• Nenhum resultado encontrado

III DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO PRÁTICO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "III DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO PRÁTICO"

Copied!
68
0
0

Texto

(1)

III – DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO PRÁTICO

1. Introdução

Para a realização desta fase da pesquisa, constatamos a importância do estudo bibliográfico e das demais possibilidades de recolha de dados a respeito do tema. A recolha dos elementos para o desenvolvimento da parte experimental não se limitaram apenas aos livros, outros meios foram utilizados, abrindo outras possibilidades de recolha de informações. Ao longo da pesquisa foram feitas viagens de estudos, visitas a feiras têxteis e a museus, assim, como a frequência em curso de especialização na área têxtil.

No mês de Outubro de 2003, foi feita uma viagem de estudo a Paris e Lyon, em França, a fim de conhecer e visitar museus e locais importantes da história e da actualidade sobre o tema deste trabalho, além de aquisição de material bibliográfico. Também ocorreram visitas aos museus portugueses, e vistas virtuais através da Internet a importantes museus europeus. O curso frequentado foi de “Especialização em Técnico Comercial Têxtil”, realizado pelo CITEVE, em Vila Nova de Famalicão. Teve a duração de 440 horas, com estágio curricular de 360 horas numa empresa têxtil.Este curso permitiu o contacto com diversas empresas têxteis e entidades do sector, a participação em eventos da área, além de permitir a utilização da biblioteca da entidade realizadora do curso.

No desenvolvimento do trabalho prático propriamente dito, foram utilizados os recursos tecnológicos disponíveis no Departamento de Engenharia Têxtil da Universidade do Minho. No Laboratório de Informática e Desenho Têxtil, foram utilizados principalmente os programas específicos para tecelagem Jacquard, e ainda, outros programas disponíveis para obtenção dos desenhos do projecto. No Laboratório de Processos Têxteis foi utilizada a máquina Jacquard no desenvolvimento das amostras dos tecidos e do produto. No Laboratório de Física Têxtil e Investigação foi utilizado o dinamómetro nos testes de resistência. No Laboratório de Tecnologia de Confecção foi utilizada a máquina de costura de recobrimento. Não se pode deixar de salientar aqui a importância da Internet e dos programas de design gráfico utilizados na realização desta fase da pesquisa. Através destas ferramentas, obteve-se informações e assim, a concepção do produto pretendido, da colecção e do catálogo apresentados. Esta Colecção de Acessórios de Moda chama-se “Identidade Brasil”, e faz referências a aspectos culturais do país. Para a concepção desta colecção foi realizado ainda, um estudo de cores e formas, baseado em tendências, através de informações obtidas em agências de estilos, cadernos de tendências, revistas especializadas e desfiles de moda.

(2)

A realização de toda esta pesquisa seguiu uma metodologia, assunto que trataremos no próximo capítulo.

2. Procedimentos Metodológicos

Quando falamos em metodologia, queremos referir-nos a um conjunto de caminhos e procedimentos a percorrer e utilizar, no sentido de fundamentar e sistematizar o processo de investigação e a elaboração de um trabalho de pesquisa.

Além de sistematizar todo o trabalho de investigação, os procedimentos metodológicos também tem a intenção de racionalizar, que ajuda não só a economizar recursos e tempo, mas também a fornecer uma coerência própria ao estudo, uma consistência científica, conferindo-lhe, por isso, uma estrutura mais racional e de maior rigor.

2.1. Metodologia utilizada no plano da pesquisa da dissertação

De entre todos os procedimentos realizados ao longo desta pesquisa, salienta-se desde logo a planificação, que já foi referida na primeira parte no nosso estudo.

Inicialmente enquadramos o estudo no âmbito geral da problemática em que se insere, especificando posteriormente a sua propriedade através da delimitação do problema.

Depois, definimos os objectivos a que nos propúnhamos, enunciando as hipóteses reais da investigação formulada de maneira enunciativa. Isso implica, não só a existência de relações entre as duas ou mais variáveis mensuráveis, como também o tipo de relação que pressupomos existir.

Estruturada e planificada, passamos à segunda parte do nosso estudo, que consistiu na fundamentação teórica, que foi baseada nos conhecimentos dos tópicos em estudo.

Feita a pesquisa teórica, passamos para a terceira parte, que consiste na pesquisa empírica. Esta parte da pesquisa, permitiu-nos consolidar os tópicos já fundamentados teoricamente e que procuram deixar visíveis as possíveis soluções para o problema levantado na planificação. Passamos assim, a desenvolver a pesquisa para a concepção das amostras do produto idealizado, através dos instrumentos e tecnologias disponíveis.

Com todos os procedimentos e recolha de dados finalizados, culminamos na análise dos resultados.

Finalizamos com as conclusões, que procuram evidenciar possíveis relações entre as variáveis, permitindo-nos verificar se efectivamente respondemos ao problema e atingimos os objectivos propostos inicialmente.

(3)

2.2. Metodologia Projectual em Design 3D – Concepção de Novos Produtos

em Tecelagem Jacquard

Trataremos aqui da metodologia utilizada para a obtenção de novos produtos em Tecelagem Jacquard através de ligamentos duplos, aplicados em Acessórios de Moda, que tem como principal objectivo a redução de custos no processo de fabrico. Esta metodologia projectual consiste numa série de operações necessárias, dispostas numa ordem lógica, que consideramos de grande importância para o desenvolvimento e lançamento com sucesso de um produto no mercado. Baseado no conhecimento que design é um elemento fundamental para incorporar valor e conceber identidades visuais ao produto, passamos a desenvolver a Colecção de Acessórios de Moda que ilustra o estudo pretendido. Foi escolhida uma das peças desta colecção para ser desenvolvido como amostra e resultados desta pesquisa.

Após o estudo teórico sobre design, podemos dizer que o desenvolvimento de um projecto tem dois extremos, o problema e a solução. Assim, pesquisados os autores ARAÚJO, LINDON, GOMES E MUNARI, sobre metodologias projectuais verificou-se uma gama muito variada de técnicas, e assim, optou-se pela proposta de MUNARI, levando em conta as propostas de ARAUJO E LINDON.

Sobre a proposta de ARAÚJO, coloca-se aqui a importância do pensamento que antecede a produção de desenhos e designs. Assim, considerou-se a estratégica de Análise de Valor, que tem como objectivo aumentar a velocidade com que a indústria reduza os custos de um produto. Segundo ARAÚJO (1995, p.79), este método desenvolve-se da seguinte forma:

“1.Contratar um consultor (ou grupo) para ensinar análise de valor a equipas interdepartamentais e para avaliar o seu progresso;

2. Estabelecer normas para o desempenho do produto e para a qualidade;

3. Registar pormenorizadamente o custo de todas as operações de fabricação e compras; 4. Solicitar, a cada grupo interdepartamental, para executar as quatro fases da análise de valor para cada componente físico de um produto. Estas fases são:

a) Identificação dos elementos, funções, custos e valores; b) Procura de alternativas a custos mais baixos;

c) Selecção de elementos de custo inferior, funcionalidade aceitáveis; d) Apresentação do redesign seleccionado;

5. Submeter os resultados da análise de valor a: a) Consultores de análise de valor;

b) Grupo de engenharia do design;

(4)

Consideramos de elevada importância esta proposta de ARAÚJO, porém inviável ao estudo que se pretende, pois, não buscamos analisar os reais valores do processo, buscamos sim, fazer amostras e testes para garantir ao produto um bom design e qualidade quanto à resistência no produto idealizado. A análise de custos e valores poderão ser estudados numa próxima pesquisa. Estudos estes que serão de grande importância, já que de uma forma intuitiva revelamos uma diminuição nos custos e processos. Porém, seria mais confiável esta constatação através um estudo de análise de valor real.

Sobre a proposta de LINDON, levou-se em conta a obtenção de ideias inovadoras através do Critério de Rentabilidade, que tem em conta o preço previsível, os custos, os riscos de imitação, verificação se o produto será rentável. Como na proposta de ARAÚJO, consideramos esta proposta importante, porém como uma fase seguinte ao trabalho de pesquisa pretendido. Assim, a proposta de LINDON, também poderá ser estudada numa próxima investigação, relacionada as possíveis e reais rentabilidades deste processo.

Devemos saber que no processo design existe uma relação muito estreita entre a concepção, o planeamento e o fabrico, sendo necessárias muitas vezes uma série de actividades especializadas interligadas e que envolvem diferentes indivíduos, como designers, pesquisadores de mercado, gestores de finanças, especialistas de materiais, engenheiros e técnicos. Por isso, não estudamos nesta pesquisa os reais aspectos de valores e rentabilidades. MUNARI estabelece, como já vimos no Estado da Arte desta pesquisa, a partir de um problema, uma série de fases que levarão o designer ao encontro da solução desejada. Por considerarmos esta proposta como a mais adequada para um processo de design escolhemos esta metodologia para a realização deste trabalho. As etapas que se seguiu para a obtenção do produto desejado segundo MUNARI:

Problema

Definição do Problema

Componentes do Problema

Recolha de dados

Análise dos dados

(5)

Materiais/tecnologia Experimentação Modelo Verificação Desenho construtivo Solução

2.2.1. Concepção do produto pretendido segundo MUNARI

Trataremos aqui de todos os passos para a obtenção de Acessórios de Moda em Tecidos Jacquard através ligamentos duplos, em especial bolsas e cintos. Trata-se de uma inovação em design têxtil que foi pensada e concebida com o objectivo de redução de custos e tempos no processo de fabrico através da utilização de recursos e tecnologias já existentes. Neste momento não trataremos da concepção da Colecção Identidade Brasil, que será exposta no próximo capítulo (2.3) do desenvolvimento do trabalho prático e que foi desenvolvida como apoio na aplicação desta inovação.

A seguir, apresentam-se os passos para a obtenção de Acessórios de Moda através de inovação de processos em Tecidos Jacquard, segundo a Metodologia Projectual de MUNARI.

2.2.1.1. Problema

Redução de custos e tempos no processo de fabrico de Acessórios de Moda – Bolsas e Cintos, mantendo a qualidade e o bom design no produto e utilizando recursos e tecnologias já existentes.

2.2.1.2. Delimitação do Problema

Acessórios de Moda, em especial neste caso, bolsas e cintos, são lançados num mercado promissor e competitivo devido à grande importância que estes produtos têm no mundo da moda. A moda, ao contrário do traje típico ou do simples vestuário, significa uma constante mudança, possibilitando ao utilizador ser único e inconfundível, e simultaneamente demonstrar a pertença a um grupo. A existência da moda e suas evoluções podem de certa maneira serem explicadas pelos factores sociais, políticos e económicos. Podemos dizer,

(6)

então, que a moda pode ser diferenciadora ou socializadora, e que pretende transformar a vontade das pessoas num produto. A escolha de acessórios de moda para aplicação desta inovação tecnológica prende-se com o facto da bolsa, apesar das evoluções constantes da moda ao longo dos séculos, ser um item que conseguiu manter sua primazia, independente de estilos, evoluções sociais e, mesmo, diferenças culturais.

Encontram-se poucas inovações tecnológicas no que diz respeito ao processo de fabrico neste segmento da indústria, existindo somente preocupação na variação das formas, padrões e cores, apresentadas a cada nova colecção. Considerando que design é um elemento fundamental para agregar valor e criar identidades visuais aos produtos, pretendemos desenvolver um produto capaz de atender às necessidades dos consumidores, levando em conta o design da peça enquanto estética através de pesquisas de moda, de manter ou melhorar a qualidade destes produtos em relação aos produtos semelhantes existentes no mercado, e ainda, obter um produto com menor custo de fabrico através de instrumentos e processos já existentes. Dentre os aspectos incorporados pelo design, nesta pesquisa podemos englobar inovação, qualidade, durabilidade, evolução tecnológica, padrão estético, rápida percepção e uso do produto.

2.2.1.3. Componentes do Problema

Considerando que o design têxtil projecta nos objectos aspectos estéticos, relacionados com a funcionalidade, com a estrutura e com o conforto, tendo fortes incidências psicológicas, trataremos a seguir de componentes importantes neste processo:

Características funcionais: A bolsa é usadas para guardar objectos pessoais, e o cinto é usado para prender, segurar a peça de roupa ao corpo.

Características de materiais: O tipo de material utilizado para Acessórios de Moda – bolsas e cintos, em Tecidos Jacquard pode ser de fibras têxteis naturais e fibras têxteis não naturais (artificiais e sintéticas), em fios simples ou fantasia, dependendo do efeito pretendido. É preciso definir que material vai ser utilizado. Nesta pesquisa, optou-se pelo algodão, por ser o material disponível na Universidade do Minho. O título dos fios de algodão da teia é 31,2 tex e o título dos fios de algodão da trama 24 tex. Ainda sobre materiais, é preciso definir se o acessório vai conter aviamentos, tais como fechos ou botões, e ainda, definir os acabamentos na superfície do produto, como por exemplo, contas, canutilhos, bordados, aplicações, etc. Sabe-se que, em geral, esses acabamentos na superfície dos acessórios encarecem o produto, porém, poderão acrescentar valor final a este produto. Neste caso, não foi aplicado nenhum

(7)

tipo de tratamento superficial aos acessórios em especial, já que são feitos em Tecidos Jacquard, que por si só já possuem características específicas que embelezam a peça. Porém foi definido no desenvolvimento da colecção os tipos de aviamentos utilizados no acabamento das peças, como por exemplo, para segurar a bolsa, argolas em plástico ou metal ou tiras em couro, e ainda, fecho ou botão para fechar a bolsa. E nos cintos, fivelas de metal, ou plástico, ou acabamentos em tecido.

Características psicológicas: Qual o objectivo das pessoas que compram acessórios de moda? O que esperam do produto? Quais os seus valores? Os potenciais consumidores da Colecção de Acessórios de Moda – Identidade Brasil, devem ser ousados e estarem sempre a buscar a inovação e modelos de acordo com as tendências de moda. Dão excessivo valor ao aspecto estético do design e sentem-se mais valorizados no grupo quando utilizam produtos inovadores. A moda pode possibilitar ao utilizador ser único e inconfundível, e conjuntamente demonstrar a pertença a um grupo. Estes são aspectos contrários aos encontrados no traje típico ou do simples vestuário. Porém, a inovação aqui proposta talvez não seja visível ao consumidor enquanto processo de fabrico; isso pode não interessar o consumidor, mas sim o fabricante. O que pretendemos é obter um produto com características estéticas que agradem o consumidor, possua qualidade e durabilidade, e principalmente reduza os custos da produção. Isto fará com que o produto se torne mais barato e assim, mais competitivo.

Características ergonómicas: A mobilidade como se transporta a bolsa é factor a ser observado ao desenvolvermos este produto. Porém, a ergonomia não é um factor relevante em acessórios de moda, pois, as formas e modelagens variam muito, e o consumidor preocupa-se mais com a estética, funcionalidade e utilização da peça.

Características estruturais: Qual é o formato e modelo ideal de acessórios de moda? Qual a preferência do consumidor? Os acessórios de moda podem adquirir vários formatos e tamanhos. Estes formatos e tamanhos variam de acordo com as tendências de moda e utilização do consumidor. Neste caso, foram estudadas as tendências em bolsas e cintos para o verão 2005, com temas relacionados com aspectos culturais do Brasil, que serão apresentadas no próximo capítulo. A preferência do consumidor varia também de acordo com os gostos pessoais e a utilização do acessório. Por exemplo, uma bolsa utilizada durante o dia pode possuir características e utilizações completamente diferentes das bolsas utilizadas em eventos e festas nocturnos. Os aspectos culturais e sócio económicos de uma comunidade também

(8)

podem influenciar as formas e tamanhos dos acessórios, assim como a sua utilização. Como exemplo disto, podemos citar as bolsas e sacos de materiais rústicos utilizadas nas compras em mercados e feiras em muitas aldeias, sem fins estéticos, mas apenas funcionais. Como exemplo em cintos, podemos citar o Obi, que é uma faixa larga de origem japonesa, fazendo parte da indumentária típica e cultural do Japão, e que na década de 80 foi adaptada à moda pelos estilistas japoneses que trabalhavam em Paris.

Porém, neste estudo de formas e estruturas em acessórios de moda é importante salientar que para a utilização da inovação tecnológica pretendida, as formas e tamanhos dos produtos devem ser adaptados às medidas do tear Jacquard, para que possa haver aproveitamento de todo o processo. Colocamos já aqui que, no caso mais específico da amostra projectada para a realização desta pesquisa, utilizaremos as medidas do tear Jacquard da Universidade do Minho para fazer esta adaptação. É de relevada importância tratarmos aqui das estruturas (debuxos) utilizados para a realização desta ideia. Utilizaremos debuxos tafetá, sarja e cetim em tecidos duplos e simples. Todo este processo será explicado detalhadamente nos capítulos que tratarão da parte experimental propriamente dita.

Características económicas: Observar o preço dos concorrentes e perceber qual o montante que as pessoas estão dispostas a pagar por um acréscimo de valor dado pela inovação, é um dado importante. Porém, o que visamos com esta pesquisa é justamente a redução de custos no processo de fabrico. Se esta redução de custos será passada ao consumidor, varia de acordo com as estratégias de preços de cada empresa ou marca. Este processo de redução de custos poderá ser aproveitado unicamente pela indústria, não sendo nem percebida pelo consumidor. Por exemplo, uma marca já conceituada no mercado poderá utilizar esta inovação, criando acessórios que se adaptem ao processo, sem alterar o valor do seu produto, trazendo assim, ainda mais lucros a esta empresa, ou ainda, uma marca que se queira lançar no mercado com acessórios de moda baseado em tendências que agradem o seu consumidor e que possua preços acessíveis, poderá adaptar esta inovação aos seus produtos com sucesso. Tudo irá depender do que pretende a empresa em relação ao seu plano de marketing. A moda exerce força na imposição de altos preços quando os produtos estão vinculados a uma marca de status, salientando a forte influência do conforto psicológico no componente preço. Neste processo é importante termos conhecimentos de mercado, marketing e custos de fabricação, para sabermos se é viável ser comercializado. Assim, levamos em conta que para o desenvolvimento deste produto serão utilizados recursos e tecnologias já existentes, não havendo custos com novas tecnologias.

(9)

2.2.1.4. Recolha de Dados

Para o desenvolvimento desta pesquisa, a recolha de dados referentes aos temas design, moda e tecidos (em especial tecelagem Jacquard) tornou-se imprescindível. Pela importância da obtenção de dados através da pesquisa teórica, que foi realizada e apresentada no Estado da Arte desta pesquisa. Com a recolha destes dados, foi possível pensar mais objectivamente no tema desta dissertação, no desenvolvimento da colecção tendo sempre em mente os aspectos referentes à inovação em acessórios de moda no que diz respeito a redução de custos no processo de fabrico. E, consequentemente desenvolver as amostras e os testes nos ligamentos duplos e nas costuras convencionais.

2.2.1.5. Análise dos Dados

Os dados obtidos revelam, em primeira instância, um mercado com grande potencial. Constatou-se a importância actual do design na indústria têxtil e da moda grande potencial económico. Historicamente constatou-se que o consumidor aceita com facilidades as mudanças nos acessórios de moda e que os considera importantes na composição do visual. Por isso, considera-se este estudo de inovação tecnológica como uma saída para as reduções de custos e tempos nos processos de fabrico, tornando assim os produtos mais competitivos no mercado. Devemos considerar a importância do profissional designer têxtil para o desenvolvimento de novos produtos, aliando o carácter artístico e estético ao funcional e tecnológico, a fim de desenvolver um produto com qualidade, preço acessível e que vai ao encontro das necessidades do consumidor. Assim, a proposta de desenvolver acessórios de moda através de ligamentos duplos em tecelagem Jacquard, acredita-se ser uma boa solução para o problema de redução de custos e tempos no processo de fabrico num mercado cada vez mais competitivo.

2.2.1.6. Criatividade

A criatividade consiste na melhor maneira de agrupar os dados colectados em busca da melhor solução. Levando em conta a compreensão de GOMES, já citada no Estado da Arte (p.27) desta pesquisa, que entende criatividade como sendo um conjunto de factores e processos, atitudes e comportamentos que devem estar presentes em todo o processo criativo. Assim, ainda podemos dizer que a criatividade pode apresentar-se através da ilusão, da invenção e da inovação. Em muitos, casos a criatividade deverá ultrapassar as limitações próprias de cada método, normalmente provenientes dos aspectos mecânicos de produção, alargando assim as

(10)

mercado em que actua. Consideramos importante entender os artigos têxteis como objectos, passando pelas suas múltiplas funções, e ainda, pelo estudo dos métodos de fabrico ao nível industrial.

No que diz respeito a esta pesquisa de inovação, a solução que apresentamos é a utilização do potencial dos ligamentos duplos em tecidos Jacquard para o desenvolvimento de acessórios de moda, em especial bolsas e cintos, de modo a reduzir custos e tempos no processo de fabrico destes produtos, trazendo mais produtividade e lucros para a indústria, utilizando-se máquinas de Tecelagem Jacquard electrónicas convencionais. Sabendo da abertura e aceitação desta indústria em relação aos novos processos e tecnologias, acreditamos nesta proposta de inovação.

2.2.1.7. Materiais/Tecnologias

Entende-se que deve haver o domínio das tecnologias utilizadas no processo de fabrico, em todos os aspectos, antes da preocupação com as características formais e de estética. Em design têxtil, muitas vezes serão as tecnologias que irão determinar a capacidade criativa através de aspectos específicos. É de total importância, além do domínio das tecnologias, o conhecimento das matérias-primas e suas características para a concepção deste produto. Para a obtenção do produto pretendido foram utilizados os seguintes materiais e tecnologias: Material dos Fios: material 100% algodão, o título dos fios de algodão da teia possui a medida de 31,2 tex e o título dos fios de algodão da trama 24 tex., disponível no Laboratório de Processos Têxteis da Universidade do Minho;

Tecnologias para o desenvolvimento do desenho e do modelo do produto:

Desenvolvimento do design de superfície e do modelo do produto nos programas gráficos Corel Draw e Photoshop. Realização do projecto obedecendo às medidas da máquina Jacquard onde será realizada a amostra.

(11)

Fig. 3.3. Desenho trabalhado no Programa Corel Draw Fig. 3.4. Desenho trabalhado no Programa Photoshop

Fig. 3.5. Desenho trabalhado no Programa Photoshop Fig. 3.6. Desenho trabalhado no Programa Photoshop

Tecnologias para o desenvolvimento do debuxo do tecido Jacquard: Como já sabemos debuxo engloba a noção de design de tecidos, sendo apenas uma parte do design têxtil, referindo-se ao desenho da estrutura do tecido. Nesta etapa, com o desenho do modelo e o design de superfície prontos, ocorre o desenvolvimento do debuxo do tecido do produto, neste caso uma bolsa, onde serão realizados os testes de resistência dos ligamentos e das costuras. Para este processo fez-se da utilização do programa Vision Texcelle – Ned Graphics para adaptação e redução de cores em tecelagem Jacquard.

(12)

Fig. 3.7. Programa Vision Texcelle

Desenvolvimento dos debuxos em papel quadriculado e posteriormente o transporte destes debuxos para o programa Weaver NT Product Creator – Ned Graphics. Este programa possibilita o encaixe das estruturas de cada cor directamente no desenho.

(13)

Fig.3.9. Weaver NT Product Creator

Finalização do processo digital do debuxo com a gravação da disquete no programa gerenciador de cartões Fabric Editor – Ned Graphics para posterior utilização e fabrico do tecido no tear Jacquard Bonas. Este programa possibilita a visualização e simulação do desenho com seus debuxos. Abaixo o desenho encontra-se ampliado na tela do computador.

(14)

Tecnologias para o desenvolvimento do produto: Como já sabemos, o produto a ser desenvolvido é uma bolsa, que servirá como acessório de moda. Neste processo, será desenvolvido o produto em tecelagem Jacquard, através de tecidos duplo, no tear Jacquard, disponível no Laboratório de Processos Têxteis do Departamento de Engenharia Têxtil da Universidade do Minho. O mesmo tear será usado na produção de tecidos que serão ligados e acabados através de costura convencional. Neste processo utilizou-se a máquina de recobrimento disponível no Laboratório de Tecnologias de Confecção da mesma universidade.

Fig. 3.11. Tear Jacquard Bonas – electrónico – Universidade do Minho

(15)

Tecnologias para os testes de resistência nos ligamentos e costuras convencionais: Utilização do dinamómetro Hounsfield H 100 KS, disponível no Laboratório de Física Têxtil e Investigação do Departamento de Engenharia Têxtil da Universidade do Minho.

Fig. 3.13. Dinamómetro Hounsfield H 100 KS – Universidade do Minho

Tecnologia para a confecção e acabamentos: Na finalização e acabamento do produto utilização do processo de confecção através de máquinas de costuras convencionais, linhas e agulhas específicas.

2.2.1.8. Experimentação

A fase de experimentação é muito importante num trabalho científico, e também, no processo de desenvolvimento de novos produtos. Esta etapa será colocada mais especificamente no capítulo 2.4 do Trabalho Pratico. Por este motivo, não entraremos em detalhes neste espaço.

2.2.1.9. Modelo

Os resultados do processo de criatividade, oriunda da análise dos dados colectados, fizeram surgir esboços de modelos que se foram aperfeiçoando para compor a Colecção Identidade Brasil, exposta no próximo capítulo 2.3 desta pesquisa. Foi escolhido um dos modelos para

(16)

ser desenvolvido como protótipo e utilizado na realização da amostra e ensaios, que acompanha este trabalho.

Fig. 3.14. Modelo escolhido para realização da pesquisa

2.2.1.10. Verificação

Esta etapa constitui na verificação da ideia pretendida através de protótipos e possíveis falhas no processo. Etapa que ainda será melhor relatada ao longo desta pesquisa.

2.2.1.11. Desenho Construtivo

Esta etapa constitui na elaboração do protótipo final, o projecto representado graficamente na sua totalidade, com todas as suas características. Não se pode pensar em design sem a realização de um desenho técnico que especifique as características do produto e suas dimensões; este desenho representará graficamente a ideia. Apresenta-se o desenho técnico da bolsa que servirá como modelo para a experimentação e também os desenhos técnicos de cintos, que não serão testados, apenas servirão como ilustração. Porém, acredita-se ser possível sua obtenção pelo mesmo processo utilizado nas bolsas. O desenho técnico do produto é acompanhado por um descritivo do projecto com dados específicos e detalhados para uma maior compreensão do fabricante ou do espectador.

(17)

X = largura= 31c m

y = altura = 48c m

Tafetá - duplo Tafetá Sarja - duplo Cetim - duplo

Y

X

2 1,5 1,5 28 c m 38 c m 8 c m

A

1

Frente

Fig. 3.15. Desenho Técnico Bolsa 1 – frente A

A

Frente

X = total largura= 95c m y = total altura = 48c m

Y

X

2 1, 5 1, 5 1, 5 1, 5 1, 5 1, 5 0, 5 0, 5 0,5 0,5 28 c m 28 c m 28 c m 95 c m 38 c m 8 c m

Fig. 3.16. Modelo Desenho Técnico Bolsa 1 – frente A

Nos projectos anteriores, que se refere ao mesmo produto, podemos visualizar a bolsa na parte da frente. Este desenho foi numerado como nº 1, e se tratando da referência frente como A. Num primeiro momento, como podemos observar na fig. 3.15 foi projectadode acordo com as dimensões do tear utilizado e já mencionado anteriormente. O tear Jacquard possui na sua totalidade cerca de 95 cm, a partir daí idealizou-se o modelo que pode ser observado na fig.3.16. As cores definem as estruturas (debuxos) utilizadas na construção do tecido e dos ligamentos duplos. Nos projectos que seguem na próxima página, podemos visualizar o verso do objecto e seu modelo, com as mesmas dimensões, porém, sem o desenho (flor) que ornamenta a bolsa. O verso do objecto foi referido como B.

(18)

Desenho Técnico Bolsa 1 – verso B:

X = largura= 31c m

y = altura = 48c m

B

Y

1, 5 1, 5 28 c m 8 c m

X

2

38

c

m

Ta fe tá Ta fetá - d up lo

Verso

Fig. 3.17. Desenho Técnico Bolsa 1 – verso B

B

Verso

X = total largura= 95c m

y = total altura = 48c m

Y

X

2 1, 5 1, 5 1,5 1, 5 1,5 1,5 0, 5 0, 5 0, 5 0, 5 28 c m 28 c m 28 c m 95 c m

38 c

m

8 c m

Fig. 3.18. Modelo Desenho Técnico Bolsa 1 – verso B

Os próximos projectos referem-se aos desenhos técnicos dos cintos. Estes desenhos seguem as mesmas orientações, medidas e características da bolsa, porém, foram realizados 3 propostas de diferentes desenhos. Ao observarmos o desenho nº 1 (fig. 3.19), verificamos que possui aberturas para a possível introdução de algum material (plástico, cartão) para dar mais formato ao objecto, abertura esta que não encontramos no desenho nº 2 (fig. 3.20), que tem como proposta o fechamento total do objecto, sem nenhuma abertura. No desenho nº 3 (fig. 3.21), temos a possibilidade de variar o lado do uso do objecto, podendo-se fazer 2 desenhos

(19)

diferentes, um de cada lado. Estas propostas foram idealizadas obedecendo à largura do tear Jacquard utilizado e utilizando-se do mesmo processo da bolsa, através de tecidos duplos. Desenho Técnico Cinto 1 – frente A e verso B:

95 cm

95 cm

8 8 12 c m 12 c m 2 2 2 2

B

A

1

Frente

Verso

X =

X =

Y

Y

Ta fetá - d up lo Ta fetá Sa rja - d up lo C etim - d up lo X = largura= 95c m y = altura = 12c m Ta fe tá Ta fetá - d up lo

Fig. 3.19. Desenho Técnico Cinto 1 – frente A e verso B

Desenho Técnico Cinto 2 – frente A e verso B:

95 c m 95 c m 8 8 12 c m 12 c m 2 2 2 2

B

A

Frente

Verso

X =

X =

Y

Y

Tafetá - duplo Tafetá Sarja - duplo Cetim - duplo X = la rg ura = 95c m y = a ltura = 12c m Tafetá Tafetá - duplo

2

9 1 c m 2 2

Fig. 3.20. Desenho Técnico Cinto 2 – frente A e verso B

(20)

95 c m 95 c m 8 8 12 c m 12 c m 2 2 2 2

B

A

Frente

Verso

X =

X =

Y

Y

Tafetá - duplo Tafetá Sarja - duplo Cetim - duplo Cetim - duplo X = la rg ura = 95c m y = a ltura = 12c m Tafetá Tafetá - duplo

3

9 1 c m 9 1 c m 2 2 2 2

Fig. 3.21. Desenho Técnico Cinto 3 – frente A e verso B

Nos projectos que seguem, utilizou-se o mesmo processo dos anteriores, porém, fez-se o objecto tendo em conta a largura do tear e tornando a altura como a medida do comprimento do objecto, assim poderemos determinar a extensão do objecto conforme desejamos.

Desenho Técnico Cinto 1 – frente A – modelo:

Frente

Y

X

10 10 10 10 10 10 10 10 10 0 ,5 0 ,5 0 ,5 0,5 0 ,5 0 ,5 0 ,5 0 ,5 0,5 0 ,5 2 22 22 22 22 2 22 22 2 2 2 95 c m 1 2 0 c m

A

1

X = total largura= 95c m y = total altura = 120c m Tafetá Sarja - duplo Cetim - duplo

(21)

Desenho Técnico Cinto 1 – verso A – modelo:

Y

X

10 10 10 10 10 10 10 10 10 0 ,5 0 ,5 0,5 0,5 0 ,5 0 ,5 0 ,5 0 ,5 0,5 0 ,5 2 22 22 22 22 2 22 22 2 2 2 95 c m 1 2 0 c m

1

X = total largura= 95c m y = total altura = 120c m

Verso

Tafetá

Fig. 3.23.Modelo Desenho Técnico Cinto 1 – verso A

2.2.1.12. Solução

Esta fase constitui a última etapa do trabalho, quando o novo produto está pronto e testado. Observação dos resultados finais e possíveis e ainda novas possibilidades de aplicações do processo. Esta fase ainda será melhor relatada ao longo desta pesquisa.

2.3. Metodologia Projectual em Moda – Concepção da Colecção de

Acessórios de Moda

Baseado nos estudos teóricos, seguiremos em parte a metodologia projectual em moda, proposta por PIRES (2002), e já referida no Estado da Arte desta pesquisa. Esta metodologia projectual foi adaptada para o desenvolvimento da Colecção Identidade Brasil de Acessórios de Moda – Bolsas e Cintos, levando em conta a proposta de concepção de novos produtos em Tecelagem Jacquard através de tecidos duplos com o objectivo de optimizar este processo. Convém salientar que esta proposta foi ajustada ao tipo de produto desenvolvido anteriormente, ou seja, acessórios de moda, em especial bolsas e cintos. Alguns dos itens não

(22)

obtiveram comentários mais profundos por entendermos que não fazem parte do principal objectivo desta pesquisa de Mestrado ou por não termos recursos para tal. Apresenta-se detalhadamente a proposta seguida para o desenvolvimento da Colecção Identidade Brasil, baseada nos estudos de PIRES (2000).

2.3.1. Definição da linha de produtos

Acessório de moda, em especial bolsas e cintos, esta é a linha de produtos. A Colecção Identidade Brasil, está associada ao sexo feminino, mulheres preocupadas com a moda e com a imagem da marca.

ID

EN

TIDADE

BRASIL

Fig. 3.24.Capa da pasta da pesquisa da Colecção Identidade Brasil

2.3.2. Capacidade industrial e de vendas

Este item é considerado de elevada importância, porém não foi estudado com relevância, pois não faz parte dos objectivos fundamentais desta pesquisa. Acredita-se que por ser um produto com características inovadoras, e que possui uma grande capacidade de produção industrial, pois para o processo de fabrico são utilizados tecnologias e ferramentas já encontradas no mercado, diminuindo assim, o custo, seja aceite bem no mercado. Também apostamos na diferenciação pelo design e pelo conceito da marca, para acrescentar valor ao produto.

(23)

2.3.3. Analise de mercado

Nesta etapa, visamos a definição do perfil do consumidor e o posicionamento da marca. Sabendo que o consumidor é o centro de todo trabalho de criação, é sempre fundamental que tenhamos um grande número de informações em relação a ele. Definir o público-alvo vai muito além de determinar o sexo, a faixa etária e a classe social. A decisão de compra de um indivíduo é o resultado de uma gama complexa de factores, que vão deste os culturais, sociais e psicológicos. Estes factores são muito úteis na identificação dos interesses pessoais dos compradores e a adequação dos produtos e apelos na tentativa de melhor atender suas necessidades. A adequação do produto ao nicho de mercado é o ideal, apostando na marca e conquistando o cliente que retorna em busca desta marca com que se identificou.

Não foi realizada uma pesquisa de mercado para encontrar estas definições já que não faz parte dos objectivos deste trabalho, porém, criou-se, a Colecção Identidade Brasil com características em relação ao estilo do consumidor. Dentre os 3 estilos principais de consumidores, o Tradicional, o Fashion e o de Vanguarda, o consumidor da marca Identidade Brasil, é considerado Fashion.

O consumidor Fashion é aquele público que mais consome, o público da moda, ou seja, valoriza demasiado a moda, as etiquetas e a juventude. É um consumidor nato de todos os tipos de produtos que estejam na moda. É socialmente activo; é sofisticado e flexível. Aceita novidades com muita facilidade e gosta de pertencer a um grupo. Aprecia modelagem confortável, estilo contemporâneo e coordenado.

2.3.4. Avaliação da colecção anterior

Este item não pode ser considerado, pois trata-se no momento de uma única colecção para ilustração e aplicação da proposta desta pesquisa de Mestrado. Porém, foi realizado uma pesquisa nas colecções passadas de grandes marcas e estilistas de acessórios que será citada no próximo capítulo.

2.3.5. Avaliação do que foi moda nas últimas estações

Foi realizada uma avaliação do que foi moda nas últimas estações, através de pesquisa em grandes marcas e designers de moda para a realização da Colecção Identidade Brasil. Esta avaliação pode definir as direcções para a futura colecção. Esta pesquisa foi realizada através da Internet e de revistas especializadas e poderão ser observadas na data da apresentação do Mestrado, pois, foi organizada através de recortes e colagens em arquivo numa pasta. Esta

(24)

Fig. 3.25.Pesquisa do que foi moda na última estação

2.3.6. Elaboração de um cronograma

Compreende-se que o cronograma seja o calendário para o desenvolvimento da colecção. A moda funciona através de um longo mecanismo industrial, que inicia na produção das fibras e dos fios que vão compor os tecidos, até a confecção e comercialização. Na cadeia têxtil ou cadeia industrial têxtil englobam-se todos os processos que de maneira organizada e ligada permitem a transformação de uma matéria-prima têxtil em uma forma de vestimenta, acessório, revestimento e outros. Para que essa cadeia funcione, é preciso que todos os elos estejam muito bem coordenados em termos do que e quando produzir. Por este motivo, a existência de uma espécie de calendário comum, que normalmente é chamado de “timing da moda”.

Para o desenvolvimento da Colecção Identidade Brasil, observamos o calendário proposto por VICENT-RICARD, porém adaptamos à realidade dos nossos dias, pois os prazos são cada vez mais curtos, e onde a grande arma é a rapidez na resposta aos clientes. Podemos dizer ainda que esta actual realidade é em função da evolução tecnológica, do acesso mais rápido à informação, e da abertura dos mercados. O calendário proposto por VICENT-RICARD, que já foi citado no Estado da Arte – Moda, desta pesquisa de Mestrado, é o seguinte:

1 - As cores são pensadas e decidas de 24 a 30 meses antes da estação em que a roupa estará na vitrina;

(25)

3 - Os tecidos, por sua vez, 12 meses antes;

4 - A confecção (de roupas, acessórios, complementos), 9 meses antes;

5 - Tudo isso para que as colecções sejam apresentadas e vendidas nas lojas 6 meses antes da estação chegar.

Como já dissemos, este calendário já não corresponde aos dias de hoje. Por isso, ao desenvolvermos a Colecção Identidade Brasil, adoptamos o seguinte cronograma:

1 – Primeiramente foram pesquisados as cores que serão usadas nas estações primavera/verão 2005. Esta pesquisa foi realizada através da Internet. Dentre uma vasta gama de cores que serão tendência foram escolhidas 24 cores para compor a Colecção Identidade Brasil. Esta pesquisa foi realizada com 2 anos de antecedência da estação pretendida;

2 – Os fios utilizados na colecção foram pensados simultaneamente com as cores, pois optou-se por fios 100% algodão;

3 – O desenho das formas e os temas da Colecção foram realizados com 1 ano de antecedência; 4 – Os tecidos em Tecelagem Jacquard foram realizados com 1 ano de antecedência;

5 – A confecção só é realizada nos acabamentos da peça, pois o processo idealizado elimina a confecção no que diz respeito à união de partes da peça. O protótipo da peça foi realizado 7 meses antes do lançamento da Colecção;

6 – Esta etapa não foi realizada pois a Colecção Identidade Brasil é imaginária, porém, se fosse lançada no mercado estaria nas montras 4 meses antes da estação chegar.

Este cronograma foi idealizado dentro do que deveria ser uma pesquisa organizada de uma Colecção, porém, sabe-se que em muitas empresas isso não funciona. Estas empresas optam por fazer cópias de grandes marcas, e não por ter seu próprio conceito de marca.

Deverá também ser realizado um cronograma semanal de todo o processo, dentro da organização, pois envolve vários sectores da cadeia têxtil.

Dentro de uma empresa este cronograma deverá ser entregue aos responsáveis de todos os sectores, para que o processo aconteça de uma forma organizada.

2.3.7. Pesquisa

A pesquisa realizada para o desenvolvimento da Colecção Identidade Brasil, foi realizada em feiras do sector, viagens, revistas especializadas, catálogos e cadernos de tendências e Internet. Parte desta pesquisa encontra-se arquivada e poderá ser observada durante a apresentação desta pesquisa de Mestrado.

(26)

Fig. 3.26.Pesquisa de Moda Fig. 3.27.Pesquisa de Moda

2.3.8. Colecta e analise dos dados

A colecta de dados e imagens realizada durante a pesquisa foi reunida e arquivada numa pasta através de painéis e textos explicativos, pasta esta que já foi citada e que estará a disposição para ser observada durante a apresentação desta pesquisa de Mestrado. A análise destes dados foi de extrema importância para o desenvolvimento da Colecção Identidade Brasil, sendo possível assim, tornar esta colecção planeada e organizada.

2.3.9. Definição do conceito e referências

Nesta fase do desenvolvimento da Colecção Identidade Brasil, primavera/verão 2005 evidenciou-se o conceito da marca Identidade Brasil, que pode ser definida como étnica, moderna e alegre. O conceito de marca é definido pelo departamento de Marketing mas deve ser de todo conhecimento do designer, para que este lhe dê forma, cor, materiais e texturas.

(27)

IDENTIDADE BRA

SIL

Fig. 3.28. Catálogo Colecção Identidade Brasil

Esta colecção faz referência aos aspectos culturais do Brasil, e foi dividida em 4 temas. Estes temas são Viva Vida, Missões de Fé, Caras Imagens e Sagrada Alegria.

Tema 1 – Viva Vida – Este tema faz referência à natureza, ao meio ambiente e à importância da preservação. O Brasil é um dos países com maior nível de biodiversidade do planeta. Infelizmente, vários factores têm contribuído para a destruição de grandes áreas dos ecossistemas mais ricos do país, como a Amazónia, Pantanal, Mata Atlântica e Cerrado. A Amazónia, considerada “pulmão do mundo”, está ameaçada, e várias espécies da fauna e flora estão em extinção. A riqueza e a beleza natural do Brasil são imensas, por isso a escolha deste tema.

Fig. 3.29. Tema Viva Vida – Colecção Identidade Brasil

Tema 2 – Missões de Fé – Este tema faz referência à religiosidade do povo brasileiro. Esta religiosidade pode ser observada nas manifestações de fé e esperança espalhadas por todo o país. No Brasil encontram-se praticamente todas as religiões, credos e seitas, fazendo com que

(28)

Fig. 3.30.Tema Missões de Fé – Colecção Identidade Brasil

Tema 3 – Sagrada Alegria – Neste tema procuramos mostrar a alegria do povo brasileiro através do colorido das festas populares. O Brasil é conhecido mundialmente pelo Carnaval, a maior festa popular brasileira, que percorre o país de norte a sul. Felizmente o Brasil também é conhecido como o país do futebol, desporto que traz muitas alegrias ao povo brasileiro. Em campeonatos mundiais de futebol, não há nenhum brasileiro que não use as cores da bandeira. O samba, este som e ritmo tão radiante que encanta todo o mundo e transforma qualquer momento em festa. As festas populares brasileiras são muitas, e se diferenciam e espalham por todas as regiões do país, fazendo com que caracterize de um modo especial a região e seu povo.

Fig. 3.31.Tema Sagrada Alegria – Colecção Identidade Brasil

Tema 4 – Caras Imagens – Este tema é caracterizado pela diversidade cultural e mistura de raças que forma o Brasil. O Brasil é um complexo “caldeirão” cultural, onde estão imersos os padrões de comportamento, as crenças, a instrução e tudo o que mais pode contribuir para a

(29)

formação do comportamento. É esta complexidade e mistura de tantas raças que identifica o povo brasileiro. Salienta-se o povo indígena, o negro e o branco.

Fig. 3.32.Tema Caras Imagens – Colecção Identidade Brasil

2.3.10. Primeiro registo visual da colecção

O primeiro registo visual da colecção neste caso pode ser chamado de Briefing. É um sumário que expressa de modo visual o todo da colecção, incluindo as cores, formas e materiais. O Briefing da Colecção Identidade Brasil é tudo que já foi realizado até aqui.

2.3.11. Definição de cores, estruturas e formas, tecidos e aviamentos

A Colecção Identidade Brasil é composta por 24 cores, divididas entre os 4 temas. Estas cores foram combinadas entre si de maneira harmoniosa e em sintonia com cada tema. Cada tema possui 3 variações de combinações das cores. As cores foram pesquisadas e escolhidas de acordo com as tendências primavera/verão 2005. Todas as cores da Colecção Identidade Brasil foram baptizadas com nomes característicos referentes aos temas.

(30)

Colec ç ão

Sagrada Alegria

Colec ção

Missões de Fé

Colec ç ão

Viva Vida

Colec ç ão

Caras Imagens

Verde abacate Rosa boto Campeiro Azul bandeira

Amarelo selec ção Verde alegria Rosa mangueira Rosa coração Laranja folia Imembui Guarani Vermelho Áfric a Imbé Verde marajoara Vinho Uva Rosa anjo Azul paz Azul mar Amarelo doc e Castanheira Morango Amarelo petunia Papaia

Fig. 3.33.Paleta de Cores – Colecção Identidade Brasil

As estruturas e formas da Colecção Identidade Brasil foram desenhadas de acordo com as dimensões do tear Jacquard utilizado para a realização das amostras. Primeiramente foi realizada uma pesquisa de tendências em formas em bolsas e cintos, depois foram feitos vários croquis e escolhido 4 modelos de bolsas e 4 modelos de cintos. Estes croquis podem ser observados na data da apresentação desta pesquisa de Mestrado, pois encontram-se organizados numa pasta.

(31)

Fig. 3.34.Croquis das formas – Colecção Identidade Brasil

A Colecção Identidade Brasil foi idealizada com material 100% algodão.

Nos aviamentos foram utilizados materiais que variam conforme o modelo e o tema. Os materiais utilizados nos acessórios são coco, madeira, metal, couro, acrílico e plástico.

Colec ção

Sagrada Alegria

Colec ção

Missões de Fé

Colec ção

Viva Vida

Colec ção

Caras Imagens

(32)

2.3.12. Desenvolvimento de novas cores, materiais, bordados, aplicações

Na Colecção Identidade Brasil foram desenvolvidos novos desenhos em tecido Jacquard e utilizou-se o processo de ligamentos através de tecidos simples e duplos. Os desenhos de superfície dos tecidos Jacquard fazem referência aos temas da colecção. As cores da colecção foram baptizadas de acordo com os temas, tornando-as originais.

Fig. 3.36.Desenhos de superfície – Colecção Identidade Brasil

Os materiais e aplicações já existem no mercado. No tema Viva Vida as alças das bolsas são de coco, fruta típica do Brasil, e que possui uma forma circular. As fivelas dos cintos também são de coco recortado em forma de flor e pintados com tintas especiais. No tema Missões de Fé as alças das bolsas são de madeira com aplicações em metal, e a parte que fecha a bolsa é em couro. As fivelas dos cintos são em metal.

Argola em casc a de c oc o c asca de c oc o Couro Metal Metal Madeira

Fig. 3.37.Aplicações – Viva Vida Fig. 3.38.Aplicações – Missões de Fé

No tema Sagrada Alegria as alças das bolsas são em tecido e presas por fivelas de acrílico colorido. Os cintos possuem fivelas em acrílico colorido. No tema Caras Imagens as alças das bolsas são em tecido presas por argolas de metal, e a parte que fecha a bolsa é em tecido presa por um pequeno botão. Os cintos possuem uma fivela em plástico forrada com tecido e ao centro desenho em Jacquard aplicado.

(33)

Tec ido

Ac rílic o

Tecido

Aplic aç ão em Jacquard Metal

Plástico Botão em metal

Fig. 3.39.Aplicações – Sagrada Alegria Fig. 3.40.Aplicações – Caras Imagens

2.3.13. Criação e geração de alternativas

Esta etapa refere-se aos croquis, que já foram citados anteriormente e a criação e variação de alternativas. Optamos por evidenciar aqui as propostas de variações de cores. Para cada tema foram desenvolvidos 3 variações de cores no mesmo modelo.

Co le c ç ã o V iv a V id a

Variaç ões de Cores

Fig. 3.41.Variações de Cores – Viva Vida Fig. 3.42.Variações de Cores – Missões de Fé

(34)

2.3.14. Selecção dos modelos

Nesta etapa faz-se a selecção final dos modelos que serão desenvolvidos e farão parte da colecção. Nesta fase muitos dos modelos realizados em croqui foram abandonados e as características finais dos modelos já estão estabelecidas.

2.3.15. Modelagem plana do protótipo

Nesta fase foram definidas as bases e a transformação das ideias em formas concretas. A modelagem foi pensada não somente na execução do modelo, mas preocupou-se com a viabilidade de produção em série. Fez-se o desenho com as medidas adaptadas ao tear Jacquard utilizado e de acordo com a proposta de união das partes do objecto através dos ligamentos do tecido.

2.3.16. Modelo sem detalhes

Foi realizado uma analise da forma, em tecido semelhante, porém sem as cores e detalhes da peça idealizada. Na imagem abaixo podemos visualizar o saco desenvolvido sem desenho, apenas com os ligamentos e formas.

Fig. 3.45.Modelo desenvolvido em detalhes

2.3.17. Confecção de protótipos

Foram desenvolvidos protótipos para amostras e testes sem o desenho de superfície, e protótipos para apresentação da pesquisa.

(35)

2.3.18. Verificação dos modelos e viabilidade – Analise técnica comercial

Nesta etapa compreende-se a apresentação da colecção e protótipos para avaliação e aprovação para o departamento de produção para verificação de índices de dificuldades, e ainda apresentação ao departamento comercial para avaliação de preços de mercado e adequação ao mercado concorrente. Esta etapa não foi realizada, pois não faz parte dos objectivos da pesquisa de Mestrado.

2.3.19. Montagem do protótipo corrigido

Realização do protótipo final corrigido.

2.3.20. Peça piloto

A peça piloto é um documento, pois, servirá de orientação para toda a produção e deve incorporar todas as características do produto final.

2.3.21. Montagem da ficha técnica

A montagem da ficha técnica é a oficialização da peça. Cada ficha contém todos os detalhes de cada modelo, tanto para produção interna ou externa. Também serve para a formação dos preços, controlo e planeamento da produção, e ainda, para o planeamento de compras de materiais, descrição da metodologia de fabricação, e amostras.

2.3.22. Custos e preço de venda

Esta etapa não foi realizada, pois não faz parte dos objectivos desta pesquisa.

2.3.23. Aquisição de matéria-prima

Esta etapa não foi realizada, pois não faz parte dos objectivos desta pesquisa.

2.3.24. Ampliação, Redução e Graduação dos modelos

Esta etapa não foi realizada, pois entendemos que se tratando deste processo, em tecelagem Jacquard, as medidas foram estabelecidas de acordo com as dimensões do tear Jacquard utilizado.

(36)

2.3.25. Estudo de risco e corte

O risco e corte das peças foram determinados de acordo com as dimensões do tear Jacquard utilizado no processo. Assim, os modelos forma pensados sempre como modelo, já que a proposta é que o objecto saia semi-pronto do tear, necessitando das costuras convencionais somente nos acabamentos.

2.3.26. Acompanhamento

Esta etapa diz respeito ao acompanhamento do desenvolvimento da peça, para que não perca suas características iniciais em funções de adaptações. As peças apresentadas nesta pesquisa foram desenvolvidas e devidamente acompanhadas pela aluna responsável por esta pesquisa e por sua orientadora.

2.3.27. Confecção de mostruários

Os mostruários devem ser acompanhados de cartela de cores e tecidos. Normalmente é o mostruário que representa a empresa nas feiras, desfiles, show-rooms, reuniões com compradores e representantes. A partir daqui é que inicia as vendas e a programação da produção. Esta etapa não foi realizada, pois não faz parte dos objectivos desta pesquisa.

2.3.28. Orientação dos sectores

Esta é uma importante etapa, pois, trata de orientar todos os sectores envolvidos e enviar material com estas informações para que se consiga unidade de linguagem. Esta etapa não foi realizada, pois não faz parte dos objectivos desta pesquisa.

2.3.29. Determinação das embalagens e etiquetagem

Esta etapa trata de determinar as embalagens a serem utilizadas, como caixas, cabides, sacos plásticos, e também das etiquetas (composição e marca) e tags. No caso da Colecção Identidade Brasil, esta etapa não foi realizada.

2.3.30. Determinação da Política de Comunicação

Esta etapa não foi realizada por completo. Na Colecção Identidade Brasil desenvolveu-se um catálogo – protótipo em formato papel através de recursos gráficos caseiros. Foi desenvolvido também uma apresentação da colecção através de um CD que acompanha este trabalho. O

(37)

catálogo e o CD têm objectivo promocional e poderá ser observado na data da apresentação desta pesquisa de Mestrado.

2.3.31. Determinação das Estratégias de vendas

Esta etapa não foi realizada, pois não faz parte dos objectivos desta pesquisa.

2.3.32. Definição da programação da produção

No caso da Colecção Identidade Brasil, por se tratar de uma colecção com fins aplicativos do processo de ligamentos em tecelagem Jacquard esta etapa não foi realizada. Porém é de grande importância, pois trata de estudar a maneira mais fácil de execução industrial e também a boa rentabilidade.

2.3.33. Produção das Peças

Esta etapa não foi realizada, pois não faz parte dos objectivos desta pesquisa, porém compreende-se que deve ser realizada segundo as programações de vendas.

2.3.34. Determinação da Politica de Distribuição

Esta etapa não foi realizada, pois não faz parte dos objectivos desta pesquisa.

2.3.35. Lançamento da colecção

Esta etapa não foi realizada, pois não faz parte dos objectivos desta pesquisa.

2.3.36. Mercado

Esta etapa não foi realizada, pois não faz parte dos objectivos desta pesquisa.

3. Processo para obtenção do produto proposto – Experimentação

Esta é uma etapa muito importante deste trabalho de pesquisa, pois, trata dos ensaios realizados para a obtenção do produto pretendido. Trataremos aqui de todos os passos do trabalho prático. Inicialmente será especificado o processo de obtenção do desenho nos programas CAD utilizados. Depois trataremos do desenvolvimento dos tecidos e do produto no tear Jacquard e dos provetes para os ensaios. E finalmente trataremos dos ensaios dos testes de resistência nos ligamentos e nas costuras utilizadas.

(38)

3.1. Tecnologias de Sistemas CAD utilizados no desenvolvimento do desenho

e dos debuxos – Experimentação

Salientamos aqui que foi utilizado o desenho modelo citado no capítulo 2.2.1.9. desta pesquisa para o desenvolvimento do protótipo. Para o desenvolvimento das amostras de tecidos e dos ligamentos foi utilizado o mesmo desenho, porém sem a flor, ou seja, foi concebido um saco simples apenas com os ligamentos, porém obedecendo às mesmas medidas e modelo.

Y

X

Ta fetá

Ta fetá - d up lo

Y

X

X = largura= 31c m

y = altura = 48c m

X = total largura= 95c m

y = total altura = 48c m

(39)

O trabalho nos sistemas CAD para tecelagem Jacquard inicia quando introduzimos o desenho projectado anteriormente no computador como imagem jpge. Este desenho foi desenvolvido utilizando um desenho feito à mão que foi digitalizado via scanner e introduzido no computador. A imagem foi tratada nos programas Corel Draw e Photoshop e introduzida no programa Vision Texcelle – Ned Graphics para adaptação e redução de cores em tecelagem Jacquard. Esta é uma das etapas mais demoradas, pois, é necessário fazer o ajuste e estudo das cores, a distribuição, composição e formas, que compreende a redução, limpeza, correcções de contornos e ajustes ao desenho.

Fig. 3.47.Projecto sem a flor

Este desenho foi desenvolvido levando em conta a largura do tear Jacquard utilizada na concepção do produto pretendido. Esta máquina possui a largura útil aproximada de 95 cm, que equivale a 3.456 fios no total. O modelo foi repetido 3 vezes, equivalendo a 1.152 fios cada modelo. Sabe-se que o valor da medida em cm é de 39 fios/cm, por isso, cada objecto (bolsa) possui aproximadamente 28 cm de largura. As demais características do tear serão especificadas no próximo capítulo da parte experimental. O nome dado a este desenho foi “duascores”.

O próximo passo é o desenvolvimento dos debuxos em papel. Para a realização do debuxo utilizado na experimentação foi usada a estrutura fundamental tafetá. O tafetá é o debuxo mais simples e mais utilizado, e pode ser considerado como sendo uma sarja simples. Com a aplicação do tafetá obtém-se tecidos leves e de grande maleabilidade em termos de conforto. Outra característica do tafetá é que o lado direito é sempre igual ao lado avesso do tecido, que possui um aspecto liso.

(40)

O processo utilizado para obtenção de um objecto 3D numa máquina Jacquard foi através de tecidos duplos. Os tecidos duplos caracterizam-se por terem duas teias e duas tramas, sendo constituídos por duas teias tecidas simultaneamente uma sobre a outra e devidamente ligadas de modo a construir um único tecido. O direito da tela superior e o avesso da tela inferior formam a parte visível do tecido.

A ordem utilizada é 1 e 1 à teia e à trama, e o debuxo das duas telas como já foi dito é o tafetá. Estas características fizeram com que imaginássemos a obtenção de artigos de moda, especialmente bolsas e cintos, através deste processo.

Na fig. 3.48, os debuxos das estruturas utilizadas no desenvolvimento do produto proposto.

S

I

I

I

I

S

S

S

S

I

S

I

S

I

S

I

Fig. 3.48.Debuxos aplicado no projecto

Depois do desenvolvimento dos debuxos faz-se o transporte destes debuxos para o programa Weaver NT Product Creator – Ned Graphics. Este programa possibilita o encaixe dos debuxos criados directamente no desenho.

O debuxo representado pela cor verde chama-se T1BMP, e o debuxo representado pela cor amarela foi chamado de GAB_amarelo.BMP.

(41)

Fig. 3.49.Debuxo T1BMP Fig. 3.50.Debuxo GAB_amarelo.BMP

Através do programa Weaver NT Product Creator – Ned Graphics foi possível imprimir os debuxos aplicados e ainda as características do tecido.

Após a finalização do processo de desenvolvimento do debuxo no sistema CAD, o desenho foi gravado em código máquina no programa gerenciador de cartões Fabric Editor – Ned Graphics. A informação do tecido será dada ao controlador do tear por disquete, para utilização e fabrico do tecido no tear Jacquard Bonas. Este programa possibilita a visualização e simulação do desenho com seus debuxos.

Salientamos aqui que para que o desenho com suas características seja aceite pelo tear Jacquard Bonas é necessário fazer uma redução no sentido do comprimento do desenho, sendo o comprimento total dividido por 3. Por este motivo o desenho encontra-se visualmente comprimido, porém o tecido é desenvolvido pelo tear com suas dimensões correctas, ou seja, na sua totalidade, como foi proposto. O impresso que feito através do programa encontra-se em anexo nesta pesquisa (anexo nº 1).

(42)

O desenho encontra-se pronto para ser utilizado na fabricação dos tecidos e do produto no tear Jacquard Bonas. O desenvolvimento dos tecidos e do produto para os testes é o próximo passo da experimentação.

3.2. Desenvolvimento dos tecidos para a realização dos ensaios –

Experimentação

Nesta etapa da experimentação foram desenvolvidos os tecidos e as bolsas que serão utilizados como amostras nos testes de resistência, e ainda as costuras que serão testadas como efeito comparativo com a resistência dos ligamentos.

Como já foi dito, o material utilizado no desenvolvimento dos tecidos é algodão 100% com as seguintes características:

• O título dos fios da teia possui a medida de 31,2 tex; • O título dos fios de algodão da trama 24 tex.

Primeiramente é inserido a disquete no controlador Bonas Série 200 – versão 0.6 que acompanha o tear Jacquard. Ocorre uma interface do controlador com o utilizador, este controlador é na verdade um pequeno computador. O controlador possui 3 funções básicas que são:

• F1 que tem a função de ler o desenho a partir de uma disquete. Só é possível ler um desenho por disquete;

• F2 que tem como função ver o conjunto de operações que estão sendo realizadas. Eficiência, conjunto de passagens, total de passagens restantes, o que já foi repetido e o nome do desenho;

• F3 que tem a função de dar entrada num novo desenho.

(43)

A função F4 não é utilizada, pois não se encontra configurada. Para a sua utilização tem que ser inserido uma senha.

Com o tear Jacquard a funcionar inicia-se o processo de obtenção dos tecidos. Este tear Jacquard Electrónico é um tear de pinça. É um tear de amostras com capacidade de 3.456 fios, sendo que um tear normal com características industriais possui capacidade entre 15.000 a 16.000 fios.

Fig. 3.53.Tear Jacquard Bonas – Universidade do Minho Fig. 3.54.Tear Jacquard Bonas – UMinho

Foram desenvolvidos vários sacos utilizando-se de tecido duplo ligado por uma barra em tafetá. Nas próximas imagens é possível visualizar os sacos desenvolvidos.

Nas figuras 3.55 e 3.56 visualizamos o modelo que foi repetido 3 vezes. Assim comprovamos que é possível obtermos 3 objectos na medida da largura do tear.

(44)

Fig. 3.56.Modelo dos sacos desenvolvidos

Na figura 3.57 é possível observar a abertura do saco, tornando o assim o objecto tridimensional.

Fig. 3.57.Abertura dos sacos desenvolvidos

Nas figuras 3.58 e 3.59 podemos observar as ligações do tecido superior e inferior. Somente nas zonas de ligação as duas telas ficam ligadas, originando no restante do tecido uma abertura nítida que forma o saco, ou seja, o produto pretendido.

(45)

Fig. 3.58.Ligamentos dos sacos desenvolvidos

Fig. 3.59.Ligamentos dos sacos desenvolvidos

Nas próximas figuras 3.60 e 3.61 observamos um dos sacos já desagregado dos demais, tornando-se um único objecto.

Fig. 3.60.Saco separado dos outros sacos Fig. 3.61.Abertura do saco

(46)

3.3. Preparação dos provetes – Experimentação

Será analisado a resistência à tracção do tecido duplo, do tecido simples e também a resistência à tracção de 2 tipos de costuras utilizadas para unir os tecidos. Para isso, foram preparados provetes. Estes provetes obedeceram as Normas Portuguesas.

Para o desenvolvimento dos provetes foi realizado um molde obedecendo às medidas da Norma Portuguesa NP EN ISSO 13934-2 Têxteis – Propriedade de Tracção dos Tecidos, Parte 2: Determinação da força máxima pelo método grab (ISSO 13934-2:1999). Na fig. 3.62 podemos observar o molde com as medidas utilizadas em todos os provetes.

2, 5 c m 2, 5 c m 2, 5 c m 2, 5 c m 10 c m 20 c m 10 c m Maxila Tec id o

Fig. 3.62.Molde dos ensaios

Fig. 3.63.Ligamentos dos sacos desenvolvidos

Os provetes preparados para os testes de resistência à tracção de costuras obedeceram à Norma Portuguesa NP EN ISSO 13935-2 2001 Têxteis – Propriedades de tracção da costura em tecidos e artigos confeccionados, Parte 2: Determinação da força máxima à ruptura da costura pelo método grab (ISSO 13935-2:1999). Para estes ensaios foram realizados provetes

(47)

com 2 tipos de pontos de costura, sendo preparado o número de 11 provetes para os testes de resistência em costuras. Os tipos de pontos de costura utilizados foram o 406 e o 605.

O ponto 406 faz parte da classe 400, que são os pontos de cadeia múltiplos. Os pontos desta classe são formados por dois ou mais grupos de linhas. É caracterizado por fazer passar uma laçada da agulha através do tecido a fim de se entrelaçarem, na parte inferior do mesmo com a laçada da lançadeira, isto é, um entrelaçar duplo e de segurança de um grupo com o outro. As linhas utilizadas (da agulha e da laçada) são provenientes de cones, pelo que não é necessário mudar a bobine. Esta classe de pontos possui maior velocidade de costura que o ponto preso. O ponto 406 é feito com 2 agulhas e 1 linha de laçada a cobrir o tecido entre as duas linhas da agulha. Foram realizados 5 provetes para este teste. Nas próximas imagens é possível visualizar o ponto 406 nos dois lados do tecido.

Fig. 3.64. Costura ponto 406 Fig. 3.65. Costura ponto 406

O ponto 605 faz parte da classe 600, que são os pontos de recobrimento. Os pontos desta classe são normalmente formados por 3 grupos de linhas, podendo ter até 9 linhas no total. O ponto 605 é formado por 5 linhas e é muito resistente e elástico. Forma realizados 6 provetes para este teste. Nas próximas imagens é possível visualizar o ponto 605.

(48)

Foram preparados provetes para testes de resistência no tecido sem nenhum ligamento ou costura, sendo realizado o número de 5 provetes para estes testes. Estes provetes obedecem às mesmas medidas dos outros provetes, sendo usado o mesmo molde.

3.4. Realização dos ensaios – Experimentação

Os ensaios foram realizados obedecendo às Normas Portuguesas já citadas anteriormente. O método utilizado para a medição de resistência à tracção foi o método grab. Este método já foi especificado no Estado da Arte desta pesquisa. Nas imagens abaixo é possível visualizar o momento da realização dos testes de resistência nas amostras no dinamómetro utilizado.

Fig. 3.68. Testes no dinamómetro Fig. 3.69. Testes no dinamómetro

(49)

Foram realizados no total 21 testes nos provetes de tecidos e de costuras propostos. Cada provete foi devidamente numerado e classificado.

Para cada tipo de ensaio foi atribuído um nome, o código do produto, que seguem abaixo: • Ensaios nos ligamentos: “saco.lig”;

• Ensaios nas costuras com ponto 605: “saco.costura”; • Ensaios nas costuras com ponto 406: “saco.cos2”; • Ensaios nos tecidos: “saco”.

Primeiramente foram realizados os testes nos provetes dos ligamentos através do debuxo em tecidos duplos que foram denominados de “saco.lig”. Como já foi dito foram testados 5 provetes devidamente numerados e classificados. Nas próximas imagens podemos observar os provetes após os testes.

Fig. 3.72.Provetes “saco.lig”

(50)

Fig. 3.75.Provete nº 3 “saco.lig” Fig. 3.76.Provete nº 4 “saco.lig”

Fig. 3.77.Provete nº 5 “saco.lig”

Os próximos testes realizados foram nos provetes das costuras em ponto 605, que foram denominados de “saco.costura”. Como já foi dito foram testados 6 provetes devidamente numerados e classificados. Nas próximas imagens podemos observar estes provetes após os testes.

(51)

Fig. 3.80.Provete nº1 “saco.costura” Fig. 3.81.Provete nº 2 “saco.costura”

Fig. 3.82.Provete nº3 “saco.costura” Fig. 3.83.Provete nº 4 “saco.costura”

Fig. 3.84.Provete nº5 “saco.costura” Fig. 3.85.Provete nº 6 “saco.costura”

Prosseguimos com os testes realizados nos provetes das costuras em ponto 406, que foram denominados de “saco.cos2”. Como já foi dito foram testados 5 provetes devidamente

Referências

Documentos relacionados

1.1 A presente licitação tem por objeto o registro de preços para Aquisição de Materiais (Vidrarias e Reagentes) para os Laboratórios de Química do

Este estudo, assim, aproveitou uma estrutura útil (categorização) para organizar dados o que facilitou a sistematização das conclusões. Em se tratando do alinhamento dos

Somente na classe Aberta Jr e Sr, nas modalidades de Apartação, Rédeas e Working Cow Horse, que será na mesma passada dessas categorias e os resultados serão separados. O

Os principais passos para o planejamento do processo estão baseados no fatiamento dos modelos 3D (geração das camadas), no posicionamento da peça na mesa de trabalho e

Para evitar danos ao equipamento, não gire a antena abaixo da linha imaginária de 180° em relação à base do equipamento.. TP400 WirelessHART TM - Manual de Instrução, Operação

Promptly, at ( τ − 2 ) , there is a reduction of 4.65 thousand hectares in soybean harvested area (statistically significant at the 1% level), an increase of 6.82 thousand hectares

forficata recém-colhidas foram tratadas com escarificação mecânica, imersão em ácido sulfúrico concentrado durante 5 e 10 minutos, sementes armazenadas na geladeira (3 ± 1

Para disciplinar o processo de desenvolvimento, a Engenharia de Usabilidade, também conceituada e descrita neste capítulo, descreve os métodos estruturados, a