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Vistos, relatados e discutidos os. autos deste Processo, etc...

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Acórdão nº 159/2011

Recurso HIE/CRF-204/2010

RECORRENTE: GERÊNCIA DE JULGAMENTO DE PROCESSOS FISCAIS – GEJUP

RECORRIDA: MAXIM’S PERFUMARIA LTDA

PREPARADORA: RECEBEDORIA DE RENDAS DE JOÃO PESSOA AUTUANTE: horacio gomes frade

RELATOR: CONS. FRANCISCO GOMES DE LIMA neTto

RECURSO HIERÁRQUICO DESPROVIDO. DECLARAÇÃO DE VENDAS EM VALORES INFERIORES AOS FORNECIDOS PELAS

OPERADORAS DE CARTÕES DE CRÉDITO E DÉBITO.

APRESENTAÇÃO DE PROVAS CAPAZES DE ILIDIR O FEITO FISCAL. AUTO DE INFRAÇÃO IMPROCEDENTE. MANTIDA A DECISÃO RECORRIDA.

O acusado apresentou provas capazes de ilidir a presunção de omissão de saídas de mercadorias tributáveis nas operações com cartões de crédito e débito. Exclusão do crédito tributário.

Vistos, relatados e discutidos os autos deste Processo, etc...

A C O R D A M os membros deste Conselho de Recursos Fiscais, à unanimidade de acordo com o voto do relator, pelo recebimento do RECURSO HIERÁRQUICO, por regular, e quanto ao mérito, pelo seu DESPROVIMENTO, para manter a sentença exarada na instância monocrática, que julgou IMPROCEDENTE o Auto de Infração de Estabelecimento nº 93300008.09.00000501/2008-99, lavrado em 06 de agosto de 2008, contra a empresa MAXIM’S PERFUMARIA LTDA, inscrita no CCICMS sob nº 16.017.239-0, eximindo-a de quaisquer ônus decorrentes desta ação fiscal.

Desobrigado do Recurso Hierárquico, na expressão do artigo 730, § 1°, inciso II, do RICMS, aprovado pelo Decreto nº 18.930/97.

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Continuação do Acórdão n.º 159/2011 2

Sala das Sessões do Conselho de Recursos Fiscais, 27 de maio 2011.

_______________________________________________________ FRANCISCO GOMES DE LIMA NETTO– CONS. RELATOR

RELATÓRIO

Trata-se de RECURSO HIERÁRQUICO interposto nos moldes do art. 128 da Lei 6.379/96, em face de decisão monocrática que julgou IMPROCEDENTE o Auto de Infração de Estabelecimento nº 93300008.09.00000501/2008-99 (fl. 03), lavrado em 06/08/2008, no qual consta a seguinte acusação:

OMISSÃO DE VENDAS >> Contrariando dispositivos legais, o contribuinte omitiu saídas de mercadorias tributáveis sem o pagamento do imposto devido por ter declarado o valor de suas vendas tributáveis em valores inferiores às informações fornecidas por instituições financeiras e administradoras de cartão de crédito e débito. Em nota explicativa: Diferença encontrada comparando-se os valores fornecidos pelas operadoras de cartão de crédito com as leituras diárias das Reduções “Z” dos ECF’s.

Segundo o entendimento acima, foi constituído o crédito tributário de R$ 657.914,85 (seiscentos e cinqüenta e sete mil, novecentos e quatorze reais e oitenta e cinco centavos), sendo R$ 219.304,95 (duzentos e dezenove mil, trezentos e quatro reais e noventa e cinco centavos) de ICMS, por infringência aos artigos 158, I, 160, I e 646, parágrafo único, todos do RICMS/PB, aprovado pelo Decreto nº 18.930/97 e R$ 438.609,90 (quatrocentos e trinta e oito mil, seiscentos e nove reais e noventa centavos) de multa por infração, proposta nos termos do art. 82, V, “a”, da Lei nº 6.379/96. Tudo conforme demonstrativos em anexo, fls. 05 a 15.

Cientificada da autuação, por via postal, em 21/08/08 (fl. 23-A), a empresa através de representante habilitado, apresentou defesa em 22/09/08 (fls. 24 a 31), informando, inicialmente, que:

A empresa autuada constitui o estabelecimento matriz da franquia O Boticário na região da grande João Pessoa, conjuntamente com nove filiais, cada uma delas com endereços e inscrições estaduais próprias e, por conseqüência, responsáveis pelas obrigações tributárias que lhes são pertinentes.

Os dados assinalados pelo fiscal autuante dizem respeito aos valores enumerados pela financeira Hipercard Banco Múltiplo S/A, em relação às operações de vendas com cartões de crédito, realizadas em todas as empresas do grupo, que englobam a matriz e suas filiais.

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Continuação do Acórdão n.º 159/2011 3

- O montante indicado pela administradora de cartão de crédito, correspondente ao somatório de todas as vendas operadas pelo Hipercard, em todas as empresas do grupo, teria sido comparado, equivocadamente, com as vendas efetuadas e declaradas apenas pela reclamante, à matriz.

- As vendas a crédito são operacionalizadas através de 10 maquinetas, sendo uma para a matriz e as demais para as filiais, todavia, por razões de política bancária, a Hipercard e a Maxim’s Perfumaria Ltda convencionaram centralizar na matriz, todas as operações efetuadas por suas filiais.

- Quando qualquer filial realiza uma venda, emite a nota fiscal e o ICMS é devidamente recolhido pela filial que a realizou, mas as operações a crédito com o cartão Hipercard, são unificadas, ao final, sob o registro do estabelecimento nº 54.02959-9, referente à reclamante; para que os valores sejam creditados em uma única conta-corrente, cujo titular é a matriz, que administra financeiramente a empresa.

No intuito de elucidar a questão, anexa cópia dos seguintes documentos: Atestado do Hipercard (fl. 37), Relatório Bancário (fl. 39) e GIM’s das empresas que formam o grupo Maxim’s Perfumaria Ltda (fls. 41 a 138).

Com esses argumentos, a defendente, entende que, do cotejo dos dados relativos às operações no CNPJ da matriz, contidos nos relatórios emitidos pelas operadoras de cartão de crédito Hipercard, com os valores indicados por ela em sua GIM, não se encontraria qualquer indício de omissão de vendas ao Fisco.

Por fim, pugna pela improcedência do auto de infração, entendendo que a autuação foi oriunda de uma averiguação incompleta sobre os documentos fiscais pertinentes à matriz e suas filiais, apontando suposta omissão de vendas, devidamente rechaçada pelos documentos probatórios acostados aos autos.

Instado a contestar, o autuante (fls. 200 a 201) esclarece que notificou o contribuinte para apresentação de cópias dos contratos com as operadoras de cartão de crédito (fl. 17), mas a reclamante não apresentou a documentação requerida, sendo impossível identificar que as 10 maquinetas alocadas ao Hipercard, todas em nome da matriz, seriam distribuídas entre as diversas filiais existentes na grande João Pessoa.

Informa que realizou levantamentos do mês de maio de 2007 de todas as lojas de mesma razão social (fls. 190 a 199), das vendas diárias com base na leitura “Z”, separando por Dinheiro, TEF-Crédito, TEF-Débito, Hipercard, Vale Troca e Prod. Funcional, por ser este o único documento de controle fiscal obrigatório, e não conseguiu identificar com clareza as operações com cartão de crédito, pois o TEF não identifica a operadora.

Acrescenta que a Secretaria de Estado da Receita anexou ao processo declarações do volume de vendas a conta de cartões de crédito de 04 (quatro) operadoras: American Express, Redecard, Visanet e Hipercard (fls. 140 a 188). Com base nesses relatórios, elaborou um resumo que anexou aos autos (fl. 189), porém todas as operadoras apresentaram o volume global e não por lojas ou maquinetas, sendo impossível identificá-las.

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Continuação do Acórdão n.º 159/2011 4

Finaliza afirmando que após a análise da reclamação apresentada, das declarações das 04 (quatro) operadoras de cartões de crédito e dos demonstrativos por ele elaborados, encontrou pequenas diferenças ora para mais, ora para menos, chegando a conclusão de que a autuação é improcedente.

Com a informação de não haver registro de processo definitivamente julgado, apontando a reincidência (fls. 203 e 205), os autos foram conclusos e encaminhados à Gerência Executiva de Julgamento de Processos Fiscais, que motivou saneamento visando anexar aos autos a “Planilha de Cálculos para Empresas sob Regime de Pagamento Normal” (fl. 209).

O processo foi distribuído a Julgadora Maria das Graças D. Oliveira Lima, que, após analisar os documentos que instruem o processo, concluiu pela necessidade de esclarecimento e, para tanto, em duas oportunidades, retornou os autos para saneamento do feito pelo autuante (docs. às fls. 213 e 227), o qual prontamente atendeu aos despachos, mas somente por ocasião do último, adveio o esclarecimento necessário a solução da causa, mediante as seguintes informações do autuante:

“Anteriormente reconhecemos o nosso equívoco na elaboração da planilha de fl. 209, ora substituída pela fl. 238, há época a Secretaria da Receita não disponibilizou aos seus Auditores o desdobramento dos dados da fl. 05, individualizando por operadora, agora permitido fls. 229 a 237, foi elaborado nova planilha onde detalha por operadora de forma mensal. No documento de fl. 39, colhemos de forma individualizada por loja, o movimento da Operadora Hipercard Banco múltiplo S/A, que somados aos da Redecard e da Visa apresentamos na planilha “Adm. Cartão”, ao compararmos com a coluna “Total Faturamento ECF e/ou NF”, nenhuma irregularidade foi detectada.”

Retornando os autos à instância julgadora foi exarada sentença pela IMPROCEDÊNCIA do feito fiscal, sendo interposto recurso de ofício.

A empresa foi cientificada regularmente da decisão singular, através de Aviso de Recebimento – AR, em 19/02/10 (fl. 252).

O fazendário apresentou contra-arrazoado (fl. 266), manifestando concordância com a decisão monocrática, enfatizando que já manifestara a esse favor por ocasião da contestação (fls. 200 a 201) e no saneamento (fls. 216 e 217).

Este é o relatório.

VOTO

A denúncia disposta na peça vestibular revela a omissão de vendas, evidenciada pela declaração de saídas de mercadorias tributáveis em valores inferiores às informações prestadas pelas instituições financeiras e administradoras de cartões de crédito e/ou débito.

A fiscalização utilizou as informações do Detalhamento (fl. 05) que julgou necessárias para a lavratura do libelo basilar. O autuante se respaldou do confronto entre as informações fornecidas pelas administradoras de cartões de crédito e/ou débito e as vendas declaradas pelo contribuinte no período de janeiro a setembro de 2007, conforme planilhas de fls. 06 a 15, ensejando a presunção legal de omissão de saídas, conforme o art. 646 do RICMS/PB.

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Pelo confronto de informações prestadas pela empresa em sua GIM – Guia de Informação Mensal, com os relatórios enviados pelas operadoras de cartões de crédito, o legislador através da presunção legal de omissão de vendas, prevista no art. 646, do RICMS/PB, visou suprir dificuldades ou impossibilidades de comprovação direta da ocorrência dos fatos jurídicos tributários, invertendo o ônus da prova da improcedência para o contribuinte, sem, contudo, comprometer a segurança jurídica, a ampla defesa e o devido processo legal. Vejamos o texto do dispositivo:

“Art. 646. O fato de a escrituração indicar insuficiência de caixa, suprimentos a caixa não comprovados ou a manutenção no passivo, de obrigações já pagas ou inexistentes, bem como a ocorrência de entrada de mercadorias não contabilizadas ou de declarações de vendas pelo contribuinte em valores inferiores às informações

fornecidas por instituições financeiras e administradoras de cartões de crédito, autorizam a presunção de omissão de saídas de mercadorias tributáveis sem pagamento do imposto, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da

presunção.” (grifo nosso)

Reportando-nos ao caso em análise, verificamos que a auditoria efetuou a apuração diária, levando em consideração as informações prestadas pelas administradoras de cartões e as reduções “Z” do ECF no período fiscalizado. Entretanto, diante das atuais orientações da Gerência Operacional de Fiscalização de estabelecimentos - GOFE, visando ao aperfeiçoamento das auditorias, chegou-se a conclusão de que a apuração seria mensal.

Por ocasião da apresentação da peça reclamatória, a empresa, utilizando-se de seu direito à inversão do ônus da prova, trouxe a lume provas materiais, acostando aos autos Atestado do Hipercard e Relatório Bancário, comprovando que as vendas realizadas através da operadora Hipercard são centralizadas na matriz, apresentando resumo mensal das vendas a crédito operadas pela matriz e pelas filiais, durante o período objeto da autuação.

A fiscalização, por seu turno, com bastante responsabilidade e senso de justiça, elaborou novo levantamento (fl. 238), com base nos documentos apresentados pela autuada, no Detalhamento por Administradora, ora disponibilizado pela Secretaria da Receita, e nas vendas mensais declaradas pelo contribuinte em sua GIM, caso em que verificou que o valor das vendas declarado pela autuada é superior ao valor informado pelas operadoras de cartões de crédito, cuja diferença inicialmente observada desapareceu, reconhecendo assim, a improcedência do auto de infração.

Diante das provas materiais acostadas aos autos, concordamos com o auditor fiscal, o qual acatou os argumentos e provas trazidas pela autuada, assim como corroboramos o entendimento expresso na decisão singular, que julgou IMPROCEDENTE o auto de infração.

Pelo exposto,

Voto pelo recebimento do Recurso Hierárquico, por regular, e quanto ao mérito, pelo seu DESPROVIMENTO, para manter a sentença exarada na instância monocrática, que julgou IMPROCEDENTE o Auto de Infração de Estabelecimento nº 93300008.09.00000501/2008-99, lavrado em 06 de agosto de 2008, contra a empresa MAXIM’S PERFUMARIA LTDA, inscrita no CCICMS sob nº 16.017.239-0, eximindo-a de quaisquer ônus decorrentes desta ação fiscal.

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Continuação do Acórdão n.º 159/2011 6

Sala das Sessões do Conselho de Recursos Fiscais, em 27 de maio de 2011.

FRANCISCO GOMES DE LIMA NETTO Conselheiro Relator

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