17/06/2021
Número: 8007548-87.2021.8.05.0001
Classe: MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL
Órgão julgador: 8ª V DA FAZENDA PÚBLICA DE SALVADOR Última distribuição : 22/01/2021
Valor da causa: R$ 1.000,00
Assuntos: Concurso Público / Edital, Inscrição / Documentação, Exame de Saúde e/ou Aptidão Física, Exame Psicotécnico / Psiquiátrico, Anulação
Segredo de justiça? NÃO Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM TJBA
PJe - Processo Judicial Eletrônico
Partes Procurador/Terceiro vinculado
SINDAP-BA SIND DOS AGENTES DISC PENITENCIARIOS E AGENTES SOCIOEDUCADORES EMPREGADOS TER TEMP E CONTRATADOS EM REGIME ESPECIAL ADM DO
ESTADO DA BAHIA (IMPETRANTE)
ARIALDO ANDRADE OLIVEIRA (ADVOGADO) EMANUELLY MATOS ANDRADE (ADVOGADO)
FUNDACAO DA CRIANCA E ADOLESCENTE (IMPETRADO)
Documentos Id. Data da
Assinatura
Documento Tipo
11281 0749
17/06/2021 15:51 URGENTE - REQUER RECONSIDERAÇÃO - JULGA ADI 5664 - INCONSTITUCIONALIDADE
Petição
A RIALDO A NDRADE & ADVOGADOS ASSOCIADOS
EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (ÍZA) DA 8ª VARA DE FAZENDA PÚBLICA DE SALVADOR - BA
Mandado de Segurança de nº 8007548-87.2021.8.05.0001
SINDICATO DOS AGENTES DISCIPLINARES PENITENCIÁRIOS E AGENTES SOCIOEDUCADORES EMPREGADOS TERCEIRIZADOS, TEMPORÁRIOS E CONTRATADOS EM REGIME ESPECIAL ADMINISTRATIVO DO ESTADO DA BAHIA, SINDAP-BA, vem, requer a RECONSIDERAÇÃO DA DECISÃO ( ID 93931495 ), pelos fatos e argumentos a seguir minudenciados:
O SINDAP-BA, ora impetrante, ingressou com o presente Mandado de Segurança com pedido liminar com o fito de que fosse determinada a suspensão do processo seletivo simplificado tornado público por meio do edital de nº 01/202 – FUNDAC-BA, publicado no Diário Oficial do Estado da Bahia em 16 de janeiro de 2021 - ANO CV – n° 23.070.
A liminar mandamental fora indeferida em sede de cognição sumária pelo juízo. O SINDAP opôs Embargos de Declaração da decisão que denegou a liminar e esses Embargos aguardam para serem apreciados por Vossa Excelência.
Entretanto, com o devido acatamento, o Impetrante requer a reconsideração do r. Despacho de ID 93931495 que negou a liminar.
De plano, destacamos o recente julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) de n° 5664, em 16 de junho de 2021, por meio da qual o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a inconstitucionalidade de normas que autorizam a contratação temporária de agentes socioeducativos e outros cargos de diversas áreas para o Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo. Vejamos o resumo do quanto decidido pelos ministros na oportunidade:
A RIALDO A NDRADE & ADVOGADOS ASSOCIADOS
Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou procedente o pedido formulado na ação direta para declarar inconstitucionais a Lei Complementar nº 559, de 30 de junho de 2010, e a Lei Complementar nº 772, de 4 de abril de 2014, ambas do Estado do Espírito Santo, vencidos o Ministro Alexandre de Moraes, que julgava prejudicada a ação e, vencido, julgava-a improcedente, e o Ministro Ricardo Lewandowski, que julgava improcedente a ação, com a determinação de envio dos autos ao Ministério Público do Estado do Espírito Santo. Por maioria, modulou os efeitos da presente decisão, garantindo a vigência das contratações temporárias, eventualmente celebradas com base nas leis agora expungidas do ordenamento jurídico, até que se expirem os prazos de duração originariamente previstos, devendo o Poder Público capixaba prover meios para que o Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (IASES), no prazo de até 02 (dois) anos, a partir da publicação desta sessão de julgamento, passe a se desincumbir de suas atribuições em sintonia com a regra constitucional constante do art. 37, inciso II, da Lei Maior, vencidos os Ministros Marco Aurélio e Edson Fachin. Redigirá o acórdão o Ministro Nunes Marques. Falou, pelo requerente, o Dr. Humberto Jacques de Medeiros, Vice-Procurador-Geral da República. Presidência do Ministro Luiz Fux. Plenário, 16.06.2021 (Sessão realizada por videoconferência - Resolução 672/2020/STF).
Desta forma, o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade de normas estaduais que autorizavam a contratação temporária de agentes socioeducativos e outros cargos de diversas áreas para operarem o Sistema de Atendimento Socioeducativo.
Ou seja, fora ratificado pelo STF o quanto exposto pelo SINDAP na peça vestibular.
Neste sentido, requer que a partir do entendimento assentado pelo STF, que este MM. Juízo promova o controle difuso de constitucionalidade, reconsiderando o indeferimento da liminar e o entendimento de que a suspensão do processo seletivo simplificado publicado no edital de abertura de inscrições de Nº 01/202 se refere a revisão do mérito administrativo, uma vez que resta flagrante a violação à ordem constitucional.
In casu, os requisitos para concessão de medida cautelar estão presentes. O fumus boni juris está suficientemente bem caracterizado pelos argumentos deduzidos na inicial e sobretudo pelo precedente do Supremo Tribunal Federal em situação análoga. O Perigo na demora processual (periculum in mora) decorre de que, enquanto não suspenso o edital do processo seletivo, permitir-se-á provimento de postos de trabalho no poder público incompatíveis com preenchimento dos cargos que deveriam ser cargos públicos por empregos públicos temporários, o famigerado REDA, sem a devida excepcionalidade e necessidade que o justifique. O REDA implica em clara burla da obrigatoriedade de concurso público.
O próprio contexto fático em que fora concebido o edital impugnado demonstra a inexistência do caráter transitório da contratação, por ausência de predeterminação de prazos (considerando as possibilidade de prorrogação do edital e a publicação de novo edital) e da excepcionalidade do serviço, mediante as reiteradas edições de atos para novas contratações. Isso descaracteriza qualquer suposto fundamento de necessidade e excepcionalidade do serviço público a ser prestado, de modo a justificar a contratação temporária de servidores.
É indispensável que a necessidade na qual se baseie a norma se configure temporária, que os serviços contratados sejam indispensáveis e urgentes, que o prazo de contratação seja predeterminado, que os cargos estejam previstos em lei e que o interesse público seja excepcional.
A admissão de pessoal para ocupar cargo público, de caráter perene, é próprio da administração pública direta na formação de seu quadro efetivo. A modalidade de contratação temporária para emprego público deve ser exceção.
A RIALDO A NDRADE & ADVOGADOS ASSOCIADOS
É o que se depreende dos citados dispositivos constitucionais (arts. 37, IX, e 39, caput, da Constituição).
O Edital impugnado não especificou a hipótese de excepcional interesse público e não atende à previsão constitucional de ocupação de cargo público para necessidades permanentes da administração, conforme já exaustivamente provados nos autos pelo Impetrante.
Ademais, contrariam o texto constitucional, agora tornado incontroverso pelo julgamento da ADI de n° 5664, segundo o qual a contratação temporária somente deve ocorrer em situações efêmeras e por excepcional interesse público.
Assim sendo, diferente do quanto entendido por este M.M Juízo, a situação em testilha não se trata de mera revisão de ato administrativo, mas de revisão do ato administrativo eivado de ILEGALIDADE e INCONSTITUCIONALIDADE.
Ressaltamos que a segurança aqui pretendida não tem qualquer finalidade de que o judiciário substitua ao administrador, perquirindo os critérios de conveniência de discricionariedade, mas BUSCA QUESTIONAR OS CRITÉRIOS QUE A PRÓPRIA LEI VINCULA AO ADMINISTRADOR NA EXECUÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS, OU SEJA, QUESTIONA A SUBSUNÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO EM RELAÇÃO AO QUE PREVÊ A NORMA (PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ESTRITA).
Portanto, considerando que o indeferimento da tutela pretendida se baseou quase que exclusivamente na impossibilidade de revisão do mérito do ato administrativo pelo Poder Judiciário, tendo sido explicitado pelos presentes que o MS impetrado não trata de impugnação do mérito, mas da análise da LEGALIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO EM SI, agora declarado irreversivelmente inconstitucional pelo STF, requer que Vossa Excelência, reconsidere a Decisão, concedendo a tutela requerida pelo impetrante.
Saliente-se, o julgamento da ADI 5664 ocorreu no dia 16/06/2021 (ontem). Ainda, não fora publicado acórdão do julgamento, porém conforme extrai-se das matérias do próprio site do STF
(http://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=467732&ori=1) , inclusive com o tema sendo destacado na página inicial do Tribunal Excelso, eis que Vossa Excelência pode e deve conceder a tutela requerida, inclusive para evitar estragos ainda maiores nas vidas de centenas de pais e mães de família, pois esse MS e o seu pedido liminar trata em sua essência, também da precarização nas relações de trabalho e do sustento de centenas de famílias, notadamente em momento de crise humanitária em função da pandemia do COVID-19.
Ainda, urge lembrar, conforme já informado nos autos, que a FUNDAC, ora impetrada, continua realizando/ determinando a demissão dos trabalhadores que laboram no Sistema Socioeducativo, posto já foram realizadas mais de 90 (noventa) demissões e informado que serão demitidos mais de 180 (cento e oito) trabalhadores (as), isso inicialmente.
Forte nestas razões, eis que o SINDAP-BA reitera pela CONCESSÃO DA TUTELA ANTECIPADA REQUERIDA, pugnando pela reconsideração do decisum de ID nº 93931495, inclusive por fato superveniente, qual seja o julgamento da ADI 5664 que declarou inconstitucional a pratica adotada pela FUNDAC, ora Impetrada.
Outrossim, pugna seja deferida por Vossa Excelência a juntada aos autos das matérias/ prints extraídos do site do Supremo Tribunal Federal.
Termos em que, Pede deferimento.
Salvador – Bahia, 17 de junho de 2021.
ARIALDO ANDRADE OLIVEIRA OAB/BA 25.093
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