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A comunicação, seus elementos e as funções da linguagem

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Academic year: 2022

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A comunicação, seus elementos

e as funções da linguagem

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A Comunicação, seus elementos e suas funções

Na origem da palavra, o verbo Comunicar (Communicare em latim) significa “tornar comum”. Quando você transmite uma ideia ou informação para outra pessoa,

preocupa-se com que ela entenda, não é? Se o que você transmite é compreendido por quem recebe a informação, ocorreu o que chamamos de Comunicação. Ou seja, a informação que antes era apenas sua passou a ser comum a outra pessoa.

Todas as relações humanas são regidas pela comunicação: no meio familiar, no ambiente de trabalho, até aqui, no Ambiente Virtual de Aprendizagem; apenas assim é possível trocar conhecimentos e vivências. Estes conduzirão o homem a observar e entender o mundo em que vive para que possa transformá-lo. É assim que eu e você construímos nossa cultura e a transmitimos de geração em geração.

Vivemos em um mundo repleto de signos. Quando você anda pela rua de uma cidade grande qualquer, depara-se com muitos deles: sinais luminosos, setas de trânsito, letreiros outdoors e outbus, cartazes, grafites... São tantos que até criou- se lei para não haver excesso e, consequentemente, ocorrer a chamada poluição visual. Todos esses signos foram divididos em tipos diferentes:

Leia o que disse o filósofo Aristóteles, para continuarmos nossa discussão:

O homem é o ser que constitui a sociedade e isso acontece porque ele se

comunica. Você já tinha pensado nisso? Como é importante essa sua capacidade de se comunicar! Você é coresponsável pela existência da sociedade em que vive.

Essa sua característica só é possível porque você possui a Linguagem!

Somente o homem é um animal político, isto é, social e cívico, porque somente ele é dotado de linguagem. A linguagem permite ao homem exprimir-se e é isso que torna possível a vida social.

Dela (da linguagem) não fazem parte apenas ícones ou índices, mas também símbolos.

Basta pensarmos no alfabeto dos surdos-mudos, conjunto de signos, pré-estabelecido por um grupo, que representam letras, que, por sua vez, também são estabelecidas por convenção e representam sons ou grupos de sons da fala.

(MESQUITA, Roberto Melo. Gramática da língua portuguesa. 9.ed. São Paulo: Saraiva, 2007. Pág.15) SAIBA MAIS

Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) além de filósofo grego lembrado até hoje, foi discípulo de Platão e responsável por importantes estudos sobre a linguagem!

Seu livro “Política”

continua sendo referência para os estudiosos de diver- sas áreas.

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Então, você deve ter entendido que a Linguagem é a capacidade que o homem tem de se comunicar (por meio de signos). E dela faz parte a língua. A Língua é um código formado por símbolos que seguem algumas regras de organização para que um grupo social possa utilizá-la e se entender. A Língua Portuguesa, por exemplo, é um código cujas regras de utilização estão determinadas na gramática. Eu e você só conseguimos nos entender utilizando a língua porque conhecemos esse código e estudamos suas regras para conseguirmos ser compreendidos pelos outros usuários da Língua Portuguesa.

É importante ressaltar que toda língua é abstrata, porque só existe verdadeiramente quando a colocamos em prática. A maneira mais primitiva e imediata de colocar a língua em prática é o que nós chamamos de Fala.

Outra observação que você precisa fazer sobre a comunicação é que ela é tão presente, constante em nosso cotidiano que muitas vezes não percebemos alguns de seus detalhes. Estudando a comunicação, o linguista russo Roman Jakobson criou um Modelo Comunicativo, no qual demonstra a relação entre os elementos que constituem nosso ato comunicacional. Segundo Jakobson, só ocorrerá comunicação se todos os elementos abaixo estiverem presentes:

Elementos da Comunicação Definição

Mensagem informações que se deseja compartilhar Emissor ou remetente aquele que transmite a mensagem

Receptor ou Destinatário aquele para quem a mensagem é enviada

Código conjunto de signos linguísticos (palavras e

significados) que constituem a mensagem

Canal meio físico por onde é enviada a mensagem

Referente ou Contexto assunto da mensagem

Imagine que a senhora Jussara Porto é secretária numa empresa brasileira e escreve um e-mail para o seu chefe, o senhor Armando Borba, solicitando uma reunião para discutir a folha de pagamento dos funcionários. Veja:

EMISSOR Sra. Jussara Porto RECEPTOR Sr. Armando Borba

MENSAGEM Reunião para discutir a folha de pagamento REFERENTE A solicitação

CÓDIGO Lingua Portuguesa

CANAL Computador

SAIBA MAIS É importante você ler o primeiro capí- tulo da Gramática de Roberto

Melo Mesquita, citada acima. Estude da página 14 à página 38.

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Um importante aspecto do processo comunicacional é o feedback - o retorno que recebemos do receptor após enviarmos uma mensagem. Na situação descrita anteriormente, o Sr. Armando respondeu a mensagem e confirmou a reunião.

Consideramos então que o feedback foi positivo. Mas se ele não concordasse em se reunir com a secretária, o feedback seria negativo. Assim podemos identificar acertos e falhas em nossa comunicação. Se o feedback é negativo, algum

elemento foi mal empregado. Imagine o que aconteceria se enviasse uma carta...

Sua mensagem não chegaria tão rápido ao chefe. Seria um péssimo canal. E se sua mensagem fosse escrita em língua japonesa e seu chefe não conhecesse o idioma? Erro de código.

1. As Funções da Linguagem

Cada emissor tem seus objetivos, aquilo que deseja conseguir do receptor, com sua comunicação. Quando falamos ou escrevemos temos intenções, logo, a nossa linguagem é sempre acompanhada de uma ou mais funções.

Você pode compartilhar uma notícia de jornal, pedir para um amigo emprestar um livro, escrever poemas para quem ama. Todas essas comunicações têm a mesma intenção, ou função? Não. Jakobson explica essas diferentes intenções conceituando seis funções da linguagem. Por que seis? Porque são seis os elementos da modelo comunicativo que já estudamos e cada um deles será destacado em uma das funções. A partir do quadro abaixo você poderá ver essa relação entre os elementos da comunicação e a função da linguagem.

Elementos da Comunicação Funções da Linguagem Contexto ou referente Referencial

Emissor ou remetente Emotiva

Mensagem Poética

Receptor ou destinatário Conativa

Canal Fática

Código Metalinguística

1.1 Função Referencial

Leia o texto do link (http://sereduc.com/EpeZmC)

Note que o texto tem como principal função informar sobre as novas regras do imposto de renda. Assim como nas notícias de jornal, nas bulas de remédio, nas comunicações empresariais a intenção principal é informar de maneira objetiva e o principal elemento é o referente, por isso predomina o uso da terceira pessoa do singular (ele/ela) para imprimir um caráter impessoal. A função desses textos é a referencial ou denotativa.

A função referencial aponta para o sentido real dos seres e das coisas. As mensagens da função referencial transmitem conhecimentos sobre objetos, de forma transparente, informacional, simples e convencional.

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1.2 Função Emotiva

É a função centrada no sujeito emissor ou remetente e tenta passar a impressão de um sentimento verdadeiro ou simulado. A função emotiva traduz sua emoção a respeito do que “ele”, o emissor, fala. Corresponde à primeira pessoa (eu). Como exemplo, temos as interjeições – palavras invariáveis que exprimem estados emocionais, sensações ou servem como auxílio para expressar o que o emissor sente. Podem ser de alegria (oba!, que bom!), de saudação (oi, olá), de admiração (oh, puxa, caramba, céus), de medo (cruzes, socorro), entre outras.

Leia os quatro primeiros parágrafos da página 107 do texto de Fernando Pessoa “O Eu profundo e os outros Eus”

Fonte : http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/vo000009.pdf

Você certamente percebeu que o emissor fala sobre si mesmo, suas ideias e sensações.

No ambiente profissional temos alguns outros exemplos: um candidato a uma vaga de emprego que fala suas competências na entrevista, o novo chefe que se apresenta aos funcionários descrevendo seu modo de trabalho e suas experiências

NA FLORESTA DO ALHEAMENTO

SEI QUE DESPERTEI e que ainda durmo. O meu corpo antigo, moído de eu viver, diz-me que é muito cedo ainda. . . Sinto-me febril de longe. Peso-me não sei por quê. ..

Num torpor lúcido, pesadamente incorpóreo, estagno, entre um sono e a vigília, num sonho que é uma sombra de sonhar.

Minha atenção bóia entre dois mundos e vê cegamente a profundeza de um mar e a profundeza de um céu; e estas profundezas

interpenetram-me, misturam-se, e eu não sei onde estou nem o que sonho.

Um vento de sombras sopra cinzas de propósitos mortos sobre o que eu sou de desperto. Cai de um firmamento desconhecido um orvalho morno de tédio. Uma grande angústia inerte manuseia- me a alma por dentro, c incerta, altera-me como a brisa

aos perfis das copas.

Na alcova mórbida e morna a antemanhã de lá fora é apenas um hálito de penumbra. Sou todo confusão quieta. . . Para que há de um dia raiar?. . . Custa-me o saber que ele raiará, como se fosse um esforço meu que houvesse de o fazer aparecer.

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1.3 Função Poética

Centra-se na mensagem e há a predominância da conotação e do subjetivismo.

Trabalha principalmente com os signos, o discurso, independente dos objetos.

Segundo Jakobson, o emissor se preocupa tanto com a maneira de dizer como se importa com o que é dito, por isso seleciona cada palavra e a maneira de combiná- las para formar a mensagem.

Figura 01 – Ronaldo Azeredo: Velocidade, 1958 - Fonte: http://sereduc.com/hzk8X9

Atenção: apesar do nome, a função poética não existe apenas na poesia. Ocorre na linguagem coloquial, na música, na linguagem publicitária, entre outras.

1.4 Função Conativa ou Apelativa

É centrada no sujeito receptor ou destinatário e tem como principal característica a persuasão, sendo muito utilizada na Propaganda. Segundo Jakobson, a

função conativa encontra sua expressão mais pura no vocativo e no imperativo.

O imperativo é o modo verbal que expressa uma ordem, um pedido, uma

recomendação, ou ainda, um convite. Outro exemplo é o vocativo, termo da oração por meio do qual chamamos ou interpelamos o interlocutor, real ou imaginário.

Todos os dias somos convidados a comprar e experimentar em vários comerciais de tv. A Garoto popularizou um de seus chocolates com o slogan “Compre baton...

Compre batom...” A empresa de vestuário C&A repete a frase “Abuse e use C&A”.

Jornais e revistas buscam vender seus produtos com o verbo: Assine. Todos esses exemplos utilizam o verbo no imperativo, chamando o consumidor (receptor) a adquirir seus produtos.

Dica!

Veja outros

exemplos de função poética

na poesia concreta em:

http://sereduc.com/Ch3xrV

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Outro belo exemplo de função conativa é a música Tente outra vez, de Raul Seixas.

Leia um trecho e observe os verbos no imperativo e como o compositor (emissor) se dirige diretamente ao ouvinte (receptor).

Você pode assistir ao vídeo dessa música copiando e colando esse link no seu navegador: http://sereduc.com/o28iw6

Ou esta outra opção: http://sereduc.com/WOCswQ

1.5 Função Fática

Procura estabelecer, interromper ou prolongar a comunicação e serve para testar a eficiência do canal. As mensagens da função fática testam a eficiência de contato do canal. Exemplo: numa conversa telefônica, o emissor dirige-se ao receptor dizendo “alô, certo?, né, ahã”.

TENTE OUTRA VEZ Veja!

Não diga que a canção Está perdida

Tenha fé em Deus Tenha fé na vida Tente outra vez!...

Beba! (Beba!) Pois a água viva

Ainda tá na fonte (Tente outra vez!) Você tem dois pés Para cruzar a ponte Nada acabou!

Não! Não! Não!...

Tente!

Levante sua mão sedenta

E recomece a andar Não pense

Que a cabeça aguenta Se você parar

Não! Não! Não!

Não! Não! Não!...

SEIXAS, Raul; COELHO, Paulo; MOTTA, Marcelo. LP Novo Aeon. Philips, 1975.

SINAL FECHADO Olá, como vai?

Eu vou indo e você, tudo bem?

Tudo bem eu vou indo correndo Pegar meu lugar no futuro, e você?

Tudo bem, eu vou indo em busca De um sono tranquilo, quem sabe...

Quanto tempo... pois é...

Quanto tempo...

Me perdoe a pressa

É a alma dos nossos negócios

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Você pode ouvir e ver a apresentação dessa música no link: http://sereduc.com/

X8C9m0)

1.6 Função Metalinguística

Também chamada de metalinguagem. É a língua (código) que tenta explicar ou trata de alguma forma a própria língua. Ou é um discurso linguístico usado para descrever sobre outras linguagens. A metalinguagem transmite reflexões sobre as mais variadas formas de utilização da linguagem.

Para exemplificar a função metalinguística, analisemos uma Gramática da Língua Portuguesa, usada por você na escola em praticamente todo o Ensino Médio. A Gramática possui centenas de discursos (conceitos, regras, análises, explicações) usados para descrever a Língua Portuguesa. Aulas de línguas estrangeiras

também são um ótimo exemplo de função metalinguística. Um dicionário também se enquadra como exemplo dessa função, pois apresenta milhares de verbetes de análise das utilizações da linguagem.

Até mesmo nas artes plásticas há diversos exemplos de função metalinguística.

Através dessa busca do Google para “van gogh auto retrato”, você observa que o pintor pós-impressionista holandês Vicent Van Gogh pintou 35 autorretratos de 1886 a 1889, introduzindo, dessa forma, o próprio corpo e reflexões sobre seu estado de saúde como forma de se expressar artisticamente. Analise a figura abaixo.

Figura 02 - “Autoretrato diante do Cavalete”

Dica!

Encontre mais autorretratos na busca do Google para “van gogh auto retrato”

em:

http://sereduc.com/9mkZRH

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Há duas maneiras de analisarmos a metalinguagem na obra acima. Em primeiro lugar, trata-se de um autorretrato, onde o próprio pintor retratado é o autor e modelo da obra artística. Em segundo lugar, vemos Van Gogh manuseando uma série de pincéis e uma paleta com tintas sobre o braço direito, de frente para uma tela. Agora nos aprofundamos um pouco na função metalinguística. Não é apenas o pintor. A própria arte da pintura torna-se elemento constitutivo do discurso metalinguístico desse quadro. O pintor pinta a si mesmo em plena atividade.

Metalinguagem pura.

É importante ressaltar que você poderá encontrar mais de uma função num mesmo texto, porque podemos ter mais de uma intenção ao escrever. Segundo Souza e Carvalho (2005, p. 11), “a divisão de tipos básicos de comunicação não ocorre de forma pura, ou seja, o uso de qualquer uma das funções não implica o anulamento de outras. Um sermão, por exemplo, de caráter predominante conativo, desde que busca persuadir os receptores para um determinado comportamento, pode também manifestar e despertar emoções, cumprindo então função emotiva. Poderá ainda incluir referências, ao narrar, por exemplo, fatos históricos”.

Agora que já conhece o modelo comunicativo de Roman Jakobson, os elementos da comunicação e as funções da linguagem, você pode aprofundar seus

conhecimentos com o livro Português Instrumental que está em nossa bibliografia (MARTINS, D. S. e ZILBERKNOP, L. S. Português Instrumental. São Paulo: Atlas, 2010).

Realize a atividade proposta com atenção. Essas informações são imprescindíveis para acompanharmos as próximas aulas.

No próximo encontro trataremos das Variedades Linguísticas. Você sabe o que elas são? Será que você utiliza todas elas? E onde nós podemos encontrá-las?

Até breve!

Referências

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