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Tradução: Ariella. Revisão Inicial: Rose. Revisão Final: Ana Claudia. Leitura Final: Rose. Conferencia: Denise, C.M & Ariella. Formatação: Ariella

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Academic year: 2021

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Tradução: Ariella

Revisão Inicial: Rose

Revisão Final: Ana Claudia

Leitura Final: Rose

Conferencia: Denise, C.M & Ariella

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AVISO

A tradução foi efetuada pelo grupo Doll Books Traduções (DB), de modo a proporcionar ao leitor o acesso à obra, incentivando à posterior aquisição. O objetivo do grupo é selecionar livros sem previsão de publicação no Brasil, traduzindo-os e disponibilizando-os ao leitor, sem

qualquer forma de obter lucro, seja ele direto ou indireto.

Levamos como objetivo sério, o incentivo para o leitor adquirir as obras, dando a conhecer os autores que, de outro modo, não poderiam, a não ser no idioma original, impossibilitando o

conhecimento de muitos autores desconhecidos no Brasil. A fim de preservar os direitos autorais e contratuais de autores e editoras, o grupo DB poderá, sem aviso prévio e quando

entender necessário, suspender o acesso aos livros e retirar o link de disponibilização dos mesmos, daqueles que forem lançados por editoras brasileiras. Todo aquele que tiver acesso à

presente tradução fica ciente de que o download se destina exclusivamente ao uso pessoal e privado, abstendo-se de o divulgar nas redes sociais bem como tornar público o trabalho de

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delito cometido por aquele que, por ato ou omissão, tentar ou concretamente utilizar a presente obra literária para obtenção de lucro direto ou indireto, nos termos do art. 184 do

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A proprietária da livraria, Georgie Jensen, está cansada de idiotas superficiais.

Seu blog Own the Eights1 dá conselhos sobre como evitar idiotas egoístas apenas preocupados com aparência e status. Seu foco é encontrar a verdadeira alma gêmea – não um dez superficial, mas um

oito sólido e confiável.

Jordan Marks é o principal treinador de fitness da cidade que não aceita nada menos que o melhor. O blog dele promove o trabalho duro, a brincadeira e o esforço para sempre ser – você adivinhou – dez. Quando esses dois opostos são forçados a se unir para uma competição online, as opiniões se chocam e os mouse pads voam.

A reviravolta? só pode haver um vencedor e, se Georgie quiser manter sua loja aberta, esse vencedor precisa ser ela.

Mas quanto mais tempo esse oito e esse dez passam juntos, mais eles aprendem que, quando se trata de amor, um número pode não ser o que mais importa.

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PRÓLOGO

GEORGIE: DOIS ANOS ATRÁS

— Você está esperando alguém?

Georgiana Jensen olhou para a bartender.

— Sim. — Respondeu ela, depois olhou para a entrada do aconchegante bistrô, apenas para encontrar um jovem casal acenando para um grupo de pessoas em uma mesa perto da frente do restaurante.

No promissor bairro de Tennyson, não muito longe da livraria que abrira recentemente graças a um pequeno empréstimo comercial e esvaziar suas economias, o bistrô parecia o local perfeito para um encontro, fervilhando de conversas e com a possibilidade de novos negócios.

Georgie podia sentir. Sua vida estava prestes a mudar.

— Eu sou Irene. — Disse a garçonete, afastando a franja dos olhos. — Georgiana, bem, Georgie é como quase todo mundo me chama. A mulher assentiu.

— Sinto como se já tivesse visto você.

— Acabei de me mudar para a área. Possuo a pequena livraria a alguns quarteirões.

Irene deu um tapa no bar.

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Um calor encheu seu peito. — Sim, essa é a minha loja.

A garçonete apontou para o guardanapo na superfície polida do balcão. — Você está bem esta noite, Georgie?

Uma vez calma e tranquila, Georgie dizimou o pobre coitada, exercitando sua energia nervosa, rasgando e torcendo o papel branco em uma pequena pilha de confetes tristes.

Ela sentiu as bochechas esquentarem. — Sinto muito. Estou um pouco nervosa.

— Encontro às cegas? — A garçonete perguntou, passando o fragmento branco em sua mão.

Georgie balançou a cabeça.

— Não, nos conhecemos em uma festa de inauguração ontem à noite. Irene sorriu. — Deve ser um bom sinal se encontrarem em uma festa e depois fazer planos de se ver no dia seguinte.

Georgie não conseguiu conter o sorriso. Não foi apenas um bom sinal. Foi perfeito.

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E foi aí que ela conheceu Brice Casey. Perfeição envolvida em um homem. Eles conversaram a noite toda. Risca isso.

Ela não falou muito.

Extremamente loquaz e inegavelmente bonito, Brice preencheu o espaço entre eles com seu sorriso cintilante e brilhantes olhos verdes. Ele falou de seu trabalho – era vice-presidente da empresa de seu pai aos 29 anos – e bebeu Manhattans, que parecia sofisticado em comparação com a garrafa de Chardonnay de oito dólares que ela pegara no caminho para o encontro.

Não era culpa dela que ela não soubesse nenhuma coisa sobre vinho e bebidas espirituosas. As noites de sexta-feira eram gastas assando bolos com o nariz enterrado no fundo de um livro enquanto os aromas quentes e reconfortantes de chocolate e canela enchiam seu modesto bangalô. As personagens fictícias Lizzy Bennet, Jane Eyre e Hermione Granger mantiveram sua companhia enquanto o resto dos vinte e poucos anos vasculhava os clubes à procura do único.

Mas algo a fez arriscar e concordar em participar dessa festa.

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Na era dos aplicativos de namoro e baixas expectativas, parecia quase primitivo que ela conheceu alguém em uma reunião real de quase adultos. Havia um grupo de cavalheiros fazendo barracas no pequeno quintal, mas Brice não parecia ser aquele homem-rapaz crescido. Não, Brice estava indo a lugares. Ele realmente disse isso a ela várias vezes. Ele também mencionou que era uma pegadinha, o que certamente parecia ser.

Georgie soltou um suspiro lento. Ele deve ter visto algo nela. Este homem perfeito deve ter visto a mulher por trás dos óculos e do coque bagunçado. E embora ela não tivesse compartilhado muito de si mesma – usara a única abertura na conversa que ocorreu quando Brice parou de falar para colocar uma mini quiche na boca, se desculpando para usar o banheiro, e depois fazer xixi por um longo minuto. Mas Brice estava esperando por ela com uma bebida fresca na mão quando emergiu com a bexiga vazia.

Parando para pensar sobre isso, ele tinha bebido algumas bebidas frescas enquanto conversavam.

Não importa.

Esta noite, ela estava bebendo refrigerante. Não haveria Chardonnay de oito dólares nublando sua mente. Não, se essa seria a maior noite de sua vida, ela queria se lembrar de todos os detalhes com uma nitidez cristalina.

— Pode ser ele. — Disse a bartender com um leve aceno de cabeça em direção à porta.

O pulso de Georgie aumentou um pouco. — É um cara? — Sim, e ele está examinando o local.

— Ele tem cabelos perfeitos e um peito largo?

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Georgie engoliu em seco pelo nó na garganta.

Você consegue fazer isso. Você teve centenas, até milhares de pares de olhos observando você. Brice Casey é um cara. Você consegue isso.

Ela virou a banqueta e colou seu melhor sorriso de rainha da beleza. Usaria todas as pequenas ferramentas em seu arsenal hoje à noite – mesmo as que prometeu a si mesma que nunca ressuscitaria.

O olhar de Brice passou por ela uma vez, depois duas, depois uma terceira vez antes de pousar em um grupo de mulheres rindo em uma cabine, tomando shots de tequila.

— Brice! Aqui! — Ela chamou e levantou a mão como se fosse a maior nerd da classe.

Bem, ela era a maior nerd, mas não se preocupava. Ele a escolheu, certo? Este homem bonito, com o que ele descreveu como um grupo de clientes em potencial gostava dela.

Ele deu alguns passos à frente e estreitou o olhar. — Virgínia?

Ela olhou de um lado para o outro e chamou a atenção de Irene. A mulher fez uma careta e desceu o bar para servir um hipster segurando uma caneca de cerveja vazia.

— Georgiana. — Disse ela, dando um tapinha no peito como se estivesse se apresentando a uma tribo amazônica há muito escondida que nunca entrara em contato com outras pessoas.

— Georgia? — Brice disse em outra tentativa.

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— Quase. — ela respondeu, aumentando a potência em seu sorriso. — Georgie é como a maioria das pessoas me chama. Só minha mãe me chama de Georgiana, mas não precisamos entrar nela no nosso primeiro encontro. — Acrescentou ela com uma risada aguda que parecia um cavalo relinchando com hélio.

Recomponha-se, garota!

Brice olhou-a de cima a baixo. — Devo ter tomado muita cerveja ontem à noite. Você não é como me lembro.

Hermione, Lizzy e Jane, suas irmãs fictícias, balançaram as cabeças imaginárias e o queixo de Georgie caiu.

Ela se firmou e teve uma rápida discussão com as amigas fictícias.

Ele não disse apenas que eu era mais atraente depois de alguns drinques, disse?

O trio literário respondeu estalando a língua. Ela tinha que tê-lo ouvido mal.

Ela tentou aumentar o sorriso, mas havia atingido a rainha da beleza, e não havia como superar isso.

— Você estava bebendo Manhattans, não cerveja. Lembra-se que me contou a história de como você e seus irmãos da fraternidade viajaram de Denver a Nova York para ter uma experiência autêntica ao pedir a bebida na verdadeira Manhattan?

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— É Georgiana. Georgie. — Ela corrigiu, seu sorriso esvaziando como um balão.

Este não era o encontro perfeito que ela imaginara.

— Eu teria jurado que era Virgínia. — Respondeu ele, coçando a cintura. — Não, meu nome é Georgie. Sempre foi.

— Você tem certeza de que não é Geórgia?

Ela olhou nos seus lindos olhos. Deveria deixá-lo chamá-la de Geórgia? Era perto de Georgie.

Hermione gemeu em algum lugar em seu subconsciente.

Georgie reuniu toda a sua autoestima. — Sim, tenho certeza absoluta de que meu nome é Georgiana. Bem, Georgie.

— Sério, hein? Georgie? Parece muito com a Geórgia. — Ele acrescentou com um leve sorriso, como se tivesse acabado de curar a fome do mundo em tempo real.

Ela precisava mudar de rumo. — Você quer algo para comer ou talvez uma bebida primeiro?

O olhar de Brice deslizou em direção à mesa de mulheres rindo e depois de volta para ela. — Eu vou falar com você, Geórgia.

— Georgie. — Ela corrigiu, sentindo as paredes se fechando sobre si. Ele bateu no ombro dela com a ternura de uma salamandra. — Escute, Geórgia, eu vou embora. Isso não vai funcionar para mim.

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Ele balançou a cabeça e suspirou dramaticamente, fingindo compaixão. — Sou eu. Não é você.

Seu coração parou de bater. Ok, não parou. Ela ainda estava de pé, mas certamente soluçou com as palavras de Brice.

— Ah, entendo. Só pensei, porque você pediu para me encontrar hoje à noite que nós... — Ela parou, mas não importava porque Brice nem estava ouvindo. Seu olhar estava fixo no contingente de tequila... de novo.

— Brice? — Ela disse.

Ele recuou a cabeça e acenou com as mãos. — Não, eu entendi errado. Georgie prendeu a respiração. — Você fez?

—Sim, eu fiz... porque é você. Veja bem, estou indo a lugares, Virginia, e as pessoas esperam um certo calibre de mulher no meu braço.

Calibre de mulher?

A tríplice literária de Georgie se arrepiou.

— Desculpe? — Ela mordeu as palavras quase um sussurro.

Ele deu um passo para trás e a olhou de cima a baixo. — A verdade é que, Geórgia, você é um oito.

Uma enxurrada de pontuações dos juízes e a dor maçante de usar saltos de cinco polegadas por doze horas seguidas a inundaram.

— Um oito? — Ela ecoou.

— Sim, como em uma escala de...

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Os traços perfeitos de Brice se uniram em um sorriso condescendente. — Bom, estou feliz. E você deve possui-los, Virginia.

— Os oito? — Ela atirou de volta.

— Claro, quero dizer, não vai te dar um cara como eu, mas tem alguém por aí para um oito.

A sala começou a girar. De repente, as luzes brilharam demais, destacando todas as suas falhas, seus mínimos defeitos. Ela podia sentir o cheiro do Aqua Net2, sentir a vaselina manchada entre os dentes.

Você precisa dar o fora daqui.

Georgie piscou. A adequada Jane Eyre acabou de lançar uma bomba F(foda-se).

— Então estamos bem? Sem ressentimentos, Geórgia?

Brice Casey tinha um rosto bonito, com uma mandíbula forte e uma covinha doce que piscava toda vez que ele sorria. Cheirava bem e se vestia como um modelo de capa da GQ.

E ela não poderia estar mais decepcionada consigo mesma se tentasse. Ela, mais do que ninguém, deveria saber melhor do que julgar alguém pela aparência. Ela conhecia muito bem as armadilhas da perfeição.

Mas aqui está o que realmente doeu: Brice Casey pode ser um idiota de primeira classe, mas foi ela que se apaixonou por sua boa aparência, com o anzol, linha e chumbada.

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No fundo de sua mente, Lizzy, Jane e Hermione estavam balançando a cabeça fictícia.

Georgie levantou o queixo. — Sim, estamos bem, Brice.

— Ah, você é um pêssego. Ei, como um pêssego da Geórgia. — Ele disse, seus olhos iluminando sua esperteza antes de se virar e sair do bistrô.

Ela viu a porta bater e olhou por cima do ombro para ver Irene.

— Nenhum dado no encontro? — A mulher perguntou com uma expressão compreensiva.

— Ele disse que eu era apenas um oito e não o calibre de garota que ele costumava namorar.

Irene respirou fundo. — Ai! Você está bem?

Georgie endireitou os ombros. — Você sabe o que? Estou bem. Foi preciso o empurrão perfeito para me ajudar a vê-lo.

— Poder feminino. — Disse a bartender, estendendo a mão fechada para dar um soco no punho.

Georgie retribuiu. — Poder feminino.

— E você deve possuir esse oito, senhora. — Disse Irene com uma risada, passando um pano de prato por cima do ombro.

Georgie parou. — Isso foi o que ele disse. — O que? Aquele cara? — Irene perguntou. — Sim, ele disse que eu deveria possui-lo.

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Uma ideia surgiu na mente de Georgie, e suas três especialistas em ficção gritaram de excitação.

— Sim. — Respondeu Georgie, seus pensamentos disparando. Ela olhou para o copo meio vazio, a determinação correndo em suas veias. — O que devo a você pelo refrigerante?

Irene acenou para ela. — Por conta da casa. Um oitavo especial.

Georgie pegou a bolsa do banquinho, passou pelas risadinhas de tequila e saiu do bistrô. O zumbido suave do restaurante seguiu atrás dela, até que tudo o que ouvia eram trechos rápidos de conversas enquanto fazia o caminho de casa por casais e grupos da noite na rua Tennyson.

Bloco a bloco, ela desceu a rua principal e depois subiu uma rua lateral coberta de árvores em direção a uma fileira de bangalôs indolentes. A cada passo, um plano, uma religião, bem, não uma religião em todo o esquema de santidade das coisas, mas uma maneira de pensar penetrava em sua mente. Uma filosofia de vida que ajudaria as mulheres a ignorar a atratividade ofuscante e a eliminar ervas daninhas capas de GQ, para que pudessem se concentrar no que realmente importava.

Substância. Personagem. Bondade. Inteligência.

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— Oh, eu vou lhe mostrar como possuir um oito. — Disse ela, toda determinação e bom senso, destrancando a porta da frente enquanto o estalido de patas empinando na madeira trovejava em sua direção.

Preto e branco, com uma orelha erguida, enquanto a outra caia, o Sr. Terça-feira, o doce amor da mãe, a encontrou na porta com o nariz molhado e um beijo quente. Ela coçou as orelhas dele, depois olhou o laptop sobre a mesa da sala.

Ela pegou o aparelho e se sentou no sofá com o Sr. Terça-feira enrolado ao lado dela.

— Talvez devêssemos fazer um café. Tenho a sensação de que acabarei tarde da noite.

Terça-feira soltou um suspiro de cachorro e fechou os olhos. Ele não seria de nenhuma ajuda. O cão ainda comia os sapatos dela e nunca encontrou um esquilo que não perseguiria. Mas ela amava o filhote de cachorro de abrigo da mesma forma.

Ela olhou ao redor da sala. — Preciso conseguir alguma coisa.

Ela deixou o laptop de lado, foi até o armário e pegou uma caixa de sapatos gasta. Abrindo a tampa, removeu um instantâneo do tamanho de uma carteira e voltou ao sofá.

— Este será meu lembrete, Sr. Terça-feira. — Disse ela, dando mais uma olhada na foto antes de deslizá-la na parte de trás de sua carteira.

Abrindo o laptop, abriu a página do CityBeat, a meca da internet para blogs de estilo de vida. — Tudo bem, vamos fazer isso. Digite o nome do blog. — Ela leu em voz alta.

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— Oh, eu tenho um nome para um blog. Um nome e uma maneira revolucionária de pensar que ajudará as mulheres do mundo a percorrer traiçoeiras trilhas de mão e encontrar um amor real e duradouro. — Disse ela ao doce filhote, agora roncando pacificamente.

Ela juntou as mãos, estalou as juntas dos dedos e digitou três palavras.

Possua o Oito.

Lema: Por que namorar um dez quando você deveria se casar com um

oito?

Ela olhou para a tela. — Isso chamará a atenção das pessoas.

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1

GEORGIE

— Hoje é o dia em que você descobre se ganhou ou não, certo, Georgie? Georgiana colocou uma pilha de livros sobre o balcão, torceu o emaranhado de cabelos escuros em um coque torto e começou a separar uma pilha de contas não pagas.

Ocupada. Ela tinha que ficar ocupada, ou seus nervos iriam tirar o melhor dela.

Georgie colocou as contas em uma pilha organizada. Elas seriam pagas... eventualmente. E, esperançosamente, se as coisas seguissem o seu caminho, ela alcançaria isso rapidamente. Colocou a pilha de volta na prateleira abaixo do registro da livraria e virou-se para seu empregado de meio período e a irmãzinha de sua amiga Iren, Becca Murphy.

— Sim, o último e-mail que recebi disse que deveria descobrir hoje se eles me escolheram.

Georgie olhou para o telefone, que permaneceu em silêncio a maior parte do dia. Ela já tinha verificado seu e-mail oito mil vezes. O que mais pareceria machucado? Ela bateu no ícone do envelope e encontrou... nada.

Não há novos e-mails.

Becca se inclinou e deu um tapinha na cabeça do cachorro. — Sr. Terça-feira, o que você acha? Georgie será a próxima super blogueira do CityBeat? O blog dela será transmitido a todos os bilhões de leitores do CityBeat?

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— Veja, até o seu cachorro concorda que você conseguirá isso. — Becca disse com um sorriso largo.

Georgie brincou com o laço no avental. Para o bem da loja e sua vida, é melhor que o Sr. Terça-feira esteja certo. Nesse ponto, vencer o concurso CityBeat era sua melhor perspectiva para manter a livraria aberta.

Quase dois anos atrás, Georgie havia iniciado o blog Possua o Oito no site do CityBeat. A noite em que se encontrou com Brice Casey acendeu uma tempestade dentro dela. Ela digitou e digitou, recontando o evento humilhante e encheu seu primeiro post com conselhos sobre namoro e as armadilhas da perfeição.

Porque isso é o que era perfeição. Uma construção falsa. Uma fachada. Ela pensou que Brice tinha sido a captura perfeita. Mas ela ficou cega por sua boa aparência. Graças à orientação de sua amiga fictícia, ela decidiu escrever um blog que ajudaria outras pessoas a não cometerem o mesmo erro que ela e ensiná-las a eliminar os aspectos superficiais do namoro para garantir um nível mais profundo de conexão.

A beleza é apenas superficial, e não dura para sempre. Esqueça a atração inicial. Química do parafuso.

Para o inferno com a versão da sociedade da perfeição! Bondade, respeito e integridade eram os verdadeiros alicerces de um relacionamento. O plano dela se resumia a isso, escreva as dez qualidades que você deseja em seu companheiro ideal e depois cruze as duas que tenham algo a ver com perfeição física.

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encantador e nos braços da pessoa que veria em você o que realmente importava – seu coração e sua alma.

Georgie nem revisou o manifesto antes de publicar. Exausta de escrever sua declaração desagradável, ela e seu fiel companheiro, Sr. Terça-feira, haviam caído ali mesmo no sofá. Foi somente quando o Sr. Terça-feira jogou sua bola incrustada de baba no rosto adormecido no raiar do dia que ela abriu os olhos e se viu de joelhos no mundo dos blogs de relacionamento e estilo de vida.

Dentro de vinte e quatro horas após o lançamento do blog Own the

Eights, ela tinha milhares de seguidores e a hashtag Own the Eights começou

a ser tendência nas mídias sociais. Pessoas de todos os lugares postaram sua lista dos dez melhores com as qualidades mais superficiais riscadas.

Impulsionado por seu sucesso, o blog de Georgie cresceu para incluir um post de conselhos todos os dias, artigos sobre onde encontrar sua verdadeira alma gêmea e até incluía receitas, oportunidades de voluntariado, meditações inspiradas e uma lista de livros sugeridos para leitura. Entre administrar sua livraria e escrever o blog, ela mal teve um momento para respirar.

Infelizmente, enquanto ela adorava blogs, eles não pagavam as contas... até, possivelmente, agora.

— Então, o que acontece depois? — Becca perguntou.

Georgie fechou os olhos e respirou fundo. — O último e-mail do CityBeat disse para oferecer algumas atividades e depois escrever sobre como elas estão alinhadas com o tom do nosso blog. Enviei-lhes algumas ideias sobre onde encontrar um parceiro de qualidade e maneiras de permanecer centrado enquanto você espera encontrar seu oito.

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Georgie assentiu. — O vencedor recebe dez mil dólares antecipadamente e depois é contratado como colaborador pago.

— Uau, Georgie! — Becca exclamou. — Isso é ótimo!

Mas havia mais. Um pouco mais de Georgie pensou antes de adormecer todas as noites desde que entrara no concurso. A maioria dos colaboradores pagos do CityBeat passou a escrever livros, apresentar programas de entrevistas, manchetes como palestrantes em eventos. Eles fizeram a diferença em grande escala, alcançando pessoas em todo o mundo. Se ela vencesse, não apenas poderia se dar ao luxo de salvar a loja, como também poderia ajudar as pessoas a encontrar o amor verdadeiro, assim como sua tríplice literária – não apenas nas páginas de um livro, mas na vida real.

Becca encostou-se ao balcão. — Terra para Georgie. Quando você deve fazer todas essas atividades?

Georgie se afastou de seu mundo dos sonhos e olhou para o calendário na parede. — Durante as próximas semanas. E eu queria te perguntar. Você se importa de trabalhar mais horas se for escolhida para isso? O e-mail dizia que pode haver postagens adicionais no blog que precisarei escrever e eventos que precisarei participar. Parece que eu preciso estar à disposição deles durante esse período.

Os olhos de Becca se iluminaram. — Você está de brincadeira? Sou uma pobre estudante universitária nas férias de verão. Inferno, sim, eu aceito as horas. — Ela respondeu quando a porta da livraria se abriu, e uma fila de mulheres de cabelos grisalhos entrou enquanto um homem com uma bengala segurava a porta para elas.

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— Como você está, Georgie? Você descobriu se conseguiu? — Uma das mulheres perguntou, saindo do grupo e indo ao balcão.

— Eles ainda não anunciaram nada, senhora Gilbert. — Respondeu ela, tentando manter a calma.

A mulher assentiu e depois se dirigiu ao grupo que estava se acomodando nas cadeiras gastas. — Todo mundo, ouça! — A Sra. Gilbert gritou no alto de seus pulmões, fazendo com que Georgie e Becca quase caíssem. — Eles ainda não anunciaram o vencedor! — Ela voltou-se para eles com um sorriso de desculpas. — O aparelho auditivo do meu marido está com problemas novamente, então tive que levantar a voz para ele me ouvir.

As senhoras assentiram enquanto tiravam o bordado das bolsas e o Sr. Gilbert olhou pela janela.

A Sra. Gilbert balançou a cabeça. — Vê o que eu quero dizer? E ele não me deixa checar a bateria ou consertá-la. Ele me disse que apenas começará a trabalhar por conta própria. Homem tolo! Vou mandá-lo para pegar o café. — Disse ela, saindo do balcão para se juntar às amigas.

Georgie pegou algumas canecas e as colocou em uma bandeja. A livraria incluía um café simples. Bem, o café estava realmente esticando. Atrás do registro, ela tinha uma cafeteira, rosquinhas e alguns bolos caseiros. Ela sonhava em possuir uma loja onde os clientes pudessem desfrutar de livros enquanto aproveitassem uma bebida quente ou mordiscassem um doce. Esperava expandir a loja e construir um espaço dedicado para ela, juntamente com uma seção de livros infantis, uma vez que tivesse um pouco de dinheiro extra.

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— Parece que você deve ouvir logo. — Disse o homem com um toque malicioso nos lábios.

Georgie colocou os itens no balcão e olhou de relance para as mulheres, conversando enquanto suas agulhas afundavam e emergiam de seus projetos. — E eu pensei que seu aparelho auditivo estava fora de serviço.

— Vou levar isso para as mulheres. — Disse Becca, pegando a bandeja. O Sr. Gilbert se inclinou e bateu no pequeno dispositivo bege em seu ouvido. — Ele tem o hábito de sair sempre que nos reunimos com a brigada de cabelos azuis de Marjorie.

— Você é terrível. — Disse Georgie, mas seu sorriso contava uma história diferente.

O Sr. e a Sra. Gilbert tinham sido um exemplo de clientela. Velhos amigos de seus avós, os Gilberts apareciam pelo menos duas vezes por semana. E, embora o Sr. Gilbert tenha desempenhado o papel de velho resmungão, ele sempre carregava a bolsa de Marjorie, sempre segurava a porta para ela e muitas vezes podia ser pego olhando-a com uma expressão sentimental e a doce sugestão de um sorriso.

— Você é a especialista em namoro, Georgie. Você, melhor do que ninguém deve saber o valor do silêncio em um relacionamento. — Ele rebateu, depois apontou para o quadro de avisos na parede, cheio de camadas de cartas de agradecimento e fotos de casamento de agradecidos crentes do Own the Eights (Possua o Oito) que haviam seguido seus conselhos e encontraram o amor com um oito.

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pensamento. Ela se preocuparia com isso uma vez que suas contas fossem pagas.

— Ok, derrame as coisas, Georgie. — Disse Becca, pousando a bandeja vazia.

Georgie voltou a torcer o laço do avental. — Pelo que entendi, eles disseram que notificariam o vencedor hoje. Os fundadores do CityBeat estão executando isso eles mesmos. São um par interessante – um pouco excêntricos, e tudo o que fazem sempre parece ter uma reviravolta.

— Mas você precisa se esforçar, Georgie. — Disse Becca, jogando algumas migalhas de muffin para o Sr. Terça-feira. — Você tem muitos seguidores e as pessoas param o tempo todo para dizer que encontraram o amor seguindo o protocolo Own the Eights. Quero dizer, minha própria irmã conheceu o marido usando!

O Sr. Gilbert riu. — Protocolo? Ainda me surpreende que sejam necessários livros, blogs e aplicativos para que vocês jovens encontrem isso. Vocês sabem quanto tempo levei para me apaixonar por Marjorie?

Georgie conhecia essa história. Quando seus avós ainda estavam vivos, e eles se reuniam com os Gilberts, depois de um copo de vinho ou dois, Gene Gilbert costumava conta-la.

— Trinta segundos. — Disse ela, sem esperar que ele respondesse. — Ela era a garota mais bonita que já viu. Ela deu a risada mais doce, e só soube sem dizer uma palavra entre nós que seria a única. E sessenta e dois anos depois, ainda é.

Georgie deu um tapinha na mão do homem. — Infelizmente, Sr. Gibert, você e Marjorie não são a norma. A maioria dos caras lá fora é real...

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— O que está acontecendo? — Perguntou Georgie.

O Sr. Gilbert riu. — Descobri por que o grupo de bordado de Marjorie mudou o horário do encontro semanal na sua loja.

Becca trocou um olhar de conhecimento com o Sr. Gilbert. — Sim, é bonito...

— Bonito o que? Perdi alguma coisa? — Georgie perguntou com uma careta. Se algum tipo de coisa engraçada acontecia perto dela, ela precisava saber sobre isso.

— Oh, você perdeu alguma coisa, Georgie. Você perdeu nas últimas três semanas, levando o Sr. Terça-feira para uma caminhada no beco atrás da loja nas últimas duas vezes que isso aconteceu. — Acrescentou Becca com um sorriso tímido.

Georgie levantou as mãos. — O que aconteceu? Você está começando a me preocupar, Becca.

— A qualquer momento, senhoras! — Uma mulher chamou com um trinado vertiginoso.

O Sr. Gilbert olhou para o relógio. — Você verá em cerca de quinze segundos.

Georgie examinou a frente da loja. Todas as mulheres, exceto Marjorie, estavam olhando pela janela da frente à entrada da loja e a calçada vazia.

— Não sei do que você está falando. Não vejo nada que... — Georgie começou, então congelou quando o algo que Becca referenciara passou pela janela, e seu cérebro clicou no modo de movimento lento.

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bronzeada envolvia seus bíceps e antebraços, que pareciam quase comestíveis. Se você gostava disso, não que ela gostasse. Georgie tentou desviar o olhar. Tentou pensar em outra coisa senão músculos contraindo e liberando quando esse Adônis de homem bombeava seus braços, avançando na calçada. Um boné preto estava em sua cabeça, puxado baixo, ocultando seu rosto, mas não completamente. Uma sombra escura e perfeitamente preparada há cinco horas acompanhava uma linha da mandíbula forte e a inclinação de um nariz tão perfeito em seu perfil que os cirurgiões plásticos provavelmente usavam esse cara como musa.

Sua boca ficou seca. Seu pulso acelerou. O ar parou como se ela estivesse presa dentro desse momento, tempo, curvando-se para prolongar um evento que só duraria alguns segundos.

— Georgie? — Alguém disse, mas ela ainda não tinha controle de todas as suas faculdades.

Georgie piscou, a figura ficou borrada, passando rapidamente pela livraria.

— Quem era aquele? — Ela pergunta, olhando para a rua.

— Acho que ele trabalha na Deacon CrossFit que abriu alguns quarteirões daqui. Há um monte deles pela cidade. Mas, Georgie, é melhor você checar seu telefone. — Instruiu Becca.

Georgie franziu a testa, ainda sentindo as emoções pós-choque. — Meu o quê?

Um brilho divertido surgiu nos olhos do Sr. Gilbert. — Seu telefone. Aquilo que todos vocês, crianças, não conseguem parar de olhar.

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Ah não! Havia uma excelente chance desse cara ter dez perfeitos na balança e não os oito duradouros que ela pregava sobre encontrar.

— E o meu telefone?

Ping.

Georgie ofegou. — Está apitando.

— É o que estamos tentando lhe dizer. — Disse Sr. Gilbert. Ela pegou o telefone do balcão. — Pode ser isso!

— Abra! Abra! — Becca aplaudiu.

Georgie tocou no ícone do e-mail e seus olhos se arregalaram. — É deles! — O que diz? — Becca perguntou, esticando a cabeça para tentar dar uma olhada na tela.

Georgie abriu o e-mail e examinou a mensagem. — Não nos deixe em suspense. — Insistiu Gilbert. Seu coração estava batendo uma milha por minuto.

— Eles querem que eu vá... hoje. — Ela olhou o relógio. — Em menos de duas horas para conhecer meus colegas de equipe.

Becca coçou a cabeça. — Por que você teria companheiros de equipe? Boa pergunta. Mas tinha que haver uma resposta razoável.

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Becca assentiu. — Isso faz sentido. OMG, Georgie! Você tem uma equipe! O que mais ele diz?

Ela olhou de volta para a tela. — Ele diz que vou me atualizar sobre os próximos passos da reunião hoje.

— Próximos passos? — Becca refletiu, batendo no balcão. — É provável que você esteja apenas resolvendo seus tópicos e assuntos da linha do tempo, não acha?

Georgie assentiu. — Tem que ser algo assim.

Mas uma pontada de dúvida percorreu seu peito. Ainda não podia deixar-se excitar demais.

O Sr. Gilbert deu um tapinha em sua bochecha. — Sabe, seu pai teria orgulho de você. Seus avós também. Você vai contar para sua mãe?

Essa pontada de dúvida em seu peito passou de uma ondulação a um aumento total à menção de sua mãe. — Livros e blogs não é realmente coisa dela. Eu não acho que ela ficaria muito animada. Não sou a filha que ela sempre quis.

Ele deu um sorriso simpático. — Lembre-se, Georgie, alguns de nós temos maneiras diferentes de mostrar que nos importamos.

— Como fingir um aparelho auditivo quebrado? — Ela perguntou. Ele riu. — Se isso me permite fingir ignorância sobre o que a brigada de cabelos azuis está tagarelando e olhar para minha esposa como um filhote de cachorro perdido, então sim.

(29)

— Ei, senhoras! Georgie conseguiu! Ela venceu o concurso!

Aplausos surgiram na área de estar, e Georgie fez a melhor reverência e depois congelou.

Ela tinha muito o que fazer!

— Tenho que ir! Sou esperada no CityBeat em menos de duas horas e preciso levar o Sr. Terça-feira, deixá-lo lá em casa, trocar de roupa e depois chegar ao centro.

— Não se preocupe com a loja. — Disse Becca, pressionando as mãos nos quadris como se estivesse pronta para chutar alguma bunda da livraria. — Tenho tudo coberto, e sei que Irene pode ajudar a qualquer momento que você precisar dela.

— E eu posso levar o Sr. Terça-feira para uma caminhada. — Ofereceu o Sr. Gilbert.

Georgie deu um tapinha na mão de seu velho amigo. — Obrigada por oferecer, mas acho que um pequeno passeio me faria bem. Eu preciso colocar meus pensamentos em ordem e demorar um segundo para processar tudo.

Com a menção de uma caminhada, o Sr. Terça-feira adquiriu sua bola favorita de baba de uma cesta de brinquedos para cães que ela mantinha atrás do balcão e começou a pular aos seus pés.

— Uau. — Disse ela, chocada quando tirou o avental e depois puxou a trela de um gancho de parede.

— Muito bem, garoto. — Acrescentou Sr. Gilbert, antes de se juntar à esposa e à equipe de costura.

(30)

Georgie saiu da loja, encostou-se à porta dos fundos para se orientar e depois enxugou uma lágrima da bochecha. — Lizzy, Hermione, Jane, nós conseguimos, senhoras. — Ela sussurrou para sua tríade imaginária, as três personagens que tanto amava. Ela perdeu a conta de quantas vezes releu

Orgulho e Preconceito, Jane Eyre e a série Harry Potter, e esses personagens se

tornaram tão reais para ela quanto qualquer amigo, talvez melhor, porque os conhecia por dentro e por fora.

Ela soltou um suspiro agudo quando uma onda de náusea a atingiu. E se perguntassem por que ela não tinha encontrado o oito? Sua querida amiga casou-se com o oito e ela recebeu milhares de e-mails de pessoas que encontraram a felicidade usando o método Own the Eights. Certamente, isso tinha que ser suficiente.

Mas havia algo mais.

Aquele e-mail sobre conhecer seus companheiros de equipe a atormentava. Os fundadores do CityBeat foram notórios por organizar eventos e adicionar um toque surpreendente a tudo o que fizeram.

Mas ela ganhou. Excêntricos ou não, eles a escolheram. Era hora de brilhar, e não tinha nada a ver com aparência, peso ou qualquer característica superficial. Mas a mente dela. Sua inteligência e seu impulso. Foi isso que a levou a esse ponto.

(31)

2

JORDAN

— Noventa e seis, noventa e sete ...

— Não posso fazer isso, Jordan. Não posso chegar a cem, cara.

Jordan Marks facilmente segurou sua posição de flexão e olhou para o jovem ao lado dele. Antebraços parecidos com pássaros tremendo como canos precários e suor escorrendo pelo rosto, o sujeito lutou para erguer o elfo de volta à posição de prancha.

— Olhe para mim, Craig. — Disse Jordan, com os músculos fortes e empenhados enquanto mantinha a forma perfeita em sua própria prancha.

O cara virou-se para ele, com o rosto vermelho e prestes a desmaiar. Mas não havia nenhuma maneira no inferno de Jordan permitir que ele desistisse ou o deixasse cair no chão da Deacon CrossFit.

— Craig, respire fundo e foque.

O homem obedeceu e o tremor diminuiu quando uma faísca se acendeu no peito de Jordan.

Era para isso que ele vivia.

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The Marks Perfect Ten Minset3 foi sua criação, seu blog, que nos últimos

dois anos ganhou milhares de seguidores, conquistou milhões de curtidas e, esperançosamente, se ele recebesse as notícias que esperava receber hoje, seu ingresso para abrir o seu próprio negócio iniciando sua marca como não apenas o principal personal trainer da cidade, mas para se globalizar e espalhar a The Marks Perfect Ten Minset em todo o mundo.

Jordan endureceu suas feições. — Diga-me, Craig. Porque estamos aqui?

— Para ficar forte usando a The Marks Perfect Ten Minset. — O homem falou.

— O que isso significa? — Ele latiu.

— Isso significa que você tenta ser o melhor. Jordan fez uma careta. — Tenta?

O homem sacudiu a cabeça. — Não, isso significa que falhar não é uma opção. Isso significa que você nunca é menos do que um dez perfeito.

— Apenas na academia? — Jordan cutucou.

O homem soltou um suspiro apertado. — Não, em todos os aspectos da sua vida.

Claro que sim! Ele tinha Craig exatamente onde o queria. O próximo passo era trazê-lo para casa.

Jordan olhou para o espelho e vislumbrando seu corpo foi recompensado com perfeição musculosa. Cabelo arrumado e estilizado –

(33)

mesmo na academia – e um sorriso arrogante que dizia que ele tinha tudo e queria. Bem, foi isso que ele se esforçou para projetar.

Ele respirou lentamente e seguiu para a matança, naquele momento satisfatório em que um cliente se comprometia completamente com a The Marks Perfect Ten Minset.

— Tudo bem, Craig. Fique comigo.

O homem assentiu, gotas de suor caindo no tapete.

Jordan segurou o olhar de Craig. — Há duas mulheres em um banco. Uma delas tem o cabelo em um daqueles coques bagunçados. Ela tem óculos, roupas largas e sandálias desajeitadas. A outra está em forma e balançando uma minissaia com salto. tem um corpo assassino e parece que envergonharia uma supermodelo. Ela é um total de dez. Que mulher você pede, Craig?

O homem rangeu os dentes quando a determinação ardeu em seus olhos. — A dez.

— Muito bem. — Ele respondeu, abrindo um sorriso triunfante.

Craig sorriu com a dor quando a excitação subiu pelas veias de Jordan. Outro The Marks Perfect Ten Minset convertido. Seu programa funcionou. Ele sabia disso pelas milhares de fotos anteriores e posts enviados por seus clientes e seguidores do blog. Mas nunca ficou velho assistir ao turno e testemunhar o momento em que seu cliente agarrava a confiança pelas rédeas e decolava.

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Craig passou pelos representantes finais e, quando se levantaram, toda a academia animou seu sucesso.

Craig sorriu. — Eu fiz isso!

— Isso aí. Você é o dono. — Respondeu Jordan, batendo no ombro do homem.

Craig limpou o rosto com uma toalha, sorrindo de orelha a orelha. — Obrigado a você e a The Marks Perfect Ten Minset. Cara, eu nem consigo imaginar como é ser você, o Jordan Marks. Você tem tudo. Você provavelmente sempre teve tudo. É legal da sua parte compartilhar um pouco da sua grandiosidade conosco, meros mortais.

Jordan pegou sua garrafa de água e tomou um longo gole. Era exatamente isso que ele queria que todos pensassem.

Jordan Marks, sempre um vencedor.

Jordan Marks, o espécime da perfeição física. Jordan Marks, o cara que tinha tudo.

Ele pensou na primeira gaveta da cômoda de sua infância e os músculos do peito se contraíram.

Jordan Marks nem sempre tinha nota dez. Nem de perto – mas esse era seu segredo, seu passado, e ele não estava disposto a transmiti-lo ao mundo. The Marks Perfect Ten Mindset não foi apenas sua criação. Era também seu escudo, a barreira que ficava entre ele e uma vida melhor deixada esquecida.

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— Amém, irmão! — Craig disse, o orgulho irradiando o cara em ondas. Jordan olhou para o relógio. — É isso por hoje. Ótimo trabalho! Agora, corra para o chuveiro.

Jordan pegou seu iPad para entrar na sessão de treinamento quando uma voz doce e açucarada, pingando de reverência, cortou o zumbido das esteiras e o barulho de pesos livres atingindo o chão.

— Jordan, isso foi incrível!

Ele nem se virou. Conhecia o som de boneca de um coelhinho de academia e era versado na linguagem corporal que dizia: esse pedacinho de sutiã esportivo ficaria ótimo no chão do seu quarto, e eu também. Assim como seu pau na minha garganta.

Ele teve sua parte nas bocetas da academia, uma fatia enorme, especialmente quando era mais jovem. Mas com apenas 29 anos, ele tinha coisas maiores em mente do que dobrar a recepcionista da academia sobre a máquina de leg press e transar com ela com força e rapidez. Ele trabalhou duro nos últimos dois anos, treinando clientes, abrindo novos locais e construindo seu blog. E também não escreveu postagens de besteira no Dear

Diary. Sangue literal, suor e lágrimas entraram em seus artigos. Horas de

pesquisa foram necessárias para decidir quais proteínas recomendaria. Ele passou suas noites folheando revistas de medicina esportiva e suas primeiras manhãs gravando corridas treinadas para download para compartilhar com seus seguidores. Ele não teve tempo de ferrar uma bala ou os filhotes de algodão doce que se jogavam contra ele em massa.

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Ele mostraria a todos aqueles filhos da puta do seu passado que havia vencido. Que era melhor que eles em todos os aspectos importantes, aparência e sucesso.

— É por isso que o mantemos por perto.

Um sorriso apareceu nos cantos da boca dele. Agora, essa era uma voz que valia a pena reconhecer.

Jordan ergueu os olhos do iPad e encontrou a estrutura robusta de Deacon Perry, o fundador da cadeia Deacon CrossFit, caminhando em sua direção. Manchas cinzas atravessavam os cabelos escuros do homem enquanto ele examinava a academia.

Jordan apertou a mão do homem. — É bom ver você, Deacon. — O lugar está ótimo. Algum problema?

— Este é o quinto local que abri para você, Deac. Eu tenho isso coberto. O homem deu um aceno de aprovação. — Abriu há apenas três meses e já está funcionando como uma máquina bem oleada.

— Jordan é a bomba. Até tivemos atletas profissionais ligando para agendar sessões com ele. — Disse a voz melosa da recepcionista, Shelly.

Ele se virou para a jovem. Ela se encaixou na conta do visual que Deacon queria para sua equipe de recepção de CrossFit. Jovem, alegre e elegante, Shelly era a primeira coisa que os clientes viam quando entravam. E ela não era apenas um rosto bonito. Já havia trabalhado na recepção em alguns centros de recreação da cidade e, mais importante, ele nunca contrataria uma idiota. Mas ela ainda era uma mulher, e não era culpa dela que não podia deixar de cair sobre si mesma ao redor dele.

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Jordan endureceu suas feições e encontrou o olhar da mulher. Ele era todo elogiado e admirado. Ele vivia pelos likes que recebia em suas postagens e adorava ver o número de inscritos aumentarem, mas precisava conversar com Deacon e não tinha tempo para Shelly e sua efusiva adoração.

— Algumas caixas foram entregues hoje de manhã, Shelly. Você pode conferi-las? Devem ser os prêmios promocionais para nossos novos clientes.

— Qualquer coisa para você, Jordan. — Ela respondeu com um movimento de rabo de cavalo.

— Você está pegando ela? — Deacon perguntou baixinho enquanto Shelly corria para frente.

Jordan balançou a cabeça. — Nenhuma mulher. Você sabe que eu mantenho isso profissional.

O olhar de Deacon pairou sobre o traseiro coberto de Lycra de Shelly. — Talvez eu precise parar aqui com mais frequência.

— Ela tem vinte e dois anos, Deac.

— Meu número favorito. — Respondeu o homem sem perder o ritmo. Jordan mudou o peso. — Queria falar com você sobre algo que tenho por vir. Você tem um minuto?

— Sim, eu tenho algum tempo. — Respondeu o homem com uma expressão curiosa.

Seu mentor sabia que algo estava acontecendo.

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o que ele tentou projetar. Mas hoje poderia ser um divisor de águas, e as borboletas em seu estômago concordavam.

— Vamos conversar lá atrás. — Ele ofereceu.

Deacon o seguiu, passando por uma fileira de modernas máquinas de cardio e vários treinadores trabalhando com clientes, até um pequeno escritório escondido perto dos vestiários.

Deacon se acomodou em uma cadeira enquanto Jordan se sentava atrás da mesa.

— Agora, derrame, Marks. Eu te conheço muito antes de você se tornar uma marca perfeita. O que está acontecendo?

— Você lê meus e-mails? — Jordan brincou.

Deacon esticou os braços e depois relaxou no assento. — Entre os enviados pelos advogados de Maureen.

Jordan se inclinou para frente. — Sobre o divórcio?

Parecia loucura que Deacon e sua esposa estivessem se separando. Ele conhecia a esposa de Deac, Maureen, desde que conheceu seu mentor, e ela tinha sido como uma segunda mãe para ele. Ela desistiu de sua carreira de professora para ajudar a tirar Deacon CrossFit do chão e se dedicou a criar suas três meninas.

O homem suspirou. — Divórcio. Tempo com as crianças. A quantidade de apoio conjugal. Sempre é alguma coisa. Agora vamos lá, Jordan. Diga-me o que está pensando.

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não ficou surpreso quando entrou na academia, e algumas cabeças de gado cresceram e começaram a lhe dar merda.

Cuidado com essa bolsa, Tinker Bell. Parece muito pesado para você.

Ele ouvira tudo e estava prestes a afastar outro ataque de bullying quando Deacon Perry caminhou até a frente com um ar de confiança, que, na época, Jordan nem sonhava em alcançar. O homem olhou-o de cima a baixo e depois fez uma oferta.

Quer ter certeza de que ninguém fode com você de novo? Volte amanhã.

E ele fez exatamente isso. Ele apareceu no dia seguinte e no dia seguinte.

Todos os dias pelos próximos quatro anos.

Seu tempo na academia de Deacon transformou sua vida. Ele se formou na faculdade com dupla especialização em Literatura Inglesa e Cinesiologia e Ciência do Exercício, e Deac estava certo. Ele engordara quinze quilos de músculo, corria quinze quilômetros e podia fazer supino trezentos e cinquenta enquanto dormia – e ninguém brincava com ele. Com muito trabalho e dedicação, o garoto magro das planícies do Colorado pisou no ginásio de Deacon como um cordeiro e saiu como um leão.

Jordan pegou o calendário principal da academia no computador e inclinou a tela para Deacon ver. — Reorganizei o cronograma para as próximas três semanas.

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— Eu fiz isso de propósito. Veja bem, Deac, estou participando de um concurso e, se eu ganhar, precisarei das próximas semanas para me concentrar no meu blog.

— Essa coisa The Marks Perfect Ten Minset? — Seu mentor perguntou, erguendo uma sobrancelha.

— Sim, The Marks Perfect Ten Minset.

Deacon recostou-se e guardou os óculos no bolso. — Que tipo de competição é essa?

— Se eu ganhar, me tornarei um colaborador pago no site City Beat. Deacon assobiou. — Até eu conheço o CityBeat. Eles têm uma enorme comunidade de fitness.

Jordan assentiu. — É uma plataforma de estilo de vida completa, e se eu entendi as coisas realmente poderiam melhorar para mim.

Deacon estreitou o olhar. — Eu vejo. E Deacon CrossFit? Isso faz parte do seu plano?

Uma torção de arrependimento tomou conta de seu coração. — Devo tudo a você, Deac. Nunca te deixaria esperando. Mas isso pode ser grande para mim.

— E você tem certeza que ganhou? — O homem perguntou.

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Seu mentor o olhou bem nos olhos. — Você faz o que precisa para vencer, filho.

Filho.

A palavra não deveria doer, mas doía.

— Quando você descobrirá? — Deacon pressionou.

Jordan olhou para o telefone, deitado sobre a mesa. — Hoje, estou apenas esperando um e-mail.

— Entendo. — Respondeu Deacon, reprimindo um sorriso. Jordan fez uma careta. — O que você quer dizer?

— Olhe para a sua perna.

Saltando para cima e para baixo como uma fã esperando conhecer Justin Bieber, seu joelho balançava com energia nervosa. Ele forçou-o a parar. Ele precisava controlar suas coisas.

Ele se levantou. — Isso não é nada. É apenas o horário que eu costumo bater na calçada para uma corrida rápida de 5 km.

Os lábios de Deacon se torceram em um sorriso irônico. — Você pode querer fazer dez hoje.

Jordan assentiu. — Provavelmente deveria, e obrigado por me apoiar nisso. Você sabe que não vou decepcioná-lo com a academia.

Deacon observou-o atentamente. — Apenas saiba quem levou você a esse ponto.

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Um músculo se contraiu na mandíbula de seu mentor. — Muito bem! Você percorreu um longo caminho desde…

— Canudo? — Veio uma voz estridente e açucarada, e Jordan congelou. Ele quase podia ouvir as provocações e ver os rostos das crianças.

Canudo. Merda de canudo. Atirando na cabeça dele. Escovando seus

membros magros.

— Por que diabos você diria isso? — Ele latiu para Shelly, que congelou como um cervo preso em um par de faróis.

A menina amassou. — Porque eu abri as caixas na frente com as garrafas de água e pensei que a caixa menor com os canudos para elas estivesse aqui.

Ele engoliu em seco, depois encontrou a caixa no chão perto da porta. — Sim, provavelmente é essa. — Disse ele, entregando a ela.

Shelly deslizou para longe sem um movimento no rabo de cavalo dessa vez.

— Saia comigo. — Disse Deacon, olhando a bunda de Shelly novamente quando ela saiu do escritório.

Jordan pegou um boné, tirou o telefone e os fones de ouvido da mesa e seguiu o mentor para fora da academia.

Uma vez na calçada, Deacon colocou a mão no seu ombro. — Quem te ensinou a ser o melhor, Jordan?

Uma onda de determinação caiu sobre ele, lavando as lembranças irritantes.

(43)

— Você fez, Deac. — Ele respondeu sua voz firme.

— Agora, entre em ação, limpe a cabeça e prepare-se para o sucesso. — Obrigado. — Disse ele ao homem que se interessara mais por ele do que seu pai de verdade.

— E Jordan? — Sim, Deac.

— O que você sabe sobre Shelly?

Ele encolheu os ombros. — Ela trabalha na recepção.

Deacon assentiu e olhou para dentro da academia. — Vá esmagar esses 10Km! — Ele disse seu olhar treinado na recepção.

Jordan conteve um sorriso. Jesus! O que Deac estava pensando? Mas ele tinha coisas maiores com que se preocupar do que seu mentor verificando uma garota bonita. Ele colocou os fones de ouvido, partiu pela rua e olhou para o telefone. Ele correria e depois checaria seu e-mail, porque a disciplina era importante. Sim, ele queria o show do CityBeat. Ele queria fama e notoriedade.

Mas ele não desistiria.

Se ele estabelecesse uma meta, a excedia. Ele disse a si mesmo que correria cinco quilômetros hoje. Em vez disso, seguiria o conselho de Deac e executaria seis. Empurrando seu corpo ao limite a cada passo, ele tirou a camisa e a enfiou na alça do short de malha enquanto passava pelas lojas e cafés que pontilhavam o centro da cidade de Tennyson.

(44)

configurando locais de CrossFit. Mas este lugar, enquanto ainda estava perto da agitada cidade, tinha uma sensação de cidade pequena que estranhamente o atraía. Ele acelerou o passo, disparando na calçada e na rua para passar por um casal empurrando um carrinho. Ele voltou para a calçada e passou por uma pequena livraria, que ultimamente parecia estar cheia de velhinhas olhando pela janela da frente.

Ele regulou sua respiração, seu corpo agradecido por queimar a energia nervosa que abrigava o dia todo. Atravessou a rua e seguiu para um grande espaço aberto. Terminaria a corrida no parque Tennyson, dando voltas à sombra dos carvalhos gigantes e faias que ladeavam uma trilha que circundava o espaço. Ele completou doze voltas quando o telefone tocou, sinalizando a marca de seis quilômetros. E como uma criança esperando para descer as escadas na manhã de Natal, aumentando a expectativa, ele parou e olhou para o ícone de e-mail em sua tela.

— CityBeat é seu. — Ele sussurrou, depois pressionou o ícone do envelope.

Uma nova mensagem.

Assunto: Parabéns da CityBeat.

Ele examinou a mensagem: Apareça hoje. Conheça a equipe.

Foda-se, sim!

Ele ia ser grande, maior que grande. Grande o suficiente para mostrar a todos que ele não era um garoto esquelético sem espinha dorsal.

Ele era Jordan Marks da Marks Perfect Ten Mindset.

(45)

— Segure ele! — Ela chamou.

Ele olhou em volta, mas antes que pudesse ver se ela estava falando com ele, um pequeno borrão marrom passou seguido por um borrão maior de pelo preto e branco.

E então ela.

Correndo naquelas sandálias desajeitadas da Birkenstock, uma péssima escolha para correr, estava uma mulher com um emaranhado de cabelos escuros, torcido em um coque no topo da cabeça. Gavinhas bateram em seu rosto enquanto ela se aproximava. Sua forma de correr era uma merda completa, mas ele não conseguia desviar o olhar. Ele não pôde deixar de notar a curva de seu pescoço e o balanço de seus quadris. Vestida com um cardigã que colidia completamente com sua saia, ele estava hipnotizado. Se precisasse de um exemplo do oposto de uma mulher Marks Perfect Ten Mindset, seria ela.

Ele piscou.

Tinha que ser o aspecto completo de acidente de trem de sua aparência que o fascinava.

Ela derrapou até parar na frente dele com uma trela de cachorro na mão e ofegou.

— É você! — Ela disse olhos arregalados como pires.

(46)

o surpreendeu. Um fio de escárnio ao qual ele não estava acostumado, ou pelo menos, não experimentava há muito tempo.

Ela estudou o rosto dele. — Você tem uma covinha. — Sim? — Ele respondeu o sorriso desaparecendo.

Quem diabos era essa? Ela certamente não era alguém com quem ele cruzara – ou era? Ele a viu em algum lugar.

— Brice Casey. — Disse ela baixinho, veneno amarrando cada sílaba. Foi a vez dele de estudá-la. — Não, desculpe, não sou eu.

Ela balançou a cabeça como se estivesse sacudindo uma lembrança. — Você pode me ajudar a pegar meu cachorro? Acho que podemos cercá-lo. Há uma cerca, então ele tem que voltar por aqui depois que terminar de perseguir aquele maldito esquilo.

Jordan olhou para o relógio. Merda! Ele estava ficando atrasado.

Ele precisava voltar para a academia e garantir que um dos outros treinadores pudesse substitui-lo, depois chegar em casa e tomar um banho rápido antes de ir para o centro da cidade para os escritórios do CityBeat.

A mulher sem fôlego levantou as mãos. — Ei, homem sem camisa! Mulher em necessidade! Você. Pode. Ajudar.

Ele encontrou o olhar dela. As mulheres não falam com ele assim. — Sim, eu só... eu tenho uma coisa a fazer. — Ele gaguejou.

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Ela soltou um suspiro audível. — Eu também. Uma coisa que mudará a minha vida. Mas tenho que pegar meu cachorro primeiro. Você pode me ajudar por dois minutos?

Ele olhou para o animal, correndo de árvore em árvore. — Qual o nome disso?

— O nome dele é Sr. Terça-feira. — Respondeu ela. Ele recuou. — Que tipo de nome é esse?

Ela apertou as mãos nos quadris. — O nome que ele tinha quando eu o adotei do abrigo.

— Você poderia ter mudado. — Ele respondeu.

— Bem, eu não fiz! — Ela estreitou o olhar. — Você é sempre tão desagradável?

Desagradável?

Nenhuma mulher jamais o chamou de desagradável. E ela parecia estar completamente inconsciente de que estava perto, olho no olho, no peito esculpido e no abdômen esculpido. Isso por si só deveria tê-la mordendo o lábio e olhando para ele através dos cílios retorcidos.

Mas não aquela boêmia cruzada de casaco de lã com um par de óculos pendurados em uma corrente em volta do pescoço.

— Eu nem te conheço, senhora.

— Graças a Deus por isso. — Ela bufou.

(48)

Ela ofegou. — Você acabou de me chamar de coque bagunçado? Ele levantou uma sobrancelha. — Você tem um, certo?

Ela estendeu a mão e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, e ele flexionou as mãos.

Ele queria ser aquele que estava escovando as mechas marrons chocolate de seu rosto?

Jesus! Inferno não, ele não quer. O que havia de errado com ele?

— Bem, sim, acho que tenho um coque bagunçado. — Respondeu ela sem tanto despeito.

Ele apontou para a trela. — E, a propósito, eu não tenho animais de estimação, mas tenho certeza de que essas coisas funcionam melhor quando você as anexa ao seu animal.

— Tal Brice Casey. — Ela murmurou. — Quem diabos é esse cara Brice?

Jesus! Ele perdeu alguma referência à cultura pop hipster?

Ela balançou a cabeça, olhou para o cachorro, atualmente fazendo círculos em volta de um velho carvalho, e suavizou sua expressão. — Ele não importa. Você pode me ajudar?

Quando ela não estava gritando ou olhando para ele, ela ficava meio que...

(49)

Ele gesticulou com o queixo. — Você vai para a esquerda. Eu vou para a direita.

Ela apertou a mão no peito, chamando a atenção dele para o que quase parecia um belo par de mamas escondidas sob aquele terrível casaco de lã, e soltou um suspiro doce. — OK! Obrigado! Sinto muito por ter sido desagradável. Hoje estou um pouco fora de ordem.

Ela tinha olhos adoráveis. Não muito azuis e nem verdes, e brilhavam como pedras preciosas.

Ele olhou para os sapatos dela. Ele tinha que reprimir esses pensamentos. Havia coisa demais na linha. — Tente não torcer o tornozelo correndo com essa desculpa ruim para sandálias.

Ela franziu a testa, provavelmente prestes a receber seu pedido de desculpas, quando avistou um coelho e fugiu.

— Ah não! — Ela chorou, e ele sabia que tinha que agir se quisesse pegar aquele cachorro e chegar ao CityBeat a tempo.

Ele não era tão rápido quanto um cachorro em busca de um animal de orelhas caídas, mas era rápido o suficiente. Com uma garota bagunçada atrás dele, gritando o nome estúpido do cachorro, ele correu atrás do vira-lata e agarrou sua coleira, mas perdeu o pé e derrapou no chão com o cachorro pousando em cima dele, ofegando loucamente. O vira-lata olhou para ele e lambeu seu rosto.

Oh, pelo amor de Deus!

(50)

— Ele gosta de você. — A bagunçada murmurou, ficando de joelhos e arranhando entre as orelhas do cachorro.

— Você se importa? — Ele perguntou, olhando do chão para o cachorro. Ela apertou a mão no peito novamente. — Desculpe! Vamos, Sr. Terça-Feira. Vamos deixar o homem se levantar.

Ela olhou para ele, ainda no chão, segurando a cabeça do cachorro nas mãos. — Obrigado Sr.…

O calor se espalhou pelo peito dele enquanto a observava dar um beijo no topo da cabeça do cachorro, mas ele empurrou o sentimento de lado. Nada sobre ela ou seu cão desajeitado se encaixava no lema de sua vida.

Ele aguçou sua expressão. — Você pode me agradecer srta usando sua maldita coleira na próxima vez. Você não é a única pessoa com coisas para fazer hoje.

Ela zombou quando o desprezo substituiu a bondade em seus olhos. — Se eu não fosse uma pessoa legal, eu chamaria você de idiota supremo.

Ele deu a ela seu melhor sorriso de comer merda. — Bem, esse idiota provavelmente vai se atrasar, graças a você.

(51)

3

GEORGIE

Georgie olhou para o relógio no painel do seu compacto Volkswagen Rabbit. — Você não vai se atrasar. Você não vai se atrasar. Você não vai se atrasar.

Ela pode estar atrasada.

Graças ao Sr.Terça-feira, e não ao Sr. Imbecil do parque, também conhecido como Brice Casey, ela mal teve tempo de levar o Sr. Terça-feira para casa e se estabelecer. Ela conseguiu passar um pente no cabelo e refazer rapidamente o coque. Não havia como soltar suas mechas grossas sem uma lavagem real, o que ela não tinha tempo devido à briga e corrida no jardim que ela havia tido com aquele cara que mal concordara em ajudá-la.

O nervoso! Fale sobre zero humanidade.

Todos Brice Casey e não o Sr. Darcy, sua tríplice literária concordou. Bem, elas quase concordaram. Elas tentaram lembrá-la de que as primeiras impressões geralmente não contavam a história toda. Mas Georgie era uma mestra em conhecer o tipo de Brice Casey. Ela havia escrito uma infinidade de posts sobre ele.

(52)

Seu corpo era tão perfeito que quase a deixou sem fôlego – pela segunda vez naquele dia. Até que sua perfeição e comportamento antipático a agarraram de volta. No entanto, o cara a ajudou. Ele pegou o Sr.Terça-feira. Ele tinha sido um idiota completo sobre isso, mas tinha feito.

Ah! Esqueça-se dele!

O carro dela engasgou e choramingou, as engrenagens rangendo juntas, outra coisa que ela precisava fazer com seus ganhos, enquanto estacionava em frente ao prédio do CityBeat, grata por encontrar um lugar. Ela cortou a ignição, fechou os olhos e tomou duas respirações para se acalmar. Caminhadas sinuosas e meditação eram componentes vitais da filosofia Own the Eights. Como ela não tinha tempo para vagar, cabia à meditação rapidamente clarear sua mente e abrir os canais de energia positiva. Ela havia acabado de entrevistar um professor de ioga local para o blog algumas semanas atrás e havia escrito sobre o uso da meditação para conter a atração superficial inicial. Foi um enorme sucesso, conquistando milhares de curtidas.

Ela inspirou e expirou, esvaziando seus pensamentos de perfeição e atração no nível da superfície.

Isso é tudo o que tinha sido hoje. Em um momento de pânico, seus pensamentos acelerando, ela caiu sob o feitiço do homem sem camisa. Totalmente razoável sob as circunstâncias. E daí se ele trabalhava na área. Ela ficava no início da floresta, escondida em sua livraria, e ele podia reinar supremo sobre o Perfectville em algum ginásio hiper-masculino, bombeando ferro e enfiando as nozes em passas.

Essa é boa.

(53)

Com um último suspiro de clareza, ela pegou sua bolsa e uma pasta com todas as suas ideias de postagem no blog. Ela já havia enviado várias para o CityBeat, mas queria estar pronta para abordar sua equipe se precisassem de mais ideias.

Equipe!

Ela estava quase cheia de emoção. Certamente, eles teriam que ser pessoas com a mesma opinião – total de convertidos do Own the Eights. Por que o CityBeat os tornaria seu time se não o fossem?

E as possibilidades de expandir o Own the Eights eram infinitas. De conselhos mais aprofundados sobre namoro a uma vida saudável, à práticas ambientalmente amigáveis, até o voluntariado para ajudar a comunidade, havia tantos caminhos que eles poderiam seguir tantas maneiras frutíferas e gratificantes para ajudar as pessoas a se conectarem com o oito.

Ela entrou no prédio do CityBeat e foi para a recepção e viu seu reflexo em um dos painéis espelhados. Não, ela não teve tempo de trocar de roupa. Mas era ela quem era, uma mistura de padrões, dona de uma livraria, conselheira, cruzada por uma conexão autêntica e significativa, que por acaso amava Birkenstocks4 e cardigãs. Ela estudou seu reflexo, satisfeita por não

ter sido vítima de alterar seu guarda-roupa para impressionar um morador raso como Brice Casey, quando ela colidiu contra uma parede.

Não uma parede. Uma costa.

(54)

E não qualquer costa. As costas dele.

Mesmo com uma camisa, ela reconheceu os ombros largos e o corte largo e perfeito dos antebraços musculosos.

Ele se virou e segurou o cotovelo dela, o que teria sido um gesto muito cavalheiresco se ele não tivesse se encolhido imediatamente quando fizeram contato visual.

— Você está me seguindo? — Ele zombou. Ela ofegou. — Estou te seguindo?

Ele balançou sua cabeça. — Sim, foi o que eu te perguntei. Você perdeu seu cachorro de novo?

— Não, senhor “use sua trela”. Foi assim que você disse que seu nome era correto? Eu não estou te seguindo. — Ela recuou e pressionou a mão no peito. — Oh meu Deus! Você está me seguindo?

O queixo dele caiu. — Por que eu te seguiria? — Você está aqui, não está? — Ela atirou de volta.

A incredulidade estragou seus traços perfeitos. — Sim, cheguei aqui primeiro. Você chegou aqui em segundo. Qualquer aluno do jardim de infância poderia lhe dizer que isso significa que você está me seguindo.

Ela sustentou o olhar dele, desejando que suas retinas adquirissem poder de laser para explodir essa coisa do planeta.

(55)

— Imaginei. Você e o Sr. Marks são esperados lá em cima. O Sr. Garcia e o Sr. Chang estão esperando por vocês no décimo segundo andar. — Disse a mulher serenamente, como se não houvesse nada de estranho entre dois estranhos discutindo, enquanto se esbarravam no saguão do CityBeat.

Georgie inclinou a cabeça para o lado. — Hector Garcia e Bobby Chang, fundadores do CityBeat, estão esperando por nós dois? Eu e ele? — Ela acrescentou, apontando para frente e para trás.

— Uau, você é rápida na absorção, querida. — Disse Marks em voz baixa.

Ela desviou o olhar da recepcionista para o assustador. — Você, senhor, é um imbecil supremo.

— Eu acho que você não é legal. — Ele respondeu com um sorriso. Georgie jogou a cabeça para trás. — Eu sou legal. Sou voluntária em abrigos de animais.

Ele encolheu os ombros. — Lembro que você disse há poucas horas atrás que, se não fosse uma pessoa legal, me chamaria de imbecil supremo.

— Se o sapato couber. — Ela murmurou, pegando uma página do manual.

Ele olhou para os pés dela. — Provavelmente deveria usar meu status de imbecil supremo para informar que o século 17 antes de Cristo está ligando e eles gostariam que devolvesse as sandálias.

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— Sim, e eles ainda pertencem à idade das trevas. — respondeu ele, cruzando os braços.

Incapaz de responder – porque que tipo de criatura poderia ter preconceito com calçados confortáveis – Georgie permaneceu imóvel em um estupor atordoado. — Crachás? — A recepcionista a tirou de seu estado de choque total quando ela veio ao redor de trás da mesa e entregou-os com os nomes digitalizados.

— Jordan Marks e Georgie Jensen, aqui está vocês. Os elevadores estão à sua esquerda. Quando estiver no décimo segundo andar, vire à direita. Vocês não podem perder o escritório do Sr. Garcia e do Sr. Chang.

Georgie virou-se para a mulher e abaixou a voz. — Você tem certeza de que ele deveria estar aqui?

— Eu estou literalmente de pé ao seu lado. Eu posso ouvir tudo o que você acabou de dizer. — O imbecil, Jordan, disse e balançou a cabeça.

— Sim, vocês dois deveriam estar aqui. — Respondeu a mulher.

Georgie assentiu e prendeu o crachá no cardigã enquanto Jordan fazia o mesmo, menos o cardigã. Se ela não fosse tão versada em sua metodologia Own the Eights, poderia ter notado que ele estava vestindo uma camisa de botão com as mangas arregaçadas casualmente, expondo seus antebraços.

Ela suspirou. E que antebraços eles eram.

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