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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE - UNIVALE FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS CURSO DE PEDAGOGIA

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CURSO DE PEDAGOGIA

Cristianquele Fernandes Vaz

Darlene Aparecida de Oliveira Bicalho Maia Franciele Aparecida Gomes Faúla

Nathália Feliciano Pedra Santos

EDUCAÇÃO FAMILIAR X EDUCAÇÃO ESCOLAR: RELAÇÕES MÚTUAS

.

GOVERNADOR VALADARES – MG 2013

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CRISTIANQUELE FERNANDES VAZ

DARLENE APARECIDA DE OLIVEIRA BICALHO MAIA FRANCIELE APARECIDA GOMES FAÚLA

NATHÁLIA FELICIANO PEDRA SANTOS

EDUCAÇÃO FAMILIAR X EDUCAÇÃO ESCOLAR: RELAÇÕES MÚTUAS

Trabalho de conclusão do curso de Pedagogia, apresentado à Faculdade de Ciências, Educação e Letras da Universidade Vale do Rio Doce como requisito parcial para obtenção do título de Pedagogo.

GOVERNADOR VALADARES – MG 2013

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CRISTIANQUELE FERNANDES VAZ

DARLENE APARECIDA DE OLIVEIRA BICALHO MAIA FRANCIELE APARECIDA GOMES FAÚLA

NATHÁLIA FELICIANO PEDRA SANTOS

EDUCAÇÃO FAMILIAR X EDUCAÇÃO ESCOLAR: RELAÇÕES MÚTUAS

Trabalho de conclusão do curso de Pedagogia, apresentado à Faculdade de Ciências, Educação e Letras da Universidade Vale do Rio Doce como requisito parcial para obtenção do título de Pedagogo.

GOVERNADOR VALADARES, 20 de junho de 2013.

Banca Examinadora:

Ma. Renata Greco de Oliveira – Orientadora Universidade Vale do Rio Doce

Profª. Jorddana Rocha de Almeida – Avaliadora Universidade Vale do Rio Doce

Ma. Érika Christina Gomes de Almeida – Avaliadora Universidade Vale do Rio Doce

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Dedicamos a Deus, a nossos pais, esposos e amigos pelo incentivo e apoio na realização deste trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Deus, pela força e por nos direcionar nesta longa caminhada, pois é só através dele que conseguimos vencer e alcançar vitórias em nossa vida.

Agradecemos á nossa orientadora Me. Renata Greco de Oliveira por toda dedicação, paciência e por acreditar no nosso potencial.

Aos nossos familiares por toda paciência e carinho nesse percurso.

A todos que de perto ou de longe contribuíram para que este trabalho fosse realizado.

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O que ambas a escola e a família têm em comum é o fato de prepararem os membros jovens para sua inserção futura na sociedade e para o desempenho de funções que possibilitem a continuidade da vida social.

Heloísa Szymanski

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RESUMO

Este trabalho foi realizado através de uma revisão bibliográfica e construção de uma discussão com o objetivo de analisar a relação que existe entre a educação familiar e a educação escolar. A proposta é mostrar a importância do equilíbrio de ambas para formar cidadãos de valores, visando desenvolver melhor participação de cada uma nessa relação. O problema é entender quais as funções da família e da escola na formação integral do sujeito e como elas se articulam. O trabalho foi dividido em partes que abordam o conceito de leitura de alguns autores, o processo, os objetivos da leitura, como se manifesta a relação família e escola, bem como o papel de cada uma. A principal conclusão alcançada foi que a relação mútua entre a educação familiar e a educação escolar faz perceber a contribuição que ambas podem oferecer para o processo de desenvolvimento do ensino e aprendizagem e formação do sujeito. Por isso é fundamental a participação da família e escola para que a relação possa ser incentivada, motivada e estimulada para tornar uma atividade prazerosa, buscando crescer e fortalecer novos saberes e conhecimentos para ambas e os sujeito envolvidos.

Palavras-chave: Educação familiar, educação escolar, formação integral, ensino e aprendizagem.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 8

2 ATRIBUIÇÕES DA FAMÍLIA E DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO DAS CRIANÇAS 11 2.1 Breve Histórico da educação familiar e escolar ... 11

2.2 A Educação no Brasil: aspectos histórico-legais ... 16

3 ASPECTOS PSICO-SOCIAIS DA RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA ... 21

3.1 Uma Leitura Sociológica ... 23

3.2 Questões da Psicologia Social ... 26

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 32

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1 INTRODUÇÃO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi realizado para discutir as relações entre família e escola sendo justificado pela contribuição que ambas (família e escola) podem oferecer no processo de desenvolvimento do ensino aprendizagem dos alunos. Nosso objetivo era compreender as funções da escola e da família na educação e formação de crianças e adolescentes e como essas funções se articulam e subsomem. Para tanto, partimos do seguinte problema: quais as funções da família e da escola na formação integral do sujeito e como elas se articulam?

Estudar este tema remete buscar a importância da família e da escola dentro da sociedade, proporcionando e oferecendo possíveis respostas aos educadores que necessitam e querem saber por que as expectativas com relação a aprendizagem dos alunos e as funções das instituições família e escola não estão sendo alcançadas. Como inserir a família na escola? Como a escola deve receber essas famílias? Como trabalhar com crianças que possuem família fora da estrutura

“tradicional de família1”? Para este estudo consideram-se também as transformações que estão acontecendo na sociedade contemporânea, afim, de estudar o individuo dentro de seu contexto habitual e não fora dele.

Há décadas que se vem refletindo sobre como envolver a família na escola e promover a co-responsabilidade tornando-a parte do processo educativo. Sem dúvida tal aproximação trata-se de uma difícil tarefa, isto em função das inseguranças, incertezas e da falta de esclarecimento por parte da sociedade sobre o processo educacional, suas limitações, bem como sua abrangência. Compor uma parceria entre escola e família pressupõe de ambas as partes, a compreensão de que a relação família-escola deve se manifestar de forma que os pais não responsabilizem somente à escola pela educação de seus filhos e, por outro lado, a escola não pode eximir-se de ser co-responsável no processo formativo do aluno.

Tentando minimizar os conflitos e expectativas da relação família-escola a parceria

1 Família tradicional é a família patriarcal, família numerosa, composta não só do núcleo conjugal e de seus filhos, mas incluindo parentes e agregados.

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entre as duas e uma distribuição equilibrada para uma não sobrecarregar a outra, apresenta-se como um processo possível para o melhor desenvolvimento de ambas.

O interesse por essa temática e a afinidade construída com colegas na realização das atividades e trabalhos propostos no curso foi o que nos levou a organizarmos para o desenvolvimento deste TCC.

Como estudante de pedagogia o que me incentivou a discutir a relação família e escola foi à vivência que já tenho na parte administrativa de uma escola municipal dos anos iniciais. Nesta escola presencio uma relação distante entre família e escola (Darlene).

Minha inquietação está direcionada a uma falta de definição clara da função da família e a função da escola, na vida do sujeito. Como bolsista (PIBID) presenciei nas escolas essa dificuldade tanto da família que responsabiliza a escola pela educação de seu filho, quanto da própria escola que se desobriga de tal função (Cristianquele).

Em minha vivência como monitora na escola percebo a necessidade da aproximação entre família e escola, para educação dos alunos (Nathália).

Durante as vivencias dos estágios percebi expectativas criadas tanto da família quanto da escola, em relação ao sucesso escolar, podendo ser de grande valia a união de ambas para o sucesso individual e coletivo dos indivíduos (Franciele).

A metodologia utilizada na pesquisa de Trabalho de Conclusão de Curso se deu através de alguns passos: primeiramente foi feito um levantamento bibliográfico de leitura com relação ao tema proposto e posteriormente a elaboração do discurso da pesquisa.

Na primeira parte abordaremos as atribuições da família e da escola na educação das crianças, através de uma analise na legislação da educação no Brasil com uma perspectiva histórica e explicativa da educação como um direito social dos sujeitos, com o objetivo de entender o papel da família e da escola em relação a educação do sujeito.

Na segunda parte informará sobre a relação família e escola, tendo por base o relacionamento da família e da escola, o desenvolvimento do ser humano, o papel da escola de transmitir o conhecimento como ambiente de socialização e a família com seus valores, crenças e cultura. Nesse sentido compreender a relação que existe entre elas, suas trajetórias e resultados escolares com fatores sociais e econômicos.

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Ao término desse trabalho fica a esperança e o desejo de que possa servir de apoio e subsidio para todos aqueles que se interessam em compreender e levantar hipóteses e questionamentos sobre as relações mútuas que existe entre a educação familiar e a educação escolar.

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2 ATRIBUIÇÕES DA FAMÍLIA E DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO DAS CRIANÇAS

O objetivo deste capítulo é apresentar uma perspectiva histórica e descritiva da educação sob a inserção do direito à educação como direito social, buscando entender a atribuição dos sujeitos e das instituições família e escola com respeito a educação.

Essa perspectiva histórica foi construída pelo viés da análise na Constituição Federal, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9394/96) e no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (1990), bem como articulada aos teóricos Gadotti (1993) e Aranha (1998). Nosso objetivo contudo, não é transcorrer sobre a história da educação, mas, discutir o que se constituiu como papel da família, do estado e em alguns momentos da igreja, historicamente.

2.1 Breve Histórico da educação familiar e escolar

De acordo com nossas pesquisas a prática da educação já acontecia bem antes dos pensamentos pedagógicos e da existência das escolas que surgiram mediante a necessidade de reflexão para sistematizar as práticas já vivenciadas.

No oriente o pensamento pedagógico estava ligado à religião. O confucionismo foi a religião adotada pelo Estado até meados do século XX. A religião Confúcio determinava aos pais o poder ilimitado sobre os filhos. Segundo GADOTTI (1993 p.22) “Confúcio considerava o poder dos pais ilimitado: o pai representava o próprio imperador dentro de casa”. O ensino era dogmático e memorizado. Esse memorismo fossilizava a inteligência, a imaginação e a criatividade.

Ainda no oriente, muitos povos segundo GADOTTI (1993) como os Hebreus, os Hindus, os Egípcios e os chineses tradicionais, visavam reproduzir o sistema de hierarquia, obediência e subserviência ao poder dos mandarins. A partir dessa visão o pensamento pedagógico se desenvolveu surgindo a escola como instituição formal para suprir as necessidades do Estado, da família e da propriedade privada.

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Na Grécia o pensamento pedagógico valorizava a arte, a literatura, as ciências e a filosofia. Os gregos acreditavam que o homem bem educado era capaz de mandar e de obedecer. Assim os gregos alcançaram um ideal mais elevado em relação à educação na antiguidade.

ARANHA (1998 p. 50) mostra que na Educação Espartana as crianças permanecem com a família até os 7 anos, quando o Estado passa a oferecer uma educação pública e obrigatória. Vivem em comunidades constituídas por grupos.

Platão nesse período desenvolve um currículo para preparar seus alunos a serem reis, vinte e três deles conseguiram chegar ao poder. A educação dos alunos na Grécia se divergia entre o Estado e o poder político. GADOTTI (1993 p. 30) afirma que:

Uma educação tão rica não podia escapar às divergências. Entre os espartanos predominava a ginástica e a educação moral, esta submetida ao Estado; já os atenienses, embora dessem enorme valor ao esporte, insistiam mais na preparação teórica para o exercício da política.

Em comum ao grego, o pensamento pedagógico romano incentivava os estudos filosóficos e culturais, mas não valorizava os trabalhos manuais. Possuía grande força militar o que resultou em conquistar a Grécia. Segundo GADOTTI (1993) a educação romana ficou conhecida como cultura greco-romana por ter recebido grande influência da cultura grega que ainda permanecia inata. Pela primeira vez em Roma o Estado se ocupa diretamente da educação, construindo seus próprios quadros cujo regimento era militar com direitos e deveres que determinava o direito do pai sobre os filhos e o do marido sob a esposa. A educação romana conforme GADOTTI (1993 p. 44) “era utilitária e militarista. No lar o pai infligia aos filhos às obrigações do clã. Na escola, os castigos eram severos e os culpados eram açoitados com vara”.

A queda do império Romano finalizou a cultura greco-romana surgindo o período Medieval onde os pensamentos pedagógicos ganhavam força espiritual conhecida como Igreja Cristã. No período Patristico (do séc. I ao VII D.C), as ideologias greco-romanas se conciliaram com a fé cristã surgindo às escolas catequéticas, que futuramente se centralizariam no Estado Cristão. Assim, segundo GADOTTI (1993 p. 52) No século IV “o Império Romano adotou o cristianismo como

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religião oficial e fez, pela primeira vez, a escola tornar-se o aparelho ideológico do Estado”, com um novo modelo de educação, com visão de mundo e vida.

O pensamento pedagógico Renascentista é marcado pela revalorização da cultura greco-romana, mas, se caracterizou no período devido sua nova prática que substituía os processos mecânicos por métodos mais eficazes, o que possibilitou ao homem se superar em suas individualidades. Esse período visava às grandes evoluções históricas quando segundo GADOTTI (1993) surgiu a burguesia. Por sua vez a educação passou a ser elitista favorecendo somente ao clero, a nobreza e a burguesia.

Os educadores renascentistas, a maioria preceptores de príncipes e princesas, foram os primeiros a ter consciência da importância do brinquedo infantil, ofertando uma educação alegre e integral, valorizavam a cultura popular. Ao contrário do pensamento na Idade Media, no renascimento segundo GADOTTI (1993 p. 64) “As crianças devem aprender o que terão de fazer quando adultos”. Por isso os conhecimentos eram ligados aos interesses humanos o que atingia de imediato os interesses da igreja, que se deflagrou com a reforma protestante.

Ainda no período pedagógico Renascentista a igreja católica organizou uma campanha contra o protestantismo com a finalidade de catequizar e converter os hereges. Através desses acontecimentos foi criado um método de ensino denominado como Ratio Atque Institutio Studiorum, que continha os planos, programas e métodos da educação católica. Contemplava a formação em latim e grego, em filosofia e teologia. Todo o processo educacional era formal e o lema principal era ser fiel ao Papa até a morte.

A principal conseqüência da reforma protestante foi a transferência da escola para o controle do Estado, nos países protestantes. Já nos países católicos predominavam os Jesuítas que visavam a educação para a burguesia e para o povo sobrava apenas o ensino dos princípios da religião cristã.

O pensamento pedagógico Moderno surgiu nos séculos XVI e XVII e caracterizava-se pelo realismo, período que a escola foi pensada como agência de apoio a família.

A necessidade de auxilio para a educação das crianças era vista pelas famílias como apoio, pois não tinham tempo para acompanhar aquele processo que se iniciaria. Assim a escola foi surgir para apoiar e complementar, liberando os adultos para outras ocupações relevantes na sociedade. A escola era organizada

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em quatro períodos. 0 a 6 anos educação materna conceituava-se somente na educação familiar, 6 aos 12 anos escola elementar, 12 aos 18 anos a escola latina ou ginásio e de 18 aos 24 universidade. João Amos Comênio, considerado o grande educador e pedagogo moderno, afirmava que em cada família deveria existir uma escola materna, em cada município uma escola primária, em cada cidade um ginásio e em cada capital uma universidade. GADOTTI (1993 p.79) apresenta segundo Comênio que o ensino deveria ser unificado:

Todas as escolas deveriam ser articuladas, a escola materna cultivaria os sentidos e ensinaria a criança a falar; a escola elementar desenvolveria a língua materna, a leitura e a escrita, incentivando a imaginação e a memorização; a escola latina se destinaria, sobretudo ao estudo das ciências sociais e da aritmética; para os estudos universitários recomendava-se trabalhos práticos e viagens.

No período moderno a educação dominante como era conhecida, voltava-se para a moral e a religião e o ensino era focado apenas em uma disciplina. Os educadores eram religiosos do clero preceptores da nobreza. O poder centrava-se no clero e na nobreza, ou seja, era um regime absolutista. Com a revolução francesa surgiram os “iluministas” pensadores e intelectuais da época que lutavam a favor da liberdade e contra o obscurimento da igreja e a prepotência dos governantes.

ROUSSEAU (1712-1778) foi um iluminista de destaque, a partir dele a criança não seria mais considerada um adulto em miniatura. Pregava que a educação deveria ser ofertada gratuitamente pelo Estado e para todos. Segundo ROUSSEAU (apud Gadotti, 1993, p. 68) a educação se dividia em três momentos: o da infância (até os 12 anos) onde não haveria ensino cientifico; a adolescência( de 12 aos 20 anos) seria a idade da força, da razão e das paixões onde o ensino era amplo e se estabelecia uma vida social; e a maturidade (20 aos 25 anos) conhecida como idade da sabedoria e do casamento.

Rousseau foi organizador da Escola Nova entre os séculos XIX e XX, essa mesma época com auxilio do iluminista, houve uma transição da educação da Igreja para o Estado e nesse período se desenvolveu um esforço da burguesia em estabelecer o controle civil resultando no surgimento da escola pública. Contudo a educação continuava a não ser para todos, a burguesia visava a educação como meio de produção, queriam na verdade educandos com o mínimo de instrução, para serem capazes de obedecer às ordens, sem questionamentos.

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O surgimento da Escola Nova renovou a educação criando a escola pública burguesa, onde se propunha que a educação fosse instigada pela mudança social.

Sem dúvidas o desenvolvimento da sociologia da educação e da psicologia educacional contribuíram para essa renovação da escola. A Escola Nova fazia fortes criticas a Escola Tradicional, pois essa não deixava que os movimentos espontâneos da criança aparecessem, mas sim, ensinava aos seus alunos a copiar e não a pensar. Como mostra GADOTTI (1993) a Escola Nova “[...] valorizava a formação e a atividade espontânea da criança”. Não há dúvida em que a Escola Nova influenciou consideravelmente a educação, mas, em relação ao Pensamento Socialista ela se contradiz, porque não foi democrática e nem destinada a todos, mas sim às elites, ou seja, à burguesia. Com incentivo de alguns críticos como Louis Althusser, Pierre Bourdieu, Jean Claude Passeron e Roger Establet que através de suas obras exibiram o quanto a educação reproduz a sociedade, a Escola Nova foi questionada.

Entendemos que as crianças de uma maneira bem simples recebem informações e culturas de sua família. Tornando também essas famílias um fator ideológico, impondo sua ideologia através de seus filhos na escola. São preconceitos, discriminação e valores que cada família tem e que muitas vezes passam de geração a geração.

Segundo GADOTTI (1993) o pensamento pedagógico brasileiro começa a ter autonomia apenas com o desenvolvimento das teorias da Escola Nova. Até o final do século XIX, nosso pensamento pedagógico reproduzia o pensamento religioso medieval. Foi graças ao pensamento iluminista, trazido da Europa por intelectuais e estudantes de formação laica, positivista, liberal, que a teoria da educação brasileira pôde dar alguns passos, embora tímidos.

A criação da Associação Brasileira de Educação - ABE, em 1924, foi fruto do projeto liberal da educação que tinha, entre outros componentes, um grande otimismo pedagógico: reconstruir a sociedade através da educação. A seguir abordaremos especificamente as questões legais de educação no Brasil.

A nova concepção de família, educação e escola será discutida e aprofundada ao longo deste trabalho.

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2.2 A Educação no Brasil: aspectos histórico-legais

A Educação formal no Brasil se desenvolveu através das influências dos colonizadores. Assim a educação brasileira teve seu inicio, formando desde cedo a elite colonial da época, restando para as camadas populares apenas a religião.

Em 1824 a Constituição Imperial no art. 179, inciso XXXII estabeleceu os direitos civis e políticos e a instrução primária para todos os cidadãos. Contudo, a lei não aborda a educação como responsabilidade do Estado, família ou igreja.

A Constituição Republicana de 1891 teve enfoque no modelo federal, objetivando a discriminar a competência legislativa da União e dos Estados no quesito educacional, essa constituição não apresenta a responsabilidade do Estado, da família e da igreja com relação à educação das crianças.

As duas primeiras Constituições Nacionais Brasileiras desobrigam-se de determinar as responsabilidades educacionais à família, ao Estado ou à igreja. A educação das crianças e jovens permanece sem um amparo legal, o que provoca um percentual duvidoso quanto às funções e obrigações educacionais e sociais sob os indivíduos. Visto que nesse período o pensamento pedagógico ainda reproduzia o pensamento religioso medieval, como abordado anteriormente nesse mesmo capítulo.

Em 1934 a Constituição Federal, inaugura uma nova fase na história das constituições, enuncia normas para êxito das mesmas nos direitos econômicos, sociais e culturais. A constituição apresenta dispositivos para a elaboração de um Plano Nacional de Educação dando competência ao Conselho Nacional de Educação em elaborá-lo. O art. 149 apresenta que a educação é direito de todos e deve ser ministrado, pela família e pelos poderes públicos.

A Constituição de 1937 foi vista como um retrocesso no país, com objetivo e preocupação com relação a educação é argumento mencionado e visado a valores civis e econômicos, mostra-se a desvalorização com o ensino público. No art. 129 desta constituição apresentam que a infância e á juventude, a que faltarem os recursos necessários a educação em instituições particulares, é dever da nação, dos Estados e dos municípios assegurarem, pelas fundações de instituições de ensino em todos os seus graus, a possibilidade de receber uma educação adequada ás suas faculdades, aptidões e tendências vocacionais. O dever a educação das crianças é de responsabilidade do Estado.

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A partir do desenvolvimento do pensamento pedagógico da Escola Nova no Século XX, compreendemos as transformações das Constituições de 1934 e 1937, que evidenciam a educação como direito de todos, ministrado pela família e pelos órgãos públicos, mas, de responsabilidade do Estado. Para a educação que até então estava sem um amparo legal, foi um grande avanço para época, o pensamento pedagógico brasileiro começa a ter uma autonomia.

A Constituição de 1946 constitui-se baseada nas Constituições de 1891 a 1934, com o objetivo na atual constituição de prevalecer uma educação voltada para ser esclarecida e definida como direito de todos, com marco de educação pública.

São definidos princípios norteadores do ensino, entre eles: Ensino Primário Obrigatório e gratuito; recebe destaque a criação de institutos de pesquisa. Destaca dois artigos para a responsabilidade da educação da criança: O art. 166 apresenta que a educação é direito de todos e será dada no lar e na escola. E deve inspirar-se nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana. O art. 167 destaca que o ensino dos diferentes ramos será ministrado pelos poderes públicos e é livre a iniciativa particular, respeitadas as leis que o regulem.

A formação estrutural da educação se mantem na constituição de 1967 prevalecendo os sistemas de ensino dos Estados. Houve retrocesso no fortalecimento do ensino particular, inclusive na previsão de substituição do ensino por bolsas de estudos e necessidade de bom desempenho para garantia da gratuidade do ensino médio e superior. No art. 168 a educação é direito de todos e deve ser dada no lar e na escola; assegurada a igualdade de oportunidade, deve inspirar-se no principio da unidade nacional e nos ideais de liberdade e de solidariedade humana. No § 1º o ensino será ministrado nos diferentes graus pelos poderes públicos. Assim é atribuída a responsabilidade da educação da criança a família, escola e Estado.

A Emenda Constitucional de 1969, não trouxe modificação, no modelo educacional, da Constituição de 1967, limita-se a manutenções para os municípios no desenvolvimento educacional, aponta a responsabilidade da educação da criança para a família, escola e Estado.

A responsabilidade da educação da criança foi decretada a família, a escola e ao Estado, como visto nas constituições de 1946, 1967 e na Emenda Constitucional de 1969, porém, não foram relatadas nessas constituições, as funções e/ou obrigações especificas de cada instituição com exatidão. O que ocasiona o

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desconforto tanto da escola, quanto da família, com relação a educação de qualidade que é fornecida as crianças.

A Constituição Federal de 1988 no art. 205 relata que a educação, é dever do Estado e da família como direito de todos, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

A organização do sistema educacional, para legislar as diretrizes e bases da educação nacional é apresentada no art. 22. Cabe a União, de acordo com o artigo 24, editar normas gerais sobre a educação e ensino e para estabelecer as normas suplementares os Estados e Distrito Federal. A fundamentação e a estrutura educacional está vinculada às competências legislativas; em seu artigo 165 vinculou receitas para o desenvolvimento e a manutenção do ensino; no financiamento da educação determina a aplicação mínima de 18% para a União e 25% para os Estados e os municípios, no artigo 212.

O parágrafo 1º do artigo 208 traz a oferta do ensino fundamental obrigatório gratuito, como direito subjetivo público e responsabilidade da autoridade competente ao cumprimento da legislação.

A atual constituição propõe que a família é a base para a sociedade e em parceria com o Estado, deve “assegurar à criança e ao adolescente o exercício de seus direitos fundamentais” (BRASIL, 1988, art. 227). Cabe ao Estado oferecer assistência a cada membro da família, que é núcleo da sociedade e está sujeita a transformações, restrições e maneiras de se organizar socialmente, através dos impactos econômicos e conflitos de desigualdade social.

Após a Constituição Federal de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA reconhece legalmente a importância da família, as suas funções e a capacidade proletiva de todos os seus membros, atribuições no subsidio das funções do Estado e da comunidade.

O ECA (BRASIL, 1990, p. 15) menciona que “toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária”, aponta a co- responsabilidade para a família, o Estado e a sociedade para garantir e defender os direitos da criança e do adolescente.

Para a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN (Brasil, 1996), como apresenta o Art. 1º:

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A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana e no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organização da sociedade civil e nas manifestações culturais.

Acontece e se desenvolve em diferentes espaços como: família, trabalho, escolas, igreja, projetos sociais e outros. Uma educação que acontece na, pela e para a sociedade como efetivação dos direitos da criança e do adolescente, estabelecendo uma relação entre o direito à educação e à convivência familiar e comunitária, articulando a relação entre a família e a escola.

Podemos citar o artigo 2 ( Título II) onde

(...) a educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

A educação ocupa-se de desenvolver processo de formação que está ligado ao desenvolvimento familiar.

A educação básica busca esclarecer e administrar as novas realidades apontadas por um espaço público novo, com a intenção de organizar as necessidades da realidade através de uma ação política, que desenvolva consciência com censo critico nos indivíduos.

Enquanto direito de todos a educação aponta as exigências de função social, assume a igualdade como ponto principal na sociedade politicamente democrática e que visa a igualdade entre as classes e entre os indivíduos, com a idéia de democratizar a sociedade.

As Constituições anteriores à de 1988, regem que a família é constituída pelo casamento indissolúvel e está sobre a proteção especial do Estado. É interessante destacar que a Constituição de 1988, sendo a atual não traz um conceito de família.

Isto se dá porque a família tem outras configurações, devido à diversidade, perdendo o modelo nuclear baseado em uma união estável entre homem e mulher.

Crianças são criados por avós, por homens e mulheres solteiras, sem saber quem é o pai ou mãe. Filhas e filhos de pais ou mães que moram fora do país, são criados por outras pessoas envolvendo ou não laços de sangue. Muitas outras configurações de família podem ser percebidas, essas mudanças são por fatores

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culturais, sociais e pessoais. Independente de sua configuração, condição socioeconômica ou cultural, a família é aquela que oferece proteção à criança.

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – 1990)

“Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes” (Art. 25). Entendemos a família como organização, com crenças, valores e práticas culturais, formadas por pessoas que assumem papéis para o desenvolvimento e formação de crianças, adolescentes com ações de compromisso e responsabilidade.

Na família ocorre o processo de desenvolvimento e de socialização das crianças e adolescentes, acontece a mediação das relações entre o sujeito com o mundo e a vida em sociedade.

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3 ASPECTOS PSICO-SOCIAIS DA RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA

Nos últimos tempos a escola tem criado espaço para resgatar o relacionamento com as famílias, é importante que a escola manifeste a busca dessa construção e rompa as barreiras em prol de novos saberes, pois a família pode ser considerada um espaço de afetividade e segurança, talvez com medos, incertezas, rejeições, preconceito e ainda violência, mas a escola necessita conhecer esse espaço e a família necessita conhecer onde seus filhos estão inseridos.

A família é denominada como um processo de interação entre a vida e as vivências de todos seus membros. Como se refere Carvalho (2003, p.15) “As expectativas em relação à família estão, no imaginário coletivo, impregnados de idealizações, das quais a chamada família nuclear é um dos símbolos.” As famílias são instituições que agrupam pessoas de diferentes tipos, vista como acolhedora e protetora, com possíveis capacidades de transformações de acordo com seus interesses e projeções, não é vista totalmente como homogênea, mas como diferentes relações sofrendo mudanças a cada dia e que se relacionam com a perda da “tradição familiar”. Espera-se que o sujeito adquira através da família proteção, cuidados básicos, afeto, construção de identidade e que a mesma ofereça subsídios para a inclusão social desse sujeito na sociedade.

Respeitadas as especificidades de cada família o desenvolvimento do ser humano será influenciado pela sua base familiar. A presença da família no contexto escolar evidencia, ou não, um sentimento de segurança, devido o modo, no qual, a criança está exposta. A escola, por sua vez, parte de uma rede complexa de práticas culturais onde a condição de sua mudança não reside num apelo à grandiosidade da sua missão de ensinar, mas na criação de condições que permitam um trabalho diário profissional, qualificado e apoiado socialmente.

Já a criança que vive em uma família menos favorecida onde não têm esse acesso e presencia sua família em estado precário com condições financeiras baixas, terá maior dificuldade, pois, se ela não tem acesso a livros, a tecnologia e as

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outras coisas que classe favorecida possui, terá o conhecimento só do convívio com a família e esse como conseqüência não será amplo. (NOGUEIRA, 2010)

O papel da escola é transmitir o ensino para crianças e jovens. A escola possibilita ao individuo o acesso a novos conhecimentos e além de conhecer outras culturas saber respeitar cada uma. O espaço escolar precisa ser amplo para que os alunos possam movimentar e brincar, com salas adequadas com cadeiras e mesas com condições de uso, para que o sujeito sinta-se a vontade no seu local de estudo.

(PAROLIN, 2005)

Cada família vive em um contexto diferenciado com valores, crenças e culturas que enfatizam e exploram a sua maneira de expressar diante de uma situação, e é nesse sentido que precisamos compreender seu posicionamento com relação à escola. Considera-se, a esse respeito que “(...) se os sujeitos se constituem pela cultura, não há como desvencilhá-los ou separá-los” Faria, Speller e Silva (2006 p.90). Dentro da escola a cultura de cada aluno é subjetiva, a maneira de pensar é diversificada então não é fácil desapropriar o pensamento e as atitudes daquele individuo, pois sua cultura pode influenciar a sua relação com o conhecimento escolar.

Nogueira (2009, p.52) afirma que a teoria de Bourdieu constitui o capital cultural como o elemento da herança familiar que sofreria maior impacto na definição do destino escolar. O domínio maior ou menor da língua culta trazido de casa por certas crianças facilitaria o aprendizado escolar funcionando como elementos de preparação e de rentabilização da ação pedagógica.

Portanto, a escola torna-se um ambiente e espaço de socialização fundamental, e responsável para a inserção da criança na sociedade proporcionando a coletividade adentrando ao seu universo escolar, transmitindo-lhe o legado humano. Educação será mediadora do individuo para o processo de socialização. Faria, Speller e Silva (2006, p.92) considera que o processo de educar começa dentro da família, com a entrada da criança na escola, não uma continuidade, mas uma ruptura. Pois o local que está sendo inserido é amplo, um grupo social onde novos laços podem ser estabelecidos, neste momento o professor será o mediador para facilitar a nova etapa que está sendo inserida.

Com relação ao valor social da escola e as práticas familiares de escolarização, a relação de crianças e adolescentes com a escola a projetos futuros é importante destacar o objetivo de compreender as trajetórias e os resultados

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escolares dos contextos de indicadores econômicos e sociais que podem ser favoráveis ou desfavoráveis ao desenvolvimento da criança ou adolescente no sistema de ensino.

3.1 Uma Leitura Sociológica

Historicamente a sociedade tem uma visão de mundo sobre a escola que vem se alternando ao longo das diferentes épocas. Para a modernidade esse processo é reconhecido por vários autores, Bourdieu (2001), por exemplo, apresenta esse perfil em suas publicações.

“A sociologia do ensino enfatiza a função de integração moral da escola e relegam a segundo plano, ou então, nem levam em conta o que se poderiam chamar de a “função de integração cultural” da instituição escolar.” (Bourdieu, 2001, p. 205)

A sociedade ao enxergar a escola como uma instituição que tem como prioridade a função de moralizar o sujeito ela responsabiliza integralmente a escola a função de zelar pelas faculdades morais do individuo e nega à família a co- responsabilidade para tal função. Ouve-se muito a expressão “o menino virou bandido porque não foi para escola” ignorando a visão de ensino aprendizagem existente na escola para exibir apenas o lado social do sujeito. A função de alfabetizar e ensinar os conteúdos escolares possibilitando o conhecimento ao sujeito é visto como segundo plano, e muitas vezes, nem é visto.

A partir da educação a escola interage com o sujeito e possibilita a socialização moral dos indivíduos. É um paradoxo, à medida que seus conhecimentos se desenvolvem sua interação com o mundo e com a sociedade se aflora, definindo sua conduta moral, acontecendo de forma natural e não arbitraria.

Bourdieu (2001) já afirmava esse pensamento:

Ao mesmo tempo em que encara a aprendizagem escolar como um dos instrumentos mais eficazes da integração “moral” das sociedades diferenciadas, não se dê conta de que a escola tende a assumir uma função de integração lógica de modo cada vez mais completo e exclusivo à medida que seus conhecimentos progridem. (Bourdieu, 2001, p. 206)

Na visão de Carvalho (2003 p.17), “a família é revalorizada na sua função socializadora”, capaz de dar valores e costumes através de uma cultura, ponto de

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desabafos, anseios e desejos, sonhos e desilusões, dando seqüência e assim preparando seus indivíduos para toda uma sociedade, capaz de exercer autoridade definindo limites, sendo parceira com a sociedade e escola, estando presente no dia a dia do sujeito, pode ser como um ponto de partida no processo de socializar seus membros, para integrar seus membros a sociedade. De início nas escolas, buscando proteção, socialização e vínculos de relacionamentos, mas nem sempre após essa inserção continua existindo a interação entre a escola e a família, com o tempo talvez pensem exercer papel diferenciado na educação e na integração das crianças.

Seguindo esse pensamento Carvalho (2003, p.19) afirma “(...) que a família continua sendo um lugar privilegiado de proteção e de pertencimento a um campo relacional importante na reenergização existencial dos indivíduos.” Mesmo com possíveis problemas nas famílias como dificuldade financeira, violência, falta de estrutura física e emocional, ainda sim, considera-se a família o berço principal para o desenvolvimento do ser, capaz de dar valores e costumes através de uma cultura, com possibilidades de levar o sujeito a pontos que poderão servir de crescimento e assegurar atenção básica para inclusão nas escolas e na sociedade.

A escola busca elaborar conhecimentos sobre orientação, valores, atitudes e comportamentos, construindo sua identidade, buscando apreender e passar a seus educandos a realidade educativa em movimentos históricos considerando os contextos sócio-históricos e políticos onde o sujeito está inserido. É constituída como mundo social com suas próprias características, seus costumes, sua linguagem, sua imaginação, seu regulamento e gestão. Para Vilela (2003, p.209) “No dia-a-dia da escola, os horários e espaços são muito estruturados, organizados, previstos e ocupados”. Desconhecendo a criatividade dos alunos e reproduzindo rotina, não valorizando a reconstrução e subversão vinda de alunos e educadores que permeiam ao longo do tempo por organização de espaços com a mesma estrutura, a criança acaba tendo a mesma vida social com suas hierarquias buscando alcançar e compreender as relações com igualdades e a escola passa a ser subjetiva.

Na década de 1960 supunha-se que a escola pública e gratuita garantisse a igualdade de oportunidades entre todos os cidadãos, seguindo uma percepção de neutralidade entre as classes. Contrariando as expectativas, ocorreu uma crise frustrante e profunda na concepção escolar porque onde se via igualdade de oportunidade e justiça social, Bourdieu entendia como reprodução e legitimação das

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desigualdades sociais. Um dos vários motivos dessa tragédia no âmbito escolar segundo a teoria de Bourdieu é a falta de uma “revolução da visão dominante sobre o papel e a função da instituição escolar” (NOGUEIRA, 2009, p.14).

O conceito de habitus, proposto por Bourdieu, nessa perspectiva seria como uma ponte de ligação, fazendo a mediação entre a estrutura e a prática, no mundo social. Formado na estrutura e incorporado no objeto o habitus determina a ação do sujeito. Por mais que se possa adaptar a algumas situações fora do seu contexto natural, seu comportamento, a fala, o jeito, determina sua origem cultural. A escola por sua vez, reproduz a desigualdade quando iguala os alunos subentendendo que todos dominam um determinado código proposto por ela e valoriza tal código equiparando todos os alunos da mesma maneira.

A herança familiar desigual e suas implicações escolares estão presentes no cotidiano das classes populares. Essas se caracterizam pelo pequeno volume de patrimônio que possuem e por estar na posição mais dominada no espaço das classes sociais na sociedade. De acordo com Nogueira (2009)

(...) suas condições de existência condicionam, assim, um estilo de vida marcado pelas pressões materiais e pelas urgências temporais, o que inibe a constituição de disposições de distanciamento ou de desenvoltura em relação ao mundo e aos outros. (p.59).

Diante disso, as aspirações escolares desse grupo de classes populares são moderadas porque, os pais como não têm suficientemente recursos para usufruir de exercícios formais da sociedade, ou seja, gastos que os permeiam, se manifestam com sentimentos de incompetência ou de indignidade cultural. Por tanto passam a esperar que seus filhos estudem o bastante para se manter com dignidade sem altas pretensões com posições sociais.

Em razão desse processo essas famílias tendem a privilegiar as carreiras escolares mais curtas, que dão acesso mais rápido à inserção profissional dos filhos.

O que Bourdieu denominou como “Liberalismo permissiveness” onde não haveria uma cobrança intensiva dos pais em relação a vida escolar dos filhos, e sua escolarização não seria sistematizada, mas diferente das outras categorias sociais principalmente as camadas médias, ou seja:

A ajuda escolar fornecida pela família reveste-se de formas diferentes nos diferentes meios sociais: a ajuda explícita (conselhos, explicações etc.), e

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percebida como tal, cresce à medida em que o nível social se eleva(...),ainda que pareça decrescer à medida em que o grau de sucesso escolar aumenta . Acontece que ela constitui somente da parte visível das

“doações” de todo tipo que as crianças recebem de suas famílias. Se lembrarmos por exemplo que a porção de laureados que fizeram sua primeira visita ao museu ainda na infância (...) com sua família, cresce com a origem social – o que constitui apenas o indicador, entre outros, dos estímulos indiretos e difusos dados pela família -, veremos os jovens das categorias superiores acumulam a ajuda difusa e a ajuda explícita, enquanto que os jovens das classes médias( em particular os filhos de funcionários e professores primários) recebem sobretudo uma ajuda direta, ao passo que os jovens das classes populares, salvo exceção, não podem contar com nenhuma dessas suas formas de ajuda diretamente rentáveis escolarmente. (BOURDIEU, 1989, p.36)

Entende-se que esse processo é bem mais amplo do que a tarefa de escolarização, porque implica todo um processo por meio do qual a família produz o agente social, entendido como um sujeito munido das competências, habilidades e disposições adequadas para ocupar determinado lugar social.

Muito mais é possível pensar e limitar na questão família e escola. Este trabalho está entrando nas questões psicológicas sociais.

3.2 Questões da Psicologia Social

A psicologia tem se tornado indissociável em relação à educação, devido a vários contextos históricos de fecundas polêmicas e de grandes proporções próprias de seu esforço em constituir-se como ciência, uma vez, que a educação se constitui por várias ciências, fonte de conhecimentos e entre elas a psicologia. Entretanto na educação também convergem preocupações e reflexões provenientes da Sociologia.

Designado como “A Síntese Experimental Comportamental” (ARDILA 1988) devido ao esforço de vários profissionais sérios, cabe aos educadores a tarefa quase individual e árdua de uma escolha compatível com os melhores valores da educação voltada para plena cidadania, tarefa essa árida e complexa estando ainda longe de ser concluída.

A psicologia não deve ser compreendia como um apêndice que complementa o processo educacional, nem tão pouco, confundido. Porém o processo educacional é um fórum privilegiado a assegurar o desenvolvimento e a consolidação de novas personalidades e perfis dos cidadãos dentro do âmbito escolar.

Para Melo (2007), a teoria Histórico Cultural parte do pressuposto de que, na presença de condições adequadas de vida e de educação, as crianças

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desenvolvem, intensamente e desde os primeiros anos de vida no seio da família, diferentes atividades práticas, intelectuais, artísticas e iniciam a formação de idéias, sentimentos, hábitos morais e traços de personalidades que até há pouco tempo julgávamos impossíveis. Essa teoria, conhecida como a Escola de Vygotsky, surgiu na antiga União Soviética no inicio do século XX resultante do processo de aprendizagem da cultura e de reprodução das aptidões humanas socialmente mediadas. Nesse sentido os educadores (família e escola), têm papel essencial nesse processo, onde o educador é mediador da relação da criança com o mundo que ela passa a conhecer. Assim conclui Melo (no prelo):

Para garantir a apropriação dessas qualidades, é preciso que os educadores identifiquem aqueles elementos culturais que precisam ser assimilados pelas crianças, para que elas desenvolvam ao máximo as aptidões, capacidades, habilidade criada ao longo da historia pelas gerações antecedentes e, ao mesmo tempo, é necessário que descubram as formas mais adequadas de garantir esse objetivo.

Os fatos importantes da psicogenética mostram a existência de uma construção progressiva por parte da criança. Por tanto, cabe ao educador dominar não apenas o conteúdo a ser ensinado, mais também os processos pelos quais esse conteúdo se constitui no individuo e na história da ciência a ser ensinada.

A importância da epistemologia genética na compreensão do processo educacional segundo Dongo-Montoya (2007), a partir de um conjunto de pesquisas descritas pelo mesmo, está relacionada ao conhecimento lógico-matemático, conhecimento físico, os conhecimentos sociais e culturais, o desenvolvimento moral e o desenvolvimento da linguagem apresentada ao individuo. Assim assinala o autor:

Desse modo, a ação pedagógica não poderia contentar-se com transmissão de conteúdos acabados, mas sim, e, sobretudo, com a forma de alcançá- los. Assim como no caso dos conteúdos físicos, no caso dos conteúdos culturais e sociais se faz necessário o questionamento da realidade pesquisada, para que a criança tenha a oportunidade de criar hipóteses e modelos interpretativos originais.

Percebemos a partir das palavras do autor a influência que a psicologia apresenta na relação família e escola, tão quanto a sua importância. É fato que cada sujeito traz consigo uma bagagem de conhecimentos culturais, sociais, morais e étnicos, de “casa”, exposto pela família e ao se deparar com sua entrada na escola o

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confronto com outros saberes, outros costumes, outras sensações, pode retardar ou comprometer o desenvolvimento desses indivíduos. Daí, a essência dessa relação de proximidade da família na escola e da sua participação no contexto do âmbito escolar. E por sua vez, a escola precisa captar esses conhecimentos natos que os alunos trazem para escola, afim, de desenvolver e aprimorá-los.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

As discussões realizadas sobre as relações mútuas entre a educação familiar e a educação escolar, justificada pela melhor contribuição no processo de desenvolvimento do ensino aprendizagem dos alunos e na compreensão da função de cada uma, é necessário apresentar um equilíbrio dessa relação na importância de cada uma para a vida e a formação do sujeito.

O tema em discussão se faz de forma qualitativa e exploratória, baseado nas legislações e em teóricos que abordam o mesmo, na intenção de explorar e esclarecer essa relação. Discutir essa temática é apresentar a importância da família e da escola para a sociedade, por meio de discussões de como estabelecer melhor essa relação por meio de pais ou responsáveis, sociedade e escola.

Tendo em vista, em uma perceptiva histórica compreender as atribuições da família e da escola sobre a educação, como direito social do sujeito, mediante a busca de reflexão por uma prática pedagógica qualitativa para a inserção do mesmo na sociedade. Denominada como meio de interação da vida, para o desenvolvimento significativo e personalidade do sujeito, bem como o caráter, a família possui uma influência significativa. Contudo, a escola não pode se abster dessa discussão, ela também tem caráter formativo do sujeito. Desde sua origem a escola tem o objetivo de atender as necessidades e exigências políticas, econômicas e sociais, onde o sujeito está inserido para permear as reflexões e sistematizar as práticas já vivenciadas.

Por isto, perguntamos inicialmente sobre as atribuições da família e da escola na educação das nossas crianças. As respostas encontradas apontam para a importância da parceria dessas instituições. A escola, por sua vez, é um ambiente e um espaço de socialização fundamental e responsável pela inserção da criança na sociedade, proporcionando a coletividade do universo escolar e possibilitando ao indivíduo conhecimentos e culturas diferenciadas. A sociedade atribui a escola o papel de moralizar o indivíduo, tirando a responsabilidade da família como espaço para formação de conceitos morais e sociais.

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Por sua vez, a família com seus costumes e valores é capaz de ser parceira da escola e da sociedade por estar presente nas vivências dos sujeitos, socializar e integrar os mesmos na comunidade.

No Brasil a família sofreu grandes influências pelas transformações ocorridas nos fatores socioeconômicos e políticos, aspectos estes que refletem no acompanhamento e organização familiar. Nos últimos tempos a escola ganhou espaço e poder, podendo utilizar destes instrumentos para reconstruir e resgatar o relacionamento com a família para a construção de novos saberes.

Construir essa relação de diálogo mútuo, estabelece que sempre uma espera algo da outra, onde necessite que cada parte tenha seu momento de expressar, ouvir e valorizar a troca de saberes e idéias.

O compromisso dos pais em apoiar a escola, participar dos conselhos escolares, estabelecer uma relação de proximidade, participar dos projetos pedagógicos, acompanhar o desenvolvimento dos filhos, são ações que concernem a família. Abrem espaços propiciadores de mudanças de atitude, de construção de novas formas de se relacionar com a instituição e com os filhos. Observa-se como a experiência de convivência mais participativa e efetiva, contribui para que as funções da família e escola se estabeleçam em parceria.

O fortalecimento da relação entre a escola e a família é fundamental para efetivar o direito à educação de qualidade das crianças, dos adolescentes e mesmo do país. Essa parceria predomina para o processo de formação humana e de futuros cidadãos.

Com relação ao valor social da escola e as práticas familiares de escolarização, a relação de crianças e adolescentes com a escola a projetos futuros é importante destacar o objetivo de compreender as trajetórias e os resultados escolares dos contextos de indicadores econômicos e sociais que podem ser favoráveis ou desfavoráveis ao desenvolvimento da criança ou adolescente no sistema de ensino.

A educação escolar é tão importante quanto a educação familiar, ambas devem se manter equilibradas, precisam afinar propostas com o mesmo ideal, de formar cidadãos de valores e de caráter.

A educação em seus contextos está associada a psicologia social como ciência e por constitui-se por várias ciências como fonte de conhecimento para a vida. As crianças adquirem conhecimento desde seus primeiros anos de vida na sua

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família por atividades práticas como ideias, hábitos morais e sentimentos. Na escola à interação com outros conhecimentos, aponta a necessidade de aproximação da família e da escola na participação da educação.

Decorrendo uma pequena reflexão do que foi mencionado acima fica mais claro que cada maneira de pensar a relação família-escola pode ajudar a desenvolver melhor o papel de cada uma, promovendo mudanças que irão beneficiar o próprio convívio escolar e contribuir para melhoria do desenvolvimento das crianças.

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