEP.

Entre os anos de 2008 e 2014, verifica-se um aumento de 5.342 estudantes matriculados na educação básica, com 1.371.008 em 2008 e 1.376.350 em 2014, no mesmo período ocorre um aumento de 9.525 estudantes público alvo da educação especial, com 13.924 estudantes em 2008 e 23.449 em 2014, o que indica a maior necessidade de estruturação das escolas do estado para garantir, de fato, a inclusão deste público, não somente o acesso, mas também a permanência exitosa dessa parcela da população, para tanto, somente a integração não atingirá esse objetivo.

Tanto a integração quanto a inclusão são formas de inserção social, mas enquanto a primeira trata as deficiências como problema pessoal dos sujeitos e visa à manutenção das estruturas institucionais, a segunda considera as necessidades educacionais dos sujeitos como problema social e institucional, procurando transformar as instituições. (LIMA, 2006, p. 24)

A lei 13.409/16 representa um progresso no que tange à garantia do acesso das pessoas com deficiência às instituições federais de ensino, contudo, é necessário conceber o sujeito e suas necessidades educacionais dentro da instituição para que se possa transformar o meio social e, gradativamente romper as barreiras físicas e atitudinais nas instituições, somente desse modo é possível garantir a inserção social verdadeiramente inclusiva das pessoas com deficiência.

(8)

Em relação à educação profissional, o estado de Goiás registra um aumento de mais de 100% de estudantes matriculados na educação básica de nível médio7 no período entre 2008 e 2014, onde foram contabilizados 14.328 estudantes em 2008 e atingiu o número de 30.361 estudantes em 2014, conforme o quadro a seguir:

Quadro 2 – Número de matrículas da educação profissional integrada ao ensino médio e nível concomitante8 e subsequente9 no estado de Goiás.

Fonte: Fonte: Elaborado pelo Inep. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/inep-data>. Acesso em: 11 nov. 2017.

Entre o total de estudantes, as instituições federais de ensino no estado que ofertam essa modalidade, IFG e IFGO, representam, no ano de 2014, o número de 6.391 matrículas, aproximadamente apenas 5% dos estudantes nessas modalidades de ensino, conforme indica o quadro a seguir

Quadro 3 – Número de matrículas da educação básica profissional de instituições federais de educação no estado de Goiás.

7 Restringe-se a obtenção de dados a partir desse nível de ensino, devido ao fato dos Institutos Federais ofertarem educação apenas a partir do ensino médio.

8 O nível concomitante se refere àqueles estudantes que cursam o ensino médio em uma instituição e em turno contrário cursa a educação profissional em outra instituição

9 O nível subsequente se refere àqueles estudantes que já concluíram o ensino médio e estão matriculados em cursos de educação profissional.

(9)

Fonte: Elaborado pelo Inep. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/inep-data>. Acesso em:

11 nov. 2017.

No âmbito do Instituto Federal Goiano, o número total de matrículas teve um significativo aumento, com destaque para a pós-graduação, conforme os quadros:

Quadro 4. Número de estudantes matriculados nos campi do Instituto Federal Goiano por nível de ensino em 2015.

2015

CÂMPUS TÉCNICO SUPERIOR PÓS GRAD TOTAL

CATALÃO 109 0 0 109

CRISTALINA 117 0 0 117

HIDROLÂNDIA 60 0 0 60

IPAMERI 197 0 0 197

CAMPOS BELOS 128 0 0 128

CERES 700 680 8 1388

IPORÁ 464 325 0 789

MORRINHOS 377 646 30 1053

POSSE 81 0 0 81

RIO VERDE 982 1524 168 2674

URUTAÍ 577 996 13 1586

TRINDADE 398 0 0 398

(10)

TOTAL 4190 4171 219 8580 Fonte: Elaborado pelos pesquisadores, a partir dos dados Diretoria de Assistência Estudantil do IF Goiano (2017).

Quadro 5. Número de estudantes matriculados nos campi do Instituto Federal Goiano por nível de ensino em 2016.

2016

CÂMPUS TÉCNICO SUPERIOR PÓS GRAD TOTAL

CATALÃO 210 0 0 210

CRISTALINA 181 0 0 181

HIDROLÂNDIA 181 0 0 181

IPAMERI 191 0 0 191

CAMPOS BELOS 183 0 0 183

CERES 758 664 28 1450

IPORÁ 469 382 0 851

MORRINHOS 497 597 39 1133

POSSE 173 0 0 173

RIO VERDE 1074 1735 455 3264

URUTAÍ 340 957 0 1297

TRINDADE 644 0 84 728

TOTAL 4901 4335 606 9842

Fonte: Elaborado pelos pesquisadores, a partir dos dados Diretoria de Assistência Estudantil do IF Goiano (2018).

Quadro 6. Número de estudantes matriculados nos campi do Instituto Federal Goiano por nível de ensino em 2017.

2017

CÂMPUS TÉCNICO SUPERIOR PÓS GRAD TOTAL

CATALÃO 225 28 253

CRISTALINA 241 241

HIDROLÂNDIA 191 191

IPAMERI 191 44 235

CAMPOS BELOS 257 20 277

CERES 1112 694 40 1846

IPORÁ 394 426 25 845

MORRINHOS 365 728 71 1164

POSSE 131 34 165

RIO VERDE 1051 1784 205 3040

URUTAÍ 655 896 117 1668

TRINDADE 405 405

TOTAL IF GOIANO 5218 4572 540 10330

Fonte: Elaborado pelos pesquisadores, a partir dos dados Diretoria de Assistência Estudantil do IF Goiano (2018).

(11)

Verifica-se um aumento significativo do número de estudantes matriculados na rede nesse período, de um total de 8580 discentes em 2015 para 10330 no ano de 2017, em que se verifica um aumento mais expressivo de matrículas no ensino técnico, com um aumento de mais de mil matrículas no período, mas também é expressivo o crescimento da oferta de pós-graduação na instituição, com um salto de 219 estudantes no ano de 2015 para 606 no ano de 2016, em 2017 houve um recuo em relação ao ano anterior com um total de 540 estudantes, porém, comparado ao ano de 2015 ainda é um crescimento acima de 100% dessas matrículas. Apesar de possuírem um menor número de estudantes, a implantação de novos campi contribuiu para o atendimento de um maior número de estudantes pela rede e, de um modo geral, apresentaram crescimento no período referido, com destaque também aos campi Ceres e Rio Verde.

Em relação aos estudantes com deficiência, nem todos atendidos pelo NAPNE10 se enquadram no grupo do público-alvo da educação especial, definido pela resolução nº 4/2009 do Conselho Nacional de Educação como:

Para fins destas Diretrizes, considera-se público-alvo do AEE:

I – Alunos com deficiência: aqueles que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual, mental ou sensorial.

II – Alunos com transtornos globais do desenvolvimento: aqueles que apresentam um quadro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na comunicação ou estereotipias motoras. Incluem-se nessa definição alunos com autismo clássico, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância (psicoses) e transtornos invasivos sem outra especificação.

III – Alunos com altas habilidades/superdotação: aqueles que apresentam um potencial elevado e grande envolvimento com as áreas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual, liderança, psicomotora, artes e criatividade.

Os dados disponibilizados pela Diretoria de Assistência Estudantil do IF Goiano se referem aos anos de 2015 e 2017, alguns campi não apresentaram os dados do público atendido pelo NAPNE, o que poderá ser averiguado através de entrevista com os profissionais do NAPNE’s em uma futura pesquisa.

Quadro 7 – Estudantes atendidos pelo NAPNE11 e PAEE em cada campus do IF Goiano no ano de 2015.

10 É válido ressaltar que nos Institutos Federais em âmbito nacional, o Atendimento Educacional Especializado (AEE) está sob a responsabilidade do NAPNE de cada campus e, portanto, está inserido em sua estrutura os profissionais de AEE e de apoio aos estudantes com deficiência que atuam em sala de aula em conjunto com o professor regente.

(12)

CAMPUS N. De estudantes atendidos pelo NAPNE

N. de estudantes atendidos pelo NAPNE e PAEE

Proporção de estudantes

atendidos pelo NAPNE

Iporá 9 7 1,1%

Urutaí 13 6 0,8%

Morrinhos 0 0 -

Campos Belos 1 1 0,4%

Posse 1 1 0,6%

Ceres 3 2 0,2%

TOTAL 27 17 0,2%

Fonte: Diretoria de Assistência Estudantil do IF Goiano – Quadro elaborado pelos pesquisadores (2017)

Quadro 8 – Estudantes atendidos pelo NAPNE e PAEE em cada campus do IF Goiano no ano de 2017.

CAMPUS N. De estudantes atendidos pelo NAPNE

N. de estudantes atendidos pelo NAPNE e PAEE

Proporção de estudantes atendidos pelo NAPNE

Iporá 19 10 2,2%

Urutaí 14 6 0,8%

Cristalina 11 3 4,6%

Ipameri 3 2 1,2%

Ceres 15 6 0,8%

TOTAL 62 27 0,6%

Fonte: Diretoria de Assistência Estudantil do IF Goiano – Quadro elaborado pelos pesquisadores (2017).

Entre os anos de 2015 e 2017 é possível verificar um ampliação expressiva do número de estudantes atendidos pelo NAPNE, com crescimento maior que 100%, bem como dos estudantes paee, o que demanda maior investimento da estrutura física e de acessibilidade para esses estudantes, além da sensibilização do corpo docente e administrativo da instituição para verdadeiramente promover a inclusão desses estudantes. Todavia é necessário problematizar esta ampliação quantitativa, pois Ferreira e Ferreira (2004, p. 24) ao discutirem sobre as políticas de educação especial apontam:

em seu aspecto geral essa política mais ampla mostra um certo nível de compromisso com as pessoas com deficiência; em outros momentos parece prevalecer a questão quantitativa de atendimento mais compatível com uma política de resultados para justificar compromissos governamentais no âmbito internacional.

Em um total de 10.330 estudantes no ano de 2017, apresentam algum tipo de necessidade específica 62, o que equivale a 0,6 % do total de estudantes da instituição, comparativamente aos dados do IBGE (2010), que

11Nem todos os estudantes atendidos pelo NAPNE são PAEE, mas todos os PAEE são atendidos pelo NAPNE.

(13)

indica que 23,21% da população goiana apresenta algum tipo de deficiência, o IF Goiano ainda está bem distante desse percentual. Segundo Meletti e Bueno (2010, p. 6) ao apresentar estudo sobre a característica populacional e situação socioeconômica das pessoas com deficiência no Brasil, sistematizados no Censo Demográfico de 1991, “Os números finais indicaram que 1,50% da população geral apresentam alguma deficiência (IBGE, 1996)”. Em relação à educação básica em Goiás, 1,7% dos estudantes era público alvo da educação especial no ano de 2015, o que traz indícios sobre o acesso desse público às instituições federais de ensino. Por outro lado, cumpre ressaltar que

As mazelas da educação especial brasileira, entretanto, não se limitam a falta de acesso, pois os poucos alunos com necessidades educacionais especiais que tem tido acesso a algum tipo de escola não estão necessariamente recebendo uma educação apropriada, seja por falta de profissionais qualificados ou mesmo pela falta generalizada de recursos. Além da predominância de serviços que ainda envolvem, desnecessariamente, a segregação escolar, há evidências que indicam um descaso do poder público em relação ao direito á educação para esta parcela da população;(MENDES, 2010, p. 106)

Embora o texto de Mendes (2010, p 106) seja de quase uma década atrás, suas discussões continuam válidas para os dias atuais, uma vez que o acesso via matrícula não tem garantido aos estudantes público alvo da Educação Especial o acesso à escolarização. Além disso, ainda é muito lenta a

“evolução no crescimento da oferta de matrículas, em comparação com a demanda existente”.

Conclusão

A educação compreendida como um direito humano preconiza que as instituições de ensino se adaptem, nas políticas e práticas, para receber e acolher o estudante, enquanto sujeito social. O avanço do processo de globalização, a partir da ótica neoliberal desumaniza o trabalho, ensino e aprendizagem, ao conceber a educação como mercadoria e não como política pública, um mero instrumento de preparação para o mercado de trabalho capitalista, em que a competitividade, o individualismo prevalece sobre o social, em um modelo acrítico de naturalização da meritocracia desvinculada das condições materiais de existência dos indivíduos.

Nesse contexto, a pessoa com deficiência ainda se encontra bastante excluída do ambiente escolar, se considerarmos que, segundo o IBGE (2012),

(14)

23,21% da população goiana apresenta algum tipo de deficiência e encontra-se apenas 1,7% dos estudantes público alvo da educação especial nas instituições de ensino do estado. Soma-se a isso as barreiras atitudinais que impedem a inclusão desses sujeitos na sociedade e na escola, que muitas vezes reproduz acriticamente os valores meritocráticos da sociedade capitalista.

No Instituto Federal Goiano, verifica-se o crescimento do ingresso de pessoas com deficiência, o que resulta em reflexões acerca da promoção da inclusão em âmbito institucional, a proporção de estudantes público alvo da educação especial ainda é bem distante em relação ao estado de Goiás e indica a necessidade de se refletir sobre a garantia do acesso12 e principalmente a permanência exitosa desses estudantes.

O IF Goiás e o IF Goiano têm se destacado no estado pela promoção da educação básica em nível médio e também na educação profissional, indubitavelmente a oferta de uma educação de qualidade pode ser um mecanismo de distribuição de renda em um país com altos índices de desigualdade socioeconômica, apesar de haver aspectos a se melhorar, os IF’s e as UF’s são casos raros de instituições federais de educação que se instalam em diversas cidades, de metrópoles a centros locais e, portanto, tem ainda um papel central na promoção do desenvolvimento social e preservação do patrimônio material e imaterial dessas regiões.

Referências

BRASIL. Constituição (1988). Lei nº Art. 208, de 05 de outubro de 1988.

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.ht m>. Acesso em: 20 de set. 2017.

_____. Lei Nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996. [S.L.], 20 dez. 1996.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 21 abr. 2017.

_____. Lei 11.892. 2008. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11892.htm>.

Acesso em: 28 abr. 2017.

_____. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. 2008. Disponível em: <

12 A lei 13.409/16 pode ser um importante marco para a ampliação do acesso, o que pode ser verificado em pesquisas futuras.

(15)

http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2017.

Ferreira, M. C. C. e Ferreira, J. R. Sobre inclusão, políticas públicas e práticas pedagógicas. In: Góes, M. C. R. e Laplane, A. L. F. Políticas e práticas de educação inclusiva. 2 ed. Campinas: Autores Associados, pp. 21-48, 2004

IBGE. Censo Demográfico 2010: Características gerais da população, religião e pessoas com deficiência. 2012. Disponível em:

<https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/94/cd_2010_religiao_defi ciencia.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2017.

INEP. Plataforma Inep data. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/inep- data>. Acesso em: 11 nov. 2017.

LIMA, Solange Rodovalho; MENDES, Enicéia Gonçalves. Escolarização da pessoa com deficiência intelectual: terminalidade específica e expectativas familiares. Revista Brasileira de Educação, Marília - Sp, v. 17, n. 2, p.195- 208, maio 2011. Quadrimestral. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/rbee/v17n2/a03rbeev17n2.pdf>. Acesso em: 17 fev.

2018.

MARQUES, Cláudia Luíza. Educação Profissional: o ingresso, as tecnologias e a permanência dos alunos com deficiência no Instituto Federal de Brasília.

2014. 163 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Pós-graduação em Educação, Educação, Universidade de Brasília, Brasília, 2014. Cap. 1. Disponível em:

<http://repositorio.unb.br/handle/10482/15892>. Acesso em: 29 ago. 2017.

MELETTI, Silvia M. F.; BUENO, José Geraldo S. Escolarização de alunos com Deficiência: uma análise dos indicadores sociais no Brasil (1997-2006).

2010.

MENDES, Enicéia G. Breve histórico da educação especial no Brasil. In:

, vol. 22, n m. 57, ma o-agosto, 2010.

SILVA, Ana Patrícia da. Culturas, políticas e práticas de inclusão: o que nos dizem as pesquisas? 2010. Disponível em: <

http://www.lapeade.com.br/publicacoes/artigos/CULTURAS,%20POL%C3%8D TICAS%20E%20PR%C3%81TICAS%20DE%20INCLUS%C3%83O%20O%20 QUE%20NOS%20DIZEM%20AS%20PESQUISAS.pdf >. Acesso em: 29 abr.

2017.

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)

Referências

Documentos relacionados

Assim como, os níveis de ALT apresentaram aumento também significativo para esse mesmo grupo, que não sobreviveram, mostrando que as alterações nos níveis plasmáticos

empregada, ao tipo e à qualidade do produto; e pela força de trabalho empregada ser barata e, em boa medida, especializada. A partir da década de 1990, com o acirramento

Informe se você quer excluir e-mail do servidor do IFPA quando você exclui-lo do seu celular.. Em seguida, clique em

2 Informar os candidatos convocados que o Comprovante de Ensalamento com as informações de data, hora e link para submissão à banca em ambiente virtual, está

O INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA GOIANO (IF Goiano), por meio da Coordenação para Assuntos Internacionais - CAI, visando a contribuir para

3- Medir a área da chapa de Al que será imersa na solução e introduzir o eletrodo no centro do béquer. Depois colocar o eletrodo colorido em um béquer com água quente e

Na sua qualidade de Entidade Acreditada para a Formação, pelo IQF, desde Abril de 2007 e pela DGERT, desde Dezembro de 2008, a E&amp;O distribui a sua oferta formativa por áreas

Imputa aos demandados, um conjunto de factos enquadrados em duas situações que estiveram envolvidos enquanto, o 1.º Demandado, presidente do Conselho Diretivo do