Avaliação da osteoporose
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO HOSPITAL FEDERAL DE BONSUCESSO
Osteoporose
redução da massa óssea
deterioração da microarquitetura fragilidade óssea
fraturas
Epidemiologia e custos
2005: 2 milhões de novas fraturas U$ 16,9 bilhões
2025:
3 milhões de novas fraturas U$ 25,3 bilhões
Mortalidade associada à fratura de
fêmur
Jiang HX et al J Bone Miner Res 2005; 20: 494- 500
Patogênese
Patogênese – Osteoporose secundária
Presente em: ⅔ homens
½ mulheres pré-menopausa ⅕ mulheres pós-menopausa
Painter SE. Endocr Practice 2006
Gabaroi DC. Menopause 2010
Jovens
Mulheres pré-menopausa Homens < 65 anos Perda óssea acelerada
Perda óssea durante tratamento
Todos pacientes
devem ter
avaliação
laboratorial ao
Exames ao diagnóstico
HemogramaCálcio, fósforo, magnésio Função renal e hepática
TSH PTH
25 (OH) vitamina D Testosterona, FSH, LH
Urina 24h: calciúria e fosfatúria
Outros exames específicos em caso de suspeita clínica
Avaliação do risco de fratura
Conduta era baseada apenas na densidade óssea (DMO) cada redução de 1 DP = aumento de 1,4 – 2,6x o risco acurácia semelhante à medida PA para AVE e superior à
medida de colesterol para IAM
Contudo, DMO tem importantes limitações
Ferramentas para cálculo do risco de fraturas
Leslie WD. Osteoporosis Int 2014
Avaliação do risco de fratura
Ferramentas para cálculo do risco de fraturas FRAX (OMS) Garvan Fracture Risk Calculator
Qresearch Database’s QFractureScore
FRAX
(www.shef.ac.uk/FRAX)
Desenvolvido pela OMS e disponível desde 2008 Validado entre 40-90 anos
Determina a probabilidade em 10 anos de
fratura osteoporótica maior (quadril, vertebral clínica, úmero ou punho)
FRAX
(www.shef.ac.uk/FRAX)
Pontos positivos Pontos negativos Fatores de risco determinados por
estudos populacionais
Não separa tratamento atual ou prévio para DMO
Calibração específica por país Calibração específica por país Inclui interação fratura x
mortalidade
Não gradua determinados fatores de risco
J Bone Miner Metab (2013) 31:1–15 osteoclastos osteoblastos superfície óssea
Reabsorção
Formação
2-3 semanas 3-6 meses matriz óssea minerais - matriz óssea minerais +Reabsorção Óssea Formação Óssea Osteocalcina
Fosfatase alcalina óssea
Propeptídeos do colágeno tipo 1
Piridolinas
Telopeptídeos do colágeno tipo 1 (CTX e NTX) Fosfatase ácida tartarato-resistente tipo 5b Avaliam a dinâmica óssea
Marcadores de remodelação óssea
Estrutura do colágeno da matriz óssea
Matriz óssea colágeno tipo ICadeias peptídicas
Pró-colágeno
Propeptídeo N-terminal (P1NP)Molécula de colágeno tipo 1
Propeptídeo C-terminalBiomarcadores ósseos
Grande variabilidade diferentes métodos para dosagem e valores de referência
ritmo circadiano e jejum idade, sexo, função gonadal deficiência de vitamina D, IRC fratura recente
medicamentos: corticóides, ACO, inibidores aromatase
Biomarcadores ósseos
Aplicabilidade clínica associados à deterioração da microarquitetura trabecular e cortical
Bouxsein ML. JBMR 2008
preditores de fraturas, independente de idade, DMO e fratura prévia
Vasikaran S. Osteoporosis Int 2011
Daele PLA Van. Br Med J 1996
Biomarcadores ósseos
Aplicabilidade clínica – monitorar tratamento
antireabsortivos: marcadores de reabsorção em 3 meses e de formação em 6 meses
McClung MR. NEJM 2006
anabólicos: formação -> reabsorção (“janela anabólica”)
Glover SJ. Bone 2009
Greenspan SL. Ann Int Med 2007
redução do risco de fraturas (???)
Delmas PD. Bone 2006
Biomarcadores ósseos
• Acompanhamento e adesão ao tratamento acompanhar valores percentuais de queda:
30% marcadores séricos e 50-60% marcadores urinários buscar valores pré-menopausa
• Não deve ser usado:
início, interrupção ou reinício do tratamento
avaliação de risco de efeitos colaterais medicamentosos
Absorciometria por dupla fonte de
raios X (DXA)
Técnica de escolha na avaliação da densidade mineral óssea (DMO) em todos indivíduos
acurado, preciso (reprodutível) baixa radiação (1-3 µSv)
coluna lombar (L1-L4), fêmur (total e colo) e rádio 33%
Distribuição de Osso Cortical e Trabecular
Vért. Torácicas e Lombares 75% trabecular 25% cortical
Densitometria
• Densidade areal
Expressa em densidade mineral óssea (g/cm²), Z- score e T-score
• T- score (desvios padrão x DMO jovem do mesmo sexo = valores do PMO)
• Z- score (desvios padrão x idade, sexo, IMC e etnia)
Absorciometria por dupla fonte de
raios X (DXA) - indicações
Mulheres > 65 anos e homens > 70 anos
Mulheres e homens > 50 anos com fatores de risco Mulheres na perimenopausa com fatores de risco
História de fratura por fragilidade
Doenças ou medicações associados à perda óssea Monitorar eficácia do tratamento para massa óssea
ISCD 2007 SBDens 2008
Absorciometria por dupla fonte de
raios X (DXA)
ISCD 2007 SBDens 2008 NOF 2013 Vantagens LimitaçõesRápido, baixa radiação Avaliação bidimensional de estrutura tridimensional Prediz fraturas Não separa osso cortical e
trabecular
Usado pelo FRAX Estima que composição dos tecidos moles seja
homogênea Capaz de monitorar
tratamento
Absorciometria por dupla fonte de
raios X (DXA)
Como otimizar o uso da densitometria ??? laudos comparativos
- mesmo aparelho
- erro de precisão conhecido - comparar DMO e não T-score - intervalo entre exames
análise de fraturas vertebrais (método VFA)
Absorciometria por dupla fonte de
raios X (DXA)
VFA (Vertebral fracture assessment)
diagnóstico de fraturas vertebrais usando DXA apenas 1/3 da fraturas vertebrais são clínicas
- fator de risco independente da DMO para novas fraturas - indicação de tratamento farmacológico
Absorciometria por dupla fonte de
raios X (DXA)
VFA (Vertebral fracture assessment) radiografia é padrão-ouro
menor custo
maior comodidade menor radiação
Pesquisa de fraturas vertebrais -
indicações
Mulheres > 65 anos e homens >70 anos com T-score ≤ -1.5 Mulheres > 70 anos e homens > 80 anos independente do T-score Mulheres após menopausa e homens > 50 anos com história de fratura
atraumática
Redução documentada de estatura > 2 cm ou > 4 cm em relação à juventude
Uso crônico de glicocorticóides Condições de risco
Limitações da densidade óssea
DMO é responsável por apenas 60-70% da resistência óssea
60% mulheres na menopausa fraturam sem osteoporose à DXA
Diferentes tratamentos promovem pequenas modificações na DMO, porém possibilitam grandes reduções de fraturas
Como explicar ???
Qualidade óssea
Resistência ósseadensidade + qualidade
(turnover + integridade do colágeno + estrutura) Como avaliá-la ?
- histomorfometria bidimensional (Bx)
padrão-ouro
- microtomografia computadorizada (Bx)
Osso cortical e resistência óssea
SEM FRATURAS COM FRATURAS
Arquitetura trabecular e resistência óssea
180 kg 20 kg
Zebaze et al. Lancet 2010;375 (9727):1729-1736.
Haversian and Volkmann canals
periosteal endocortical trabecular intracortical idade 29 67 90
80% de todas as fraturas do idoso são não-vertebrais,
ocorrem em sítios com predomínio de osso cortical, e ocorrem após 60 anos, quando a taxa de reabsorção
trabecular desacelera !
Como podemos avaliar a estrutura
e qualidade ósseas ?
Trabecular bone score (TBS)
Ultrassonografia óssea quantitativa
Ressonância nuclear magnética de alta resolução Tomografia computadorizada com multidetectores
Trabecular bone score (TBS)
Trabecular bone score (TBS)
Capaz de observar diferenças com mesmo valor de DMO pela DXA
TBS = melhor estrutura óssea
Valores de referência (menopausa apenas): > 1350 = normal
1200 – 1350 = degradação parcial da microarquitetura < 1200 = degradação significativa da microarquitetura
Trabecular bone score (TBS)
Ensaios clínicos: TBS menor em mulheres na menopausa e homens fraturados
informações complementares à DXA e ao FRAX
mesma capacidade da DMO lombar para predizer fraturas
modifica com tratamento medicamentoso
alterado em condições que modificam arquitetura óssea
RM de alta resolução
Não utiliza radiação ionizante Resolução espacial = 150 µm
Maioria dos estudos avalia sítios periféricos Avalia propriedades da medula
- conteúdo de gordura - difusão e perfusão
Avalia resistência óssea
Bauer JS et al. Eur J Radiol 2009 Griffith JF et al. Ann NY Acad Sci 2010
RM de alta resolução
Estudos:
- mulheres com e sem fratura
- eficácia de tratamento medicamentoso - importância do tecido adiposo medular
Análise de elementos finitos (FEA)
FEA
dados convertidos em “voxels”
programa calcula resistência óssea - simula torção e compressão
fornece informações adicionais à DMO
Tomografia computadorizada periférica
de alta resolução (HR-pQCT)
Analisa densidade e microarquitetura ósseas
Analisa osso cortical e trabecular separadamente Mede DMO volumétrica
Maior resolução espacial que MDTC e RM (82 µm) Menor radiação
Avalia apenas sítios periféricos - tíbia distal
- rádio distal
HR-pQCT
O exame:- rádio e tíbia não-dominantes
- duração = 2-3 minutos (110 cortes) - radiação < 3 µSv por medida
- resolução = 82 µm
- reprodutibilidade – 1% densidades
HR-pQCT x DXA
DXA HR-pQCT
Sítios avaliados fêmur proximal, coluna e rádio
rádio e tíbia distais Medidas densidade areal (2D) densidade volumétrica
HR-pQCT - parâmetros
Parâmetro Significado
Dtot Densidade total
Dcort Densidade cortical
Dtrab Densidade trabecular
CtTh Espessura cortical
BV/TV Percentual de volume ósseo trabecular
TbTh Espessura das trabéculas
TbN* Número de trabéculas
TbSp Separação das trabéculas
Boutroy et al. J Clin Endocrinol Metab 2005
Mulher na pré-menopausa
Mulher na menopausa com osteopenia
Mulher na menopausa com osteoporose
HR-pQCT - estudos
Aplicabilidade clínica: diferenças na microarquitetura relacionadas à idade, sexo e etnia
- mulheres na pré e pós menopausa com e sem fraturas - diferenças em mulheres na menopausa com fraturas
- homens apresentam afilamento das trabéculas, enquanto mulheres perdem as trabéculas
diferenças na microarquitetura em doenças como DM, IRC, hiperparatireoidismo, acromegalia
Conclusões
Osteoporose é uma condição de crescente prevalência e com elevada morbimortalidade
Melhor conhecimento da sua patogênese Formas de avaliação (idealmente associadas)
clínica (ferramentas de risco) ± laboratorial ± imagem Importância da densidade e da qualidade ósseas