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BULLYING: O PAPEL DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA

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Academic year: 2022

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FACULDADES INTEGRADAS STELLA MARIS DE ANDRADINA CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

Ana Paula Da Silva¹, Roberta De Carvalho¹, Adriana de Castro Magalhães Gerardi²

1- Graduandas do Curso de Licenciatura das Faculdades Stella Maris de Andradina

2 - Professora das Faculdades Integradas Stella Maris de Andradina

BULLYING: O PAPEL DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Resumo

O presente estudo abordou a problemática do bullying no âmbito escolar da Educação Física, com o objetivo de discutir o papel dos professores de educação física frente ao fenômeno bullying no ambiente escolar, se os mesmos se sentem preparados para intervir na ocorrência de casos envolvendo o fenômeno e, além disso, oferecer um referencial teórico sugerindo possíveis estratégias de intervenções como forma de diagnosticar, prevenir e combater esse problema. Para atingir esse propósito 29 professores que atuam nas escolas da região foram consultados através de um questionário. Os resultados desse estudo mostraram que os professores afirmam ocorrer casos de bullying nas aulas de Educação Física e que já realizaram intervenções durante a aula, também dizem se sentir preparados para intervir nos atos que envolvem o bullying, e quando questionados sobre a escola os mesmos afirmam que nas escolas onde trabalham não existe nenhum trabalho de intervenção contra o bullying.

Palavras - chave: Bullying - Educação Física – Professor

Abstract

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This study addressed the problem of bullying in the school of Physical Education, in order to discuss the role of physical education teachers against the bullying phenomenon in the school environment, whether they feel prepared to intervene in cases involving the occurrence of the phenomenon and, moreover, provide a theoretical framework suggesting possible intervention strategies as a way to diagnose, prevent and combat this problem. And to achieve this purpose nine 29 teachers working in schools in the region were consulted through a questionnaire. The results of this study showed that teachers claim to be cases of bullying in physical education classes and have already made statements in class, and say they feel prepared to intervene in actions involving bullying, and when asked about the school is prepared to intervene most said yes, but that we work in schools where there is no work of intervention against bullying.

Key - words: Bullying - Physical Education - Teacher

Introdução

O que para muitos parece ser uma novidade o bullying é um problema existente há alguns anos, mas que está ganhando espaço no cotidiano das crianças nas escolas e deixando muitos professores, pais e até mesmo alunos sem respostas.

O bullying é um termo inglês considerado um fenômeno mundial que compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas de maneira (insistente e perturbadora) que ocorrem sem motivação evidente e de forma velada, sendo adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), dentro de uma relação desigual de poder (LOPES NETO e SAAVEDRA, 2003; FANTE, 2005 apud BOTELHO e SOUZA 2007).

O bullying compreende indivíduos que dão apelidos pejorativos nos colegas, aterrorizam e fazem sofrer seus pares, ignoram e rejeitam garotos (as) da escola, ameaçam, agridem, furtam, ofendem, humilham, discriminam, intimidam ou quebram pertences dos colegas, entre outras ações destrutivas (Lopes, Aramis, Saavedra, 2003 apud Taylor 2006). Complementando esse conceito pouco se sabe mais existem vários tipos de agressões que são consideradas como bullying, por exemplo: verbal (insultar, ofender, xingar, fazer gozações, colocar apelidos pejorativos, fazer piadas ofensivas, zoar), físico e material (bater, chutar, espancar, empurrar, ferir, beliscar, roubar, furtar ou

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destruir os pertences da vítima, atirar objetos contra as vítimas) psicológico e moral (irritar, humilhar e ridicularizar, excluir, isolar, ignorar ou fazer pouco caso, discriminar, aterrorizar e ameaçar, chantagear e intimidar, dominar, perseguir, difamar, passar bilhetes e desenhos entre os colegas de caráter ofensivo, fazer intrigas e fofocas ou mexericos) sexual (abusar, violentar, assediar, insinuar), virtual (novas formas de bullying surgiram através da utilização de aparelhos e equipamentos de comunicação como celular e internet, que são capazes de difundir de maneira avassaladora, calúnias e maledicências (SILVA, 2010).

Felizardo (2007) define bullying como “toda forma de agressão, física ou verbal, exercida de maneira contínua, sem motivo aparente, causando conseqüências que vão do âmbito emocional até na aprendizagem”. Este tipo de violência se manifesta aos poucos e muitas vezes pode se passar despercebida e quando identificada acaba sendo tarde demais.

Infelizmente, cenas de assaltos, guerras, seqüestros, ofensas, brigas, atos de vandalismo e crimes já se tornaram naturais em muitos países, sociedades e regiões, não importando mais o ambiente (familiar, escolar e social), a idade (bebês, crianças, jovens, adultos ou idosos), o sexo, as condições sociais (classes baixa, média ou alta), psicológicas e físicas (portadores ou não de necessidades especiais) das pessoas.

Comportamentos como estes, antes não tidos como violentos, têm sido nomeados como tal, sendo debatidas possibilidades de intervenção no ambiente escolar.

As vítimas do bullying geralmente são pessoas com dificuldades para reagir diante das situações agressivas, retraindo-se, o que pode contribuir para a evasão escolar, já que, muitas vezes, não conseguem suportar a pressão a que são submetidos.

A pessoa a qual sofre o bullying pode ter vários tipos de conseqüências psíquicas ou comportamentais: sintomas psicossomáticos onde o indivíduo passa a apresentar vários sintomas físicos, entre os quais podemos destacar a cefaléia, cansaço crônico, insônia, dificuldades de concentração, náuseas, diarréia, boca seca, palpitações, alergias, crise de asma, sudorese, tremores, sensação de nó na garganta, tonturas ou desmaios calafrios, tensão muscular, formigamentos; transtorno do pânico, medo intenso e infundado; fobia escolar, medo intenso de freqüentar a escola ocasionando repetências por faltas, problemas de aprendizagem ou evasão escolar; fobia social, timidez patológica, temor exagerado de se sentir o centro das atenções ou de estar sendo julgado e avaliado negativamente, esta pessoa passa a evitar qualquer evento social; transtorno de ansiedade generalizada, sensação de medo e insegurança persistente; temos também

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a depressão, anorexia e bulimia. Pode ocorrer casos que são menos freqüentes como a esquizofrenia e o suicídio ou homicídio. (SILVA, 2010)

Nos casos mais graves as vítimas podem até cometer suicídio ou atacar outras pessoas de forma violenta”

(TAYLOR, 2006).

De acordo com (Calhal, 2010), estes problemas envolvendo o bullying em sua maioria apresentam uma marcação genética considerável, podem ser herdados de pais ou de parentes próximos, porém a vulnerabilidade de cada indivíduo aliada ao ambiente externo, as pressões psicológicas e as situações de estresse prolongado. Assim como:

-influências familiares, por adotarem modelos autoritários e repressores;

- um ambiente familiar super protetor também pode desencadear o cometimento do bullying, visto que acriança se tornará dependente de outros, buscando a atenção e aprovação de suas atitudes pelos pais;

- relação negativa com os pais, uma vez que os mesmos não demonstram interesse pelo filho;

- a má educação a que foram submetidos;

- fatores econômicos, sociais e culturais;

- influência de colegas;

- as relações de desigualdade e de poder existentes no ambiente escolar.

Considerado um dos primeiros trabalhos a ser feito no Brasil acerca do assunto, há a pesquisa realizada pela ABRAPIA Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre estudantes realizados em 2002 e 2003 no município do Rio de Janeiro, em onze escolas – nove públicas e duas particulares – a qual apresenta resultados riquíssimos que servem de base para o desenvolvimento de vários projetos anti-bullying e estudos acadêmicos. Através destes resultados é possível, inclusive, qualificar os envolvidos pelo bullying em: Autores, Alvos/Vítimas e Testemunhas (COLOVINI e COSTA, 2006).

Os Autores de bullying são aqueles que só praticam a violência; são pessoas que vêm de famílias geralmente desestruturadas, em que há pouco relacionamento afetivo entre os membros. São indivíduos que têm pouca empatia e admite-se que esses indivíduos têm grande probabilidade de se tornarem adultos com atitudes anti-sociais e/ou violentas, podendo vir a adotar, inclusive, atitudes delinqüentes ou criminosas.

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Os Alvos ou Vítimas são aqueles que só sofrem a violência, são aqueles que arcam as conseqüências do comportamento violento dos colegas e não dispõem de recursos, ou habilidade para se defenderem. São indivíduos pouco sociáveis movidos por grande sentimento de insegurança, falta de esperança e baixa auto-estima;

apresentam grande dificuldade em adequar-se e permanecer na escola, são fortes candidatos a desenvolverem traumas e doenças psíquicas. Em extrema depressão, muitos jovens acabam tentando ou cometendo o suicídio ou homicídios em decorrência da raiva que o bullying gera. Atribui-se a essas vítimas grande parte dos massacres realizados em escolas.

As Testemunhas são aqueles que não sofrem nem praticam o Bullying, mas convivem em um ambiente onde o fenômeno ocorre. Representa a grande maioria dos alunos, que presenciam a violência, mas não tomam nenhuma atitude contrária devido o temor de tornarem se alvos. Cultivam grande insegurança a cerca do que fazem na presença dos demais colegas em razão do temor de se tornarem as “próximas vítimas”;

essa insegurança pode influenciar negativamente sobre a capacidade de progressão acadêmica e social destes alunos.

Fante (2005) afirma que as conseqüências da prática do bullying afetam todos os protagonistas do fenômeno, acarretando problemas físicos, emocionais de curto e longo prazo. Oportuno mencionar que tais conseqüências podem se estender e trazer prejuízos no futuro, como por exemplo, nas relações de trabalho, na constituição da família e na posterior criação dos filhos.

Concorda-se com o autor acima citado e acredita-se que muitas dessas pessoas levarão marcas profundas provenientes das agressões para a vida adulta, e necessitarão de apoio psiquiátrico e/ou psicológico para superação do problema.

Para (Calhal, 2010), para diferenciarmos o bullying de “simples brincadeiras”

inicialmente deve-se prevalecer o bom senso nessa avaliação, lembrando que não existem brincadeiras quando uma pessoa está sofrendo. Um dos erros que deve-se evitar numa situação ou não de bullying é a precipitação, então deve-se redobrar o cuidado para uma análise mais cautelosa e isenta possível sobre o fato que nos chega para análise.

Existem alguns critérios básicos, que foram estabelecidos pelo pesquisador Dan Olweus, da universidade de Bergen, Noruega (1978 á 1993), para identificar as condutas de bullying e diferenciá-las de outras formas de violência e das brincadeiras próprias da idade. Os critérios estabelecidos são: ações repetitivas contra uma mesma

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vítima num período prolongado de tempo; desequilíbrio de poder, o que dificulta a defesa da vítima; ausências de motivos que justifiquem os ataques. E ainda acrescenta que devem levar em consideração os sentimentos negativos mobilizados e as seqüelas emocionais, vivenciados pelas vítimas de bullying (FANTE, 2005).

Qualquer mudança que ocorra no comportamento do aluno deve ser observada por mais insignificante que pareça. De acordo com o pesquisador (Dan Olweus, 1978 apud Fante, 2005), para que um aluno seja identificado como vítima, os professores devem observar se eles apresentam alguns desses comportamentos:

Durante o recreio está freqüentemente isolado e separado do grupo, ou procura ficar próximo do professor ou de algum adulto?

Na sala de aula tem dificuldade de falar diante dos demais, mostrando-se inseguro ou ansioso?

Nos jogos em equipe é o ultimo a ser escolhido?

Apresenta-se comumente com aspectos contrariado, triste, deprimido ou aflito?

Apresenta desleixo gradual nas tarefas escolares?

Apresenta ocasionalmente contusões, feridas, cortes, arranhões ou a roupa rasgada, de forma não natural?

Falta ás aulas com freqüência (absentismo)?

Perde constantemente seus pertences?

Os mesmos procedimentos interrogativos devem ocorrer em relação ao agressor.

Entre seus comportamentos habituais:

Faz brincadeiras ou gozações, além de rir de modo desdenhoso e hostil?

Coloca apelidos ou chama pelo nome ou sobrenome dos colegas, de forma malsoante; insulta, menospreza, ridiculariza, difama?

Faz ameaças, dá ordens, domina e subjuga? Incomoda, intimida, empurra, picha, bate, dão socos, pontapés, beliscões, puxam os cabelos, envolve-se em discussões e desentendimentos?

Pega dos outros colegas materiais escolares, dinheiro, lanches e outros pertences, sem o seu consentimento?

Os pais também devem estar atentos a qualquer mudança de comportamento de seus filhos dentro de casa. Observando o próprio filho, os pais podem detectar sinais de vitimização. Entre estes, o filho:

Apresenta desleixo gradual nas tarefas escolares?

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Apresenta aspectos contrariado, triste, deprimido, aflito ou infeliz?

Apresenta contusões, feridas, cortes, arranhões ou estragos na roupa?

Apresenta desculpas para faltar às aulas?

Raramente possui amigos, ou possui ao menos um amigo para compartilhar seu tempo livre?

Quanto ao agressor, os pais devem observar nele os seguintes indícios:

Regressa da escola com as roupas amarrotadas e com ar de superioridade?

Apresenta atitude hostil, desafiante e agressiva com os pais e irmãos, chegando a ponto de atemorizá-los sem levar em conta a idade ou a diferença de força física?

É habilidoso para sair-se bem de “situações difíceis”?

Exterioriza ou tenta exteriorizar sua autoridade sobre alguém?

Porta objetos ou dinheiro sem justificar sua origem?

Para Fante (2005), aliada á violência explicita, uma outra forma de violência deve despertar a atenção dos profissionais de educação: aquela que apresenta de forma velada, por meio de um conjunto de comportamentos cruéis, intimidadores e repetitivos, prolongadamente contra uma mesma vítima e cujo poder destrutivo é perigoso á comunidade escolar e á sociedade como um todo, pelos danos causados ao psiquismo dos envolvidos.

Existe várias formas dos pais ou educadores perceberem que algo de errado possa estar acontecendo com o aluno que esteja sofrendo o bullying. Nestes casos propõe-se tentar conversar com a vitima sobre o assunto, e caso ele confirme a suspeita, os pais ou professor deve procurar ajuda ou meios para que possa estar orientando este aluno, não se esquecendo de que não se deve culpá-lo pelo o que está acontecendo, e se for preciso elogie a atitude que ele esta tendo em relatar o que esta acontecendo, pois isso pode fazer com que ele se sinta mais a vontade de expressar os seus sentimentos e o que realmente está acontecendo.

O professor deve garantir a ele que realmente tem interesse em ajudá-lo e que vai buscar alguma maneira de fazer isso para que ele tenha confiança no professor e não desista de mudar a situação.

Entende-se que o espaço das aulas de educação física é convidativo a existência de comportamentos agressivos (Leite, 1999 apud Taylor, 2006) sugere em seus estudos a supervisão das aulas como medida eficaz na prevenção e diminuição do bullying.

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Este processo é uma forma determinante de atenuar os incidentes de bullying. A presença do adulto contribui para a diminuição de práticas agressivas transformando as aulas num local aprazível e dinâmico.

“A intolerância, a ausência de parâmetros que orientem a convivência pacifica e a falta de habilidade para resolver os conflitos são algumas das principais dificuldades detectadas no ambiente escolar.

Atualmente, a matéria mais difícil da escola não é a matemática, ou a biologia; a convivência, para muitos alunos e de todas as séries, talvez seja a matéria mais difícil de ser aprendida” (TAYLOR, 2006)

Pode-se sugerir estratégias anti-bullying, que vão alem da supervisão das aulas de educação física, como a diversificação de ofertas de atividades, a introdução de material lúdico, a resolução da superlotação, a reorganização do espaço, o estabelecimento de regras e o envolvimento dos educadores em geral.

Antes de qualquer atitude deve-se lembrar a importância da aplicação de um questionário de pesquisa com a participação de todos os alunos, antes de receberem qualquer tipo de informação sobre o bulliyng. Os resultados dessa aplicação vão determinar a prevalência, incidência e conseqüências do bulliyng em cada aluno. Seus dados caracterizam a percepção espontânea dos alunos sobre a existência de bulliyng e seus sentimentos sobre isso.

Após a pesquisa ser feita e analisado os resultados, o corpo docente deve ser informado e incentivado a discutir suas implicações, definindo que estratégias devem ser utilizadas durante o processo acrescentando aos poucos no dia a dia a conscientização e prevenção.

O grupo que irá realizar as intervenções deve ser composto por representantes de todos os segmentos da comunidade escolar, incluindo professores, funcionários, alunos e pais. Então somente depois de colhido todos os dados por seus membros, deverão ser definidos coletivamente as ações a serem priorizadas e as táticas a serem adotadas.

Sugere-se que desde o primeiro dia de intervenção avisem aos alunos que não será tolerado bullying nas dependências da escola. Todos devem se comprometer com isso não o praticando e avisando a direção sempre que ocorrer um fato dessa natureza.

Durante as aulas de educação física pausar alguns minutos e promover debates sobre o bullying fazendo com que o assunto seja bastante divulgado e assimilado pelos alunos.

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Estimular os alunos a fazerem pesquisas sobre o tema na escola, para saber o que alunos, professores e funcionários pensam sobre o bullying e como acham que devem lidar com esse assunto.

Pode-se dar a oportunidade de que os próprios alunos criem regras de disciplina para suas próprias classes, não se esquecendo de comparar com as regras gerais da escola, para que não haja incoerências. De a mesma forma permitir aos alunos que eles busquem soluções capazes de modificar o comportamento e o ambiente.

Sugere-se também que se montem grupos de alunos solidários que possam atuar como “anjos da guarda” daqueles que apresentam dificuldades de relacionamento, dentro e fora das aulas de educação física e tentar buscar auxilio através de patrocínios pela comunidade para conseguir ajuda de especialistas psicólogos para que possam estar auxiliando nesse apoio de forma que sintam tranqüilidade em expor suas necessidades e medos.

A incidência do fenômeno bullying tem sido um problema cada vez mais presente dentro das escolas (Colovini e Costa, 2006), sejam públicas ou privadas podendo trazer conseqüências negativas para o aluno, demonstrando, com isso, que intervenções no sentido de coibi-lo devem ser efetivas.

Nas aulas de Educação física onde os alunos têm mais liberdade e, conseqüentemente, contato físico é bastante comum a propagação do fenômeno.

Muitas vezes as agressões cometidas pelos alunos são consideradas como

“brincadeiras e briguinhas” de criança ou adolescente, e sendo assim pais e professores não dão a real importância a esse problema, acredita - se que isso aconteça devido á falta de informação dos mesmos sobre o fenômeno bullying.

Oliveira e Votre (2006) confirmam a incipiência do tema quando mencionam que

“[...] na educação física ainda não se encontra quase nada a respeito do bullying.

Diante dessa afirmação surgem algumas duvidas a respeito de como educadores físicos lidam com esse fenômeno no âmbito escolar se os mesmos estão preparados para intervir e como podem contribuir para evitar e combater o mesmo.

O objetivo desse trabalho é discutir o papel dos professores de educação física frente ao fenômeno bullying no ambiente escolar, se os mesmos se sentem preparados para intervir na ocorrência de casos envolvendo o fenômeno e, além disso, oferecer um referencial teórico sugerindo possíveis estratégias de intervenções como forma de diagnosticar, prevenir e combater esse problema, discutindo a problemática do bullying no âmbito escolar da educação física.

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Metodologia

O presente estudo caracteriza-se como pesquisa de campo contendo uma abordagem quantitativa visando proporcionar maior familiaridade com o problema de modo a torná-lo explícito ou a construir hipóteses.

Para a realização deste estudo utilizou-se um questionário contendo nove questões fechadas, elaborado de acordo com o referencial teórico (Carvalho, 2005;

Gontijo e Sabóia, 2008; Santos, 2007 apud Furtado e Moraes, 2010), que foi aplicado a vinte e nove professores da área de educação física que atuam nas escolas da região da cidade de Andradina SP, sejam elas públicas, particulares e estaduais onde através deste foi possível a coleta e analise dos dados.

Além disso, foi utilizado o apoio da pesquisa bibliográfica, que diz respeito ao conjunto de conhecimentos humanos reunidos nas obras e tem de conduzir o leitor a, tema, produção, coleção, armazenamento, reprodução, utilização e comunicação das informações coletadas para o desempenho da pesquisa (FACHIN, 2001 apud FURTADO E MORAES, 2010).

Resultados e Discussões

Gráfico 1

Do total de professores entrevistados 100% já ouviram falar ou leram sobre o bullying.

Bullying, um dos assuntos mais falados dos últimos tempos. Em todos os meios de comunicação podem-se presenciar fatos marcantes de agressões ocorridos nas escolas durante as aulas. Muitos fatos ocorridos nos últimos tempos fizeram com que este assunto se tornasse polêmico e com isso despertando a curiosidade de muitos, principalmente de professores e pais fazendo com que eles procurassem saber mais sobre este problema.

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Gráfico 2

Conforme os dados recolhidos 41% dos professores entrevistados, durante a vida acadêmica já estudou sobre o bullying, e 59% não estudou sobre o assunto.

Antigamente não era um problema evidente e quase não se ouvia falar, era um assunto desconhecido pela sociedade, por conta disso não havia discussões ou estudos de como prevenir e evitar o Bullying. Hoje com a dinâmica familiar complicada e com tantos casos de agressões nas escolas tornando-se a cada dia mais freqüentes, não se fala em outra coisa levando os fatos mais evidentes e despertando o interesse para solucionar este problema. Percebe - se a necessidade de uma maior abordagem sobre o tema na vida acadêmica dos futuros profissionais da educação, para que assim os mesmos saibam como agir no momento em que for preciso de forma.

“Tempos atrás, o “bullying” era conhecido como uma implicância, ou um maltrato qualquer, sempre existentes em instituições de ensino. O “bullying” nada mais é do que a mesma pratica de décadas atrás. Só que, naquela época, não se estudava isto, nem sabíamos o mal que poderia ocasionar. Hoje em dia esse fenômeno tem nome, e como prevenir”, afirma (FILHO, 2010).

Gráfico 3

Dos professores entrevistados 81% responderam que já ocorreu ou ocorre o bullying na escola onde eles trabalham e apenas 19% responderam que não ocorreu.

O bullying está muito mais freqüente hoje no dia a dia dos alunos, talvez pelo fato de estar sendo tão comentada pela mídia, é que esteja chamando a atenção dos professores e deixando todos em alerta para esta situação, levando a escola a observar com mais resistência esta violência.

“Todos devem estar atentos, pois, o

“bullying” nas escolas geralmente ocorre

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em ambientes com pouca ou nenhuma supervisão adulta” (SILVA, 2010).

Sabe-se que o bullying é disseminado por todas as classes sociais, em escolas públicas e privadas, podendo se manifestar verbalmente, fisicamente e psicologicamente e de forma diferenciada entre os gêneros, porém os meninos estão mais envolvidos com o bullying, tanto como autores quanto como alvo observa (Leite 1999 apud Taylor 2006). Nos meninos o bullying é mais físico. Já entre as meninas se caracteriza principalmente como prática de exclusão ou difamação.

Gráfico 4

Dos professores entrevistados 77% responderam que durante as aulas de educação física já ocorreu ou ocorre bullying nas aulas, e 23 % responderam que não presenciou este problema.

É muito mais freqüente a agressão verbal e física entre os alunos nas aulas de educação física, pois é neste momento em que eles se soltam mais e sentem mais liberdade de se expressar, e no decorrer da aula eles costumam colocar apelidos uns nos outros e talvez sem que percebam estejam cometendo o bullying e no dia a dia tornando esta situação grave e difícil de reverter.

“As aulas de educação física costumam ter padrões menos rigorosos que em outras disciplinas, o que dá oportunidade para que os alunos se mostrem com mais facilidade” (SILVA, 2010).

Nas aulas de educação física a linguagem corporal/não verbal dos alunos é importante no sentido de observarmos alguns fatos, tais como: violência corporal nas atividades e jogos, olhares e risadas desqualificantes, intimidatórias e ridicularizantes;

exclusões intencionais (exaltação do erro, não passar a bola, ignorar na escolha das equipes, distanciamento físico de alguns alunos etc.) provocações corporais (tapa, empurrões, esbarrões, assédios); dentre outros que acontece com freqüência. As

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reclamações dos alunos também são importantes para detectarmos a presença do bullying (Netto,2010).

Diante dessa visão pode - se dizer que isso não é um problema, mas sim uma forma de tentar solucionar, pois é nesse momento que a intervenção dos professores podem se tornar mais efetivas.

Gráfico 5

Para os professores entrevistados, 81% acham que a atitude do professor influencia na ocorrência de bullying nas aulas de educação física e 19% acha que não influencia.

No momento em que ocorre o bullying o professor deve estar preparado para impor respeito entre eles e deixar bem claro que este tipo de comportamento não é aceito na escola, procurar conscientizá-los da gravidade que é a atitude que eles estão tendo. Cada vez que o professor fechar os olhos e fazer de conta que nada esta acontecendo, as situações envolvendo o bullying pior ficarão.

“De acordo com Souza (2007), é necessário que os professores não culpem a criança ou o jovem por agredir ou não se defender, mas conversem com ela sobre o tema, pois neste momento precisam mais de ajuda do que punição, além da necessidade de reflexão de sua família e da escola.”

O papel e a importância do profissional de Educação Física são essenciais em todo este processo, desde a identificação á definição das estratégias de combate ao bullying. Neste contexto (Guimarães, 2010), faz uma observação interessante: “O professor de educação física tem muito a contribuir com os outros professores, pois é o único docente que está presente em todas as etapas da Educação Infantil, ensino Fundamental e médio”.

Sabe-se que não existem soluções simples para se combater o bulliyng, pois se trata de um problema complexo e de causas múltiplas. Portanto, cada escola com seus professores independentes da disciplina devem desenvolver sua própria estratégia para reduzi-lo e quanto mais cedo o bulliyng cessar, melhor será o resultado para todos os

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alunos. Intervir tão logo seja identificado à existência de bulliyng na escola e manter atenção permanente sobre isso é a estratégia ideal. A única maneira de se combater o bulliyng é através da cooperação de todos os envolvidos.

Gráfico 6

De acordo com o gráfico pode-se observar que 81% dos professores já realizaram alguma intervenção relacionada com o bullying ocorrido durante as aulas, e 19% nunca realizou nenhum tipo de intervenção relacionado ao assunto.

É muito importante que os professores estejam preparados para intervir no momento em que ocorre o fenômeno bullying. Se informar sobre literaturas que tratem sobre o bullying, isto se torna mais fácil para o professor encontrar meios que levem a conscientização e prevenção desse problema.

“Acredita–se, portanto que a prevenção do “bullying”

deve começar pela capacitação dos profissionais de educação, a fim de que saibam identificar, distinguir e diagnosticar o fenômeno, bem como conhecer as respectivas estratégias de intervenção e de prevenção hoje disponíveis”. (FANTE, 2005).

A Educação Física, por ser uma disciplina que se apresenta em parte do seu plano curricular uma maior aproximação física entre os alunos, serve como um instrumento para aplicar conceitos da ética e da axiologia nas atividades desenvolvidas com os alunos. Propostas como role–playing, exercícios de dilemas morais relacionados ao esporte, são importantes ferramentas para prevenir e combater o bullying. (Silva, 2010). Sugere – se que o professor eleja um episodio de bullying que tenha acontecido durante a aula e elabore uma atividade onde os alunos protagonistas realizem uma troca de papeis, para que assim reflitam criticamente sobre suas ações.

Gráfico 7

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Apenas 50% dos professores se sentem preparados para prevenir ou controlar o bullying entre os alunos durante as aulas de educação física, e 50% dizem não estar preparados para este tipo de situação.

Para que isto aconteça primeiramente o professor tem que ter interesse em se atualizar do assunto, buscar ajuda de alguma forma em querer mudar esta situação buscando meios de intervenção. Se não houver interesse das partes será difícil encontrar soluções para tal, pois sabemos que muito se fala do bullying, porém pouco se faz para que isto mude.

“Na verdade, a maioria dos educadores passa um tempo enorme imaginando a forma correta de lidar com os alunos, particularmente com aqueles que se envolvem em conflitos. Diante de sua limitação de tempo e do grande número de alunos que ficam aos seus cuidados, os professores freqüentemente tornam-se vulneráveis aos mitos culturais e as suposições incontestadas”.

(TAYLOR, 2006).

Nos casos envolvendo o bullying, primeiramente acredita-se na utilização do diálogo, e se espera que o professor da área de Educação física busque uma relação constante com os alunos baseada na afetividade, respeito e atenção tendo o professor o papel de orientar, e não criticar e apontar, ele deve ser o mediador, o facilitador nas resoluções de conflitos, e tentar resolver de uma forma que não coloque em situações de constrangimento, o aluno vítima, e o aluno agressor se aproximando de todos os envolvidos na tentativa de superar as situações de descriminação.

Gráfico 8

35% dos professores afirmaram ter conhecimento de algum tipo de trabalho de intervenção na escola que envolva o bullying, e 65% responderam que não tem conhecimento algum.

É necessário que haja interesse e união de todos principalmente das escolas para que juntos possam encontrar soluções, pois ninguém irá conseguir fazer nada sozinho é preciso que todos se envolvam tanto, professores, escolas e pais de alunos para buscar meios de prevenção e se necessário, meios de intervenção.

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“Cabe a escola unir forças no sentido de buscar alternativas para o bullying; nas reuniões de pais, informá-los e sensibilizá-los quanto ao problema; discutir nas coordenações com professores e auxiliares em educação; e solicitar ao serviço de orientação educacional que apresente um plano de trabalho com possíveis estratégias de combate ao problema”

(GUIMARÃES, 2010).

A escola deve agir precocemente contra o bullying, intervir imediatamente, tão logo seja identificada a existência de bullying na escola e manter atenção permanente sobre isso é estratégia ideal. E a única forma de se combater o bullying é através da cooperação de todos os envolvidos: professores, funcionários, alunos e pais.

Gráfico 9

De acordo com os professores entrevistados 69% afirmam se informar através de pesquisas e outros meios sobre o bullying, e 31% diz não procurar informações para este problema.

Os professores podem encontrar informações em qualquer meio de comunicação (internet, jornal, televisão, revistas, entre outros) sobre o bullying, principalmente nos dias de hoje, momento em que se fala e acontecem muitos fatos.

“Segundo (Catunda 2010) antes de tudo o professor deve se informar a fundo sobre o fenômeno, deste modo, será possível estar atento ás diferentes formas de manifestações. Alem disso, é preciso assumir – se como educador, tendo claro entendimento sobre a importância dessa função. Ao estar na escola, á missão do professor é ensinar bem para a formação humana e cidadã.”

Considerações Finais

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A partir dos resultados apresentados pelos gráficos, percebe-se a grande importância das escolas, dos professores e da sociedade, em tomar algumas medidas e buscarem soluções que sejam capazes de combater ou ao menos prevenir o bullying, pois os professores não conseguem resolver sozinhos, esse problema tão complexo.

No contexto real em que atuam nota-se a falta de informação e de preparo tanto das escolas quanto dos professores em relação ao fenômeno bullying, muitos afirmam que ocorrem tais casos, durante as aulas de educação física, dizem estar preparados para intervir, mas alguns nem ao menos se informam sobre o assunto e a maioria afirma não ter conhecimento sobre nenhum trabalho de intervenção dentro das escolas.

Percebe-se que há a necessidade de uma maior abordagem sobre o bulliyng na vida acadêmica dos futuros profissionais da educação, logo deve-se, preocupar com a capacitação e a formação continuada dos professores, dando-lhes subsídios para conhecer melhor e saber como intervir e diminuir os casos de bullying, assumindo, uma postura crítica diante do problema.

Enfim, através do trabalho realizado observou-se que no dia a dia ocorre o bullying com freqüência, fala-se muito sobre o assunto, mas pouco se faz ou ao menos buscam informações para que este fato não se repita tornando-se cada vez mais distante á solução para tais fatos. Por isso acredita-se que as aulas de Educação Física sejam um facilitador para a iniciativa deste trabalho de intervenção, pois como pode-se concluir é neste momento em que os alunos se sentem mais a vontade para expressar seus sentimentos e medos, seja através de atitudes ou diálogo.

Adotar estratégias de prevenção, bem como detectar precocemente o problema bullying parece ser a maneira mais adequada para reduzir a chance de que este e outros problemas, como, as dificuldades emocionais e de aprendizagem sejam desenvolvidos.

Referências Bibliográficas

ABRAPIA – Associação Brasileira de Multiprofissionais de Proteção à Criança e ao Adolescente. Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre Estudantes. Disponível em: http://www.bullying.com.br/. Rio de Janeiro. 2003.

[Acesso em maio de 2011].

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Referências

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