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São Paulo Outubro/2020

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

A MÚSICA COMO INSTRUMENTO TÉCNICO SEMIÓTICO NO DESENVOLVIMENTO HUMANO ATÍPICO.

Mestrando: Ernandes Ribeiro Justino Linha de Pesquisa: Psicologia e Educação

São Paulo

Outubro/2020

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RESUMO

Realizar uma prática pedagógica inclusiva com pessoas com deficiência é antes de tudo um processo de ressignificação dos modelos de instrumentos técnicos pré-estabelecidos.

Não podemos tomar como modelo categorizador, a deficiência em si, referenciado e adotado à pessoa como forma de classificação, comportamentos, padronização ou limites das vias do saber. O objetivo do presente projeto é analisar a relação do professor-aluno/aluno-aluno no processo de aprendizagem envolvendo o uso de instrumentos semióticos adaptativos no contexto em aulas de musicalização, focalizando alunos de 30 a 59 anos com desenvolvimento peculiar. No que se refere a pessoa com deficiência, parto da problemática do ensino da música por meios de elementos da cultura que estejam vinculados à realidade e ao contexto histórico dos sujeitos, excluindo abordagens de ordem meramente biológica, comportamental ou tradicional na trajetória de ensino. O projeto está ancorado na perspectiva da psicologia histórico-cultural de Vigotski e o desenvolvimento humano. O processo metodológico proposto, partirá da análise da prática do ensino de música com materiais adaptados à realidade, especificidade e o contexto histórico dos alunos.

Palavras-chave: Desenvolvimento Humano; Educação Especial; Perspectiva Histórico Cultural; Compensação; Semiótica.

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INTRODUÇÃO

A escolha por essa temática surgiu da minha necessidade em compreender como se dá o processo de ensino de música aos alunos da APAE de Tatuí na aula de musicalização.

Durante o curso de Graduação em Pedagogia, tive as primeiras aproximações com a educação inclusiva por meio de conteúdos das disciplinas referentes à educação especial. Posteriormente, paralelo ao curso de graduação, estudei no Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos na cidade de Tatuí, clarinete erudito. Nesse conservatório, obtive informações referente ao curso de Musicografia Braille (leitura e escrita das partituras no Sistema Braille) à alunos com deficiência visual e soube que era possível, mesmo sem conhecimento e sem a deficiência visual, cursar e aprender sobre tal inclusão desse sistema na área musical. Sou formado em Musicografia Braille e, partir daí, aumentou o meu interesse em estudar e conhecer sobre a educação especial e inclusiva.

No curso de Musicografia, tive a oportunidade de conhecer e conviver com alunos com deficiência visual (cegueira e baixa-visão), que utilizavam tanto Sistema Braille e a Musicografia para aprender a teoria musical, bem como escrever e ler as suas partituras.

A experiência e convívio com os alunos cegos oportunizaram a conhecer como se deu o processo de escrita e leitura desses alunos no Sistema Braille

Formado em Pedagogia, fui contratado na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), e pude aplicar os conhecimentos adquiridos na Graduação e no Sistema Braille. Foi possível perceber, que era ausente materiais adaptados na sala de música. Passei a adaptar os materiais à esses alunos, como cartões rítmicos, materiais sensoriais, instrumentos musicais e abordar o repertório internalizado da construção desses sujeitos.

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), tem como objetivo assegurar a inclusão escolar aos alunos com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ou superdotação, abrangendo todos os níveis, etapas e modalidade, atendendo as reais necessidades educacionais do público da educação especial, partindo de um atendimento especializado na rede regular de ensino.

Mediante ao que foi explanado, parto da problemática de refletir sobre quais caminhos pedagógicos são utilizados durante a prática do ensino de música com o

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público da Educação Especial e Inclusiva.

JUSTIFICATIVA

De acordo com o que foi exposto quanto à problemática, é possível compreender a necessidade do acesso à inclusão da pessoa com deficiência e, no caso da proposta de pesquisa do presente projeto, a oferta de instrumentos técnicos e semióticos adaptativos para proporcionar a aprendizagem pedagógica e a mediação por meios direcionados às especificidades dos alunos.

DELIMITAÇÃO DO TEMA E DO OBJETO/SUJEITOS DE PESQUISA

Compreender como se dá o processo de aprendizagem aos alunos que frequentam a sala de música na APAE, cidade de Tatuí, bem como a mediação do ensino e os conteúdos propostos de estudo.

OBJETIVO GERAL

Analisar a relação do professor-aluno/aluno-aluno no processo de aprendizagem envolvendo o uso de instrumentos semióticos adaptativos no contexto em aulas de musicalização, focalizando alunos de 30 a 59 anos com desenvolvimento peculiar.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Conhecer como é a proposto a mediação em sala de aula com público com deficiência.

• Conhecer os materiais pedagógicos utilizadas nas salas de música.

• Compreender como ocorre a intervenção pedagógica na relação do professor- aluno/aluno-aluno.

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DISCUSSÃO DO REFERENCIAL TEÓRICO

A psicologia histórico-cultural apresenta a concepção humana baseada essencialmente nas relações sociais, ou seja, o homem é constituído histórico e culturalmente, através das relações sociais em que é inserido e nesse processo vai se transformando em relação a si mesmo a com o outro. De acordo com Lev S. Vigotski, é por meio dos contextos sociais que poderão resultar o desenvolvimento do psiquismo humano através da ação do homem e, tal desenvolvimento tem como principal instrumento, a linguagem, que é uma função psíquica superior. Por meio dos signos, torna-se possível a apropriação e a objetivação de conhecimentos e, dessa maneira, a atividade humana é significada, e é essa significação internalizada pelo homem que transforma o que é natural em cultural. Por isso que nessa perspectiva, o homem não é uma realidade acabada e estática, está em constante transformação e desenvolvimento.

(VIGOTSKI, 2010).

De acordo com Vigotski, desenvolvimento humano é um processo cultural e tem caráter histórico. O processo de tornar-se humano não é o resultado do amadurecimento de estruturas já presentes na psiqué humana ao nascer; ao contrário, a condição de humanidade só pode ser adquirida por meio da interiorização pela criança das habilidades e saberes constituídos pelo homem ao longo da história.

Para Vigotsky, as funções psíquicas são decorrentes do desenvolvimento histórico e surgem a partir da relação social com o outro e são interiorizadas, ou seja, estrutura-se da passagem do exterior para o interior. São nas relações sociais que a atividade mental se organiza através do signo com características intrínsecas do tempo e grupo social.

Neste contexto, a Perspectiva histórico-cultural permite compreender que a escrita e a leitura são funções psíquicas superiores. A escrita como é uma função especificamente da linguagem e que para tal é necessário um elevado nível de abstração.

Para Vigotski, a escrita “trata-se de uma linguagem sem o seu aspecto musical, entonacional, expressivo, em suma, sonoro. É uma linguagem de pensamento, de representação, mas uma linguagem desprovida do traço mais substancial da fala e do som material” (VIGOTSKI, 2010, p. 312-313).

A escrita requer uma relação arbitrária, nessa perspectiva, a fala é considerada por

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Vigotski uma simbologia de primeira ordem e a escrita uma simbologia de segunda ordem; quanto à leitura, esta não é algo natural, mas sim, uma conquista histórico- social. Para o autor, o gesto, a brincadeira e o desenho contribuem no processo de aquisição da leitura e da escrita, sendo o gesto um signo visual; a brincadeira desempenha uma ação simbólica e o desenho dá a possibilidade de representar o real.

Ao se referir às pessoas com deficiência, o autor afirma que quando há um impedimento biológico por vias diretas, essa pessoa com deficiência poderá se desenvolver por meio de caminhos indiretos. No que se refere à educação, a pessoa com deficiência poderá ter acesso através de caminhos alternativos, que nesse caso é são os materiais adaptados, como cartões rítmicos, musicografia braille, vibrações... ou seja, por meio de vias alternativas de um sistema com signos adaptados à singularidade do indivíduo, permite o acesso à escrita e leitura tátil em relevo. (VIGOTSKI, 2012a).

Segundo Louro (2006), a educação da pessoa com deficiência passou por algumas mudanças no decorrer dos anos. A autora menciona que no país, a década de 50 tinha por abordagem o Paradigma de Institucionalização, que caracterizara a segregação das pessoas com deficiência. Com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, outorgado pela a Organização das Nações Unidas, em 1948, questiona-se tal Paradigma, com reflexões acerca do direito e igualdade a todos os seres humanos. Com isso, surgiram dois novos conceitos: a desinstitucionalização e a normalização, onde estes incentivavam a introdução das pessoas com deficiência na sociedade com o objetivo de integrá-las, moldando-as mais próximos do padrão social, tal modelo ficou conhecido como Paradigma de Serviços.

Assim,

[...] esse modelo caracterizava-se por uma equipe que em primeiro lugar buscava identificar o que deveria ser modificado no sujeito para torná-lo o mais ‘normal’ possível, depois, oferecia-se atendimento formal e sistematizado e por último encaminhava a pessoa para a vida na comunidade, mesmo tendo uma proposta aparentemente interessante, o Paradigma de Serviços logo começou a receber críticas, pois criava a expectativa de que pessoas com deficiências deveriam se assemelhar às pessoas sem deficiências. (LOURO, 2006, p.18).

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Ao assumir a perspectiva da psicologia histórico-cultural, o método utilizado na presente pesquisa será o método de desenvolvimento humano de Vigotski, que olha o

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fenômeno para além do que aparentemente ele apresenta em seu imediatismo, é ir além do que os dados apenas revelam. Tal método apoia-se no método materialismo histórico dialético de Karl Marx. (VIGOTSKI, 2012 b).

O processo metodológico que proponho, partirá da mediação na sala de música na APAE de Tatuí e o levantamento de dados que mostrem os saltos qualitativos dos alunos durante a prática de música com o uso de matérias adaptativos, como forma de democratizar o acesso à informação e aprendizagem dos sujeitos. Posteriormente serão realizados três estudos de casos.

Após solicitação da autorização da pesquisa, os alunos serão esclarecidos sobre os objetivos da pesquisa e orientados a preencher o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), sobre critérios éticos de pesquisas envolvendo seres humanos.

Todas as entrevistas serão audiogravadas pelo pesquisador bem como a filmagem. Posteriormente, tanto as entrevistas como as filmagens serão transcritas para realização das análises.

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CRONOGRAMA

O Cronograma descreve, para cada etapa do delineamento originalmente proposto, o período de execução das atividades previstas.

Tabela 1. Plano de trabalho e cronograma de execução nas diferentes fases do delineamento proposto.

Etapa Plano de trabalho Período

Cronograma (meses)

Etapa 1 -Reestruturação do projeto Revisão Teórica

Fichamentos dos textos

Preparação para coleta de dados Coleta de dados

Digitar os dados coletados

06 meses Março a agosto de 2021

Etapa 2 Levantamento das escolas para pesquisa de campo / - Visita nas escolas / Salas de Recursos Multifuncionais.

Acompanhamento de turmas Anotações da pesquisa de campo Coleta e digitação dos dados.

Entrevista com professores da sala de recursos multifuncionais.

06 meses Setembro de 2021 a fevereiro

de 2022

Etapa 3 Discursão dos resultados obtidos nas escolas

Revisar projeto/ inserir informações pesquisa campo.

Atualização bibliográfica

Participação em eventos acadêmicos

Alinhamento projeto para exame de qualificação Revisão do projeto de pesquisa

Apresentação da versão final Qualificação

12 meses Março a dezembro de

2022

Etapa 4 - Defesa

03 meses Janeiro a março

de 2023

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, 2008.

Disponível em: www.mec.gov.br/seesp. Acesso em: 21 setembro.2020.

LOURO, V.S. Educação Musical e Deficiência: Propostas Pedagógicas. São Paulo: Ed.

do Autor, 2008.

VIGOTSKI, L. S. A Construção do Pensamento e da Linguagem. 2. Ed. São Paulo:

Martins Fontes, 2010. Tradução de Paulo Bezerra.

VIGOTSKI, L. S. A Defectologia e o Estudo do Desenvolvimento e da Educação.

Educação e Pesquisa, v.37, n.4, p.861-870, dez.2011.

VIGOTSKI, L. S. Fundamentos de Defectologia: Obras Escogidas V. Editorial Pedagógica Moscú, 1983 – Machado Libros: Boadilha del Monte (Madrid), 2012a.

VIGOTSKI, L. S. Problemas del desarrollo de la psique: Obras Escogidas III.

Editorial Pedagógica Moscú, 1983 – Machado Libros: Boadilha del Monte (Madrid), 2012b.

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