RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO
Unidade Curricular Estágio Profissionalizante
Mestrado Integrado em Medicina
Ano Letivo 2015/2016
MÓNICA SOFIA AMORIM OLIVEIRA | Nº 2010136
Índice
Introdução ... 3
Descritivo dos estágios ... 3
Medicina Geral e Familiar ... 3
Pediatria ..………...4
Medicina Interna ...4
Saúde Mental ...5
Cirurgia Geral ...5
Ginecologia e Obstetrícia ……….6
Estágio Clínico Opcional ...7
Atividades extra ....7
Reflexão Crítica ....8
Anexos ....11
Introdução
O Mestrado Integrado em Medicina, na Nova Medical School, debruça-se sobre a “qualificação de excelência nos domínios das ciências médicas e da saúde”, visando dotar, ao longo de 6 anos, os seus alunos com uma base sólida e coerente de conhecimentos, combinados com valores, atitudes
e aptidões que se revelam, não só pelo nível de aprendizagem técnico-científica, mas também pela
componente humanista e ética que procura incentivar.
O ano profissionalizante fortalece o vínculo entre a formação pré-graduada e a prática da profissão
focando-se no exercício clínico orientado com o intuito de providenciar maior autonomia e segurança
de conhecimentos, fazer despertar a curiosidade e incentivar o aluno a explorar os mais variados
campos de interesse, procurando emergir, direccionar ou mesmo redireccionar a sua escolha futura.
Para tal é composto por estágios parcelares em diversas especialidades, um estágio opcional e uma
cadeira teórico-prática de preparação para a prática clínica.
No presente relatório descrevo, assim, em cinco distintas secções (introdução, descritivo sumário
dos estágios, actividades extra, reflexão crítica e anexos), a minha passagem por este último ano do
Mestrado.
Descritivo dos estágios
Medicina Geral e Familiar
De 14 de Setembro a 9 de Outubro de 2015, no Centro de Saúde de Serpa, sobre a tutoria do Dr.
Edmundo Sá, caracterizo-o como um estágio enriquecedor. Durante as quatro semanas, pude
vivenciar uma realidade diferente da do Centro Urbano, onde tive oportunidade de aferir a minha
capacidade de adaptação a meios, pessoas e modos de trabalho díspares, mas também de
comunicação e estabelecimento de empatia com os pacientes, através da realização dos vários tipos
de consulta, na sua maioria, de forma autónoma. Como objetivos, propus o aprimorar a minha
capacidade da avaliação do doente e ganhar mais confiança e autonomia aquando do diagnóstico e
estabelecimento de um plano terapêutico. Destaco a importância da compreensão dos Cuidados de
ainda, o acompanhamento em visitas domiciliárias e a execução de alguns procedimentos,
nomeadamente citologias cervicais e injeções intramusculares. No final do estágio, e em conjunto
com outra colega, foi apresentado oralmente, no serviço, uma análise à atualização da Norma da
DGS nº006/2014 - Duração de Terapêutica Antibiótica. Realizei, também, o Diário do Exercício
Orientado e posterior discussão do mesmo.
Pediatria
De 12 de Outubro a 6 de Novembro de 2015, no Serviço de Primeira Infância, do Hospital Dona
Estefânia, sobre a orientação da Drª Rita Machado, caracterizo-o como um estágio envolvente.
Para além da consolidação de competências teóricas e práticas adquiridas anteriormente no âmbito
da Saúde Infantil, ditei, como objetivos pessoais, a aquisição de competências para o
aprimoramento da comunicação com a criança e seus familiares e o diagnóstico e abordagem da
patologia pediátrica mais frequente. Pude acompanhar as atividades na Enfermaria, no Serviço de
Urgência e na Consulta Externa e participar, ainda, nos diversos seminários abertos do Hospital e
nas sessões clínicas do Serviço, que tinham, como papel central, a revisão teórico-prática e
formação de internos e alunos. Muito do meu trabalho incidiu sobre a prática do exame objetivo e
escrita de diários clínicos, notas de alta e de entrada. No final do estágio, apresentei, juntamente
com outra colega, um seminário subordinado ao tema Doença Poliquística Renal Recessiva - Caso
clinico, e elaborei o Relatório de Estágio Parcelar.
Medicina Interna
De 9 de Novembro de 2015 a 15 de Janeiro de 2016, na Unidade Funcional de Medicina 1.2, do
Hospital de São José, orientado pelo Dr. José Ribeiro, caracterizo-o como um estágio gratificante.
Encarei este estágio como uma oportunidade para consolidar conhecimentos teóricos previamente
adquiridos, assim como, obter novos conhecimentos práticos, expor dúvidas e inseguranças e
ganhar mais autonomia. Pude assistir a reuniões clínicas, às mais variadas sessões formativas da
Unidade e participar na Consulta Externa e no Serviço de Urgência, semanalmente. Pelo trabalho
diário de Enfermaria ganhei independência na observação de doentes, realização de diários clínicos,
e outros procedimentos administrativos. Elaborei uma revisão teórica conjunta, sobre o tema
Alcoolismo – Visão Global, tendo sido posteriormente apresentada em reunião de serviço e, no final,
redigi o relatório parcelar do estágio.
Saúde Mental
De 25 de Janeiro a 19 de Fevereiro, com dois dias iniciais de seminários teórico-práticos lecionados
pelo Prof. Dr. Miguel Xavier e o Prof. Doutor Bernardo Correa, na Faculdade de Ciências Médicas, o
restante estágio decorreu, no Serviço de Pedopsiquiatria, do Hospital São Francisco Xavier, onde
tive como orientador o Dr. Volker Dieudonné. Considero-o um estágio marcante. Os principais
objetivos compreendiam o aprofundar de conhecimentos, capacidades diagnósticas e diferentes
abordagens terapêuticas. Estabeleci como metas pessoais adquirir capacidades técnicas para a
realização da entrevista clínica, criar uma relação de empatia com a criança/adolescente e seu
acompanhante e desenvolver a minha capacidade de observação, pesquisa de sintomas
psiquiátricos específicos e colocação de hipóteses de diagnóstico, subsequentes. A maioria do meu
trabalho consistiu na participação nas consultas e nas reuniões clínicas diárias e semanais do
Serviço, onde contactei com uma vasta equipa constituída por especialistas em Psiquiatria e Saúde
Mental, enfermeiras, psicólogas e assistentes sociais. Dirigi, autonomamente, entrevistas clínicas,
com fim à elaboração de uma história clínica, e redigi o relatório final de estágio. Não posso deixar
de referir a integração na actividade de investigação, que me alertou para as dificuldades iniciais na
pesquisa de artigos, mas que me suscitou também interesse em participar na sua conclusão.
Cirurgia
O estágio de Cirurgia decorreu de 22 de Fevereiro a 15 de Abril, no âmbito do programa Erasmus +,
no Centro Clínico Universitário de Maribor, Eslovénia. Durante as 8 semanas, percorri três
departamentos distintos, iniciando com Cirurgia Torácica (2 semanas), prosseguindo com Cirurgia
Abdominal (4 semanas) e finalizando com Cirurgia Cardíaca (2 semanas), em cada departamento à
responsabilidade do director do respectivo serviço. Qualifico este estágio como estimulante. Como
objetivos pessoais, adotei apenas a consolidação de certos conhecimentos mais práticos de índole
me possibilitou ter um estágio mais diversificado, ao encontro do meu interesse pessoal, ainda me
foi dada a oportunidade em participar em Cirurgia Abdominal Pediátrica. Acrescento o facto da
passagem dos seus alunos pelos serviços ser pontual, o que permitiu que o acompanhamento e
número de atividades por mim desenvolvidas, fosse, também, mais variado e em maior número.
Destaco o encorajamento permanente, por parte de todos os elementos das equipas, à integração
nas mesmas, impulsionando a minha aprendizagem. Assim, durante este estágio, participei
diariamente em, pelo menos, uma cirurgia, o que me permitiu cooperar na preparação do doente,
consolidar normas de assepsia, aprender a reconhecer diversos instrumentos cirúrgicos, bem como
as suas orientações de utilização, aprender a algaliar e suturar, e auxiliar no transporte seguro dos
doentes ao recobro. Reconhecidamente, tomei consciência da importância da Segurança Cirúrgica,
que só por si pode salvar vidas, e senti que fiz parte das equipas que me acolheram. Em contexto de
Enfermaria, pude extrair drenos (torácicos, abdominais e epidurais), fazer pensos simples e recolher
amostras de sangue.
Ginecologia e Obstetrícia
De 18 de Abril a 13 de Maio, igualmente no âmbito do programa Erasmus +, no Centro Clínico
Universitário de Maribor, Eslovénia, assinalo o estágio como incompleto. À semelhança do
programa curricular na Nova Medical School, o estágio foi subdividido em duas semanas de
Ginecologia e outras duas de Obstetrícia. À partida, estabeleci como objetivos a capacitação para
realização de procedimentos básicos, como palpação uterina bimanual, observação do colo do útero
e citologias, e de conhecer as principais indicações para referenciação à especialidade de
Ginecologia e Obstetrícia. As duas primeiras semanas foram dedicadas à vertente da Ginecologia,
tendo estado presente na Consulta de Ginecologia, Consulta de Patologia da Mama, Consulta de
Planeamento Familiar, Serviço de Urgência e Ecografia Ginecológica. Durante as duas últimas
semanas, já no Serviço de Obstetrícia, pude assistir à Ecografia Obstétrica e frequentar o Serviço de
Estágio Clínico Opcional
Em duas semanas, com início a 23 de Maio, realizei o meu estágio opcional no Serviço de
Infeciologia Pediátrica, no Hospital Dona Estefânia, tendo como tutora a Drª Catarina Gouveia,
estágio este, complementar. Paralelamente aos objetivos traçados no Estágio de Pediatria, no
início do ano lectivo, a minha principal meta era desenvolver competências na realização do exame
objectivo orientado para a criança, no diagnóstico e abordagem da patologia infeciosa pediátrica
mais frequente e aperfeiçoar a comunicação com a criança de uma faixa etária mais alargada. Nesta
breve passagem, pude participar nas atividades diárias do serviço, com a realização de notas de
entrada e de alta, discussões dos doentes e nas sessões de formação específica, além das sessões
de formação semanais do próprio hospital. Ainda, me inseri pontualmente na Unidade de
Adolescentes, nas Consultas Externas de Endocrinologia e no Serviço de Urgência.
Atividades extra
Durante o ano letivo de 2015/2016, desenvolvi, em paralelo com os estágios parcelares, diversas
actividades, nomeadamente (por ordem cronológica):
- Integração na equipa responsável pelo Projecto Saúde Porta-a-Porta, organizado pelo
Departamento de Responsabilidade Social da AEFCML, pelo qual desenvolvi um enorme carinho,
pois segui todo o percurso desde a sua implementação e foi com enorme satisfação que o vi crescer
(anexo 1);
- Participação no iMed7.0, organizado pelo Comité de Organização do iMed Conference da AEFCML
(anexo 2);
- Participação no VII Congresso MedUBI, Uma explosão de Vida, organizado pelo Núcleo de
Estudantes de Medicina da Universidade da Beira Interior (anexo 3);
- Participação nas Palestras - Disfunção Sexual e Mesa Redonda sobre Sexualidade - organizadas
pelo Departamento de Saúde Publica e Reprodutiva da AEFCML (anexos 4 e 5);
- Participação no Curso de Controlo Sintomático e Medicina da Dor, administrado pela Fundação
- Participação no II Curso de Medicina Desportiva, organizado pela Faculdade de Medicina da
Universidade do Porto (anexo 7);
- Participação nas 10ªs Jornadas de Atualização em Doenças Infeciosas, organizadas pelo Hospital
de Curry Cabral (anexo 8);
- Participação no Workshop Como Promover a Actividade Física no Idoso, organizado pelo
Departamento de Responsabilidade Social da AEFCML (anexo 9);
- Participação no 2º Congresso da Área de Pediatria Médica, A peça que falta, organizado pelo
Hospital Dona Estefânia (anexo 10);
Reflexão crítica
Um sonho de menina tornado realidade, revelou-se um grande desafio a nível pessoal. Altura em
que me deparava com vários obstáculos no campo emocional fora do âmbito académico, entrei num
ciclo que parecia sem fim, que me fez duvidar das minhas capacidades enquanto estudante de
Medicina e futura Médica. Uma luta constante entre dar prioridade à procura do conhecimento
científico ou ao equilíbrio emocional e auto-conhecimento, sempre sentido muito intensamente por
mim. Cresci, transformei-me e iniciei o sexto ano, focada na procura das minhas potencialidades.
Com grande entusiasmo, as minhas expectativas foram sendo superadas. Progressivamente, fui
cumprindo os objetivos traçados, à partida, o que também se deveu ao interesse e disponibilidade
dos assistentes, equipas de enfermagem e colegas com quem me cruzei. Quanto ao estágio de
Medicina Geral e Familiar foi das melhores experiências que tive ao longo deste ano enquanto
estudante de Medicina. Apesar de, por um lado, ter despertado em mim alguns receios, verifiquei
que estou preparada para lidar com os doentes e admitir quando preciso de ajuda. Por outro lado,
prezei bastante o lado humano da sua prática, por vezes, tão ou mais importante, do que o lado
científico e técnico. Em Pediatria, a autonomia tutelada, sobretudo no Serviço de Urgência, constituiu
um incentivo à aprendizagem e integração na equipa. Por outro lado, dado o intervalo de idades
entre o qual se inseriam as crianças da Enfermaria, não me foi possível desenvolver diariamente
pessoais, me levou à escolha de estágio clínico Opcional, onde acabei por ter também reduzidas
oportunidades para cumprimento total dos meus objectivos, devido à grande afluência de internos no
serviço. No estágio de Medicina Interna, considero que evoluí progressivamente, não só quanto ao
raciocínio clínico, afincado inúmeras vezes pelo meu assistente, mas também quanto à autonomia
adquirida na enfermaria. Apercebi-me das boas relações médico-doente e pude verificar que, tanto
no diagnóstico como no tratamento, são essenciais a confiança, a colaboração e o diálogo claro
médico-família, para alcançar o sucesso. Deste modo, permanecem ainda receios perante o
diagnóstico, terapêutica e no contacto com familiares. Saliento, ainda, a consciencialização da má
articulação Hospital - Serviço de Apoio Social e da repercussão que esta tem nas decisões e nos
cuidados prestados. Não tive possibilidade de pôr em prática procedimentos como punções
venosas, paracenteses e algaliações. Em Saúde mental, destaco o enriquecimento pessoal, de
facto, o estágio superou as minhas expectativas e motivou-me a querer aprender e experienciar
mais no âmbito da Saúde Mental em Pedopsiquiatria. Contudo, não posso deixar de transmitir que
teria lucrado com a passagem pelo Internamento e Serviço de Urgência. Ficou também a
curiosidade na abordagem do doente na Saúde Mental do Adulto. Já quanto aos estágios de
Cirurgia e Ginecologia e Obstetrícia, por entrave linguístico, a recolha de histórias clínicas e,
evidentemente, a minha compreensão global em diversos momentos, tais como, em visitas e
reuniões de serviço, acabou por ser reduzida, chegando mesmo a impedir a participação em
consultas externas. Refiro como outros pontos negativos, em Cirurgia, o baixo número de doentes
no Serviço de Urgência, que fez com que não pudesse desenvolver as minhas aptidões em pequena
cirurgia, e em Ginecologia e Obstetrícia, a falta de organização e orientação do Departamento para a
prática clínica dos alunos, que impossibilitou a execução de procedimentos práticos básicos da
especialidade, acabando por ser um estágio maioritariamente observacional.
Chego ao fim deste ano consciente dos meus potenciais pessoais, como a percepção do doente nas
suas várias dimensões, interesse pelo seu bem-estar e necessidades; a comunicação e promoção
da saúde e bem-estar; e o investimento na procura dos meus interesses e atualização nos diversos
contacto com outras culturas, elementos importantes para uma maior compreensão do indivíduo.
Como principais lacunas, saliento o conhecimento científico em certas áreas, a prescrição e
orientação terapêuticas (cuja prática é limitada, na maioria dos estágios), assim como a experiência
e formação em investigação, aspectos que, no fim deste ano, se encontram melhor estruturados de
modo a, num futuro próximo, completar efetivamente todos os objetivos a que me propus, e
atingindo, cada vez mais, padrões elevados a nível profissional e pessoal.
Relativamente a parâmetros positivos face ao ano profissionalizante nesta Instituição, aponto o
extenso grupo de Unidades de Saúde protocoladas, que permite aos alunos o contacto com
diferentes locais de ensino, estruturações de Serviços, rotinas de trabalho e profissionais de saúde,
enriquecendo o seu conhecimento sobre a realidade Hospitalar e de Cuidados de Saúde Primários.
De igual forma, o rácio tutor/aluno, responsável pelo enorme ganho em autonomia, confiança e
experiência prática. Pessoalmente, estes dois pontos, constituem um grande motivo de orgulho e de
realização enquanto estudante de Medicina. Dou destaque, também, à importância das aulas de
Preparação para a Prática Clínica, que contribuem em prol de uma abordagem global do doente,
tendo em conta as diferentes Especialidades. E, por fim, o Estágio Opcional que possibilita aos
alunos a escolha individual, dentro de uma extensa lista de áreas intra e extra-hospitalares, indo ao
encontro dos seus interesses. Como parâmetros negativos, cito a grande disparidade entre
oportunidades, exigências e avaliações nos diferentes locais de estágio, que afeta,
consequentemente, o empenho e motivação dos alunos, pelo que seria importante uma tentativa de
uniformização a este nível.
Concluindo, não posso deixar de referir que, a elaboração deste relatório, constitui, para mim, uma
bela forma de cerrar este capítulo da vida. Quero deixar um sincero agradecimento a todos os que
me acompanharam e apoiaram neste longo percurso e, principalmente aos que me desafiaram, pois
fizeram de mim uma pessoa mais forte e mais preparada para o futuro que se avizinha. Foi uma
Anexo 2
Anexo 4
Anexo 7