Validação dos tratados internacionais
ambientais no ordenamento jurídico
brasileiro
Semana de Produção e Consumo Sustentável FIEMG
Convenção de Viena 1969
Direito dos Tratados - “tratado significa um acordo
internacional concluído entre Estados em forma escrita e regulado pelo Direito Internacional, consubstanciado em um único instrumento ou em dois ou mais instrumentos conexos qualquer que seja sua designação específica”
Requisitos para Tratados
• Capacidade das partes contraentes (quer sejam Estados ou organizações internacionais);
• Agentes signatários legalmente habilitados (por meio de carta que dê plenos poderes);
• Objeto lícito e possível;
Competência para celebração
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente
da República:
VIII - celebrar tratados, convenções e atos
internacionais, sujeitos a referendo do
Após a negociação, elaboração e aprovação
do texto do tratado, o Estado partícipe deve
manifestar expressamente a vontade em
vincular-se ao mesmo – consentimento.
A assinatura do tratado não vincula, por si só,
as partes, apenas confirma que o texto foi
aprovado.
Aprovação dos tratados
• A assinatura traduz aceite precário e provisório, não irradiando efeitos vinculantes. É mera aquiescência em relação à forma e ao conteúdo final. (Piovesan - 2012)
• Cabe a ratificação do tratado [posterior depósito ou
registro] para que haja o comprometimento no
campo internacional [e nacional].
• A ratificação não significa imediatamente a entrada em vigor do tratado.
Tipos de Ratificação
• Ratificação breve – a mera assinatura do tratado expressa a vontade em vincular-se e já o torna obrigatório. Para
tanto, deve haver disposição expressa no tratado. • Ratificação solene – o consentimento precisa ser
submetido a uma análise de conformidade com as regras constitucionais do Estado – controle prévio do executivo, legislativo e da opinião pública (a depender do Estado). • Troca de Cartas/Depósito – é uma prática internacional
em que o Estado-Parte comunica às demais partes ou ao depositário que consentiu em se vincular.
Registro / Depósito
• os Tratados deverão ser levados a registro no Secretariado da ONU e por ele publicado
(pressuposto para que possam ser
invocados/discutidos no âmbito da ONU);
• as partes também poderão eleger um depositário que ficará responsável pelo recebimento dos
instrumentos de ratificação e gerenciamento dos assuntos administrativos relativos aos tratados.
Disposições
• as autoridades públicas de cada Estado são
responsáveis por regular a execução dos tratados; • um Estado não pode alegar normas de direito
interno para justificar o descumprimento de um tratado – exceto se contrariar norma fundamental – sob pena de incorrer em responsabilidade
internacional;
• o descumprimento não causa nulidade do tratado, mas sujeita o infrator a penalidades;
• extinção – efeitos do tratado cessam
definitivamente , liberando as partes das
obrigações;
• suspensão – efeitos do tratado cessam
temporariamente, o instrumento subsiste;
• denuncia – intenção do Estado de não
vincular-se mais ao tratado;
Validação dos Tratados no
Direito Brasileiro
• Compete privativamente ao Presidente da República celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional (art. 84, VIII, CF/88)
• A partir da assinatura encaminha-se mensagem ao Congresso Nacional (competência exclusiva – art 49, I, CF)
• No Congresso será analisado pela CCJ, Comissão de Relações Exteriores e Comissões Especializadas, a depender da matéria tratada;
• Apreciado e votado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado como projeto de lei – plenário – quórum comum; • Aprovado pelo Congresso Nacional será expedido
Decreto Legislativo, publicado no Diário Oficial da União.
Validação dos Tratados no
Direito Brasileiro
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional; Para os demais não precisaria de ratificação do
Congresso Nacional? - Histórico Brasileiro
A partir da ratificação do tratado internacional o Brasil se compromete internacionalmente.
A exigência de aprovação pelo Congresso previne abusos do Poder Executivo.
Validação dos Tratados no
Direito Brasileiro
• Decreto Legislativo será sancionado pelo
executivo e o tratado promulgado pelo
Presidente da Republica por Decreto.
• A partir desse momento, o tratado é
recepcionado pelo ordenamento jurídico
brasileiro.
Validação dos Tratados no
Direito Brasileiro
• Art.5. § 2º Os direitos e garantias expressos
nesta Constituição não excluem outros
decorrentes do regime e dos princípios por ela
adotados, ou dos tratados internacionais em
que a República Federativa do Brasil seja
parte. – Efeitos Imediatos?
Validação dos Tratados no
Direito Brasileiro
Qual a força dos tratados internacionais?
Supranacional
Emenda Constitucional
Supralegal
Qual a força dos tratados internacionais?
Tratados de Direitos Humanos
Supranacional
Emenda Constitucional
Supralegal
Lei Federal Ordinária
“Sequer a constituição poderia revogar. Necessidade de respeito aos direitos humanos como obrigação internacional.”
Qual a força dos tratados internacionais?
Tratados de Direitos Humanos
Supranacional
Emenda Constitucional
Supralegal
Lei Federal Ordinária
“Adere às regras constitucionais, respeitando as cláusulas pétreas”
Qual a força dos tratados internacionais?
Tratados de Direitos Humanos
Supranacional
Emenda Constitucional
Supralegal
Lei Federal Ordinária
“As modificações constitucionais a revogam, mas as leis ordinárias ou complementares não, pois seria superior a estas.”
Qual a força dos tratados internacionais?
Tratados de Direitos Humanos
Supranacional
Emenda Constitucional
Supralegal
Lei Federal Ordinária
“As modificações legislativas posteriores modificam as obrigações firmadas internacionalmente, mesmo que ratificadas pelo Congresso.”
Constituição Federal
Para o caso de tratados que envolvam direitos humanos, há previsão expressa:Art. 5° § 3º Os tratados e convenções internacionais
sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes às emendas constitucionais.
Tratados Internacionais
Compete ao STF (art. 102):
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; Compete ao STJ (art. 105):
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou
pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
Tratados Internacionais
Aos juízes federais compete processar e julgar(art art. 109): III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com
Estado estrangeiro ou organismo internacional;
Força de lei ordinária federal? - Decisão REC 80.004/77 STF Vinculação da legislação como ordinária federal ou há de ser
compreendida como norma geral?
Novo posicionamento jurisprudencial
o STF adotou posicionamento mais atual que
indicou ser a favor da supralegalidade das
normas internacionais em relação às normas
infraconstitucionais, pondo fim à paridade dos
tratados de direitos humanos com lei
ordinária.
- Ministro Sepúlvida Pertence – RHC 79.785-RJ
- Ministro Gilmar Mendes – RE 466.343
Direito ao Ambiente
• Direitos Humanos x Direito Ambiental
• Direito ao ambiente ecologicamente
equilibrado é direito e/ou garantia
fundamental?
• Direito ao ambiental ecologicamente
equilibrado é direito humano?
Direito ao Ambiente
• O artigo 225 da Constituição da República de 1988 proclama que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Mas quem são todos? Esse questionamento nos remete ao Art. 5º desse diploma legal que dispõe:
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
Direito ao Ambiente
• PIOVESAN (2012) “Sustenta-se, assim, que os tratados tradicionais tem hierarquia infraconstitucional, mas supralegal. Este posicionamento se coaduna com o princípio da boa-fé (...) e que tem como reflexo o art. 27 da Convenção de Viena, sendo o qual não cabe ao Estado invocar disposições de seu Direito interno como justificativa para o não cumprimento de tratado.”
• Todavia, esta não é a aplicação histórica pelo STF que entende como lei federal.
Principais tratados ambientais
• Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano de 1972 em
Estocolmo;
• Convenção Sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional, ratificada em 1992;
• A Convenção Sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna
selvagens em perigo de extinção – CITES, ratificada em 1975;
• Convenção Sobre os Direitos do Mar (UNCLOS), ratificada em 1995;
• Protocolo de Montreal sobre substâncias que destroem a camada de ozônio,
aprovado em 1989; em 1997 com o protocolo de Kyoto, o qual foi o marco no combate aos gases efeito estufa;
• Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento ou RIO-92;
• Agenda 21 e a Declaração do Rio Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento;
• A Carta da Terra, a Declaração de Princípios sobre as Florestas, a Convenção da
Biodiversidade e a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (Rio92);
• Declaração Política e o Plano de Implementação com o objetivo primordial de dar
Conclusão
• O processo de incorporação do tratado, torna-se ferramenta indispensável ao desenvolvimento das atividades de
administração do meio ambiente e, por conseguinte, da formulação e implantação de políticas ambientais;
• A incorporação de tratados no direito brasileiro torna as suas normas aplicáveis, positivadas e também princípios
orientadores para a aplicação da legislação;
• Observância obrigatória por todos os entes que tenha
competência em matéria ambiental a partir de sua recepção; • Não se afasta o entendimento de sua integração no