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ETODO TIGHT-BINDING APLICADO A NANOFITA DE GRAFENO COM CAMPO EL´ ETRICO

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Academic year: 2018

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DEPARTAMENTO DE F´ISICA

LUAN VIEIRA DE CASTRO

ETODO TIGHT-BINDING APLICADO

A NANOFITA DE GRAFENO COM

CAMPO EL´

ETRICO

(2)

LUAN VIEIRA DE CASTRO

ETODO TIGHT-BINDING APLICADO

A NANOFITA DE GRAFENO COM

CAMPO EL´

ETRICO

Monografia submetida `a Coordena¸c˜ao do Curso de Gradua¸c˜ao em F´ısica, da Univer-sidade Federal do Cear´a, como requisito par-cial para a obten¸c˜ao do grau de Bacharel em F´ısica

Orientador:

Prof. Dr. Jo˜ao Milton Pereira Jr.

(3)

ETODO TIGHT-BINDING APLICADO

A NANOFITA DE GRAFENO COM

CAMPO EL´

ETRICO

Monografia submetida `a Coordena¸c˜ao do Curso de Gradua¸c˜ao em F´ısica, da Univer-sidade Federal do Cear´a, como requisito par-cial para a obten¸c˜ao do grau de Bacharel em F´ısica

Aprovada em / /

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Jo˜ao Milton Pereira Junior (Orientador) Universidade Federal do Cear´a

Prof. Dr. Andrey Chaves Universidade Federal do Cear´a

(4)

Dados Internacionais de Cataloga¸c˜ao na Publica¸c˜ao

Universidade Federal do Cear´a

Biblioteca Setorial de F´ısica

C532m Castro, Luan Vieira de.

M´etodo Tight-Binding aplicado a nanofita de grafeno

com campo el´etrico / Luan Vieira de Castro. – 2014.

48 p.;il.

Monografia - Universidade Federal do Cear´a,

Departa-mento de F´ısica, Centro de Ciˆencias, Fortaleza, 2014. ´

Area de Concentra¸c˜ao: F´ısica

Orienta¸c˜ao: Prof. Dr. Jo˜ao Milton Pereira Jr.

1. F´ısica do estado s´olido. 2. Nanofita de Grafeno. 3.

Tight-Binding. 4. Rela¸c˜ao de dispers˜ao. 5. Campo el´etrico. I.

(5)
(6)

AGRADECIMENTOS

(7)
(8)

ABSTRACT

(9)
(10)

LISTA DE FIGURAS

1 N´umero de publica¸c˜oes sobre grafeno nos ´ultimos anos. Fonte:[3] . . . . p. 13

2 C´elula unit´aria de grafeno. . . p. 13

3 Nanofita de Grafeno: armchair (Direita) e zig-zag (Esquerda) com a

c´elula unit´aria em destaque. . . p. 15

4 Rela¸c˜ao de dispers˜ao pr´oxima `a um dos cones de Dirac numa

monoca-mada de grafeno. Imagem adaptada de [3] . . . p. 16

5 Duas aplica¸c˜oes para grafeno: (a) Grafeno utilizando na produ¸c˜ao de

c´elulas solares[9]. (b) Grafeno utilizado em sensores de g´as [10] . . . p. 18

6 ´atomos de carbono em uma rede hexagonal de grafeno. R1, R2 e R3

denotam as distˆancias aos vizinhos mais pr´oximos de um ´atomo tipo B

(azul) da rede. . . p. 26

7 rela¸c˜ao de dispers˜ao para uma folha de grafeno infinita. . . p. 28

8 Na aproxima¸c˜ao de segundos vizinhos, somamos sobre os dois grupos de

´atomos mostrados na figura. . . p. 29

9 Resultado para a rela¸c˜ao de dispers˜ao para nanofita de bordas armchair

sem campo el´etrico com: (a)Ny = 20, (b)21 e (c)22 linhas. . . p. 33

10 Resultado para a rela¸c˜ao de dispers˜ao de nanofitas zigzag com (a)Ny =

20 linhas e (b)Ny = 21 linhas. As figuras (c) e (d) representam uma

amplia¸c˜ao da regi˜ao pr´oxima aos estados de borda. Foram utilizados

valores de t0 = 2.8 eV e t1 = 0.01 eV . . . p. 35

11 Proje¸c˜ao da rela¸c˜ao de dispers˜ao para folha infinita de grafeno ao longo

(11)

brillouin para Nx = (a)20, (b)21 e (c)22 linhas. Em (d),(e) e (f) est´a

plotado o zoom da regi˜ao pr´oxima ao gap para cada uma das figuras.

As energias est˜ao colocadas em unidades de t0 e os vetores de onda em

unidades de π/a. . . p. 37

13 Rela¸c˜ao de dispers˜ao para nanofitas de bordas zigzag com aplica¸c˜ao de campo el´etrico de 1V /nm. A figura representa a primeira zona de brillouin para Nx= (a)20 e (b)21 linhas. Em (c),(d) est´a plotado o zoom

da regi˜ao pr´oxima aos estados de borda para cada uma das figuras.As

energias est˜ao colocadas em unidades de t0 e os vetores de onda em

unidades de π/a. . . p. 38

14 Energia em fun¸c˜ao do campo el´etrica para: (a) nanofita de 20 linhas com borda armchair e (b) nanofita de 20 linhas com borda zigzag. Na figura, plotamos energia em unidades det0 em fun¸c˜ao dee0/t, que ´e proporcional

ao campo. . . p. 39

15 (a)Potˆencial el´etrico em fun¸c˜ao da posi¸c˜ao y ao longo da fita. (b) Campo

el´etrico em fun¸c˜ao da posi¸c˜ao. Note que n˜ao h´a informa¸c˜ao alguma a

respeito da regi˜ao de varia¸c˜ao de potˆencial. . . p. 41

16 Resultado para nanofita armchair submetida a um po¸co de potˆencial com n´umero de linhas, da esquerda para direita: Ny = 20, 21 e 22 linhas. Os

resultados s˜ao mostrados com os seguinte valores de altura da barreira:

0.25t0(a)-(c); 0.5t0 (d)-(f); 0.75t0(g)-(i); t0(j)-(m). . . p. 43

17 Resultado para nanofita zigzag submetida a um po¸co de potˆencial com n´umero de linhas, da esquerda para direita: Ny = 20 e 21 . Os resultados

s˜ao mostrados com os seguinte valores de altura da barreira: 0.25t0(a)(b);

0.5t0 (c)(d); 0.75t0(e)(f); t0(g)(h). . . p. 44

18 densidade de probabilidade para dois auto estados arbitr´arios na nanofita. A figura de cima mostra o resultado para um estado localizado no po¸co

com altura da barreira V = (a)0, (b)0.5t0 e (c)4t0. Na figura de baixo

o mesmo resultado com a fun¸c˜ao de onda localizada na barreira e V =

(12)

SUM ´

ARIO

1 INTRODUC¸ ˜AO p. 12

1.1 Defini¸c˜oes . . . p. 12

1.2 Propriedades . . . p. 15

1.3 Aplica¸c˜oes . . . p. 17

1.4 Sum´ario . . . p. 18

2 MODELO TE ´ORICO p. 19

2.1 M´etodo Tight-binding . . . p. 19

2.2 Formalismo quˆantico de segunda quantiza¸c˜ao . . . p. 21

2.3 Modelo Tight-binding aplicado em grafeno . . . p. 24

2.3.1 Folha infinita . . . p. 24

2.3.2 Nanofita de Grafeno . . . p. 28

3 RESULTADOS p. 33

3.1 Nanofita Sem Campo el´etrico . . . p. 33

3.2 Campo el´etrico com potencial linear com a posi¸c˜ao . . . p. 36

3.3 Po¸co de potencial . . . p. 40

4 CONCLUS ˜AO p. 46

(13)

1

INTRODUC

¸ ˜

AO

1.1

Defini¸

oes

Os primeiros trabalhos te´oricos sobre grafeno datam de 1947 quando Wallace fez os primeiros calculos usando um modelo Tight-Binding para determinar as suas propriedades eletrˆonicas[1]. Neste trabalho, Wallace estava mais interessado em um estudo das

pro-priedades do grafite (um arranjo de folhas de carbono empilhadas uma sobre a outra), utilizando grafeno simplesmente como um passo intermedi´ario.

Em 5 de outubro de 2010, o prˆemio Nobel de f´ısica foi dado `a Konstantin Novoselov e Andre Geim pelos trabalhos pioneiros na sintetiza¸c˜ao de monocamadas de grafite ou, como passou a ser chamado, grafeno[2]. Desde ent˜ao, tˆem sido realizados v´arios estudos

para tentar entender as propriedade eletrˆonicas, mecˆanicas, ´opticas, t´ermicas e qu´ımicas desse material, que tem grande potˆencial para aplica¸c˜oes em v´arias ´areas da ind´ustria e tecnologia. Para ilustrarmos a aten¸c˜ao que tem sido dada pela comunidade cient´ıfica para conseguir controlar as propriedades desse material nos ´ultimos anos, a figura 1[3] mostra

o n´umero de publica¸c˜oes realizadas sobre grafeno nos ´ultimos anos.

De uma forma geral, grafeno pode ser definido como uma monocamada plana de ´atomos de carbonos arranjados numa estrutura tipo favo-de-mel, com uma distˆancia de 0.142 nm entre os ´atomos. ´Atomos de carbono possuem estrutura de Lewis dada por

1s2,2s2,2p2. No grafeno, esses quatro orbitais atˆomicos da camada de valˆencia se

hib-ridizam formando trˆes liga¸c˜oes σ fortes no plano, respons´avel pela forte estrutura plana do grafeno, e um orbital π perpendicular ao plano, respons´aveis pelas propriedades de transporte ao longo da folha.

(14)

13

Figura 1: N´umero de publica¸c˜oes sobre grafeno nos ´ultimos anos. Fonte:[3]

e~a2.N´os definimos as subredes A e B no grafeno como as redes formadas pelos ´atomos do

tipo A (em vermelho) e as redes formadas por ´atomos do tipo B (em azul). Como podemos ver da figura, esses vetores s˜ao dados por: ~a1 = 3a/2~i+

3a/2~j; ~a2 = 3a/2~i−

3a/2~j. Qualquer ´atomo do tipo A pode ser alcan¸cado de outro ´atomo do tipo A por um vetor de transla¸c˜ao da rede T~ = n ~a1 +m ~a2, onde n em s˜ao inteiros, o mesmo valendo para

´atomos do tipo B. Os ´atomos A e B na figura 2 n˜ao s˜ao equivalentes e n˜ao podem ser alcan¸cados um do outro atrav´es de um vetor de transla¸c˜ao da rede. Ambos formam redes

triangulares e n´os rotulamos as redes formadas por esses ´atomos de subrede A e subrede B, respectivamente.

Figura 2: C´elula unit´aria de grafeno.

(15)

recen-temente. Primeiro, acreditava-se que tais estruturas essencialmente bidimensionais (2D) n˜ao poderiam existir. A raz˜ao para isso ´e que, na natureza, crescimento de cristais exige altas temperaturas, o que torna estruturas de baixas dimensionalidade inst´aveis, devido a flutua¸c˜oes t´ermicas [4]. Portanto, materiais bidimensionais, como o grafeno, se

decompo-riam em estruturas tridimensionais mais est´aveis, como nanotubos de carbono, fulerenos, etc. O segundo motivo ´e que, mesmo que existissem, n˜ao haveria aparato experimental para observar tal estrutura. Essa ´ultima dificuldade foi resolvida devido ao efeito que o grafeno cria num substrato de sil´ıcio que permite a sua observa¸c˜ao direta atrav´es de um

microsc´opio ´otico comum [4].

Antes de terminar essa se¸c˜ao, precisamos definir uma subcategoria de materias de grafeno que ser´a o principal objeto de estudo desse trabalho. Em estudos te´oricos, nor-malmente consideramos o grafeno como uma folha infinita e, `a partir da´ı, utilizamos nosso modelo para pr´e-dizer as propriedades desse material. Nesse trabalho, estaremos

mais interessados numa subestrutura unidimensional de grafeno, na nanofita de grafeno, que pode ser considerada como uma regi˜ao entre o corte de dois planos paralelos da folha. Assim, uma nanofita ´e infinita em uma dire¸c˜ao, mas discreta na outra. Vamos escolher nosso sistema de coordenadas com o eixo y na dire¸c˜ao finita da folha e x na infinita.

Pre-cisamos al´em disso definir ao longo de quais planos faremos os cortes da fita, que definem as bordas. Trabalharemos aqui os dois tipos mais b´asicos de bordas: bordas armchair e bordas zigzag. Na figura 5 representamos essas duas geometrias. A borda armchair ´e obtida quando realizamos um corte ao longo da dire¸c˜ao das arestas no grafeno e a zigzag

quando realizamos um corte ao longo dos v´ertices. As duas geometrias para as bordas est˜ao defasadas de um ˆangulo de 30◦. Na figura, tamb´em est´a representada a c´elula unit´aria para cada uma das geometrias. Essas estruturas podem ser obtidas atrav´es do

modo usual de produ¸c˜ao de grafeno, a clivagem micromecˆanica ou atrav´es de um processo de corte de um nanotubo.

(16)

15

Figura 3: Nanofita de Grafeno: armchair (Direita) e zig-zag (Esquerda) com a c´elula unit´aria em destaque.

1.2

Propriedades

Das propriedades do grafeno, a que chama mais aten¸c˜ao ´e sem d´uvida o fato de que el´etrons no grafeno se comportam como part´ıculas relativ´ısticas de spin 1/2, sem massa e obedecendo uma equa¸c˜ao do tipo Dirac. Isso se deve ao fato de que sua rela¸c˜ao de

dispers˜ao possui uma forma linear em torno de um conjunto finito de pontos equivalentes K e K’ do espa¸co rec´ıproco, tal como a de f´ermion livre de Dirac. No lugar do spin, surge no grafeno o que se chama de um pseudo-spin, associado ao fato de o el´etron se encontrar em um ´atomo da subrede A ou um ´atomo da subrede B no grafeno. Assim, uma de suas

primeiras aplica¸c˜oes, pode ser vista como utilizar o grafeno para entender fenˆomenos as-sociados a part´ıculas relativ´ısticas, que entra no escopo da eletrodinˆamica quˆantica. Isso levou a uma melhor compreens˜ao de fenˆomenos conhecidos, como o Efeito Hall Quˆantico Anˆomalo e a predi¸c˜ao de novos fenˆomenos como o tunelamento de Klein[4][3][5]. Este

´

ultimo ´e apresentado na eletrodinˆamica quˆantica como o paradoxo de Klein, onde uma part´ıcula que faz uma incidˆencia normal ao longo de uma barreira de potencial consegue tunelar, ou melhor atravessar, com probabilidade de 100 %. No grafeno, isso ´e poss´ıvel simplesmente mudando o estado de el´etron para buraco, e vice-versa, ao atravessar a

bar-reira.

(17)

Figura 4: Rela¸c˜ao de dispers˜ao pr´oxima `a um dos cones de Dirac numa monocamada de grafeno. Imagem adaptada de [3]

mobilidade eletrˆonica, podendo esta ´ultima alcan¸car valores da ordem de 200.000 cm2/Vs,

que ´e muito alto em compara¸c˜ao com os valores medidos para outros semicondutores, como

o antimoneato de ´ındio, por exemplo, que possu´ı me da ordem de 77,000 cm2/Vs.. Faixas

de valores altas como essas s˜ao alcan¸cadas em uma folha de grafeno principalmente por esse material ser suave e livre de defeitos. Numa amostra, ´e ainda poss´ıvel modificar essa mobilidade pela introdu¸c˜ao de defeitos, aplicando pertuba¸c˜oes externas e/ou atrav´es de

intera¸c˜ao com outras moleculas na sua superf´ıcie.

Apesar dessas excepcionais propriedades exibidas por uma nanofita de grafeno ainda h´a problemas que poderiam impedir sua aplica¸c˜ao na eletrˆonica. Uma delas ´e o fato de o espectro de energia do grafeno exibir gap zero, o que impede o uso do grafeno em

aplica¸c˜oes l´ogicas. Uma forma de ser resolver isso, como ficar´a claro mais adiante, ´e uti-lizar uma nanofita de grafeno, pois, para esse sistema, ´e poss´ıvel a abertura de um gap. Al´em disso, a aplica¸c˜ao de pertuba¸c˜oes externas como strain[6], impurezas[7], campos externos (principal assunto discutido nesse trabalho) podem servir como mecanismo de

controle do gap na nanofita.

Grafeno tamb´em possu´ı excelentes propriedades ´opticas, mecˆanicas e t´ermicas. Uma ´

unica folha de grafeno absorve 2,3% da luz que incide sobre ela. Essa absor¸c˜ao cresce linearmente com o n´umero de camadas de grafeno e ´e poss´ıvel mostrar que ela est´a

(18)

17

rela¸c˜ao a suas propriedades mecˆanicas, grafeno possui um m´odulo de elasticidade grande e, portanto, pode ser muito bom em aplica¸c˜oes de dispositivos eletrˆonicos, tornando-se resistente a aplica¸c˜ao de strain. Para concluir, grafeno tamb´em exibe alta condutividade t´ermica devido as liga¸c˜oes covalente C-C entre ´atomos de carbono. C´alculos feitos atrav´es

de espectroscopia micro-Raman confocal, determinaram valores de at´e 5300 W/mK no grafeno [3].

Resumindo, apresentamos nessa se¸c˜ao um breve resumo de algumas das principais propriedades f´ısicas do grafeno que tem sido fonte de discuss˜ao nos estudos atuais sobre esse material. Na pr´oxima se¸c˜ao, veremos como algumas dessas propriedades est˜ao sendo

utilizadas ou prometem ser utilizadas em aplica¸c˜oes futuras.

1.3

Aplica¸

oes

Devido a suas propriedades, o grafeno promete ter aplica¸c˜ao em v´arias ´areas como bio engenharia, no melhoramento de materiais, na optoeletrˆonica, etc. Al´em disso, as pesquisas em grafeno geraram um crescente interesse da comunidade cientifica em outros

materiais bidimensionais como nitreto de boro, sulfito de tˆantalo(IV), etc. Grafeno, com-binado com essas novas estruturas pode gerar materiais ainda mais interessantes, tanto do ponto de vista te´orico quanto pr´atico.

Uma propriedade do grafeno que chama aten¸c˜ao ´e sua sensibilidade qu´ımica. Quando

uma ´unica mol´ecula de g´as ´e adsorvida numa folha de grafeno, ocorre uma mudan¸ca na resistividade local, o que torna poss´ıvel sua detec¸c˜ao. Assim, como consequˆencia di-reta dessa propriedade, uma poss´ıvel aplica¸c˜ao de grafeno ´e como um sensor bioel´etrico, servindo para detectar n´ıveis de glicose, hemoglobina, colesterol e at´e sequenciamento de

DNA. Essa propriedade tamb´em permite a aplica¸c˜ao de grafeno em dispositivos de segu-ran¸ca como um sensor de g´as.

Uma segunda poss´ıvel utiliza¸c˜ao de grafeno ´e na fabrica¸c˜ao de materiais para ind´ustria aeroespacial. Por ser um material leve, forte e resistente, grafeno ´e bastante indicado para substituir os materiais usados atualmente. Al´em disso, sua alta mobilidade eletrˆonica pode

(19)

Figura 5: Duas aplica¸c˜oes para grafeno: (a) Grafeno utilizando na produ¸c˜ao de c´elulas solares[9]. (b) Grafeno utilizado em sensores de g´as [10]

Para concluir, um terceira aplica¸c˜ao futura do grafeno pode ser na optoeletronica. Como foi dito antes, uma ´unica monocamada de grafeno absorve 2,3% da luz que incide sobre ela. Logo 97,7% da luz ´e transmitida atrav´es da folha, propriedade que torna o grafeno ideal para trabalhos em optoeletrˆonica. Assim, ´e prov´avel que veremos num futuro pr´oximo grafeno utilizado em aparelhos de touch-screen, LCD, diodos, etc.

1.4

Sum´

ario

No pr´oximo capitulo, discutiremos as principais ferramentas matematicas utilizadas

no trabalho desenvolvido aqui. Na primeira se¸c˜ao tentaremos dar uma id´eia geral so-bre em que se baseia o modelo tight-binding e como ele ´e trabalhado no formalismo de primeira quantiza¸c˜ao. Em seguida, definiremos o formalismo de segunda quantiza¸c˜ao e mostraremos como o modelo Tight-Binding se modifica nesse nova formula¸c˜ao.

Aplicare-mos ent˜ao, para o caso da folha infinita. Por fim, aplicareAplicare-mos o modelo Tight-binding para a nanofita de grafeno e chegaremos na equa¸c˜ao matricial que deve ser satisfeita pelos operadores no espa¸co de fase para se determinar as auto-energias. No terceiro Capitulo, discutiremos os principais resultados obtidos nesse trabalho. Come¸caremos com o caso da

(20)

19

2

MODELO TE ´

ORICO

2.1

etodo Tight-binding

Nesta se¸c˜ao vamos falar sobre alguns aspectos gerais da aproxima¸c˜ao Tight-binding

que ser´a usada posteriormente, dentro do formalismo de segunda quantiza¸c˜ao, para deter-minar as propriedades de propaga¸c˜ao eletrˆonica sobre uma nanofita de grafeno. Maiores detalhes dos c´alculos apresentados aqui se encontram em [11].

Quando tentamos encontrar as fun¸c˜oes de onda que determinam a propaga¸c˜ao de

el´etrons em um cristal, encontramos solu¸c˜oes que s˜ao completamente localizadas em s´ıtios da rede (que levam a uma descri¸c˜ao em termos de orbitais atˆomicos) e outras que est˜ao espalhadas sobre o cristal (e que, portanto, n˜ao tem nenhuma semelhan¸ca alguma com os orbitais atˆomicos). A aproxima¸c˜ao Tight-binding serve para descrever estados

inter-medi´arios entre essas duas aproxima¸c˜oes, isto ´e, que s˜ao pr´oximos das fun¸c˜oes de onda atˆomica, mas n˜ao t˜ao pr´oximas a ponto de n˜ao ser necess´ario nenhuma corre¸c˜ao.

O Hamiltoniano para um el´etron num cristal pode ser escrito da seguinte forma:

H =Hat+ ∆U, (2.1)

ondeHat´e o Hamiltoniano atˆomico para um el´etron em um ´atomo isolado do cristal e ∆U

cont´em todas as corre¸c˜oes para reproduzir o potencial completo do cristal. Se ∆U fosse constru´ıdo de tal forma que ele fosse zero sempre que uma dada fun¸c˜ao de onda atˆomica n˜ao o fosse, ent˜ao, para um cristal formado por N ´atomos, ψn produziria N n´ıveis com

fun¸c˜oes de onda ψn(~r−R~) para cada s´ıtio R~ da rede e a solu¸c˜ao para um dado cristal

seria dada por:

Ψn~k(~r) =X

~ R

(21)

´

E f´acil de mostrar que Ψnk satisfaz o teorema de Bloch1 e portanto ´e uma poss´ıvel solu¸c˜ao

para o Hamiltoniano no cristal nessas condi¸c˜oes. No entanto, n˜ao ´e verdade que ∆U(~r) vai satisfazer essa propriedade, para o Hamiltoniano contendo ∆U 6= 0. Mesmo assim, a abordagem acima sugere que procuremos solu¸c˜oes da seguinte forma:

Ψn~k =X

~ R

ei~k·R~φ(~rR~). (2.3)

Em geral, no entanto, esperamos que o produto ∆U(~r)Ψn(~r) seja bastante pequeno em

rela¸c˜ao as energias caracter´ısticas do sistema, de modo que ´e razo´avel escreverφ(~r) como um produto de fun¸c˜ao de onda atˆomica:

φ(~r) = X

n

bnψn(~r) (2.4)

Substituindo essas express˜oes na equa¸c˜ao de Schr¨odinger e fazendo o produto interno com Ψm ´e poss´ıvel mostrar, depois de algumas contas, que essas rela¸c˜oes geram a seguinte

equa¸c˜ao de auto-valores:

(ǫ(~k)Em)bm =−(ǫ(~k)−Em)Pn(PR~6=0

R

Ψ∗

m(~r)ψn(~r−R~)ei~k·R~d~r)bn

+P

n(

R

Ψ∗

m(~r)∆U ψn(~r)d~r)bn+Pn(PR~6=0R Ψ∗m(~r)∆U(R~)ψn(~r−R~)ei~k·R~d~r)bn.

(2.5)

O lado direito dessa equa¸c˜ao ´e normalmente muito pequeno, pois envolve termos com produtos de fun¸c˜oes de onda centradas em s´ıtios diferentes e termos em ∆U. Logo, o mesmo deve ser verdade para o lado esquerdo. Isso ser´a verdade seǫ(~k)Em oubmforem

muito pequenos. Como, normalmente, ǫ(~k) Es para um dado estado, dependendo da

degenerescˆencia do estado s, a equa¸c˜ao acima gera um sistema de equa¸c˜oes para se deter-minar os coeficientes da combina¸c˜ao linear de estados que geram a fun¸c˜aoφ(~r).

Observe que as rela¸c˜oes obtidas aqui partem do pressuposto inicial de que a Hamil-toniana no cristal ´e muito pr´oxima de Hat e ´e nisso que est´a baseado a aproxima¸c˜ao

tight-binding. Na pr´oxima se¸c˜ao, falaremos sobre o formalismo de segunda quantiza¸c˜ao e em seguida como um Hamiltoniano Tight-Binding pode ser descrito em termo de oper-adores de cria¸c˜ao e destrui¸c˜ao usando esse novo formalismo.

1

O teorema de Bloch diz que a fun¸c˜ao de onda que descrevem os estados numa regi˜ao regi˜ao onde

existe um potˆencial peri´odico aplicado, isto ´eU(~r+T~) =U(r), s˜ao da seguinte forma: Ψ~k(~r) =ei~k·~ruk(~r),

(22)

21

2.2

Formalismo quˆ

antico de segunda quantiza¸

ao

Essa se¸c˜ao servir´a de base para determinarmos as auto-energias de um el´etron em uma nanofita de grafeno. Falaremos primeiro do formalismo de segunda quantiza¸c˜ao para

f´ermions e, em seguida, mostraremos como se pode reescrever o Hamiltoniano Tight-Binding nesta nova base.

A primeira quantiza¸c˜ao em f´ısica refere-se `a quantiza¸c˜ao da energia e estados de um part´ıcula submetida `a um dado confinamento. Posteriormente, percebeu-se que as for¸cas

de intera¸c˜ao entre part´ıculas eram causadas por outras part´ıculas e que essas part´ıculas eram quantizadas[12]. Aqui n˜ao entraremos em detalhes a respeito de como esse processo ocorreu. No entanto, resta-nos saber que isso, de um modo geral, levou ao formalismo de segunda quantiza¸c˜ao que ser´a estudado nessa se¸c˜ao.

Agora, considere um sistema de N part´ıculas. Como nosso trabalho envolve a propaga¸c˜ao

de el´etrons em uma nanofita de grafeno, nos limitaremos ao estudo de sistema de part´ıculas fermiˆonicas. F´ermions podem ser definidos como part´ıculas de spin semi inteiro idˆenticas que obedecem ao princ´ıpio de exclus˜ao de Pauli, isto ´e, duas part´ıculas fermiˆonicas n˜ao podem ocupar o mesmo estado quˆantico.

Como pr´oximo passo, definimos o n´umero de ocupa¸c˜aonjcomo o n´umero de part´ıculas

que est˜ao ocupando o estado j. Como foi dito antes, F´ermions obedecem ao princ´ıpio de exclus˜ao de Pauli. Logonj, para f´ermions s´o pode ser 0 ou 1.

No formalismo de segunda quantiza¸c˜ao, o estado de um sistema de N part´ıculas pode

ser escrito da seguinte forma, utilizando a nota¸c˜ao de Ket’s de Dirac:

i=|n1, n2, n3· · ·, ni,· · ·i. (2.6)

Aqui,|Ψirepresenta o estado geral do sistema de N part´ıculas eni´e o n´umero de ocupa¸c˜ao

para o estado i. Quando n˜ao h´a nenhuma part´ıcula ocupando qualquer estado, chamamos este de estado de v´acuo e, em nota¸c˜ao de Dirac, representamos esse estado por:

(23)

Al´em disso, a condi¸c˜ao de ortonormaliza¸c˜ao para os estados de uma part´ıcula requerem

que|Ψi satisfa¸ca a seguinte rela¸c˜ao:

|Ψ′i= ∞

Y

i=0

δni,n′i. (2.8)

Continuando, definimos o operador n´umero Ni para o estado i com a propriedade de

que o valor esperado d´ani, o n´umero de ocupa¸c˜ao para o estado i. Em nota¸c˜ao de bra’s

e ket’s esse operador assume a seguinte forma:

Ni =ni| · · ·ni· · ·ih· · ·ni· · · |. (2.9)

O tratamento de um sistema de part´ıculas ´e enormemente facilitado com a introdu¸c˜ao dos operadores chamados de cria¸c˜ao e destrui¸c˜ao. Esses operadores tem a propriedade de

que quando atuam em um estado criam ou destroem uma part´ıcula nesse estado. Isto ´e, esses operadores tem a seguinte forma para um dado estado i:

a†i| · · ·ni −1· · ·i=ci(ni)| · · ·ni· · ·i (2.10)

ai| · · ·ni· · ·i=c′i(ni)| · · ·ni−1· · ·i (2.11)

Al´em disso, como estamos tratando de part´ıculas fermiˆonicas, temos ainda que exigir, como foi dito anteriormente, que elas obede¸cam ao princ´ıpio de exclus˜ao de Pauli. ´E

poss´ıvel mostrar que essas rela¸c˜oes s˜ao estabelecidas se os operadores definidos acima satisfa¸cam as seguintes rela¸c˜oes de anticomuta¸c˜ao:

{ai, a†j}=aia†j +a

jai =δij; (2.12)

{ai, aj}= 0; (2.13)

(24)

23

Das rela¸c˜oes 2.13 e 2.14 ´e obvio que: aiai =a†ia

i = 0. Observe tamb´em, das equa¸c˜oes

2.10 e 2.11, que a†iai|Ψi=ci(ni)c′i(ni)|Ψi, que tem a mesma forma do operador n´umero.

Assim ´e natural tomarmosa†iai =Ni, e, portanto, temos a seguinte rela¸c˜ao: ci(ni)c′i(ni) =

ni. Tomemos agora o operador Ni2:

Ni2 =a†iaia†iai =a†i(1−a

iai)ai =a†iai−a†ia

iaiai =a†iai =Ni, (2.15)

portanto, N2

i =Ni, o que implica que ni(ni −1) = 0, comprovando que os valores de ni

s´o podem ser 0 ou 1. Considere os operadores abaixo:

A†i =ni(−1)Σi| · · ·1−ni· · ·ih· · ·ni· · · | (2.16)

Ai = (1−ni)(−1)Σi| · · ·ni· · ·ih· · ·1−ni· · · | (2.17)

´

E f´acil mostrar que esses operadores satisfazem todas as rela¸c˜oes acima e, portanto,

cor-respondem aos operadores de cria¸c˜ao e destrui¸c˜ao associados ao estado de f´ermion, isto ´e A†i = a†i e Ai = ai. Em posse desses valores, podemos escrever o estado geral de uma

part´ıcula em termos de operadores de cria¸c˜ao e destrui¸c˜ao:

i= ∞

Y

i=0

ani

i

ni!|

0i. (2.18)

Vejamos agora como fica o operador Hamiltoniano para um dado sistema na nota¸c˜ao

do formalismo de segunda quantiza¸c˜ao. Seja ǫi a energia associada ao estado i de um

sistema de part´ıculas. Considere que para cada estado i h´a ni2 part´ıculas ocupando esse

estado. Assim, para esse sistema, a energia total ´e dada por:

E = ∞

X

i=0

niǫi (2.19)

Ora, sabemos queE =hHieni =ha†iaii, logo podemos escrever o Hamiltoniano total do

sistema como:

H = ∞

X

i=0

ǫia†iai. (2.20)

No entanto, essa aproxima¸c˜ao n˜ao est´a completamente correta quando tentamos

determi-2

No nosso caso, como estamos trabalhando com part´ıculas fermiˆonicas,ni s´o pode ser igual a 0 ou 1.

(25)

nar a Hamiltoniana para um sistema mais geral poss´ıvel[14]. A aproxima¸c˜ao acima sup˜oe que n˜ao haja intera¸c˜ao entre os estados ocupados pelas part´ıculas. Se quisermos consid-erar a situa¸c˜ao mais geral poss´ıvel, devemos supor que existam termos correspondentes a uma intera¸c˜ao entre as part´ıculas e os estados seguintes, bem como uma intera¸c˜ao entre as

pr´oprias part´ıculas que comp˜oem o sistema. Por exemplo, se estivermos tratando de um el´etron numa rede atˆomica, na situa¸c˜ao mais realista, devemos incluir termos que corre-spondam a energia de intera¸c˜ao entre os el´etrons e os s´ıtios atˆomicos, el´etrons e el´etrons, el´etrons e buracos, el´etrons e f´onons, f´onons e buracos, etc, tornando o problema cada vez

mais complicado. Como foi dito na se¸c˜ao 2.1, a aproxima¸c˜ao Tight-Binding consiste numa vis˜ao intermedi´aria que fornece uma pequena corre¸c˜ao a vis˜ao de orbital atˆomico. Assim, considera-se que o el´etron tem uma pequena chance de tunelar de um s´ıtio i para um s´ıtio j dentro do ´atomo. Em termos dessa nova aproxima¸c˜ao podemos escrever a Hamiltoniana

do sistema para uma part´ıcula fermiˆonica na aproxima¸c˜ao Tigh-Binding como:

H =X

i

ǫia†iai+

X

i,j

ti,j(a†iaj +aia†j). (2.21)

Aqui, ai(a†i) e aj(a†j) s˜ao os operadores de cria¸c˜ao (destrui¸c˜ao) nos sit´ıos i e j,

respec-tivamente, enquantoti,j ´e o termo de hopping (ou integral de superposi¸c˜ao) entre os dois

´orbitais dados em termos da energia de intera¸c˜ao por:

ti,j =

Z

|∆Ui,j|Ψi=

Y

l

Z

h0| a †

l

n

l|

∆Uij|

al

n

l|

0i= ∆Ui,j. (2.22)

Na pr´oxima se¸c˜ao, veremos como o modelo Tight-Binding se aplica para determinar as auto energias no grafeno. Veremos primeiro o caso da folha infinita e, em seguida, passaremos ao estudo de nanofitas com campo el´etrico aplicado.

2.3

Modelo Tight-binding aplicado em grafeno

2.3.1

Folha infinita

(26)

25

que o el´etron est´a ’fortemente ligado’ e, portanto, s´o pode interagir com os vizinhos mais pr´oximos. Nesse caso tem-se o seguinte Hamiltoniano para o el´etron no grafeno [5]

H =tX

i,j

(a†ibj+aib†j). (2.23)

Estamos usando ai e bj para diferenciar os ´atomos das subredes A e B. N˜ao colocamos o

primeiro termo de 2.21 por que o ´unico efeito desse termo ´e deslocar o zero de potencial. Como requisitado pelo teorema de Bloch e a periodicidade da rede, ´e conveniente escrever os operadores de cria¸c˜ao e destrui¸c˜ao em termos de suas transformadas para o espa¸co

rec´ıproco. Tem-se ent˜ao:

ai =

1

N

X

~k

ei~k·r~ia

k (2.24)

a†i =

1

N

X

~k

e−i~k·r~ia

k (2.25)

bj =

1

N

X

~k′

ei~k′·r~jb

k′ (2.26)

b†j = √1

N

X

~k′

ei~k′·r~jb

k′ (2.27)

Substituindo essas express˜oes no Hamiltoniano do sistema tem-se:

H = t

N

X

i,j

X

k,k′

(e−i~k·r~iei~k′·r~ja

kbk′ +ei~k·r~ie−i~k ′·r~

ja

kb†k′) (2.28)

Podemos rearranjar essas express˜oes para deixarmos em termos de distˆancia relativa entre os s´ıtios atˆomicos:

H = t

N

X

i,j

X

k,k′

(e−i~k·(r~i−r~j)ei(~k′−~k)·r~ja

kbk′ +ei~k·(r~i−r~j)e−i(~k ′~k)·r~

ja

kb†k′) (2.29)

Podemos simplificar essa express˜ao, usando a seguinte identidade matem´atica: P

kei(k−k

)·r

i =

δ~k,~k′. Substituindo isso no Hamiltoniano do sistema, encontramos:

H= t

N

X

i,j

X

k

(e−i~k·(r~i−r~j)a

kbk+ei~k·(r~i−r~j)·r~jakb†k). (2.30)

(27)

vizin-hos mais pr´oximos. Portanto, iremos repetir a mesma soma sobre mais pr´oximos vizinvizin-hos, para cada s´ıtio j. A figura 6 mostra os termos que participam dessa intera¸c˜ao de primeiros vizinhos.

Figura 6: ´atomos de carbono em uma rede hexagonal de grafeno. R1, R2 e R3 denotam as distˆancias aos vizinhos mais pr´oximos de um ´atomo tipo B (azul) da rede.

Colocando a origem no ´atomo B da figura, vemos que as distˆancias dadas s˜ao: R~1 =

−a~i;R~2 =a/2~i+a

3/2~j;R3 =a/2~i−a

3/2~j. Logo, para um valor de j fixado a soma sobre os mais pr´oximos vizinhos do tipo B, constitu´ıda de ´atomos do tipo A, fica:

X

i

e−i~k·(~ri−r~j)=e−i~k·R~1

+e−i~k·R~2

+e−i~k·R~3

=eikxa+ 2e−ikxa/2cos(3k

ya/2) = g(~k). (2.31)

Essa express˜ao, que n´os rotulamos de g(~k), ´e chamada de fator de estrutura da rede cristalina. Como dissemos, a soma em j ´e a mesma para cada ´atomo i da rede. Logo, considerando que temos N ´atomos na rede, o somat´orio em i,j fica N vezes o somat´orio em j. Substituindo isso mais os resultados da equa¸c˜ao 2.31 na express˜ao 2.30, da Hamiltoniana do sistema, obtemos:

H =tX

k

(g(~k)a~k†b~k +g(~k)∗a~kb~k†) (2.32)

Esse ´e o Hamiltoniano para o el´etron no grafeno no espa¸co de Hilbert em termos dos momentos~k. Esse Hamiltoniano pode ser escrito tamb´em como H =P

khΨk|H|Ψki,

onde|Ψki=|ak, bkie ak,bk s˜ao as transformadas dos operadores de cria¸c˜ao e destrui¸c˜ao.

(28)

27

h(Ψk)i|H|(Ψk)ji. Assim temos:

Ek   ak bk  =  

0 tg(~k)

−tg∗(~k) 0

    ak bk 

. (2.33)

Os auto valores dessa equa¸c˜ao d˜ao as auto energias associadas ao Ψk. Para encontrarmos

essas grandezas, o determinante da matriz H - EI tem que ser igual a zero. Assim, devemos resolver a seguinte equa¸c˜ao:

Ek tg(~k)

tg∗(~k) E

k

= 0 Ek2−t2|g(~k)|2 = 0. (2.34)

Cujas raizes s˜ao dadas por:

Ek =±

q

3 + 4cos(√3kya) +cos(3kxa/2)cos(

3kya/2) (2.35)

Na figura 7 representamos essas duas solu¸c˜oes em fun¸c˜ao de kxa e kya. Na figura,

vemos seis pontos de contato entre a banda de condu¸c˜ao e a banda de valˆencia3. Da

figura, observa-se que a rela¸c˜ao de dispers˜ao tem uma aparˆencia cˆonica se escolhermos valores de ~k muito pr´oximos deles. Esses pontos s˜ao os chamados cones de Dirac e ´e por essa forma cˆonica que dissemos que el´etrons propagando-se no grafeno comportam-se como part´ıculas relativ´ısticas sem massa4.

Na pr´oxima subse¸c˜ao, finalmente desenvolvermos o Hamiltoniano tight-binding para uma part´ıcula em uma nanofita de grafeno. Trabalharemos na aproxima¸c˜ao de segundo

vizinhos, isto ´e, incluiremos os segundos s´ıtios mais pr´oximos para o nosso c´alculo da rela¸c˜ao de dispers˜ao. Incluiremos o termo de intera¸c˜ao entre o el´etron e potencial na nanofita.

3

Quando determinamos as energias de um cristal e representamos essas energias no espa¸co de fase, isto

´e, em fun¸c˜ao dekxeky, para um sistema bidimensional, as bandas de condu¸c˜ao e valˆencia correspondem

ao n´ıvel de energia mais baixo desocupado e mais alto ocupado, respectivamente. 4`

A luz da relatividade, uma part´ıcula de massa m, energia E e momento p satisfaz obedece a seguinte

rela¸c˜ao: E2

=p2

c2

−m2

c4

, onde c ´e a velocidade da luz. Se m = 0, ent˜ao temos a seguinte rela¸c˜ao entre

momento e energia: E = ±|pc|. Como, pela mecˆanica quˆantica, momento tamb´em ´e proporcional ao

(29)

Figura 7: rela¸c˜ao de dispers˜ao para uma folha de grafeno infinita.

2.3.2

Nanofita de Grafeno

Nesta se¸c˜ao estamos interessados em descrever uma forma de determinar as auto

en-ergias de uma nanofita de grafeno de N linhas. Existem dois tipos de geometrias a se considerar: bordas armchair e bordas zigzag. Vamos, por conven¸c˜ao, come¸car sempre com linhas de ´atomos do tipo B para bordas zigzag (bordas armchair sempre possuem os dois tipos de ´atomos). A principal diferen¸ca introduzida agora ´e que o sistema s´o

tem periodicidade em uma dire¸c˜ao, que chamaremos a dire¸c˜ao x. Al´em disso, incluire-mos nos nossos c´alculos para a rela¸c˜ao de dispers˜ao as intera¸c˜oes entre segundos vizinhos.

A figura 8 representa os termos que incluiremos na nossa aproxima¸c˜ao. Agora, al´em de um termo de hopping entre primeiros vizinhos, que representa a energia de intera¸c˜ao

entre o s´ıtio atual e os primeiros vizinhos, h´a tamb´em a possibilidade de hopping entre os segundos vizinhos. Assim nos temos: t0 ≈ 2.8 eV para representar a intera¸c˜ao entre

primeiros vizinhos e t1 ≈ 0.1 eV para representar a intera¸c˜ao entre os segundos

vizin-hos. Al´em disso, temos que considerar a energia potencial el´etrica devido a intera¸c˜ao

da part´ıcula com o campo el´etrico. Chamaremos essa energia de Vi. Mais tarde

(30)

29

Figura 8: Na aproxima¸c˜ao de segundos vizinhos, somamos sobre os dois grupos de ´atomos mostrados na figura.

observa¸c˜oes, o Hamiltoniano para o el´etron na nanofita de grafeno usando aproxima¸c˜ao tight-Binding com segundos vizinhos submetido a campo el´etrico fica:

H =X

i

Vi(a†iai+b†ibi)−t0

X

(i,j)

(aib†j+a

ibj)−t1

X

((i,j))

(aia†j +a

iaj +bib†j+b

ibj) (2.36)

Como foi dito anteriormente, devido `a periodicidade da fita ao longo da dire¸c˜ao x,

faremos uma transformada de Fourier na dire¸c˜ao x dos operadores de cria¸c˜ao e destrui¸c˜ao na nanofita de grafeno. Assim temos:

ai =

1

NA

X

kx,n

eikxrxia

kx,n; (2.37)

a†i = √1

NA

X

kx,n

e−ikxrxia

kx,n; (2.38)

bj =

1

NB

X

kx,n

eikxrxjb

k′

x,n′; (2.39)

b†j = √1

NB

X

k′

x,n′

e−ikxrxja

k′

x,n′; (2.40)

NA e NB representam o n´umero de linhas de ´atomos do tipo A e do tipo B. Aqui

´e preciso distinguir entre os dois casos: quando a borda ´e zigzag e quando a borda ´e armchair. Quando a borda ´e armchair tem-se NA =NB =N. Quando a borda ´e zigzag

(31)

Substituindo essas express˜oes na Hamiltoniana 2.36 e simplificando, chegamos a seguinte express˜ao para a Hamiltoniana na nanofita:

H= X

kx,n

ǫna†kx,nakx,n−

X

kx,n,n′

(τ0n,n′(kx)akx,nb †

kx,n′+τ1n,n′(kx)(a

kx,nakx,n′+b

kx,nakx,n′) +h.c.)

(2.41)

N´os utilizamos h.c. para denotar o conjugado hermitiniano da express˜ao que aparece

no somat´orio. Na equa¸c˜ao 2.41, τ0n,n′ eτ1n,n′ representam os termos que surgem quando se considere somente a intera¸c˜ao entre os primeiros e segundos vizinhos, respectivamente. Esses termos v˜ao depender da geometria da nanofita. Logo, para a nanofita de borda armchair tem-se:

τ0n,n′ =t0(αδn,n′ +βδn,n1+γδn,n+1); (2.42)

τ1n,n′ =−t1(η(δn,n+1n,n1) +θ(δn,n+2n,n2)). (2.43) E, para zigzag, tem-se:

τ0n,n′ =t0(βδn,n1+γδn,n±1); (2.44)

τ1n.n′ =t1(ζδn,n′+θ(δn,n′−2+δn,n′−2)). (2.45)

Aqui, os sinais de sima representam linhas do tipo B e o sinal de baixo linhas do tipo A. As constantes, α,β,γ,η,θ eζ s˜ao mostradas nas tabelas 1 e 2 abaixo.

Armchair Zigzag

α t0eikxa 0

β t0eikxa/2 2t0cos(

3kxa/2)

γ t0eikxa/2 t0

Tabela 1: Coeficientes de τ0n,n′.

Armchair Zigzag

ζ 0 2t1cos(

3kxa)

η 2t1cos(3kxa/2) 0

θ t1 2t1cos(

3kxa/2)

Tabela 2: Coeficientes de τ1n,n′.

Com isso, n´os construimos o Hamiltoniano tight-binding completo para o el´etron em termos de kx e do n´umero de linhas com intera¸c˜ao de primeiros e segundos vizinhos.

(32)

31

de Heinsenberg da mecˆanica quˆantica, n´os descrevemos a evolu¸c˜ao temporal de um oper-ador A e este satisfaz a seguinte equa¸c˜ao de movimento: i¯hdA/dt = [A, H](Equa¸c˜ao de Heinsenberg). Lembremos ent˜ao que os operadores akx,n’s e bkx,n’s s˜ao auto estados do

sistema com energia E(kx) e apliquemos a equa¸c˜ao de movimento de Heinsenberg para

cada um dos operadores. Desde que o Hamiltoniano do sistema n˜ao depende explicita-mente do tempo, podemos esperar uma dependˆencia temporal dos operadores da forma

eiEt/¯h. Logo:

[akx,n, H] =i¯h

dakx,n

dt =E(kx)akx,n (2.46)

[bkx,n, H] =i¯h

dbkx,n

dt =E(kxbkx,n) (2.47)

Agora, faremos uma observa¸c˜ao que simplificar´a muito nossas contas. Uma vez que s´o aparecem termos quadr´aticos no Hamiltoniano, n˜ao faz diferen¸ca o tipo de estat´ıstica que utilizamos para os operadores, se ´e de Fermi ou de Bose5. No Final das contas

obteremos os mesmos resultados. Dessa forma, vamos supor que, ao inv´es das rela¸c˜oes de

anticomuta¸c˜ao desenvolvidas na se¸c˜ao 2.2, os operadores satisfazem rela¸c˜oes an´alogas de comuta¸c˜ao, isto ´e, eles satisfazem equa¸c˜oes 2.12, 2.13 e 2.14, substituindo o anticomutador pelo comutador entre operadores A, B arbitr´arios: [A, B] =ABBA. Assim, as equa¸c˜oes de movimento 2.46 e 2.47 ficam:

E(kx)akx,n =Vnakx,n+

X

n

τ0n,n′(kx)bkx,n′ +

X

n

τ1n,n′akx,n′; (2.48)

E(kx)bkx,n =Vnbkx,n+

X

n

τ∗

0n,n′(kx)akx,n′ +

X

n

τ1n,n′bkx,n′. (2.49)

Sendo aT

kx,n o vetor coluna que representa os operadores de cria¸c˜ao e destrui¸c˜ao para

´atomos do tipo A ebT

kx,n para o tipo B. Essa rela¸c˜ao pode ser escrita mais compactamente

na forma matricial. Logo:

Ek

akx,n

bkx,n

= 

T1+V T0

T∗

0 T1+V

 

akx,n

bkx,n

 (2.50)

5

Estat´ıstica de Fermi-Dirac trabalha com part´ıculas fermiˆonicas e a de Bose-Einstein com part´ıculas

(33)

Os autovalores dessa equa¸c˜ao matricial d˜ao as autoenergias permitidas para o sistema, enquanto seus autovetores d˜ao as fun¸c˜oes de onda no espa¸co de fase. Para uma sistema de N linhas esse problema se resume a resolver um determinante secular 2Nx2N. As submatricesT0,T1 eǫ na express˜ao s˜ao dadas por:

T0 =

           

α β 0 0 0 · · ·

β α γ 0 0 · · · 0 γ α β 0 · · · 0 0 β α γ · · ·

... ... ... ... ... ...             (2.51)

T1 =

           

ζ η θ 0 0 · · ·

η ζ η θ 0 · · ·

θ η ζ η θ · · ·

0 θ η ζ η · · ·

... ... ... ... ... ...             (2.52) V =            

V1 0 0 0 0 · · ·

0 V2 0 0 0 · · ·

0 0 V3 0 0 · · ·

0 0 0 V4 0 · · ·

... ... ... ... ... ...             (2.53)

(34)

33

3

RESULTADOS

3.1

Nanofita Sem Campo el´

etrico

Figura 9: Resultado para a rela¸c˜ao de dispers˜ao para nanofita de bordas armchair sem campo el´etrico com: (a)Ny = 20, (b)21 e (c)22 linhas.

(35)

da figura ´e que a fita ´e condutora (n˜ao h´a gap) para Ny = 20 linhas e ´e semicondutora

nos demais casos. Em geral, obtˆem-se uma fita condutora sempre queNy = 3M−1, onde

M ´e um inteiro. Qualitativamente, podemos explicar esse efeito como uma consequˆencia da discretiza¸c˜ao do n´umero de linhas. No caso da folha infinita, todos os valores poss´ıveis

de kx e ky s˜ao acess´ıveis. No entanto, a discretiza¸c˜ao das linhas na dire¸c˜ao y gera uma

discretiza¸c˜ao nos poss´ıveis valores de ky e podemos pensar nas curvas da figura 9 como

energias correspondentes a valores fixados deky. Logo, se voltarmos para a rela¸c˜ao de

dis-pers˜ao da figura 7, esperamos qualitativamente que a fita seja condutora sempre que um

dos valores deky coincidir com um dos v´ertices dos cones de Dirac, que deve representar o

que ocorre paraNy = 3M−1. Uma explica¸c˜ao mais matem´atica para essa condi¸c˜ao pode

ser encontrada em [15], onde o Hamiltoniano do el´etron no grafeno ´e resolvido dentro da aproxima¸c˜ao de que ele satisfaz a equa¸c˜ao de Dirac pr´oximo aos pontos K e K’ do espa¸co

rec´ıproco. Condi¸c˜oes de contorno s˜ao colocadas para que a fun¸c˜ao de onda v´a a zero nas bordas, o que leva a um valor deky = 0 e, consequentemente um poss´ıvel estado condutor,

sempre que a condi¸c˜ao acima ´e satisfeita.

Vejamos agora o que acontece para nanofitas de bordas zigzag. Antes de discutir-mos os resultados apresentados na figura 10, precisadiscutir-mos fazer uma pequena digress˜ao a

respeito do resultado obtido para 21 linhas e, de um modo geral, para um estado cor-respondente a um n´umero impar de linhas. Uma nanofita zigzag com n´umero impar de linhas apresenta uma linha zigzag incompleta em uma das bordas. Apesar de artifi-cial, nosso modelo computacional permite que fa¸camos essa escolha. Analisaremos esse

caso para ver quais mudan¸cas na rela¸c˜ao de dispers˜ao decorrem desse fato. Para todos os fins, estamos considerando que o el´etron na borda n˜ao tem probabilidade de sair da fita.

Os c´alculos foram feitos considerando que a fita sempre come¸ca com uma linha de ´atomos do tipo B. A figura 10 mostra a rela¸c˜ao de dispers˜ao para nanofitas com 20 e

21 linhas. Uma primeira diferen¸ca que se nota, em rela¸c˜ao ao caso armchair, ´e que aqui as fitas s˜ao sempre condutoras. No entanto, diferente do caso armchair, o contato entre a banda de valˆencia e a banda de condu¸c˜ao n˜ao ocorre s´o nos pontos K(K’) e sim num intervalo de valores dekx. Esse efeito n˜ao ´e originado das propriedades da folha 2D. Como

(36)

35

estados.

Figura 10: Resultado para a rela¸c˜ao de dispers˜ao de nanofitas zigzag com (a)Ny = 20

linhas e (b)Ny = 21 linhas. As figuras (c) e (d) representam uma amplia¸c˜ao da regi˜ao

pr´oxima aos estados de borda. Foram utilizados valores det0 = 2.8 eV e t1 = 0.01 eV

Para concluir essa se¸c˜ao, a figura 11 mostra a proje¸c˜ao da rela¸c˜ao de dispers˜ao da folha infinita nos eixos armchair e zigzag. A compara¸c˜ao com os resultados das figuras 9(b) e

??(c), reflete a tendˆencia que os resultados para fita tem de se aproximar dos resultados da folha quando o n´umero de linhas tender a infinito. Al´em disso a figura 11(b), deixa claro que o estado central nas nanofitas zigzag ´e um estado de borda, j´a que o mesmo n˜ao surge quando tomamos a folha infinita.

(37)

Figura 11: Proje¸c˜ao da rela¸c˜ao de dispers˜ao para folha infinita de grafeno ao longo do plano formado pelo eixo E e: (a) eixo da borda armchair e (b)zigzag.

nanofitas.

3.2

Campo el´

etrico com potencial linear com a posi¸

ao

Nesta se¸c˜ao trabalharemos o efeito da aplica¸c˜ao de um potencial que cresce linear-mente com a posi¸c˜ao na nanofita, ou seja, trabalharemos com um campo uniforme aplicado ao longo da dire¸c˜ao y na nanofita. Assim, a energia potencial el´etrica como fun¸c˜ao da

posi¸c˜ao y na nanofita ´e dada por:

V(y) = e0

y

a, (3.1)

ondee0 ´e uma constante que tem unidade de energia e a´e a distˆancia entre os ´atomos de

carbono.

Vamos escolher a origem na primeira linha d´ımera da nanofita armchair e na primeira

linha da nanofita zigzag. O campo el´etrico pode ser obtido facilmente do gradiente do potˆencial eletrico, C~ele. = −∇V = −e0/a~j. Estamos interessados em valores de campo

que sejam da ordem das constantes caracter´ısticas da rede, ou seja, da ordem det0/a. Um

campo dessa magnitude ´e da ordem de1 V/nm. Por isso, para as rela¸c˜oes de dispers˜ao

apresentadas a seguir escolhemose0 = 0.05t0, para nanofita armchair ee0 = 0.044t0, para

nanofita zigzag. Para nanofita armchair a posi¸c˜ao das linhas ´e dada poryn = (

(38)

37

Para a fita de borda zigzag tem-seyn= 3a(n−1)/2 se n ´e impar eyn = 2a+ 3a(n/2−1)

se n ´e par. Aqui, ´e claro, na posi¸c˜ao das fitas tomaremosVn=V(yn).

A figuras 12 e 13 mostram os resultados obtidos para nanofita de bordas armchair com Ny = 20, 21 e 22 linhas e zigzag com Ny = 20 e 21 linhas, respectivamente.

Com-Figura 12: Rela¸c˜ao de dispers˜ao para nanofitas de bordas armchair com aplica¸c˜ao de campo el´etrico de1V /nm. A figura representa a primeira zona de brillouin paraNx =

(a)20, (b)21 e (c)22 linhas. Em (d),(e) e (f) est´a plotado o zoom da regi˜ao pr´oxima ao gap para cada uma das figuras. As energias est˜ao colocadas em unidades det0 e os vetores de

onda em unidades deπ/a.

(39)

Figura 13: Rela¸c˜ao de dispers˜ao para nanofitas de bordas zigzag com aplica¸c˜ao de campo el´etrico de 1V /nm. A figura representa a primeira zona de brillouin para Nx = (a)20

e (b)21 linhas. Em (c),(d) est´a plotado o zoom da regi˜ao pr´oxima aos estados de borda para cada uma das figuras.As energias est˜ao colocadas em unidades det0 e os vetores de

onda em unidades deπ/a.

um deslocamento das bandas de energia na dire¸c˜ao de crescimento do campo, resultado que pode ser mostrado utilizando teoria da pertuba¸c˜ao. Esse efeito pode ser visto mais claramente na figura 14, onde plotamos a energia, em unidades de E/t, em fun¸c˜ao dee0/t,

que ´e proporcional ao valor do campo para nanofita com 20 linhas com bordas armchair e zigzag e valor dekx = 0. Na figura, ´e clara a dependˆencia crescente das energias com os

valores do campo. Um outro efeito que se observa nos resultados apresentados nas figuras 12, 13 e 14 ´e que algumas algumas curvas de energias se tornam mais energeticas que as

(40)

39

Figura 14: Energia em fun¸c˜ao do campo el´etrica para: (a) nanofita de 20 linhas com borda armchair e (b) nanofita de 20 linhas com borda zigzag. Na figura, plotamos energia em unidades de t0 em fun¸c˜ao de e0/t, que ´e proporcional ao campo.

de que algumas distribi¸c˜oes s˜ao mais favoraveis ao campo do que outras, isto ´e, s˜ao mais

densas nas regi˜oes de maiores energias.

As figuras 12 (c), (d) e (e), mostram um zoom da regi˜ao pr´oxima ao n´ıvel de fermi das nanofitas de borda armchair. As figuras mostram a abertura de um pequeno gap na fita de 20 linhas, bem como uma diminui¸c˜ao do gap para as demais fitas numa regi˜ao

de valores de kx pr´oxima `a π/20a. Esses gaps se assemelham a anticrossings (ou

non-crossing), que surgem quando h´a um acoplamento entre os estados. Uma das implica¸c˜oes desse efeito ´e que, sob determinadas condi¸c˜oes, um el´etron pode tunelar de um banda para outra mudando, ´e claro, seu estado de el´etron para buraco.

As figuras 13 (c), (d) e (e), mostram um zoom da regi˜ao pr´oxima aos estados de borda

numa nanofita zigzag. Os resultados mostram que o efeito do campo el´etrico aplicado de 1 V/nm ´e deformar os estados de borda apresentados pela nanofita. Para fita de 20 linhas, vemos que a aplica¸c˜ao do campo el´etrico muda suas propriedades eletrˆonicas, passando de condutora para semicondutora, com o intervalo na regi˜ao de pequeno gap

assemelhando-se a um anticrossing. Para 21 linhas, vemos que a fita continua condutora com o estado de borda tornando-se mais assim´etrico em torno da banda de valˆencia-banda de condu¸c˜ao.

(41)

submetida a um po¸co de potˆencial.

3.3

Po¸

co de potencial

A figura 15 representa o perfil de uma nanofita com um po¸co de potencial ao longo da dire¸c˜ao y da fita. Em duas linhas vizinhas, na borda do po¸co, h´a uma varia¸c˜ao abrupta de energia, de V = 0 paraV =V0 e vice-versa. Em nosso modelo, s´o estamos interessados no

campo nas linhas da nanofita. Assim, como a varia¸c˜ao de energia potencial s´o acontece na

regi˜ao entre as linhas, n˜ao trabalharemos com o campo nessa regi˜ao, ou seja, como V varia na borda do po¸co. basta para n´os saber C~ele =~0 nas regi˜oes de interesse. Assumiremos,

como est´a ilustrado na figura 15, que a regi˜ao de V = V0 abrange seis linhas a direita

e seis linhas a esquerda da fita, de modo que o po¸co tem largura L = N 12. Nossos c´alculos foram feitos para ambas geometrias, armchair e zigzag.

Na figura 16 est´a representado o resultado para nanofitas armchair comNy = 20, 21 e 22

linhas. Na figura 17 plotamos o mesmo resultado para nanofitas zigzag com Ny = 20 e

21 linhas.

Na figura 16, plotamos resultados para alturas da po¸co, da esquerda para a direita, de 0.25t0, 0.5t0, 0.75t0 e 1.0t0. Vemos, de um modo geral, que as energias aumentam a

medida que tomamos valores cada vez maiores de altura dos po¸cos de potencial. Esse aumento se deve ao fato de que, com valores pequenos de altura de barreira, todas as

regi˜oes s˜ao acess´ıveis. Logo, devido ao aumento da energia na regi˜ao fora do po¸co, h´a um aumento resultante das energias. Assim, apesar de estarmos aumentado as alturas, os estados ainda est˜ao espalhados ao longo da fita. Logo, aumentando as energias de deter-minados s´ıtios da rede, aumenta-se as energias dos estados como um todo. Os resultados

tamb´em mostram que a presen¸ca do po¸co gera deforma¸c˜oes nas curvas de energia que podem gerar grandes modifica¸c˜oes nas propriedades eletrˆonicas da fita, como velocidade de grupo, massa efetiva, etc. Al´em disso, um efeito interessante ascende no caso armchair, quando consideramos a aplica¸c˜ao de um po¸co de potencial. A medida que a altura da

po¸co vai se tornando maior, surgem, no limite entre a banda de valˆencia e a banda de condu¸c˜ao, estados que tornam-se cada vez mais planos. Eles, portanto, assemelham-se a estados de bordas como os apresentados na fita zig-zag sem a presen¸ca do campo. Um outro efeito observado nos resultados apresentados na figura 16 ´e a abertura de um gap

(42)

41

Figura 15: (a)Potˆencial el´etrico em fun¸c˜ao da posi¸c˜ao y ao longo da fita. (b) Campo el´etrico em fun¸c˜ao da posi¸c˜ao. Note que n˜ao h´a informa¸c˜ao alguma a respeito da regi˜ao de varia¸c˜ao de potˆencial.

Na figura 17, plotamos resultados para alturas do po¸co, da esquerda para a direita, de 0.0, 0.25t0, 0.5t0 e 0.75t0. Vemos, assim como no caso das fitas armchair, um aumento

sucessivo das energias das fitas. Os resultados mostram tamb´em que as fitas continuam condutoras mesmo ap´os a aplica¸c˜ao do po¸co de potencial. No entanto, como pode ser

visto na figura 17(h), a fita de 21 linhas torna-se semicondutora com um valor apropriado para a altura da barreira, desde que o estado passa a ficar acima da banda de condu¸c˜ao. De um modo geral, assim como no caso da fita de borda armchair, podemos ver que a aplica¸c˜ao do po¸co de potencial gera modifica¸c˜oes na rela¸c˜ao de dispers˜ao que tem como

(43)

Como foi dito anteriormente, quando a altura da barreira ´e pequena ainda h´a uma grande probabilidade para que o el´etron localizado dentro do po¸co salte para fora e, portanto, nessa situa¸c˜ao, a fun¸c˜ao de onda ao longo da dire¸c˜ao y continua espalhada ao longo da fita. No entanto, a medida que aumentarmos a diferen¸ca de potencial entre

o po¸co e a barreira ´e esperado que surjam estados completamente localizados no po¸co e estados completamente localizados nas barreiras. A figura 18 mostra ilustra esse resultado. Plotamos as probabilidades em fun¸c˜ao da linha numa fita armchair de 20 linhas para dois estados arbitr´arios com kx = 0. Observa-se claramente dos resultados que, um dos

(44)

43

Figura 16: Resultado para nanofita armchair submetida a um po¸co de potˆencial com n´umero de linhas, da esquerda para direita: Ny = 20, 21 e 22 linhas. Os resultados

s˜ao mostrados com os seguinte valores de altura da barreira: 0.25t0(a)-(c); 0.5t0 (d)-(f);

(45)

Figura 17: Resultado para nanofita zigzag submetida a um po¸co de potˆencial com n´umero de linhas, da esquerda para direita: Ny = 20 e 21 . Os resultados s˜ao mostrados com os

(46)

45

Figura 18: densidade de probabilidade para dois auto estados arbitr´arios na nanofita. A figura de cima mostra o resultado para um estado localizado no po¸co com altura da barreira V = (a)0, (b)0.5t0 e (c)4t0. Na figura de baixo o mesmo resultado com a fun¸c˜ao

(47)

4

CONCLUS ˜

AO

Neste trabalho, foi apresentado um estudo das propriedades eletrˆonicas numa nanofita de grafeno utilizando o modelo tight-binding. Para tal fim, utilizamos uma aproxima¸c˜ao

que inclu´ıa possibilidade de ”salto”para primeiros e segundos vizinhos na rede.

Inicialmente, foi apresentada uma abordagem para esse modelo dentro do formalismo de primeira quantiza¸c˜ao e, logo em seguida, introduzimos o formalismo de segunda quan-tiza¸c˜ao para que pud´essemos tratar a aproxima¸c˜ao Tight-binding nesse novo formalismo,

que ´e mais adequado ao tratamento de problemas que envolvam muitas part´ıculas.

O modelo Tight-binding foi ent˜ao aplicado a uma nanofita de grafeno com duas geome-trias para as bordas, armchair e zigzag, e, atrav´es das propriedades de simetria satisfeitas pelo sistema, chegamos a uma rela¸c˜ao matricial. Baseados nisso, fizemos um c´alculo da rela¸c˜ao de dispers˜ao para a nanofita. Assim, conseguimos determinar v´arias propriedades

da nanofita de grafeno, como o fato de nanofitas armchair serem condutoras somente quando o n´umero de linhas for m´ultiplo de 3M 1 e que nanofitas zigzag s˜ao sempre condutoras e apresentam estados localizados nas bordas.

Deixamos para discutir aqui um erro cometido durante a elabora¸c˜ao do modelo para

inclus˜ao de intera¸c˜oes entre segundos vizinhos. Vale salientar, que apesar de termos cometido esse erro na elabora¸c˜ao dos nossos c´alculos, as modifica¸c˜oes geradas nos nossos resultados s˜ao bastante pequenas devido ao valor pequeno escolhido para o parˆametro de hopping entre segundos vizinhos, t1 = 0,01 eV. Al´em disso, esse termo n˜ao modifica

(48)

47

com a exponencial da energia. N˜ao poder´ıamos admitir isso, `a principio, devido ao fato de que a inclus˜ao da intera¸c˜ao entre segundos vizinhos gera termos acoplados entre oper-adores nos s´ıtios A e B. Logo, essa aproxima¸c˜ao n˜ao est´a necessariamente corrente. No entanto, vale salientar novamente que, como a acoplagem ´e pequena (t1 ´e pequeno), esse

efeito n˜ao altera a parte dos resultados que estamos interessados, isto ´e, o efeito do campo.

Nosso pr´oximo e ´ultimo passo, foi aplicar um potencial eletroest´atico na nanofita, c´alcular as novas rela¸c˜oes de dispers˜ao e tentar explicar alguns efeitos gerados por essa modifica¸c˜ao.

Em primeiro lugar, para o caso do campo el´etrico uniforme, verificamos a presen¸ca

do efeito Stark que, como j´a dissemos, aumenta as energias com o aumento do campo. Em segundo lugar, de um modo geral, o efeito do campo, fragmenta as bandas de ener-gia, passando acoplagem entre estados e modificando as propriedades eletrˆonicas da fita. Esse efeito ´e importante por que, como tamb´em j´a falamos, a possibilidade de modificar

reversivelmente as propriedades eletrˆonicas pode possibilitar a utiliza¸c˜ao de grafeno em dispositivos eletrˆonicos.

No caso do po¸co de potencial tamb´em verificamos uma grande modifica¸c˜ao nas ban-das de energia e tamb´em verificamos a possibilidade de mudar reversivelmente as pro-priedades da fita de condutora para semicondutora. Al´em, como tamb´em j´a foi explicado,

a aplica¸c˜ao do po¸co gera estados de borda na nanofita armchair que, talvez, um estudo mais minuncioso da solu¸c˜ao para fun¸c˜ao de onda na fita revele a natureza desses resultados.

Conclu´ımos que o grafeno ´e um material com propriedades muito interessantes, tanto do ponto de vista teorico como experimental. Quanto mais estudarmos essas propriedades

(49)

REFERˆ

ENCIAS

[1] P. R. Wallace, The Band Theory of Graphite Phys. Rev. 71, 622, 1947.

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[4] Andr´e K. Geim Graphene: Status and prospectus Science, 324, 5934 2009.

[5] Silvia Helena Roberto de Sena Tese:transporte e Estados Confinados de Portadores de Carga em Nanoestruturas de Grafeno Universidade Federal do Cear´a 2010. [6] Silvia Helena Roberto de Sena Propriedades eletrˆonicas de tricamada de grafeno

e nanofitas de carbono tensionadas Universidade Federal do Cear´a, Universiteit Antwerpen 2012.

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[8] V. G. Kravets, A. N. Grigorenko, R. R. Nair, P. Blake, S. Anissimova, K. S. Novoselov, and A. K. Geim Spectroscopic ellipsometry of graphene and an exciton-shifted van Hove peak in absorption Phys. Rev. 81, 155413, 2010

[9] Gary Tomas. Graphene and Silicon Work Together For Solar Applications. Azom.

2013. Dispon´ıvel em : ¡http://www.azom.com/article.aspx?ArticleID=10120¿.

Acesso em 29/11/2013

[10] Belle dum´e.DNA helps turn graphene into a chemical sensor. Physics World. 2010. Dispon´ıvel em : ¡http://physicsworld.com/cws/article/news/2010/aug/31/dna-helps-turn-graphene-into-a-chemical-sensor¿ Acesso em 29/11/2013.

[11] Neil W. Ascroft and N. David Mermim, F´ısica do Estado S´olido. Cengage learning 2013.

[12] Gerald D. MahanMany-Particles Physics Plenum press 1990.

[13] Bipin R. Desai, Quantum Mechanics with Basic field Theory. Cambridge University press 2010.

[14] Jung Hoon HanSolid State Physics 2010.

Imagem

Figura 1: N´ umero de publica¸c˜oes sobre grafeno nos ´ ultimos anos. Fonte:[3]
Figura 3: Nanofita de Grafeno: armchair (Direita) e zig-zag (Esquerda) com a c´elula unit´aria em destaque.
Figura 4: Rela¸c˜ao de dispers˜ao pr´oxima `a um dos cones de Dirac numa monocamada de grafeno
Figura 5: Duas aplica¸c˜oes para grafeno: (a) Grafeno utilizando na produ¸c˜ao de c´elulas solares[9]
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Referências

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