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A PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM SOBRE OS CUIDADOS PALIATIVOS EM ONCOLOGIA

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1 *Bacharel em Enfermagem. Email: luciafernandamc@msn.com

Artigo apresentado a Atualiza Cursos, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Enfermagem Oncológica, sob orientação das professoras Carolina Garcia e Maria de Lourdes Gomes. Salvador, 2012.

A PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM SOBRE OS CUIDADOS PALIATIVOS EM ONCOLOGIA

Lúcia Fernanda Monteiro Costa*

Resumo: Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica narrativa.

Objetivou-se conhecer a percepção da equipe de enfermagem sobre os cuidados paliativos em oncologia. Cuidar de pacientes durante o processo de morte e morrer é um desafio para os profissionais de saúde, pelo alta carga emocional e especificidades que envolvem esta etapa do desenvolvimento humano. A equipe de enfermagem enfrenta diariamente situações estressantes de diversas ordens, o que pode interferir no tipo de cuidado prestado aos pacientes, na avaliação da dor e no processo de comunicação, comprometendo uma assistência de enfermagem de qualidade, personalizada e holística. Verificou-se, através de artigos, que estes profissionais demonstram uma grande ansiedade e despreparo em lidar com a morte, procurando negá- la, já que esta se constitui em um fenômeno doloroso e de difícil aceitação.

Constata-se que a enfermagem manifesta dificuldades emocionais em trabalhar com os pacientes em seu processo de morte e morrer. São necessários o investimento no ensino, capacitação e treinamento dos profissionais da saúde em assuntos com a temática da morte, do processo de morrer e da comunicação.

Palavras-chave: Oncologia. Cuidado Paliativo. Enfermagem.

THE PERCEPTION OF NURSING TEAM ON PALLIATIVE CARE IN ONCOLOGY

Abstract: This is a survey of narrative literature review. The objective was to understand the perception of the nursing staff on palliative care in oncology.

Caring for patients during the process of death and dying is a challenge for health professionals, the high emotional and specificities of this stage of human development. The nursing staff face daily stressful situations of various orders, which can interfere with the type of care provided to patients in pain assessment and communication process, compromising a nursing care quality, personalized and holistic. It was found, through articles, these professionals show great anxiety and unpreparedness in dealing with death, trying to deny it, since this phenomenon constitutes a painful and difficult to accept. It appears that nursing expresses emotional difficulties in working with patients in their process of death and dying. It takes investment in education, empowerment and training of health professionals on topics related to the theme of death, the dying process and communication.

Keywords: Oncology. Palliative Care. Nursing.

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1 *Bacharel em Enfermagem. Email: luciafernandamc@msn.com

Artigo apresentado a Atualiza Cursos, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Enfermagem Oncológica, sob orientação das professoras Carolina Garcia e Maria de Lourdes Gomes. Salvador, 2012.

Introdução

O câncer é um processo patológico por meio do qual as células proliferam de maneira anormal, ignorando os sinais de regulação do crescimento no ambiente que envolve a célula (SMELTZER; BARE, 2005). O número estimado de novos casos a cada ano aumentará de 10 milhões em 2000 para 15 milhões em 2020. A incidência de Câncer no Brasil estimada para o ano de 2012 é de 518.510 casos novos, segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA).

Sabe-se que o câncer é considerado como um problema de saúde pública e que, em todo o mundo, a maioria dos indivíduos apresenta a doença em um estágio avançado no momento do diagnóstico. São também reconhecidos o impacto do câncer no indivíduo e familiares e o papel dos cuidados paliativos no controle dos sofrimentos físico, espiritual e psicossocial.

Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS) (2002), os cuidados paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e do alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais.

De acordo com Santos, Pagliuca e Fernandes (2007):

Os cuidados paliativos constituem uma modalidade terapêutica integrada e multidisciplinar ao portador de câncer em fase avançada, sem possibilidade terapêutica de cura [...] busca evitar que os últimos dias do paciente se convertam em dias perdidos, oferecendo um tipo de cuidado apropriado às suas necessidades.

Para alguns historiadores, o conceito de paliatividade começou na

Antiguidade, com as primeiras definições sobre o cuidar; na Idade Média, as

hospices (hospedarias) abrigavam doentes, moribundos, mulheres em trabalho

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1 *Bacharel em Enfermagem. Email: luciafernandamc@msn.com

Artigo apresentado a Atualiza Cursos, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Enfermagem Oncológica, sob orientação das professoras Carolina Garcia e Maria de Lourdes Gomes. Salvador, 2012.

de parto, leprosos e pessoas necessitadas e os acolhiam e protegiam, buscando aliviar seus sofrimentos; em 1967, Cicely Saunders, uma enfermeira inglesa, fundou o St. Christopher’s Hospice, primeiro serviço a oferecer cuidado integral ao paciente, desde o controle de sintomas, alívio da dor e do sofrimento psicológico. Desde então, o movimento paliativista tem crescido muito em todo o planeta.

O tratamento no contexto paliativo deve reunir as habilidades de uma equipe multiprofissional para ajudar o paciente a adaptar-se às mudanças de vida imposta pela doença e promover a reflexão necessária para o enfrentamento desta condição de ameaça à vida para pacientes e familiares.

Para isto, a equipe mínima deve ser composta por: um médico, um enfermeiro, um psicólogo, um assistente social e um profissional da área de reabilitação.

É importante ressaltar que na equipe de cuidados paliativos, a enfermeira desempenha um papel ímpar, cujo cuidado abrange uma visão humanística que considera não somente a dimensão física, mas também preocupações psicológicas, sociais e espirituais do paciente (SANTOS; PAGLIUCA;

FERNANDES, 2007).

A enfermagem está presente em todas as etapas do processo do cuidar, desde a prevenção até os tratamentos prolongados. No cuidado paliativo, a participação não envolve somente em administrar o controle da dor, a ansiedade, a insuficiência respiratória, a depressão, mas também em compartilhar com o paciente e sua família nas decisões do cuidar.

A equipe de enfermagem enfrenta diariamente situações estressantes de

diversas ordens, o que pode interferir no tipo de cuidado prestado aos

pacientes, na avaliação da dor e no processo de comunicação,

comprometendo uma assistência de enfermagem de qualidade, personalizada

e holística.

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1 *Bacharel em Enfermagem. Email: luciafernandamc@msn.com

Artigo apresentado a Atualiza Cursos, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Enfermagem Oncológica, sob orientação das professoras Carolina Garcia e Maria de Lourdes Gomes. Salvador, 2012.

Para garantir a manutenção da saúde com qualidade, os enfermeiros enfrentam uma dificuldade: desenvolver meios para providenciar um cuidado de enfermagem sensível que permita a manutenção da saúde simultaneamente com a natureza terminal da doença. Observa-se que a comunicação é um processo essencial nas relações humanas, por se constituir em um meio de informação que pode se expressar de forma verbal e não verbal, sendo extremamente importante nas relações de trabalho de enfermagem, envolvendo a tríade paciente-família-profissional.

No cotidiano dos cuidados paliativos, percebe-se que o sofrimento psíquico é tão perturbador quanto o sofrimento físico, e para muitos é menos tolerável do que o sofrimento físico. Nem os profissionais de saúde vinculados à assistência estão imunes aos efeitos dos cuidados aos indivíduos com câncer (SILVA; HORTALE, 2006).

Partindo desse pressuposto, o presente estudo tem como objetivo geral conhecer a percepção da equipe de enfermagem sobre os cuidados paliativos em oncologia e específico identificar os sentimentos da equipe de enfermagem acerca dos cuidados paliativos em oncologia.

Metodologia

Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica narrativa.

Foi realizado um levantamento bibliográfico, no qual foram identificadas bases de dados na Internet (MEDLINE, LILACS e BIREME) e livros de Enfermagem voltados para o Câncer e os Cuidados Paliativos. O levantamento nas bases de dados foi realizado entre dezembro de 2011 e março de 2012.

Para a consulta na base de dados foi utilizado o portal da Biblioteca Virtual em

Saúde – BVS.

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1 *Bacharel em Enfermagem. Email: luciafernandamc@msn.com

Artigo apresentado a Atualiza Cursos, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Enfermagem Oncológica, sob orientação das professoras Carolina Garcia e Maria de Lourdes Gomes. Salvador, 2012.

Como descritores de assunto foram usados os termos “oncologia”, “dor”,

“paliativo” e “enfermagem”. Foram selecionados para análise somente artigos entre os períodos de 2004 e 2012. Foram selecionados e analisados 13 artigos, todos com o idioma português. Os critérios de inclusão foram: apresentar expresso no título e/ou no resumo destaque à temática dos cuidados paliativos referentes à equipe de enfermagem e ter sido publicados entre os anos de 2004 e 2012.

Segundo Pellizon (p.153, 2004), os vocabulários são usados como uma espécie de filtro entre a linguagem utilizada pelo autor e a terminologia da área.

Também podem ser considerados como um assistente de pesquisa, ajudando o usuário a refinar, expandir ou enriquecer suas pesquisas proporcionando resultados mais objetivos.

Posteriormente, foi realizada a análise de todo o material bibliográfico e interpretação das informações textuais.

Resultados e Discussão

Os resultados dos artigos analisados foram agrupados em quatro categorias, apresentadas a seguir:

Categoria 1: Sentimentos dos profissionais de enfermagem em relação aos cuidados paliativos

A leitura de cinco publicações, em um total de treze artigos, possibilitou

afirmar que os sentimentos que prevalecem nos profissionais de enfermagem

em relação aos cuidados paliativos são de medo, ansiedade, insegurança,

tristeza, luto e sofrimento. Este resultado demonstra que existe a necessidade

da realização de estratégias de apoio para os profissionais a fim de reduzir

e/ou prevenir altos níveis de ansiedade, estresse e depressão.

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1 *Bacharel em Enfermagem. Email: luciafernandamc@msn.com

Artigo apresentado a Atualiza Cursos, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Enfermagem Oncológica, sob orientação das professoras Carolina Garcia e Maria de Lourdes Gomes. Salvador, 2012.

Ao assistir o paciente oncológico em seu processo de morte e morrer, os profissionais de enfermagem vivenciam situações permeadas por sofrimento, angústia, medo, dor e revolta por parte do paciente e de seus familiares, e como ser humano dotado de emoções e sentimentos manifesta em alguns momentos estas reações diante do processo (SOUZA et al, 2009).

Sentimentos como o medo e a insegurança podem ser atribuídos como uma lacuna no ensino da graduação, a qual muitas vezes não prepara o profissional para a dura rotina hospitalar, onde se convive com o sofrimento alheio. Isto faz com que o profissional de enfermagem deixe de assumir uma postura terapêutica nestas situações, ou seja, incapazes de dialogar com a família e o cliente e assisti-los em suas necessidades psicológicas nos momentos que antecedem a morte.

O sentimento de perda em relação ao paciente torna-se mais profundo quando se trata de uma criança, devido a um envolvimento maior com a equipe, pela própria singularidade da criança e por considerar esta perda como uma morte inoportuna. Entretanto, algumas vezes a morte também é considerada um alívio para o sofrimento, pois a equipe de enfermagem também não se sente à vontade ao visualizar o sofrimento do paciente oncológico fora de possibilidade terapêutica (SOUZA et al, 2009).

Categoria 2: Avaliação da dor

Foi encontrado em três artigos discussões sobre a avaliação da dor no paciente fora de possibilidade terapêutica. As maiores dificuldades enfrentadas pelos profissionais baseiam-se na avaliação da dor dos pacientes, falta de habilidade e competência referentes à comunicação e despreparo em lidar com sentimentos despertados durante o processo de morte e morrer.

Segundo Araújo et al (2009), o câncer pode causar dor intensa, além de

outros sintomas físicos, sofrimento emocional e espiritual profundos, que

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podem tornar a vida insuportável. Isto sugere que a avaliação da dor deve ser tão automática, quanto à obtenção da pressão arterial e o pulso de um paciente.

No câncer, a fase inicial é indolor, sendo uma manifestação clínica que afeta 33% dos pacientes oncológicos em tratamento precoce. No estágio avançado, 90% dos pacientes queixam-se de dor, de moderada a severa, suficiente para reduzir suas atividades e exigir medicações; sendo a dor secundária à evolução da patologia (SILVA et al, 2011).

Assim o profissional de saúde deve avaliar a dor em todos os atendimentos a pacientes oncológicos, independentemente da fase e do estádio, utilizando escalas e aplicando a escada analgésica proposta pela OMS que define o tipo de medicação (SILVA et al, 2011).

Observou-se, ao analisar estas publicações, que para estes profissionais, o fenômeno da dor é regado a sofrimento, sendo este não apenas caracterizado pelo lado físico, mas também pela compreensão psicossocial. A avaliação da dor do paciente com câncer em cuidados paliativos é complexa, não envolvendo somente a dimensão física, mas também psicológica e a social, requerendo do profissional conhecimento e habilidades específicas.

Categoria 3: Terminalidade da vida/ Morte

Dos treze artigos analisados, dois deles tratavam sobre a terminalidade

da vida e da morte. Marengo, Flávio e Silva (2009), citam que a terminalidade

de vida é quando se esgotam as possibilidades de resgate das condições de

saúde e a possibilidade de morte próxima parece inevitável e previsível. O

indivíduo se torna “irrecuperável” e caminha para a morte, sem que se consiga

reverter esse caminhar. Neste processo, é importante considerar a qualidade

de vida do indivíduo e não a quantidade de vida que ainda o resta.

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1 *Bacharel em Enfermagem. Email: luciafernandamc@msn.com

Artigo apresentado a Atualiza Cursos, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Enfermagem Oncológica, sob orientação das professoras Carolina Garcia e Maria de Lourdes Gomes. Salvador, 2012.

A morte faz parte do processo natural da vida, mas em nossa cultura ainda é difícil e delicado lidar com tal situação. Diante de um cenário de terminalidade da vida, muitas vezes gerador de sofrimento, é possível programar uma política de assistência e cuidado que honre a dignidade do ser humano doente.

O cuidar humanizado implica, por parte do cuidador, a compreensão do significado da vida, a capacidade de perceber e compreender a si mesmo e ao outro. A educação, a prática clínica e a pesquisa sobre o cuidado em fase terminal estão evoluindo, e a necessidade de preparar os profissionais de saúde para o cuidado ao sujeito em fase terminal surge como uma prioridade.

A morte nem sempre atinge a equipe de enfermagem de forma semelhante, sendo que o nível de perda é determinado pela condição em que se apresenta o paciente, e, sobretudo pelo grau de envolvimento, onde esse evento se constitui em um término de um relacionamento afetivo estabelecido, o rompimento de um vínculo. O profissional aprende a salvar vidas, auxiliar na cura, mas esquece de que a morte faz parte da vida, que é inevitável, e frustra- se quando perde um paciente, não compreende que acompanhar e cuidar do paciente até a morte é colaborar com o seu processo maior de existir (SOUZA et al, 2009).

A situação de vida/morte gera sofrimento na equipe de enfermagem,

principalmente pelo caráter humano desse trabalho, em que o envolvimento

afetivo com as pessoas assistidas é inevitável. O profissional de enfermagem

necessita e deve se envolver emocionalmente com o paciente e outras

pessoas, se deseja manter uma relação autêntica, pois o envolvimento é vital

na relação terapêutica, uma vez que promove empatia e permite que o

profissional conheça melhor o paciente e atenda às suas necessidades, sem

prejudicar sua atuação em determinados momentos.

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1 *Bacharel em Enfermagem. Email: luciafernandamc@msn.com

Artigo apresentado a Atualiza Cursos, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Enfermagem Oncológica, sob orientação das professoras Carolina Garcia e Maria de Lourdes Gomes. Salvador, 2012.

O sofrimento frente à morte, mesmo que inevitável, pode estar associado ao ambiente organizacional, pois os profissionais não parecem preparados para lidar com a morte. Geralmente, não existe um apoio institucional para o seu enfrentamento, ou seja, não há uma ajuda especializada, com estrutura para o enfrentamento dessas situações de perda, o que é agravado quando há a falta de diálogo franco no ambiente de trabalho.

É bastante comum a construção de um vínculo afetivo entre o profissional e o paciente, visto como uma base de segurança. Este vínculo ao ser interrompido, como na presença da morte, provoca sofrimento e sentimento de perda, ou seja, provoca o luto que é uma resposta esperada frente à separação. Em alguns casos, a relação interpessoal e o envolvimento são tão grandes que alguns profissionais associam o paciente com integrantes de sua família e relatam que sentem a morte dele como se fosse de um ente querido.

Comumente, na graduação de enfermagem, o tema morte limita-se ao caráter técnico, com valorização da vida, o que pode gerar incertezas quanto ao preparo dos futuros enfermeiros em lidar com o processo de terminalidade de seus pacientes.

Os cuidados paliativos são uma prática interdisciplinar que visam oferecer ao paciente, no processo de morte e morrer e sua família, um cuidado envolvendo os aspectos físicos, emocionais, sociais, espirituais e culturais, com a finalidade de alcançar uma melhor qualidade de vida pelo paciente, em face da sua condição de terminalidade (SILVA; AMARAL; MALAGUTTI, 2013).

À medida que a doença progride, maior é a necessidade de cuidados

paliativos, o que os torna quase exclusivos ao final da vida, porém não

terminando com a morte do indivíduo com câncer. Como o sofrimento de um

indivíduo pode se apresentar sob diversas dimensões (físico, psicológico,

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Artigo apresentado a Atualiza Cursos, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Enfermagem Oncológica, sob orientação das professoras Carolina Garcia e Maria de Lourdes Gomes. Salvador, 2012.

espiritual, social, econômico), assim também devem ser as dimensões do cuidado aos indivíduos sob cuidados paliativos (SILVA; HORTALE, 2006).

Categoria 4: Cuidados paliativos

Um total de seis publicações tratava sobre os cuidados paliativos. As enfermeiras têm papel importante nos cuidados paliativos, com particular responsabilidade no provimento de informações, aconselhamento e educação dos pacientes e familiares, principalmente na manutenção do elo domicílio/hospital. Pelo vínculo com os pacientes, é o profissional mais indicado para monitorar e avaliar a dor e outros sintomas (REMEDI et al, 2009). É necessário que se entenda os cuidados paliativos como um conceito que permeia todo o cuidado, ou seja, do diagnóstico à morte, incluindo o processo de luto.

Esse tipo de cuidado, integral e humanizado, só é possível quando o enfermeiro faz uso de diversidades de comunicação para que perceba, compreenda e empregue a comunicação verbal e não verbal. Há, porém, falta de habilidades e conhecimentos por parte do número expressivo de profissionais de enfermagem, no que se refere à comunicação com o paciente sem possibilidades de cura (ARAÚJO; SILVA, 2006).

Para Araújo e Silva (2007), parece que muitos profissionais mostram desconhecer técnicas de comunicação terapêutica, evitando o contato verbal com os pacientes que vivenciam o processo de morrer, afastando-se dos mesmos, por não saber trabalhar com os sentimentos que a situação de morte iminente lhes desperta.

A comunicação é essencial para ajudar o paciente a encontrar um senso

de controle, capaz de possibilitar sua participação ativa nas tomadas de

decisão. Ao estabelecer objetivos claros, enfermeira e paciente irão gerar

segurança e aumentar a confiança. Nesse processo, o benefício a ser buscado

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é preservar a independência funcional do paciente (SANTOS; PAGLIUCA;

FERNANDES, 2007).

Diante deste cenário de morte e sofrimento a que os profissionais de enfermagem se encontram, pode-se dizer que eles vivem em constante desafio, já que diariamente permanecem em conflito, lutando pela vida e contra a morte, tomando para si a responsabilidade de salvar, curar e aliviar, procurando sempre preservar a vida, uma vez que a morte, na maioria das vezes, é vista como um fracasso para a equipe de saúde, sendo desta forma duramente combatida.

A prestação destes cuidados, para ser considerada de forma efetiva, requer da equipe de enfermagem não só o conhecimento da patologia em si, mas também a habilidade em lidar com os sentimentos dos outros e com as próprias emoções frente ao doente com ou sem possibilidade de cura.

É preciso olhar para as necessidades não ditas, perceber o imperceptível, compreender o que se oculta atrás das palavras, entender os processos de morte e morrer para que se torne capaz de auxiliar os pacientes na sua finitude, pois o conhecimento insuficiente destes aspectos poderá levar a um distanciamento do paciente como uma forma de proteção por não saber enfrentar tal situação e uma falha na prestação do cuidado singular/integral tão almejado na Enfermagem.

Conclusão

A percepção da equipe de enfermagem sobre os cuidados paliativos em

oncologia é que é preciso refletir e permitir que o paciente em iminência de

morte mantenha o seu direito à cidadania como um ser que raciocina, que tem

capacidades e que percebe o seu corpo. No entanto, para que essas atitudes

se concretizem, faz-se necessário que a equipe supere seus temores e

trabalhe seu lado emocional.

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Artigo apresentado a Atualiza Cursos, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Enfermagem Oncológica, sob orientação das professoras Carolina Garcia e Maria de Lourdes Gomes. Salvador, 2012.

Os sentimentos diante do paciente fora de possibilidade terapêutica eram de impotência, pena, chateação, sofrimento, angústia, desgaste emocional, fracasso, medo, estresse, tristeza, pesar. É preciso conhecer as fases do processo de morrer, vivenciadas pelos pacientes oncológicos terminais, pois elas são importantes no processo de comunicação, uma vez que através da identificação delas poderemos utilizar o tipo de comunicação adequada para cada fase.

Ao analisar as publicações destinadas a compor esta pesquisa, pode-se perceber que a equipe de enfermagem manifesta dificuldades emocionais em trabalhar com os pacientes em seu processo de morte e morrer. Além disso, muitas vezes a formação destes profissionais é voltada às ações técnicas e práticas, e mesmo tendo conhecimento sobre as necessidades reais do paciente e da família, e procurarem realizar as tarefas da melhor maneira possível, apresentam dificuldades para apoiar e confortar esse núcleo. Assim sendo, os objetivos propostos por este estudo foram alcançados, entretanto faz-se necessário que mais estudos a propósito desta temática sejam desenvolvidos, visto a sua importância no cenário vivido atualmente pelos profissionais de enfermagem.

O profissional destinado a cuidar de pacientes em fase terminal deve ser

preparado para enfrentar situações de extremo sofrimento e de morte, pois

esta reflete um limite da capacidade do profissional. Porém, apesar da equipe

de enfermagem conviver diariamente com situações de sofrimento diante do

processo de morte de seus pacientes, os estudos analisados mostraram que

ainda emergem reações diversas desta equipe frente a esta vivência, já que o

estresse, a ansiedade e a fuga como mecanismos de defesa durante a

assistência profissional se mostram evidentes neste processo.

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1 *Bacharel em Enfermagem. Email: luciafernandamc@msn.com

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Segundo Silva, Amaral e Malaguetti (2013), cuidar da pessoa que se encontra no processo de terminalidade, fora de possibilidades de cura, portanto, envolve atos de humanismo e competências e habilidades relativas ao relacionamento interpessoal para que se tenha condições de compreender e ajudar a pessoa e sua família no contexto do processo de morte e morrer, proporcionando um cuidado digno nesse momento tão difícil e temido por todos – a morte.

É imprescindível o investimento no ensino para uma melhor formação,

capacitação e treinamento dos profissionais de saúde em assuntos com a

temática da morte, do processo de morrer e da comunicação, tendo início na

graduação e se estendendo para os serviços de saúde. Também existe a

necessidade da criação de modelos de intervenção de cuidado, como, por

exemplo, grupos de apoio e/ou grupos de reflexões para o profissional que lida

com essa realidade, pois o sofrimento emocional destes profissionais poderá

interferir não só em sua saúde, mas também na qualidade dos serviços

prestados.

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1 *Bacharel em Enfermagem. Email: luciafernandamc@msn.com

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