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Reforma Agrária e a Concentração de Terras no Brasil

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Academic year: 2021

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Texto

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Reforma Agrária e a Concentração de Terras no Brasil

Teoria

Concentração de terras no Brasil

Quando se utiliza a expressão estrutura fundiária está sendo abordado a forma que a terra está distribuída.

Nesse sentido, sobre o Brasil é possível observar uma enorme concentração na distribuição das terras, o que é denominado concentração fundiária. Isso acarreta impactos negativos, como a dificuldade na produção de gêneros agrícolas para alimentar a população brasileira ou no fenômeno do êxodo rural, forçando a população a migrar para as cidades, causando inchaço urbano. Segundo dados do IBGE, aproximadamente 1% dos estabelecimentos rurais detém aproximadamente 47,5% das terras usadas para produção agropecuária no país. Isso mostra que o país apresenta a maior concentração fundiária do mundo.

Histórico da Concentração de terras

Essa concentração da estrutura fundiária possui raízes históricas. Um primeiro fator que ajuda a explicar isso foi o sistema de Capitanias Hereditárias. Escolhido como um recurso administrativo por Portugal para gerenciar uma região de proporções continentais, as Capitanias eram administradas pelos donatários, pessoas próximas e de confiança da Coroa Portuguesa. Assim, os donatários poderiam escolher outras pessoas para ajudar nesse processo de ocupação. Essas pessoas, beneficiários, recebiam porções de terra em forma de doação. Para regular esse sistema de doação foram criadas as Sesmarias. Assim o acesso à terra dependia da sua proximidade com a Coroa Portuguesa.

Lei de Terras de 1850

Um segundo fator que ajuda a explicar a elevada concentração de terras no país foi a Lei de Terras de 1850.

Essa lei transformou a terra em propriedade. Agora ela precisava ser registrada e só podia ser comprada ou vendida. Assim, a população brasileira composta por escravizados e imigrantes europeus não conseguiria ter acesso a essas terras. Ela se manteria na mão dos grandes proprietários e afortunados desse país. No Brasil do século XIX, aqueles que tinham capacidade para isso já eram proprietários terras, o que foi aumentando a concentração.

Porém se toda essa terra fosse produtiva isso não seria o pior problema. Todavia, acontece que essa concentração também significa uma baixa produtividade das maiores propriedades. Porém muitas terras estão desocupadas e improdutivas. O Brasil é um dos grandes produtores de soja, milho, café e cana-de-

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No contexto da Guerra Fria e a disputa ideológica entre dois grandes sistemas puseram em marcha algumas mudanças no Brasil. Todavia elas não foram significativas para diminuir a desigualdade no campo. Pelo contrário, elas intensificaram essa desigualdade.

As leis trabalhistas do campo foram um primeiro conjunto de mudanças que ao invés de facilitar e incentivar a contratação do trabalhador rural dificultou o processo. Induzindo o campo brasileiro a um processo de Modernização Conservadora. Esse processo foi caracterizado pela mecanização do campo sem alterar sua estrutura fundiária, intensificou a concentração de terras, pois diminuiu a competitividade do pequeno e médio produtor forçando a migrar para cidade em busca de emprego, fluxo populacional denominado êxodo rural.

Desse contexto o módulo rural e sua definição foi algo importante para o futuro processo de reforma agrária.

O módulo rural consiste em uma unidade de medida que reflete com base nas características daquele espaço (infraestrutura, tipo de solo, disponibilidade de recursos) as possibilidades de aproveitamento econômico do imóvel. De acordo com as características geográficas de uma terra uma propriedade de mesmo tamanho não obterá a mesma capacidade produtiva ou lucratividade. Assim terras que atinge mais de 600 módulos rurais já são classificadas como latifúndio, pois tecnicamente e economicamente é incapaz de se produzir em toda essa propriedade.

Movimentos Sociais e a Constituição de 1988

Com todas essas desigualdades no campo começa a ser observar o surgimento de movimentos sociais no campo pela luta contra essa desigualdade. O Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) é um desses primeiros movimentos que se consolidou a nível nacional. Originado em 1985 na Região Sul, ganhou força durante a redemocratização do país. O movimento foi responsável por pressionar mecanismos para reforma agrária na Constituição de 1988. Por reforma agrária entenda-se um mecanismo cujo objetivo é reformar a estrutura fundiária brasileira extremamente concentrada.

Um desses mecanismo é a função social da terra, que significa que ela não deve ficar parada e deve atender os interesses produtivos da população brasileira. Aquelas terras que não comprem com a função social poderiam ser destinadas para a reforma agrária. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária seria responsável por fazer todo o estudo necessário para a desapropriação da terra improdutiva, seguida do pagamento de indenização para seus proprietários e posterior realocação através do assentamento de famílias. Essas famílias assentadas deveriam garantir a produção agrícola na propriedade e essa não poderia ser vendida.

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Exercícios

1.

(Enem 2017) Com a Lei de Terras de 1850, o acesso à terra só passou a ser possível por meio da compra com pagamento em dinheiro. Isso limitava, ou mesmo praticamente impedia, o acesso à terra para os trabalhadores escravos que conquistavam a liberdade.

(OLIVEIRA, A. U. Agricultura brasileira: transformações recentes. In: ROSS, J. L. S.

Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp. 2009.)

O fato legal evidenciado no texto acentuou o processo de a) reforma agrária.

b) expansão mercantil.

c) concentração fundiária.

d) desruralização da elite.

e) mecanização da produção.

2.

(Enem 2013) TEXTO I

“A nossa luta é pela democratização da propriedade da terra, cada vez mais concentrada em nosso país. Cerca de 1% de todos os proprietários controlam 46% das terras. Fazemos pressão por meio da ocupação de latifúndios improdutivos e grandes propriedades, que não cumprem a função social, como determina a Constituição de 1988. Também ocupamos as fazendas que têm origem na grilagem de terras públicas.”

(Disponível em: www.mst.org.br. Acesso em: 25 ago. 2011 (adaptado).)

TEXTO II

O pequeno proprietário rural é igual a um pequeno proprietário de loja: quanto menor o negócio mais difícil de manter, pois tem de ser produtivo e os encargos são difíceis de arcar. Sou a favor de propriedades produtivas e sustentáveis e que gerem empregos. Apoiar uma empresa produtiva que gere emprego é muito mais barato e gera muito mais do que apoiar a reforma agrária.

(LESSA, C. Disponível em: www.observadorpolítico.org.br. Acesso em: 25 ago. 2011 (adaptado).)

Nos fragmentos dos textos, os posicionamentos em relação à reforma agrária se opõem. Isso acontece porque os autores associam a reforma agrária, respectivamente, à

a) redução do inchaço urbano e à crítica ao minifúndio camponês.

b) ampliação da renda nacional e à prioridade ao mercado externo.

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O processo de reforma agrária com contornos similares aos atuais se iniciou em 1985, sob o governo de José Sarney. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária disponibiliza dados sobre a forma como esse processo vem se dando no Brasil até 2018. No que diz respeito a desapropriações, a reforma agrária ocorreu de forma mais acentuada no primeiro governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), mas perdeu fôlego já na metade de seu segundo mandato. O governo Lula (2004-2011) realizou muitos assentamentos, sem retomar, no entanto, as desapropriações.

(ANDRÉ C. FÁBIO. Adaptado de nexojornal.com.br, 10/01/2019.)

As informações do texto e a comparação dos dados dos gráficos permitem reconhecer um processo socioespacial, para o conjunto do campo brasileiro, cujo efeito é:

a) ampliação da pecuária intensiva b) declínio da produtividade laboral c) manutenção da concentração fundiária d) redirecionamento da exportação primária

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4.

(Uerj 2018)

Como indicam os episódios retratados nas reportagens, os conflitos pela posse da terra no Brasil nas últimas décadas persistem.

Esses conflitos são decorrentes do seguinte processo:

a) desqualificação do trabalhador rural b) encarecimento de insumos agrícolas c) reformulação de legislação específica d) concentração da propriedade fundiária

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a maior parte da área enquanto os minifúndios têm pouca expressividade percentual. Sobre as características da estrutura fundiária brasileira, é correto afirmar que:

a) Nas grandes concentrações fundiárias, geralmente existem grandes parcelas de terras ociosas.

b) Os pequenos produtores não têm problemas de endividamento no campo, em virtude das linhas de crédito oferecidas pelo Governo Federal.

c) A mecanização das lavouras nas grandes propriedades tem contribuído para a fixação do homem no campo.

d) No Brasil as maiores áreas de tensão e conflitos por disputa de terras estão localizadas na região Sul.

e) A Revolução Verde possibilitou que todos tivesse acesso à terra, o que levou à diminuição do número de conflitos no campo.

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Gabarito

1. C

A Lei de Terras de 1850, como mencionado no texto, definiu que o acesso à terra só poderia se dar por meio de compra. Por conta disso, pobres, imigrantes e negros livres ficaram excluídos, o que contribuiu para a expansão da concentração fundiária.

2. E

Os textos apresentados apontam duas visões distintas sobre a Reforma Agrária. O primeiro destaca a importância dessa medida pois quase metade das terras no Brasil estão concentradas nas mãos de poucas pessoas, o que faz com que muitas outras não tenham acesso a ela. O segundo texto traz uma visão diferente, ele defende o investimento em grandes latifúndios como forma de gerar empregos, ou seja, subordinando o trabalhador rural aos desígnios do grande latifundiário.

3. C

Os gráficos apresentados mostram um contraste entre o número de áreas desapropriadas para reforma agrária e a área utilizada para assentamentos. Isso quer dizer que as iniciativas voltadas para reforma agrária têm garantido alguns espaços para os reivindicantes, no entanto sem questionar e redistribuir as terras da estrutura fundiária dada.

4. D

A questão aborda as consequências de um processo histórico da concentração de terras na mão de poucas pessoas, que são grandes grupos que se utilizam da terra principalmente para o mercado externo.

5. A

O Brasil é caracterizado pelo pequeno número de latifúndios, ou seja, pouco imóveis rurais, mas que ocupam grandes extensões de terras, as quais os donos só utilizam em parte. Deste cenário surgem inúmeras reinvindicações e conflitos em busca de uma reforma agrária que utilize essas terras improdutivas para tal fim.

Referências

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