INFLUÊNCIAS DA IMPLANTAÇÃO DO MÉTODO MÃE CANGURU
Ana Carla Marques da Costa
1Andréa da Silva Monteiro
2Anne Karolyne da Silva Monteiro
3Francisco Alan Jhon Souza Pereira
4Patrícia Rosana Ferreira Cruz
5_____________________________________________________________________________________________________
1. Especialista em Enfermagem Materno Infantil (UFPI). Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem do Centro de Estudos Superiores de Caxias-MA da Universidade Estadual do Maranhão (CESC/UEMA). E-mail:
carla_ma27@hotmail.com ;
2. Enfermeira Graduada pelo Centro Universitário do Maranhão – UNICEUMA. E-mail: andreas.monteiro@hotmail.com;
3. Acadêmica do 6º Período do curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Maranhão do Centro de Estudos Superiores de Caxias (CESC/UEMA). E-mail: anne.aksm@hotmail.com ;
4. Acadêmico do 5º Período do curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Maranhão do Centro de Estudos Superiores de Caxias (CESC/UEMA). E-mail: alan_enfermagem@hotmail.com ;
5. Acadêmica do 6º Período do curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Maranhão do Centro de Estudos Superiores de Caxias (CESC/UEMA). Endereço: Rua Aarão Reis, 610, Centro, Cep. 65600-000. Caxias-MA. E-mail:
rosana_fc@yahoo.com.br .
INFLUÊNCIAS DA IMPLANTAÇÃO DO MÉTODO MÃE CANGURU
RESUMO
O método Mãe Canguru é um tipo de assistência voltada para o atendimento do recém- nascido pré-maturo, que implica colocar o bebê em contato pele a pele com sua mãe. O presente estudo tem como objetivo analisar a situação da produção que está sendo publicada a respeito das influências desse método. Trata-se de um estudo descritivo realizado a partir de uma revisão de literatura nas bases de dados SCIELO e LILACS, no período de 2004 a 2008, onde foram identificados e selecionados dezenove periódicos. As publicações selecionadas foram divididas em quatro categorias importantes: os benefícios do Método Mãe Canguru sobre a fisiologia do recém-nascido, as influências dessa técnica sobre a família, a equipe de saúde e o Método Mãe Canguru e as vantagens da implantação desse processo. Esta estratégia é benéfica para o desenvolvimento do recém-nascido pré- termo e/ou de baixo peso, através do vínculo mãe-bebê, e a equipe de saúde é a grande articuladora do sucesso desse método, mas ainda existe certa resistência por parte da mesma.
Descritores: Método Mãe Canguru; contato pele a pele; recém-nascido; família; equipe de
saúde.
INTRODUÇÃO
Na área materno-infantil o baixo peso ao nascer constitui um dos principais problemas observados, uma vez que, por acarretar graves conseqüências à saúde do neonato, traz ônus tanto para a rede social, na qual esse recém-nascido (RN) irá inserir-se, como para as instituições hospitalares. O elevado número de crianças prematuras e com baixo peso (inferior a 2.500g) que nascem anualmente atinge a cifra de 20 milhões, dos quais cerca de um terço morre antes de completar um ano de vida, geralmente por problemas respiratórios, asfixia ao nascer e infecções
(15).
Nesse sentido o Programa Método Mãe-Canguru (PMMC), iniciado na Colômbia em 1978, permitiu que recém-nascidos pré-termos (RNPT) clinicamente estáveis obtivessem alta hospitalar precoce com acompanhamento ambulatorial.
Desde então, é aplicado por vários países e pode ser utilizado como alternativa à tecnologia ou facilitador do vínculo mãe-bebê. Apesar das diferentes formas de aplicação, o contato pele a pele é universal, sendo utilizado como sinônimo do método. No Brasil, iniciou-se no começo da década de 1990, em Santos e Recife, mas somente em 1999 o Ministério da Saúde (MS) regulamentou sua aplicação
(16).
Antes da idealização do Método Mãe-Canguru - MMC, os serviços de atenção neonatal mantinham os prematuros nas incubadoras até alcançarem o peso ideal para alta, o que trazia implicações para a mãe e seu filho, tais como: desestímulo ao aleitamento materno; rompimento do vínculo afetivo; tempo de permanência prolongado nas unidades de internamento, entre outros
(19).
No Brasil, a partir do final da década de 90, esta preocupação traduziu-se na
"Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso – Método Canguru"
(AHRNBP-MC) elaborada e implementada pelo Ministério da Saúde (MS), através de norma, protocolos e de um amplo processo de capacitação nas diferentes regiões do país. A AHRNBP-MC se caracteriza principalmente pela mudança na forma do cuidado neonatal baseada em quatro fundamentos básicos:
(11)• acolhimento do bebê e sua família;
• respeito às singularidades (cuidado individualizado);
• promoção do contato pele a pele o mais precoce possível;
• envolvimento da mãe nos cuidados com o bebê.
Autores
(4,6,11,14)explicam as três etapas realizadas na aplicação do método. A primeira etapa é um período de adaptação e treinamento para os pais e a busca da estabilidade no quadro clínico do bebê, buscando, sempre que possível, o contato pele a pele. A segunda etapa contempla o acompanhamento contínuo do bebê pela mãe, pois ele estará estável, permanecendo na posição canguru pelo maior tempo possível. E a terceira etapa refere-se ao ambulatório de acompanhamento, após a alta, para avaliar os benefícios e corrigir situações de risco.
De acordo com as Normas de Atenção Humanizada do Recém-Nascido de Baixo Peso, do Ministério da Saúde, o MMC é uma forma de assistência neonatal que consiste no contato pele a pele precoce entre mãe e RNPT de baixo peso, de forma crescente, permitindo uma participação maior dos pais no cuidado ao RN.
Esse método tem como vantagens aumentar o vínculo mãe-filho; evitar longos períodos sem estimulação sensorial por reduzir o tempo de separação mãe-filho;
estimular o aleitamento materno, o que favorece maior freqüência, precocidade e duração; melhorar o controle térmico, devido a maior rotatividade de leitos; reduzir o número de recém-nascidos (RN) em unidades de cuidados intermediários; reduzir o índice de infecção hospitalar e possibilitar menor permanência no hospital
(1,10).
Conforme percebemos, o MMC é seguro e benéfico para o bebê em termos fisiológicos, proporcionando um maior vínculo mãe-filho que ajuda no aleitamento materno exclusivo, e como as mães tem preferência por esse método, há uma diminuição nos custos hospitalares. No entanto percebe-se que uma das principais dificuldades para a implantação do método é a adesão da equipe de saúde. Mas, além disso, para o êxito dessa técnica, é necessário preparo adequado da família, bem como o conhecimento da configuração desse método na atualidade, gerado e divulgado em periódicos indexados.
Diante do exposto, o propósito do presente estudo foi analisar a condição da
produção que está sendo publicada a respeito das influências do MMC, com o intuito
de contribuir para auxiliar na construção ou aprofundar conhecimentos já abordados
por estudiosos.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa, realizado a partir de uma revisão de literatura em âmbito nacional envolvendo a área da saúde sobre o MMC. Foi realizada uma incursão detalhada pela literatura em bases de dados e bibliotecas da área da saúde, utilizando o unitermo “Método Canguru”.
Utilizou-se a BIREME (Biblioteca Virtual da Saúde), estando nela compreendidos a LILACS (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e SCIELO (Scientific Eletronic Library Online – Brasil). Esta consulta aos periódicos nacionais teve como período de referência os anos de 2004 a 2008.
Foram identificadas quarenta e nove publicações na base de dados LILACS, destas apenas uma era internacional e vinte e sete eram textos completos. Já na base de dados SCIELO foram encontradas vinte e seis publicações e todas eram textos completos e nacionais.
A partir das referências obtidas, os materiais levantados e selecionados foram dezoito artigos de periódicos nacionais e uma dissertação de mestrado, de maneira que se pôde analisar e identificar temáticas e compreendê-las a partir de estudos já descritos. Destes, seis publicações eram qualitativas, nove quantitativas e quatro de revisão de literatura, todos eram textos completos (Tabela 1).
Revista Ano Abordagem
2004 2005 2006 2007 2008 Total Qual. Quant. Rev. Lit.
Acta Paul. Enferm. 1 1 1 1
41 1 2
Cad. Saúde Pública 1
11
Ciên. Saúde Coletiva 1
11
Jornal de Pediatria 1 2 1
41 2 1
Rev. Bras. Fisioterapia 1
11
Rev. Bras. Saúde Matern. Infantil
1 1 2
42 2
Rev. Elet. Enferm. 1
11
Rev. Lat.-am. Enferm. 1
11
Rev. Soc. Bras. De 1
11
Fonoaudiologia Texto Contexto de Enfermagem
1
11
Total 1 4 6 6 2 19 6 9 4
Tabela 1 – Distribuição dos Periódicos
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após analisar toda literatura selecionada nas bases de dados citadas, foram identificadas quatro categorias importantes a cerca da temática: os benefícios do MMC sobre a fisiologia do recém-nascido, as influências do método sobre a família, a equipe de saúde e o MMC e as vantagens da implantação do método.
Como característica geral dos dezenove periódicos indexados, percebeu-se que o maior período de publicações foram os anos de 2006 e 2007 com seis publicações em cada ano, se destacando a Acta Paulista de Enfermagem, a Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil e o Jornal de Pediatria, cada um com quatro publicações.
Para saber qual categoria era abordada com maior freqüência nas publicações, foram utilizadas porcentagens obtidas a partir do total de periódicos selecionados e de quantos periódicos abordavam cada categoria.
Os Benefícios do MMC Sobre a Fisiologia do RN
As publicações analisadas (45%) avaliaram recém-nascidos pré-termos com idade gestacional ajustada entre 27,7 a 40 semanas e peso ao nascer entre 500 a 2.295g. Foram encontrados nesses estudos evidências de melhoria na estabilidade fisiológica quanto à termorregulação, freqüência respiratória, desenvolvimento neuromotor e comportamental, sono, choro, aleitamento materno exclusivo, peso diário e a permanência no ambiente hospitalar. Os aspectos relacionados a morbidades e suplementação alimentar, também se fizeram presentes.
Em relação à termorregulação, os resultados dos estudos propostos
mostraram que houve um aumento significativo da termorregulação corporal dos
recém-nascidos pré-termos após aplicação do MMC. A posição canguru evita a
perda de calor corporal, melhora a oxigenação tecidual e promove o conforto respiratório
(1).
Artigos
(4,7,16,19)analisados propuseram estudos sobre desenvolvimento neuromotor e comportamental que o MMC proporciona. Um dos estudos constatou que crianças nascidas com peso inferior a 2.000g e crianças pré-termo apresentaram maior incidência de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. De acordo com o manual técnico do MMC, há uma estimulação sensorial e vestibular dos bebês prematuros sujeitos a esse método, o que viria a estimular o seu desenvolvimento neuropsicomotor. O posicionamento utilizado é um grande contribuidor desse processo, sendo descritos dois posicionamentos utilizados no método canguru, o decúbito lateral e o decúbito ventral. Estudos realizados relatam melhor desempenho do grupo posicionado em decúbito lateral, demonstrando uma maior evolução com relação ao desenvolvimento do tônus flexor global fisiológico
(4).
Também foram observados que o envolvimento dos pais nos cuidados com o seu filho ajuda a promover ou amadurecer os sistemas comportamentais e neurológicos
(7).
Os estudos que avaliaram o benefício do MMC sobre o desenvolvimento do recém-nascido pré-maturo foram realizados no seguimento ambulatorial com crianças menores de um ano, onde foram apontados efeitos positivos no desenvolvimento neuromotor e comportamental do recém-nascido pré-termo.
Publicações
(7,9)revelaram que o método influencia positivamente o sono profundo do recém-nascido. Os estudos apontam que a realização do contato pele a pele além de colaborar com o melhor desenvolvimento mental, influencia significativamente o tempo de choro e os períodos de sono profundo
(9). A posição canguru parece diminuir a sensação dolorosa do recém-nascido diante das inúmeras intervenções a que está sendo submetido
(7).
Em relação ao aleitamento materno exclusivo, seis dos artigos
(3,7,9,12,16,19)mostraram que a maioria das crianças participantes desse método, no momento da
alta, encontra-se em amamentação exclusiva, apontando o MMC como um
facilitador no processo de amamentação, promovendo o aleitamento materno e a
melhora da produção láctea.
Um dos principais resultados do MMC sobre o bebê é o maior tempo de aleitamento materno. Estudos mostraram que a prevalência de crianças em aleitamento materno é maior em crianças que participaram do método
(9). Houve uma pesquisa que correlacionou o desmame precoce em crianças que participaram da estratégia, mas constatou a prevalência de influências sócio-culturais
(2).
O ganho de peso também aparece como um aspecto bem explorado. Artigos
(9,16,19)
analisados revelaram que bebês submetidos ao método tiveram maior ganho de peso diário, e um estudo não demonstrou claramente aumento no ganho de peso
(17)