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NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO NPG CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO GESTÃO ESCOLAR E COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA TURMA H

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NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO – NPG

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO

GESTÃO ESCOLAR E COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – TURMA H

ELTON FERREIRA DA SILVA

A GESTÃO PEDAGÓGICA FRENTE AO DESAFIO DO COMBATE AO BULLYING HOMOFÓBICO NO AMBIENTE

ESCOLAR

Maceió - Alagoas 2019.2

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ELTON FERREIRA DA SILVA

A GESTÃO PEDAGÓGICA FRENTE AO DESAFIO DO COMBATE AO BULLYING HOMOFÓBICO NO AMBIENTE

ESCOLAR

Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, em formato de Artigo Científico, apresentado à Banca Examinadora do Curso de Pós-Graduação em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica – Turma H, do Centro Universitário CESMAC, como exigência parcial para a obtenção do grau de Especialista.

Orientadora: Prof.ª Msc. Maricélia Schlemper

Maceió - Alagoas 2019.2

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ELTON FERREIRA DA SILVA

A GESTÃO PEDAGÓGICA FRENTE AO DESAFIO DO COMBATE AO BULLYING HOMOFÓBICO NO AMBIENTE

ESCOLAR

Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, em formato de Artigo Científico, apresentado à Banca Examinadora do Curso de Pós-Graduação em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica – Turma H, do Centro Universitário CESMAC, como exigência parcial para a obtenção do grau de Especialista.

Orientadora: Prof.ª Msc. Maricélia Schlemper

Maceió/AL, _______de ______________de 2019.

Aprovação: _______________________________

________________________________________

Prof.ª Msc. Maricélia Schlemper Orientadora

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NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO – NPG CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO

GESTÃO ESCOLAR E COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – TURMA H

TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para os devidos fins de direito e que se fizerem necessários, que assumo absoluta responsabilidade pelo conteúdo apresentado neste Trabalho, isentando a Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica do Centro Universitário Cesmac, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer representação contra o trabalho.

Estou informado de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente em caso de plágio confirmado do trabalho apresentado para correção.

Maceió, ____ de__________________de 2019.

_______________________________________

Elton Ferreira da Silva

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO……….……….……… 05

1 A HOMOFOBIA... 09 2 O BULLYING E SUAS PECULIARIDADES...……. 11 3 O BULLYING HOMOFÓBICO NO AMBIENTE ESCOLAR.…………...……….. 14 4 A GESTÃO PEDAGÓGICA... 16

5 A GESTÃO PEDAGÓGICA FRENTE AO DESAFIO DO COMBATE AO BULLYING HOMOFÓBICO NO AMBIENTE ESCOLAR……….. 18

CONSIDERAÇÕES FINAIS….……….. 20 REFERÊNCIAS……….………... 22

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A GESTÃO PEDAGÓGICA FRENTE AO DESAFIO DO COMBATE AO BULLYING HOMOFÓBICO NO AMBIENTE ESCOLAR

Elton Ferreira da Silva Pós-graduando em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica do Centro Universitário CESMAC

Prof.ª Msc. Maricélia Schlemper Orientadora

RESUMO:A violência sempre se fez presente no cenário da história do Brasil e atualmente tem se intensificado nas suas variadas formas, sejam elas físicas e/ou simbólicas. A escola por sua vez, precisa refletir sobre que tipo de cidadão pretende forma e, através do Projeto Político Pedagógico, definir objetivos e ações que tenham compromisso com a democracia e a mudança da sociedade, tendo em vista o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária para todos. No universo dessa luta pela igualdade de oportunidades escolares e de direitos, a gestão pedagógica precisa definir e desenvolver estratégias práticas para a garantia do acesso, permanência e conclusão da educação básica para todos os discentes, e isso inclui os alunos homossexuais. O presente artigo surge da inquietação diante do bullying homofóbico que vem se apresentando como uma ameaça ao direito universal a educação.

PALAVRAS-CHAVE: Gestor Escolar. Homofobia. Diversidade Sexual. Direitos Humanos.

Gestão Democrática. Diversidade. Respeito.

RESUMÉN: La violencia siempre se hizo presente en el escenario de la historia de Brasil y actualmente se ha intensificado en sus varias maneras, sean ellas físicas y/o simbólicas. La escuela por su parte, necesita reflejar a respeto de que ciudadano intenta desarrollar y, a través de su Proyecto Político Pedagógico, definir objetivos y acciones que tengan compromiso con la democracia y el cambio de la sociedad, teniendo por objetivo el desarrollo de una sociedad más justa y igualitaria para todos. En el universo de esa lucha por la igualdad de oportunidades escolares y de derechos, la gestión pedagógica necesita definir y desarrollar estrategias prácticas para garantizar el acceso, permanencia y conclusión de la educación básica para todos los alumnos, y eso incluye los alumnos homosexuales. El presente artículo surge de la inquietud delante del bullying homofóbico que viene se haciendo presente como una amenaza al derecho universal a la educación.

PALABRAS LLAVES: Gestor Escolar. Homofobia. Diversidad Sexual. Derechos Humanos.

Gestión Democrática. Diversidad. Respeto.

INTRODUÇÃO

A escola é um ambiente em que as pessoas aprendem não apenas conteúdos técnicos - teóricos, mas também, ou principalmente, a viver em sociedade. Cabe ao coordenador pedagógico e demais membros da gestão escolar, junto aos professores, definir que tipo de educação, vai ser oferecido, respondendo às perguntas, como por exemplo, que tipo de cidadão se pretende formar? Um cidadão

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pacífico que atua mecanicamente na sociedade em que vive ou um sujeito crítico/

reflexivo, que sabe atuar de forma a modificar para melhor a sociedade na qual está inserido?

Então, partindo do pressuposto de que a escola é um ambiente modificador da sociedade, vários desafios surgem para ela, entre eles podemos citar o desafio de formar um cidadão crítico, capaz de ler o mundo ao seu entorno e, após sua compreensão, analisar se a sociedade está adequada ao bem comum ou se precisa passar por algumas mudanças. A educação não é neutra, educar é um ato político de mudança social e sempre, mesmo que não seja notório para todos os envolvidos, estará atuando a serviço de uma ou outra postura diante da vida em sociedade. A soma de todas as opções de currículo e metodologia adotadas na escola, entre outros fatores, chama-se Projeto Político Pedagógico.

O coordenador escolar é o responsável pela garantia da execução do que foi definido no Projeto Político Pedagógico, cabe a ele e aos demais membros da gestão escolar, efetivar a sua realização prática na escola, através da elaboração de ferramentas de acompanhamento do trabalho do professor a fim de garantir a inclusão de todas as crianças ao processo ensino-aprendizagem, jamais admitindo a evasão escolar de uma criança ou adolescente, por qualquer motivo que seja, entre eles o bullying homofóbico, pois a escola possui uma autonomia relativa, uma vez que deve seguir as legislações a respeito da educação, entre elas a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, Lei 9394/96 e as leis estaduais e municipais, além de outros dispositivos legais como por exemplo o Estatuto da Criança e do Adolescente lei 8.069/90.

Em novembro de 2015, a Lei nº 13.185 conhecida como Lei anti-bullying, foi sancionada, dentre suas diretrizes, está a capacitação dos docentes e equipes pedagógicas, com a promoção de discussões sobre o bullying e a disseminação de informações e orientação para as famílias e a sociedade como um todo, portanto, é dever da escola, principalmente do coordenador pedagógico, promover a capacitação dos docentes para lidar com as características individuais de seus educandos também no que se refere à sexualidade, não apenas no que se refere a cor da pele, origem, classe social ou religião.

A Educação é um direito de todos, tal como previsto Constituição de 1988 e no Estatuto da Criança e do Adolescente (artigo 4º da Lei 8.069/90), que define que

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a família, a sociedade e o Estado devem assegurar os direitos fundamentais desses indivíduos, e isso inclui principalmente o direito a educação, diante dos dispositivos legais e dos papéis da gestão escolar, é urgente o combate ao bullying homofóbico no ambiente escolar, assim como no passado a escola lutou contra o preconceito racial, o preconceito contra a inclusão de deficientes físicos no ensino regular e o preconceito contra a escolarização das meninas, é chegada a hora de mais um desafio: o direito ao acesso, permanência e conclusão da educação por parte das crianças e adolescentes LGBT’s.

Diante da apresentação do tema, depreende-se o seguinte problema: Qual o papel da gestão pedagógica frente ao desafio do combate ao bullying homofóbico no ambiente escolar?

A primeira hipótese apta a responder o problema suscitado é a de que o papel da gestão pedagógica está em conscientizar a comunidade escolar de que o acesso à Educação é um direito de todas as crianças e adolescentes, sem distinção de qualquer natureza. E, por conseguinte, nenhuma instituição formal de ensino pode impedir ou limitar a participação de um discente simplesmente por ele não “se adequar” à características previamente estabelecidas pela sociedade vigente ao tentar classificar indivíduos como normais ou anormais com base em comportamentos de segregação sexual e/ou de gênero.

A segunda hipótese é a de que a gestão pedagógica precisa suplantar a falta capacitação por parte dos professores e demais membros da comunidade escolar para lidar com o bullying homofóbico no ambiente escolar, sendo portanto, um dos desafios do coordenador pedagógico formar sua equipe de maneira a garantir uma educação de qualidade para a comunidade LGBT, em que a escola não seja um ambiente hostil e perigoso, e sim, um ambiente em que toda e qualquer criança sinta-se segura para aprender os conhecimentos acumulados pela humanidade e principalmente aprender a conviver com as diferenças.

Justifica-se a escolha do tema a partir da ideia de que é de suma importância a investigação científica sobre o desafio do gestor frente ao desafio do bullying homofóbico no ambiente escolar, uma vez que as estatísticas comprovam o alto índice de violência contra jovens LGBT’s no Brasil, segundo o site

“homofobiamata.wordpress.com”, banco de dados virtual vinculado à associação de

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defesa dos direitos LGBT Grupo Gay da Bahia, só em 2018 347 homossexuais haviam sido assassinados no Brasil.

E, nesse sentido, a escola, como ferramenta do Estado, deve garantir a visibilidade da comunidade LGBT e suas lutas, sendo a principal delas o direito a educação, pois é reduzida a literatura a esse respeito, uma vez que a escola evita tratar desse tema tão polêmico no ambiente educacional, muitas vezes para não entrar em conflito com a família e a religião, mas não devemos esquecer de que a escola deve ter como centro das suas ações a garantia do acesso, permanência e conclusão dos estudos a todas as crianças e adolescentes, é para eles e em função deles que a escola existe.

Diante disso, de que o aluno é o centro do fazer pedagógico, as instituições de ensino devem fomentar a pesquisa sobre esse tema, para diminuir distâncias e tornar visível o atual problema do bullying homofóbico e suas trágicas consequências para as vítimas, e por extensão, à sociedade como um todo. O objetivo geral desse artigo é contribuir com o debate sobre o bullying homofóbico e o papel da gestão escolar diante dessa problemática, visando fomentar o cumprimento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB Lei 9394/96, o Estatuto da Criança e do Adolescente- ECA Lei 8.069/90, e o Programa de Combate a Intimidação Sistemática (bullying) Lei 13.185, no que se refere ao papel socializador da escola e seu compromisso com a democracia.

Em relação à metodologia utilizada, informa-se que o artigo apresentado baseia-se na pesquisa bibliográfica, a qual é caracterizada pela descrição, compreensão e interpretação de fatos e fenômenos de textos e como também analisar estudo de caso, em contrapartida à, assim denominada pesquisa quantitativa, onde predominam mensurações.

Nesse sentido, o método que mais se adapta à proposição do presente artigo é o da pesquisa dialética, como forma de contraposição das teses e antíteses dos discursos urdidos em torno da análise da bibliografia vigente a respeito do bullying homofóbico e os desafios do coordenador pedagógico diante dele (livros, artigos e a legislação).

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1 A HOMOFOBIA

Conceituar a homofobia não é tarefa fácil, pois a forma como a homossexualidade é vista sofre modificações de acordo com as sociedades e com a história dessa mesma sociedade, além é claro, do quanto de informação a respeito do tema essa civilização e/ou grupo social possui, atrelado à esse fenômeno, o acesso à informação, pode-se atribuir o fator religioso, uma vez que a religião possui papel fundamental na formação discursiva de um povo e como esse mesmo povo viverá sua vida e guiará suas ações, incluindo aqui a constituição e os conceitos de certo e errado, permitido e proibido, lícito e ilícito.

Para não estender demais a conceituação de homofobia, esse artigo partirá da premissa de que a homofobia é uma das várias formas de preconceito vigente nas sociedades, nesse caso em especial, e de forma generalizada, homofobia é o preconceito contra pessoas que amam pessoas do mesmo sexo, ou que por elas sente atração afetivo – sexual.

De acordo com Borilo (2010 apud BARROS; BARROS, 2012, p. 01):

A homofobia é a atitude de hostilidade contra as/os homossexuais; portanto, homens ou mulheres. Segundo parece, o termo foi utilizado pela primeira vez nos EUA, em 1971; no entanto ele apareceu nos dicionários de língua francesa somente no final da década de 1990.

Nesse mesmo diapasão, é importante informar que em sua obra “Homofobia:

história e crítica de um preconceito”, Daniel Borrillo (2010 apud COSTA 2012), faz uma relevante abordagem histórica, conceitual e até mesmo crítica dessa forma tão vil de violência que, como demonstra a obra, é um fenômeno complexo e bastante variado.

Acerca da aludida obra, a mesma se encontra assim organizada:

Organizada em quatro capítulos, a versão brasileira recebeu prefácio de Marco Aurélio Máximo Prado, que pontuou a relevância da obra para o contexto nacional e a classificou como um clássico para o campo. Logo na introdução, o autor apresenta as principais ideias a serem discutidas e problematiza o conceito de homofobia, esclarecendo que muitos dos olhares sobre esse tipo de violência são limitados e passíveis de aprofundamento. Borrillo explica que as origens da violência homofóbica estão fixadas junto às da civilização judaico-cristã e que, por isso, as citações históricas e referências teóricas contidas na obra são incompletas e não visam esgotar a discussão em torno do tema. (BORRILLO, 2010 apud COSTA 2012, p. 01).

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Cumpre evidenciar que a homofobia pode ser classificada como uma forma específica de preconceito, o preconceito contra pessoas que não amam ou não sentem atração sexual por pessoas do mesmo sexo. Ou seja, a homofobia possui várias facetas, e nem sempre a violência é física, e, por conseguinte, na maioria das vezes a homofobia é praticada como forma de violência psicológica.

Um exemplo de violência psicológica são as agressões verbais dirigidas a pessoas homossexuais, com o intuito de desvalorizar a vítima da agressão, tratando-a como um cidadão de segunda classe, ou ainda, ignorando sua existência no grupo a qual faz parte, no caso do ambiente escolar, tratar o aluno ou a aluna homossexual como um ser invisível é uma prática constante de violência psicológica. (PEREIRA; VARELA; SILVEIRA, 2015).

Isso se dá de diferentes maneiras, entre elas, a não inclusão de cuidados referentes à saúde sexual das pessoas homossexuais nas aulas de educação sexual, ou ainda, o preconceito sofrido também nas aulas de educação física, quando o professor não respeita às características físicas e aptidões esportivas dos alunos do gênero masculino que não possuem, por exemplo, aptidão para a prática de futebol e se sentiriam mais confortáveis praticando outra modalidade esportiva, como o vôlei.

O mesmo ocorre com meninas mais masculinizadas, que não possuem aptidão para ballet, mas são super aptas à prática de futebol, ou seja, delimitar algumas expressões artísticas ou esportivas como típicas de meninos e/ou de meninas é uma maneira, nem sempre consciente, de constrangimento do aluno ou da aluna homossexual diante dos demais discentes.

No caso específico do preconceito contra meninos homossexuais, de acordo com Borges e Mayer (2008 apud BARROS; BARROS, 2012, p. 04):

A homofobia no Brasil recebe um reforço cultural que é a desvalorização de tudo que é feminino ou coisa de mulher. Os homens que se aproximam de um comportamento socialmente identificado como feminino serão fortemente vigiados, discriminados e, certamente, sofrerão vários tipos de penalidades na escola.

Em outras palavras, percebe-se que a perseguição é ainda maior quando é destinada aos meninos homossexuais, uma vez que o Brasil é uma sociedade marcadamente machista e tende à, culturalmente, perseguir e desvalorizar tudo o que é feminino ou “coisa de mulher”.

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Ou seja, a homofobia contra meninos homossexuais é, mesmo que inconsciente, uma extensão do preconceito contra a mulher, que sempre foi vista pelos livros sagrados da maioria das religiões tradicionais, como um ser social de segunda categoria, limitado ao que é privado, como por exemplo, os cuidados do lar e dos filhos, e nunca como um ser digno de competência para cargos de lideranças ou de atuação na esfera pública da vida, como o mercado de trabalho ou cargos políticos.

2 O BULLYING E SUAS PECULIARIDADES

Conceituar o fenômeno conhecido como Bullying é uma tarefa árdua, já que a expressão é utilizada para uma preponderante variedade de ações, em ambientes diversificados com diferentes alvos e efeitos. Tende-se então, a síntese e a conjugação de todos os contornos possíveis sobre essa prática em um conceito amplo e concreto para compreender o seu alcance.

Como aborda Trindade (2011, p. 310), a termologia “Bullying” tem origem inglesa. É uma palavra que ainda não tem significado estabelecido na língua portuguesa, sendo traduzida como “intimidação” e derivada do termo “bully” que, por sua vez, tem o sentido de “valentões” ou “brigões”, começou a ser desfrutada na década de 80 na Noruega.

Consoante à defesa de Pereira (2007, p. 13), a designação deste acontecimento no dialeto português almeja uma identificação dos perfis de personalidade dos sujeitos envolvidos aos incidentes agressivos, ligados às características comportamentais que estes mesmos indivíduos assumem. Contudo, adota-se o termo bullying, mutuamente, associado a ideologia de agressividade, por não se conseguir uma tradução firme, dessa forma violenta deliberada entre pares.

Conforme Ana Beatriz Barbosa Silva (2010, p. 21): “o Bullying corresponde a um conjunto de atitudes de violência física e/ou psicológica, de caráter intencional e repetitivo, praticado por um bully (agressor) contra uma ou mais vítimas que se encontram impossibilitadas de se defender [...]”.

Por conseguinte, O Bullying é salientado como a execução de atos violentos, intencionais e repetidos contra uma pessoa indefesa, causando-lhe danos físicos e

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psicológicos. Sendo, geralmente praticados em contrariedade a alguém que não consegue se defender e não entende o motivo daquela agressão gratuita.

Contudo, as vítimas temem os agressores por serem violentos e opressores.

É acatado como um comportamento consciente, intencional, deliberado, hostil e repetido, cuja intenção é intimidar o outro.

Sobre esse aspecto, focaliza Lopes Neto (2011, p. 24-25):

O Bullying é definido como atitudes agressivas, intencionais, que acontece repetidas vezes, sem motivação aparente, praticadas por um ou mais contra uma ou várias vítimas, causando dor e angústia, acontece numa relação desigual de poder, em que a intimidação da vítima é possível.

É notória a desvantagem no liame entre o agressor e a vítima nos casos que inclui o bullying, em que o primeiro atinge um patamar de superioridade.

A respeito dessa relação de poder intercorrente, comenta Leão (2010, p. 122):

Esse desequilíbrio de poder que há entre os protagonistas do bullying se dá pelo fato do agressor possuir algumas características, tais como, idade superior a da vítima, estrutura física ou emocional mais equilibrada, ter apoio dos demais amigos de classe, ser sociável entre os demais grupos da classe, tamanho superior; tais atributos fazem com que a vítima se sinta inferior, não tendo condições de se defender diante das ofensas, sejam elas verbais ou físicas.

De feição genérica e levando em deferência os pensamentos patenteados, o Bullying pode ser apreciado por intermédio da sistematização comportamental cruel e intencional, no que tange ás relações interpessoais, configurando-se nas atitudes ofensivas verbais ou físicas dotadas de corrupção, coação, imprudência, negligência.

Em última instância, revela de maneira “natural”, a intenção dos mais fortes na figura dos agentes em manusear os mais frágeis que são as vítimas, equiparadas a meros objetos de diversão, poder e prazer, com o objetivo de maltratar, intimidar, amedrontar e humilhar.

O bullying é um assunto tão sério que em 2015 foi aprovada a Lei nº 13.185, de 6 de novembro de 2015 - Institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying). Ou seja, o assunto ultrapassou os limites da escola e virou assunto também de justiça, devido aos grandes prejuízos que ele acarreta à vítima, e consequentemente a toda a sociedade, a lei deixa bem claro o que é o bullying e

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versa sobre suas peculiaridades, como é possível observar no conceito trazido no texto do Artigo 2º da aludida Lei, que assim rege, in verbis:

Art. 2º Caracteriza-se a intimidação sistemática (bullying) quando há violência física ou psicológica em atos de intimidação, humilhação ou discriminação e, ainda:

I - ataques físicos;

II - insultos pessoais;

III - comentários sistemáticos e apelidos pejorativos;

IV - ameaças por quaisquer meios;

V - grafites depreciativos;

VI - expressões preconceituosas;

VII - isolamento social consciente e premeditado;

VIII - pilhérias.

Como é possível observar, a referida Lei ainda prevê meios para que a escola possa identificar o que realmente é bullying e o que não pode ser considerado como, bullying, bem como o que não passa de uma atitude pontual e simples “brincadeira”

entre amigos. Ou seja, o assunto só passa a ser sério e passível de punição quando se enquadra na lista de características específicas do que a Lei estabelece como sendo bullying.

Para efeitos de esclarecimentos a respeito do tema, é importante aclarar com exemplos o que seria uma brincadeira inocente, ou até mesmo forma de

“tratamento” entre os pares e o que seria uma perseguição sistemática (bullying).

Normalmente os adolescentes, principalmente os meninos, possuem o hábito nada elegante de tratar-se mutuamente com pronomes de tratamentos vulgares, como por exemplo, quando se encontram no pátio da escola e perguntam a um amigo: “_ eaew, viado! Como foi a prova? Tava massa?”.

Cumpre esclarecer que, para os padrões de comportamento social de adolescentes, esse tipo de atitude não caracteriza o bullying, uma vez que não possui a intenção clara de menosprezar e causar dor ao outro publicamente. Porém, quando um aluno se nega, por exemplo, a realizar um trabalho em grupo com outro e diz que não o fará porque o outro é “viado”, isso sim se caracteriza como bullying, uma vez que a vítima desse pronome de (des)tratamento se sente ofendida e profundamente humilhada diante dos demais alunos.

Diante disto, é muito importante que o gestor, antes de tomar qualquer medida punitiva, investigue o caso, analise com base na lei e só então, se constatado o bullying, possa tomar medidas punitivas e de diminuição de danos, entre essas medidas a lei também versa, como é possível observar no Art. 4º, inciso

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VIII, da Lei nº 13.185/2015: “VIII - evitar, tanto quanto possível, a punição dos agressores, privilegiando mecanismos e instrumentos alternativos que promovam a efetiva responsabilização e a mudança de comportamento hostil; [...]”

Um exemplo prático da tomada de providências que promovam a mudança de atitude do agressor é orientá-lo a pedir desculpas à vítima e conscientizá-lo, através de uma conversa com a participação da família, do coordenador e da psicóloga escolar, sobre a importância do respeito às diferenças para que seja possível uma vida saudável em sociedade, uma vez que a sociedade é plural e em todo e qualquer lugar, tanto vítima quanto agressores, terão que conviver com pessoas diferentes deles e de suas famílias e que em uma sociedade efetivamente democrática é fundamental respeitar as peculiaridades alheia e conviver o máximo possível em harmonia com essas diferenças.

3 O BULLYING HOMOFÓBICO NO AMBIENTE ESCOLAR

O bullying, de acordo com Orson Camargo ([s.d]), no site brasilescola.com.br, é um termo da língua inglesa (bully = “valentão”) que caracteriza todas as atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender, sendo realizadas dentro de uma relação desigual de forças ou poder.

O Bullying homofóbico no ambiente escolar é um tipo específico de preconceito, no qual um aluno ou aluna é hostilizado e excluído simplesmente por ser quem é, não sendo ele o responsável pela “provocação da agressão” sofrida no ambiente escolar.

Não é possível esquecer que a escola é uma micro sociedade, é um fragmento, um recorte da comunidade, um ambiente onde estão presentes representantes de todos os segmentos religiosos e sociais, como por exemplo, os protestantes cristãos, os católicos, os ateus, os candomblecistas, os umbandistas, os kardecistas, pessoas sem religião, pessoas ricas, pobres, classe média, heterossexuais, homossexuais, bissexuais, entre tantos outros exemplos de

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pessoas.

Essa convivência nem sempre é harmônica além dos muros da escola e consequentemente são levados para o interior do ambiente educacional.

Mediar os conflitos existentes na sociedade é atitude ímpar do gestor escolar na construção de uma sociedade mais democrática para todos, pois os discentes tendem a guiar-se pelos exemplos dados pelos adultos de sua convivência, ninguém nasce homofóbico, aprende a ser homofóbico, e infelizmente as crianças aprendem a desrespeitar com o exemplo dos adultos que deveriam ensiná-los a respeitar as diferenças, entre eles sua família e líderes religiosos.

Um exemplo prático de desrespeito ensinado pelos familiares é quando um responsável diz a seu filho ou filha que não realize trabalhos escolares com determinado colega de classe por ele ser homossexual, a criança inicialmente fica sem entender o porquê de não poder ser amigo, andar junto, com o seu colega que ele tanto gosta, mas com o passar do tempo e os discursos de ódio dos familiares, e muitas vezes dos outros colegas de classe, a criança vai interiorizando esses mesmo discursos até que se tornam atitudes concretas de exclusão, se afastando do companheiro de estudos e contribuindo com seu isolamento na sala de aula, na escola e posteriormente na vida social.

Diante de atitudes como essa, é imprescindível que a escola, através do gestor escolar, professores, e demais membros da comunidade, promovam, por exemplo, projetos sobre amizade, consideração e respeito, mostrando aos discentes discursos diferentes dos discursos de ódio, discursos que versem sobre o que é ser um amigo/a, a importância do respeito mútuo e os verdadeiros critérios para se selecionar um grupo de amigos, critérios esses que não devem ser baseados na cor da pele, na religião, ou muito menos na sexualidade do outro, e sim, no caráter, nos valores morais e éticos que o outro deve possuir.

A escola, portanto, é um lugar de conflito, de enfrentamento, tanto de si mesmo quanto do mundo que cerca os envolvidos no processo educativo, enfrentamento de si mesmo no sentido de conhecer-se, de perceber suas próprias limitações educacionais e superá-las e enfrentamento do mundo circundante na medida em que se depara com os conflitos existentes na sociedade macro, aquela que está além dos muros da escola.

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O gestor escolar não deve deter-se a elaborar estratégias de combate ao bullying e punir agressores, mas também elaborar estratégias de fortalecimento da vítima da homofobia no ambiente escolar, uma vez que esse discente deverá concluir seus estudos apto a enfrentar uma sociedade excludente e que sempre o perseguirá, muitas vezes a perseguição começa no seio familiar, pois como já foi dito, os discursos de ódio muitas vezes são reproduzidos pelos responsáveis pela educação informal do discente, fortalecer a vítima no seu processo de autoaceitação é tão importante quanto punir os agressores, pois no caso específico da homofobia, principalmente em meninos, está-se diante de uma pessoa dócil e amorosa, e as notícias que veiculam na tv e demais meios de comunicação de massa comprovam o quanto os jovens LGBT’s estão propensos a cometer suicídio, muitas vezes por não se auto aceitarem ou não terem forças suficientes para conviver com a exclusão e o preconceito diário.

O processo de autoaceitação passa pelo entendimento do que se é, mas esse processo é muito difícil quando não se tem acesso a discursos de apoio e/ou esclarecimento do assunto. Para melhor ilustrar, imagine-se como um jovem LGBT, diante da descoberta da própria sexualidade, imagine se percebendo diferente dos demais, impossibilitado de falar sobre si mesmo com familiares e amigos por medo de perder sua admiração, amizade e respeito, para piorar as coisas imagine que sua religião prega que você é uma abominação.

Como fica a mente desse jovem? Com certeza fica mais confusa que as dos demais adolescentes, ser homossexual não é fácil, é preciso ser muito forte para lutar por amor próprio e ser capaz de elaborar discursos contrários aos discursos de ódio tão proliferados abertamente na sociedade e na escola, mas a autoaceitação é o primeiro passo para que a mudança social ocorra, uma vez que só é capaz de lutar por igualdade quem se vê como igual.

4 A GESTÃO PEDAGÓGICA

A gestão pedagógica deve zelar pelo bom andamento do fazer pedagógico da escola, é ela a responsável pela elaboração do Projeto Político Pedagógico junto aos professores e demais membros da comunidade escolar, entre eles, a família, a comunidade e, principalmente, o aluno.

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Aliás, infere-se que o aluno deve ser o centro do fazer pedagógico, uma vez que é em função dele e para ele que a escola existe e se organiza.

E, nesse sentido, o coordenador pedagógico deve ser ciente das legislações que norteiam a prática escolar e suas implicações, e acima de tudo, zelar por manter uma gestão democrática, e dentro dessa perspectiva do fazer pedagógico democrático, como elemento principal, deve estar o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH, 2006), que estabelece concepções, princípios, objetivos, diretrizes e linhas de ação para uma educação baseada na promoção do respeito à diversidade, em toda extensão que a palavra diversidade possa abarcar.

Para que a atuação da gestão pedagógica possa, de fato, acontecer com competência na escola, é premissa fundamental que o coordenador pedagógico forme sua equipe de professores no que se refere a uma prática diária de atuação com conhecimento e respeito pela diversidade, isso implica promover palestras, cursos, e o que mais for necessário, para que os objetivos definidos no Projeto Político Pedagógico sejam alcançados com êxito.

A respeito do conceito de gestão pedagógica, Luck (2011, Apud RIOS; SILVA;

VIEIRA, 2018, p. 5) nos diz que:

Uma forma de conceituar gestão é vê-la como um processo de mobilização da competência e da energia das pessoas coletivamente organizadas para que, por sua participação ativa e competente, promovam a realização, o mais plenamente possível, dos objetivos da unidade de trabalho, no caso, os objetivos educacionais.

Percebe-se, portanto, que a gestão pedagógica é de fundamental importância na aplicação de uma educação transformadora do indivíduo, e por consequência, de toda a sociedade, uma vez que cada indivíduo crítico - reflexivo que se forma na escola, está-se construindo uma sociedade mais justa para todos, em que os agentes sociais refletem e atuam sobre a sociedade além dos muros da escola.

Não se pode esquecer, no entanto, que a escola é, por natureza, um local social de exclusão, uma vez que naturalmente separa os indivíduos que a ela têm acesso e os que não possuem escolarização formal.

Diante disso, toda e qualquer tentativa de diminuição dessa segregação, é na verdade uma diminuição de distâncias e de injustiças sociais, uma forma consciente de democratizar ao máximo o acesso aos conhecimentos construídos pela

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humanidade ao longo da história, e essa diminuição da segregação e exclusão se dá, na prática pela garantia de acesso, permanência e conclusão da educação básica por todos os indivíduos a ela confiados.

Isso posto, percebe-se que o bullying homofóbico coloca em risco a garantia do direito à educação, uma vez que muito discentes LGBT’s não se sentem seguros e protegidos no ambiente escolar, ambiente este em que deveria imperar o conhecimento e o respeito, como base de uma sociedade realmente democrática.

Ainda sobre conhecimento, talvez seja a ausência dele, que promove e mantém as atitudes hostis em relação aos discentes homossexuais, ou seja, por desconhecerem, ignoram causas e consequências, tanto da homossexualidade, como também, ou principalmente, da exclusão e do preconceito. Promover um ambiente seguro e respeitoso a todos os alunos transforma-se como um dos grandes desafios atuais da gestão pedagógica.

5 A GESTÃO PEDAGÓGICA FRENTE AO DESAFIO DO COMBATE AO BULLYING HOMOFÓBICO NO AMBIENTE ESCOLAR

A escola, possuindo autonomia relativa, deve se submeter à legislação em seu Projeto Político Pedagógico, sendo compromissada em garantir a democracia e o cumprimento das leis, tem que se desafiar a combater todo e qualquer tipo de discriminação, cumprindo assim a determinação do Estatuto da Criança e do Adolescente:

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. (BRASIl, 1990).

Percebe-se, portanto, que na legislação vigente, é dever da escola e desafio da gestão escolar, lutar pela garantia do direito à educação, sem distinção de qualquer natureza, diante disso é urgente e necessário o fomento às pesquisas a esse respeito, para que assim a escola seja membro ativo de cumprimento das leis nacionais e até mesmo acordos internacionais de Direitos Humanos. (ARAÚJO;

ARAÚJO; CARVALHO, 2017)

A presente pesquisa é de suma importância para que o problema abordado

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seja de fato analisado em seus pormenores, visando não somente analisar, mas tomar providências reais para a efetivação do direito à educação para todos.

Ou seja, somente através de pesquisas sérias e comprometidas com o ensino-aprendizagem e a formação dos professores, uma das atribuições do gestor escolar, é que a educação será, de fato, transformadora da sociedade.

Partindo do pressuposto de que, além de transmitir o conhecimento acumulado pela humanidade ao longo da história, a escola possui caráter socializador, não há motivos para não pensarmos sobre as ferramentas utilizadas, ou não, pela escola, para garantir uma sociedade mais justa, mais igualitária e mais segura para todos, ou seja, para lutar contra a discriminação e o bullying, mais especificamente o bullying homofóbico, dentro das dependências da escola e, por extensão, para toda a sociedade. (DINIS, 2011)

Diante do caráter socializador da escola, é imprescindível que o gestor escolar comprometido com uma sociedade democrática, elabore estratégias bem elaboradas para promover, de fato, uma mudança social que impacte a comunidade escolar a ponto de desenvolver a empatia, ou seja, a capacidade de compreender o outro, de ver nele, antes de qualquer outra coisa, outro ser humano, e por ser outro ser humano é merecedor do respeito dos demais.

Uma ferramenta pedagógica muito eficiente no processo de humanização é o desenvolvimento do hábito da leitura. A leitura promove a capacidade cognitiva de ver a vida com os olhos de outras pessoas, a personagem, de conviver com ela seus anseios, medos, sonhos, etc. A inclusão de livros que promovam a socialização empática é, portanto, fundamental no processo educativo que vise não apenas os conhecimentos técnicos, mas aliado a ele, desenvolva o respeito às diferenças.

Para efeito de ilustração e até mesmo sugestão, de livro paradidático socializador, tem-se o livro é proibido miar de Pedro Bandeira (2002), o livro conta a história de um cãozinho chamado Bingo e sua relação com a família, seu pai Bingão e sua mãe Dona Bingona, a história narra a vida de Bingo, um cãozinho sensível e amoroso que se vê encantado com o mundo dos felinos, e, portanto, ao invés de latir, prefere miar; essa atitude de Bingo promove o desapontamento de seu pai, Bingão, que se vê frustrado diante do filho tão amado, que de tão amado recebeu o mesmo nome de seu pai; Bingo não se parecia em nada com o Bingão, não era forte

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como ele e principalmente não latia, preferia miar.

O professor pode utilizar histórias como a de Bingo, para refletir, junto com a turma, a respeito das projeções que os pais tendem a realizar nos filhos, que, em muitas das vezes, não levam em consideração o fato de que os filhos não são a extensão dos pais, mas um ser diferente deles, que possui suas próprias características, anseios e sonhos pessoais.

O que fazer então diante das diferenças? Aceita-las e conviver com elas com respeito. Não somente o respeito dos pais em relação aos filhos, mas também o respeito dos colegas, pois todo mundo é único e não tem que se encaixar nas projeções psicológicas que a sociedade previamente elaborou para unificar pensamentos, opiniões, atitudes e características.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entre tantas atribuições destinadas à gestão pedagógica, promover uma sociedade segura e justa para todos, talvez seja, a mais importante; principalmente em um País como o Brasil, em que, desde o início da colonização, imperou a injustiça, a segregação, e a exploração dos recursos naturais e humanos, desenvolvendo assim, uma sociedade culturalmente marcada por várias formas de violência, tendo a violência física e simbólica como as mais praticadas desde o início.

A escola, portanto, possui papel mister na formação de um cidadão capaz de reduzir distâncias sociais e segregação, mesmo a escola sendo, por natureza segredadora, uma vez que separa os que a ela têm acesso e os que não têm; o coordenador pedagógico deve ter compromisso com uma educação realmente democrática e fundamentada no respeito à diversidade, seja ela religiosa, étnica e/ou sexual.

Somente através de uma educação em direitos humanos, a sociedade se transformará e será mais segura para todos, acabar com a violência talvez seja impossível, seja uma utopia, mas diminuí-la é uma obrigação de todos os profissionais que possuem compromisso com a democracia, e não se deve esquecer que a escola é o lugar do sonho, o sonho de um futuro melhor para si mesmo, e por

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consequência, para toda a sociedade, pois a matéria prima da educação são as pessoas, em especial as crianças, que serão elas mesmas os novos adultos, ou seja, o futuro.

Silenciar discursos de ódio e promover discursos de respeito, esse é o principal desafio da gestão escolar frente ao combate ao bullying homofóbico e todas as outras formas de discriminação no ambiente escolar, uma vez que a discriminação e a violência põem em risco o direito à educação que toda criança possui garantido em Lei.

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REFERÊNCIAS

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Uma proposta Kantiana para o respeito à dignidade humana. In: Revista Dialektike.

V. 2, n. 5, 2017. Disponível em:

http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/dialektike/article/view/6515/pdf. Acesso em: 20 ago. 2019.

BANDEIRA, Pedro. É proibido miar. 3. ed., São Paulo: Moderna, 2002.

BARROS, Josean Silvano; BARROS, Samara Fernandes de. A homofobia na percepção dos professores do projovem urbano. Trabalho apresentado no IV Congresso Nacional de Educação – IV CONEDU. Realizado em 15 a 18 de Novembro de 2017. João Pessoa – PB.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 11 jul. 2019.

BRASIL. Lei nº 13.185, de 6 de novembro de 2015. Institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying). Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13185.htm. Acesso em:

11 jul. 2019.

BRASIL. Lei Nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm. Acesso em: 11 jul. 2019.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em:

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BRASIL. Plano Nacional da Educação em Direitos Humanos (PNEDH, 2006) Disponível em: https://www.mdh.gov.br/navegue-por-temas/educacao-em-direitos- humanos/plano-nacional-de-educacao-em-direitos-humanos. Acesso em: 11 jul.

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DINIS, Nilson Fernandes. Homofobia e educação: quando a omissão também é signo de violência. In: Educar em Revista [online]. 2011, n. 39, pp. 39-50. ISSN 0104-4060. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-40602011000100004.

Acesso em: 20 ago. 2019.

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Referências

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