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MEDICINA LEGAL APLICADA À INVESTIGAÇÃO CRIMINAL

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Academic year: 2022

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À INVESTIGAÇÃO CRIMINAL

Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS

Profa. Me. Larissa Comparini da Silva Nascimento

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Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Hermínio Kloch

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD:

Carlos Fabiano Fistarol

Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti

Norberto Siegel Camila Roczanski Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci

Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa:

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2019

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial.

N244m

Nascimento, Larissa Comparini da Silva

Medicina legal aplicada à investigação criminal. / Larissa Com- parini da Silva Nascimento. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.

108 p.; il.

ISBN 978-85-7141-296-5

1. Medicina legal – Brasil. 2. Criminalística – Brasil. 3. Investigação criminal – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 345.8105

Impresso por:

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APRESENTAÇÃO ...05

CAPÍTULO 1

Introduçâo Á Medicina Legal ...07

CAPÍTULO 2

Ciências Forenses – Parte I ...41

CAPÍTULO 3

Ciências Forenses – Parte II ...77

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O livro da disciplina de Medicina Legal Aplicada à Investigação Criminal para auxiliar na compreensão e entendimento do acadêmico no assunto.

A Medicina Legal é a base primordial na perícia técnico-científica e nas ações demandadas pelos juizados nas diferentes esferas judiciais, sendo utilizada como parâmetro, principalmente para elucidar casos como estupro, homicídios, suicídios, lesões corporais nos mais diversos graus, entre outros.

As diferentes causas de morte em cadáveres encontrados hoje em dia possivelmente só podem ser elucidadas através do seu estudo e compreensão.

Ao longo do livro, você, acadêmico, poderá conhecer e assimilar melhor os

conhecimentos já obtidos durante sua graduação, seja na área do Direito Penal,

Direito Civil, Direito Trabalhista ou Direito Familiar.

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C APÍTULO 1

INTRODUÇÂO Á MEDICINA LEGAL

A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem:

 Saber: conceitos básicos pertinentes a perícia, elaboração de laudos e pareceres técnicos, distinção das diferenças na Medicina Legal.

 Fazer: elaborar laudos e pareceres técnicos; distinguir as diferenças entre os cargos dentro da área pericial; analisar e compreender os objetos de estudo que envolvam as perícias.

A proposta do nosso módulo é: familiarizar você, acadêmico, com a terminologia utilizada na Medicina Legal e em ciências forenses correlatas;

enfatizar a importância e a interligação das ciências médico-forenses com o

Direito; auxiliar no entendimento das leis e materiais processuais relacionados à

Medicina Legal; auxiliar o acadêmico a ler, entender e interpretar as funções dos

peritos e assistentes técnicos, assim como de outros auxiliares de Justiça.

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1 CONTEXTUALIZAÇÃO

A Medicina Legal é uma área da Medicina aplicada ao estudo do Direito, como forma de prova pericial, laudo necroscópico ou cadavérico, elucidação de crimes sexuais, agressões e maus-tratos. Seu objeto de estudo normalmente é o ser vivo, ou cadáver, que sofreu algum tipo de crime.

Durante seu estudo, será possível analisar conceitos básicos, tais como:

pericias, laudos, diferenças entre peritos, assistentes técnicos e auxiliares, tipos de morte e de lesões (perfurocortantes, por esganadura, enforcamento, asfi xia, afogamento, por arma de fogo, por agressão). Ao fi nal do módulo, você, acadêmico, terá facilidade na interpretação e redação de laudos e processos dentro de sua área de atuação.

Para França (2017), a Medicina Legal é vista como “a contribuição médica e da tecnologia e ciências afi ns às questões do Direito, na elaboração das leis, na administração judiciária e na consolidação da doutrina”; ou como “o conjunto de conhecimentos médicos e paramédicos destinados a servir ao Direito e cooperando na elaboração do laudo pericial, auxiliando na interpretação e colaborando na execução dos dispositivos legais no seu campo de ação aplicado à medicina”.

Neste capítulo, vamos abordar temas distintos, como: diferenças entre peritos, perícias e assistentes técnicos; diferenças periciais e conceitos utilizados na Medicina Legal.

2 DIFERENÇAS ENTRE PERITOS, PERÍCIAS E ASSISTENTES TÉCNICOS

Nesse contexto, vamos abordar as diferenças primordiais entre cada função

na área da perícia, visando esclarecer possíveis dúvidas:

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2.1 Peritos

A denominação de perito é dada ao auxiliar da Justiça, sendo esse uma pessoa hábil que tenha conhecimento em determinada área técnica ou científi ca, nomeada por autoridades competentes e que devem esclarecer um fato de natureza duradoura ou permanente.

O perito presta serviços à Justiça e é isento de sigilo profi ssional, pois tem o dever de informar ao juiz sobre o fato do ponto de vista técnico (ORNESTI, 2012).

O Código de Processo Civil cita dezenas de vezes o termo perito, sendo por ele classifi cado como o cidadão que irá produzir um relatório para constar como prova no processo. O perito representa a Justiça na prova/ perícia judicial.

A nomeação é realizada por autoridade policial ou judiciária. Hoje, admitem- se em processos penais os peritos particulares ou assistentes técnicos, conforme mostra o artigo 421 da Lei n

o

8.455 (BRASIL, 1992).

Art. 421 – o juiz nomeará o perito, fi xando de imediato o prazo para entrega do laudo (Redação dada pela Lei n° 8.455, de 24.08.1992)

S1° Incumbe as partes, dentro em 05 (cinco) dias, contados da intimação do despacho de nomeação do perito:

I - Indicar o assistente técnico;

II - Apresentar os quesitos;

O perito é qualquer pessoa capaz para alvos da vida civil com conhecimento técnico-formal, idônea e hábil, podendo ser substituída durante o processo se for verifi cado que não possui conhecimento técnico-científi co para o caso ou deixar de prestar o compromisso.

Existem impedimentos para determinados casos, sendo assim, não podem exercer a função de perito: o incapaz, pois não é apto para o exercício de seus direitos civis, além de não possuir conhecimento técnico-científi co; pessoas impedidas (CPC, art. 144 – sendo testemunhas, cônjuges, ou qualquer outro parente, em linha reta ou colateral até o 3° grau), e nos casos de suspeição (CPC, art. 145 – o amigo íntimo ou inimigo capital de uma das partes).

Os peritos podem ser ofi ciais ou não ofi ciais (respectivamente, funcionários

públicos ou particulares). O exame de corpo de delito e as perícias em geral

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são realizados pelo perito, apreciador técnico, assessor do juiz com a função de fornecer dados instrutórios de ordem técnica e proceder a verifi cação e formação do corpo de delito. A perícia deve ser realizada por perito ofi cial, o que constitui a regra.

Não havendo o perito ofi cial, o exame deve ser realizado por duas pessoas idôneas que, obrigatoriamente, devem ser portadoras de nível superior. Devem ainda ser escolhidas, de preferência, entre aquelas que tiverem habilitação técnica relacionada à natureza do exame, por exemplo: médicos para exames necroscópicos e de lesão corporal, engenheiros para avaliação de imóveis, entre outros.

“o perito não defende nem acusa. Sua função é verifi car o fato e indicar a causa que o motivou...” (visum et repertum) (ORNESTI, 2012).

2.1.1 PreVisÃo Legal dos Peritos OFiciais (Direito Penal) CÓdigo de Processo Penal

O artigo a seguir prevê no Código de Processo Penal as condições sobre realização do exame de corpo de delito, que primeiramente deve ser realizado por Perito Médico-Legal e no caso de não haver o mesmo, deve ser realizado por duas pessoas idôneas, capacitadas e especializadas para tal fi m.

Art. 159. O exame de corpo de delito de outras pericias serão realizados por perito ofi cial, portador de diploma de curso superior.

S 1°. Na falta de perito ofi cial, o exame será realizado por 02 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área especifi ca, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.

S 2° os peritos não ofi ciais prestarão o compromisso de bem e fi elmente desempenhar o encargo.

S 3° serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente

de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado

a formulação dos quesitos e indicação de assistente

técnico.

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2.1.2 PreVisÃo Legal dos Peritos OFiciais (Direito CiVil) CÓdigo de Processo CiVil

Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou cientifi co, o juiz será assistido por perito, segundo o disposto no Art. 421.

S 1° os peritos serão escolhidos entre profi ssionais de nível universitário, devidamente inscritos no órgão de classe competente, respeitando o disposto no Livro I, Título VIII, Seção VII, deste Código.

S 2° os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre a qual deverão opinar, mediante certidão do órgão profi ssional em que estiverem inscritos.

S 3° nas localidades onde não houver profi ssionais qualifi cados que preencham os requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos peritos será de livre escolha do juiz.

2.1.3 PreVisÃo Legal dos Peritos

OFiciais (Direito TraBalHista) CÓdigo de Leis TraBalHistas

Art. 195. A caracterização e a classifi cação da insalubridade e da periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo do Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho registrados no Ministério do Trabalho.

2.1.4 DeVeres do Perito

Aceitar o encargo de executar a perícia, exercer a função, respeitar os

prazos, comparecer às audiências desde que intimado com antecedência de

cinco dias, sob pena de condução coercitiva, fornecer informações verídicas

(dever com lealdade);

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Segundo Tourinho (1994), prova é o elemento demonstrativo da autenticidade ou da veracidade de um fato. Seu objetivo é “formar a convicção do juiz sobre os elementos necessários para a decisão da causa”. O objeto de sua apreciação são todos os fatos, principais ou secundários, que demandam uma elucidação e uma avaliação judicial. Tão grande é a importância da prova, que se pode afi rmar que todo processo consiste nela. É o norte que aponta o rumo da lide. A prova é a voz do fato. Chama-se prova proibida aquela que é obtida por meios contrários à norma. Diz-se que ela é ilícita quando agride uma regra de direito material e de ilegítima quando afronta princípios da lei processual.

A avaliação da prova pode ser feita por três sistemas conhecidos:

1. Sistema legal ou tarifado: em que o juiz se limita a comprovar o resultado das provas e cada prova tem um valor certo e preestabelecido;

2. Sistema da livre convicção: em que o magistrado é soberano, julga segundo sua consciência e não está obrigado a explicar as razões de sua decisão;

3. Sistema da persuasão racional: quando o juiz forma seu próprio convencimento baseado em razões justifi cadas.

Este último é o sistema adotado entre os peritos. Nele, mesmo que o juiz não esteja adstrito às provas existentes nos autos, terá que fundamentar sua rejeição.

A sentença terá que discutir as provas ou indicar onde se encontram os fatos do convencimento do juiz. O artigo 157 do Código de Processo Penal diz que o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova. Não se deve confundir convicção íntima com livre convencimento do juiz na apreciação das provas.

Dessa forma, o livre convencimento do julgador não é um critério de valoração alternativo secundum conscientizam, mas um princípio racional e metodológico que o leva a aceitar ou rejeitar um resultado pericial capaz de fundamentar sua decisão. A avaliação da prova deve ter o mesmo sentido que tem a decisão judicial:

sem motivação ideológica ou emocional, mas tão só baseada na racionalidade e na lei. Assim, ao julgador não se pede uma certeza absoluta, senão que ele encontre a solução mais racional e a juridicamente mais correta para a lide. Não pode ele operar com meras probabilidades ou conjecturas.

Considerando-se o princípio constitucional expresso no artigo 5

o

– II que diz:

“ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude

de Lei” e, ainda, o que assegura o STF dizendo “ninguém pode ser coagido ao

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exame ou inspeção corporal, para a prova cível” (RJTJSP 99/35, 111/350, 112/368 e RT 633/70), está evidente que ninguém é obrigado a ser submetido a qualquer tipo de exame pericial sem sua permissão. Mesmo que se trate de matéria de ordem pública, em que o interesse comum prepondera ao do particular, ainda assim a averiguação da verdade não pode nem deve se sobrepor aos direitos e ao respeito que se impõem ao examinado, que venha a se omitir ou a se deixar examinar. Não cabe dizer que “os fi ns justifi cam os meios”.

2.1.5 Cadastro Do Perito – AuXiliar De Justiça

Para questões civis, pode haver um cadastro de peritos, conforme estabelece o Código de Processo Civil, quando assim se expressa:

Art. 156 – O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científi co.

§ 1º – Os peritos serão nomeados entre os profi ssionais legalmente habilitados e os órgãos técnicos ou científi cos devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado.

§ 2º – Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar consulta pública, por meio de divulgação na rede mundial de computadores ou em jornais de grande circulação, além de consulta direta a universidades, a conselhos de classe, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Ordem dos Advogados do Brasil, para a indicação de profi ssionais ou de órgãos técnicos interessados.

§ 3º – Os tribunais realizarão avaliações e reavaliações periódicas para manutenção do cadastro, considerando a formação profi ssional, a atualização do conhecimento e a experiência dos peritos interessados.

§ 4º – Para verifi cação de eventual impedimento ou motivo de suspeição, nos termos dos artes. 148 e 467, o órgão técnico ou científi co nomeado para realização da perícia informará ao juiz os nomes e os dados de qualifi cação dos profi ssionais que participarão da atividade.

§ 5º – Na localidade onde não houver inscrito no cadastro disponibilizado pelo tribunal, a nomeação do perito é de livre escolha do juiz e deverá recair sobre profi ssional ou órgão técnico ou científi co comprovadamente detentor do conhecimento necessário à realização da perícia.

O caput deste artigo se refere ao termo “perito” de forma generalizada,

pois a perícia será defi nida a partir do objeto da perícia. Quando se diz que o

juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia, ou seja, na área de

especialidade, nos parece que não se trata de especialidades médicas e sim de

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pessoas que atuem na área de conhecimentos técnicos pertinentes ao tipo de perícia desejada, portanto não há impedimento legal ou ético para que o médico, quando devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina da sua jurisdição e que se sinta capacitado a realizar perícia médica, seja nomeado como perito do juiz. Desta forma, entendemos que o cadastro de peritos especialistas dos Tribunais poderá ser feito a partir da lista de médicos inscritos no CRM independentemente de ter ou não o Registro de Qualifi cação de Especialidade em Medicina Legal ou Perícia Médica (ver o Parecer CFM nº 45/2016).

2.1.6 Direitos do Perito

Escusar-se do encargo, pedir prorrogação de prazos, receber informações, ouvir testemunhas, verifi car documentos de qualquer lugar, ser indenizado das despesas relativas do serviço prestado e receber honorários condizentes com o trabalho.

2.1.7 Falsa Pericia

O perito será penalizado judicialmente, conforme previsto no art. 342 do Código de Processo Civil, nos casos onde ocorrer comunicação de falsa pericia, alcançando peritos ofi ciais e não-ofi ciais, negando a verdade ou fazendo falsa afi rmação sobre o caso, ou até mesmo silenciando sobre pontos importantes para a elucidação do caso.

2.2 Assistente TÈcnico

Segundo o Código de Processo Civil, o assistente técnico é o profi ssional que representará a parte na perícia, sendo, portanto, alguém de sua confi ança.

O pagamento dos honorários do assistente técnico será efetuado diretamente pela parte contratante. Este profi ssional tem como função acompanhar o trabalho pericial, fi scalizando-o em nome da parte que o constituiu.

Segundo o Código de Processo Civil, Art. 429 – para o desempenho de sua

função, podem o perito e os assistentes técnicos utilizar-se de todos os meios

necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos

que estejam em poder de parte ou em repartições públicas, bem como instruir o

laudo com plantas, desenhos, fotografi as e outras quaisquer peças.

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O assistente técnico atua através de parecer técnico, ou elaboração de quesitos ao Perito Judicial ou Ofi cial. Esses quesitos são elaborados após o despacho de nomeação do perito, a intimação do despacho, em que em cinco dias as partes devem indicar o assistente técnico, e formular os quesitos ao perito. Os mesmos também podem ser elaborados como suplemento após o laudo do perito.

“Art. 425 do Código de Processo Civil – poderão as partes apresentar, durante a diligência, quesitos suplementares. Da juntada dos quesitos aos autos dará o escrivão ciência à parte contrária” (BRASIL, 2002)

Não há referência no Código de Processo Civil ao termo Perito Assistente, porém, ouve-se a expressão em diversas regiões do País. Alguns dizem perito assistente para designar o assistente técnico. O ideal é não utilizar a nomenclatura supracitada, para não haver dúvidas.

2.3 PerÍcia

O termo Perícia é designado como o meio de prova feita pela atuação de técnicos ou doutos promovida pela autoridade policial ou judiciaria com a fi nalidade de esclarecer a justiça sobre o fato de natureza duradoura ou permanente.

Segundo França (2017), a perícia, segundo seu modo de realizar-se, pode ser sobre o fato a analisar (perícia percipiendi) ou sobre uma perícia já realizada (perícia deducendi), o que para alguns constitui-se em um parecer. Assim, a perícia percipiendi é aquela procedida sobre fatos cuja avaliação é feita baseada em alterações ou perturbações produzidas por doença ou, mais comumente, pelas diversas energias causadoras do dano. Ou seja, perícia percipiendi é aquela em que o perito é chamado para conferir técnica e cientifi camente um fato sob uma óptica quantitativa e qualitativa. E por perícia deducendi, a análise feita sobre fatos pretéritos com relação aos quais possa existir contestação ou discordância das partes ou do julgador. Aqui o perito é chamado para avaliar ou considerar uma apreciação sobre uma perícia já realizada.

Todavia, tanto na perícia percipiendi como na deducendi existe o que se

chama de parte objetiva e parte subjetiva. A parte objetiva é aquela representada

pelas alterações ou perturbações encontradas nos danos avaliados. Estas, é claro,

como estão baseadas em elementos palpáveis ou mensuráveis, vistas por todos,

não podem mudar. Essa parte é realçada na descrição. No entanto, a avaliação

dos elementos da parte objetiva pode levar, no seu conjunto, a raciocínios

divergentes e contraditórios, por exemplo, em se determinar a causa jurídica de

morte (homicídio, suicídio ou acidente), e onde possam surgir conceitos e teorias

discordantes. Essa parte subjetiva é sempre valorizada na discussão.

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A perícia tem como fi nalidade levar o conhecimento técnico ao juiz, produzindo provas para auxiliá-lo em seu livre convencimento e levar ao processo a documentação técnica dos fatos, o qual é feito através de documentos legais.

De acordo com estudos realizados por França (2017), as perícias de natureza criminal estão reguladas pela Lei n

o

12.030, de 17 de setembro de 2009, estabelecendo como normas gerais que “no exercício da atividade de perícia ofi cial de natureza criminal, é assegurada autonomia técnica, científi ca e funcional, exigido concurso público, com formação acadêmica específi ca, para o provimento do cargo de perito ofi cial” (BRASIL, 2009). Mais: “Em razão do exercício das atividades de perícia ofi cial de natureza criminal, os peritos de natureza criminal estão sujeitos a regime especial de trabalho, observada a legislação específi ca de cada ente a que se encontrem vinculados”. E fi nalmente que

observado o disposto na legislação específi ca de cada ente a que o perito se encontra vinculado, são peritos de natureza criminal os peritos criminais, peritos médico- legistas e peritos odontologistas com formação superior específi ca detalhada em regulamento, de acordo com a necessidade de cada órgão e por área de atuação profi ssional (BRASIL, 2009).

Nas ações penais, o laudo médico-legal não é documento sigiloso. É

uma peça pública, como o boletim de ocorrência e o inquérito policial ao qual

ele é anexado. Quando a autoridade policial acredita que sua divulgação pode

prejudicar o andamento da investigação, solicita a um juiz que decrete segredo

de Justiça sobre o caso. Nas ações penais privadas, apenas o juiz nomeará o

perito, e tal fato não o coloca vinculado à perícia e, por isso, não fi cará ele adstrito

ao laudo, podendo aceitar ou rejeitá-lo no todo ou em parte (sistema do livre

convencimento). Com as modifi cações do artigo 159 do Código de Processo Penal

(Lei n

o

11.690, de 9 de junho 2008), o exame de corpo de delito e outras perícias

poderão ser realizados por perito ofi cial, portador de diploma de curso superior, e

na sua falta pode-se contar com duas pessoas idôneas, “portadoras de diploma

de curso superior preferencialmente na área específi ca, dentre as que tiverem

habilitação técnica relacionada com a natureza do exame”. Como inovação o fato

de ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante

e ao acusado o direito da formulação de quesitos e a indicação de assistente

técnico; essa indicação do assistente técnico dar-se-á a partir de sua admissão

pelo juiz e após a conclusão dos exames, elaboração do laudo pelos peritos

ofi ciais e conhecimento das partes. Quando se tratar de perícia complexa poder-

se-á designar mais de um perito ofi cial e a parte indicar mais de um assistente

técnico. Entende-se por perícia complexa aquela que abranja mais de uma área de

conhecimento especializado. Nas perícias de natureza civil, o juiz pode nomear o

perito tendo as partes cinco dias, depois da intimação de despacho de nomeação

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de perito, a faculdade de indicar assistentes e apresentarem quesitos. O perito apresentará laudo em cartório, no prazo fi xado pelo juiz, até vinte dias antes da audiência de instrução de julgamento. Os assistentes técnicos entregarão seus pareceres dez dias após a apresentação do laudo do perito, sem necessidade de intimação.

As pericias devem ser realizadas o mais rápido possível, respeitando algumas situações:

• Exame necroscópico: mínimo seis horas;

• Exame de lesão corporal: mínimo de 30 dias

• Nomeação do Juiz: até 10 dias, com exceção em casos de: cessação de periculosidade (um mês ou 15 dias); incidente ou insanidade (até 45 dias); dilação solicitada pelos peritos; de acordo com o Código de Processo Penal.

• Prazos determinados pelo Juiz, respeitando, algumas exceções: dilação solicitada pelo perito do juízo; 10 dias a mais para os assistentes técnicos; de acordo com o Código de Processo Civil.

O perito deve ser neutro em todas as situações as quais é exposto, de acordo com o previsto:

• Suspeição: o perito não pode ter vínculo com nenhuma das partes envolvidas no processo;

• Impedimento: o perito não pode ter relação de interesse com o objeto do processo;

• Incompatibilidade: o perito por outras razões de conveniência previstas nas leis de organização judiciária;

Situações previstas em lei, nos artigos: arts. 252, 253 e 254 do Código de Processo Penal e nos arts. 134 e 135 do Código de Processo Civil.

2.3.1 DiFerenciaçÃo das PerÍcias

A seguir vamos descrever as diferenças entre os tipos de pericias existentes.

2.3.1.1 PerÍcia MÉdica

Ocorre quando a perícia em questão versa sobre questões médicas,

tendo a necessidade de um perito médico. São requisitadas pelas autoridades

(19)

competentes (normalmente Juiz), salvo se a mesma se faz necessária na fase de inquérito, quando será solicitada pela autoridade policial. Pode ser requisitada em qualquer fase do processo, isto e, na instrução, no julgamento ou até mesmo na execução. São pericias médicas: as pericias psiquiátricas, psicológicas, psicanalíticas, necroscópicas, traumatológicas, entre outras.

2.3.1.2 PerÍcia NÃo MÉdica

Ocorrem normalmente na avaliação de imóveis, documentos contábeis, processos e produtos químicos, ambientes administrativos, entre outros. Sendo realizadas por profi ssionais qualifi cados dentro da esfera requerida. É utilizada em foros civis, criminais e trabalhistas:

• Criminais: atua quando se trata de identifi cação de pessoas, identifi cação de espécie animal, determinação de morte, prova de virgindade ou conjunção carnal, diagnóstico de lesões corporais e dos instrumentos ou meios que causaram, apreciação do estado mental do criminoso ou da vítima.

• Civis: visa documentar situações para favorecer a aplicação do Código Civil, declarar a insanidade de pessoas para fi ns de interdição de direitos, prova de impotência cuendi, visando anulação de casamento, investigação de paternidade, entre outras causas.

• Trabalhistas: estuda os acidentes de trabalho, as lesões que ocorreram no trabalho, avalia o grau de incapacidade resultante do acidente, estabelece o nexo da causa e efeito, analisa a insalubridade, periculosidade de determinado local, entre outros.

Todo e qualquer exame elaborado por médicos, destinados ao uso judicial são denominados Perícias Médico-Legais; já os exames elaborados por profi ssionais de outras áreas, desde que destinados à prova em juízo, são denominadas pericias.

As perícias podem ser diretas (onde os exames são realizados diretamente nas vítimas), ou indiretas (exames realizados através de documentos, fi chas hospitalares, autos processuais).

Existem três tipos de perícias a serem estudados:

Percipiendi: ou perícia de retratação, é feita através de narração minuciosa do fato observado pelo perito “visum et repertum”.

Deduciendi: ou perícia interpretativa, é realizada através da interpretação

dos fatos e das circunstancias que levarão a uma conclusão técnica.

(20)

Opinativa: é a perícia composta por um parecer do assistente especialista no assunto.

As perícias podem ser retrospectivas, onde analisam e relatam fatos ocorridos no passado, visando perpetuar as provas, fornecendo provas ao processo. Ou, prospectivas, onde analisam situações presentes que levarão a efeitos futuros, principalmente na esfera de benefícios INSS, periculosidade e insalubridade, entre outros.

2.3.2 EXame de CorPo de Delito e CorPo de Delito

O corpo de delito é a soma dos elementos e vestígios encontrados no local dos fatos, nos instrumentos utilizados, nas peças encontradas, nos objetos vivos ou mortos.

Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confi ssão do acusado (Código de Processo Civil).

Em delitos que deixam vestígios, então, necessariamente deverá existir exame pericial, sob a pena de nulidade processual.

O exame de corpo de delito é todo exame relacionado a um fato criminoso, inclusive aqueles feitos nos laboratórios da Policia Cientifi ca.

• Vivos: a perícia é realizada nos casos como violência sexual, conjunção carnal, atos libidinosos, gravidez, parto, lesão corporal, estimativa de idade, dosagem alcoólica, exames toxicológicos, infortúnios do trabalho.

• Cadáveres: a perícia indicará a realidade da morte, causa da morte, necropsia em mortes violentas e suspeitas, cronologia da morte, identifi cação, exames toxicológicos das vísceras e outros complementares.

• Esqueleto: a perícia é realizada para identifi cação antropológica, sexo, estatura, idade, achados da violência.

• Locais e Objetos: a perícia é realizada em impressões digitais, armas de

fogo, manchas em vestes e em instrumentos.

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3 MEDICINA LEGAL

Segundo França (2017), a Medicina Legal é uma ciência de largas proporções e de extraordinária importância no conjunto dos interesses da coletividade, porque ela existe e se exercita cada vez mais em razão das necessidades da ordem pública e do exercício social.

É uma especialidade concomitantemente médica e judiciária que utiliza conhecimentos técnico-científi cos da medicina para o esclarecimento de fatos de interesse da Justiça. O especialista medico praticante é denominado médico legista.

Variam as defi nições, conforme os autores. Algumas delas:

"É a contribuição da medicina e da tecnologia e ciências afi ns às questões do Direito, na elaboração das leis, na administração judiciária e na consolidação da doutrina" (FRANÇA, 2017).

"Arte de pôr os conceitos médicos a serviço da administração da Justiça"

(Lacassagne).

"A aplicação dos conhecimentos médico-biológicos na elaboração e execução das leis que deles carecem" (Flamínio Fávero).

"É o conjunto de conhecimentos médicos e paramédicos, destinados a servir ao Direito e cooperando na elaboração, auxiliando na interpretação e colaborando na execução dos dispositivos legais no seu campo de ação de medicina aplicada"

(Hélio Gomes).

Hélio Gomes (1958) acervava que:

não basta um médico ser simplesmente um médico para que se julgue apto a realizar perícias, como não basta um médico ser simplesmente médico para que faça intervenções cirúrgicas.

São necessários estudos mais acurados, treino adequado, aquisição paulatina da técnica e da disciplina. Nenhum médico, embora iminente, está apto a ser perito pelo simples fato de ser médico. É-lhe indispensável educação médico- legal, conhecimento da legislação que rege a matéria, noção clara da maneira como deverá responder aos quesitos, prática na redação dos laudos periciais. Sem esses conhecimentos puramente médico-legais, toda a sua sabedoria será improfícua e perigosa.

A Medicina Legal não se preocupa apenas com o indivíduo enquanto vivo,

mas alcança-o ainda quando ovo e pode vasculha-lo muitos anos depois, na

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escuridão da sepultura. É muito mais uma ciência social do que propriamente um capítulo da medicina, devido à sua preocupação no estudo das mais diversas formas de convivência humana e do bem comum. Como podemos observar na Figura 1, nos primórdios, as autópsias ou necropsias eram realizadas de forma precária, sem os devidos equipamentos de proteção individual e em qualquer lugar.

Desde os primórdios da humanidade, existe a curiosidade sobre o corpo humano suas formas e funções, assim como se faz necessário o entendimento da causa mortis do indivíduo, seja por causa natural ou não.

Figura 1 – Autópsia, 1890 (Enrique Simonet)

Fonte:<https://pt.wikipedia.org/wiki/Medicina_legal#/media/File:Enrique_

Simonet_-_La_autopsia_1890.jpg. >. Acesso em: 7 nov. 2018.

3.1 ClassiFicaçÃo

A Medicina Legal pode ser classifi cada e subdividida da seguinte forma:

3.1.1 Medicina Legal Geral

• Medicina Legal Legislativa – contribui para a elaboração de leis, regendo o Direito Constituendo;

• Medicina Legal Pericial – é a realização das perícias médicas em todos

os campos do Direito, regendo o Direito Constituído;

(23)

• Deontologia e Diceologia Médicas regem a Jurisprudência Médica;

• Medicina Legal Especial – é a realização de perícias para atender ao Código Penal.

3.1.2 Medicina Legal EsPecial

A Antropologia médico-legal: estuda a identidade e a identifi cação médico- legal e judiciária.

A Traumatologia médico-legal: estuda as lesões corporais sob o ponto de vista jurídico.

A Sexologia médico-legal: estuda sexualidade do ponto de vista normal, anormal e criminoso.

A Tanatologia médico-legal: estuda a esfera que cuida da morte e dos fenômenos as ela relacionados.

A Toxicologia médico-legal: estuda os cáusticos e venenos.

A Asfi xiologia médico-legal: estuda e detalha aspectos da asfi xia.

A Psicologia médico-legal: estuda e analisa o psiquismo normal e as causas que podem deformar a capacidade de entendimento da testemunha, da confi ssão, do delinquente e da vítima.

A Psiquiatria médico-legal: estuda transtornos mentais e problemas da capacidade civil, do ponto de vista médico-forense.

A Criminalística: estuda e investiga tecnicamente os indícios materiais do crime.

A Criminologia: estuda e preocupa-se com aspectos da crimino gênese, do criminoso da vítima e do ambiente.

A Infortunística: estuda os acidentes e doenças de trabalho.

A Genética médico-legal: estuda e especifi ca questões voltadas ao vínculo genético e à identifi cação médico-legal.

A Vitimologia: estuda e trata da vítima como elemento inseparável na justifi cativa dos delitos.

Para entendermos melhor sobre a Medicina Legal e suas aplicações,

precisamos conhecer um pouco mais sobre a História da Medicina Legal, abaixo

citaremos alguns pontos importantes, desde os primórdios da medicina legal, até

os dias atuais, com sua utilização e aplicação principalmente na área pericial.

(24)

3.1.3 HistÓria Da Medicina Legal no Mundo

Segundo Ornesti (2012):

Os primórdios da Medicina Legal ocorreram inicialmente na Babilônia antiga, Babilônia em XVIII a.C., onde criou-se o Código de Hamurabique previa a punição por erro médico. Já no Antigo Egito, as grávidas não podiam ser torturadas e nem ter seus corpos violados. Na China – 1240 a.C. – Hsi yuan lu instruía sobre o exame post-mortem para possível verifi cação do óbito e de sua causa. Na Pérsia antiga, houve a Classifi cação das lesões corporais por ordem de gravidade e por causa. Numa Pompilio (715-672 a.C.) auxiliou e estabeleceu a Abertura do útero das mulheres que morriam grávidas;

Justiniano (483 a 565 d.C.) estabeleceu que médicos deveriam e poderiam ser testemunhas especiais em juízo;

Carlos Magno (742 a 814 d.C.) – “Capitularias”: juízes instruídos a ouvir os médicos em casos de lesão corporal, infanticídio, suicídio, estupro, impotência etc.;

Papa Gregório IX (1234) – decretou que a opinião médica, nos casos de exame médico de virgindade servia para ser utilizada nas anulações de casamentos;

Em 1374 a Faculdade de Montpellier recebeu a primeira permissão do Papa para realizar necropsias.

Século XVI:

Em 1521 o Papa Leão X foi o primeiro Papa a ser necropsiado;

Em 1532 – "Constitutio Criminalis Carolina" – Carlos V, na Alemanha, foi responsável por um grande marco da história da Medicina Legal no século XVI, quando vários temas médico-legais; necropsias em casos de morte violenta foram discutidos. Foi considerado embrião da Medicina Legal como uma disciplina distinta e individualizada para utilização em elucidações de crimes ou exclusão de indivíduos.

Século XVI:

Ambroise Paré, 1575, na França, foi responsável por editar o primeiro livro ocidental de Medicina Legal. Sendo considerado o “Pai da Medicina Legal”;

Séculos XVII e XVIII:

Paulus Zacchias – Roma: “Questiones medico-legales”, foi um conjunto de 10 livros publicados entre 1621 e 1658, que serviu de grande Infl uência até o século XIX;

Séculos XVII e XVIII:

1650 – Universidade de Leipzig teve o primeiro curso especializado em

Medicina Legal;

(25)

1682 – Caso de Bratislávia – Schreyer - Docimasia de Galeno 1782 – Berlim – primeiro periódico

Século XIX: O século dourado da Medicina Legal Medicina Pública

1821 – Orfi lla – iniciou os estudos sobre a Toxicologia Forense 1829 – “Anales d’Hygiene Publique et Medicine Legale”

1834 – Devergie foi o primeiro curso prático de Medicina Legal na França Século XIX:

1850 e 1856 – Casper – escreveu sobre “Dissecção Forense” e “Manual Prático de Medicina Forense”, Brouardel, Tardieu, Lacassagne, Legrand du Saulle, Matin, Thoinot, Vibert e Bauthazard, na França;

3.1.4 HISTÓRIA DA MEDICINA LEGAL NO BRASIL

Segundo Ornesti (2012), a Medicina Legal francesa teve grande infl uência nos estudos e na aplicação da Medicina Legal no Brasil:

1808 – Criadas as Faculdades de Medicina;

1830 – Primeiro código penal brasileiro;

1832 – Criada a perícia profi ssional;

1854 – Conselheiro Jobim – uniformização da prática dos exames médico- legais;

1856 – Criada a assessoria médica junto à Secretaria de Polícia da Corte;

1900 – Assessoria médica da polícia transformada em Gabinete Médico- Legal;

1903 – Decreto 4.864 – (Afrânio Peixoto) normas detalhadas para a conclusão das perícias médicas;

1907 – Decreto 6.440 – Transforma o Gabinete em Serviço Médico-Legal;

1924 – Serviço Médico-Legal passa para o Instituto Médico-Legal, Souza Lima, Nina Rodrigues, Afrânio Peixoto, Oscar Freire, Hélio Gomes;

As lições de anatomia, em seus primórdios, vieram colaborando com os estudos em Medicina e consequentemente Medicina Legal, onde era fundamental o conhecimento sobre o corpo humano e seu funcionamento para realização dos procedimentos cirúrgicos pouco conhecidos na época.

A seguir, na Figura 2, a ilustração que marca um ponto inicial nos estudos

em cadáveres e na utilização dos mesmos para elucidação de crimes e de causa

morte.

(26)

Figura 2 – Rembrandt – A Lição De Anatomia Do Dr. Jan Deyman (1956)

Fonte: <http://amsterdammuseum.nl/en/gallery-golden-age-0>. Acesso em: 7 nov. 2018.

A Medicina Legal veio ao encontro da necessidade de se conhecer mais o corpo humano e de elucidar as causas de mortes, identifi cando os cadáveres, elucidando homicídios e suicídios através de sua prática, como exemplifi cado na Figura 3.

Figura 3 – Medicina Forense, Qual Sua Função

Fonte: <https://www.saludymedicinas.com.mx/centros-de-salud/salud-masculina/

articulos-relacionados/medicina-forense-funciones.htm>. Acesso em: 7 nov. 2018.

(27)

3.1.5 CaracterÍsticas CadaVÉricas

Existem algumas características dos cadáveres ou em vivos que devem ser levadas em consideração durante o processo de elucidação de crimes. Vamos citar algumas, exemplifi cando com ilustrações:

• Contusões e Equimoses: são termos utilizados para defi nir lesões idênticas, porém, existe diferença entre eles.

As contusões são resultantes de ações mecânicas, contundentes, traumatismo sobre partes moles ou duras do organismo, resultando em extravasamento de sangue nos tecidos, podendo existir no vivo ou no cadáver;

As equimoses ocorrem por difusão de sangue nos tecidos, em consequência da ruptura de vasos capilares, existindo somente no vivo, Figura 4.

Figura 4 – Equimose Palpebral

Fonte: <https://renato07.jusbrasil.com.br/artigos/242632854/estudo- das-contusoes-em-geral>. Acesso em: 8 nov. 2018.

• Escoriações e Lesões de Defesa: as escoriações ocorrem em consequência deperdas da epiderme em uma superfície corporal, sendo produzida por atrito violento ou arranhões.

As Lesões de Defesa são produzidas nas partes em que a vítima oferece de

anteparo à ação do instrumento ou dos instrumentos ofensores, localizando-se

normalmente nos membros e raramente nas regiões da cabeça, Figura 5.

(28)

Figura 5 – Escoriações

Fonte: Dicionário da Saúde (2016)

Salienta-se nesse aspecto de verifi cação de lesões e causa da morte, a posição anatômica: indivíduo em posição ortostática ou bípede, olhar voltado ao horizonte, membros estendidos ao lado do troco, palmas das mãos voltadas para cima, calcanhares juntos e pontas dos pés ligeiramente afastadas uma da outra.

A posição anatômica é tida como referência de estudo em diversas regiões do mundo (Figura 6 e 7).

Após o óbito é necessário esperar ao menos seis horas para manuseio e necropsia, devido, ao volume sanguíneo e refl exos neuronais que possam estar presentes.

Figura 6 – Decúbito Dorsal, Ventral E Lateral

Fonte: Personall Plus, 2015

(29)

Figura 7 – Posição Anatômica

Fonte: Personall Plus (2015)

• Cogumelo de Espuma: normalmente ocorre através da mistura de gases e de líquido nos alvéolos pulmonares, em casos de afogamento, soterramento e edema pulmonar agudo (Figura 8).

Figura 8 – Cogumelo De Espuma

Fonte: <http://www.malthus.com.br/mg_imagem_zoom.

asp?id=821>. Acesso em: 21 jan. 2019.

(30)

• Colheita de Impressões Digitais em Cadáveres: em casos de pessoas ainda não identifi cadas, realiza-se a colheita das impressões digitais, quando possível, para reconhecimento e identifi cação. O cadáver, quando em estado de rigidez, permite a colheita de impressões nítidas, limpas, sem borrões; o que pode não acontecer nos casos de pessoas vivas, uma vez que podem mexer os dedos durante o processo de colheita.

Nos cadáveres em estado de putrefação também é possível realizar a colheita das impressões digitais, com facilidade. No estado de decomposição na fase gasosa (quando os gases se acumulam e se infi ltram nos tecidos), há desprendimento das peles das mãos e dos dedos como se fosse uma luva. Para realizar a colheita, basta colocar uma luva cirúrgica em sua mão e posteriormente vestir a luva cadavérica, assim fi ca fácil pressionar sobre o papel e fazer a análise de digitais (Figura 9).

Figura 9 – Impressão Digital Com Luva Cadavérica

Fonte: <https://www.ebah.com.br/content/ABAAAg5ZQAA/perito- papiloscopista?part=3>. Acesso em: 21 jan. 2019.

4 ATESTADOS, NOTIFICAÇÕES, LAUDO, AUTOS E PARECERES TÉCNICOS

Iremos demonstrar e exemplifi car, alguns tipos de documentos judiciais.

4.1 Atestados

É um documento escrito de afi rmação simples e exata de um fato e suas

consequências. Tem por fi nalidade informar a capacidade ou incapacidade do

indivíduo para realização de determinado ato.

(31)

Deve ter cabeçalho ou preâmbulo, a qualifi cação do examinado, o nome de quem solicitou, descrição do caso e, se absolutamente necessário, diagnóstico através do CID (Código Internacional de Doenças). Podemos realizar a consulta ao CID.10, através de sites de busca, como o Google, ou similares, sendo as formas mais rápidas para utilização de pesquisa).

Os atestados podem ser de natureza clínica (onde é realizada simples declaração para certifi car condições de sanidade ou enfermidade); para fi ns previdenciários (para comprovação de estado patológico – INSS); de óbito (em casos já estabelecidos de morte). Este, por sua vez, identifi cará a morte como sendo: natural (atribuído por um médico, que tenha acompanhado o paciente);

natural mas por doenças mal defi nidas ou suspeitas (de causas inesperadas, sem motivo evidente, é solicitada a verifi cação do óbito junto ao SVO – Sistema de Verifi cação de Óbito); ou violenta (ocorre em casos de acidentes, e homicídios, o cadáver é encaminhado ao IML – Instituto Médico Legal).

4.2 NotiFicaçÃo

É um documento de comunicação compulsória às autoridades competentes de um fato médico por necessidade social ou sanitária sobre acidentes de trabalho ou doenças infectocontagiosas (Código Penal, Art. 269). São alguns exemplos de doenças de notifi cação compulsória: sarampo, tuberculose, sífi lis. Também podemos utilizar como exemplos de notifi cações compulsórias as notifi cações oriundas de processos de despejo, ou demais processos nas esferas judicias.

A notifi cação é o ato pelo qual alguém é cientifi cado de um fato pertinente

ao interesse das partes envolvidas. Existem situações de controvérsia em que

uma das partes pode estar disposta a buscar uma solução amigável antes de

recorrer aos meios legais. Neste caso, ela poderá se valer de uma notifi cação

para solicitar a presença da outra em uma tentativa de alcançar amigavelmente

uma resolução para o problema (Figura 10).

(32)

Figura 10 – Modelo Simples De Notifi cação

Fonte: <https://www.modelosimples.com.br/modelo-de-notifi cacao-para- tratar-de-assunto-de-interesse.html>. Acesso em: 8 nov. 2018.

4.3 Autos

É denominado o relatório da perícia médica, ditado diretamente ao escrivão.

Trata-se do conjunto de peças reunidas para formar um processo judicial ou administrativo. É a representação física do processo.

Sendo fundamentado nos artigos referidos a seguir:

Arts. 53, § 2º e 93, II, "e" da CF Arts. 216, 842, 1.756 e 2.015 do CC

Arts. 39, parágrafo único, 40, 59, 83, I, 122, parágrafo único, 141, IV, 155, 159, 161, 167, 190, 196, 267, § 1º, 434, 510, 674, entre outros do CPC

Art. 356 do CP

Arts. 6º, VIII, 10, § 1º, 11, 17, 21, 58, entre outros do CPP.

4.4 Laudo

É o documento escrito feito pelo perito. São suas partes: preâmbulo (que deve conter dados e nome do perito designado ao caso), seus títulos, nome da autoridade que o nomeou, motivo da perícia, nome e qualifi cação do indivíduo a ser examinado; histórico “anamnese do caso”, colheita de informações do fato, local, envolvidos; descrição (a qual é a parte mais importante e deve ser minuciosamente relatada envolvendo as lesões e sinais do indivíduo, e se envolver cadáver deve constar os sinais da morte, identidade, exame interno e externo);

discussão ou diagnóstico (onde o perito externará suas opiniões, relatando os

(33)

critérios utilizados); conclusão ou resumo do laudo do ponto de vista do perito, baseando-se nos elementos objetivos e comprovadores de forma segura; e por fi m, respostas aos quesitos levantadas pelas partes e pelo Juiz.

Modelo de Laudo Pericial:

SUMÁRIO

I – OBJETIVO p.3

II – RESPOSTAS AOS QUESITOS

DO EXECUTADO p.4

DA EXEQUENTE p.6

III – CONCLUSÃO p.7

IV – ENCERRAMENTO p.7

LAUDO PERICIAL NOME DO PERITO_________________________

N° do conselho:______________

SEÇÃO JUDICIÁRIA DO _______________

__ª VARA ________________________

PROCESSO: ______________________

AÇÃO: _____________________

Requerente: NOME DO RequerenteRequerido: NOME DO Requerido DATA DE ENTREGA DO LAUDO: ___ de ___________ de 20__

Após a confecção e verifi cação da veracidade do laudo, o perito deve peticionar o mesmo eletronicamente ou fi sicamente, no Fórum ou Juizado competente, protocolando o laudo; e solicitando a expedição de alvará ou guia de recolhimento dos honorários periciais.

4.5 Parecer TÉcnico

É um documento solicitado sempre que o relatório médico deixar dúvidas,

por qualquer pessoa a um especialista (perito ofi cial ou qualquer médico, desde

que não estejam envolvidos na perícia, isto é, o assistente técnico). Procura

(34)

documentar o processo com os resultados dos exames e considerações médicas referentes a determinadas situações de interesse jurídico. Ou seja, consultam, escrita ou verbalmente, um ou vários especialistas sobre o valor científi co do laudo em questão. O parecer é tido como a resposta aos conclusos. São suas partes:

preâmbulo, exposição dos fatos, discussão do assunto, inclusão as perguntas e respostas.

4.6 PetiçÕes

As petições são documentos de cunho legal que visam requerer algo ou informar sobre algo, por exemplo, requerer honorários ou informar laudo pericial.

Ao aceitar a designação, o perito deve protocolar a petição inicial de aceite e de pedido de honorários, conforme modelo a seguir:

A petição inicial, como o nome já diz, é o primeiro ato para a formação do processo judicial. Trata-se de um pedido por escrito, onde a pessoa apresenta sua causa perante a Justiça, levando ao juiz as informações necessárias para análise do direito. Por meio dela, o indivíduo acessa o Poder Judiciário e o provoca a atuar no caso concreto, gerando uma decisão que substitui a vontade das partes. No mundo jurídico são utilizadas várias expressões como sinônimos de petição inicial: peça vestibular, peça autoral, peça prefacial, peça preambular, peça exordial, peça isagógica, peça introdutória, petitório inaugural, peça pórtica, peça de ingresso.

Excelentíssimo Sr(a). Dr(a). Juiz(a) de Direito da ___° Vara ____________ do Fórum da Comarca de ___________________.

Processo n° ____________________________

NOME DO PERITO____________________________________,

FORMAÇÂO____________________, perito judicial designado na

área ____________ (especifi car a área de atuação e da perícia), RG

n°__________________, inscrito no CPF sob n°___________________ e

no Conselho Regional de _________________ n°_______, perito nomeado

no processo em epigrafe (fl s. N°___, número da página de nomeação no

processo), vem respeitosamente, perante Vossa Excelência apresentar Aceite

dos trabalhos periciais e valores de honorários periciais, conforme planilha

abaixo:

(35)

Planejamento n°___ horas Pesquisa documental n° ___ horas Resposta dos Quesitos n° ___ horas Elaboração do Laudo n° ___ horas Total n° ___ horas Considerando-se que o trabalho terá a duração de n° ___ horas, o valor total dos honorários será de R$ ___________ (________ reais), sendo certo que o valor de cada hora é de R$ _____________ (_____________ reais).

Os honorários deverão ser depositados 50% antes do início do trabalho pericial e levantados mediante alvará judicial para este fi m, que deverá ser expedido no momento da entrega do laudo em cartório.

Início dos trabalhos: ___ de _____ de 20__

Local: __________________________

Termos em que pede deferimento, Cidade, __ de ______ de 20__.

Assinatura do perito

Perito Judicial n°___________

Cada solicitação que o perito ou assistente técnico venha a fazer deve ser através de peticionamento eletrônico ou físico.

As petições são subdivididas em: Petição Inicial, Petição Diversa, Petição intermediária, sendo comumente mais utilizada em processos a petição diversa.

5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Ao longo do capítulo, pudemos analisar e verifi car juridicamente as funções

e deveres do Perito, Assistente Técnico, onde também foi possível verifi car os

critérios e parâmetros para elaboração de documentos judiciais como laudos,

pareceres técnicos e entender a importância de cada documento dentro da esfera

judicial.

(36)

Ao estudarmos Medicina Legal, aprendemos como enxergar o objeto (cadáver ou vivo) com sensibilidade e percepção sensorial, uma vez que ali está a maior prova a ser examinada e que poderá incriminar ou inocentar alguém.

Dentro do campo de estudo da Medicina Legal, podemos discorrer sobre todos os tipos de mortes ou lesões, o que serão tratados mais adiante ao longo do livro. Salienta-se que o Perito Médico Legal é o profi ssional médico qualifi cado para o cargo após passar em concurso.

Os peritos auxiliares de Justiça, ou peritos judiciais, atuam na análise documental e de provas levantadas ao longo dos processos, podendo ser físicas ou documentais, o que possibilita atuar em um campo maior de trabalho.

Espera-se que você, acadêmico, ao chegar ao fi nal desse capítulo, tenha assimilado os conceitos e artigos, para que assim possa futuramente efetuar seu cadastro e prestar serviço à Justiça.

1 O exame de corpo de delito direto é feito a partir da análise:

a) ( ) dos depoimentos prestados pelas testemunhas em juízo.

b) ( ) dos elementos físicos ou materiais do crime.

c) ( ) de documentos que possibilitem um conhecimento técnico por dedução.

d) ( ) de fi chas clínicas do hospital que atendeu a vítima.

e) ( ) dos depoimentos prestados pela vítima.

2 O exame de corpo de delito consiste na perícia realizada sobre vestígios materiais deixados por um delito. Acerca de perito, perícias e documentos médico-legais, assinale a opção CORRETA.

a) ( ) Ao se confeccionar o laudo pericial, a resposta aos quesitos é parte fundamental, sendo nulo o laudo que não contenha esse item.

b) ( ) As perícias a céu aberto devem ser realizadas somente à luz do dia, pois a luz artifi cial pode adulterar os resultados.

c) ( ) O exame de marcas de digitais é considerado exame de corpo de delito por via indireta.

d) ( ) O perito equivale à testemunha, devendo ser intimado a

comparecer ao juízo, caso seja necessária a obtenção de prova.

(37)

e) ( ) O exame de corpo de delito indireto é realizado em material que não seja a própria vítima ou em instrumento que não esteja diretamente relacionado à cena do crime.

3 Assinale a opção CORRETA no que se refere a procedimentos da perícia médico-legal e seus documentos.

a) ( ) A necessidade de realização de exame balístico pode ser suprimida caso o médico legista descreva no laudo as características detalhadas do projétil de arma de fogo retirado do cadáver.

b) ( ) A fi m de se evitar deterioração do sangue que foi colhido de cadáver para realização de alcoolemia, costuma-se adicionar formol ao frasco de armazenamento.

c) ( ) Antes de se iniciar o exame cadavérico pelo médico legista, o cadáver a ser submetido a necropsia deve estar despido e lavado para melhor visualização das lesões.

d) ( ) Para conservação de fragmentos de vísceras retirados de cadáveres, com vistas à realização de exame histopatológico, a adição de formol ao frasco é a medida mais adequada.

e) ( ) O laudo pericial deve ser ditado ao auxiliar de necropsia, passando, então, a denominar-se auto.

REFERÊNCIAS

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______. Lei n. 8.455, de 24 de agosto de 1992. Disponível em: <http://www.

planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1989_1994/L8455.htm>. Acesso em: 21 jan. 2019.

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www.saludymedicinas.com.mx/centros-de-salud/salud-masculina/articulos- relacionados/medicina-forense-funciones.htm>. Acesso em: 6 nov. 2018.

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modelo-de-notifi cacao-para-tratar-assunto-de-interesse.html>. Acesso em: 8 nov.

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ONESTI, A. Apostila de medicina legal (2012). Faculdade de Direito.

Disponível em: <http://fi les.direito-uni9.webnode.com.br/200000172-693af6a34c/

Apostila%20-%20Medicina%20Legal.pdf>. Acesso em: 6 nov. 2018.

PERÍCIA NOVO CPC. (2018). Perícia Novo CPC, Lei n° 13105.15. Disponível em: <https://www.direitonet.com.br/resumos/exibir/82/Pericia-novo-CPC-lei.

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Disponível em: <https://www.portaldaeducacao.com.br/conteudo/artigos/direito/

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Disponível em: <https://personallplus.wordpress.com/2015/09/12/posicao- anatomica/>. Acesso em: 7 nov. 2018.

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RU, J. O que é: perito, perito assistente, assistente técnico, consultor e o

profi ssional que escreve um laudo ou parecer técnico I. 2011.Disponível

em: <https://www.manualdepericias.com.br/o-que-e-perito-perito-assistente-

assistente-tecnico-e-consultor-e-o-profi ssional-que-escreve-um-laudo-e-ou-

parecer-tecnico/>. Acesso em: 22 out. 2018.

(39)

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pt.wikipedia.org/wiki/Medicina_legal#/media/File:Enrique_Simonet_-_La_

autopsia_1890.jpg>. Acesso em: 7 nov. 2018.

(40)
(41)

C APÍTULO 2

CIÊNCIAS FORENSES – PARTE I

A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem:

 Saber: ao fi nal do presente capítulo, você, acadêmico, deverá saber as formas de estudo da Medicina Legal, formas de verifi cação de óbito e tipos de óbito existentes, local da perícia e objetos envolvidos.

 Fazer: ao fi nal do presente capítulo, você, acadêmico, deverá fazer a distinção

dos tipos de estudos através dos caracteres físicos, étnicos e genéticos dos

indivíduos, assim como identifi car formas de óbitos por asfi xia, tais como

esganadura, enforcamento.

(42)
(43)

1 CONTEXTUALIZAÇÃO

No presente capítulo, iremos abordar os temas introdutórios no estudo da Medicina Legal e da elucidação de crimes, sendo de fundamental importância sua compreensão e entendimento. Ao discorrermos sobre o assunto, iremos exemplifi car as situações tornando melhor seu entendimento.

Você aprenderá sobre os estágios de putrefação, estágios esses os quais os cadáveres apresentam características diferentes, podendo dizer muito sobre sua morte, as possíveis causas e principalmente seu agressor.

As mortes em decorrência de asfi xias, podem ser por diversas causas, desde asfi xia mecânica ou acidental. Abordaremos as características de cada tipo de asfi xia, que auxiliarão na elucidação do óbito.

O estudo da morte, suas causas e meios deve ser aprofundado com estudos adicionais, estudos de casos e atualização constante.

Bom estudo!

2 ANTROPOLOGIA FORENSE

A Antropologia forense é a aplicação prática ao Direito de um conjunto de conhecimentos da Antropologia Geral visando principalmente as questões relativas à identidade médico-legal e à identidade judiciária ou policial. É o estudo responsável pelos métodos de investigação e identifi cação de indivíduos.

2.1 IDENTIDADE X IDENTIFICAÇÃO

Segundo França (2017), a Identidade é o conjunto de caracteres que individualiza uma pessoa ou uma coisa, fazendo-a distinta das demais. É um elenco de atributos que torna alguém ou alguma coisa igual apenas a si próprio.

Arbenz (1983) ensinava que “identidade é o conjunto de atributos que caracterizam alguma coisa ou alguma pessoa”. E fazia diferença entre semelhança, igualdade e identidade. Semelhança como relação de qualidade;

igualdade como relação de quantidade; e identidade como a essência de uma

coisa ser ela mesma.

(44)

Segundo Croce (2012), quando se trata do ser humano, é a identidade o conjunto de características pessoais e peculiares que diferencia o indivíduo dos outros e lhe confere uma situação tempo espacial específi ca e status social único.

A identidade, por SER passível de simulação e de dissimulação, reveste-se de importância tanto no foro civil como no criminal, pois a responsabilidade somente pode ser atribuída após prévia identifi cação. Desse modo, depreende-se haver um dever e um direito de identidade, protegendo a identifi cação, os interesses individuais e coletivos. Ao Direito interessa, particularmente, a investigação da identidade do homem, que se faz pela identifi cação.

Cada dia que passa, maiores são as exigências no que diz respeito à identidade individual nos interesses da vida civil ou de comércio, sem se falar na necessidade de se estabelecer a falsa identidade ou caracterizar o reincidente criminal. Tudo isso em relação ao vivo. Acrescentem-se mais os imperativos de identifi car cadáveres decompostos, restos cadavéricos, esqueletos e até mesmo peças ósseas isoladas. Aqui, pois, trataremos da identidade objetiva e não subjetiva. A identidade objetiva é aquela que nos permite afi rmar tecnicamente que determinada pessoa é ela mesma por apresentar um elenco de elementos positivos e mais ou menos perenes que a faz distinta das demais. A identidade subjetiva é tida como a sensação que cada indivíduo tem de que foi, é e será ele mesmo, ou seja, a consciência da sua própria identidade, ou do seu “eu”.

Segundo França (2017)), a Identifi cação é o processo pelo qual se determina a identidade de uma pessoa ou de uma coisa, ou um conjunto de diligências cuja fi nalidade é levantar uma identidade. Portanto, identifi car uma pessoa é determinar uma individualidade e estabelecer caracteres ou conjunto de qualidades que a fazem diferente de todas as outras e igual apenas a si mesma.

Não se discute hoje o valor da identifi cação. As relações sociais ou as exigências civis, administrativas, comerciais e penais exigem e reclamam essa forma de comprovação. Mesmo na vida social, há instantes em que o indivíduo tenta provar que é ele mesmo e não consegue, a menos que obtenha prova de sua identidade.

Tais processos podem efetivar-se no vivo (desaparecidos, pacientes mentais

desmemoriados, menores de idade, recusa de identidade); no morto (desastres de

massa, cadáveres sem identifi cação, mutilados, estados avançados de putrefação

e restos cadavéricos); e no esqueleto (decomposição em fase de esqueletização,

esqueletos e ossos isolados). Em qualquer perícia dessa natureza, sua técnica

é realizada em três fases: (a) um primeiro registro, em que se dispõe de certos

caracteres imutáveis do indivíduo e que possa distingui-lo dos outros; (b) um

segundo registro dos mesmos caracteres, feito posteriormente, na medida em

que se deseja uma comparação; (c) a identifi cação propriamente dita, em que

se comparam os dois primeiros registros, negando ou afi rmando a identidade

procurada.

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Os fundamentos biológicos ou técnicos que qualifi cam e preenchem as condições para um método de identifi cação ser considerado aceitável são:

Unicidade. Também chamado de individualidade, ou seja, que determinados elementos sejam específi cos daquele indivíduo e diferentes dos demais.

Imutabilidade. São as características que não mudam e não se alteram ao longo do tempo.

Perenidade. Consiste na capacidade de certos elementos resistirem à ação do tempo e que permanecem durante toda a vida, e até após a morte, por exemplo, o esqueleto. Praticabilidade. Um processo que não seja complexo, tanto na obtenção como no registro dos caracteres.

Classifi cabilidade. Este requisito é muito importante, pois é necessária certa metodologia no arquivamento, assim como rapidez e facilidade na busca dos registros.

Segundo França (2017), a identifi cação do vivo ou do cadáver é mais fácil.

Já a identifi cação do esqueleto fundamenta-se em uma criteriosa investigação da espécie, da raça, da idade, do sexo, da estatura e, principalmente, das características individuais. Dessas características individuais, as mais importantes são os dentes, mas para tanto é necessário existir previamente uma fi cha dentária bem assinalada, não só com o número de dentes, como também com as alterações, anomalias e restaurações. Ou, por exemplo, pela identifi cação de uma prótese, de uma anomalia mais rara ou de uma alteração de caráter ortopédico, de uma radiografi a com sequelas traumatológicas, de uma simples radiografi a óssea ou dentária, ou de um exame da Impressão Digital Genética do DNA, para serem confrontados com os padrões analisados.

Finalmente, é necessário que se diferencie o reconhecimento da identifi cação.

O primeiro signifi ca apenas o ato de certifi car-se, conhecer de novo, admitir

como certo ou afi rmar conhecer. É, pois, uma afi rmação laica, de um parente

ou conhecido, sobre alguém que se diz conhecer ou de sua convivência. Pode

essa pessoa que reconhece, inclusive, assinar um “termo de reconhecimento”,

cujos formulários habitualmente existem nas repartições médico-legais. Já

a identifi cação é um conjunto de meios científi cos ou técnicas específi cas

empregado para que se obtenha uma identidade. É um procedimento médico-

legal cuja fi nalidade é afi rmar efetivamente por meio de elementos antropológicos

ou antropométricos que aquele indivíduo é ele mesmo e não outro, conforme

afi rmam diversos autores. A identifi cação divide-se em médico-legal e judiciária

ou policial.

Referências

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