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XIII Congresso Brasileiro de Sociologia 29 de maio a 1 de junho de 2007 UFPE, Recife (PE)

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XIII Congresso Brasileiro de Sociologia 29 de maio a 1 de junho de 2007

UFPE, Recife (PE)

Grupo de Trabalho 12: “Gerações - entre Solidariedades e Conflitos”

Ontem experiência, hoje aprendizado:

o retorno à sala de aula de alunos com mais de 50 anos.

Autora: Enedina Maria Soares Souto Universidade Tiradentes - UNIT

enedina_68@hotmail.com

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Ontem experiência, hoje aprendizado: o retorno à sala de aula de alunos com mais de 50 anos.

M.Sc.Enedina Maria Soares Souto - Professora da UNIT enedina_68@hotmail.com

32179792/ 91992167

INTRODUÇÃO

Esta comunicação parte das reflexões surgidas da minha convivência, nos últimos anos, com alunos das licenciaturas da UNIT (Universidade Tiradentes/SE) com mais de 50 anos, cujo as historias de vida relatam uma lacuna de 20 a 30 anos fora da sala de aula e das dificuldades desse retorno. Nos primeiros levantamentos em sala de aula percebi que esses alunos justificavam o retorno à educação formal, em três conjuntos de argumentos. O primeiro refere-se às alunas que trabalham no magistério, nas séries iniciais do Ensino Fundamental que estão retornando a sala de aula por imposição da nova política educacional na forma da LDB (9.394/96), com o preceito de impedir o exercício do magistério de professores “leigos” até o ano de 2007. Em segundo lugar, seriam histórias de mulheres que interromperam os estudos por causa do casamento e os cuidados com os filhos e que depois do crescimento destes, procuram recuperar o tempo fora da escola. E por último, de homens e mulheres que ingressam no mercado de trabalho depois da conclusão do ensino médio.

Essas indagações encontram-se inseridas no conjunto de discussões sobre as mudanças de valores e comportamentos entre sexo e gerações na sociedade contemporânea, sendo que essa ultima categoria pouco estudada. No Brasil, só nas ultimas décadas tem aparecido trabalhos que procuram articular as categorias gênero e idade com as demais dimensões do complexo social, com os trabalhos de pesquisas brasileiras ancorada no grupo de trabalho “Gênero, família e gerações” através das pesquisas de Alda Motta (2002), Guitta Debert (2001), Deborah Stucchi (2000), Benedita Cabral (2003) e Anita Néri (2000), entre outros.

Para o que nos interessa discutir, buscaremos verificar as expectativas criadas para as varias gerações e estimuladas pela sociedade do conhecimento, resultado da cultura do capitalismo que “tudo seculariza, instrumentaliza e desencanta” (IANNI, 2001:28) e ao mesmo tempo, perceber as repercussões desses novos modelos etários na

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vida dessas pessoas. Portanto, compreender a busca pela formação escolar ampliada para formação superior no contexto das exigências do mercado de trabalho impulsionado pelas articulações das relações globalizadas. Em relação à educação essa articulação passa, sobretudo, com a idéia de ser a instituição escolar responsável pela transmissão de novos valores e modelos de comportamentos, socializadas dentro das tensões entre as gerações e expectativas de participação e inclusão social, criada no conjunto da sociedade.

Para a realização dessa pesquisa foram entrevistados sete alunos (4 mulheres e 3 homens) de diversos cursos da UNIT, entre os anos de 2005 e 2006. Partiu também, das reflexões fruto da minha experiência como professora e a observação da constituição de salas multigeracionais, bem como as dificuldades apontadas por esses sujeitos na experiência com o ensino superior. Ao longo dessa comunicação utilizo a expressão pessoas “com mais idade” referindo-se aos alunos com 50 anos ou mais e que indicaram décadas de ausência e experiência em sala de aula. Aqui, tomo emprestada a expressão utilizada por Motta (1999) ao tratar as “mulheres de mais idade” referindo-se as mulheres com mais de 60 anos.

1. A educação e as exigências do mercado de trabalho

A valorização e ampliação da educação nas últimas décadas tem intensificado principalmente pelo desenvolvimento de novas demandas das relações de produção. O desenvolvimento da industrialização com processos cada vez mais informatizados e a sociedade da informação conduzem novos contextos de trabalho e o desaparecimento de outros, exigindo cada vez mais a formação do trabalhador baseado na qualificação continuada, influenciando, visivelmente, a ampliação dos anos de estudos nas graduações e cursos de latu sensu e strictu sensu. Esses fatos podem ser observados na ampliação dos cursos superiores, principalmente oferecidos por universidades privadas, bem como a modalidade do ensino a distância.

A valorização da formação superior, destinada exclusivamente às classes média e alta, tem alterado o quadro de busca e acesso do ensino universitário também por outras classes sociais. Essa valorização pode ser levada em consideração tanto pelas exigências de acesso ou permanência no mercado de trabalho formal, como pela ampliação dos serviços educacionais da rede pública e também da rede privada privadas.

Segundo Viana (2000), cresce no caso brasileiro a procura pela longevidade da educação

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dos filhos no curso superior por famílias de baixa renda que, embora enfrentem dificuldades de acesso e continuidade resultante do distanciamento cultural escolar, auxiliam no projeto de inclusão dos filhos através de estratégias de exploração do trabalho dos outros membros da família. Embora a abordagem em questão se refira a alunos em idade adequada ao ensino regular, podemos observar uma estreita relação com alguns entrevistados da minha pesquisa que afirmaram só poder concretizar agora o sonho do curso superior pelo pagamento das mensalidades através do salário ou ajuda do cônjuge:

“Ai meu Deus, era meu sonho ter, assim, uma formação, um curso superior, mas que na época que concluí o magistério tive logo que trabalhar pra ajudar a meu pai que já tava doente”

(Marta, casada, 50 anos)

“Agora que meus filhos, a menina de 19 e o menino de 23 já tão na faculdade pública, eu pude realizar esse sonho de me entrar na faculdade também pra vê se também melhora uma coisinha no meu salário...Eu queria mesmo era estudar Direito, mas a mensalidade ia ficar pesada e ai eu optei por Pedagogia...estou gostando...” (Milton, casado, 54 anos)

A conquista do curso superior por essas pessoas de mais idade foi apontada pela maioria dos informantes como um sonho interrompido pela necessidade de trabalhar logo após a formação no ensino médio ou pela necessidade de cuidar dos filhos e dos afazeres domésticos depois do casamento, no caso das mulheres.

A ampliação da rede privada de ensino superior nas últimas décadas, permitiu a inserção de pessoas das mais diversas classes sociais, considerando a disponibilidade de valores relativamente acessível a classe de baixa renda. Embora a valorização do ensino superior pela motivação familiar ou pessoal seja um elemento forte na procura, devemos também considerar as imposições que o mercado de trabalho coloca tanto para os que nela desejam se inserir, como dos que nela tentam permanecer. Nesse sentido, a educação escolar torna-se cada vez mais imperativo na formação profissional.

O que procuro marcar como elemento de reflexão é que embora as discussões atuais acerca dos processos etários tenham apontado para o fenômeno do aprendizado continuo para as pessoas com mais idade - e para isso praticas de educação e sociabilização continuam com espaços específicos para esse fim como programas de pré –aposentadoria, grupos de convivência de idosos, universidades abertas da Terceira

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Idade, grupos de orações, etc, - a estrutura dos cursos de graduação, tanto no conhecimento difundido na grade de disciplinas, quanto no sistema de avaliação, diferem dos espaços educativos citados anteriormente. Imprime, sobretudo, uma rigidez e disciplina no cotidiano escolar, porque as experiências de interpretação dos conteúdos e sociabilidade adquiridos por esses alunos de mais idade serão instrumentos de avaliação por outros atores que não o próprio aluno, conforme as dificuldades apresentadas pelos entrevistados:

“Minha maior dificuldade foi passar pro papel o que o professor ta pedindo na prova porque eu tava acostumado com as provas que a gente decorava e os professores não querem, só querem que a gente coloque de outro jeito”. (Milton, 54 anos)

“Olhe professora...eu aprendi essas coisas da História do Brasil de um jeito e chego no curso a gente já vê tudo diferente, tudo mudado como era no meu tempo” (Lúcia, 52, casada)

É evidente, que as dificuldades de aprendizagem não é privilégio dos alunos que estão há muito tempo fora da escola. Esse fenômeno tem sido bastante discutido pelos educadores que tratam do aluno que estão com as idades aproximadamente adequadas ao ensino regulamentar. No contexto do ensino superior, muitas experiências diferem da prática pedagógica de duas ou três décadas atrás, marcado por formas tradicionais de ensino e avaliação e de um distanciamento na relação entre professor e aluno.

A proposta da formação da tríplice universitária que compreende ensino, pesquisa e extensão, pretende estimular a autonomia do aprendizado na formação aluno, em si, já se diferencia do ensino voltado para concursos vestibulares do ensino médio. Tal autonomia compreende a ampliação do hábito de leitura, registro, interpretação e articulação entre as diversas disciplinas que formam a grade curricular dos cursos. Se essas diferenciações já são, por si só, colocadas como dificuldades para pessoas que transitam direto do ensino médio para o ensino superior, os anos de ausência em sala de aula e o peso da idade, como veremos mais adiante, são também lembrado pelos informantes, conforme afirma Edite (51 anos, casada):

“Não é brincadeira não, são mais de 25 anos sem estar em sala de aula. E tudo ta muito mudado. É muita coisa pra gente lê,

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muita coisa que os professores pedem, às vezes esquenta a cabeça e eu digo ai meu Deus será que eu vou conseguir?!”

Para Bordieu (1975) a escola passa a compor, conjuntamente com a família a

“instituição do herdeiro”, responsável pelos projetos (conatus) de realização dos indivíduos e ao mesmo tempo indicativo de participação social. Tal fenômeno tem se concretizado na extrema valorização da educação escolar e sua extensão para a qualificação profissionalizante e cientificas continuas. Historicamente podemos perceber a ampliação do ensino escolar através da institucionalização governamental das chamadas series iniciais, incluindo a creche, passando a idéia de ampliação do capital cultural além da carga horária e dos conteúdos dos cursos de graduação, até campanhas de alfabetização da terceira idade.

Para além do status produzido pela formação superior, a demanda pelos cursos de graduação procura atender as exigências de um processo produtivo em constante mudança e extremamente competitivo.

2. Relações geracionais em sala de aula

A educação se inscreve como um processo continuo e presente na construção da cultura. Presente em todas as sociedades humanas, cumpre o papel de transmissão de conhecimentos, normas, valores necessários a continuidade social. Para promover a continuidade da estrutura social os indivíduos são inseridos em processos de aprendizagem, que compreendem transmissão dos padrões de comportamento e hierarquia entre os grupos etários. Este processo só é possível através dos processos de socialização, da comunicação entre os diferentes grupos de idades. A criança aprende com os adultos a relação de obediência que orientam a socialização. Ele cria também a expectativa diante da imagem de transmissão de conhecimento adulto, mecanismo crucial para sua passagem para estágios seguintes. Inseridos no processo de aprendizado na relação criança-adulto, as diferenças entre idades são acentuadas nas obrigações e exigências feitas pela criança são legitimadas pela experiência social dos adultos. Neste sentido, a passagem para as idades seguintes aparece como sinônimo de experiência, de acumulo de conhecimento, que dá ao adulto as condições de autoridade da criança.

Como essa situação apresenta-se quando esses alunos de mais idade retornam na sala de aula, assumindo o papel de aprendizes? Essa questão não se coloca como um

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problema, uma vez que as ultimas décadas são marcadas pelas mudanças nos padrões de comportamentos que terminam redefinindo as expectativas e papeis em relação das idades.

A cada fase da vida corresponde a tarefas e papeis, determinadas socialmente e aprendidas no processo de educação. Todas as sociedades diferenciam as idades e determinam papeis diversos, que contribuem, no conjunto, a existência dos sistemas sociais. Eisenstadt (1976:2) explica que a natureza das características atribuídas as idades são definidas como um tipo humano, não tendo em sua construção associação com traços ou papeis específicos:

“Os jovens e vigorosos guerreiros de uma tribo primitiva, os sábios anciãos, são expressões que não se referem a qualquer atividade especifica, pormenorizada, mas a um padrão geral e difuso de comportamento que é próprio de um estagio de vida.”

Assim, as adjetivações que atribuem ao jovem o vigor dos guerreiros e aos anciãos a sabedoria, atuam como “expressões simbólicas” do comportamento mais geral e difuso na sociedade e que só podem ser lidos nos contextos históricos e sociais. Por outro lado, as sociedades não criam papeis e comportamentos detalhados para cada idade, mas definem disposições gerais que permitem a construção de papeis mais específicos, que podem ser atribuídas a determinadas idades. As características atribuídas às idades são ainda, definidas por uma conotação ideológica que orienta o prestigio de alguns estágios da vida em relação às outras.

As mudanças ocorridas no processo de produção redefinem conceitos de formação profissional e da relação idade/experiência, conduzindo ao cenário atual da qualificação continuada. Nesse contexto, a experiência pela idade perde o lugar para a produtividade, agora elemento determinante da permanência do indivíduo no mercado de trabalho.

Esse cenário foi constantemente apontado pelos entrevistados para justificarem a procura pelo curso superior, além das questões tratadas anteriormente. Todos alunos de mais idade consultados afirmaram submeterem a formação do curso superior ou para se prepararem para o ingresso no mercado de trabalho extremamente competitivo, para aqueles que estão fora do trabalho por muito tempo, ou aqueles que foram pressionados pelas empresas para garantirem sua permanência no trabalho, conforme mostra a fala de Antônio (51 anos, casado):

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“eu sou gerente de banco já tem um bom tempo e tenho uma bom relacionamento entre meus colegas que me procuram pra resolver muitos problemas do trabalho mesmo. Mas a gente começa a sofrer as cobranças dessas políticas de trabalho agora né? A gente não pode ficar parado até porque essa idéia de ser gerente pro resto da vida já não é mais correto. Então, ter curso superior e continuar estudando, se qualificando, procurando uma pós- graduação depois, pode ser a garantia de continuar no meu trabalho”.

Com as novas demandas da produção e a expansão dos serviços privados de ensino superior, tornam-se cada vez mais visíveis a procura de pessoas com mais idade e a constituição de turmas multigeracionais. É comum alunos com mais idade indicarem nos primeiros dias de aula o fato de estarem há alguns anos fora de sala de aula, justificando dessa maneira a falta de experiência em sala de aula e as dificuldades de aprendizagem.

Embora as dificuldades de interpretação de textos seja também indicado por alunos que vieram diretamente do ensino médio, o peso da geração que esta ausente da sala de aula por duas décadas ou mais é constantemente apontado como dificuldade, como podemos perceber nas falas seguintes:

“As vezes leio, leio o texto e não entendo nada, acho que porque a mente tava muito tempo parada (risos)...tudo enferrujado”

(Edite, 51 anos)

“Esse povo novinho ao invés de aproveitar o frescor da mente ficam pensando em ator de novela e eu não, para mim eu me esforço mais pra compensar o tempo que não aproveitei aqui”

(Milton, 54 anos)

“Não senti muita diferença entre minhas dificuldades e desse povo não, vejo que muitas vezes eu participo mais na sala de aula do que esses meninos” (Vera, 52 anos, solteira)

Podemos observar que tanto as dificuldades que indicam da idéia de mente

“parada” e do esforço necessário para compensar o tempo ausente da sala de aula, procuram diferenciar do comportamento dos demais alunos que não tiveram o contato com a escola interrompida seja pelo trabalho ou pela manutenção da família.

Quanto ao comportamento dos alunos em sala de aula, freqüentemente a diferença de idade é indicada como divisor de respeito e comprometimento das pessoas com mais idade e de dispersão e indisciplina:

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“As vezes (os outros alunos) atrapalham a aula porque essa juventude de hoje não quer nada sério, quer dizer, não são todos daqui da sala de aula” (Vera, 52 anos)

“É um povo que não respeita mais os professores...No meu tempo, sala de aula era lugar de respeito” (Edite, 51 anos).

Embora as falas reforcem um divisor de comportamento entre as idades, não é correto afirmar que exista conflitos em sala de aula pelas diferenças de gerações. Pelo contrário, todos informantes demonstraram satisfação do retorno a sala de aula como espaço de descoberta produzido pela socialização com pessoas de idades diferentes.

Isso porque, segundo Barros (2006:21):

“As idades deixam de ser entendidas apenas como referências cronológicas fundamentais para a inserção dos indivíduos na sociedade moderna, cuja organização social regulamenta direitos e deveres segundo as idades.”

A relação entre as idades, portanto, devem ser compreendidas nas diversas redes de sociabilidade e papéis sociais exigidos. Trata-se de incorporar, antes de tudo, o status de alunos com estilos de vida, valores e interesses profissionais diferentes, convivendo no contexto das mudanças no processo produtivo que recriam novos modelos de formação superior.

A participação dos alunos de mais idade em salas multigeracionais revela também o espaço das descobertas, não apenas ao conhecimento adquirido pelas diferentes disciplinas, mas também na ampliação dos laços de sociabilidade, no sentido dado por Simmel (1993), que compreende as interações e manutenção relações sociais baseada em afinidades encontradas nos diversos estilos de vida que compõe a turma na sala de aula. Essa questão pode ser representada pela fala de Selma (53 anos, casada) mãe de uma aluna que também estuda nada mesma turma:

“Eu acho divertido uma turma assim com muitos jovens. Para mim tem sido um aprendizado entender esses povo e até a gente se encontrar e descobrir que as vezes temos a mesma dificuldade, mas uma termina ajudando a outra...afinal, tem mais de 20 anos que eu estava parada (sem estudar)”

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Embora encontre nessas redes de sociabilidade interesses acadêmicos precisos – o título de graduação – as relações sociais possivelmente construídas partem de motivações variadas como: compartilhar das experiências fora da sala de aula (mães, trabalhadores, consumidores, etc), afinidades religiosas ou de lazer, etc.

As interações na sala de aula é também o espaço da troca de experiências entre diferentes gerações, de pontos de vistas distintos, mas que também se intercruzam produzindo comportamentos e valores que auxiliam na superação das dificuldades impostas na formação superior. Reinventa formas de sociabilidade que colocam pessoas com mais idade na condição de aprendizes dos valores e comportamentos e das próprias práticas pedagógicas vivenciadas na universidade, bem como viver no mundo em constante mudança.

Considerações finais

As mudanças ocorridas no processo produtivo nas últimas décadas redefiniram não são as políticas de formação escolar, mas imprimiram a valorização da educação continuada, entendendo-se também para pessoas maduras. Essa comunicação tentou abordar a influencia dessas novas demandas na formação de turmas multigeracionais e a conseqüência na perspectiva de alunos com mais idade.

O que procurei discutir, portanto, foi a coerção da qualificação entre esse alunos imposta pelo fenômeno da globalização, para assegurar a inserção ou qualificação no mercado de trabalho e/ou do reforço a aposentadoria, na procura de construir uma cultura da educação comprometida com a autonomia da formação. De outra maneira, a participação nesse espaço não se limita apenas à socialização dos conhecimentos, que correspondem às expectativas da inclusão social em seus vários aspectos e de uma vida ativa, mas a mensuração de qualificação, através das avaliações pela instituição educacional.

Por outro lado, vimos que a visão que os alunos de mais idade fazem dos colegas mais jovens se mistura entre atribuir a esses últimos a noção de descompromisso associado a problemas da geração atual, mas também, a possibilidade de descobertas permitido pela socialização das diferentes gerações.

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REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

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BARROS, Myrian. Família e gerações. Rio de Janeiro, FGV, 2006.

BOURDIEU & PASSERON. A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino.Rio de Janeiro : F. Alves, 1975.

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IANNI, Octávio. A sociedade global. 9ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.

NOGUEIRA et all. Família e escola: trajetórias de escolarização em camadas médias e populares. 2ª ed.Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.

SIMMEL, Georg. Sociologia/Organizador [da coletânea] Evaristo Morais Filho. São Paulo, Ática, 1993.

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