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ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos. Acordam os Desembargadores integrantes da Décima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em NEGAR PROVIMENTO AO APELO.

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APELAÇÃO CÍVEL. CONTRATOS AGRÁRIOS.

ARRENDAMENTO RURAL.

RENOVAÇÃO AUTOMÁTICA. Em conformidade com o estatuído no art. 94, inc. IV, da Lei nº 4.504, de 30.11.64, não se verificando a notificação por parte do arrendador, o contrato considera-se automaticamente renovado. A renovação implica em nova vigência do contrato anterior com todas as suas cláusulas, inclusive quanto ao prazo.

NOTIFICAÇÃO PREMONITÓRIA. REQUISITOS LEGAIS. AUSÊNCIA. Nos termos do art. 22, § 2°, do Decreto n° 59.566/66, o arrendador pode, até o prazo de seis meses antes do vencimento do contrato, por via de notificação, declarar sua intenção de retomar o imóvel para explorá-lo diretamente, ou para cultivo direto e pessoal. Hipótese em que a demandada, dez meses antes do término da prorrogação automática, notificou o arrendatário. Entretanto, silenciou quanto à respectiva motivação, não se admitindo denúncia vazia nas locações destinadas à exploração de área rural. Requisitos legais não observados, na espécie.

Sentença mantida.

APELAÇÃO IMPROVIDA.

APELAÇÃO CÍVEL DÉCIMA CÂMARA CÍVEL

Nº 70051819878 COMARCA DE SANTO ANTÔNIO DA

PATRULHA

ELPIDIA CASTILHOS CARDOSO APELANTE

JOAO CARLOS SILVEIRA PEIXOTO APELADO

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam os Desembargadores integrantes da Décima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em NEGAR PROVIMENTO AO APELO.

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Custas na forma da lei.

Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Senhores DES. JORGE ALBERTO SCHREINER PESTANA (PRESIDENTE) E DES. MARCELO CEZAR MÜLLER.

Porto Alegre, 25 de abril de 2013.

DES. PAULO ROBERTO LESSA FRANZ, Relator.

R E L A T Ó R I O

DES. PAULO ROBERTO LESSA FRANZ (RELATOR)

Adoto o relatório da sentença (fl. 80 e verso), aditando-o, nos termos que seguem.

Sentenciando, o Magistrado singular julgou procedente a demanda, com o seguinte dispositivo, in verbis:

ANTE O EXPOSTO, julgo procedente o pedido formulado por João Carlos Silveira Peixoto em face de Elpídia Castilhos Cardoso, para declarar a ineficácia na notificação expedida pela requerida, devendo o contrato de arrendamento rural permanecer em vigência até 01.03.2013.

Diante da sucumbência, condeno a ré ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios devidos, os quais fixo em R$600,00 (seiscentos reais), com base no art. 20, parágrafo 4o do Código de Processo Civil, suspensa a exigibilidade em razão da AJG (fl. 42).

Com o trânsito em julgado, expeça-se alvará para levantamento pela requerida da quantia depositada à fl. 21.

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Irresignado, a demandada apelou.

Em suas razões (fls.86/90), sustentou que o contrato de arrendamento rural firmado entre as partes era pelo prazo de dois anos, o qual foi renovado automaticamente, em duas oportunidades, quando esgotado os biênios. Reforçou que a notificação premonitória foi remetida dentro do prazo legal, sendo a mesma válida e eficaz. Colacionou jurisprudência e pugnou pelo provimento do apelo ao final.

Opostos embargos de declaração pelo autor (fls.93/94), foram acolhidos, ao efeito de receber o apelo interposto pela ré somente no efeito devolutivo (fl. 95).

Com as contrarrazões (fls.98/99), subiram os autos a esta Corte.

Em petição juntada às fls. 111/115, a parte ré postulou o levantamento dos valores consignados nos autos, o que foi deferido pela decisão das fls. 116/117.

Após a expedição do alvará, vieram-me os autos conclusos para julgamento.

É o relatório.

V O T O S

DES. PAULO ROBERTO LESSA FRANZ (RELATOR) Eminentes Colegas.

Trata-se de apelação interposta por ELPÍDIA CASTILHOS CARDOSO em face da decisão em que, nos autos da ação movida em seu desfavor por JOÃO CARLOS SILVEIRA PEIXOTO, o magistrado singular, reconhecendo ineficácia da notificação de retomada do imóvel expedida pela apelante, julgou procedente a demanda.

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A controvérsia cinge-se ao atendimento ou não dos requisitos legais da notificação extrajudicial encaminhada pela demandada ao autor, noticiando a intenção sobre a retomada do imóvel rural.

Tenho que não prospera a insurgência recursal.

Pois bem, conforme dispõe o artigo 22, § 2° do Decreto-Lei n°

59.566/661, o arrendador pode, até o prazo seis meses antes do vencimento do contrato de arrendamento, por via de notificação (judicial ou extrajudicial – art. 22, § 3°, do Decreto-Lei n° 59.566/66), declarar a sua intenção de retomar o imóvel para explorá-lo diretamente, ou para cultivo direto e pessoal.

No caso em apreço, entendo que a notificação premonitória expedida pela demandada (fl. 36), atendeu o requisito temporal exigido por lei.

Pelo documento de fl. 34, que instrui a contestação – e não impugnado pelo autor – vê-se que o contrato de arrendamento rural foi firmado pelas as partes em 01/03/2005, pelo prazo de dois anos, o qual, ante a ausência de notificação da arrendante de seu interesse em retomar o imóvel, foi prorrogado automaticamente, nos termos do inc. IV do art. 95 da Lei n. 4.504/64:

Art. 95. Quanto ao arrendamento rural, observar-se-ão os seguintes princípios:

1 Art 22. Em igualdade de condições com terceiros, o arrendatário terá preferência à renovação do arrendamento, devendo o arrendador até 6 (seis) meses antes do vencimento do contrato, notificá- lo das propostas recebidas, instruindo a respectiva notificação com cópia autêntica das mesmas (art. 95, IV do Estatuto da Terra).

§ 1º Na ausência de notificação, o contrato considera-se automaticamente renovado, salvo se o arrendatário, nos 30 (trinta) dias seguintes ao do término do prazo para a notificação manifestar sua desistência ou formular nova proposta (art. 95, IV, do Estatuto da Terra).

§ 2º Os direitos assegurados neste artigo, não prevalecerão se, até o prazo 6 (seis meses antes do vencimento do contrato, o arrendador por via de notificação, declarar sua intenção de retomar o imóvel para explorá-lo diretamente, ou para cultivo direto e pessoal, na forma

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(…)

IV - em igualdade de condições com estranhos, o arrendatário terá preferência à renovação do arrendamento, devendo o proprietário, até seis meses antes do vencimento do contrato, fazer-lhe a competente notificação das propostas existentes. Não se verificando a notificação, o contrato considera-se automaticamente renovado, desde que o locatário, nos trinta dias seguintes, não manifeste sua desistência ou formule nova proposta, tudo mediante simples registro de suas declarações no competente Registro de Títulos e Documentos.

Registre-se, neste ponto, que a renovação automática implica em nova vigência do contrato anterior com todas as suas cláusulas, inclusive quanto ao prazo, na forma da lei, não sendo aplicável o lapso trienal de que trata o art. 95, inc. II do Estatuto da Terra, haja vista o prazo contratual, face à renovação tácita, continua a ser determinado.

Esse é o entendimento trazido no seguinte precedente do Superior Tribunal de Justiça:

ARRENDAMENTO RURAL. ALEGAÇÃO DE JULGAMENTO "EXTRA PETITA". PRAZO E PREÇO.

- Limitação imposta pelo julgado, na verdade uma simples observação, que não ofende as regras dos arts. 128, 264 e 460 do CPC.

- Aplicação, por analogia, do art. 16, § 1º, do Dec. nº 59.566, de 14.11.66, quanto à incidência da correção monetária. Inexistência de contrariedade à norma de lei federal. Fundamentos expostos pela decisão recorrida que, de resto, não foram objeto de impugnação por parte dos recorrentes.

- Declarada a ineficácia da notificação dirigida pelos arrendadores ao arrendatário, considera-se o contrato renovado automaticamente. A renovação importa em nova vigência do contrato com todas as suas cláusulas, inclusive a concernente ao prazo, que permanece determinado.

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Recurso especial conhecido, em parte, mas improvido.

(REsp 56067 / PR, STJ, T4 – Quarta Turma, Relator Ministro BARROS MONTEIRO, julg. em 24/08/1999)

E desta Corte:

APELAÇÃO CÍVEL. CONTRATO AGRÁRIO:

ARRENDAMENTO RURAL. RESCISÃO

CONTRATUAL. DESPEJO. PRAZO DETERMINADO.

AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO PRÉVIA.

PRORROGAÇÃO AUTOMÁTICA. Em se tratando de contrato de arrendamento rural com prazo determinado, em não havendo notificação prévia do arrendante, tem-se por prorrogada a avença, consoante disciplinam o inc. IV do art. 95 da Lei n.

4.504/64 e o § 1º do art. 22 do Decreto n. 59.566/66.

Contrato que se renova automaticamente.

Orientação jurisprudencial. INADIMPLEMENTO.

DESPEJO. DESNECESSIDADE DE NOTIFICAÇÃO.

O inc. III do art. 32 do Decreto n. 59.566/66, ao prever a possibilidade de despejo em caso de não pagamento, dispensa a necessidade de prévia notificação acerca da retomada do imóvel, na medida em que o parágrafo único do mencionado dispositivo legal estabelece que o arrendatário poderá evitar a rescisão do contrato e o conseqüente despejo, requerendo, no prazo da contestação da ação de despejo, seja admitido o pagamento do aluguel ou renda e encargos devidos, as custas do processo e os honorários do advogado do arrendador, fixados de plano pelo Juiz. Precedentes jurisprudenciais.

PAGAMENTO DOS VALORES DEVIDOS.

CABIMENTO. Confessado o inadimplemento pelos arrendatários, de serem condenados ao pagamento das quantias devidas a título de arrendamento, as quais vão limitadas aos três últimos anos antes do ingresso da ação, na medida em que incidente, in casu, o disposto no inc. I do § 3º do art. 206 do CC/2002. EXCEÇÃO DE USUCAPIÃO.

DESCABIMENTO. Não há falar em exceção de usucapião quando os apelados passaram a ocupar a área na qualidade de arrendatários. O fato de não terem mais efetuado os pagamentos, aliado à

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posse ad usucapionem, já que nunca a exerceram com o imprescindível animus domini, essencial para a caracterização do usucapião. Apelação parcialmente provida. Unânime. (Apelação Cível Nº 70031151764, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Tasso Caubi Soares Delabary, Julgado em 09/12/2009)

Assim, consoante se verifica dos autos, o contrato de arrendamento foi renovado automaticamente até 01/03/2009, ocasião em que, de forma tácita, foi prorrogado por igual período, até 01/03/2011.

Sendo assim, a notificação expedida pela arrendante/demandada, em 07/05/2010, dez meses antes do exaurimento do prazo contratual, diferentemente do alegado pelo autor, mostra-se tempestiva.

No entanto, examinando o teor do documento de fl. 35, constata-se que a notificação expedida pela demandada não preenche o requisito formal, não se prestando, portanto, para dar ciência ao autor de seu intento em retomar o imóvel rural.

Constou da notificação, verbis: “a usufrutuária abaixo firmada vem, por meio desta, NOTIFICAR a Vossa Senhoria que, em virtude da existência de contrato de arrendamento pecuário por prazo indeterminado, realizado de forma informal, e não tendo interesse em dar continuidade ao mesmo, resolve formalizar a presente a fim de dar prazo e rescindir o arrendamento existente com base na legislação vigente.”

Cediço que ao notificar o arrendatário, a arrendante deve dar- lhe ciência de sua intenção de retomar o imóvel para explorá-lo diretamente, ou para cultivo direto e pessoal, na forma dos artigos 7º e 8º (do Decreto 59.566/66), ou através de descendente seu (art. 95, V, do Estatuto da Terra).

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Portanto, indubitável, que, no caso historiado nos autos, a notificação premonitória não atendeu, em seu aspecto material, às determinações do Decreto-Lei n° 59.566/66, limitando-se a demandada a revelar sua intenção de rescindir o contrato, silenciando, no entanto, quando à motivação para a não renovação do arrendamento.

Nesse sentido, precedentes desta Corte:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONTRATOS AGRÁRIOS. ARRENDAMENTO RURAL. DESPEJO.

ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO VÁLIDA. Tratando-se de arrendamento rural, mostra-se essencial para a retomada do imóvel que tenha havido prévia notificação e que esta seja motivada na intenção de retomar o imóvel para explorá-lo indiretamente, ou para cultivo direto e pessoal, ou por intermédio de descendente. Ausente a motivação, mostra-se irregular a notificação. AGRAVO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO. (Agravo de Instrumento 70043176734, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marilene Bonzanini Bernardi, Julgado em 06/06/2011)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONTRATO

AGRÁRIO. ARRENDAMENTO RURAL.

NOTIFICAÇÃO PREMONITÓRIA. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE RETOMADA.

INEFICÁCIA DA NOTIFICAÇÃO. A determinação de notificação obrigatória do arrendatário ao arrendador quanto à intenção de retomar o imóvel rural objeto do contrato está prevista no artigo 22, parágrafo 2º, do Decreto nº 59.966/66, devendo ocorrer no prazo de seis meses antes do vencimento do contrato sendo imperativo que também venha acompanhada da respectiva motivação, não se admitindo a denúncia vazia.

Hipótese na qual, muito embora cumprido o requisito temporal, a notificação foi irregular porquanto feita desprovida de motivação. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70044565067, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Leonel Pires

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Deste modo, não preenchendo a notificação premonitória os requisitos legais, impõe-se a manutenção da sentença hostilizada.

Por derradeiro, apenas consigno que o entendimento ora esposado não implica ofensa a quaisquer dispositivos, de ordem constitucional ou infraconstitucional, inclusive aqueles invocados pelas partes em suas manifestações no curso do processo.

Ante o exposto, VOTO no sentido NEGAR PROVIMENTO À APELAÇÃO.

DES. MARCELO CEZAR MÜLLER (REVISOR) - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. JORGE ALBERTO SCHREINER PESTANA (PRESIDENTE) - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. JORGE ALBERTO SCHREINER PESTANA - Presidente - Apelação Cível nº 70051819878, Comarca de Santo Antônio da Patrulha: "NEGARAM PROVIMENTO À APELAÇÃO. UNÂNIME."

Julgador(a) de 1º Grau: ROGERIO KOTLINSKY RENNER

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