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IMPORTÂNCIA DOS ESTÁDIOS FENOLÓGICOS NO MANEJO DOS POMARES DE PESSEGUEIRO: UMA BREVE REVISÃO. Eng. Agr. MSc. Rafael Roveri Sabião

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IMPORTÂNCIA DOS ESTÁDIOS FENOLÓGICOS NO MANEJO DOS POMARES DE PESSEGUEIRO: UMA BREVE REVISÃO

Eng. Agr. MSc. Rafael Roveri Sabião

RESUMO

O conhecimento da fenologia do pessegueiro é primordial para programar o manejo de tratos culturais e selecionar cultivares para determinadas regiões de climas diferenciados. A temperatura e as variações climáticas estão diretamente ligadas à adaptação das cultivares, influenciando no período vegetativo e florescimento, fixação de flores e frutos, crescimento e desenvolvimento de frutos. Por isso é de suma importância que os estudos de fenologia apresentem dados climáticos, para que as decisões sejam tomadas a partir de comparações entre os valores do crescimento e desenvolvimento do vegetal e os dados climáticos diários da região em estudo. O presente trabalho tem o objetivo de revisar informações atuais da fenologia do pessegueiro no Brasil e no mundo, trazendo discussões e comparações para o cultivo em regiões com baixo requerimento de frio.

INTRODUÇÃO

Com as mudanças climáticas que vem ocorrendo e a diminuição de área nas regiões temperadas há uma tendência de introdução e adaptação de plantas de clima temperado às regiões mais quentes. Entretanto não existe um grande número de cultivares rústicas, adaptadas às regiões tropicais, por isso é de grande importância estudar a fenologia (crescimento e desenvolvimento) das culturas de clima temperado e sua adaptação às condições de baixa disponibilidade de frio (CHAGAS et al., 2012).

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As características de produção e qualidade de frutos de pessegueiro geralmente são bem descritas para cada cultivar, mas carecem informações disponíveis sobre a fenologia da plantae sobre a necessidade de frio ou de calor para cada região de cultivo (MIRANDA et al., 2013).

OBJETIVO

O objetivo do presente estudo é revisar a literatura sobre aspectos da produção do pessegueiro, enfatizando as informações atuais sobre a fenologia do pessegueiro no Brasil e no mundo, trazendo discussões e comparações para o cultivo em regiões com baixo requerimento de frio.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A compreensão do comportamento fenológico permite abordar questões importantes para a pesquisa e gestão agronômica dos pomares. Um modelo fenológico prevê os estágios de desenvolvimento de cultivares, fornecendo uma avaliação sobre o desempenho e adaptação dessas cultivares para certas condições climáticas nas áreas de cultivo, além de uma melhor programação dos tratos culturais, como o manejo de pragas, doenças, podas e proteção contra geadas, em regiões susceptíveis (MIRANDA, et al., 2013).

O pessegueiro, bem como outras caducifólias de clima temperado, possuem estádios fenológicos característicos e bem definidos, divididos em: dormência, início da brotação, florescimento, frutificação e maturação.

Dormência é definida como a paralisação temporal do crescimento visívelem qualquer estrutura da planta que tenha um meristema. Condições ambientais

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desfavoráveis, tais como temperaturas baixas ou fotoperíodo curto, geralmente induzem esta inatividade. Temperaturas ou comprimentos dia abaixo de um determinado limiar impedem os processos que levam ao crescimento e evitar qualquer indicação externa de atividade. O pessegueiro possui três tipos de dormência: ecodormência, queéa interrupçãodo crescimento por fatores ambientais como temperaturas, déficit hídrico e excesso de umidade; paradormência que é causada por sinais bioquímicos captados poroutra estrutura da planta de onde a dormência se manifesta; endodormênciaocorre em função de estímulos específicos ambientais, como frio e fotoperíodo, ou endógenos (hormonal), causando a parada de crescimento da planta. A endodormência é ocorre com mais frequência no desenvolvimento do pessegueiro, verificada no outono e inverno de regiões temperadas, é conhecida como chamada de repouso,dormência de inverno ou dormência verdadeira, (LANG et al., 1987; CAMPOY et al., 2011).

Inicialmente toda gema é vegetativa e para completar sua formação e diferenciação, necessitam atravessar um período de repouso e indução, medido pelonúmero de horas de frio abaixo de 7,2°C.Uma maior exposição ao frio reduz o tempo necessário para brotação.Define-se o fim da dormência quando 50% das gemas atingirem o estádio de ponta verde, emtorno de 21 dias a temperatura de 20°C. O tempo de brotação depende do tempo de exposiçãoàs baixas temperaturas, ou seja, a quantidade de frio à qual foi submetida. A duração tambémvai depender da espécie, cultivar e das condições climáticas (PETRI& HERTER, 2004; FISCHER et al., 2010).

Na produção forçada realizada nas regiões tropicais, evita-sea dormência, permitindo duas safras por ano. A evasão da dormência é conseguida com uma promoção artificial do ciclo de crescimento, através de desfolhamento, déficit hídrico seguido por irrigação ou aplicação de produtos químicos de quebra de dormência, como a cianamida hidrogenada (CAMPOY et al., 2011).

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Fisiologicamente, a queda das folhas tem o maior efeito sobre a brotação, pois através do desfolhamento uma série de inibidores são removidos, como o ácido abscísico, que suprime a brotação das gemas floríferas. Além disso, a desfolha aumenta a atividade de giberelinas e citocininas nas gemas. O estímulo provocado pelo desfolhamento é relativamente leve e nas frutas de caroço, as gemas floríferas brotam apenas após a remoção das folhas; portanto recomenda-sea desfolha artificial e aplicação de compensadores de frio(FISCHER et al., 2010).

Em várias espécies de Prunus há uma interação entre o fotoperíodo e a temperatura no controle da interrupção de crescimento e na dormência.A quebra da dormência é alcançada mais cedo em ramos orientados horizontalmente do que nos verticais. Este efeito surge a partir da mudança no equilíbrio hormonal nas gemas e da redução no vigor produzida a partir da curvatura realizada durante o período de crescimento. Da mesma forma, o ramo curvado parece diminuir o transporte de auxina, alterando a intensidade de dormência. A época e o tipo de poda têm um importante efeito sobre o vigor da árvore e na dominância apical.Portanto, a poda influencia na intensidade da dormência: quanto mais tarde a poda menor o efeito sobre a quebra de dormência das gemas vegetativas laterais (CAMPOY et al., 2011).

A poda deve ser feita após a desfolha, a fim depermitir translocação prévia de nutrientes das folhas.Esta prática estimula o acúmulo de hormônios como giberelinas, auxinas e citocininas na brotação das gemas. Na supressão do repouso, alguns produtos químicos devem ser aplicados após a desfolha, poda e manejo hídrico para estimular a brotação, que também pode adiantar o florescimento e a colheita. A cianamida hidrogenada é um dos compostos mais utilizados para quebrar a dormência nas regiões subtropicais; supostamente, o seu modo de ação parece estar relacionado ao desbloqueio da mobilização de substâncias de reserva. Em pêssego, indução floral ocorre

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normalmente muito próxima da colheita, em novos ramos que ainda não produziram;

quando a árvore está em fase de crescimento ultrapassada e que se sobrepõem, como por causa de uma falta de frio ou quando a umidade elevada logo após uma seca ocorre, as gemas podem se abrir antes da colheita. É importante evitar uma sobrecarga de frutos, para assegurar a formação adequada de gemas florais. O excesso de concentração de nitrogênio, como a deficiência, provoca diferenciação apenas gemas vegetativas. A árvore precisa de tempo para armazenar carboidratos, fósforo e compostos nitrogenados e açúcares, para um bom desempenho nos temporada seguinte, por isso é importante a presença de folhas fotossintetizando e acumulando carboidratos na planta. O teor de amido aumenta nos ramos após a colheita de 5 a 10 e 13%; o nitrogênio (armazenado para o início do novo ciclo na forma proteica) é de grande importância, e é necessário um terço da sua reserva para brotação (FISCHER et al., 2010).

A duração de cada estádio fenológico também é dependente do clima, pois altas temperaturas podem diminuir o período dos ciclos vegetativos e reprodutivos. Na literatura dois trabalhos de fenologia realizados em dois estados distintos, um na cidade de Jaboticabal-SP e outro em Lapa-PR, podemos comprovar essa diferença entre os ciclos da mesma cultivar em locais de climas diferentes. A duração do ciclo (da plena floração até a metade da colheita) da cultivar Aurora-1 em Jaboticabal-SP foi de 85 dias (média das safras 2005 e 2006), enquanto que a mesma cultivar, na cidade de Lapa-PR teve um ciclo médio de 112 dias (média das safras de 2009, 2010 e 2011) (PEREIRA &

MAYER, 2008; ALVES et al., 2012)

Em avaliações agronômicas de cultivares espanholas de pêssego e nectarinas achatados (flat) nos anos de 2008 e 2009, observou-se grande variação no período de florescimento que para as 35 cultivares avaliadas, durou de 29 de fevereiro a 27 de março, com períodos de florescimento de 14 a 21 dias de duração. A maturação dos

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frutos variou entre junho e setembro, mostrando uma boa distribuição nos períodos de colheita das cultivares (REIGet al., 2012).

O requerimento de frio das plantas de clima temperado já é estudado há algum tempo, com modelos fenológicos já consolidados nas regiões temperadas e utilizados em vários outros estudos. Os modelos mais conhecidos e utilizados são de Utah (RICHARDSONet al., 1974) e da Carolina do Norte (SHALTOUT & UNRATH, 1983) que são apresentados na tabela 1, e algumas adaptações desses modelos são realizados em locais de clima diferenciado (PETRI et al., 1996).

Para comprovar o modelo proposto de Utah, foi realizado um trabalho de enxertia de ramos de sete cultivares de pessegueiro, acondicionadas em câmara fria nas temperaturas de 50 a 400 unidades de frio (tabela 2). O trabalho se mostrou eficaz como método de avaliação da necessidade de frio do pessegueiro (WAGNER JUNIOR et al., 2009). Outro trabalho semelhante de indução artificial de frio, realizado na Espanha e na Argentina, com 12 cultivares de pessegueiros e nectarineiras, coletando estacas de ramos durante a queda de folhas, acondicionadas à temperatura de 3°C de 0-800h de frio e posteriormente colocadas a 20°C para forçar a brotação no período de seis semanas.As cultivares com necessidade de frio semelhantes apresentaram respostas diferentes para refrigeração, algumas cultivares mostraram alto florescimento e brotação sem exposição ao frio.O teste da estaquia para medir a resposta das gemas vegetativas e florais fornece informações consideráveis sobre a caracterização da cultivar, em comparação com os dados tradicionais de requisitos de refrigeração (GARIGLIO et al., 2006)

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CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES

Para atingir boas produtividades, a cultura do pessegueiropossui alta dependência do clima, pois o florescimento está diretamente relacionado com a indução de gemas floríferas, estimuladas pelo acúmulo de temperaturas baixas. Entretanto devem ser revisados alguns dados de requerimento de frio para cultivares conhecidas do pessegueiro quando cultivados nos trópicos, onde a disponibilidade de frio não atende aos exigidos, mas apresenta bom florescimento e consequente boa produção de frutos num ciclo mais curto, e em alguns casos, melhor qualidade de frutos quando comparados ao cultivo em regiões temperadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, G.; SILVA, J.;MAY DE MIO, L. L.; BIASI, L. A. Comportamento fenológico e produtivo de cultivaresde pessegueiro no Município da Lapa, Paraná.

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CAMPOY, J. A.; RUIZ, D.; EGEA, J. Dormancy in temperatefruittrees in a global warmingcontext: A review.ScientiaHorticulturae, n.130, p.357–372, 2011.

CHAGAS, E. A.; BARBOSA, W.; PASQUAL, M.; PIO, R.; CHAGAS, P. C.;

IZATO, L. H. G.; BETTIOL NETO, J. E.; NEVES, A. A.; SCARPARE FILHO, J. A.

Phenological assessment of cultivars and selections of peach and nectarine trees with low exigency of chilling. Acta Horticulturae,n. 962, p. 39-44, 2012.

FISCHER, G.; CASIERRA-POSADA, F.; VILLAMIZAR, C.

Producciónforzada de duraznero (Prunuspersica (L.)Batsch) enel altiplano tropical de Boyacá (Colombia).RevistaColombiana de CienciasHortícolas, vol.04, n.01, p.19-32, 2010.

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LANG, G.A.; J.D. EARLY; G.C. MARTIN; R.L. DARNELL.Endo-, para -, and ecodormancy: physiologicalterminology and classification for dormancyresearch.

HortScience 22, p.371-377, 1987.

MIRANDA, C.; SANTESTEBAN, L. G.; ROYO, J. B. Evaluation and fitting of models for determining peach phonological stages at regional scale. Agricultural and Forest Meteorology 178–179. p.129–139. 2013.

PEREIRA, F. M.; MAYER, N. A. Fenologia e produção de gemas em cultivares e seleções de pessegueiro na região de Jaboticabal-SP. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 30, n. 1, p. 043-047, 2008.

PETRI, J. L. et al. Dormência e indução da brotação de fruteiras de clima temperado. Florianópolis: Epagri, 1996. 110p. (Boletim Técnico, 75).

PETRI, J.L.; HERTER, F.G. Cultivares de fruteiras de caroço. In: MONTEIRO, L. B.(Coord.). Fruteiras de caroço: uma visão ecológica. Curitiba: UFPR. Departamento deFitotecnia e Fitossanitarismo, Departamento de Solos e Engenharia Agrícola, p. 119- 117,2004.

REIG, G.; IGLESIAS, I.; ECHEVERRÍA, G. Agronomical performance, fruit quality and sensory attributes of several flat peach and flat nectarine cultivars.

ActaHorticulturae, n. 962, p.563-569, 2012.

RICHARDSON, E. A.; SEELEY, S. D.; WALKER, D. R. A model for estimating the completion of rest for ‘Redhaven’ and ‘Elbert’ peach trees. HortScience, v. 9, n. 4, p. 331-332, 1974.

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SHALTOUT, A. D.; UNRATH, C. R. Rest completion prediction model for

‘Starkrimson Delicious’ apples.Journal of the American Society for Horticultural Science, v. 108, n. 6, p. 957-961, 1983.

WAGNER JÚNIOR, A.; BRUCKNER, C. H.; SALOMÃO, L. C. C.;

PIMENTEL, L. D.; SILVA, J. O. C.; SANTOS, C. E. M.Avaliação da necessidade de frio depessegueiro por meio de ramos enxertados. Revista Brasileira de Fruticultura.

Jaboticabal, v. 31, n. 4, p. 1054-1059, 2009

TABELAS E FIGURAS

Tabela 1. Requerimento de frio da cultura de pessegueiro propostos por Richardson et al. (1975) (modelo de Utah) e por Shaltout e Unrath (1983) (modelo da Carolina do Norte).

Richardson et al., 1974 Shaltout & Unrath, 1983

0,0 <1,4 -1,1

0,5 1,5-2,4 1,6

1,0 2,5-9,1 7,2

0,5 9,2-12,4 13,0

0,0 12,5-15,9 16,5

-0,5 16,0-18,0 19,0

-1,0 >18,0 20,7

-1,5 - 22,1

-2,0 - 23,3

Temperatura (°C) Valores de

unidade de frio

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Tabela 2. Requerimento de frio de cultivares de pessegueiro em Viçosa-MG (Wagner Junior et al., 2009).

Cultivares Unidades de Frio

‘Campinas-1’ 50

‘Relíquia’ 150

‘Setembrino’ 150

‘Biuti’ 150

‘Rei da Conserva’ 200

‘Convênio’ 400

Referências

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