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A INCLUSÃO DIGITAL NOS TELECENTROS DE INFORMAÇÃO E EDUCAÇÃO DO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA

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GT 5: Polícita e Economia da Informação Modalidade de apresentação: Comunicação Oral

A INCLUSÃO DIGITAL NOS TELECENTROS DE INFORMAÇÃO E EDUCAÇÃO DO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA

Júlio Afonso Sá de Pinho Neto Universidade Federal da Paraíba Marcos José da Cruz Vital

Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba

RESUMO: Este trabalho tem como objetivo analisar o projeto Estações Digitais, que faz parte do programa Inclusão Digital para a Cidadania, desenvolvido no município de João Pessoa (PB) a partir do ano de 2007, para avaliar em que medida ele está conseguindo atingir a finalidade estabelecida por seus idealizadores, que é promover a cidadania e diminuir os índices de exclusão digital através da iniciação à informática e do bom uso das ferramentas voltadas para a navegação na rede mundial de computadores (internet). A fundamentação teórica está estruturada a partir de uma visão crítica das políticas públicas voltadas para a inclusão digital. Tal arcabouço teórico rejeita as concepções simplistas que apostam na mera apropriação das novas ferramentas das tecnologias de informação e comunicação como garantia de inclusão digital, pois nesse processo estão implicadas diversas questões políticas, econômicas e sociais. Trata-se de uma pesquisa aplicada, qualitativa, exploratória e bibliográfica dirigida a quatro das 26 Estações Digitais existentes na capital paraibana através da execução de grupos focais, entrevistas, questionários e análise documental.

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1 INTRODUÇÃO

Os Telecentros de Informação e Educação, conhecidos como “Estações Digitais”, são um projeto que faz parte do programa “Inclusão Digital para a Cidadania”, uma iniciativa da Secretaria Executiva de Ciência e Tecnologia de João Pessoa (Secitec), por meio de convênio com a Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social (Secis), do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), e com o Ministério das Comunicações (MC). As “Estações Digitais”, instaladas pela Prefeitura Municipal de João Pessoa, constituem-se em ambientes informatizados que possibilitam acesso digital a pessoas de baixa renda. Nelas são oferecidos cursos de informática básica e cursos avançados ou oficinas especiais, com aulas e materiais didáticos fornecidos gratuitamente.

O projeto, implantado na capital paraibana em abril de 2007, é mantido pela prefeitura de João Pessoa e conta com ajuda, via convênios, do Ministério da Ciência e Tecnologia e Ministério das Comunicações. Até dezembro de 2010, capacitou 2.366 alunos nos cursos básicos de informática, que possuem, cada um deles, uma carga horária de 60 horas. Há também outra categoria de público atendido, os usuários do acesso livre, que se utiliza dos equipamentos para realização de pesquisas voltadas para trabalhos escolares ou conteúdos à sua escolha, preenchendo os horários que não são ocupados com os cursos regulares. A média de público atingido nessa modalidade é de 1200 a cada mês, considerando todos os 26 estabelecimentos1.

Ao todo são 26 Estações Digitais, localizadas em 22 bairros da capital paraibana. O critério estabelecido para a escolha dos bairros beneficiados foi determinado pelo baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dessas áreas, cujo acesso à internet é precário. Seus principais objetivos são: reduzir o índice de exclusão digital na capital da Paraíba; levar conhecimento e educação às comunidades carentes; capacitar os usuários para o mercado de trabalho; viabilizar o acesso à Internet e oferecer cursos de informática básica gratuitamente para as comunidades.

Em três estações existe ainda um curso avançado, que vai além do aprendizado de informática básica, ensinando os alunos a operarem softwares específicos, como corel draw, fotoshop, pagemaker e outros voltados para a área de design gráfico.

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Esses cursos são na verdade uma experiência piloto, pois são raros os instrutores que detêm esses conhecimentos.

Segundo a prefeitura de João Pessoa2, as Estações Digitais

[...] são espaços com computadores conectados à Internet banda larga. Cada unidade possui 11 (onze) computadores, conectados à Internet, uma impressora e um scanner com o objetivo de facilitar o acesso da população às Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC), ou seja, um lugar público para as pessoas aprenderem a usar o computador, acessar a Internet para mandar e receber mensagens, pesquisar informações e usar diversos serviços e facilidades disponíveis.

Esta pesquisa tem como objetivo avaliar a utilização das “Estações Digitais”, como instrumento de inclusão digital a partir da análise da política que traça diretrizes para a sua efetivação. O projeto em questão é uma vertente do programa “Inclusão Digital para a Cidadania”, implementado no município de João Pessoa e tem, segundo seus idealizadores, o objetivo de promover a inclusão digital através da iniciação à informática, à cidadania e ao bom uso das ferramentas voltadas para a navegação na rede mundial de computadores (Internet), objetivando diminuir os índices de exclusão social através da formulação de políticas públicas nesse sentido.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A crescente difusão das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) fez com que o conhecimento para lidar com as TICs seja cada vez mais considerado um item essencial para a vida do cidadão contemporâneo, pois elas favorecem transformações no que diz respeito à sociabilidade, desempenho profissional, criação de ambientes virtuais para simulação de rotinas de trabalho ou mesmo para realizar a comercialização de produtos e serviços a fim de obter desempenho financeiro para empresas e organizações. Contribuem também para o acesso às informações e serviços das três esferas de governo (federal, estadual e municipal) através de sites ligados ao governo eletrônico (e-gov).

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Ou seja, para o cidadão médio, hoje, gozar dos seus direitos políticos e assim poder intervir nos negócios públicos do Estado, participando do seu processo de gestão e administração, torna-se essencial saber dominar o uso das TICs. Para Martini (2005) a inclusão digital deve constituir-se em uma política pública para minimizar situações de exclusão social, traduzidas na dificuldade de inserção no mercado de trabalho e negação do direito de se comunicar através do acesso à comunicação em rede. A justificativa para que tais políticas se consolidem é evitar que as desigualdades sociais se agravem devido à falta de capacitação digital por parte das parcelas mais carentes da população brasileira.

Um fator indispensável para o trabalho nessa área é considerar que a inclusão digital faz parte de uma preocupação que em muito lhe antecede e lhe dá fundamento: a inclusão social. Destarte, o objetivo precípuo da informação, quando voltada a iniciativas dessa natureza, deve ser promover o desenvolvimento do indivíduo, de seu grupo e da sociedade.

Para que tal premissa seja atendida é necessário conceber a inclusão digital como uma ação associada à educação para a cidadania. Ou seja, para que a informação disponível nas redes digitais possa realmente provocar uma inclusão digital, comprometida com a melhoria da qualidade de vida das populações carentes, é necessário que todo processo de interação com as tecnologias seja organizado e planejado, tendo em vista estimular à reflexão, análise e crítica.

A maioridade política está voltada para essa capacidade de produzir conhecimento a partir das informações. Não se trata de um mero aspecto quantitativo, preocupado apenas com a possibilidade de acessar um grande número de conteúdos, mas de como promover a capacitação dos indivíduos no que diz respeito à compreensão dos conteúdos agora predominantemente disponíveis no suporte digital. Indubitavelmente, os equívocos estão centrados na celebração do excesso, que apostam apenas na disponibilização de grandes quantidades de informação (LE CODIAC, 2004).

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tomada de decisões com base na reflexão, análise e crítica. É exatamente neste contexto que surge a importância do profissional da Ciência da Informação (CI) na sua função de mediador.

Segundo Varela e Barbosa (2007),

[...] embora haja um consenso de que, no âmbito da CI, a mediação se dá no processo de interação do profissional com o usuário, ou seja, no momento da comunicação e da transferência da informação, na verdade, os elementos que compõem a mediação e que vão permitir a consonância de objetivos entre o que busca o usuário e o que lhe oferta o profissional acontecem bem antes da busca, mediante um processo dialógico em que o profissional se antecipa ao desejo do usuário e organiza o estoque de informação, dialogando com este usuário potencial.

Ainda sob esta perspectiva, buscaram-se, para esta pesquisa, fundamentos teóricos da Ciência da Informação, a partir de autores como Barreto (1994; 1996; 2002), Saracevic (1996), Capurro e Hjorland (2007). Este suporte teórico, que segue a linha de pensamento desses autores, aposta na concepção de que a informação é indispensável para promover o desenvolvimento social dos indivíduos, que, para atingir este objetivo, devem possuir um comportamento pró-ativo num processo de comunicação das

informações onde devem ser respeitados o seu contexto social e cultural que delineará

suas necessidades específicas de informação. Além disto, é necessário que esse processo estimule e potencialize o acesso aos conteúdos informacionais de maneira colaborativa, tendo em vista garantir o conhecimento, como bem explicita Barreto (1994):

Aqui a informação é qualificada como um instrumento modificador da consciência e da sociedade como um todo. Aqui a informação é qualificada com um instrumento modificador da consciência do homem e de seu grupo. Deixa de ser uma medida de organização para ser a organização em si; é o conhecimento, que só se realiza se a informação é percebida e aceita como tal e coloca o indivíduo em um estágio melhor de convivência consigo mesmo e dentro do mundo em que sua história individual se desenrola.

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informacionais que atingem os cidadãos de maneira impositiva. Afinal, ao desconsiderar a ética, restará sempre a pergunta: um homem mais bem “informado” é necessariamente um homem moralmente melhor?

Inversamente, seguindo na contramão das leituras que creem ser suficiente apenas a disponibilização do acesso digital ou do ensino da operacionalização de novos gadjets tecnológicos a pessoas de baixa renda, há aqueles que apostam no desenvolvimento de uma alternativa colaborativa que deve estar presente em tais políticas de inclusão digital. Para Capurro e Hjorland (2007), somente a partir das informações compartilhadas é que surge o conhecimento. Assim, somente através da produção de “significados compartilhados” é que os cidadãos poderão tornar-se sujeitos no planejamento e elaboração de projetos de inclusão digital, fazendo com que os mesmos possuam um caráter comunitário e colaborativo, garantindo um aprendizado dialético e politicamente enriquecedor.

Uma perspectiva cidadã de inclusão social exigirá sempre a elaboração de um minucioso processo de gestão da informação. Sendo assim, os procedimentos teórico-metodológicos da Ciência da Informação se prestam sobremaneira para estudar “questões científicas voltadas para problemas de efetiva comunicação do conhecimento e de seus registros entre os seres humanos, no contexto social, institucional ou individual do uso e das necessidades de informação” (SARACEVIC, 1996, p. 58). Somente com a possibilidade de poder exprimir tais necessidades de informação é que os usuários adquirirão o status de sujeitos destas iniciativas inclusivas. Contarão, assim, com a capacidade de construir significados.

Frade adverte que um novo modelo de cidadania deve ir além da esfera da informação, incorporando a capacidade de interpretação da realidade e construção de sentido por parte dos indivíduos. O que importa na formação dos cidadãos, sob essa perspectiva, é que sejam capazes de ser construtores de significados (FRADE, 2002, apud SILVA et al., 2005, p. 30).

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pois o contexto econômico, político e ideológico – onde estão inseridos – exige deles uma postura crítica capaz de resignificar o ambiente social à sua volta.

A informação, na perspectiva da inclusão digital, deve ser entendida como “estruturas significantes com a competência de gerar conhecimento no indivíduo, em seu grupo ou na sociedade” (BARRETO, 1996 apud FREIRE, 2009, p.1683).

A partir deste viés teórico exposto acima, foram estabelecidas, para a execução desta pesquisa, algumas prerrogativas essenciais – inspiradas em Sorj e Guedes (2005) – que servirão de eixos valorativos, capazes de nortear a avaliação do funcionamento das Estações Digitais do município de João Pessoa. São elas:

Utilização de metodologia de ensino baseada numa perspectiva cidadã, a ser desenvolvida pelos gestores do projeto a partir de uma consultoria pedagógica adequada, objetivando tornar os indivíduos aptos a construir uma identidade social, discutindo, entendendo e enfrentando juntos os desafios de suas comunidades;

Qualificação dos tutores a partir da articulação com programas de informática na educação, tendo em vista preparar, da melhor forma possível, professores e gestores para utilizar computadores, navegar na internet e utilizar as TICs em sala de aula;

Desenvolvimento de parcerias com o setor privado e/ou organizações não- governamentais, com a finalidade de garantir a sustentabilidade do projeto através de aportes financeiros suficientes para garantir a expansão e a qualidade dos serviços oferecidos, algo que vai desde a manutenção até a reposição de equipamentos;

Inserção dos alunos e usuários no mercado de trabalho ou estímulo ao empreendedorismo através da geração de trabalho e renda com base na utilização das TICs;

Estímulo ao desenvolvimento comunitário e transformação social dos beneficiários, através da troca de experiências e conhecimentos com o objetivo de gerar oportunidades de emancipação social, cultural e econômica. Aqui está também inclusa a produção de conteúdos nos telecentros (vídeos, fotografias, diapositivos, jornais comunitários, fanzines etc.).

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necessidade de propor uma Inclusão informacional (COSTA, 2009), que é a capacidade de acessar, buscar, usar e recriar a informação com responsabilidade social. Assim, a Ciência da Informação viabiliza um conjunto de possibilidades para efetuar uma revisão crítica dessas políticas, estabelecendo prioridades para fomentar o desenvolvimento de um ambiente digital realmente inclusivo.

Essa concepção teórica é profundamente necessária para realizar uma pesquisa dessa natureza, pois a diversidade de interpretações sobre inclusão digital é bastante problemática, dando margem a uma série de equívocos. A instrumentalização de tais esforços com fins políticos não é rara, daí verificar-se uma forte tendência em expandir essas experiências no afã de gerar índices que, quantitativamente, poderão servir de dividendos políticos e eleitoreiros.

3 METODOLOGIA

A metodologia de trabalho empregada no levantamento das informações deste estudo, a partir da base conceitual já descrita anteriormente, consiste na realização de pesquisa aplicada, qualitativa e quantitativa, exploratória e bibliográfica, para a busca de dados que revelem se o projeto dos Telecentros de Informação e Educação (Estações Digitais), promovido pela prefeitura municipal de João Pessoa tem cumprido o seu objetivo de inclusão digital, e se de fato tem se concretizado a tão propalada educação para a cidadania, com sua consequente transformação social.

Foram selecionados, de um total de 26 centros, os quatro maiores (15%), que comportam o maior número de usuários, conforme dados fornecidos pela Secretaria de Ciência e Tecnologia (Secitec) da prefeitura de João Pessoa. A partir deste recorte, delimitou-se como público-alvo da pesquisa a equipe gestora do projeto, instrutores, alunos dos cursos regulares mantidos pelos estabelecimentos e usuários esporádicos que frequentam os telecentros com o objetivo – segundo as prerrogativas do projeto – de navegar na internet com a finalidade de realizar pesquisas de natureza escolar.

Os telecentros que compõem a amostra são:

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• Centro de Referência da Cidadania Otaviano Coutinho, na Rua Janduy Dantas, no bairro de Mangabeira;

• Centro de Referência da Cidadania Idália da Silva Lima Azevedo, na Rua Esmeralda Gomes Vieira, s/n, no bairro dos Bancários;

• Centro de Referência da Cidadania Antônio Alves de Lima, na Rua João de Brito, no bairro de Mandacaru.

Definidas as Estações Digitais, delimitou-se o universo de interlocutores que compõem o público-alvo da pesquisa, com o propósito de proceder à investigação propriamente dita.

Primeiramente foi utilizada a observação participante e uma pesquisa documental. Esta última teve o escopo de analisar o perfil da política de inclusão digital que orienta o projeto das Estações Digitais. Logo em seguida foi realizada uma entrevista semiestruturada com o coordenador-geral e com os dois coordenadores pedagógicos, totalizando três entrevistas, que permitiram conhecer a visão dos idealizadores do projeto, como também daqueles que estão à frente de sua execução. Este procedimento foi de muita valia, pois possibilitou a análise dos modelos e processos de gestão adotados e ainda serviu para orientar os pesquisadores na elaboração dos questionários e na construção do roteiro para os grupos focais, a serem aplicados posteriormente com os instrutores, alunos dos cursos regulares e usuários do acesso livre.

É preciso frisar que três Estações possuem três monitores cada, que se revezam nos três turnos e somente uma conta com apenas dois, pois nessa não há atendimento noturno. Na verdade a função dos instrutores é ensinar os conteúdos dos cursos de informática básica e também administrar o funcionamento do estabelecimento.

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Outra categoria que merece ser abordada são os egressos dos cursos de informática, uma vez que este segmento de público será capaz de fornecer dados importantes sobre os benefícios advindos com a realização dos cursos, tais como inserção no mercado de trabalho ou o desenvolvimento de ações voltadas para a melhoria da qualidade de vida das comunidades a partir da experiência e dos conhecimentos adquiridos. Para este segmento a abordagem será via pesquisa-ação participante através da criação de uma de rede virtual de comunicação e informação para os usuários das Estações Digitais, ainda a ser criado no decorrer deste estudo. Tal procedimento, que aglutina a pesquisa ação e participante, é o mais indicado, uma vez que os pesquisadores têm como objetivo compartilhar experiências de vida com os sujeitos da pesquisa para melhor conhecer seus hábitos e comportamentos; por outro lado o estudo possui também um objetivo educativo, pois deseja a emancipação dos indivíduos, expressando assim uma modalidade de pesquisa que não considera os públicos-alvo como passivos (NOVAES e GIL, 2009, p. 145).

De fato, Franco (2005 apud NOVAES, Marcos C.; GIL Antonio C., op. cit) considera que a pesquisa-ação possui um caráter emancipatório que se concretiza integralmente quando as necessidades de mudança são entendidas como necessárias pelo próprio grupo. Para isto é necessário desencadear um processo de reflexão crítica coletiva, estando aí também inserido o pesquisador.

Já a rede virtual de comunicação e informação será um espaço dedicado especialmente ao registro e troca de informação entre os alunos, egressos ou não, e demais usuários das Estações Digitais. Será ainda um valioso instrumento para este trabalho, já que através desse ambiente será possível estabelecer uma comunicação efetiva e periódica que poderá ocorrer de forma assíncrona, ou seja, sem limite de tempo e de localização, possibilitando conhecer anseios, críticas e sugestões, capazes de fornecer dados importantes para avaliar o desempenho do projeto em execução.

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obtidas a partir de indicadores (qualitativos ou não). Com essa sistemática, os resultados passarão pelas fases de pré-análise, exploração e tratamento dos dados obtidos e, por último, a interpretação. Os indicadores utilizados serão aqueles cinco eixos mencionados na fundamentação teórica da pesquisa, que têm a finalidade de tornar exequível a elaboração de uma avaliação das Estações Digitais a partir do fundamento conceitual adotado pela pesquisa, que estabelece cinco critérios capazes de caracterizar um legítimo processo de inclusão digital.

3.1 CRIAÇÃO DE UMA REDE VIRTUAL DE COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO PARA OS USUÁRIOS DAS ESTAÇOES DIGITAIS DE JOÃO PESSOA

Tendo em vista a importância para viabilizar um meio de partilhar experiências e conhecimentos adquiridos com a utilização das Estações Digitais, o trabalho de pesquisa se propõe a criar uma de rede virtual de comunicação e informação para seus usuários. Sua utilidade é fundamental para a troca de experiências de forma virtual, fazendo com que os alunos possam beneficiar-se de um espaço colaborativo, afeito à criação de uma inteligência coletiva capaz de aglutinar iniciativas e ações voltadas para atender às necessidades mais prementes das comunidades do entorno das Estações.

Esta experiência visa também estabelecer uma via de mão dupla, capaz de dotar a equipe gestora de mecanismos para conhecer – de maneira permanente e sistematizada – as sugestões, críticas e anseios manifestados pelos usuários das Estações. Algo fundamental para ajustar as diretrizes do projeto às reais necessidades de informação dos indivíduos.

Trata-se, ainda, de um importante esforço de educar para a cidadania, estimulando uma cultura colaborativa, através da busca de soluções coletivas, da prática e do hábito da discussão, do compartilhamento de experiências e da troca de ideias por intermédio de um ambiente/comunidade virtual. Nada mais adequado diante de uma experiência que tem como objetivo proporcionar a inclusão e inserção social através do domínio das técnicas da informática, estando aí incluída a navegação na rede mundial de computadores com suas inúmeras possibilidades de sociabilidade e interatividade através do ciberespaço.

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para criar ou reforçar um ambiente democrático já existente. Este ambiente virtual estará disponível através de um site na internet e deverá contar com um modelo de arquitetura da informação que melhor atenda ao perfil dos usuários – ainda a ser levantado no decorrer da pesquisa – e poderá contar com links de acesso a diferentes tipos de redes sociais virtuais: blogs, twitter, orkut, second life, myspace etc.

A ideia é fomentar a comunicação através do acesso facilitado à informação, o que será concretizado com a elaboração de um ambiente virtual provido de ferramentas como, por exemplo, fóruns de discussão, blogs, boletins eletrônicos, galerias de arquivos e de imagens, chats, característicos de uma comunidade virtual.

4 RESULTADOS PARCIAIS

4.1. A POLÍTICA PÚBLICA DE INCLUSÃO DIGITAL DA PREFEITURA DE JOÃO PESSOA

A política pública de infoinclusão da cidade de João Pessoa é considerada uma das melhores no cenário nacional, pois, segundo os resultados da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados, através do site da prefeitura3, em maio de 2010, o município se sobressai em diversas áreas, dentre elas a inclusão digital. Neste item a cidade está inserida no total de 60,0% das prefeituras do país que mantêm página na Internet, dessas, 87,6% possuem políticas de inclusão digital. Segundo a administração municipal, a política de inclusão digital está em franca expansão neste ano de 2010, através da instalação de mais 10 Estações Digitais e também da criação do projeto “Jampa Digital”, que tem como objetivo franquear acesso à Internet sem fio, através de banda larga gratuita, em algumas áreas de determinados bairros da capital, como Tambaú e Mangabeira.

No que diz respeito à expansão das Estações, trata-se de um projeto aprovado pelo Governo Federal, através dos ministérios da Ciência e Tecnologia, das Comunicações e do Planejamento, através do Programa Nacional de Apoio à Inclusão Digital, que conta com investimentos da ordem de R$ 165 milhões para serem aplicados nesse segmento, cujo objetivo, segundo Costa (2009), é criar mais de seis mil telecentros

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Cf. Portal da Prefeitura Municipal de João Pessoa. Disponível em:

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e também fortalecer as 3.514 unidades já existentes no Brasil. Para o coordenador dos programas de inclusão digital do governo federal, César Alvarez, os telecentros devem ser

[...] um espaço de agregação social, mas ele não pode ser só da juventude. Ele tem que ter espaço para as pessoas mais idosas, (...) não pode ser cursinho à distância. É jogo, entretenimento, é serviço público, acesso à informação, marcar consulta, saber da aposentadoria, entrar no Orkut, é ter um e-mail (COSTA, 2009, p. 61).

Já para a coordenadora-executiva do programa Telecentros.BR, Cristina Mori (2010), as iniciativas de inclusão digital não podem servir como meros instrumentos para facilitar a empregabilidade ou mesmo para objetivar a formação de consumidores; antes deve conduzir os seus beneficiários à autonomia, através do exercício da crítica e reflexão, visando alcançar melhor qualidade de vida para as comunidades beneficiadas. Ainda segundo Mori, é através de uma educação para a cidadania, servindo-se dos novos recursos proporcionados pelas TICs, que se fomentará o fortalecimento de movimentos e grupos da sociedade civil por intermédio de experiências de mobilização coletiva. A apropriação das tecnologias tendo em vista a inclusão social, a partir de uma perspectiva cidadã, requer muito mais que o simples domínio de como manusear equipamentos ou aprender a utilizar softwares. O saber manejar os equipamentos deve surgir como consequência de todo um processo que deve estar baseado na aquisição da maioridade política do indivíduos atingidos por tais iniciativas.

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4.1.1 A metodologia de ensino e a qualificação dos instrutores

Este item diz respeito aos dois primeiros eixos de análise que concernem à utilização de metodologia de ensino baseada numa perspectiva cidadã e qualificação dos instrutores. Estas premissas constituem-se em elementos básicos para estabelecer um modelo de inclusão digital sob o ponto de vista da educação para a cidadania, onde seja possível o desenvolvimento humano integral dos seus usuários. Tais princípios estão em consonância com a pedagogia da autonomia (FREIRE, 1996), entendido como único meio capaz de proporcionar uma educação libertadora. Ou seja, somente atendendo a tais exigências é que a experiência de inclusão digital andará pari passu à aquisição da competência crítica e analítica necessária para transformar informações em conhecimento, sempre visando provocar as mudanças sociais desejadas.

Os estímulos provenientes do contexto social dos indivíduos é que deverá estimulá-los nesse processo de inclusão social, que se servirá dos meios e equipamentos digitais, agora cada vez mais indispensáveis para a formação de uma inteligência coletiva4, capaz de reorientar as relações de sociabilidade, as exigências do mundo do

trabalho, da política, da economia etc., devendo para isto haver uma apropriação destas novas possibilidades tecnológicas. Dar-se-á, então, um verdadeiro aprendizado, que os tornará capazes de utilizar os equipamentos e ambientes digitais sob a perspectiva de uma educação libertadora.

No que diz respeito especificamente às estações digitais do município de João Pessoa, o treinamento dos instrutores – peça chave no processo – é realizado por dois coordenadores. A qualificação pedagógica é feita através do que é chamado de “formação continuada”, com palestras e reuniões com duração de um a dois dias. Esse tempo exíguo é suficiente, segundo os coordenadores, pois é exigido que os candidatos já dominem conhecimentos na área de informática, o que os torna aptos a atuarem como instrutores dos cursos de informática básica, que são voltados para o ensino da utilização de editor de textos, planilha eletrônica para cálculos, gerenciador de apresentações, editor de páginas web, ferramenta para ilustrações, além de outros recursos.

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Este procedimento revela a ausência de uma formação dentro dos modelos pedagógicos anteriormente descritos como imprescindíveis para a infoinclusão, pois uma equipe composta por dois coordenadores pedagógicos possui como funções promover o treinamento e a reciclagem de 65 instrutores distribuídos em vinte e seis estações digitais. Tal fato revela a ausência de uma reflexão consistente sobre o conceito de inclusão digital capaz de orientar todo o processo. Privilegia-se, destarte, não uma apropriação da tecnologia, mas um adestramento, uma preparação para utilizar os recursos dos programas, priorizando a concepção de que tais destrezas abrirão as portas do mercado de trabalho para os estudantes. Apropriar-se da tecnologia exige não só o conhecimento de seu funcionamento; é necessário que o seu uso seja adaptado às necessidades específicas do indivíduo e da comunidade e, mais ainda, à criação de adaptações e inovações para que sejam obtidos outros usos, capazes de redefinir funções e finalidades. O adestramento ensina os indivíduos a realizarem tarefas, já a educação ensina a apreender continuamente.

Da forma como se desenvolve esse processo no objeto deste estudo, detectou-se um modelo pedagógico – ou até mesmo a ausência deste – que vai, exatamente, na contramão de um processo de ensino-aprendizagem colaborativo e autônomo, onde “quem é formado forma-se e forma ao ser formado" (FREIRE, 1996, p.25). Privilegiam-se então os aspectos meramente quantitativos, capazes de elevar os percentuais de “inclusão”, com um objetivo muitas vezes voltado a promover ações de governo, com finalidades não raro eleitoreiras. Ações desta natureza passam ao largo das necessidades comunitárias e negam o entendimento de que a inclusão digital visa o fim último da inclusão social através da educação para a cidadania.

Esse entendimento também é expresso a partir do discurso dos gestores do projeto quando afirmam que “o cidadão incluído digitalmente é aquele que é bem ‘familiarizado’ com o computador e está apto a fazer uso de suas ferramentas para benefício próprio e de seu trabalho5”. Percebe-se, de forma recorrente, uma aposta unilateral no saber fazer, a partir do ensino do manejo de softwares e outros recursos da informática. Basta analisar o conteúdo e a forma como os mesmos são ministrados aos alunos das Estações Digitais.

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As aulas dos cursos de informática básica, por exemplo, têm carga horária diária de duas horas e ocorrem duas vezes por semana. Como os cursos têm uma carga total de 60 horas/aula, eles duram de três a quatro meses, dependendo do ritmo de aula. O conteúdo programático desses cursos consiste em aulas sobre sistema operacional, Internet (acesso a sites e correio eletrônico), processador de texto, planilha eletrônica e editor de desenhos digitais. Tudo isto através da utilização do sistema operacional Windows, mas as ferramentas são BR-Office, do software livre Linux.

As apostilas dos cursos são desenvolvidas pela Secitec, mas, segundo depoimentos dos próprios instrutores, não condizem com o nível de instrução dos alunos; são complexas demais para o entendimento de principiantes, estando além dos ensinamentos básicos necessários para o manejo das ferramentas do sistema operacional em uso. Alguns instrutores realizam pesquisas na Internet e acabam utilizando um material por eles mesmos elaborado. Tal fato denota deficiências no que diz respeito ao modelo pedagógico adotado. Falta também uma formação pedagógica continuada, que requer treinamentos sazonais mediante resultados obtidos através de uma avaliação contínua e criteriosa.

É importante lembrar que tais deficiências podem ser suprimidas através de parcerias com outros órgãos públicos, organizações não-governamentais e mesmo empresas do setor privado. São inúmeras as iniciativas que estão voltadas para o tema da informática na educação. O próprio Ministério da Educação (MEC) poderia ser chamado a dar uma valiosa contribuição nesse sentido.

No entanto, curiosamente, o Ministério da Educação não tem participação substancial nos projetos de inclusão digital desenvolvidos pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e pelo Ministério das Comunicações. O Programa Nacional de Informática na Educação (Proinfo), por exemplo, que prepara professores e faz acompanhamento dos laboratórios de informática, poderia oferecer valioso suporte pedagógico aos telecentros, bastando para isso desenvolver parcerias. Contudo, segundo o Coordenador do Proinfo para o Estado da Paraíba, Gilmar Silva6, o programa sequer consegue atender sua própria demanda no Estado, pois nos últimos três anos a rede escolar estadual recebeu uma média de 800 novos laboratórios de informática. Tal trabalho é feito de forma precária, pois em todo o Estado existem somente quatro Núcleos de Tecnologia Educacional7 (NTEs),

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Informação verbal, obtida através de entrevista concedida por Gilmar Silva. João Pessoa, julho de 2010.

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que abrigam apenas 22 multiplicadores, com a incumbência de formar professores para todas as escolas possuidoras de laboratórios. Ainda segundo Gilmar Silva, logo no início das iniciativas do governo federal para a inclusão digital, o Ministério da Educação estava envolvido com projetos de inclusão digital, mas assim que a demanda e os investimentos se avolumaram na área específica da educação, o MEC concentrou-se nos seus projetos específicos.

Ainda assim, pode-se citar exemplos isolados, como o do município de Presidente Médici (RO), onde a prefeitura uniu os investimentos provenientes do Ministério das Comunicações com aqueles oriundos do Proinfo. Desenvolveu-se então um trabalho conjunto para convergir esforços e potencializar resultados. O resultado foi que nas escolas da cidade, durante o período letivo, os alunos têm aulas na parte da manhã e à tarde; à noite é a vez da comunidade8. Uma experiência exitosa que trabalha a partir da

sintonia de interesses.

O grande desafio para os projetos de infoinclusão é adotar um novo paradigma educacional capaz de conduzir os alunos a construírem seu próprio conhecimento, através de um processo de aprendizagem comum e coletivo que envolva discentes e professores. Estes últimos devem possuir a função de parceiro, mediador e condutor, levando os alunos a aprender a aprender, necessitando para isto de um modelo de educação crítica, reflexiva e analítica.

4.1.2 Desenvolvimento de parcerias para garantir sustentabilidade e estimular o empreendedorismo

Outra grande carência no que tange ao projeto Estações Digitais, da cidade de João Pessoa, é a ausência de estratégias capazes de garantir a sustentabilidade dessas 26 unidades espalhadas pela capital paraibana. Como se trata de uma política pública que necessita respeitar a sua função de educar para a cidadania, garantindo a participação dos usuários e da comunidade no processo, percebe-se, paradoxalmente, um distanciamento do princípio de gestão colaborativa, capaz de auscultar as demandas da população local

na incorporação e planejamento da nova tecnologia, quanto no suporte técnico e capacitação dos professores.

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para em seguida definir e planejar os tipos de cursos e atividades mais adequados, face à demanda local.

Essa autonomia é essencial para levantar necessidades, estabelecer prioridades capazes de alinhar e convergir forças para a consecução de objetivos que representem as aspirações coletivas. No que concerne à inserção no mercado de trabalho e estímulo ao empreendedorismo, uma parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio à Média e Pequena Empresa (Sebrae) seria importantíssimo. Para isto poderia ser traçado um perfil dos cursos que seriam mais adequados para atender às necessidades comunitárias.

Variados poderiam ser os cursos desenvolvidos, por intermédio do Sebrae, após os alunos cursarem os conteúdos de informática básica. Poderiam ser liberados, em horários vagos, computadores para os interessados nos cursos a distancia mantidos por esse órgão, tais como aprender a empreender, análise de planejamento financeiro, como vender mais e melhor, empreendedor individual, gestão cooperativa de crédito9,dentre outros.

Respeitando o princípio de envolver a comunidade na gestão destas unidades de inclusão digital, o que se espera é que aconteçam melhorias e inovações, capazes de garantir a sustentabilidade financeira, e assim, viabilizar a expansão do projeto. Bancos, como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil e inúmeras empresas privadas são algumas opções de parcerias capazes de aproximar o empresariado local destas experiências de inclusão digital, abrindo espaços concretos para inserção dos alunos no mercado de trabalho, seja através da abertura de novas oportunidades de emprego ou do fomento a iniciativas voltadas para o empreendedorismo.

Infelizmente, a pesquisa revelou, até o momento, que a atual política que orienta as Estações Digitais restringe-se a permanecer engessada no modelo ditado pelos órgãos de financiamento, gerando deficiências de toda ordem. A manutenção dos equipamentos, por exemplo, é bastante insatisfatória, pois é realizada por uma equipe de quatro funcionários que têm como desafio prestar suporte técnico a todos os computadores, scanners e impressoras das inúmeras Estações. Tal equipe está longe de atender adequadamente às exigências, gerando grande atraso na recuperação das máquinas, o que diminui a capacidade de funcionamento das unidades mantidas pelo projeto.

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Estes custos de reposição e manutenção dos equipamentos foram garantidos pelo Ministério da Ciência e Tecnologia somente até o ano de 2009, fazendo com que a prefeitura, hoje, custeie totalmente os gastos dessa natureza. Mais um motivo para traçar um programa de sustentabilidade que assegure a continuidade do funcionamento das unidades a longo prazo.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo, voltado para o projeto dos Telecentros de Informação e Educação, as “Estações Digitais”, revelou que o projeto pauta-se pela promessa do acesso digital a pessoas de baixa renda, pois, ainda que de forma insuficiente, põe à disposição de comunidades carentes computadores com acesso a Internet e para elas oferece cursos básicos que capacitam os alunos a operar alguns tipos de equipamentos e softwares. Contudo, o projeto em análise, apresenta inconsistências no que concerne ao conceito de inclusão digital. Como vimos, para que esta inclusão social, através das TICs, aconteça é necessário respeitar uma série de prerrogativas que não foram sequer sumariamente atendidas.

Trata-se de uma iniciativa de infoinclusão que teve sua gênese na esfera pública, onde a tônica é promover farta divulgação e publicação de seus dados quantitativos, como a quantidade de Estações instaladas, o número de cidadãos atendidos ou mesmo o posicionamento da prefeitura no ranking nacional da inclusão digital etc. Tudo isto sendo amplamente divulgado a despeito da existência de falhas estruturais que impedem à consecução daquele que deveria ser o objetivo primordial, que é proporcionar, de fato, a inclusão digital. Isto está evidente em muitos aspectos, como na ausência da preocupação com um planejamento pedagógico adequado para esta finalidade; faltam também o estímulo e o incentivo para que os usuários se tornem agentes do referido processo de inclusão, elementos que, por sua vez, os levariam a agir de forma interativa, coletiva e participativa. Somente assim eles teriam condições para realizar a apropriação do saber adquirido visando suprir as necessidades mais urgentes das comunidades onde estão inseridos.

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sustentabilidade econômica. A grande carência, contudo, é a ausência de uma verdadeira política pública assentada em um conjunto de iniciativas coletivas capazes de garantir a tão almejada inclusão social. Este “compromisso público”, sedimentado na realização de consultas públicas para o delineamento dos objetivos, das metas, do orçamento, do modus operandi etc., não existiu na concepção do projeto estudado. Essa ausência representa um sólido obstáculo para que a educação para a cidadania e emancipação política se constitua no bem maior para o qual devem convergir todos os esforços e atividades desenvolvidas nas Estações Digitais.

Por fim, tudo isto que o estudo aponta até o presente momento precisa ainda ser confrontado com os depoimentos das diferentes modalidades de usuários. Somente assim será possível, então, delinear uma cartografia geral do projeto, englobando desde a sua concepção até o seu atual estágio de funcionamento.

ABSTRACT

This paper aims to analyse the project “Estações Digitais” (digital stations), it is part of the program “Inclusão Digital para a Cidadania” (digital inclusion for citizenship), developed in the city João Pessoa (PB) from the year 2007, to assess in which extent it is succeeding in attaining the goal established by its creators. This means promoting the citizenship and decrease the rates of digital exclusion through the initiation to information technology and the proper use of tools geared for browsing in the World Wide Web (Internet). The theoretical framework is structured from a critical view of public politics for digital inclusion. This theoretical structure rejects the simplistic conceptions, that believe on the appropriation of the new tools of information technology and communication as assurance for digital inclusion, because in this process are implicated several political, economic and social matters. This is an applied, qualitative, exploratory and bibliographic research directed to four of 26 digital stations in the capital of Paraiba state by running focus groups, interviews, questionnaires and document analysis.

Keywords: Public politics. Digital inclusion. Digital stations. Citizenship.

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