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Estudo metodológico de caracterização física de resíduos sólidos domiciliar e comercial para o municipio de FortalezaCE

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(1)

AMBIENTAL

MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: SANEAMENTO AMBIENTAL

ESTUDO METODOLÓGICO DE CARACTERIZAÇÃO FÍSICA

DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIAR E COMERCIAL PARA

O MUNICÍPIO DE FORTALEZA - CE

EMERSON RIBEIRO LESSA

(2)

EMERSON RIBEIRO LESSA

ESTUDO METODOLÓGICO DE CARACTERIZAÇÃO FÍSICA

DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIAR E COMERCIAL PARA

O MUNICÍPIO DE FORTALEZA - CE

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Saneamento Ambiental da Universidade Federal do Ceará como requisito parcial para obtenção de grau de Mestre.

Orientador: Prof. Francisco Suetônio Bastos Mota, Doutor

(3)

Esta Dissertação foi submetida como parte dos requisitos necessários para a obtenção do Grau de Mestre em Saneamento Ambiental, outorgado pela Universidade Federal do Ceará, e encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca Central da referida Universidade.

A citação de qualquer trecho desta Dissertação é permitida, desde que seja feita de acordo com as normas da ética científica.

_____________________________________ Emerson Ribeiro Lessa

Dissertação aprovada em Fortaleza/CE, 02 de outubro de 2008.

Examinadores:

________________________________________________ Prof. Francisco Suetônio Bastos Mota (orientador), Doutor

Universidade Federal do Ceará

________________________________________________ Prof. Raimundo Oliveira de Souza, Doutor

Universidade Federal do Ceará

________________________________________________ Prof. Adeildo Cabral da Silva, Doutor

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me proporcionado saúde, discernimento e força para perseverar por mais uma etapa de minha vida.

Este trabalho carrega a marca da solidariedade de dezenas de amigos, colegas, companheiros, parentes, professores, enfim, de pessoas espalhadas por muitas cidades diferentes, que me deram apoio, ajuda, conforto, sustento, sabedoria, e tudo isto em quantidade, talvez, muito maior do que eu merecesse, e pelo simples motivo de acreditarem e apostarem que eu poderia fazer algo interessante e que contribuísse com a construção de um mundo mais justo socialmente e mais equilibrado ambientalmente.

O meu muito obrigado as pessoas que foram os trilhos de minha jornada ao longo dos tempos: à Ana Lúcia (minha querida esposa que tanto amo e muito me incentivou), aos meus pais, Marina e Flávio, por todo o amor e incentivo que me deram durante toda a minha vida, além de todo o esforço que fizeram para me proporcionar a melhor educação possível, e aos meus irmãos Elerson, Flávia e Eduardo.

O meu muito obrigado ao orientador, Prof. Suetônio Mota, pela confiança irrestrita, pela paciência em relação aos prazos e pelo exemplo de intelectualidade comprometida com a transformação da sociedade.

Aos catadores do Jangurussu, os meus mais sinceros agradecimentos, pois vocês são minha principal motivação, fruto deste estudo. Verdadeiras pessoas amigas, humildes, honestas e sinceras a quem devo esta dissertação.

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Ao INSEA por ter proporcionado essa oportunidade de trabalhar em Fortaleza, sem a qual nada disso seria possível.

Aos companheiros da Prefeitura Municipal de Fortaleza, especialmente aos da EMLURB, por terem concedido toda a infra-estrutura necessária, e pela colaboração ao longo do desenvolvimento desta Pesquisa.

Ao companheiro Fernando Saraiva, da Gerência de Logística do Banco do Brasil, que esteve sempre presente nos trabalhos de campo.

A meus colegas de turma, pela atenção e pelo companheirismo com que me receberam e me trataram durante o pouco tempo de convívio, obrigado.

Apesar de ser uma contribuição acadêmica, pontual e limitada, eu não poderia alcançar nem o começo do que alcancei, se não fosse a companhia de todos e de cada um.

(6)

“O que se pretende com o diálogo, em qualquer hipótese (seja em torno de um conhecimento científico e técnico, seja de um conhecimento “experiencial”), é a problematização do próprio conhecimento em sua indiscutível reação com a realidade concreta na qual se gera e sobre a qual incide, para melhor compreendê-la, explicá-la, transformá-la”.

(7)

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS...10

LISTA DE TABELAS...12

LISTA DE SÍMBOLOS...13

LISTA DE ABREVIATURAS...14

RESUMO...15

ABSTRACT...16

1. INTRODUÇÃO...17

2. OBJETIVO...19

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...19

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...20

3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ...20

3.2 CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ...23

3.3 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS (RSU) ...25

3.3.1 Classificação Quanto aos Riscos Potenciais de Contaminação do Meio Ambiente ...25

3.3.2 Classificação Quanto a Fonte Geradora...26

3.3.3 Classificação Quanto à Capacidade de Reaproveitamento ...28

3.4 CARACTERÍSTICAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ...29

3.4.1 Características Físicas ...29

3.4.1.1 Composição gravimétrica ...29

3.4.1.2 Taxa de geração per capita...30

3.4.1.3 Massa específica aparente...30

3.4.1.4 Teor de umidade ...30

3.4.1.5 Compressividade...30

3.4.2 Características Químicas...31

3.4.2.1 Composição Química ...31

3.4.2.2 Potencial Hidrogeniônico (pH)...31

3.4.2.3 Relação Carbono/Nitrogênio (C/N)...31

3.4.2.4 Poder calorífico ...31

3.4.3 Características Biológicas ...32

3.5 IMPACTOS CAUSADOS PELOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS...32

(8)

3.5.2 Impactos Ambientais ...32

3.5.3 Impactos Econômicos...33

3.5.4 Impactos Sociais ...33

3.6 METODOLOGIAS DE CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS...34

3.6.1 Principais Metodologias Nacionais ...36

3.6.1.1 Método da Companhia de Tecnologia em Saneamento Ambiental...36

3.6.1.2 Método de caracterização segundo VELLOSO, MARTINS e CHENNA...37

3.6.1.3 Método da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais...40

3.6.1.4 Método de caracterização segundo LEME e JÓIA...42

3.6.1.5 Método de caracterização segundo LEÃO ...43

3.6.2 Principais Metodologias Internacionais...43

3.6.2.1 Metodologia de Portugal...43

3.6.2.2 Metodologia dos Estados Unidos ...45

3.6.2.3 Método da Associação Européia de Aproveitamento e Reciclagem ...45

3.6.2.4 Método de caracterização segundo MAYSTRE e DUFLON...46

3.6.2.5 Metodologia da França...47

3.6.2.6 Metodologia do Serviço Público de Seattle ...48

3.6.3 Análise das Metodologias...49

4. MATERIAL E MÉTODOS...52

4.1 IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DA PESQUISA ...52

4.2 ESTRATIFICAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA...53

4.2.1 Análise da base territorial ...57

4.3 METODOLOGIA DE CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS...65

4.3.1 Amostragem ...65

4.3.2 Recursos Utilizados...71

4.3.2.1 Recursos humanos...71

4.3.2.2 Recursos materiais...71

4.3.2.3 Programação da caracterização...72

4.4 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS...75

4.4.1 Procedimento para Realizar o Quarteamento das Amostras...78

4.4.2 Procedimento para Realizar a Triagem das Amostras ...80

(9)

4.5 CÁLCULOS DOS PARÂMETROS FÍSICOS ...83

4.5.1 Composição Gravimétrica ...83

4.5.2 Geração Per Capita...84

4.5.3 Massa Específica Aparente ...85

5. RESULTADOS...87

5.1 Composição Gravimétrica ...87

5.2 Taxa de Geração Per Capita...93

5.3 Massa Específica Aparente ...97

6. CONCLUSÕES...99

7. RECOMENDAÇÕES...101

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...102

9. ANEXO A...108

(10)

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1– Método de Quarteamento ...38

Figura 4.1- Identificação e localização da pesquisa ...52

Figura 4.2 - Divisão da cidade por bairros e Regionais – Fortaleza, 2006 ...53

Figura 4.3 - Mapa por estratos sócio-econômicos – Fortaleza, 2006...65

Figura 4.4 - Mapa da freqüência da coleta convencional – Fortaleza, 2006 ...68

Figura 4.5 - Quantidade de estabelecimentos coletados por dia – Fortaleza, 2006..69

Figura 4.6 - Massa de resíduos coletados por dia – Fortaleza, 2006...69

Figura 4.7 - Quantidade de domicílios e resíduos coletados por dia – Fortaleza, 2006 ...70

Figura 4.8 – Mapa das amostras coletadas por bairros e respectivos estratos – Fortaleza, 2006 ...75

Figura 4.9 - Veículos e guarnição utilizados na coleta das amostras – Fortaleza, 2006 ...77

Figura 4.10 - Ambiente de coleta das amostras e contagem dos domicílios – Fortaleza, 2006 ...78

Figura 4.11 - Volume de resíduos sendo descarregado – Fortaleza, 2006...78

Figura 4.12 - Processo de quarteamento ...79

Figura 4.13 - Recipientes para etapa de triagem dos materiais ...80

Figura 4.14 - Etapa de triagem das amostras ...81

Figura 4.15 - Pesagem dos recipientes cheios...81

Figura 5.1 - Valores médios de composição gravimétrica dos resíduos domiciliares de Fortaleza, 2006 ...87

Figura 5.2 – Comportamento do componente Matéria Orgânica Compostável – Fortaleza, 2006 ...88

Figura 5.3 - Comportamento do componente Plástico – Fortaleza, 2006 ...88

Figura 5.4 – Comportamento do componente Papel – Fortaleza, 2006 ...89

Figura 5.5 - Comportamento do componente Metal – Fortaleza, 2006 ...89

Figura 5.6 - Comportamento do componente Vidro – Fortaleza, 2006...90

(11)

Figura 5.9 - Produção de resíduo domiciliar per capita por estrato social – Fortaleza, 2006 ...95 Figura 5.10 - Geração per capita de resíduos sólidos domiciliares em alguns países

...96 Figura 5.11 - Valores Médios, por Estrato, da Massa Específica Aparente –

Fortaleza, 2006 ...97 Figura 5.12 - Valores Médios, por Estrato, da Massa Específica Aparente do

(12)

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 - Classificação dos resíduos sólidos segundo a sua origem ...27 Tabela 3.2 - Classificação dos Resíduos Sólidos em Componentes Putrescíveis, Recicláveis e Combustíveis...28 Tabela 4.1- Critério de renda para o estabelecimento dos estratos sócio-econômicos

...56 Tabela 4.2 - População residente por estrato sócio-econômico...57 Tabela 4.3- Estratificação sócio-econômica por bairros da Regional I – Fortaleza/CE, 2000 ...60 Tabela 4.4 - Estratificação sócio-econômica por bairros da Regional II –

Fortaleza/CE, 2000 ...60 Tabela 4.5 - Estratificação sócio-econômica por bairros da Regional III –

Fortaleza/CE, 2000 ...61 Tabela 4.6 - Estratificação sócio-econômica por bairros da Regional IV –

Fortaleza/CE, 2000 ...62 Tabela 4.7 - Estratificação sócio-econômica por bairros da Regional V –

Fortaleza/CE, 2000 ...62 Tabela 4.8 - Estratificação sócio-econômica por bairros da Regional VI –

Fortaleza/CE, 2000 ...63 Tabela 4.9 - Amostragem estratificada proporcional por regional ...66 Tabela 4.10 - Amostragem estratificada proporcional por estrato sócio-econômico .67 Tabela 4.11 - Programação da coleta das amostras...74 Tabela 5.1 - Composição Gravimétrica dos Resíduos Sólidos Domiciliares e

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LISTA DE SÍMBOLOS

G - Geração per capita por estrato sócio-econômico;

K - porcentagem média do componente nos resíduos (%); Ki - porcentagem em massa total do componente i na amostra; MC - soma das massas dos recipientes cheios (kg);

MC(i) - massa total dos recipientes cheios do componente i (kg); ML - soma do peso líquido das amostras (kg);

ML(i) - massa total do componente i;

MV - soma dos volumes dos recipientes vazios (kg);

MV(i) - massa total dos recipientes vazios do componente i (kg); n - número de amostras analisadas na campanha de caracterização;

P(i) – população que gerou aquela massa de resíduos (domicílios coletados x n° médio de habitantes por domicílio, dado IBGE;

V - soma dos volumes dos recipientes (m3);

γi - valores de massa específica aparente obtidas nas várias amostras por estrato; γm - valor médio da massa específica aparente dos resíduos sólidos urbanos

(14)

LISTA DE ABREVIATURAS

ABA - Associação Brasileira de Anunciantes

ABIPEME - Associação Brasileira dos Institutos de Pesquisa de Mercado ASMT - American Standard Methods

C/N – Carbono / Nitrogênio

CEFET/CE - Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará CEMPRE - Compromisso Empresarial para Reciclagem

CETEC - Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais

CETESB - Companhia de Tecnologia em Saneamento Ambiental DGQA - Direção Geral da Qualidade do Ambiente

ECOFOR – Empresa de Coleta de Resíduos de Fortaleza EMLURB - Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização EPA - Environmental Protection Agency

ERRA - European Recovery and Recycling Association Hab - Habitantes

IBAM - Instituto Brasileiro de Administração Municipal IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas

kg - Quilograma

OPS - Organização Pan-Americana da Saúde PEAD - Polietileno de Alta Densidade

PEBD - Polietileno de Baixa Densidade PET - Polietileno Tereftalato

PNSB - Pesquisa Nacional sobre Saneamento Básico PP - Polipropileno

PVC - Policloreto Cloreto de Vinila RPU - Resíduo Público

RDO - Resíduo Sólido Domiciliar RSU - Resíduo Sólido Urbano

SER - Secretarias Executivas Regionais SPU - Serviço Público de Seattle

(15)

RESUMO

Observa-se que a qualidade de vida da população está diretamente relacionada com a renda, pois em uma economia de mercado, como é o caso de Fortaleza/CE, existem componentes essenciais para o bem-estar das famílias que dependem de

sua capacidade de comprar produtos, tais como alimentos, vestuário, etc. O

presente estudo visa à determinação de uma metodologia compatível com a realidade local da cidade de Fortaleza/CE, para o levantamento de parâmetros físicos, a saber: taxa de geração per capita, composição gravimétrica e massa

específica aparente, de resíduos sólidos com características domiciliar e comercial.

A análise da qualidade e quantidade dos resíduos gerados pelos domicílios e

comércios da cidade pautou-se na correlação com os indicadores de renda. Esta

pesquisa fornece dados prioritários e de extrema importância no planejamento e

implementação de planos e programas relativos ao gerenciamento ou prestação dos

serviços de resíduos sólidos domiciliares e comerciais, podendo-se concluir que a

geração de resíduos guarda uma relação direta com os padrões de consumo de

uma sociedade. Na pesquisa, foram obtidos os seguintes dados para Fortaleza: produção per capita média de resíduos domiciliares: 0,74 kg/hab/dia; massa

específica aparente média: 218 kg/m3; cerca de metade dos resíduos domiciliares é composta por matéria orgânica compostável (50,3 %).

Palavras-chave: Caracterização de resíduos, composição gravimétrica, taxa de

geração per capita, massa específica aparente, resíduos sólidos domiciliares e

(16)

ABSTRACT

It can be observed that life quality of the population is directly related to income since in market economies there are essential components for the well being of families which depend from families ability to purchase products such as food, clothing etc. The present study is concerned with the determination of a methodology compatible with the reality of Fortaleza/CE, for the gathering of physical parameters of commercial and household wastes such as: production per capita, waste composition expressed in % of total weight of sample; waste density. The analysis of quality and quantity of the household and commercial wastes generated in Fortaleza is correlated to income indicators. This research provides important data for the design and implementation of plans and programmes of waste management and for the provision of services of household and commercial solid wastes. It can be concluded that generation of waste is directly related to the consumption standards of a society. The research obtained the following data for Fortaleza: per capita production of household wastes: 0,74 kg/hab/day; mass density: 218 kg/m3; around half of the household wastes is organic matter subject to composting (50,3%).

(17)

1. INTRODUÇÃO

No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2000), a geração de resíduos sólidos urbanos era da ordem de 125.000 toneladas por dia. A coleta e a destinação final dos resíduos em diversos municípios ainda são questões nevrálgicas, sendo que uma boa parcela dos resíduos não são sequer coletados e grande parte dos resíduos coletados são dispostos inadequadamente a céu aberto ou em cursos de água.

Segundo Organização Pan-Americana da Saúde (OPS, 2005) incluem-se nos resíduos sólidos urbanos os resíduos provenientes das atividades residencial, comercial, institucional, industrial (pequena indústria e artesanato), varrição e limpeza de áreas públicas, cuja gestão é de responsabilidade das autoridades municipais. Os resíduos domiciliares são os gerados nos domicílios e constituem aproximadamente entre 50 e 75% dos resíduos sólidos urbanos.

As mudanças nos padrões de consumo, com o conseqüente consumo de produtos menos duráveis, os avanços tecnológicos, aliados às aglomerações humanas em grandes centros urbanos, grande parte da população brasileira (81%) concentrada em áreas urbanas, têm provocado um aumento substancial na geração de resíduos, especialmente nas maiores cidades. Em um mesmo município a composição dos resíduos pode apresentar resultados bastante diferentes em determinadas áreas, em função de níveis sócio-econômicos distintos, fatores de sazonalidade e, também, tipo de ocupação dominante na área de origem (turismo, comércio, etc).

Em geral, a geração e composição de resíduos sólidos urbanos em um município estão relacionadas com o tamanho da cidade e o nível de renda da população, sendo observado que em municípios com maior renda per capita a

(18)

Segundo a Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC, 2006), na maioria dos municípios brasileiros os sistemas de limpeza urbana apresentam-se, em geral, em más condições de operação, sem planejamento e controle de custos, por falta de recursos de toda ordem, além das restrições gerenciais das prefeituras que, freqüentemente, não contam com profissionais especializados para planejar, dimensionar e operar o setor com maior racionalidade técnica e econômica.

A questão dos resíduos sólidos urbanos constitui fontes de preocupações e grandes desafios aos gestores públicos, pois exige dos municípios medidas urgentes e adequadas para gerenciá-los, objetivando minimizar, assim, os impactos sociais e ambientais.

Em geral, os serviços de limpeza absorvem entre 7% e 15% dos recursos de um orçamento municipal, dos quais cerca de 50% são destinados à coleta e ao transporte de lixo. É chamada atenção para o fato de que um bom gerenciamento desses serviços, que estão entre os de maior visibilidade, representa boa aceitação da administração municipal por parte da população. Adicionalmente, a sua otimização leva a uma economia significativa dos recursos públicos (IPT, 1995 apud

CARVALHO, 2001).

(19)

2. OBJETIVO

O objetivo do presente estudo foi a caracterização qualitativa e quantitativa dos resíduos sólidos urbanos com características domiciliar e comercial, gerados no município de Fortaleza/CE, por meio da estratificação sócio-econômica da população.

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Obter as características físicas dos resíduos sólidos urbanos para determinação dos valores de contribuição de resíduos domiciliares per capita (kg/habitante/dia), de massa específica aparente (kg/m³) e dos

percentuais da composição gravimétrica dos resíduos domiciliares e comerciais (matéria orgânica, materiais recicláveis e rejeitos);

• Apresentar uma metodologia de amostragem proporcional estratificada para a cidade de Fortaleza/CE, utilizando como critério principal o diagnóstico sócio-econômico do IBGE (2000), por meio do software

Estatcart;

• Apresentar os resultados de caracterização física dos resíduos sólidos domiciliares e comerciais produzidos em Fortaleza e determinados a partir de emprego da metodologia proposta;

(20)

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Em termos genéricos, segundo D’Almeida (2000), denomina-se resíduo sólido urbano ou lixo sólido urbano o conjunto de detritos gerados em decorrência das atividades humanas nos aglomerados urbanos. Incluem-se aí os resíduos domiciliares, os originados nos estabelecimentos comerciais, industriais e de prestação de serviços, os decorrentes dos serviços de limpeza pública urbana, aqueles oriundos dos estabelecimentos de saúde (sépticos e assépticos), os entulhos de construção civil e os gerados nos terminais rodoviários, ferroviários, portos e aeroportos.

De acordo com Brasil (2006), resíduos sólidos são produzidos em edificações residenciais, em estabelecimentos e logradouros públicos, comércio em geral e os resultantes dos serviços públicos de manejo de resíduos sólidos, sempre que não sejam considerados em legislação específica como resíduo especial ou diferenciado.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2004) define resíduos sólidos como:

[...] resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividade de origem industrial, doméstica, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes dos sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis face à melhor tecnologia disponível (NBR 10.004/04).

Para efeito desta dissertação será adotada a definição da ABNT.

(21)

Os resíduos sólidos [...] compreendem todos os restos domésticos e resíduos não perigosos, tais como os resíduos comerciais e institucionais, o lixo da rua e os entulhos de construção. Em alguns países, o sistema de gestão dos resíduos sólidos também se ocupa dos resíduos humanos, tais como excrementos, cinzas de incineradores, sedimentos de fossas sépticas e de instalações de tratamento de esgoto. Se manifestarem características perigosas, esses resíduos devem ser tratados como resíduos perigosos.

(CNUMAD, 1997 apud AGUIAR e PHILIPPI JR, 2004).

Resíduo Sólido Domiciliar (RDO) é aquele originado na vida diária das residências, constituído por restos de alimentos (casca de frutas, verduras, sobras, entre outros), produtos deteriorados, jornais e revistas, garrafas, embalagens em geral, papel higiênico, fraldas descartáveis e uma grande diversidade de outros itens, inclusive alguns resíduos potencialmente perigosos como materiais para jardinagem, repelentes, inseticidas, assim como pilhas e lâmpadas fluorescentes. (D’ALMEIDA; VILHENA, 2000).

Resíduo Público (RPU) é considerado aquele originado dos serviços de limpeza pública urbana, incluindo-se todos os resíduos de varrição das vias públicas, limpeza de galerias, terrenos, restos de podas de árvores, corpos de animais, além de limpeza de áreas de feiras livres cujo resíduo é constituído por restos vegetais diversos, embalagens etc. (INSTITUTO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL, 2001).

Limpeza urbana é o conjunto de atividades que tem o objetivo de manter a cidade limpa, afastando os materiais que possam causar incômodos e problemas de saúde pública (PHILIPPI JR., 2005).

Mais importante que a própria definição, é saber o que fazer com os resíduos. Segundo a abordagem de White et al. (1993), uma solução básica para um resíduo

(22)

O processo de análise dos resíduos para se conhecer as suas características é chamado caracterização dos resíduos.

Gerenciamento integrado de resíduos sólidos é a atividade referente à tomada de decisões estratégicas quando do desenvolvimento, implementação e operação das ações definidas no Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, da fiscalização e do controle dos serviços de manejo dos resíduos sólidos. (BRASIL, 2006).

De acordo com Schall (1992 apud MILANEZ, 2002), a visão moderna da

gestão dos resíduos sólidos urbanos consiste no abandono do paradigma da disposição de resíduos, onde os mesmos são vistos como uma massa uniforme, que deve ser coletada, compactada e enterrada ou queimada, pela adoção de uma visão de que os resíduos sólidos são compostos de diferentes materiais que, dependendo de suas características físicas, químicas e biológicas, e de seu valor econômico, devem ser manejados mediante diferentes processos. O autor comenta ainda que, provavelmente, o conceito de gestão integrada dos resíduos sólidos originou-se de uma das possíveis traduções do termo solid waste management, que se refere a um

conjunto de procedimentos para manejar o fluxo de resíduos sólidos municipais, causando o menor impacto possível sobre a saúde humana e ambiental. Como estratégia para o solid waste management, são citadas a redução na fonte (incluindo

reuso), reciclagem de materiais (incluindo compostagem), combustão (com recuperação de energia) e disposição final. O conceito americano leva em conta a etapa de geração, atribuindo a sua incorporação como a principal distinção entre as visões tradicional e moderna de gerir os resíduos.

(23)

econômicas dos cidadãos e as peculiaridades demográficas, climáticas e urbanísticas locais.

3.2 CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Do ponto de vista histórico, segundo Dias (2000 apud JUNKES, 2002), o lixo

surgiu no dia em que os homens passaram a viver em grupos, fixando-se em determinados lugares e abandonando os hábitos de andar de lugar em lugar à procura de alimentos ou pastoreando rebanhos. A partir daí, processos para eliminação do lixo passaram a ser motivo de preocupação, embora as soluções visassem unicamente transferir os resíduos produzidos para locais afastados das aglomerações humanas primitivas.

A partir da revolução industrial, com a consolidação do capitalismo, sistema sócio-econômico dominante, os resíduos sólidos passaram a constituir um problema em todos os quadrantes do mundo.

No Brasil, o serviço sistemático de limpeza urbana foi iniciado oficialmente em 25 de novembro de 1880, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, então capital do Império. Nesse dia, o Imperador D. Pedro II assinou o Decreto nº 3.024, aprovando o contrato de “limpeza e irrigação” da cidade, que foi executado por Aleixo Gary e, mais tarde, por Luciano Francisco Gary, cujo sobrenome originou a palavra gari, que hoje denomina os trabalhadores da limpeza urbana em muitas cidades brasileiras, conforme o Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos do IBAM (2001).

(24)

atendimento, a redução do percentual da malha urbana atendida pelo serviço de coleta e o seu abandono em locais inadequados. Equacionar o desequilíbrio entre o incremento de resíduos e as escassas possibilidades de dispô-lo corretamente, sem agredir a saúde humana e sem causar riscos ao meio ambiente é o grande desafio que se impõe segundo o mesmo autor.

Segundo Reichert (1999), o correto manejo dos resíduos sólidos é certamente um dos principais desafios dos centros urbanos neste início de milênio. Soluções isoladas e estanques que não contemplam a questão dos resíduos desde o momento de sua geração até a destinação final, passando pelo seu tratamento, mesmo sendo boas a princípio, não conseguem resolver o problema como um todo.

O Diagnóstico Analítico da Situação da Gestão Municipal dos Resíduos Sólidos no Brasil, realizado pela Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, do Ministério das Cidades, em julho de 2003, analisa comparativamente os números apresentados pela Pesquisa Nacional sobre Saneamento Básico (PNSB), de 1989 e de 2000: "Deve-se notar que houve um aumento significativo na quantidade de lixo coletada, em parte decorrente do aumento dos índices de coleta e em parte decorrente de mudanças nos padrões de consumo - se consome, por exemplo, muito mais embalagens e produtos descartáveis atualmente do que há dez anos. A massa de lixo coletada se ampliou de 100 mil toneladas em 1989 para 154 mil toneladas em 2000 - um crescimento de 54%, enquanto entre 1991 e 2000 a população cresceu 15,6%”.

(25)

favorável: 63,6% utilizam lixões e 32,2%, aterros (13,8% aterros sanitários e 18,4% aterros controlados), sendo que 5% não informaram a destinação de seus resíduos. Em 1989, a PNSB mostrava que o percentual de municípios que davam destino aos seus resíduos de forma adequada era de apenas 10,7%.

3.3 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS (RSU)

A variedade de constituintes com características diferenciadas que compõem os RSU demandam classificações de várias maneiras tendo, cada uma, objetivos específicos. Sendo assim, as mais comuns são quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente, quanto à fonte geradora e quanto à capacidade de reaproveitamento.

3.3.1 Classificação Quanto aos Riscos Potenciais de Contaminação do Meio Ambiente

A ABNT, em sua norma NBR 10.004/2004, classifica os resíduos sólidos em função de sua periculosidade química e biológica. São divididos em classes I – resíduos perigosos - classe II - resíduos não perigosos, subdivididos em A, não inertes e em B, inertes.

Classe I - perigosos: são aqueles que, em função de suas características intrínsecas de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade, apresentam riscos à saúde pública através do aumento da mortalidade ou da morbidade, ou ainda provocam efeitos adversos ao meio ambiente quando manuseados ou dispostos de forma inadequada.

Exemplos: borras de tinta, lodo de galvanoplastia, resíduos de serviços de saúde (RSS), solventes, substâncias cloradas e contendo metais pesados, etc.

(26)

Subclasse IIA - não inertes: são os resíduos que podem apresentar características de combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade, com possibilidade de acarretar riscos à saúde ou ao meio ambiente, não se enquadrando nas classificações de resíduos classe I – perigosos ou subclasse IIB – inertes.

Exemplo: lixo domiciliar urbano (doméstico e comercial), sucata de metais ferrosos e não ferrosos, papel, plástico, borracha, madeira, materiais têxteis, etc.

Subclasse IIB - inertes: são aqueles que, por suas características intrínsecas, não oferecem riscos à saúde e ao meio ambiente, e que, quando amostrados de forma representativa, segundo a norma NBR 10.007, e submetidos a um contato estático ou dinâmico com água deionizada, à temperatura ambiente, conforme teste de solubilidade segundo a norma NBR 10.006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água, excetuando-se os padrões de aspecto, cor, turbidez e sabor.

Exemplo: cacos de vidro, resíduos de construção e demolição, refratários, etc.

3.3.2 Classificação Quanto a Fonte Geradora

De acordo com a fonte geradora, as características básicas dos resíduos sólidos gerados podem ser classificadas como domiciliar, comercial, industrial, de atividades públicas, de vias públicas e de serviço de saúde.

Tchobanoglous et al. (1993), propõe uma classificação mais detalhada dos

(27)

Tabela 3.1 - Classificação dos resíduos sólidos segundo a sua origem

Fonte Unidades típicas, atividades ou localização de geração

Tipos de Resíduos Sólidos

Residência

Família simples e várias famílias em residências

independentes e

apartamentos.

Resíduos de alimentos, papel, papelão, plásticos, tecidos, couros, resíduos de jardinagem e poda, madeira, vidro, latas, cinzas, resíduos de varrição, resíduos especiais (itens

volumosos, artigos eletrônicos,

baterias, pneus e óleos), resíduos sólidos perigosos.

Comércio

Lojas, restaurantes,

mercados, escritórios,

hotéis, motéis, lojas de

impressão, serviços

mecânicos, etc.

Papel, papelão, plásticos, madeira, resíduos de alimentos, vidro, metal, resíduos especiais (veja acima), resíduos perigosos, etc.

Instituições Escolar, hospitalar, prisões, centros governamentais.

Papel, papelão, plásticos, madeira, resíduos de alimentos, vidro, metal, resíduos especiais (veja acima), resíduos perigosos, etc.

Construção e Demolição

Áreas de novas

construções,

recuperação/renovação de

estradas, entulhos de

pavimentação.

Madeira, aço, concreto, poeira, etc.

Serviços Municipais

(exceto unidades de tratamento)

Varrição, limpeza de boca de lobo, parques e praias, outras áreas de recreação.

Resíduos especiais, refugos,

resíduos de varrição, podas de árvores e de parques em geral, praias e áreas de recreação.

Unidades de tratamento; incineradores municipais

Processos de tratamento de água, efluentes e resíduos industriais.

Resíduos das unidades de

tratamento, principalmente

compostos por lodos residuais.

Município Todos anteriormente. os citados Todos os citados anteriormente.

Indústria

Construção, fabricação,

indústrias pesadas e leves,

refinarias, unidades

geradoras de energia,

demolições, etc.

Resíduos de processo industrial, sucata etc. Resíduos não industriais, incluindo alimentos, refugos, cinzas, resíduos de demolição e construção,

resíduos especiais, resíduos

perigosos.

Agricultura Colheita, pomares, videiras, leiterias, fazendas, etc. Resíduos de alimentos estragados, resíduos de agricultura, refugos,

resíduos perigosos.

(28)

3.3.3 Classificação Quanto à Capacidade de Reaproveitamento

De acordo com o Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE, 2000) e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT, 2000), o lixo urbano é constituído por diferentes frações que podem ser classificadas em putrescíveis, recicláveis e combustíveis, conforme apresentado na Tabela 3.2.

Tabela 3.2 - Classificação dos Resíduos Sólidos em Componentes Putrescíveis, Recicláveis e Combustíveis.

Componentes Putrescível Reciclável Combustível

Borracha X X

Couro X X

Madeira X X X

Matéria Orgânica Putrescível X

Metais Ferrosos X

Metais Não-Ferrosos X

Papel X X X

Papelão X X X

Plástico Duro X X

Plástico Filme X X

Trapos X X

Vidro X

Fonte: CEMPRE/IPT, 2000.

(29)

3.4 CARACTERÍSTICAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Para equacionar corretamente o serviço de limpeza pública, é necessário conhecer as características dos resíduos, que são variáveis conforme a cidade. Esta variabilidade ocorre em função de fatores como, por exemplo, a atividade dominante (industrial, comercial, turística etc.), os hábitos e costumes da população (principalmente quanto à alimentação), o clima, a renda, etc.

Estas variações acontecem mesmo dentro de uma cidade, de acordo com o bairro considerado e também podem se modificar durante o decorrer do ano ou de ano para ano, tornando necessários levantamentos periódicos para atualização de dados.

As características dos resíduos podem ser divididas em físicas, químicas e biológicas. Para efeito deste trabalho, serão estudadas apenas as características físicas dos resíduos sólidos urbanos referentes aos parâmetros de composição gravimétrica, massa específica aparente e geração per capita, pois são estes os

principais parâmetros que influenciam diretamente no planejamento e dimensionamento do sistema de limpeza urbana de um município.

3.4.1 Características Físicas

3.4.1.1 Composição gravimétrica

(30)

3.4.1.2 Taxa de geração per capita

É a massa de resíduos sólidos produzida por uma pessoa em um dia (kg/habitante/dia). Para efeito deste estudo, serão computados ao parâmetro de geração per capita somente os resíduos oriundos de domicílios, portanto, ficam

excluídos os resíduos públicos, resíduos da construção e demolição e resíduos do serviço de saúde, etc.

3.4.1.3 Massa específica aparente

É a razão entre a massa de resíduos solta e o volume dos resíduos ocupado livremente, sem qualquer compactação, geralmente expressa em kg/m3. É um dado fundamental para o dimensionamento de equipamentos e instalações.

3.4.1.4 Teor de umidade

Compreende a quantidade de água existente na massa dos resíduos sólidos, medida em percentual da sua massa. Este parâmetro se altera em função das estações do ano e da incidência de chuvas, podendo-se estimar um teor de umidade variando em torno de 40 a 60%.

3.4.1.5 Compressividade

(31)

3.4.2 Características Químicas

3.4.2.1 Composição Química

Determina os teores de cinzas, matéria orgânica, carbono, nitrogênio, potássio, cálcio, fósforo e gorduras. É importante para processos de transformação do resíduo em composto orgânico que serve como adubo;

3.4.2.2 Potencial Hidrogeniônico (pH)

É o teor de alcalinidade ou acidez da massa de resíduos. Característica também importante no controle e produção e aplicação de compostos orgânicos. Em geral, situa-se na faixa de 5 a 7.

3.4.2.3 Relação Carbono/Nitrogênio (C/N)

Relação carbono/nitrogênio ou C/N indica o grau de degradação da matéria orgânica e é um dos parâmetros básicos nos processos de tratamento/disposição. Em geral, esta relação encontra-se na ordem de 35/1 a 20/1;

3.4.2.4 Poder calorífico

(32)

3.4.3 Características Biológicas

É o estudo da população microbiana e dos agentes patogênicos presentes nos resíduos sólidos urbanos.

3.5 IMPACTOS CAUSADOS PELOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Segundo Pereira (1999), os impactos gerados pela ausência ou ineficiência do manejo do resíduo urbano são bastante variados e envolvem aspectos sanitários, ambientais, econômicos e sociais.

3.5.1 Impactos Sanitários

São mais contundentes junto às populações, gerando as chamadas doenças de saúde pública. Sabe-se que o lixo urbano é veiculador de doenças, propriedade que se torna mais intensa face à proliferação dos vetores biológicos (moscas, mosquitos, baratas, ratos) transmissores de bactérias e fungos de características patogênicas. O excesso de matéria orgânica (frutas, legumes, alimentos) presente no lixo urbano constitui-se em habitat ideal para proliferação desses vetores, fato

que aliado ao alto índice de desnutrição da população pobre do país tem produzido conseqüências danosas, principalmente à população infantil. Dentre as doenças mais comuns associadas à falta de saneamento do lixo podem ser citadas a febre tifóide e paratifóide, a salmonelose, a giardíase, a ascaridíase e uma série de doenças intestinais, além da cólera, dengue e leptospirose.

3.5.2 Impactos Ambientais

(33)

substâncias químicas, as quais não são retiradas nem mesmo pelos sistemas de tratamento de águas usuais no Brasil.

3.5.3 Impactos Econômicos

Oriundos da falta de tratamento adequado de lixo urbano são perfeitamente visíveis, quando considerados os gastos inúteis com tratamentos de saúde para a população carente e, esta voltará a se contaminar se não tiver melhorias efetivas do seu estado nutricional, caso o lixão da área onde moram não seja erradicado. Há também que considerar os custos requeridos para implementar a desativação de lixões e demais áreas de despejos clandestinos de resíduos sólidos urbanos. Em segundo plano se tem prejuízo devido à diminuição da produtividade do homem, provocada pelas doenças e suas reincidências. Outro problema bastante comum é a desvalorização das terras próximas às áreas dos lixões, assim como a conseqüente redução de investimentos imobiliários.

3.5.4 Impactos Sociais

Como registra Dias, S.M (2002), a recuperação de materiais a partir do lixo é uma atividade milenar. Enquanto, no passado, o impacto da atividade de catação pode ter se restringido ao ambiente físico e cultural das vilas e cidades, na sociedade contemporânea a complexidade da questão dos resíduos sólidos vem colocando a recuperação de materiais como fundamental sob o ponto de vista econômico, social e ambiental. A constituição dos catadores em sujeitos sociais, em sujeitos de direitos, se dá a partir do momento em que os mesmos conseguem se organizar, conseguem se aglutinar em torno de associações e/ou cooperativas, tal como aconteceu em Belo Horizonte, Porto Alegre e São Paulo nos fins da década de 1980.

(34)

sentido de ordenar a questão dos resíduos sólidos já foram realizadas. Para os municípios recaem os planos de gerenciamento integrado e a gestão do lixo municipal.

3.6 METODOLOGIAS DE CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DOS RESÍDUOS

SÓLIDOS

No presente estudo o termo caracterização de resíduos sempre estará relacionado a resíduos sólidos urbanos com características domiciliares e comerciais, não se pretendendo, portanto, a caracterização dos resíduos públicos.

Para iniciar um projeto que envolva coleta, reciclagem e/ou tratamento, é importante avaliar de forma qualitativa e quantitativa o perfil dos resíduos sólidos gerados em diferentes pontos da região em questão. A partir dessa análise, é possível a identificação de alterações do perfil dos resíduos num mesmo município, devido às variações em atividades econômicas, níveis sociais, questões culturais, entre outros.

Dos grupos de características dos resíduos (físicas, químicas e biológicas), o mais importante é o das características físicas, uma vez que, sem seu conhecimento, é praticamente impossível se efetuar a gestão adequada dos serviços de limpeza urbana, bem como a implantação da coleta diferenciada.

De acordo com a NBR 10.004 (ABNT, 2004a), os resíduos sólidos podem ser caracterizados fisicamente por:

• Geração per capita;

• Composição gravimétrica; • Peso específico aparente; • Teor de umidade;

(35)

Destes, os três primeiros têm fundamental importância para o planejamento da implantação da coleta diferenciada e seu estudo facilita e fornece credibilidade ao planejamento desse sistema.

É importante considerar, ao se realizar a caracterização física dos resíduos sólidos domiciliares e comerciais, que estes podem variar suas características ao longo do seu percurso, até seu destino final, bem como ao longo do tempo. Antes de iniciar a caracterização, faz-se necessária a realização de um estudo detalhado sobre o sistema de limpeza pública do município em questão. Tal estudo busca conhecer o número de setores de coleta, freqüência da coleta, características dos veículos coletores, distância dos locais de tratamento e de disposição final e quantidade de resíduos gerada.

A partir desses dados, é possível definir o número total de amostras para caracterizar fisicamente os resíduos sólidos. O local em que as amostras deverão ser coletadas será determinado pelo objetivo da análise. Por exemplo, se o objetivo for o dimensionamento da frota, a amostragem deverá ser executada como o resíduo se apresenta para a coleta, em suas condições naturais. Caso a análise vise à obtenção do parâmetro químico do poder calorífico, a amostra poderá ser coletada após a chegada dos caminhões no aterro sanitário.

Caso não seja possível a amostragem em todos os setores de coleta existentes, o que se faz é agrupá-los, utilizando-se fatores tais como características das edificações, densidade populacional, poder aquisitivo, costumes da população e tipo de acondicionamento dos resíduos.

Definido o número de amostras e os pontos de amostragem, inicia-se a amostragem propriamente dita.

(36)

3.6.1 Principais Metodologias Nacionais

3.6.1.1 Método da Companhia de Tecnologia em Saneamento Ambiental

Para analisar a composição física dos resíduos sólidos, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental - CETESB (1990 apud D’ALMEIDA;

VILHENA, 2000) recomenda o procedimento de amostragem descrito em seguida. 1) Descarregar o caminhão ou caminhões no local previamente escolhido

(pátio pavimentado ou coberto por lona);

2) Coletar quatro amostras de 100 litros cada (utilizar tambores), três na base e laterais e uma no topo da pilha resultante da descarga. Antes da coleta, procede-se o rompimento dos receptáculos (sacos plásticos, em geral) e faz-se a homogeneização, o máximo possível, dos resíduos nas partes a serem amostradas. Deve-se, ainda, considerar os materiais rolados (latas, vidros, etc.). Caso a quantidade inicial de lixo seja pequena (menos que 1,5 t), recomenda-se que todo material seja utilizado como amostra;

3) Pesar os resíduos coletados;

4) Dispor os resíduos coletados sobre uma lona. Este material constitui a amostra, a ser utilizada para a análise da composição física dos resíduos.

Tal procedimento utiliza o método do quarteamento, que segundo a NBR 10007 (ABNT, 2004d) consiste em um “processo de divisão em quatro partes iguais de uma amostra pré-homogeneizada, sendo tomadas duas partes opostas entre si para constituir uma nova amostra e descartadas as partes restantes. As partes não descartadas são misturadas totalmente e o processo de quarteamento é repetido até que se obtenha o volume desejado”. Ainda, de acordo com essa norma, como existe risco à saúde do trabalhador, é necessário o uso de equipamentos de proteção individual (EPI).

(37)

papel/papelão, matéria orgânica, metais ferrosos, metais não ferrosos. Separados os materiais, eles são pesados por classes e calculam-se, posteriormente, as porcentagens individuais.

3.6.1.2 Método de caracterização segundo VELLOSO, MARTINS e CHENNA

Para a caracterização qualitativa e quantitativa dos RSU em cidade de porte médio, Velloso, Martins e Chenna (s/d) propõem que a pesquisa seja realizada em três fases, correspondendo, no Brasil, às estações: chuvosa (novembro/março); fria (abril/julho); e quente/seca (agosto/outubro). Em cada fase, deverão ser realizados os seguintes procedimentos:

1) Coletar e analisar, no mínimo, quatro amostras de, aproximadamente, 7m³ cada, recolhidas, respectivamente, no centro comercial e em bairros predominantemente residenciais de população operária, de classe média (comerciários, funcionários, prestadores de serviço autônomo, etc.) e média-alta (comerciantes, profissionais autônomos de nível superior, industriais, etc.), bairros estes a serem previamente identificados e selecionados de comum acordo com a equipe da Prefeitura;

2) Antes de iniciar a coleta das amostras, a tara do caminhão deverá ser aferida e devidamente registrada em formulário próprio, através de sua pesagem na mesma balança a ser utilizada durante a realização dos trabalhos, sem nenhuma carga e, inclusive, sem o motorista e os ajudantes;

3) Ao completar-se a coleta da amostra, o caminhão deverá ser coberto com lona, de modo a impedir o derramamento de resíduos nas vias públicas, e dirigir-se para pesagem;

4) Após a pesagem, o caminhão deverá dirigir-se imediatamente para o local definido para a realização da triagem, para descarga dos resíduos coletados;

(38)

novamente, revolvê-los conjuntamente, procedendo-se, em seguida, a novo quarteamento;

6) Depois desse procedimento, desensacar e revolver os resíduos componentes de cada quartil, com auxílio de pás, enxadas e gadanhos. Feito isto, novamente os quartis devem ser mesclados entre si, dois a dois e conjuntamente, logo após se deverá proceder o quarteamento final. 7) Selecionar, dois quartis opostos (1 e 4; ou 2 e 3) para a etapa de triagem (qualitativa) e classificação (quanti-qualitativa). Descartar os dois quartis não selecionados, Figura 3.1;

8) Feita a triagem e a classificação dos materiais dos dois quartis selecionados, (conforme os grupos e tipos discriminados no formulário, pesar os materiais com uso de balança, após sua deposição nos tambores);

9) Todas as atividades supracitadas devem ser acompanhadas por um coordenador da equipe de campo, profissional este que deverá se incumbir do lançamento dos dados da caracterização dos resíduos no formulário próprio;

10) Os trechos de bairros abrangidos diretamente pela pesquisa, isto é, correspondentes às amostras de RSU coletadas em cada fase da pesquisa, deverão ser descritos quanto às suas características populacionais e sócio-econômicas;

Fonte: Velloso, Martins e Chenna (s/d)

Figura 3.1– Método de Quarteamento

Q.1

Q.3

Q.2

Q.4

Q.3

Q.4 Q.2

(39)

Na caracterização populacional deverão ser estabelecidas:

• População residente/usuária estimada, a saber: {[n° de domicílios x n° médio de componentes das famílias, conforme último censo], [n° de estabelecimentos comerciais ou de serviços x (n° mé dio de usuários/dia + n° de funcionários, estabelecido por pesquisa direta)]};

• Densidade típica relativa de ocupação do espaço urbano: densa, média, ou rarefeita;

• Tipo(s) de uso do espaço urbano predominante(s): residencial, comércio/serviços, misto (residencial + comércio/serviços) ou industrial;

• A eventual existência, nos trechos em que foi recolhida cada amostra, de unidades geradoras de resíduos sólidos especiais e/ou em grandes volumes (hospitais e assemelhados, mercados e feiras públicos, supermercados, “sacolões”, escolas, indústrias, etc.).

O autor (op.cit.) prossegue afirmando que:

“na caracterização sócio-econômica deverá ser estabelecida, a categoria de renda aparente da população residente/usuária predominante de cada trecho pesquisado (proletária, média, média/alta, alta), com base em informações obtidas junto à administração municipal e na observação direta das edificações e de seu entorno (estabelecimentos comerciais, veículos estacionados, pedestres, pavimentação e conservação das vias e calçadas, etc.).”

Para isso, um funcionário deverá acompanhar, no próprio caminhão coletor, o recolhimento de cada amostra, registrando, em formulário próprio:

a) o nome da rua/logradouro e o número da edificação em frente à qual se iniciou a coleta da amostra;

b) todo o itinerário (sentido de conversão, nomes de ruas/logradouros e número de quadras percorridas em cada caso) seguido durante a coleta da amostra;

c) o nome da rua/logradouro e o número da edificação em frente à qual se completou o recolhimento da amostra.

(40)

d) o número de moradias existentes de cada lado de cada trecho de rua percorrido durante a coleta da amostra (se tratar de habitação coletiva, investigar o número de apartamentos existentes e ocupados, caso a caso);

e) o número de edificações comerciais e/ou de prestação de serviços existentes em cada trecho de rua, caracterizando, por pergunta direta ao responsável pela edificação encontrado no momento da investigação, o tipo de atividade desenvolvida, o número de funcionários e o número médio de usuários/dia (cliente, ou fregueses), caso a caso;

f) a ocorrência de edificações e/ou instalações geradoras de resíduos especiais e/ou em grandes volumes, trecho a trecho de cada rua percorrida, caracterizando a(s) atividade (s) desenvolvida (s), caso a caso; e, tanto quanto seja possível, o volume médio (estimativo) de RSU gerados por dia, igualmente caso a caso;

g) a categoria sócio-econômica aparente da população residente/usuária, caso a caso.

3.6.1.3 Método da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais

Para analisar as características físicas dos resíduos sólidos, CETEC (2006) propõe a metodologia de Velloso, Martins e Chenna (s/d) com algumas adaptações:

1) Escolher, de acordo com o objetivo que se pretende alcançar, a lista dos componentes que se quer determinar, como por exemplo: matéria orgânica (restos de alimento e restos de podas), papel/papelão, plásticos (moles, duros e PET), metais (ferrosos, não ferrosos e alumínio), vidros, trapos etc;

2) Coletar amostras de aproximadamente 6 m³ de resíduos, a partir de lixo não compactado (lixo solto);

3) Pesar o caminhão vazio imediatamente antes de se iniciar o recolhimento das amostras, sem qualquer carga e, inclusive, sem o motorista e os ajudantes.

(41)

5) Descarregar a amostra no local onde se processará a triagem dos materiais – preferencialmente em galpão, sobre uma lona plástica “tipo terreiro” evitando o rompimento dos sacos de lixo;

6) Revolver toda a amostra sem o rompimento dos sacos de lixo;

7) Quartear a amostra e selecionar dois quartis opostos (1 e 4 ou 2 e 3), sendo os outros dois descartados, Figura 3.1;

8) Repetir o procedimento obtendo-se um volume de, aproximadamente, 1,5m³;

9) Dispor os resíduos coletados sobre uma lona;

10) Este material constitui a amostra, a ser utilizada para a análise da composição física dos resíduos;

11) Utilizar esses passos para cada setor;

12) Separar o lixo por cada um dos componentes desejados;

13) Classificar como “outros” qualquer material encontrado que não se enquadre na listagem de componentes pré-selecionada;

14) Pesar os materiais separadamente para cada tipo de componente; 15) Os resultados devem ser anotados em um formulário próprio;

16) Dividir o peso de cada componente pelo peso total da amostra e calcular a composição gravimétrica em termos percentuais;

17) Dispor os materiais pesados, bem como os já descartados quando do quarteamento, em caçamba ou no veículo que deverá levar os mesmos para a destinação final existente no município.

Esse material constitui a amostra a ser utilizada para a análise da composição física dos resíduos. Esses passos devem ser realizados para cada setor. A composição física dos resíduos é obtida após a análise da amostra, por meio da triagem, separando os materiais por classes como: matéria orgânica (restos de alimento e restos de podas), papel/papelão, plásticos (moles, duros e PET), metais (ferrosos, não ferrosos e alumínio), vidros, trapos e outros.

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3.6.1.4 Método de caracterização segundo LEME e JÓIA

Segundo Leme e Jóia (2004), a técnica mais significativa para analisar os resíduos sólidos domiciliares (RDO) de um município é a técnica de amostragem por residência, que consiste em selecionar um número representativo de moradias a serem analisadas. A cidade deverá ser dividida em setores para a distribuição das amostras. Para cada setor deverão ser feitas coletas em um único mês, de forma que cubra o período de sazonalidade da produção no inverno e no verão e em meses de férias escolares. Após a seleção das residências, cada uma deverá ser visitada em horários adequados, com um ou dois dias de antecedência da coleta, quando deverá ser entregue ao morador sacos plásticos para o armazenamento dos resíduos.

No dia da coleta, as amostras serão coletadas e identificadas com etiquetas contendo o endereço da residência, o número de pessoas que residem na casa e a quantidade de dias de produção da amostra. Com as amostras já identificadas e registradas, estas serão transportadas para um local adequado. Para a caracterização física, será utilizada uma balança de precisão, máscaras e luvas resistentes e planilha para a anotação dos resultados. Primeiramente, as amostras serão pesadas e será anotado o peso total da amostra. Em seguida, a amostra será aberta e serão espalhados os resíduos, para agrupá-los de acordo com a seguinte tipologia: matéria orgânica (restos de comida, vegetais e folhas); recicláveis (papel, plástico, metal e vidro); rejeitos (lixo de banheiro, de varrição e fraldas descartáveis); outros (tecidos, cerâmica, madeira, borracha e lâmpadas). Os diferentes tipos de resíduos serão pesados separadamente e os resultados anotados na planilha.

A análise da caracterização física deverá ser feita amostra por amostra, sendo realizada da mesma foram em todos os setores da cidade. Originar-se-ão, dessa análise, os seguintes resultados: total de resíduos produzidos diariamente por amostragem no setor; composição percentual por tipos de resíduos produzidos diariamente no setor; produção per capita de resíduos produzidos diariamente no

(43)

3.6.1.5 Método de caracterização segundo LEÃO

Para analisar as características físicas dos resíduos sólidos, Leão (1997 apud

OLIVEIRA S., 1999) utiliza a metodologia a seguir com algumas adaptações:

1) Definir o número de amostras e os pontos de amostragem (o número de setores onde serão coletadas as amostras será escolhido em função da maior concentração populacional, fonte geradora e nível sócio-econômico).

2) Descarregar o conteúdo do caminhão em local determinado;

3) Moldá-lo em forma de uma leira quadrada, com volume relativo à capacidade do caminhão;

4) Dividir a leira em 16 quadrantes com volume de 1 m³ cada; 5) Escolher, aleatoriamente, dois quadrantes representativos;

6) Retirar, manualmente, os resíduos dos quadrantes da leira e colocar sobre uma lona plástica preta;

7) Romper os sacos de acondicionamento dos resíduos, manualmente; 8) Realizar a triagem dos materiais conforme o tipo, separando-os em

material inorgânico – Papel/Papelão, Metal (alumínio e aço), Plástico (filme, PET, PEAD, PVC, PEBD, PP e outros), Vidro, Têxteis, Embalagens longa vida) –, matéria orgânica e outros, sendo os materiais acondicionados em caixas de plástico duro, com tara conhecida;

9) Pesar o material por tipo e posteriormente fazer a porcentagem em peso (base úmida).

3.6.2 Principais Metodologias Internacionais

3.6.2.1 Metodologia de Portugal

A Metodologia Portuguesa da Direção Geral da Qualidade do Ambiente (DGQA, 1989 apud CRUZ, 2005) tem como alvo de estudo da caracterização física,

(44)

Para quantificar e analisar a massa específica e a composição física dos resíduos coletados, esta metodologia recomenda o seguinte procedimento:

1) Coleta de dados e informações – buscar conhecer todo o sistema de limpeza urbana do município analisado, como a quantidade produzida de resíduos, a freqüência e os dias da semana da coleta e o tipo de ocupação das áreas atendidas pela coleta;

2) Período de Amostragem – recomenda-se para as áreas urbanas: 3ª semana de Janeiro, Abril, Julho e Outubro e para as áreas rurais: 3ª semana de Janeiro e Julho, não podendo repetir dias da semana e coletar amostras em dias atípicos, como em datas comemorativas, férias, etc; 3) Descrever os setores onde é realizada a coleta de resíduos e tentar

agrupar os mais representativos de cada tipo (urbanos, rural etc.); 4) Definir oito componentes sem subcategorias;

5) Amostragem:

• Seleção das amostras – constituir o menor número possível de setores com características semelhantes; coletar amostras em cada um destes setores, em proporção à contribuição quantitativa de cada setor no município.

• Coleta das amostras – setor de uma volta: coleta do conteúdo dos recipientes alternados; setor de duas voltas: coleta do conteúdo de um recipiente para cada quatro; setor de três voltas: coleta do conteúdo de um recipiente para cada seis. O volume de cada amostra é de 2 a 3,5 toneladas.

• Número de Amostras – município urbano: 24/ano; município rural: 10 a 12/ano, se a coleta for cinco a seis vezes por semana, caso contrário, 6 a 8/ano.

6) Pesar os resíduos coletados;

7) Quartear a amostra de resíduos coletados;

8) Pesar a amostra quarteada e tarar os recipientes;

(45)

3.6.2.2 Metodologia dos Estados Unidos

A metodologia dos Estados Unidos da American Standart Methods (ASTM,

1992 apud CRUZ, 2005) tem por objetivo estudar os RSU coletados nas residências,

comércios, instituições, escritórios. Para analisar a composição física dos resíduos urbanos, o potencial de redução na geração e de reciclagem, as variações sazonais e geográficas, os resíduos domésticos versus os resíduos comerciais, essa metodologia adota o seguinte procedimento:

1) Coleta de dados e informações sócio-econômicas do município, em questão, e do seu sistema de limpeza urbana;

2) Período de amostragem – de uma a duas semanas consecutivas, de cinco a sete dias por semana, repetindo a amostragem por vários meses devido às variações sazonais.

3) Definir oito categorias e doze componentes; 4) Amostragem:

• Definição estatística do número de amostras, por fórmula de cálculo da ASTM;

• Seleção aleatória dos veículos de coleta.

5) Após a coleta, a amostra é quarteada até obter 90 -140 kg;

6) Separam-se manualmente os componentes individuais da amostra; 7) Análise laboratorial dos resíduos;

8) Análise dos resultados obtidos.

3.6.2.3 Método da Associação Européia de Aproveitamento e Reciclagem

O Método da Associação Européia de Aproveitamento e Reciclagem (European Recovery and Recycling Association – ERRA, 1993) tem como alvo os

resíduos com características domiciliares. O objetivo é caracterizar quali-quantitativamente os resíduos, avaliar o potencial de reciclagem e aumentar a eficiência da coleta seletiva. As etapas dessa metodologia são:

(46)

2) Período de Amostragem – periodicidade trimestral: março, junho, setembro, dezembro ou, no mínimo, duas análises semestrais em março e setembro;

3) Definir os componentes (metais, vidro, plástico, papel e papelão); 4) Amostragem:

• O tamanho da amostra selecionada será em função do número de habitações do setor e o grau de confiança desejado;

• O número de amostra será determinado estatisticamente. 5) Após a coleta, a amostra é quarteada até obter entre 100-200 kg;

6) Posteriormente, são realizadas a triagem e a classificação, conforme os componentes e sub-componentes definidos;

7) Analisam-se dos dados da composição física, da umidade e do peso específico dos resíduos coletados.

3.6.2.4 Método de caracterização segundo MAYSTRE e DUFLON

O Método de Maystre e Duflon (1994 apud CRUZ, 2005) enfoca os resíduos

sólidos domiciliares. Para analisar das características físicas desses resíduos, recomendam o seguinte procedimento:

1) Coletar as informações sócio-econômicas da população e do sistema de limpeza urbana do município em estudo;

2) Definir o período de amostragem – Pré-campanha (escolha da quantidade mínima representativa de amostras a caracterizar): 1 semana; Campanha de identificação: 4 semanas por trimestre e Campanha complementar: 2 semanas;

3) Proceder ao ensaio-piloto, para aferir quais as classes de categorias a considerar na classificação e para estudar os estratos urbanos em função da quantidade de resíduos produzidos;

4) Definir as medidas de higiene e segurança;

5) Organizar os procedimentos e as instalações para a triagem; 6) Amostragem:

(47)

8) Método de seleção aleatório: estratos homogêneos – aproximação aleatória simples; estratos heterogêneos – aproximação aleatória estratificada, primeiro divide-se a população em grupos e depois escolhe-se, em cada estrato, uma amostra aleatória simples;

• Coleta das amostras: Pré-campanha – 2 toneladas, Campanha de Identificação – 11 toneladas por trimestre e Campanha complementar – 5 toneladas.

• Número de amostras: coleta bi-semanal: 800-1000 kg em duas amostras de 400-500 kg em ambos os dias da semana; coleta tri-semanal: 900-1200 kg em três amostras de 300-400 kg nos três dias da semana; coleta semanal: 600-700 kg.

9) Após a coleta da amostra, descarregar o caminhão no local previamente definido;

10) Coletar uma amostra de 100 kg;

11) Pesar cada saco de resíduos domésticos para aferir a quantidade de resíduos contidos em função do volume do saco;

12) Abrir os sacos de resíduos na mesa de triagem para a classificação por categorias;

13) Pesar os recipientes de cada categoria; 14) Repetir essa operação para cada amostra;

15) Analisar os resultados da composição física dos resíduos sólidos domésticos.

3.6.2.5 Metodologia da França

(48)

As principais etapas dessa metodologia são:

1) Coletar dados e informações sobre o sistema de limpeza urbana e sobre aspectos sócio-econômicos da população estudada;

2) Caracterizar a zona de estudo;

3) Inventariar a produção de resíduos por fluxos;

4) Separar a zona de estudo em setores, segundo alguns critérios, como tipo de coleta seletiva, tipo de habitação, tipo de agrupamento social (urbano, rural), caráter sazonal etc.

5) Coleta das amostras:

• A quantidade de amostra coletada deve ser em função do fluxo alvo; amostras elementares devem ter dimensões que não sejam inferiores a três vezes a maior dimensão dos materiais mais volumosos;

• É necessário estabelecer previamente uma relação volume/peso em função das características dos materiais: efetuam-se assim dez amostragens elementares para obter o peso requerido para a amostra a tirar.

6) A amostra de resíduos domésticos a caracterizar deverá ter 500 kg brutos; 7) A amostra deverá ser triada no mínimo em 13 categorias;

8) Análise dos dados.

3.6.2.6 Metodologia do Serviço Público de Seattle

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Figura 4.1- Identificação e localização da pesquisa
Figura 4.2 - Divisão da cidade por bairros e Regionais – Fortaleza, 2006
Tabela 4.1- Critério de renda para o estabelecimento dos estratos sócio-econômicos
Tabela 3.2 - População residente por estrato sócio-econômico  Estratos Sociais  Pop. Residente  (1) %
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Referências

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