• Nenhum resultado encontrado

Open Dialogicidade entre os mundos da educação e do trabalho no processo de Formação em fisioterapia

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Open Dialogicidade entre os mundos da educação e do trabalho no processo de Formação em fisioterapia"

Copied!
135
0
0

Texto

(1)

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MODELOS DE DECISÃO E SAÚDE - DOUTORADO

DIALOGICIDADE ENTRE OS MUNDOS DA EDUCAÇÃO E DO TRABALHO NO PROCESSO DE FORMAÇÃO EM FISIOTERAPIA

Eveline de Almeida Silva

(2)

EVELINE DE ALMEIDA SILVA

DIALOGICIDADE ENTRE OS MUNDOS DA EDUCAÇÃO E DO TRABALHO NO PROCESSO DE FORMAÇÃO EM FISIOTERAPIA

Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Modelos de Decisão e Saúde- Nível Doutorado- do Centro de Ciências Exatas e da Natureza da Universidade Federal da Paraíba como requisito regulamentar para obtenção do título de doutor.

Área de Concentração: Modelos em Saúde. Orientadores:

Prof. Dr. Ulisses Umbelino dos Anjos Prof. Dr. César Cavalcanti da Silva

(3)

S586d Silva, Eveline de Almeida.

Dialogicidade entre os mundos da educação e do trabalho no processo de formação em fisioterapia / Eveline de Almeida Silva – João Pessoa, 2015.

135f.

Orientadores: Ulisses Umbelino dos Anjos, César Cavalcanti da Silva.

Tese (Doutorado) - UFPB/CCEN

1. Saúde – Modelos de decisão. 2. Fisioterapia - formação – competências e habilidades. 3. Formação de fisioterapeutas – Diretrizes Curriculares Nacionais. 4. Educação e trabalho – formação em fisioterapia.

(4)

EVELINE DE ALMEIDA SILVA

DIALOGICIDADE ENTRE OS MUNDOS DA EDUCAÇÃO E DO TRABALHO NO PROCESSO DE FORMAÇÃO EM FISIOTERAPIA

João Pessoa, 14 de dezembro de 2015

BANCA EXAMINADORA:

____________________________________ Prof. Dr. Ulisses Umbelino dos Anjos

Orientador - UFPB

____________________________________ Prof. Dr. César Cavalcanti da Silva

Orientador - UFPB

_____________________________________ Prof. Dr. João Agnaldo do Nascimento

Examinador Interno - UFPB

______________________________________ Profa. Dra. Kátia Suely Queiroz Silva Ribeiro

Examinador Interno - UFPB

______________________________________ Profa. Dra. Jordana de Almeida Nogueira

Examinador Interno - UFPB

________________________________________ Profa. Dra. Maria das Graças Rodrigues de Araújo

Examinador Externo - UFPE

________________________________________ Prof. Dr. Marcelo Rodrigo Portela Ferreira

(5)

A CERTEZA

“De tudo ficaram três

coisas:

A certeza de que estamos

sempre começando...

A certeza de que

precisamos continuar...

A certeza de que seremos

interrompidos antes de

terminar...

Portanto devemos...

...fazer da interrupção, um

caminho novo,

...da queda, um passo de

dança,

...do medo, uma escada,

...do sonho, uma ponte,

...da procura, um

encontro.”

(6)
(7)

AGRADECIMENTOS

A sessão de agradecimentos revela uma importância fundamental do meu trabalho. É nela que estarão os nomes dos que possibilitaram a pesquisa e me motivaram.

Agradeço em primeiro lugar a Deus, fonte de sabedoria, conhecimento e força, e pelas bênçãos que me tem concedido na trajetória de vida, principalmente pela inteligência e saúde necessárias para concluir mais uma etapa.

Aos meus pais, Evando Ricardo e Maria Inêz, por desempenharem tão bem o papel de primeiro professores na minha vida, sempre participando na evolução de todas as minhas jornadas.

A minha irmã Evilane Almeida, que tantas vezes corrigiu meus textos com críticas e sugestões, sempre prezando pelo meu sucesso.

A minha irmã Evanêz Almeida, por me acolher em Campina Grande, participando ativamente em meu momento de pesquisa de campo.

A meu noivo, Henrique Abrantes, por abdicar de saídas, festas, viagens e esta ao meu lado compartilhando de momentos de ansiedade, de produção, de correção. Incentivador e torcedor do meu sucesso.

Meus agradecimentos ao professor Ulisses Umbelino dos Anjos, que foi um orientador, um amigo, me impulsionando mesmo quando os métodos estatísticos ainda não eram de total compreensão, por me ensinar que estatística tem seu modo de aprender, esse modo é aprender fazendo.

(8)

Ao professor João Agnaldo do Nascimento, pela prontidão em esclarecer dúvidas, sempre disponível a ajudar, ensinar, a sentar horas na tentativa de buscar soluções para meus problemas. Por acreditar na conclusão de minha tese com palavras de encorajamento todas as vezes que me encontrava.

Ao professor Jozemar Pereira dos Santos, por me receber, sempre de forma inesperada quando as dúvidas surgiam. Pela dedicação do seu tempo que foi significativo e valioso no momento final.

A professora Kátia Suely Queiroz Silva Ribeiro, por contribuir na construção da ideia de tese, elucidando pontos e aspectos a serem considerados.

A professora Maria das Graças Rodrigues de Araújo, pelo aporte nas considerações feitas na qualificação, pelo material cedido que foram de grande contribuição no reajustamento final.

Aos professores, em especial Eufrásio de Andrade Lima Neto e Ronei Marcos de Moraes

pelas valiosas discussões e sugestões no decorrer do meu crescimento acadêmico, bem como de seus ensinamentos.

As amigas que compõe a turma pioneira do Doutorado (Danielly Holmes, Isabella Ribeiro, Kerle Dayana Tavares, Maria Elma Soares), pela atenção, carinho, companheirismo e amizade conquistados no decorrer do curso, auxílio e lembrança ao encontrarem temas relevantes de minha pesquisa.

Por fim, não cabe nominar a todos, mas espero que os citados encontrem aqui a melhor expressão de minha gratidão e saibam que seus contatos, apoio, colaborações e trocas de ideias permitiram racionalizar esforços, contribuindo para a conclusão deste trabalho.

(9)

RESUMO

As mudanças impostas à sociedade e ao próprio trabalho em consequência da globalização expuseram os profissionais da saúde a um ambiente de cobranças e expectativas geradas pela propagação de novas tecnologias e contínua exigência de adaptações aos novos processos de trabalho. Na atualidade, restam importantes lacunas a serem esclarecidas sobre o convívio entre os mundos do trabalho e da educação. Diante desta realidade, a presente investigação científica teve por objeto de estudo as competências e habilidades que orientam o processo formativo do fisioterapeuta como direcionador de sua práxis, justificando-se pela necessidade de formação de um profissional competente e hábil no plano das atividades técnicas, mas, também, capaz de avaliar a situação desde suas origens políticas até os resultados imediatos e mediatos nas atenções primária, secundária e terciária de saúde. Para tanto, tomou-se por objetivo avaliar a conexão entre os mundos da educação e do trabalho a partir das competências e habilidades propostas nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o processo de formação dos fisioterapeutas. O estudo foi do tipo exploratório, observacional, descritivo e inferencial com abordagens quantitativa e qualitativa, realizado em Instituições de Ensino Superior que oferecem cursos de graduação em Fisioterapia, localizadas nas cidades de João Pessoa e Campina Grande, cuja população alvo reuniu 463 participantes, sendo 370 discentes e 93 docentes. A análise qualitativa foi subsidiada pela técnica de análise de discurso que permitiu identificar as defasagens analisadas no contexto das atividades laborais, mediante posicionamento de sete representantes do mundo do trabalho. Na análise quantitativa, foram utilizados os métodos de análise fatorial e análise de agrupamento que evidenciaram defasagens particularmente, nas seguintes competências e habilidades gerais, Administração e Gerenciamento, Comunicação, Educação Permanente e Liderança, e no âmbito das competências e habilidades específicas, defasagens nos itens VI e XII. Dessa maneira, confirmou-se o pressuposto de que os fisioterapeutas não utilizam as competências e habilidades propostas pelo mundo da educação ou o fazem em parte, comprovando a necessidade de constantes revisões das Diretrizes Curriculares Nacionais tendo em vista a carência de dialogicidade entre os mundos do trabalho e da educação.

(10)

ABSTRACT

The changes imposed on society and to work itself in consequence of globalization exposed health professionals to an environment full of demands and expectations due to the spread of new technologies and continuous requirements for adaptations to the new work processes. Currently, there are still important gaps to be clarified about the interaction between the worlds of work and education. In face of this reality, this scientific research had as object of study the skills and abilities that guide the formative process of the physiotherapist as director of professional practice, justified by the need to form a qualified and skilled professional in terms of technical activities, but also capable to evaluate the situation since its political origins to the immediate and mediate results in primary, secondary and tertiary health care. Thus, it became an objective to evaluate the connection between the worlds of education and work based on the skills and abilities proposed in the National Curriculum Guidelines for the development process of physiotherapists. The study was exploratory, observational, descriptive and inferential with quantitative and qualitative approaches, performed in higher education institutions that offer undergraduate courses in Physiotherapy, located in the city of João Pessoa and Campina Grande, in which the target population brought together 463 participants, being 370 of them students and 93 professors. The qualitative analysis was subsidized by the speech analysis technique which made it possible to identify the gaps analyzed in the context of the labor activities, through the positioning of seven representatives of the working world. In quantitative analysis, methods of factor analysis were used and cluster analysis that demonstrated the gaps particularly in the following expertise and general skills, Administration and Management, Communication, Permanent Education and Leadership, and within the scope of expertise and general skills, gaps on items VI and XII. Therefore, it was confirmed the assumption that physiotherapists don’t use the expertise and skills proposed by the world of education or do it in some extent, proving the need for constant revisions of the National Curriculum Guidelines regarding the lack of dialogicity between the worlds of work and education.

(11)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Análise comparativa de um sistema de produção simples e sistema no setor saúde... 36

Figura 2 - Mapa do Estado da Paraíba com a representação dos profissionais fisioterapeutas no ano 2013... 39

Figura 3 - Processo de trabalho do fisioterapeuta... 40

Figura 4 - Dendrograma ilustrando tipos do método hierárquico... 52

Figura 5 - Análise gráfica com intervalo de confiança a 95% para a média das dimensões avaliadas pelos discentes constituintes da amostra... 84

Figura 6 - Análise gráfica com intervalo de confiança a 95% para a média das dimensões avaliadas pelos docentes constituintes da amostra... 84

Figura 7 - Extração dos fatores pelo critério do Scree Test... 94

Figura 8 - Dendrograma com representação dos grupos formados pela Análise de Agrupamento com a amostra total... 97

(12)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Número de fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais atuando nos

municípios referentes ao Estado da Paraíba (CREFITO 1)... 38

Quadro 2 - Métodos de rotação ortogonal... 46

Quadro 3 - Grau de ajuste à Análise Fatorial... 47

Quadro 4 - Técnicas Hierárquicas Aglomerativas... 53

Quadro 5 - Métodos de validação interna dos agrupamentos do pacote clValid do software R... 55

Quadro 6 - Rotulando os fatores da Análise Fatorial... 89

Quadro 7 - Relação das competências e habilidades gerais versus os fatores... 92

(13)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Consistência interna ou medida de fidedignidade com todos os itens do instrumento quantitativo... 61

Tabela 2 - Consistência interna ou medida de fidedignidade com composição final do instrumento quantitativo... 61

Tabela 3 - Teste de Fidedignidade... 62

Tabela 4 - Perfil sóciodemográfico dos constituintes da amostra- João Pessoa e Campina Grande, 2015... 80

Tabela 5 - Apresentação percentual quanto aos constituintes da amostra- João Pessoa e Campina Grande, 2015... 81

Tabela 6 - Apresentação descritiva das dezessete dimensões referentes à amostra discente- João Pessoa e Campina Grande, 2015... 82

Tabela 7 - Apresentação descritiva das dezessete dimensões referentes à amostra docente- João Pessoa e Campina Grande, 2015... 83

Tabela 8 - Medidas de adequação para uso da Análise Fatorial... 86

Tabela 9 - Matriz de fatores rotada mediante método das componentes principais.. 87

Tabela 10 - Validação interna do melhor número de grupos no tocante as dimensões... 96

Tabela 11 - Caracterização dos grupos formados na Análise de Agrupamento quanto as IES... 96

Tabela 12 - Caracterização dos grupos formados na Análise de Agrupamento quanto a categoria (docente e discente) ... 96

(14)

LISTA DE SIGLAS

SIGLA ACRÔNIMO

AA Análise de Agrupamento

AACD Associação de Assistência a Criança Deficiente ABBR Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação ABE Associação Brasileira de Educação

ABF Associação Brasileira de Fisioterapeutas AF Análise Fatorial

AFR Associação Fluminense de Reabilitação

APAE Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais ASPER Associação Paraibana de Ensino Renovado BTS Teste de Esfericidade de Barlett

CA Coeficiente Aglomerativo

CAAE Certificado de Apresentação para Apreciação Ética CNE Conselho Nacional de Educação

CNS Conselho Nacional de Saúde

COFFITO Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional CREFITO Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional DCN Diretriz Curricular Nacional

DEM Distância Euclidiana Média DEP Distância Euclidiana Padronizada DEPo Distância Euclidiana Ponderada

FCM Faculdade de Ciências Médicas de Campina Grande FCMPB Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba

FIP Faculdades Integradas de Patos

FMNCG Faculdade Maurício de Nassau de Campina Grande FMNJP Faculdade Maurício de Nassau de João Pessoa FSM Faculdade Santa Maria

IBR Instituto Baiano de Reabilitação IES Instituição de Ensino Superior

KMO Kaiser

(15)

PNE Plano Nacional de Educação RPG Reeducação Postural Global

SIAB Sistema de Informação da Atenção Básica SPSS Statistical Package for the Social Sciences UEPB UniversidadeEstadual da Paraíba

UFPB Universidade Federal da Paraíba UFPE Universidade Federal de Pernambuco

UNESC União de Ensino Superior de Campina Grande UNIFOR Universidade de Fortaleza

(16)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 18

1.1 OBJETIVOS... 22

1.1.2 Geral... 22

1.2.3 Específicos... 22

2 REFERENCIAL TEÓRICO... 23

2.1 DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA FORMAÇÃO DE FISIOTERAPEUTAS... 23

2.2 INSERÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NO MUNDO DA EDUCAÇÃO... 27

2.3 INSERÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NO MUNDO DO TRABALHO... 34

2.4 MÉTODOS ESTATÍSTICOS... 42

2.4.1 Modelo de Análise Fatorial- Estudo Multivariado... 42

2.4.2 Análise de Agrupamento... 47

3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO... 57

3.1 TIPOLOGIA DO ESTUDO... 57

3.2 CENÁRIO DE INVESTIGAÇÃO... 57

3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA... 58

3.4 RISCOS E BENEFÍCIOS... 59

3.5 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS... 59

3.6 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS... 60

3.7 PROCESSAMENTO DE COLETA E ANÁLISE DOS DADOS... 62

3.7.1 Análise qualitativa... 62

3.7.2 Análise quantitativa... 63

3.8 ASPECTOS ÉTICOS... 64

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO... 65

4.1 ANÁLISE DO COMPONENTE QUALITATIVO DA PESQUISA... 65

4.1.1 Conjunto ideológico da fisioterapia como valioso aporte para a criação e manutenção da dialogicidade entre os mundos do trabalho e da educação... 65

(17)

4.2 ANÁLISE DO COMPONENTE QUANTITATIVO DA PESQUISA... 79

4.2.1 Resultados descritivos dos dados da pesquisa... 79

4.2.2 Modelo de decisão para alcance do objetivo proposto... 85

CONCLUSÕES... 102

PUBLICAÇÕES... 104

REFERÊNCIAS... 105

Apêndice A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido... 112

Apêndice B - Questionário sócio-demográfico direcionado aos participantes 113 Apêndice C -“Conhecendo um pouco sobre você”... 114

Apêndice D - Questionário sobre processo de formação do fisioterapeuta... 115

Anexo A - Termo de Autorização de Realização da Pesquisa na ASPER... 118

Anexo B - Termo de Autorização de Realização da Pesquisa na FCMPB... 119

Anexo C - Termo de Autorização de Realização da Pesquisa na UFPB... 120

Anexo D - Termo de Autorização de Realização da Pesquisa na UNIPÊ... 121

Anexo E - Termo de Autorização de Realização da Pesquisa na FCM/CESED... 122

Anexo F - Termo de Autorização de Realização da Pesquisa na NASSAU... 123

Anexo G - Termo de Autorização de Realização da Pesquisa na UEPB... 124

Anexo H - Termo de Autorização de Realização da Pesquisa na UNESC... 125

Anexo I - Parecer de aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética e Pesquisa 126 Anexo J - Resolução nº 4 de 19 de fevereiro de 2002... 130

(18)

1 INTRODUÇÃO

Desde o final do século XX a economia tem sofrido fortes repercussões daquilo que se convencionou chamar de “Globalização”. Esse movimento de caráter econômico, político e social tem impulsionado mudanças nas relações de trabalho, aprofundando a competitividade nesta área e, incentivando os serviços de saúde à conduzir-se também nesta direção com vistas à busca de estratégias e reflexões acerca da melhoria da saúde do trabalhador (COSTA; ALBUQUERQUE; SALAZAR, 2011).

Para Rocha e Fernandes (2008) a globalização impôs a necessidade de reflexões acerca do bem-estar e da saúde física e mental dos trabalhadores, pois, em muitos processos de trabalho verificou-se acentuadas modificações, com alguns ganhos, mas, também, severas perdas.

São inúmeras as variações sofridas no mercado de trabalho desde o final do século XX. A quantidade e a importância das transformações advindas do processo de globalização trouxeram mudanças nos processos de trabalho com mais produtos por custos menores; invenções de máquinas; novas tecnologias, e comunicação instantânea, mas, impuseram, por outro lado, altas jornadas laborativas com resultados duvidosos em termos de produto final destes processos (AMARAL; VARGAS; LEMOS, 2012).

As mudanças impostas à sociedade e ao próprio trabalho em consequência da globalização expuseram os profissionais, particularmente da saúde, a um ambiente de cobranças e expectativas geradas pela propagação de novas tecnologias e contínua exigência de adaptações aos novos processos de trabalho. De certa forma, possivelmente, a reboque dos acontecimentos, o mundo da educação também alterou seus processos de formação e abriu um vasto campo de pesquisas com vistas a compreensão destes fenômenos, seus efeitos positivos e também deletérios.

Na atualidade, o convívio entre os mundos do trabalho e da educação tem sido objeto de investigação e muitos problemas já foram superados em função destes esforços, entretanto, restam importantes lacunas a serem esclarecidas, particularmente sobre a dialogicidade entre esses dois mundos.

(19)

respondendo minimamente aos anseios da população usuária do sistema. Dito de outra forma é comum ouvirmos dos recém-ingressos no mercado de trabalho que sua instituição formadora não o preparou suficientemente para dar conta das exigências profissionais.

Para Oliveira et al. (2011) a excelência na atividade profissional é exigida pelo modelo de saúde vigente no Brasil. É com base nesse modelo que a Fisioterapia busca projetar sua atuação com compromisso, criatividade, flexibilidade e visão estratégica, de modo a atender aos anseios dos clientes, equipe de trabalho e organização de saúde.

Um importante passo nesta direção foi dado no final da década de 1990, quando as comissões de especialistas das diversas profissões da área da saúde, reunidos no Ministério da Educação passaram a solicitar, analisar, consolidar e propor perfis profissionais compatíveis com a realidade a ser enfrentada pelos egressos de cada profissão.

Particularmente sobre a Fisioterapia, historicamente é importante ressaltar que, no Brasil a prática da fisioterápica iniciou-se em 1919 com a criação do Departamento de Eletricidade Médica pelo Professor Raphael de Barros na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Em 1929, Dr. Waldo Rolim planejou e instalou o serviço de fisioterapia do Hospital Central da Santa Casa da Misericórdia de São Paulo, e no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Em 1951, foi criado o primeiro Curso de Fisioterapia do Brasil com objetivo de formar técnicos nesta área com formação estabelecida por um corpo docente formado por médicos do Hospital das Clínicas. Com denominação de fisioterapistas, esta formação persistiu até 1958, restringindo-se a aprendizagem de manuseio de aparelhos e reprodução mecânica de técnicas de massagem e exercícios mediante prescrição médica. (MARQUES; SANCHES, 1994).

Em 26 de março de 1962 iniciou-se o curso para técnico em Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da Universidade de Pernambuco, formalmente solicitado em 30 de janeiro de 1962 pelo professor Ruy Neves Baptista. O curso ministrado na UFPE foi o terceiro criado no país e o pioneiro nas regiões Norte-Nordeste, sendo também, o primeiro pertencente a instituição pública federal (MOURA FILHO, 2010).

(20)

comissão, bem como, os presentes na primeira reunião, talvez por desconhecimento do inteiro teor do Decreto Lei 938/69 e seu alcance no processo de formação acadêmica dos fisioterapeutas, manteve a duração dos cursos de Fisioterapia e Terapia Ocupacional em três anos. (MOURA FILHO, 2010).

O advento das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para a formação de força de trabalho em saúde, patrocinada pelo Plano Nacional de Educação (PNE) sob a égide da Lei 10.172 de 09 de janeiro de 2001, assegurou a necessária flexibilidade e diversidade aos programas de estudos para a formação de profissionais elencando suas competências e habilidades mínimas de modo a compatibilizar-se com as necessidades do mercado onde deveriam inserir-se no futuro próximo. Dessa forma, é possível afirmar que, as DCN constituem a primeira tentativa oficial de estabelecimento para uma dialogicidade entre os mundos da educação e do trabalho.

Particularmente, para a formação do profissional fisioterapeuta as DCN foram asseguradas pela Resolução nº 4, de 19 de fevereiro de 2002 que prevê em seu Artigo 5º, dezessete (17) competências e habilidades específicas que podem funcionar como “articuladores confiáveis” entre os mundos da educação e do trabalho.

O problema que se coloca para esta pesquisa é que, decorridos mais de uma década da implantação deste aporte para uma formação compatível com as necessidades e exigências dos mundos da educação e do trabalho, nenhuma pesquisa acadêmica demonstrou, quantitativamente e/ou qualitativamente se estas competências e habilidades verificáveis na atuação profissional do fisioterapeuta reflete o perfil proposto pelo mundo da educação. Dito de outra forma, os fisioterapeutas, no exercício de suas atividades profissionais utilizam as competências e habilidades propostas para sua formação?

Partimos do pressuposto de que os fisioterapeutas não utilizam as competências e habilidades propostas pelo mundo da educação, pois, conforme já colocado anteriormente, o senso comum costuma afirmar que, as universidades não preparam os profissionais, principalmente da saúde, para as exigências do processo de trabalho.

(21)

Este processo investigativo e reflexivo sobre a dialogicidade entre os mundos da educação e do trabalho se justifica também pela necessidade de avaliação das competências e habilidades propostas nas DCN, decorridos pouco mais de uma década desde sua apresentação. É também, facilmente verificável entre os profissionais da área de fisioterapia a afirmação de que as competências e as habilidades que orientam o processo formativo desta categoria favorecem mais a formação técnica do que sua preparação geral para o campo da saúde, ou seja, o mundo do trabalho é mais valorizado do que o mundo da educação no próprio processo formativo.

A motivação para realização desta pesquisa se deu a partir da vivência como docente de um curso de fisioterapia em uma Instituição de Ensino Superior situada na cidade de João Pessoa/PB, no período de 2007 a 2012. Na experiência é observado um flagrante descompasso entre o posicionamento valorativo dos discentes sobre às disciplinas de formação técnica em relação as disciplinas de enfoque geral, com acentuado interesse nas primeiras e certas incúrias sobre as demais. A partir de então, se buscou as razões que fundamentavam aquela escolha, o que se constituiu o objeto de estudo desta investigação, isto é, as competências e as habilidades que orientam o processo formativo do fisioterapeuta como direcionador de sua práxis.

A importância do estudo reside na possibilidade de aprimoramento das dezessete competências e habilidades referenciadas nas diretrizes curriculares nacionais para o curso de Fisioterapia, e, na assunção do papel de protagonista no planejamento e execução de suas competências no âmbito das profissões da saúde.

Assim, defende-se a Tese de que a utilização das competências e habilidades constituintes do processo de formação do fisioterapeuta precisam ser constantemente revistas em função da necessidade do diálogo entre os mundos do trabalho e da educação.

Toma-se como questão norteadora do estudo a seguinte indagação: As competências e habilidades previstas para a formação do fisioterapeuta estão funcionando como articuladoras entre o mundo da Educação e o mundo do Trabalho?

(22)

agrupamento tenta agregar objetos com base em semelhanças e a análise fatorial agrega variáveis com base na correlação (FACHEL, 1976; HAIR et al., 2009).

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Geral

Avaliar a conexão entre os mundos da educação e do trabalho a partir das competências e habilidades propostas nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o processo de formação dos fisioterapeutas.

1.1.2 Específicos

Elencar as principais defasagens do mundo da educação em relação ao mundo do trabalho;

Identificar as competências e habilidades utilizadas no mundo do trabalho e apreendidas no mundo da educação;

(23)

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA FORMAÇÃO DE FISIOTERAPEUTAS

Durante o período do Império no Brasil a educação não era uma prioridade e sim um privilégio das elites que se encontravam no exercício de funções ligadas à política e ao trabalho intelectual, ou que ocupavam funções na burocracia estatal.

Dentre as Constituições brasileiras, a Constituição Imperial de 1824 assegurava a todos os cidadãos o ensino primário e gratuito. Aos que pretendiam inserção no bacharelismo fazia-se necessário a frequência em cursos preparatórios promovidos pelo Estado (VIEIRA, 2007).

No Brasil República, com a Constituição de 1891 foi anunciado o fim da gratuidade na educação, impondo a busca individual pela ascensão pessoal no campo profissional, embora, para alguns os privilégios não tenham cessado. Os resultados dessas ações não demoraram a aparecer, e o Brasil nos anos de1920 já apresentava o analfabetismo como um grande mal nacional (VIEIRA, 2007).

O processo de urbanização no Brasil gerou a necessidade do atendimento aos setores industriais, e manutenção da ordem social, impulsionando reformas educacionais em quase todos os Estados da federação. O Brasil assistiu a uma grande efervescência intelectual na década de 1920, com acontecimentos como a Semana de Arte Moderna, a criação do Partido Comunista Brasileiro, o Tenentismo e a criação da Associação Brasileira de Educação (ABE) (SANTOS, 2008).

A urbanização e a industrialização levaram a burguesia ao poder e fizeram emergir importantes movimentos sociais e políticos ao longo dos anos 1920 e início da década de 1930. Neste momento histórico a educação passou a ter um lugar de grande relevância política e social, passando a ser reconhecida pela primeira vez como direito de todos e responsabilidade dos poderes públicos na Constituição de 1934 (VIEIRA, 2007).

(24)

atribuições para coordenar e fiscalizar a execução da educação em todo território nacional. A partir da Constituição de 1934, todas as Cartas Magnas subsequentes, com exceção da Constituição de 1937, levariam a ideia de criação de um PNE. Foi somente na Constituição de 1988, portanto, com cinco décadas de atraso, em relação as primeiras tentativas, que finalmente a ideia de um PNE se concretizou (SAVIANI, 2007; VIEIRA, 2007).

O Artigo 214 da Constituição cidadã, como ficou conhecida a Constituição de 1988, asseverava que a lei estabeleceria um Plano Nacional de Educação, com duração plurianual, visando à articulação e desenvolvimento do ensino em todos os níveis e a integração das ações dos poderes públicos que conduzissem a erradicação do analfabetismo, universalização do ensino, melhoria da qualidade do ensino, e formação para o trabalho. Dado que, qualquer artigo da Carta Magna para ser operacionalizado necessita de regulamentação em lei, em 20 de dezembro de 1996 foi finalmente sancionada a Lei 9.394 das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).

Ao final da década de 1990, representantes do Forúm Nacional em Defesa da Escola Pública,presentes ao II Congresso Nacional de Educação (II CONED), realizado em 1997, propôs um Plano Nacional de Educação gestado segundo os interesses da sociedade brasileira. Neste mesmo momento o governo produziu uma proposta do mesmo Plano segundo os interesses da classe dominante(SAVIANI, 2007).

A união destes dois Planos, que mais tarde, receberia o nome de “Plano Frankstaim” tramitou pelo Congresso Nacional durante três anos, tendo sido aprovado em9 de janeiro de 2001, sob a égide da Lei 10.172. O Plano Nacional de Educaçãosancionado previa que os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deveriam elaborar seus planos de educação correspondentes (SAVIANI, 2007).

O item Objetivos e Metas do PNE assegurou a necessária flexibilidade e diversidade nos programas de estudos das diferentes instituições de ensino brasileiras através da criação das Diretrizes Curriculares, que nada mais são do que normas de procedimentos que orientam um planejamento global para um processo de formação.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para formação em Fisioterapia foram asseguradas pela Resolução nº 4, de 19 de fevereiro de 2002, instituída pela Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação que expos a organização curricular destes cursos nas Instituições de Ensino Superior do País (BRASIL, 2002).

(25)

princípios éticos e culturais do indivíduo e da coletividade, tendo como objeto de trabalho o movimento humano, em todas as suas formas de expressão e potencialidades, quer nas alterações patológicas, cinético-funcionais, quer nas suas repercussões psíquicas e orgânicas objetivando a preservação, desenvolvimento e restauração da integridade dos órgãos, sistemas e funções, desde a elaboração do diagnóstico físico e funcional, eleição e execução dos procedimentos fisioterapêuticos pertinentes a cada situação (BRASIL, 2002).

O Artigo 4º da Resolução CNE/CES nº 4/2002 prevê que a formação do fisioterapeuta deverá dota-lo das seguintes competências e habilidades gerais:

I- Atenção a saúde: Os profissionais de saúde, dentro de seu âmbito profissional, devem estar aptos a desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação, tanto em nível individual quanto coletivo. Cada profissional deve assegurar que sua pratica seja realizada de forma integrada e contínua com as demais instâncias do sistema de saúde, sendo capaz de pensar criticamente, de analisar os problemas da sociedade e de procurar soluções para os problemas. Os profissionais devem realizar seus serviços dentro dos mais altos padrões de qualidade e dos princípios de ética/bioética, tendo em conta que a responsabilidade da atenção à saúde não se encerra com o ato técnico, mas sim, com a resolução do problema de saúde, tanto em nível individual como coletivo;

II- Tomada de decisões: O trabalho dos profissionais de saúde deve estar fundamentado na capacidade de tomar decisões visando o uso apropriado, eficácia e custo-efetividade, da força de trabalho, de medicamentos, de equipamentos, de procedimentos e de prática. Para este fim, devem possuir competências e habilidades para avaliar, sistematizar e decidir as condutas mais adequadas, baseadas em evidências científicas;

III- Comunicação: Os profissionais de saúde devem ser acessíveis e manter a confidencialidade das informações a eles confiadas, na interação com outros profissionais de saúde e o público em geral. A comunicação envolve comunicação verbal, não-verbal e habilidades de escrita e leitura; o domínio de, pelo menos, uma língua estrangeira e de tecnologias de comunicação e informação;

IV- Liderança: No trabalho em equipe multiprofissional, os profissionais de saúde deverão estar aptos a assumirem posições de liderança, sempre tendo em vista o bem estar da comunidade. A liderança envolve compromisso, responsabilidade, empatia, habilidade para tomada de decisões, comunicação e gerenciamento de forma efetiva e eficaz;

V- Administração e gerenciamento: Os profissionais devem estar aptos a tomar iniciativas, fazer gerenciamento e administração tanto da força de tralho, dos recursos físicos e materiais e de informação, da mesma forma que devem estar aptos a serem empreendedores, gestores, empregadores ou lideranças na equipe de saúde;

(26)

desenvolvendo mobilidade acadêmico/profissional, a formação e a cooperação através de redes nacionais e internacionais (BRASIL, 2002a).

O Artigo 5º da Resolução CNE/CES nº 4/2002 prevê que a formação do fisioterapeuta deverá dota-lo das seguintes competências e habilidades específicas:

I- Respeitar os princípios éticos inerentes ao exercício profissional; II- Atuar em todos os níveis de atenção á saúde, integrando-se em programas de promoção, manutenção, prevenção, proteção e recuperação da saúde, sensibilizados e comprometidos com o ser humano, respeitando-o e valorizando-o;

III- Atuar multiprofissionalmente, interdisciplinarmente e transdisciplinarmente com extrema produtividade na promoção da saúde baseado na convicção cientifica, de cidadania e ética;

IV- Reconhecer a saúde como direito e condições dignas de vida e atuar de forma a garantir a integralidade da assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema;

V- Contribuir para a manutenção da saúde, bem-estar e qualidade de vida das pessoas, famílias e comunidade, considerando suas circunstâncias éticas, políticas, sociais, econômicas, ambientais e biológicas;

VI- Realizar consultas, avaliações e reavaliações do paciente colhendo dados, solicitando, executando e interpretando exames propedêuticos e complementares que permitam elaborar um diagnóstico cinético-funcional, para eleger e quantificar as intervenções e condutas fisioterapêuticas apropriadas, objetivando tratar as disfunções no campo da fisioterapia, em toda sua extensão e complexidade, estabelecendo prognóstico, reavaliando condutas e decidindo pela alta fisioterapêutica;

VII- Elaborar criticamente o diagnóstico cinético funcional e a intervenção fisioterapêutica, considerando o amplo espectro de questões clínicas, científicas, filosóficas, éticas, políticas, sociais e culturais implicadas na atuação profissional do fisioterapeuta, sendo capaz de intervir nas diversas áreas onde sua atuação profissional seja necessária;

VIII- Exercer sua profissão de forma articulada ao contexto social, entendendo-a como uma forma de participação e contribuição social;

IX- Desempenhar atividade de planejamento, organização e gestão de serviços de saúde públicos ou privados, além de assessorar, prestar consultorias e auditorias no âmbito de sua competência profissional;

X- Emitir laudos, pareceres, atestados e relatórios;

XI- Prestar esclarecimentos, dirimir duvidas e orientar o individuo e os seus familiares sobre o processo terapêutico;

XII- Manter a confidencialidade das informações, na interação com outros profissionais de saúde e o publico em geral;

XIII- Encaminhar o paciente, quando necessário, a outros profissionais relacionando e estabelecendo um nível de cooperação com os demais membros da equipe de saúde;

XIV- Manter controle sobre a eficácia dos recursos tecnológicos pertinentes à atuação fisioterapêutica garantindo sua qualidade e segurança;

XV- Conhecer métodos e técnicas de investigação e elaboração de trabalhos acadêmicos e científicos;

XVI- Conhecer os fundamentos históricos, filosóficos e metodológicos da Fisioterapia;

(27)

A formação do profissional de fisioterapia deve contemplar os seguintes conteúdos: Ciências Biológicas e da Saúde, Ciências Sociais e Humanas, Conhecimento Biotecnológicos e Conhecimentos Fisioterapêuticos. Com estes conhecimentos, o fisioterapeuta garantir á sua inserção ao meio social, através de estágios sob supervisão docente (BRASIL, 2002).

As Diretrizes Curriculares orientam a construção de matrizes curriculares para formação em Fisioterapia num contexto de pluralismo e diversidade cultural, propiciando concepções que deverão ser acompanhadas e permanentemente avaliadas, a fim de permitir os ajustes que se fizerem necessários.

2.2 INSERÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NO MUNDO DA EDUCAÇÃO

A Instituição de Ensino Superior (IES) exerce a função de transformar a realidade na qual está inserida e de instrumentalizar os discentes como agentes transformadores da sociedade. A formação do profissional em fisioterapia busca atender as necessidades identificadas pelo progresso científico, tecnológico e urgências reclamadas pelo desenvolvimento social.

Desde os primórdios da humanidade, o ser humano já aplicava, de forma intuitiva, alguns procedimentos que caracterizam em nossos dias o espaço da Fisioterapia, como por exemplo, o uso de agentes físicos naturais, como o banho de sol para curar escaras, a imersão em águas termais para combater a fadiga física, bem como, o exercício físico para restabelecer movimentos de diferentes partes do corpo (BISPO JÚNIOR, 2009).

Apesar dos recursos que a Fisioterapia utiliza se constituírem em uma prática secular, o fisioterapeuta apareceu no mundo do trabalho apenas no início do século XX, voltando sua atividade para a reabilitação. Com o advento das duas grandes guerras mundiais houve um significativo avanço no desenvolvimento dos meios ou instrumentos do processo de trabalho destes profissionais, possibilitando a reabilitação dos militares mutilados de guerra. (BISPO JÚNIOR, 2009).

(28)

Segundo Naves e Brick (2011) a Europa foi o Continente onde surgiram as primeiras escolas, destinadas à formação de Fisioterapeutas, precisamente na Alemanha, em 1902. Na América do Norte, os Estados Unidos e o Canadá foram os primeiros países a desenvolver estudos em relação com a Fisioterapia e com a preparação do profissional Fisioterapeuta. O interesse despertado para a área estava estritamente relacionado à drástica situação provocada pelo conflito mundial e pela crise econômica e social. Já na América do Sul, a Argentina despontou como país pioneiro no estudo da Fisioterapia, e no ano de 1984, foi editado, neste país, o livro intitulado “Mecanoterapia de Zender”, se constituindo na primeira publicação referente a exercícios terapêuticos, neste Continente.

No Brasil, no início dos anos de 1920, os primeiros serviços de Fisioterapia surgiram com a finalidade de reabilitar vítimas de acidentes de trabalho e de crianças acometidas por poliomielite, reintegrando os trabalhadores ao mercado e ao sistema produtivo do país e recuperando crianças com sequelas motoras. Em 1929, surgiu o primeiro curso técnico de fisioterapia na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo com motivação para reabilitar sequelados de poliomielite e os acidentados no ambiente de trabalho (NAVES; BRICK, 2011).

Os autores prosseguem afirmando que os primeiros cursos de Fisioterapia no Brasil surgiram na década de 1950, onde ocorria um movimento em “Prol da Reabilitação” realizado por entidades internacionais, as quais enviaram técnicos ao Brasil para prestar assistência na implantação de “Centros para o Atendimento da Pessoa Portadora de Deficiência” nas diversas áreas visando o aspecto multiprofissional. Em virtude da não existência de profissionais qualificados, foi preciso investir na formação de mão de obra, ainda que de forma lenta nas décadas de 1970 e 1980, elevando-se na década de 1990, e atingindo seu ápice a partir de 1997.

Na primeira metade do século XX, o estado não promovia ações para pessoas com deficiência, apenas expandia os institutos de cegos e surdos com iniciativas que atendiam a uma minoria (LANNA JÚNIOR, 2010).

(29)

“deficiência mental” e “retardo mental” foram substituídas por “excepcional”, em que, para ela, a origem da deficiência vinculava-se à condição de excepcionalidade socioeconômica ou orgânica (LANNA JÚNIOR, 2010).

Em 1951, teve início o primeiro curso para formação de Fisioterapeutas no Hospital das Clínicas de São Paulo, com denominação inicial de Técnico em Fisioterapia e com duração de um ano, em período integral, acessível a alunos do 2º grau completo e ministrado por médicos, recebendo denominação, mais tarde, de “fisioterapistas”. Só em 1952 é que a função de Fisioterapia é retomada na Faculdade de Ciências Médicas do Rio de Janeiro. Esses cursos localizados em São Paulo e no Rio de Janeiro funcionavam desvinculados de instituições de ensino, isto é, funcionavam independentes, com objetivo de formar “auxiliares médicos”para o processo de reabilitação (TEIXEIRA, 2010).

Ainda na década de 50, surgiu o movimento apaeano, fundada em 1954 no Rio de Janeiro por iniciativa de Beatrice Bemis, mãe de uma criança excepcional. Foi na sede da Sociedade Pestolazzi do Brasil que se deu a reunião inaugural do Conselho Deliberativo da APAE em março de 1955. Em 1962, criou-se a Federação Nacional das APAE (FENAPAES), daí constituindo-se mais de duas mil APAE por todo país, objetivando atender à pessoa com deficiência de expressiva capilaridade na sociedade, com serviços de educação, saúde e assistência social (APAE, 2006; LANNA JÚNIOR, 2010).

Nesta mesma década, mais precisamente no ano de 1953, devido os grandes surtos de poliomielite surgiram os primeiros centros brasileiros de reabilitação física, sendo o primeiro centro fundado em 1954, pelo arquiteto Fernando Lemos, localizado na Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR), e contando com apoio financeiro de grandes empresários, dentre eles, Percy Murray, vítima de Poliomielite e primeiro presidente da Associação (LANNA JÚNIOR, 2010).

Dentre as primeiras ações da ABBR está a criação da escola de reabilitação para formar fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, que iniciou suas atividades no campo do Ensino técnico da Fisioterapia em 1956, com duração de dois anos, sendo o segundo curso desta Instituição, já melhor estruturado, com duração de três anos (BARROS, 2008; BARBOSA, 2009).

(30)

tornaram-se centros de referência em reabilitação em Belo Horizonte (LANNA JÚNIOR, 2010). Ainda, foi inaugurado em Brasília, em 21 de abril de 1960, pelo Presidente Juscelino Kubitschek, o Centro de Reabilitação SARAH Kubitschek.

Assim, diferentemente dos países da Europa (que possuíam formação em Fisioterapia), no Brasil o ensino de Fisioterapia restringia-se ao saber técnico (ligar e desligar aparelhos, reproduzir mecanicamente técnicas e exercícios), desconheciam sobre diagnóstico funcional, avaliação do corpo humano, funcionamento normal ou patológico, mecanismos de lesão e conduta terapêutica, enfim, eram apenas auxiliares dos médicos. Os médicos avaliavam o paciente, prescreviam a técnica a ser utilizada, o tempo de utilização, o local de aplicação e a intensidade, restando aos “auxiliares”, ou mesmo, técnicos, a tarefa de executá-las (BARBOSA, 2009).

Segundo Salmoria e Camargo (2008), com a clareza do caráter técnico dessa formação, em 1963, uma comissão de peritos nomeados pelo Ministério da Educação para normatizar o ensino da fisioterapia no Brasil, emitiram o Parecer 388/63 no qual o fisioterapeuta foi definido como auxiliar médico, competindo a este à realização apenas de tarefas de caráter terapêutico e que a execução dessas tarefas deveria ser precedida de uma prescrição médica.

O primeiro currículo mínimo para os cursos de fisioterapia foi determinado pela Portaria Ministerial 511/64 do Ministério da Educação aprovando um curso de nível médio, com duração prevista de três anos e um currículo visando à formação profissional técnica, embasada em conhecimento mecanicista, importando-se meramente com as habilidades técnicas. No entanto, os poucos técnicos que se formavam já discutiam seus problemas e perspectivas futuras e, organizaram-se em associação de classe. Em 1957 foi fundada a Associação Paulista de Fisioterapia, em 1959 a Associação dos Fisioterapeutas do Estado da Guanabara e a Associação Brasileira de Fisioterapia (ABF) (TEIXEIRA, 2010).

A ABF, antes chamada de Associação dos Fisioterapistas do Estado de São Paulo, desempenhou um papel importante não apenas na transformação do curso de fisioterapia de nível técnico para nível superior, mas principalmente, na organização da categoria para reconhecimento pela União. A primeira conferência da ABF foi em 1962, daí predominando os Congressos Brasileiros de Fisioterapia entre os anos de 1964 a 1999. O primeiro Congresso Brasileiro de Fisioterapia aconteceu no Rio de Janeiro em 1964, antes da regulamentação da profissão (TEIXEIRA, 2010).

(31)

depois de grande articulação da ABF com os militares (então junta administrativa que governava o Brasil), assim, era reconhecido o fisioterapeuta como profissional de nível superior, com autonomia no seu exercício profissional (TEIXEIRA, 2010).

A regulamentação da profissão de Fisioterapeuta assegurava que os profissionais diplomados por escolas e cursos reconhecidos, teriam nível superior, caracterizando a Fisioterapia como atividade privativa do Fisioterapeuta com função de “executar métodos e técnicas com a finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade física do paciente” (BARROS, 2008; NAVES; BRICK, 2011).

No Nordeste, mais precisamente em Recife, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), criou em 1962, o Curso de Reabilitação. Na Paraíba, o primeiro curso criado foi em 1978, pela Universidade Regional do Nordeste, na cidade de Campina Grande, e o segundo teve início em 1980, pela Universidade Federal da Paraíba. A Universidade de Fortaleza (UNIFOR) iniciou suas atividades no ano de 1973 por meio do Decreto nº 71.655 de 4 de janeiro com 16 cursos de graduação, simultaneamente, sendo reconhecida dez anos depois pela Portaria nº 350, de 12 de agosto de1983, do Ministério da Educação.

Na década de 1970, o período militar e a ausência de regulamentação, foram aspectos responsáveis para consolidação da fisioterapia sob a ótica de uma atuação reabilitadora, direcionada ao nível terciário, com ampliação majoritariamente na lógica privatista da assistência, limitando atuação em outros níveis. Ressalta-se que a atuação do fisioterapeuta se estende também à área promocional da saúde, onde desenvolve individualmente ou em equipe multi e interdisciplinar, trabalhos em planejamento e execução de projetos de saúde e educação para a comunidade (BISPO JÚNIOR, 2009).

Durante década de 1980, a expansão da fisioterapia foi lenta, atingindo 63 cursos em 1995, todavia na década de 1990 a expansão deste curso foi exponencial. Entre 1999 e 2003 o número de cursos saltou de 195 para 298, acarretando aumento de 159% em apenas meia década. Cinco anos mais tarde, registrou-se um crescimento de 60% elevando o total de cursos para 479. Nos últimos dez anos o aumento na quantidade de cursos e oferta de vagas, foram motivados devido à correção do déficit de escolaridade superior no país (BISPO JÚNIOR, 2009).

(32)

um novo modelo ensejava estreitamento dos laços da universidade com as demandas do mercado (SAVIANI, 2010).

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) desencadeou a partir de 1996 uma política de incentivo ao setor educação, que precipitou em um processo acelerado de expansão do ensino universitário com abertura de novos cursosde forma desordenada e com baixa qualidade de ensino, notadamente, da iniciativa privada, com aprovação e autorização pelo MEC. Neste cenário, os cursos de fisioterapia que em 1991 existiam 48 cursos, em 2010 já se apresentava com 461 cursos de graduação em Fisioterapia, que representou crescimento de aproximadamente 1000% (ABENFISIO, 2010).

Ao longo do governo do Presidente Inácio Lula da Silva, certo nível de investimento as universidades federais foi retomado, ao mesmo tempo, que se deu continuidade ao estímulo à iniciativa privada que acelerou a expansão de vagas em instituições superiores privadas. O avanço avassalador dos cursos privatizados pode ser visto com os seguintes dados: em 1996 existiam 922 instituições, sendo 211 públicas e 711 privadas; em 2005 tinha-se 2.165, sendo 231 públicas e 1.934 privadas. Em 2007, já no segundo mandato do Presidente Inácio Lula da Silva, o percentual de alunos nas instituições públicas havia caído a 25,42% em contraste com as instituições privadas que atingiu dois terços do alunado (SAVIANI, 2010).

Segundo Haddad et al. (2006) a evolução dos cursos no período de 1991 a 2004 representou um crescimento de 606,3%. A região Nordeste apresentou um crescimento de 485,7% (de 7 para 41 cursos existentes), comportamento semelhante em todas as regiões, influenciado pelos novos cursos a partir do ano de 1996. Porém este crescimento não se deu de forma homogênea, houve um predomínio exponencial dos cursos em instituições particulares.

De acordo com pesquisa da Folha de São Paulo (2014) existiam no Brasil 431 Instituições de Ensino Superior que oferecem o ensino do curso de Fisioterapia. No Estado da Paraíba são onze cursos divididos em duas públicas e nove privadas.

Após regulamentação da profissão, bem como, surgimento dos cursos, foram criados o Conselho Federal e Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia ocupacional (COFFITO e CREFITO) em 17 de dezembro de 1975 sob a égide da Lei nº 6.316, com funções de normatização e fiscalização do exercício profissional, definindo as atribuições profissionais no contexto do mundo do trabalho (NAVES; BRICK, 2011).

(33)

saúde e prevenção de doenças, buscando a globalidade funcional do aspecto bio-psico-social do homem (BRASIL, 2005).

Como agente de transformação social, o fisioterapeuta assume papel político-ideológico no intuito de zelar pelo bem estar da população, além de prestar assistência de qualidade, com responsabilidade, compromisso, ética e competência técnico-científica, para a construção de uma saúde social mais justa, mais igualitária e mais humanizada (BRASIL, 2013).

Para alcançar o seu objetivo profissional, o Fisioterapeuta necessita conhecer o homem no seu aspecto global bio-psico-social, avaliar, planejar e estabelecer etapas do tratamento, selecionar, qualificar recursos, métodos e técnicas inerentes a cada caso específico. Todo processo terapêutico deve ser reavaliado sistematicamente, caso se faça necessário o encaminhamento a outras terapias, relacionando-se em nível de cooperação com os demais membros da área de saúde (BRASIL, 2005).

Assim sendo, convém lembrar que, no aspecto formativo, estes profissionais são forjados em matrizes curriculares que direcionam o processo de formação para a atenção secundária e terciária de saúde, dificultando o crescimento e o desenvolvimento de uma formação integral que contemple a prevenção, a assistência e a manutenção da saúde.

Rosa (2012) destaca a compreensão acerca do vasto alcance da atuação dos fisioterapeutas nos três níveis de atenção à saúde no SUS, o que não modifica a crença de ser um profissional reabilitador. Ainda há uma visão especializada e hospitalocêntrica, necessitando urgência na formação do fisioterapeuta objetivada para o SUS.

Gonçalves e Luz (2013) apontam para a necessidade de avanços e mudanças nas matrizes curriculares dos cursos de fisioterapia, destacando que na área da formação, a IES, deve preparar o profissional com os seguintes “saberes”: o “saber agir”, em julgar, escolher e decidir com base no procedimento; “saber mobilizar” recursos, pessoas, materiais; “saber comunicar” com base no compreender, processar e transmitir conhecimentos e informações; “saber aprender” com base na ampliação dos trabalhos de pesquisa e investigação científica; “saber comprometer-se” engajando-se em objetivos de uma organização; “saber assumir responsabilidades” assumindo riscos e as consequências de suas ações; “saber ter visão estratégica” identificando oportunidades e alternativas de ação a partir do conhecimento e entendimento da organização.

(34)

seja, o saber instrumental que é pertinente a cada área. Decorrente do exposto, amplas são as possibilidades de atuação do profissional fisioterapeuta na atenção à saúde, seja na prevenção de doenças e na promoção da saúde, até a clássica conduta de reabilitação (AVEIRO et al., 2011).

Segundo estimativa do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Primeira Região (CREFITO 1) apenas 70 municípios, de 223 existentes, contam com algum serviço de fisioterapia no Estado da Paraíba. Por outro lado, é crescente a atuação do fisioterapeuta em serviços autônomos (BISPO JÚNIOR, 2009).

O autor relata que, quanto ao modelo de formação, as instituições mantiveram a metodologia de aprofundamento do modelo curativo-reabilitador-privatista, estimulando o tecnicismo sob a crescente concorrência registrada no mundo do trabalho, elitizando-a com o aperfeiçoamento e desenvolvimento de novas especialidades, a exemplo da fisioterapia estética, drenagem linfática, reeducação postural global (RPG), pilates e acupuntura.

No início do século XXI, houve o despertar para redimensionamento do modelo de formação, com mudanças importantes no contexto do mundo da educação com vistas à inserção deste profissional numa sociedade em transformação. São mudanças que se processam em todos os planos e que têm como seus principais agentes a revolução tecnológica e a própria reestruturação da sociedade em função do conhecimento e das novas tecnologias da informação e comunicação.

Constata-se, com efeito, o alto grau de complexidade que deverá conformar a qualificação do profissional, uma vez que a formação terá, obrigatoriamente, que transcender o aspecto individual para buscar o engajamento social com a população e as necessidades emergentes valendo-se da conjuntura nacional, regional e local como fatores condicionantes na formulação das propostas institucionais de habilitações profissionais.

2.3 INSERÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NO MUNDO DO TRABALHO

O modo como são desenvolvidas as atividades profissionais e o modo como é realizado qualquer trabalho é chamado de Processo de Trabalho. Em geral, trabalho é um conjunto de procedimentos pelos quais os homens atuam, por intermédio dos meios de produção, sobre algum objeto para, transformando-o, obterem determinado produto com alguma utilidade (FARIA et al., 2009).

(35)

momentos essenciais ao encadeamento de uma produção intencional de algo novo, a partir da descoberta para transformação, mediada por uma energia de atividade.

Essa ideia de trabalho envolve elementos que conformam o processo de trabalho, onde as finalidades e objetivos são projeções que visam satisfazer necessidades e expectativas dos

homens, conforme organização social, em dado momento histórico, os objetos podem ser

materiais elaborados ou, ainda, estados ou condições pessoais ou sociais, os meios de produção são as máquinas, ferramentas ou equipamentos em geral, em visão ampla, também

se inclui conhecimentos e habilidades, e como agente de todo o processo de trabalho está o

homem, que realiza a transformação do objeto para atingir fins previamente estabelecidos (FARIA et al., 2009).

A finalidade e objetivo rege todo o processo de trabalho, ou seja, estando presente do

início ao término, onde o trabalhador terá em mãos o produto que se vislumbrava desde o início do processo. Sobre esta função são estabelecidos os critérios ou parâmetros de realização. Com o objetivo se produz um dado objeto ou condição que determina o produto,

que irá responder a alguma necessidade ou expectativa humana, determinada pela condição social. Por sua vez, todo o processo de trabalho é desenvolvido com o uso de meios de produção que abrangem ferramentas e estruturas físicas que permitem que o trabalho se

realize, meios intangíveis comumente detidos de conhecimentos e habilidades, e por fim, as estruturas sociais, que são determinantes para as relações de poder e para remunerações dos diversos tipos de trabalho. Por conseguinte toda finalidade e meio se realiza em um dado

objeto, sobre o qual se exerce a ação. E dando início a todo este processo, existe um sujeito

para execução de ações, objetivos e adequação de meios para transformação (FARIA et al., 2009).

(36)

Figura 1 - Análise comparativa de um sistema de produção simples e sistema no setor saúde

Fonte: Imagens obtidas de fontes diversas da internet.

Um sistema de produção de trabalho possui muitos componentes e objetos que unidos por um objetivo comum são organizados e coordenados, contribuindo para saídas a partir de determinadas entradas. O que ocorre no processo de trabalho em saúde - mesmo com existência da interdisciplinaridade e processo de referência e contra referência para o médico - é que não há garantia de um produto final, neste caso, a saída certa é de um indivíduo processado pelo sistema de onde poderá sair curado ou com doença crônica; deficiência permanente, ou ainda com melhora parcial ou temporária, ou mesmo, com problemas agudos e óbito. O controle de qualidade pode apenas interferir nos meios que possibilitam o tratamento, com inovações tecnológicas, capacitação profissional, e diminuição dos riscos ambientais, mas não pode garantir a cura.

O processo de trabalho no setor da saúde, cujos profissionais prestam assistência a seres humanos, compartilham características do processo de trabalho com destaque significativo do setor terciário, ao mesmo tempo em que apresenta características específicas. De acordo com Bispo Júnior (2009) percebe-se uma clara contradição entre o número de profissionais atuantes na área da saúde e as necessidades de assistência a população. De um lado, grande contingente de profissionais credenciados a prestar assistência, e de outro, a população desassistida e carente de oferta de serviços de saúde. Contrariamente ao excesso de profissionais, ocorre a carência de serviços nos níveis primário e secundário.

Particularmente, no âmbito da fisioterapia, esta contradição é bastante evidente, pois para Pimentel (2012) o fisioterapeuta é melhor preparado, ao longo de sua formação, para o nível secundário e o nível terciário.

Entra matéria-prima Processo de

transformação

Sai um bem de consumo

(37)

Por outro lado, Salmória e Camargo (2008) identificaram a saturação de assistência na priorização das ações curativistas, submetendo-se às necessidades do lucro, com acesso determinado pela capacidade de pagamento, e não, pelas necessidades individuais ou coletivas de assistência.

Ademais, outro aspecto a ser destacado no âmbito do processo de trabalho no setor saúde é a Compartimentalização. Como elemento central está o profissional médico, e os demais profissionais organizados para a prestação da assistência de forma individual. O trabalho assume diferentes formas com a realização de consultas, exames diagnósticos, cirurgias, aplicação de medicamentos, ações preventivas e de cuidados, e orientações, ou seja, abrangendo desde a avaliação até indicação e realização de conduta. Esse processo é de domínio de trabalhadores com conhecimentos de técnicas na investigação, prevenção, cura e reabilitação. O objeto trata-se do indivíduo doente, sadio ou exposto a riscos. O instrumental são as condutas que representam o saber. E o produto final é a prestação do serviço oferecido (TRELHA; GUTIERREZ; CUNHA, 2002).

Esse processo compartimentalizado ou fragmentado, é resultado da especificidade do conhecimento de cada profissão que ao invés de ocasionar avanços, resulta em serviços compartimentalizados e profissionais alienados da necessidade de integração na assistência. Esse modelo fragmentado gera competição por espaço na assistência ao paciente, e conflitos que podem prejudicar o tratamento.

O desenvolvimento da fisioterapia contempla o aumento deste profissional na área do trabalho, tido como mercado futuro e repleto de exigências no âmbito da capacitação destes profissionais, com fundamentação científica sobre os métodos utilizados.

No âmbito da profissão de Fisioterapia são escassos os estudos que registram a atuação deste profissional em consonância com seu título de especialidade. Estima-se que mais de 40 mil são graduados e que 50% estejam atuando no mercado de trabalho como fisioterapeutas, enquanto, os demais optaram por outras atividades, não necessariamente ligadas a sua formação em nível superior (ALMEIDA FILHO, 2000).

(38)

Quadro 1 - Número de fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais atuando nos municípios referentes ao Estado da Paraíba (CREFITO 1)

MUNICÍPIO N MUNICÍPIO N MUNICÍPIO N

Agua Branca 3 Duas estradas 1 Pedras de fogo 2

Aguiar 1 Emas 2 Pianco 11

Alagoa Grande 5 Esperança 4 Picui 3

Alagoa Nova 3 Guarabira 20 Pilões 1

Alagoinha 3 Imaculada 2 Pocinhos 1

Alhandra 2 Ingá 3 Pombal 12

Aracagi 2 Itabaiana 2 Princesa Isabel 7

Arara 3 Itaporanga 9 Puxinana 3

Araruna 2 Itapororoca 4 Queimadas 5

Areia 3 Itatuba 1 Remigio 3

Areial 1 Jacaraú 2 Rio tinto 6

Aroeiras 1 Jerico 1 São João do rio do peixe 2

Bananeiras 4 João Pessoa 1358 São S. do Umbuzeiro 1 Barra de santa rosa 1 Juazeirinho 2 Salgado de são Felix 1 Barra de são Miguel 1 Junco do serido 1 Santa cruz 1

Bayeux 7 Juripiranga 1 Santa Luzia 8

Belém 1 Juru 3 Santa Rita 20

Belém de brejo do cruz 1 Lagoa 1 São bento 10

Boa ventura 3 Lagoa de dentro 2 São Jose de piranhas 8 Boa vista 2 Lagoa seca 4 São João do rio do peixe 1

Boqueirão 2 Mamanguape 18 São Jose da mata 1

Borborema 1 Manaíra 2 São Mamede 2

Brejo do cruz 4 Marcação 1 São s. lagoa de roca 1

Caapora 2 Mari 2 Sape 8

Cabedelo 74 Marizopólis 2 Serra branca 1

Cachoeira dos índios 1 Massaranduba 1 Serra da raiz 1

Cacimba de dentro 1 Matureia 1 Sertãozinho 1

Cajazeiras 40 Mogeiro 2 Solanea 6

Campina grande 578 Montadas 3 Soledade 3

Catingueira 2 Monteiro 12 Sousa 35

Catolé do Rocha 18 Nova Floresta 1 Sumé 4

Conceição 5 Nova Olinda 1 Tavares 1

Condado 1 Olho da água 1 Teixeira 8

Conde 3 Olivedos 1 Uiraúna 7

Coremas 2 Passagem 1 Umbuzeiro 1

Cuité 2 Patos 74 Várzea 1

Desterro 3 Paulista 3 Vista serrana 1

(39)

Figura 2 - Mapa do Estado da Paraíba com a representação dos profissionais fisioterapeutas, ano 2013

Fonte: CREFITO 1, 2013.

(40)

Figura 3 - Processo de trabalho do Fisioterapeuta

Fonte: TRELHA, GUTIERREZ, CUNHA, 2002.

O processo de trabalho do fisioterapeuta inclui a escolha da programação terapêutica, execução e aplicação de recursos apropriados. De maneira simplificada o processo percorre as seguintes etapas: avaliação do paciente mediante métodos e técnicas fisioterapêuticas apropriadas; elaboração de programação terapêutica, onde são determinados os objetivos do tratamento e indicado os recursos fisioterapêuticos; realização do tratamento fisioterapêutico; e realização da reavaliação após o paciente ter sido assistido para dar alta ou reprogramar o tratamento.

O fisioterapeuta atua principalmente na reabilitação promovendo reestabelecimento das funções afetadas por lesões e/ou patologias. Na busca por esta reabilitação, o fisioterapeuta utiliza recursos físicos (termoterapia, crioterapia, terapia manual, eletroterapia e hidroterapia) e mecânicos (mecanoterapia e órtese/prótese) alternados e/ou combinados conforme evolução clínica funcional do paciente.

DIAGNÓSTICO

Organização dos resultados dos exames, em que o fisioterapeuta organiza em agrupamentos definidos, síndromes, ou categorias com objetivo de determinar o prognóstico, o plano de tratamento e as estratégias de intervenção mais apropriadas.

AVALIAÇÃO

Processo dinâmico no qual o fisioterapeuta realiza análise clínica baseada em dados adquiridos durante o exame.

PROGNÓSTICO

Determinação do nível de melhora que pode ser atingida pela intervenção e quantidade de tempo necessária para alcançar esse nível. O plano de tratamento especifica as intervenções a serem utilizadas.

EXAME

O processo de obtenção de informações a respeito da queixa do paciente/cliente. Seleção e realização de testes e exames, cujos resultados serão acrescidos aos dados sobre o paciente/cliente.

INTERVENÇÃO

Interação qualificada do fisioterapeuta com o paciente/cliente utilizando-se vários recursos, métodos e técnicas. O profissional realiza reavaliações com objetivo de identificar mudanças no estado do paciente/cliente e assim modificar ou redirecionar a intervenção.

RESULTADOS

Imagem

Tabela 1 -  Consistência interna ou medida de fidedignidade com todos os itens do  instrumento quantitativo..........................................................................
Figura 1 - Análise comparativa de um sistema de produção simples e sistema no setor saúde
Figura 2 - Mapa do Estado da Paraíba com a representação dos profissionais fisioterapeutas, ano 2013
Figura 3 - Processo de trabalho do Fisioterapeuta
+7

Referências

Documentos relacionados

Los encuestados manifiestan que las ventajas de la plataforma virtual son importantes, consideran que es favorable la implantación de un sistema virtual de aprendizaje ya

soma da espessura estimada de estéril e da possança estimada de cascalho, ambas do modelo 2D; (direita) cenário otimista, resulta da estimativa da espessura total entre a superfície

Door Jumper Saltador para puerta Youpala Türhopser Saltador de porta прыгунки для дверного проема Baby Einstein.. Colors of the Ocean 3-in-1 Jumper and Activity

Os alunos que concluam com aproveitamento este curso, ficam habilitados com o 9.º ano de escolaridade e certificação profissional, podem prosseguir estudos em cursos vocacionais

The distribution of the voice break measures (Degree of Voice Break - DVB and Number of Voice Breaks - NVB) was not normal, but its averages were within the normality proposed by

A análise bibliométrica revelou que o periódico mais relevante no PB e em suas referências para a área de Avaliação de Desempenho do Setor Público é o Public Administration

Este acréscimo se deve ao fato de que o gás injetado age no deslocamento do óleo e, após o breaktrought, o mecanismo de deslocamento dá lugar ao mecanismo de

Uma das seguintes provas: 02 Biologia e Geologia 07 Física e Química 16 Matemática Ciências da Comunicação 9023 [Licenciatura - 1º ciclo]. Uma das seguintes provas: 06 Filosofia