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Exterminador do Futuro: velho, mas não obsoleto

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Academic year: 2021

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Exterminador

do

Futuro:

velho, mas não obsoleto

Otavio Luiz Pinheiro Aranha

A história é aparentemente a mesma: no futuro, as máquinas dotadas de inteligência, travam uma guerra contra os seres humanos. Em cenas apocalípticas, os sobreviventes, liderados pelo enigmático John Connor, resistem a todo custo à dominação das máquinas. Para por fim à resistência, os robôs enviam um exterminador ao passado, com o objetivo de aniquilar a mãe do líder guerrilheiro, impedindo assim seu nascimento. Sabendo desses planos, John também envia um de seus melhores guerreiros de volta ao passado, para assegurar sua existência no presente-futuro, tem-se assim início a Terminator Genisys. Entretanto, as semelhanças param por aí!

Ao chegar em Los Angeles no ano de 1984, o guerreiro Kyle Reese, (Jai Courtney, A Good Day to Die Hard, 2013), enviado para proteger Sarah Connor (Emilia Clarke, de Game of Thrones), em uma cena idêntica ao primeiro filme da franquia (The Terminator, 1985), depara-se com um ciborgue T-1000 (exterminador formado por um polímero de metal líquido que pode alterar sua forma, apresentado ao mundo em Terminator II: Judgment Day, 1991).

Em outro ponto da cidade, também chega do futuro Arnold Schwarzenegger nu e novo, exatamente como na cena de Exterminador I. A cena continua até que este é surpreendido por outro exterminador que o aguardava. Trata-se do mesmo Schwarzenegger (só que mais velho!), que enfrenta uma luta corporal contra si mesmo.

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entender ser um remake do primeiro filme, passam a se misturar com personagens do segundo e a pancadaria está solta! Excelentes sequências de ação que se mesclam a pitadas de comédia, o que poucos filmes do gênero conseguiram realizar com eficácia.

E não para por aí! Mais viagens no tempo, realidades paralelas, ciborgues superdesenvolvidos aparecem neste thriller de ação-ficção, tornando esta sequência não apenas melhor do que as anteriores, como também resgata temas que estavam bastante secundarizados em seus predecessores.

Inteligência Artificial: riscos ou avanços?

A vilã da história é a conhecida Skynet, um programa de computador dotado de Inteligência Artificial (IA) que assume o controle de todas as máquinas do mundo que estão conectadas na internet, incluindo os sistemas de segurança dos países com ogivas nucleares. A primeira ação da Skynet é detonar esses mísseis que atingem boa parte do globo terrestre, demonstrado dramaticamente nas cenas iniciais do filme, provocando o extermínio de 4 bilhões de seres humanos.

Na vida real, a possibilidade da existência de tal arsenal bélico pelas principais potências imperialistas deve ser objeto de preocupação de toda a humanidade, tendo em vista, a sede por lucros dessa classe de capitalistas que beira à loucura. Contudo, nessa resenha, vamos privilegiar nossas preocupações à outra “ferramenta” potencialmente perigosa: a IA.

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evolutiva biológica lenta.[i]

Em Terminator Genisys, a Skynet se personifica na forma humanoide por projeções de laser e, a medida que as horas passam, ela vai “crescendo” até chegar a forma de um adulto, acelerando o tempo de sua integração total ao mundo.

Contudo, o assunto é controverso no meio científico. A IA é um campo de estudos que envolve diversas áreas complexas do conhecimento, desde a neurociência e estudos sobre cognição humana à engenharia computacional. Para Linus Torvalds, o fundador do Linux, a possibilidade da IA se tornar ameaçadora para a espécie humana é praticamente nula: “Não consigo imaginar uma situação em que de repente tenhas uma crise existencial porque a tua máquina de lavar louça começou a discutir Sartre contigo” brinca.[ii]

Não é a mesma opinião de Stuart Armstrong, da Universidade de Oxford e autor do livro Mais inteligentes do que Nós. Armstrong realizou um estudo sobre as probabilidades de ameaças que põem em risco a civilização humana e apontou a existência de IA com maior gravidade do que guerras nucleares.[iii]

Se a polêmica existe entre os pesquisadores do assunto, na ficção científica a visão predominante tem sido quase consensual. No clássico de Stanley Kubrick, 2001: A Space Odicey (1968), o computador Hall 9000 se volta contra a tripulação da nave espacial Discovery One, quando eles concordam em desligá-lo. Do mesmo modo, na trilogia Matrix (1999, 2002 e 2003), dos irmãos Wachowski, as máquinas utilizam seres humanos como fontes de energia, deixando-os em uma espécie de estado de hibernação, com a ajuda de um sistema de programação que simula sensações no cérebro humano, fazendo as pessoas acreditarem nessas ilusões como se fossem a própria realidade.

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Artifical Intelligence (2001), David (Haley Osment) é um robô com feições de uma criança que chora e clama pelo amor maternal, saindo em busca da Fada Azul para lhe conceder um único desejo: não ser rejeitado por sua mãe adotiva.

Ao contrário de Spilberg, as semelhanças e feições humanas serão um dos importantes recursos utilizados pela Skynet para infiltrar um exterminador no seio da unidade rebelde liderado por John Connor (Jason Clarke, de Dawn of the Planet of the Apes, 2014) e colocar em risco o futuro da humanidade.

Viagem no tempo e Integração cibernética

Para evitar sua derrota total em 2029, a Skynet utiliza uma poderosa arma: a viagem no tempo. Diferente da banalidade em que esse tema foi tratado nos filmes anteriores, em Terminator Genisys essa possibilidade teórica, que por enquanto existe apenas na ficção científica, é concebida como se deve: um instrumento perigoso.

Imaginem o que um ser, um grupo de seres ou uma classe social poderia fazer se pudesse viajar no tempo? voltar ao passado e mudar o curso histórico dos acontecimentos? Assassinar futuras e potenciais lideranças; favorecer-se da previsão da dinâmica econômica e comercial de um país; dificultar, desviar ou mesmo impedir a vitória de revoluções sociais? E tudo isso, sem que pudéssemos ter e menor percepção da mudança desses acontecimentos?

No presente filme, tal como em Back to the Future (1985), o retorno ao passado gera uma realidade paralela na linha do tempo, de modo que deixou o protagonista confuso em sua missão e também deixa-nos com algumas lacunas a serem respondidas em futuras sequencias, o que torna o filme mais intrigante e inteligente.

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figurantes estão “plugados” com seus celulares, tablets, netbooks, etc. Quando perguntado o que é Genisys? A resposta de que se trata de uma integração de diferentes dispositivos (telefone, casa, carro, escritório, computador) em um só, é realizado com uma naturalidade espontânea de um sorriso e com muitas expectativas por parte da sociedade que se está retratando, como se a comodidade e o conforto advindos do desenvolvimento tecnológico não pudesse também ter seus problemas. No caso do filme, a dependência do modo de vida a este único dispositivo.

Sobre o lugar da mulher

No primeiro filme do Exterminador, a mulher na figura de Sarah Connor é retratada como o sexo frágil, a mulher ingênua, passiva e indefesa que precisa ser salva pelo homem – seu h e r ó i . N e s t e n o v o f i l m e , a s r e l a ç õ e s s e i n v e r t e m simbolicamente. Nas primeiras cenas de ação, é Sarah Connor quem salva o seu pretenso “protetor”. É ela quem profere o bordão “venha comigo, se quiser viver!”, diferente de todos os filmes anteriores de exterminadores, onde a frase foi desferida por personagens masculinos.

Neste filme, a mulher (Sarah Connor) praticamente divide o papel e a ação do protagonista. Ela é a sua própria heroína, desde o manuseio de armas e da luta corporal até o ponto de vista do ser que elabora a estratégia militar. Tanto é assim, que uma das cenas aborda esse tema de forma cômica e sutil: “Você só sabe mandar!” dispara Kyler Reese à Sarah Connor, fingindo uma discussão que precipitaria uma agressão física a ela, somente para enganar os agentes policiais. Não à toa, tratou-se de uma teatralização no interior do filme, em que se evidencia o estereótipo da ideologia machista às mulheres com tal envergadura de determinação e independência.

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Sem dúvidas, o papel de destaque foi para Schwarzenegger, que roubou as cenas muitas vezes, compensando a frágil atuação de Jai Courtney. Com 68 anos de idade, o ex-governador da Califórnia está mais velho, mas não obsoleto para um filme de ação.

A entrada em cena de seu personagem na versão mais jovem, com a aparência semelhante ao primeiro filme de 1984 (representado pelo dublê corporal Brett Azzar) e sua interação com o Schwarzenegger hodierno (sem necessitar tingir o cabelo de grisalho) deixou a plateia apreensiva: quem vencerá o combate? O “novo” ou o “velho” Arnold?

As principais risadas também foram arrancadas de sua expressão facial. Em particular, quando um sujeito grande, forte e com o arquétipo de um coroa durão tenta parecer mais humano com a adoção de um sorriso nenhum pouco natural. Além disso, presenciamos também uma versão ainda mais envelhecida do T-800, explicada de forma coerente pelo próprio personagem. Por falar em explicações, a maturidade de seu personagem também está presente em seu diálogo. Em The Terminator, Schwarzenegger proferiu o máximo de 17 sentenças em todos os 107 minutos do filme. Em Terminator Genisys, coube ao personagem do ator austro-estadunidense todas as explicações teóricas da física quântica, a ponto de Kiler Reese repetir duas vezes: “aonde é que desliga isso?”, referindo-se ao T-800.

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FICHA TÉCNICA:

TÍTULO ORIGINAL: Terminator Genisys DURAÇÃO: 126 min.

DIREÇÃO: Alan Taylor (Thor: The Dark World e Game of Thrones) ROTEIRO: Laeta Kalogrids e Patrick Lussier

ELENCO PRINCIPAL: Arnold Schwarzenegger (T-800), Jai Courtney (Kyle Reese)

Emilia Clarke (Sarah Connor), Jason Clarke (John Connor). ORÇAMENTO: 170 milhões de dólares.

[ i ] F o n t e : http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/12/141202_hawking_ inteligencia_pai. Acessado em 20/07/2015, 20:49h. [ i i ] Fonte: http://zap.aeiou.pt/fundador-do-linux-diz-que-ameaca-da-inteligencia-artificial-e-ma-ficcao-cientifica-74604. Acessado em 23/07/2015, às 17:08h.

Referências

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