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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

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Academic year: 2021

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

1.0702.15.020123-5/001

Número do Númeração 0201235-

Des.(a) Vicente de Oliveira Silva Relator:

Des.(a) Vicente de Oliveira Silva Relator do Acordão:

20/05/0020 Data do Julgamento:

20/05/2020 Data da Publicação:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. LESÃO EXTRAPATRIMONIAL RECONHECIDA. DEVER DE I N D E N I Z A R . Q U A N T U M I N D E N I Z A T Ó R I O . R A Z O A B I L I D A D E E P R O P O R C I O N A L I D A D E . H O N O R Á R I O S A D V O C A T Í C I O S . ARBITRAMENTO. ART. 85 DO CPC. SENTENÇA MANTIDA. I - Reconhecida a ocorrência de lesão extrapatrimonial, é de rigor o dever de indenizar. II - No arbitramento do dano moral, o julgador deve levar em conta o caráter reparatório e pedagógico da condenação, cuidando para não permitir o lucro fácil do ofendido, mas também não reduzindo a indenização a valor irrisório, sempre atento aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, bem como às nuanças do caso concreto. III - Os honorários de advogado devem ser fixados conforme o §2o do art. 85 do Código de Processo Civil, tendo em vista o grau de complexidade da demanda e o tempo gasto para se desenvolver o trabalho executado. IV - Recurso conhecido e não provido.

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0702.15.020123-5/001 - COMARCA DE UBERLÂNDIA - APELANTE(S): SIDNEY PEDRO DE OLIVEIRA - APELADO(A)(S): MIRIAN MIARI, REZENDE SEGURANÇA E VIGILÂNCIA LTDA EPP

A C Ó R D Ã O

Vistos etc., acorda, em Turma, a 20ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em NEGAR PROVIMENTO À APELAÇÃO.

DES. VICENTE DE OLIVEIRA SILVA

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

DES. VICENTE DE OLIVEIRA SILVA (RELATOR)

V O T O

Trata-se de recurso de apelação cível interposto por Sidney Pedro de Oliveira, pelo qual busca a reforma da sentença proferida pelo Juiz de Direito da 5ª Vara Cível da Comarca de Uberlândia (fls. 76/80) que, em 'Ação de Indenização por Danos Morais', ajuizada em desfavor de Mirian Miari e Rezende Vigilância e Segurança Ltda, julgou parcialmente procedentes os pedidos deduzidos na petição inicial, quanto à primeira ré, resolvendo o mérito, nos termos do artigo 487, I do CPC. Condenou a empresa ré a pagar ao autor o valor de R$3.000.00 (três mil reais), a título de indenização por dano moral, corrigido, monetariamente, pelos índices da Contadoria da Corregedoria de Justiça do Estado de Minas Gerais, desde a data do arbitramento (Súmula 362 do STJ), bem como acrescido de juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, a partir do evento danoso (Súmula 54 do STJ).

Quanto à segunda ré, julgou improcedentes os pedidos deduzidos na petição inicial.

Condenou a primeira ré ao pagamento das custas processuais, bem

como dos honorários advocatícios ao patrono da parte autora, estes

arbitrados em 15% (quinze por cento) sobre o valor atualizado da

condenação. Em relação à segunda, ré, uma vez julgados improcedentes os

pedidos quanto a ela, recaiu sobre o autor os ônus da sucumbência, tendo

sido fixados os honorários advocatícios em 10% sobre o valor atribuído à

causa. Suspendeu a exigibilidade de pagamento quanto a este por ter-lhe

sido deferida a gratuidade judiciária.

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Em suas razões (ordem nº 21) esclarece o autor, ora apelante, que a primeira apelada, Mirian Miari, caluniou-o e difamou-o, acusando de tê-la assediado sexualmente, no período em que ambos prestavam serviços para a segunda apelada, Rezende Vigilância e Segurança Ltda.

Alega que, na qualidade de empregadora da primeira recorrida, a empresa ré, ora segunda apelada, é responsável pelos atos praticados pelos seus empregados, quando em exercício do trabalho, nos termos do art. 932, inciso III do CC/02.

Defende que a conduta ilícita da segunda recorrida concretizou-se, no momento em que "deixou" que uma empregada proferisse calúnias em seu desfavor, razão pela qual deve ser reconhecida a sua responsabilidade, condenando-a, também, ao pagamento de indenização por danos morais, pelos fatos expostos.

Explica que o valor de R$3.000,00 (três mil reais) não reflete a extensão dos danos os quais lhe foram causados, tampouco está em sintonia com a capacidade econômica da empresa apelada, não cumprindo, assim, o caráter pedagógico da pena devendo, por isso, o valor arbitrado em primeiro grau ser majorado.

Reporta-se à legislação e à jurisprudência, requerendo, ao final o provimento da apelação para reformar a decisão de primeiro grau, elevando, ainda, o percentual relativo aos honorários de advogado para 20% sobre o valor da condenação.

Preparo: ausente, porquanto o apelante litiga sob o pálio da gratuidade judiciária.

Não foram apresentadas contrarrazões, conforme certificado pela secretaria do juízo em ordem nº 22.

É o relatório.

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Conheço do recurso de apelação, eis que preenchidos os pressupostos condicionantes de sua admissibilidade.

Inexistindo preliminar ou prejudicial a exigir solução, passo à análise e resolução do mérito recursal.

Cuida-se de Ação de Indenização por Danos Morais, ajuizada por Sidney Pedro de Oliveira, em desfavor de Mirian Miari e Rezende Vigilância e Segurança Ltda.

Segundo o relato dos autos, o autor e a primeira apelada trabalhavam na empresa Rezende Vigilância e Segurança Ltda, ora segunda apelada, sendo aquele responsável pelos serviços prestados pela primeira recorrida e demais colaboradores, os quais efetuavam a segurança em um evento no Parque de Exposições em Catalão - GO.

Ocorre que a primeira apelada não teria cumprido devidamente suas funções, oportunidade em que foi advertida pelo autor e, como prosseguiu com o comportamento indesejado, teria aquele informado o ocorrido à empresa empregadora, ocasião em que esta teria ordenado a volta da primeira demandada para casa.

Pelo fato de ter sido advertida no exercício de sua função, a primeira apelada, de acordo com o alegado, compareceu a uma unidade policial, como forma de retaliação, onde registrou Boletim de Ocorrência, dizendo ter sido assediada sexualmente pelo autor.

Em razão disso, afirma o autor ter passado por grande sofrimento, mormente por serem os fatos totalmente inverídicos, como defende. Ressalta que precisou comparecer perante uma autoridade policial para esclarecer tais alegações e, em seguida, ingressou em juízo com o fito de ver-se indenizado moralmente pela situação constrangedora pela qual passou.

O juiz de primeiro grau entendeu pela condenação somente da primeira

ré, determinando que esta pagasse ao autor a quantia de R$3.000,00 (três

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Tal decisão despertou o inconformismo do autor, levando-o à interposição do presente recurso de apelação, no qual pleiteia a reforma parcial da sentença visando à majoração do valor arbitrado a título de danos morais e honorários de advogado, bem como a condenação da empresa ré ao pagamento de indenização por danos morais, pois, segundo defende, esta teria responsabilidade pelos seus funcionários.

Pois bem. Reconhecido o dano causado e o dever de indenizar, fatos não devolvidos em sede recursal, haja vista a interposição de recurso somente pelo autor, impõe-se apenas sopesar os pontos acima elencados, porquanto neles reside o inconformismo recursal.

No que se refere à fixação da verba indenizatória a mitigar os efeitos dos danos morais, o juiz deve estar atento a todas as circunstâncias que regem o caso concreto, firme nos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, assim como nas diretrizes do art. 944 do Código Civil de 2002.

Sobre o tema, Rui Stoco, em sua obra Responsabilidade Civil e sua Interpretação Jurisprudencial, Ed. Revista dos Tribunais, 3ª ed., 1997, p. 564, sustenta:

"(...) o eventual dano moral que ainda se possa interferir, isolada ou cumulativamente, há de merecer arbitramento tarifado, atribuindo-se valor fixo e único para compensar a ofensa moral perpetrada".

Daí caber ao juiz a tarefa de arbitrar o valor da reparação, sem que possibilite lucro fácil à parte autora ou reduza a indenização a montante ínfimo ou simbólico.

A doutrina e a jurisprudência têm procurado estabelecer parâmetros para

o arbitramento do valor da indenização, traduzidos, por exemplo, nas

circunstâncias do fato e nas condições do autor do

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ilícito e do ofendido, devendo a condenação corresponder a uma sanção ao responsável pelo fato para que não volte a cometê-lo.

Também há de se levar em consideração que o valor da indenização não deve ser excessivo, a ponto de constituir fonte de enriquecimento do ofendido, nem se apresentar irrisório.

Nessa linha de raciocínio, é a lição de Maria Helena Diniz:

"Na reparação do dano moral, o juiz determina, por equidade, levando em conta as circunstâncias de cada caso, o quantum da indenização devida, que deverá corresponder à lesão e não ser equivalente, por ser impossível, tal equivalência. A reparação pecuniária do dano moral é um misto de pena e satisfação compensatória. Não se pode negar sua função: penal, constituindo uma sanção imposta ao ofensor; e compensatória, sendo uma satisfação que atenue a ofensa causada, proporcionando uma vantagem ao ofendido, que poderá, com a soma de dinheiro recebida, procurar atender a necessidades materiais ou ideais que repute convenientes, diminuindo, assim, seu sofrimento". (A Responsabilidade Civil por Dano Moral, in Revista Literária de Direito, ano II, nº 9, jan/fev de 1996, p. 9).

Ainda sobre a matéria, trago à baila a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

"Para a fixação do valor da indenização por danos morais deve-se considerar

as condições pessoais e econômicas das partes e as peculiaridades de cada

caso, de forma a não haver o enriquecimento indevido do ofendido e que

sirva para desestimular o ofensor a repetir o ato ilícito". (STJ - AGA 425317 -

RS - 3ª T. - Relª. Minª. Nancy Andrighi - J. 24.06.02).

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Diante desse cenário, de minha parte estou convencido de que o montante fixado na sentença - R$3.000,00 (três mil reais) - amolda-se aos princípios norteadores da valoração do dano moral, reputa-se adequado às circunstâncias do caso concreto, oferece justa reparação ao recorrente e desestimula a reiteração da conduta indesejável por parte da primeira apelada.

Quanto à tese do apelante de que a segunda recorrida deveria ser condenada ao pagamento de danos morais, haja vista que esta, como afirma, teria "deixado" que a primeira promovida proferisse calúnias em seu desfavor, não lhe assiste razão.

Isso porque, nos autos, não existe qualquer prova nesse sentido, tampouco restou comprovado que a segunda recorrida tivesse determinado que a primeira apelada registrasse boletim de ocorrência em desfavor do autor, ou que tal ato tenha se dado com o seu consentimento.

No nosso ordenamento jurídico, o direito de alegar está intrinsecamente associado ao dever de provar, prevalecendo a máxima de que "fato alegado e não provado equivale a fato inexistente". É o ensinamento de Humberto Theodoro Júnior, se não vejamos:

"Não há um dever de provar, nem à parte assiste o direito de exigir a prova do adversário. Há um simples ônus, de modo que o litigante assume o risco de perder a causa se não provar os fatos alegados e do qual depende a existência do direito subjetivo que pretende resguardar através da tutela jurisdicional. Isto porque, segundo a máxima antiga, fato alegado e não provado é o mesmo que fato inexistente ."(THEODORO, Humberto Júnior.

Curso de direito processual civil. 12. ed. v. 1. Forense, 1994. p. 411)

Na mesma esteira, salienta Cândido Rangel Dinamarco:

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"A distribuição do ônus da prova repousa principalmente na premissa de que, visando a vitória na causa, cabe à parte desenvolver perante o juiz e ao longo do procedimento uma atividade capaz de criar em seu espírito a convicção de julgar favoravelmente. O juiz deve julgar secundum allegatta et probata partium e não secumdum propiam suam conscientiam - e daí o encargo que as partes têm no processo, não só alegar, como também de provar (encargo=ônus).

O ônus da prova recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato. Assim, segundo o disposto no art. 333 do Código de Processo, o ônus da prova cabe ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; ao réu quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extinto do direito do autor" (Teoria Geral do Processo, 7ª edição, p. 312).

Assim sendo, faz-se necessário que as partes provem suas próprias alegações, configurando-se essa atividade um autêntico ônus, ou imperativo do próprio interesse, conforme determina o art. 373, I e II do Código de Processo Civil (CPC).

Não excede dizer que, intimado para que pudesse apresentar as provas capazes de sustentar suas alegações, o apelante requereu o julgamento antecipado da lide (ordem nº 15 - fl. 11), tendo, inclusive, ratificado tal pedido em ordem nº 17 - fl.115.

Dessa forma, não havendo comprovação de que a falsa imputação de crime tenha se dado a mando da segunda apelante, ou mesmo com o seu consentimento, não há de se falar em sua condenação ao pagamento de indenização por danos morais, haja vista nenhum ato ilícito poder lhe ser atribuído.

Por fim, quanto ao pedido de majoração do percentual relativo aos

honorários de advogado, friso que tal arbitramento se deu em sintonia com a

legislação vigente, não havendo, pois, motivos para que seja retocado,

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demanda e o tempo gasto para se desenvolver o trabalho executado.

Em face do exposto, NEGO PROVIMENTO À APELAÇÃO e mantenho, incólume, a decisão de primeiro grau pelos seus próprios e jurídicos fundamentos.

Custas recursais pelo apelante, observada a gratuidade de justiça a ele deferida.

Nos termos do §11 do artigo 85 do CPC, fixo honorários recursais a favor dos procuradores da parte apelada em R$200,00 (duzentos reais), suspensa, contudo, a exigibilidade de pagamento.

É como voto.

DES. MANOEL DOS REIS MORAIS - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. FERNANDO LINS - De acordo com o(a) Relator(a).

SÚMULA: "NEGARAM PROVIMENTO À APELAÇÃO"

Referências

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