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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 410.500 - RS (2002/0014442-5)

RELATORA : MINISTRA DENISE ARRUDA

RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL

PROCURADOR : MARCELO COLETTO POHLMANN E OUTROS

RECORRIDO : JORGE ERNESTO DE ARAÚJO MARIATH E CÔNJUGE

ADVOGADO : WILSON DE OLIVEIRA MOREIRA

EMENTA

TRIBUTÁRIO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. IMPOSTO DE RENDA. BOLSA DE PESQUISA DO CNPQ. ISENÇÃO. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO.

1. São isentas do Imposto de Renda as bolsas de estudo e pesquisa recebidas do CNPq, exclusivamente para proceder a estudos ou pesquisas, visto que os resultados dessas atividades não representam vantagem para o doador, e por não importarem contraprestação de serviços. Inteligência dos arts. 26, da Lei 9.250/95, e 39, VII, do Decreto 3.000/99 (RIR/99).

2. Recurso especial desprovido. ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da PRIMEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso especial, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Os Srs. Ministros José Delgado, Luiz Fux e Teori Albino Zavascki votaram com a Sra. Ministra Relatora. Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro Francisco Falcão.

Brasília (DF), 1º de junho de 2006(Data do Julgamento). MINISTRA DENISE ARRUDA

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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 410.500 - RS (2002/0014442-5)

RELATORA : MINISTRA DENISE ARRUDA

RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL

PROCURADOR : MARCELO COLETTO POHLMANN E OUTROS

RECORRIDO : JORGE ERNESTO DE ARAÚJO MARIATH E CÔNJUGE

ADVOGADO : WILSON DE OLIVEIRA MOREIRA

RELATÓRIO

A EXMA. SRA. MINISTRA DENISE ARRUDA (Relatora):

Trata-se de recurso especial interposto pela FAZENDA NACIONAL contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em apelação cível, que deu provimento ao recurso dos autores, na ação ordinária que objetivava o reconhecimento da isenção do Imposto de Renda sobre os valores pagos a título de bolsa de pesquisa pelo CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico -, bem como a restituição do que foi indevidamente recolhido.

O aresto restou assim ementado:

"TRIBUTÁRIO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. IMPOSTO DE RENDA. BOLSA DE PESQUISA DO CNPQ. INTELIGÊNCIA DO ART. 22, II, DO RIR/80.

1 – As bolsas de estudos, aí incluídas as bolsas de aperfeiçoamento, especialização e pesquisa, pagas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, não se sujeitam à incidência do Imposto de Renda, por inexistir vínculo empregatício entre o bolsista e aquela entidade.

2 - Eventual vantagem econômica, decorrente dos direitos sobre patentes e invenções, não restou comprovada nos presentes autos.

3 – Procedência do pedido de repetição do indébito. Juros moratórios a partir do trânsito em julgado e correção monetária a partir do pagamento indevido.

3 – Apelação provida." (sic, fl. 77)

A recorrente opôs embargos de declaração, os quais foram rejeitados nos seguintes termos:

"EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA.

1. A decisão embargada está adequadamente fundamentada e suas disposições são absolutamente claras.

2. Rejeição dos embargos da parte autora por não existir as alegada omissão ou contradição apontada." (sic, fl. 86)

Nas razões de recurso fundado na alínea a do permissivo constitucional, a recorrente aponta negativa de vigência do art. 22, III, do RIR/80, afirmando que, conforme dispõe a referida norma, “(...) não serão computados no rendimento bruto apenas as bolsas de

estudos, não se incluindo aí as bolsas de pesquisa, que têm natureza e finalidade diversas. (...) Além do mais, os direitos sobre patentes, sua exploração ou vantagens decorrentes dos

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trabalhos realizados com a bolsa concedida são divididos em duas partes iguais, sendo que uma pertence ao bolsista e a outra ao Fundo Nacional de Pesquisa, restando, pois, insatisfeito o requisito do referido art. 22, III, c/c. art. 80, ambos do RIR/80" (fl. 91). Requer,

ao final, o provimento do apelo excepcional, para reformar o acórdão impugnado e manter “(...) o

crédito tributário constituído em decorrência da tributação das verbas recebidas a título de bolsa de pesquisa (...)” (fl. 92).

O recurso especial foi admitido pelo Tribunal de origem. É o relatório.

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RECURSO ESPECIAL Nº 410.500 - RS (2002/0014442-5)

VOTO

A EXMA. SRA. MINISTRA DENISE ARRUDA (Relatora):

Até recentemente, as leis tributárias brasileiras não haviam definido expressamente se sobre os valores recebidos a título de bolsa de estudos deveria ou não incidir o Imposto de Renda. O primeiro dispositivo legal a analisar a questão foi a Lei 3.830/60 que previa, em seu art. 3º: “Também poderão ser deduzidos da renda bruta, de acordo com a lei,

prêmios de estímulo à produção intelectual e bolsas de estudo ou de especialização no País ou no estrangeiro (...).”

Com a entrada em vigor da Lei 4.506/64, ficou definido em seu art. 55 que:

“Serão admitidas como despesas operacionais as contribuições e doações efetivamente pagas:

(...)

IV - Sob a forma de bolsas de estudo e prêmios de estímulo a produção intelectual.

(...)”

Da mesma forma, o Regulamento do Imposto de Renda – RIR – instituído pelo Decreto 76.186/75, incluiu as bolsas de estudo no rol dos rendimentos fora do alcance da tributação, o mesmo ocorrendo no Decreto 85.450/80, que previu:

“Art. 22 – Não entrarão no cômputo do rendimento bruto: (...)

II – o valor dos bens adquiridos por doação ou herança;

III – bolsa de estudos, quando concedida na forma dos artigos 80 e 242 § 2º;

(...)”

Ressalta-se que, apesar de o legislador ter separado “doação” de “bolsa” na norma acima transcrita, considerou a segunda como uma espécie da primeira, no art. 242, § 2º, da citada norma.

No tocante às restrições impostas pelo inciso III do art. 22 do RIR/80, temos:

“Art. 80 – Poderão ser abatidas da renda bruta os prêmios de estímulo à produção intelectual e bolsa de estudos ou de especialização, no país ou no exterior, quando as condições para a sua concessão sejam divulgadas com antecedência, a fim de que possam ser satisfeitas pelos candidatos de livre e pública inscrição, asseguradas garantias de perfeito julgamento dos inscritos e desde que os prêmios ou bolsas sejam concedidos por intermédio de:

(...)

II - Sociedades de ciência ou de cultura (...) legalmente constituídas e em funcionamento no país;

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funcionar no país.

(...)”

“Art. 242 – Serão admitidas, como despesa operacional, as contribuições e doações efetivamente pagas:

(...)

IV - sob a forma de bolsas de estudos e prêmios de estímulo à produção intelectual.

§ 2º - Somente poderão ser deduzidos como despesas operacionais as contribuições ou doações sob a forma de prêmios de estímulo à produção intelectual, de bolsas de estudo ou especialização, no País ou no exterior, que sejam concedidas:

a) por intermédio de universidades, faculdades, institutos de educação superior, (...) sociedades ou fundações de ciência e cultura (...) legalmente constituídas e em funcionamento no país;

b) mediante concurso público de livre inscrição, pelos candidatos que satisfaçam às condições divulgadas com antecedência, cujo julgamento seja organizado de modo a garantir decisão imparcial e objetiva;

c) a empregados da empresa desde que freqüentem entidades legalmente constituídas, em funcionamento regular, registradas nas repartições da Secretaria da Receita Federal, e que não estejam direta ou indiretamente vinculadas à própria empresa."

Entretanto, com o advento da Lei 7.713/88, destinada a disciplinar o Imposto de Renda, ficou estabelecida a revogação de “(...) todos os dispositivos legais

concessivos de isenção ou exclusão, da base de cálculo do IRPF, de rendimentos e proventos de qualquer natureza” (art. 3º, § 5º), e definidas as hipóteses de isenção do

mencionado tributo (art. 6º), deixando de contemplar ali as bolsas de estudo, mas mantendo o benefício da isenção para o “(...) valor dos bens adquiridos por doação ou herança” .

Todavia, com a edição do novo Regulamento do Imposto de Renda, instituído pelo Decreto 1.041/94, as bolsas de estudo voltaram a integrar o rol das hipóteses de isenção:

“Art. 40 – Não entrarão no cômputo do rendimento bruto: (...)

VII – as bolsas de estudo e pesquisa caracterizadas como doação, quando recebidas exclusivamente para proceder a estudos ou pesquisas e desde que os resultados dessas atividades não representem vantagem para o doador, nem importem contraprestação de serviços

(...)”

Posteriormente, com a alteração decorrente da Lei 9.250/95, a própria legislação do Imposto de Renda incluiu em seu texto, pela primeira vez, a isenção do mencionado tributo no tocante às bolsas de estudo e de pesquisa:

“Art. 26 – Ficam isentas do imposto de renda as bolsas de estudo e pesquisa caracterizadas como doação, quando recebidas exclusivamente para proceder a estudos ou pesquisas e desde que os resultados dessas atividades não representem vantagem para o doador, nem importem contraprestação de serviços.

(...)”

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3.000/99 (RIR/99), nos mesmos termos definidos pelo regulamento anterior.

Desse modo, verifica-se que, na atual legislação do Imposto de Renda, as bolsas de estudo e pesquisas permanecem contempladas com a isenção, desde que respeitadas as restrições estabelecidas.

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq - é uma fundação, criada pela Lei 1.310/51 e vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, para o apoio à pesquisa brasileira, contribuindo diretamente para a formação de pesquisadores (mestres, doutores e especialistas em várias áreas de conhecimento).

Os investimentos feitos pelo CNPq são direcionados para a formação e absorção de recursos humanos e financiamento de projetos de pesquisa que contribuam para o aumento da produção de conhecimento e geração de novas oportunidades de crescimento para o país.

Ademais, como já mencionado no acórdão objurgado, “(...) não há

contraprestação do bolsista em favor do CNPq, mas tão somente obrigação de realizar atividades de pesquisas científicas. (...) os direitos sobre patente, que podem trazer vantagem econômica, não revertem em favor do órgão concedente, mas ao Fundo Nacional de Pesquisa de Pesquisas (sic), ou seja, servirá para financiar outras pesquisas” (fl. 75).

Assim, são isentas do Imposto de Renda as bolsas de estudo e pesquisa recebidas do CNPq, visto que os resultados dessas atividades não representam vantagem para o doador, e por não importar contraprestação de serviços.

Ante o exposto, é de ser negado provimento ao recurso especial. É voto.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO PRIMEIRA TURMA

Número Registro: 2002/0014442-5 REsp 410500 / RS

Números Origem: 6006965 9604052500

PAUTA: 01/06/2006 JULGADO: 01/06/2006

Relatora

Exma. Sra. Ministra DENISE ARRUDA Presidente da Sessão

Exmo. Sr. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI Subprocurador-Geral da República

Exmo. Sr. Dr. JOSÉ EDUARDO DE SANTANA Secretária

Bela. MARIA DO SOCORRO MELO

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL

PROCURADOR : MARCELO COLETTO POHLMANN E OUTROS RECORRIDO : JORGE ERNESTO DE ARAÚJO MARIATH E CÔNJUGE ADVOGADO : WILSON DE OLIVEIRA MOREIRA

ASSUNTO: Tributário - Imposto de Renda - Pessoa Física

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso especial, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora.

Os Srs. Ministros José Delgado, Luiz Fux e Teori Albino Zavascki votaram com a Sra. Ministra Relatora.

Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro Francisco Falcão.

Brasília, 01 de junho de 2006

MARIA DO SOCORRO MELO Secretária

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