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Equações Diferenciais Ordinárias

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Academic year: 2021

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(1)

Equa¸c˜

oes Diferenciais Ordin´

arias

Jorge Manuel Vieira Capela

Marisa Veiga Capela

Material de apoio `a disciplina Equa¸c˜oes Diferenciais Ordin´arias Curso Licenciatura em Qu´ımica 2017

(2)

1 Equa¸c˜oes Diferenciais de Primeira Ordem . . . 1

1.1 Exemplos de Equa¸c˜oes Diferenciais Ordin´arias . . . 1

1.2 Equa¸c˜oes Separ´aveis . . . 3

1.3 Equa¸c˜oes Lineares de Primeira Ordem . . . 6

1.4 Equa¸c˜oes Diferenciais Exatas . . . 8

1.5 Trajet´orias Ortogonais . . . 10

2 Equa¸c˜oes Diferenciais de Segunda Ordem . . . 15

2.1 Existˆencia e Unicidade da Solu¸c˜ao . . . 15

2.2 Equa¸c˜oes Lineares Homogˆeneas com Coeficientes Constantes . . . 16

2.2.1 Ra´ızes reais distintas de a2m2+ a1m + a0= 0 . . . 17

2.2.2 Ra´ızes reais repetidas (raiz dupla) de a2m2+ a1m + a0= 0 . . . 17

2.2.3 Ra´ızes complexas (conjugadas) de a2m2+ a1m + a0= 0 . . . 18

2.3 M´etodo da Varia¸c˜ao dos Parˆametros . . . 19

2.4 Redu¸c˜ao de Ordem . . . 21

2.5 Solu¸c˜ao em s´erie de potˆencias . . . 23

A N´umeros Complexos . . . 25

B S´erie de Taylor . . . 27

(3)
(4)

Trata-se de uma disciplina que aborda os conceitos e procedimentos matem´aticos utilizados para modelar os mais diversos fenˆomenos por meio da aplica¸c˜ao de equa¸c˜oes cujas inc´ognitas s˜ao taxas de varia¸c˜ao. As equa¸c˜oes diferenciais est˜ao presentes no estudo de problemas da F´ısica, Qu´ımica, Biologia, Economia, Engenharia, etc. Podemos ter, por exemplo, problemas envolvendo varia¸c˜oes no tempo tais como a posi¸c˜ao de um objeto, a temperatura de um material, a concentra¸c˜ao de um agente qu´ımico, a concentra¸c˜ao de um poluente ou nutriente em um meio, a umidade do ar, o n´umero de habitantes de uma cidade, a densidade de bact´erias de uma cultura, o valor de uma mercadoria, o cˆambio entre moedas, o produto interno bruto de um pa´ıs, etc.

O estudo de tais equa¸c˜oes, al´em de ser necess´ario no aprendizado de outras disciplinas, tamb´em desenvolve no estudante a habilidade de compreender a modelagem matem´atica e suas m´ultiplas aplica¸c˜oes, colaborando de forma especial na forma¸c˜ao dos futuros professores de Qu´ımica.

A disciplina ´e dividida nos seguintes t´opicos:

1) Equa¸c˜oes diferenciais ordin´arias: defini¸c˜ao e classifica¸c˜ao. Solu¸c˜oes. Problema de valor inicial.

2) Equa¸c˜oes diferenciais ordin´arias de primeira ordem separ´aveis e lineares: defini¸c˜ao, m´etodos de resolu¸c˜ao. Aplica¸c˜oes.

3) Equa¸c˜oes diferenciais ordin´arias de segunda ordem: equa¸c˜oes diferenciais de segunda ordem redut´ıveis `a primeira ordem; equa¸c˜oes diferenciais lineares homogˆeneas com coeficientes constantes; equa¸c˜oes diferenciais lineares homogˆeneas com coeficientes vari´aveis: solu¸c˜ao por s´eries de potˆencias. Aplica¸c˜oes.

Para a bibliografia da disciplina temos os seguintes livros:

1) BOYCE, William E.; DIPRIMA, Richard C. Equa¸c˜oes Diferenciais Elementares e Proble-mas de Valores de Contorno. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2010.

(5)

2) BASSANEZI, Rodney C.; FERREIRA JR., Wilson C. Equa¸c˜oes Diferenciais com Aplica¸c˜oes. 1.ed. S˜ao Paulo: Harbra, 1988.

3) ZILL, Denis G. Equa¸c˜oes Diferenciais com Aplica¸c˜oes em Modelagem. 2.ed. S˜ao Paulo: Cengage Learning, 2011.

4) SANTOS, Reginaldo de Jesus. Introdu¸c˜ao `as Equa¸c˜oes Diferenciais Ordin´arias. Livro em arquivo pdf dispon´ıvel em: www.mat.ufmg.br/ regi. ´Ultimo acesso em 20/01/2017. 5) SANTOS, Reginaldo de Jesus. T´opicos de Equa¸c˜oes Diferenciais. Arquivo pdf dispon´ıvel

em: www.mat.ufmg.br/ regi. ´Ultimo acesso em 20/01/2017.

6) LEITHOLD, Louis. O C´alculo com Geometria Anal´ıtica - volume 2, 3.ed. S˜ao Paulo: Harbra, 1994.

7) STEWART, James. C´alculo - Volume 2. 7. ed. S˜ao Paulo: Cengage Learning, 2013. 8) SWOKOWSKI, Earl W. C´alculo com Geometria Anal´ıtica. Volume 2. 2. ed. S˜ao Paulo:

(6)

Equa¸

oes Diferenciais de Primeira

Ordem

Uma equa¸c˜ao diferencial ordin´aria (edo) ´e uma equa¸c˜ao que envolve uma fun¸c˜ao desconhe-cida e as suas derivadas ordin´arias. As equa¸c˜oes diferenciais s˜ao de grande interesse em diversas ´

areas do conhecimento e s˜ao frequentemente usadas para descrever processos nos quais a taxa de varia¸c˜ao da medida de uma propriedade ´e causada pelo pr´oprio processo.

Neste texto abordaremos especificamente as equa¸c˜oes diferenciais ordin´arias, isto ´e equa¸c˜oes que s´o apresentam derivadas ordin´arias em rela¸c˜ao a uma ´unica vari´avel.

`

A equa¸c˜ao diferencial junto com uma condi¸c˜ao inicial, daremos o nome de problema de valor inicial (pvi).

1.1

Exemplos de Equa¸

oes Diferenciais Ordin´

arias

Exemplo 1.1.1

Problemas de crescimento ou decrescimento

Seja y = f (t) uma fun¸c˜ao que descreve a quantidade de uma substˆancia, em processo de decresci-mento radioativo, sendo a vari´avel t o tempo. Uma das leis que descreve o decrescimento de uma substˆancia radioativa ´e aquela que diz que a taxa de varia¸c˜ao da quantidade da substˆancia em um dado instante t ´e proporcional `a substˆancia presente nesse instante. Em termos matem´aticos esta situa¸c˜ao ´e dada por:

       dy dt = ky (ou y 0= ky) y0= f (0),

sendo k uma constante e y0 o valor inicial de y.

(7)

Exemplo 1.1.2

Varia¸c˜ao da temperatura

A lei de varia¸c˜ao da temperatura de Newton estabelece que a taxa de varia¸c˜ao da temperatura de um corpo ´e proporcional `a diferen¸ca entre a temperatura do corpo e a temperatura do meio ambiente.

Denotando por T a temperatura do corpo e por α a temperatura do ambiente, temos a seguinte equa¸c˜ao diferencial:

dT

dt = −k (T − α) , k > 0,

no caso de um processo de resfriamento. Observe que T > α e o sinal negativo justifica-se pelo fato de dT

dt < 0 (Temperatura decrescente at´e `a temperatura ambiente). No caso de um processo de aquecimento tem-se

dT

dt = k (α − T ) , k > 0, sendo T < α e ent˜ao dT

dt > 0.

Exemplo 1.1.3

Um problema de mistura

Seja V0a quantidade (volume) inicial de salmoura dentro de um tanque que cont´em Q0gramas

de sal. Despejamos no tanque outra solu¸c˜ao de salmoura, com Q1gramas de sal por litro, `a raz˜ao

de v litros por minuto. A mistura ´e mantida uniforme por meio de um agitador, enquanto ela escoa `a raz˜ao w litros por minuto. Sejam Q(t) a quantidade de sal presente na mistura no instante t e V (t) a quantidade de salmoura no mesmo instante t. Ent˜ao Q(t)

V (t) representa a concentra¸c˜ao de sal na mistura no instante t e

           dQ dt = Q|{z}1v Entrada −Q(t) V (t)w | {z } Saida , Q(0) = Q0

Observando que V (t) = V0+ tv − tw, obtemos o seguinte modelo matem´atico:

       dQ dt + w V0+ (v − w)t Q = Q1v, Q(0) = Q0

(8)

Exemplo 1.1.4

Um problema de queda vertical

Seja um corpo de massa m em queda vertical, influenciada pela a¸c˜ao da gravidade g e pela resitˆencia do ar. De acordo com a segunda lei de Newton

~

F = md~v dt,

onde ~v representa a velocidade e ~F a resultante das for¸cas que atuam no corpo. Essas for¸cas s˜ao o peso ~F1= mg e a resistˆencia do ar ~F2= −k~v, k > 0.

Figura 1.1: Queda de um corpo de massa m, sob influˆencia da gravidade e da resistˆencia do ar. Ent˜ao

mg − kv = mdv

dt ou v

0+ k

mv = g, que ´e a equa¸c˜ao do movimento.

1.2

Equa¸

oes Separ´

aveis

S˜ao equa¸c˜oes diferenciais de primeira ordem dadas que podem ser escritas da seguinte forma: dy dx = f (x) g(y) ⇔ g(y)dy = f (x)dx, (1.1) ou dy dx = f (x)g(y) ⇔ dy g(y) = f (x)dx. (1.2) sendo a solu¸c˜ao obtida por integra¸c˜ao direta de ambos os lados da igualdade:

Z g(y) dy = Z f (x) dx ou Z 1 g(y)dy = Z f (x) dx.

(9)

Exemplo 1.2.1

Encontre a solu¸c˜ao geral de

dy dx = 2y Solu¸c˜ao:

Escrevemos a equa¸c˜ao na forma: 1 2ydy = dx ⇔ Z 1 2ydy = Z dx e integramos para obter:

1

2ln |y| = x + C1 ⇒ |y| = e

2C1e2x y = Ce2x

Exemplo 1.2.2

Encontre a solu¸c˜ao da equa¸c˜ao

y0= −4x

9y, y 6= 0 Solu¸c˜ao:

Escrevemos a equa¸c˜ao na forma:

9ydy = −4xdx e integramos para obter:

9y2 2 = − 4x2 2 + C ⇔ 2x 2+9y2 2 = C

Exerc´ıcio 1.2.1

Resolva o problema de valor inicial:        dy dx = 2xy y0= 1

Exerc´ıcio 1.2.2

Sabe-se que uma cultura de bact´erias cresce a uma taxa proporcional `a quantidade presente em cada instante. Ap´os 1 hora observam-se 1 000 fileiras de bact´erias na cultura e ap´os 4 horas observam-se 3 000 fileiras. Determine

(10)

a) A express˜ao do n´umero de fileiras de bact´erias presentes na cultura no instante t. b) O n´umero aproximado de fileiras de bact´erias no in´ıcio da cultura.

Exerc´ıcio 1.2.3

Certo material radioativo decai a uma taxa proporcional `a quantidade presente. Se inicialmente h´a 100 miligramas e se ap´os 2 anos 5% do material decaiu, determine

a) A express˜ao para a massa em um instante t

b) O tempo necess´ario para o decaimento de 10% do material.

Exerc´ıcio 1.2.4

Sabe-se que o Cs137 (C´esio 137) se desintegra a uma taxa proporcional `a massa existente em cada instante. Sua meia-vida ´e da ordem de 30 anos. Qual a porcentagem de C´esio 137 que se desintegra em 1 ano?

Exerc´ıcio 1.2.5

Um corpo `a temperatura de 50oF ´e colocado em um forno cuja temperatura ´e mantida em 150oF . Se ap´os 10 minutos a temperatura do corpo ´e de 75oF , determine o tempo necess´ario para que

o corpo atinja a temperatura de 100oF .

Exerc´ıcio 1.2.6

Suponha que a taxa segundo a qual uma inova¸c˜ao tecnol´ogica se espalha em uma comunidade com uma popula¸c˜ao fixa de n indiv´ıduos ´e conjuntamente proporcional ao n´umero de pessoas que a adotaram e ao n´umero de pessoas que n˜ao a adotaram. Se y(t) for o n´umero de pessoas que adotaram a inova¸c˜ao no instante t, determine a equa¸c˜ao diferencial que descreve a situa¸c˜ao.

Exerc´ıcio 1.2.7

Um corpo `a temperatura de 50oF ´e colocado ao ar livre , onde a temperatura ´e de 100oF . Se

ap´os 5 minutos a temperatura do corpo ´e de 60 oF , determine

a) O tempo necess´ario para que o corpo atinja a temperatura de 75 oF

(11)

Exerc´ıcio 1.2.8

Resolva o problema de valor inicial:        dy dx = y sen x y0= 1

1.3

Equa¸

oes Lineares de Primeira Ordem

Cada uma das situa¸c˜oes dos exemplos da se¸c˜ao anterior foi modelada matematicamente por uma equa¸c˜ao diferencial do tipo

y0+ a(x)y = b(x) (1.3) onde as fun¸c˜oes s˜ao supostas cont´ınuas. Essa equa¸c˜ao ´e denominada de equa¸c˜ao diferencial linear de primeira ordem. Para resolver a equa¸c˜ao (1.3) multiplicamos ambos os lados da equa¸c˜ao pelo fator integrante

eR a(x) dx (1.4)

transformando-a em

d dx

h

yeR a(x) dxi= b(x)eR a(x) dx. (1.5)

Integrando a equa¸c˜ao (1.5), obtemos a seguinte solu¸c˜ao geral para a equa¸c˜ao diferencial linear de primeira ordem (1.3).

Exemplo 1.3.1

Resolver o seguinte problema de valor inicial:        ( sen x)dy dx + (cos x) y = cos 2x, 0 < x < π y(π2) = 1 Solu¸c˜ao:

Escrevendo a equa¸c˜ao na forma (1.3) temos: dy dx+ cos(x) sen (x) | {z } a(x) y =cos(2x) sen (x) | {z } b(x)

sendo o fator integrante dado por eR a(x)dx= exp

Z cos(x) sen (x)dx



(12)

dy

dxsen x + y cos x = cos 2x ⇔ d

dx(y sen x) = cos 2x Portanto a solu¸c˜ao da EDO ´e dada por

y = 1 sen (x)  C + sen (2x) 2 

Impondo a condi¸c˜ao inicial encontramos C = 1. Ent˜ao a solu¸c˜ao particular ´e dada por: y = 1 sen (x)  1 + sen (2x) 2 

Exemplo 1.3.2

Um tanque cont´em inicialmente 350 litros de salmoura com 10 kg de sal. A partir de um dado momento, ´agua pura come¸ca a entrar no tanque `a raz˜ao de 20 litros por minuto, enquanto a mistura bem homogeneizada sai do tanque `a mesma raz˜ao. Qual a quantidade de sal no tanque ap´os t minutos? O que acontece com a quantidade de sal no tanque `a medida que o tempo passa?

Solu¸c˜ao:

V0= 350 L, Q0= 10 kg de sal, v = w = 2 L/min, Q1= 0 kg (´agua pura)

dQ dt = 0 − Q 350 + (2 − 2)t2, Q(0) = Q0= 10 Portanto        dQ dt + Q 175 = 0 Q(0) = Q0= 10 ´

e um PVI envolvendo uma equa¸c˜ao linear. Ent˜ao Q(t) = 10 exp  − t 175  , lim t→∞Q(t) = 0

Exemplo 1.3.3

Deixa-se cair de uma altura de 30 m um corpo de 30 kg, com uma velocidade inicial de 3 m/s. Admitindo que a resistˆencia do ar seja proporcional `a velocidade e que a velocidade limite ´e de 43 m/s, determine a express˜ao da velocidade v(t) e da posi¸c˜ao do corpo y(t) em um instante t.

(13)

Solu¸c˜ao mg = kv ⇔ (30)(9.8) = k(43) ⇒ k = 6.84 mv0= mg − kv ⇔ v0+ k mv = g ⇔ v 0+6.84 30 v = 9.8 v0+ 0.228v = 9.8 ⇒ v = 42.98 − 39.98 e−0.23 t y(t) = Z v(t) dt = 175.36e−0.23t+ 42.98t + C y(0)=0 z}|{= 175.36e−0.23t+ 42.98t − 175.36

1.4

Equa¸

oes Diferenciais Exatas

Suponha que F (x, y) = C, com y dependente de x, seja a solu¸c˜ao geral da equa¸c˜ao diferencial ordin´aria de primeira ordem

M (x, y) + N (x, y)dy

dx = 0. (1.6) Diferenciando esta solu¸c˜ao obtemos a seguinte diferencial:

dF dx = ∂F ∂x + ∂F ∂y dy dx = 0. (1.7) Comparando as equa¸c˜oes (1.6) e (1.7) observamos que, se existir uma fun¸c˜ao F (x, y) com derivadas parciais tais que

∂F

∂x = M (x, y) e ∂F

∂y = N (x, y),

ent˜ao o lado esquerdo da equa¸c˜ao (1.6) corresponde `a diferencial da fun¸c˜ao F (x, y).

Exemplo 1.4.1

O lado esquerdo da equa¸c˜ao

2x + 2ydy dx = 0 corresponde `a diferencial da fun¸c˜ao F (x, y) = x2+ y2.

Defini¸

ao 1.4.1

Equa¸c˜ao Diferencial Exata

A equa¸c˜ao diferencial (1.6) ´e uma diferencial exata em uma regi˜ao R do plano-xy se a express˜ao `

(14)

Exemplo 1.4.2

A equa¸c˜ao diferencial 2x + 2ydy

dx = 0 do Exemplo 1.4.1 ´e uma equa¸c˜ao diferencial exata.

Teorema 1.4.1

Crit´erio para equa¸c˜ao diferencial exata

Sejam M (x, y) e N (x, y) fun¸c˜oes cont´ınuas e com derivadas parciais cont´ınuas em uma regi˜ao R. ´E poss´ıvel mostrar que a condi¸c˜ao necess´aria e suficiente para que a equa¸c˜ao diferencial (1.6) seja exata (isto ´e, para que exista a fun¸c˜ao F (x, y)), ´e que

∂M ∂y =

∂N

∂x. (1.8) M´etodo de resolu¸c˜ao de uma equa¸c˜ao diferencial exata:

Suponhamos que, dada a equa¸c˜ao diferencial na forma M (x, y) + N (x, y)dy

dx = 0,

a igualdade dada em (1.8) seja verdadeira. Ent˜ao, integrando a fun¸c˜ao M (x, y) em rela¸c˜ao a x e mantendo y constante obtemos uma fun¸c˜ao F (x, y) definida por

F (x, y) = Z

M (x, y)dx + g(y), (1.9) onde a fun¸c˜ao g(y) ´e a constante de integra¸c˜ao em x (pode ser constante ou n˜ao em y). Diferen-ciando a equa¸c˜ao (1.9) em rela¸c˜ao a y temos:

∂F ∂y =

∂ ∂y

Z

M (x, y)dx + g0(y) = N (x, y), resultando a seguinte express˜ao para g0(y):

g0(y) = N (x, y) − ∂ ∂y

Z

M (x, y)dx. (1.10) Integramos (1.10) em rela¸c˜ao a y e substitu´ımos g(y) em (1.9) para obter a solu¸c˜ao impl´ıcita F (x, y) = C.

Exemplo 1.4.3

Resolva a equa¸c˜ao diferencial

3x2+ y2 dx + 2xydy = 0 Solu¸c˜ao:

(15)

M (x, y) = 3x2+ y2 e N (x, y) = 2xy ⇒ ∂M ∂y = ∂N ∂x = 2y F (x, y) = Z (3x2+ y2)dx + g(y) = x3+ xy2+ g(y) ⇒ ∂F ∂y = 2xy + g 0(y) Sendo ∂F

∂y = N (x, y) = 2xy, temos

g0(y) = 0 ⇒ g(y) = C (Constante). Portanto a solu¸c˜ao da equa¸c˜ao diferencial ´e

F (x, y) = x3+ xy2+ C

Exerc´ıcio 1.4.1

Se y0(x) ´e uma solu¸c˜ao da equa¸c˜ao diferencial ordin´aria linear y0+ a(x)y = b(x), verifique que

y1(x) = y0(x) + Ce−R a(x) dx tamb´em ´e solu¸c˜ao, para qualquer valor da constante C.

Exerc´ıcio 1.4.2

Verifique que as equa¸c˜oes diferenciais dadas abaixo s˜ao exatas, resolvendo-as em seguida: a) 3x2ydx + x3dy = 0 b)  x + y x2+ y2  dx +  y − x x2+ y2  dy = 0

Exerc´ıcio 1.4.3

Resolva o PVI        dy dx− 2xy = −1 y(0) = √ π 2 ,

1.5

Trajet´

orias Ortogonais

Consideremos no plano xy uma fam´ılia de curvas dada por:

(16)

onde λ ´e um parˆametro real. Por exemplo, a equa¸c˜ao x2+ y2− λ = 0, λ > 0

representa uma fam´ılia de circunferˆencias de centro na origem do plano xy.

Supondo que F seja uma fun¸c˜ao diferenci´avel em alguma regi˜ao do espa¸co tridimencional R3, diferencimos a equa¸c˜ao (1.11) para encontrar

Fx+ Fy dy dx = 0, isto ´e, dy dx = − Fx Fy

representa a declividade das curvas descritas por F (x, y, λ) = 0. Assim a declividade das curvas (ou trajet´orias) ortogonais ´e dada por

dy dx =

Fy

Fx

de onde obtemos a seguinte equa¸c˜ao diferencial

Fxdy − Fydx = 0. (1.12)

A solu¸c˜ao geral da equa¸c˜ao diferencial (1.12) gera a fam´ılia de traget´orias ortogonais `as curvas dadas por F (x, y, λ) = 0.

Exemplo 1.5.1

Considere a fam´ılia de circunferˆencias descritas pela equa¸c˜ao x2+ y2= λ, λ > 0.

Mostre que as trajet´orias ortogonais s˜ao constitu´ıdas por retas passando pela origem. Solu¸c˜ao: F = x2+ y2− λ = 0 ⇒ Fx= 2x e Fy = 2y ⇒ 2xdy − 2ydy = 0 ⇔ dy dx = y x, cuja solu¸c˜ao ´e y = Cx.

(17)

Figura 1.2: Fam´ılia de trajet´orias ortogonais para a fam´ılia de fun¸c˜oes x2+ y2− λ=0

Exemplo 1.5.2

Para a fam´ılia de par´abolas

y = λx2 as trajet´orias ortogonais s˜ao dadas pelas curvas x

2 2 + y 2= C. De fato: F (x, y, λ) = y − λx2= 0 ⇒ dy dx − 2λx = 0 ⇒ dy dx = 2λx Resulta a equa¸c˜ao diferencial das traget´orias ortogonais

dy dx = − 1 2λx ⇔ dy dx = − x 2y e cuja solu¸c˜ao ´e dada por : y2= −1

2x

2+ C. Veja a figura 1.3.

Exerc´ıcio 1.5.1

Encontre as trajet´orias ortogonais da fam´ılia de curvas. Fa¸ca um esbo¸co a fam´ılia de curvas e das traget´orias ortogonais .

a) y = kx2

(18)

Figura 1.3: Fam´ılia de trajet´orias ortogonais para a fam´ılia de curvas y = λx2

Exerc´ıcio 1.5.2

Sabe-se que a popula¸c˜ao de uma certa comunidade cresce a uma taxa proporcional ao n´umero de pessoas presentes em qualquer instante. Se a popula¸c˜ao duplicou em 6 anos, quando ela triplicar´a?

Exerc´ıcio 1.5.3

O is´otopo de chumbo, PB-209, decresce a uma taxa proporcional `a quantidade presente em qualquer tempo. Sua meia-vida ´e 3.3 horas. Se 1 grama de chumbo est´a presente inicialmente, quanto tempo levar´a para 90% de chumbo desaparecer?

Exerc´ıcio 1.5.4

Inicialmente havia 100 miligramas de uma substˆancia radioativa. Ap´os seis horas a massa de-cresceu 10%. Supondo que a taxa de decaimento ´e proporcional `a quantidade de substˆancia no instante t, escreva a equa¸c˜ao que descreve o problema. Determine a quantidade remanescente ap´os 24 horas. Determine tamb´em o tempo de meia-vida da substˆancia.

Exerc´ıcio 1.5.5

Resolva a equa¸c˜ao diferencial

dx dt = e

(19)

Exerc´ıcio 1.5.6

Resolva a equa¸c˜ao dy dx+ 1 xy = 1 xy2.

Sugest˜ao: fa¸ca u = y3 para transform´a-la em uma equa¸c˜ao linear de primeira ordem.

Exerc´ıcio 1.5.7

Uma bateria de 10 volts ´e conectada a um circuito em s´erie no qual a indutˆancia ´e 0.25 henry e a resistˆencia ´e 5 ohms. Determine a corrente i se a corrente inicial for 0. A equa¸c˜ao diferencial ´e dada por:

0.25di

dt+ 5i = 10

Exerc´ıcio 1.5.8

Uma pequena barra de metal, cuja temperatura inicial ´e de 20oC ´e colocada em um grande recipiente com ´agua fervendo. Sabendo que sua temperatura aumenta 2oC em 1 segundo, quanto tempo levar´a para a barra atingir 90oC? quanto tempo levar´a para a barra atingir 98oC ?

Exerc´ıcio 1.5.9

Em um modelo de varia¸c˜ao populacional de uma comunidade sup˜oe-se dP

dt = k1P − k2P , onde k1P ´e a taxa de natalidade e k2P ´e a taxa de mortalidade. Determine a fun¸c˜ao P (t) e analise o

comportamento do crescimento da popula¸c˜ao nos casos de k1> k2, k1= k2e k1< k2.

(20)

Equa¸

oes Diferenciais de Segunda

Ordem

S˜ao equa¸c˜oes diferenciais com derivadas de ordem 2:

a2(x)y00+ a1(x)y0+ a0(x)y = f (x), (2.1)

onde as fun¸c˜oes a2(x), a1(x), a0(x) s˜ao os coeficientes, as quais iremos supor serem cont´ınuas em

um intervalo da reta real.

2.1

Existˆ

encia e Unicidade da Solu¸

ao

´

E poss´ıvel provar que existe uma ´unica solu¸c˜ao do problema de valor inicial definido pela equa¸c˜ao (2.1) sujeita a duas condi¸c˜oes iniciais, isto ´e quando se conhece o valor da fun¸c˜ao de da derivada em um dado ponto.

Teorema 2.1.1

Existˆencia e Unicidade

Sejam a2(x), a1(x), a0(x) e f (x) fun¸c˜oes cont´ınuas em um intervalo I e seja x0um ponto (n´umero

real) nesse intervalo. Ent˜ao existe uma ´unica solu¸c˜ao y(x) da equa¸c˜ao (2.1) definida em I tal que y0(x0) = y1 e y(x0) = y0, sendo y0 e y1 n´umeros reais.

Defini¸

ao 2.1.1

Equa¸c˜ao homogˆenea

Se na equa¸c˜ao (2.1) a fun¸c˜ao f (x) for identicamente nula ent˜ao diz-se que a equa¸c˜ao diferencial ´

e homogˆenea:

a2(x)y00+ a1(x)y0+ a0(x)y = 0 (2.2)

(21)

Utilizando a propriedade de linearidade da derivada n˜ao ´e dif´ıcil provar os teoremas enunci-ados a seguir. Esses teoremas ser˜ao fundamentais para a constru¸c˜ao dos m´etodos de resolu¸c˜ao de uma equa¸c˜ao diferencial ordin´aria de segunda ordem.

Teorema 2.1.2

Se y1 e y2s˜ao solu¸c˜oes da equa¸c˜ao diferencial homogˆenea (2.2), ent˜ao a combina¸c˜ao linear

C1y1(x) + C2y2(x)

tamb´em ´e solu¸c˜ao, quaisquer que sejam os valores das constantes C1e C2.

Teorema 2.1.3

Se yP(x) for uma solu¸c˜ao particular da equa¸c˜ao n˜ao homogˆenea (2.1) e yH(x) for a solu¸c˜ao geral

da equa¸c˜ao homogˆenea ent˜ao a solu¸c˜ao geral da equa¸c˜ao n˜ao homogˆenea (2.1) ´e dada por y(x) = yH(x) + yP(x).

2.2

Equa¸

oes Lineares Homogˆ

eneas com Coeficientes

Cons-tantes

Neste caso os coeficientes a2(x) = a2, a1(x) = a1 a0(x) = a0 da equa¸c˜ao (2.1) s˜ao fun¸c˜oes

constantes e a fun¸c˜ao f (x) ´e identicamente nula:

y00+ a1y0+ a0y = 0. (2.3)

Observe que para a equa¸c˜ao linear de primeira ordem a1y0+ a0y = 0 tem-se:

y0 = −a0 a1

y ⇒ y = e−a0a1x,

o que nos motiva a procurar uma solu¸c˜ao para a equa¸c˜ao homogˆenea (2.3) da forma

y = emx. (2.4) Substituindo a fun¸c˜ao y = emx sugerida em (2.4) e as suas derivadas y0 = memx e y00= m2emx

(22)

em (2.3) obt´em-se

emx(a2m2+ a1m + a0) = 0 ⇔ a2m2+ a1m + a0= 0 (2.5)

As solu¸c˜oes y = emx ser˜ao ent˜ao obtidas como sendo as ra´ızes da equa¸ao caracter´ıstica (2.5),

a2m2+ a1m + a0= 0. Temos trˆes casos poss´ıveis , ra´ızes reais distintas, ra´ızes reais iguais (raiz

dupla) ou ra´ızes complexas.

2.2.1

Ra´ızes reais distintas de a

2

m

2

+ a

1

m + a

0

= 0

Se m1 e m2 forem as ra´ızes, ent˜ao a equa¸c˜ao homogˆenea (2.3) possui as seguintes solu¸c˜oes

linearmente independentes (uma n˜ao ´e combina¸c˜ao linear da outra): y1(x) = em1x e y2(x) = em2x.

Neste caso a solu¸c˜ao geral ´e

yh(x) = C1y1(x) + C2y2(x) = C1em1x+ C2em2x (2.6)

2.2.2

Ra´ızes reais repetidas (raiz dupla) de a

2

m

2

+ a

1

m + a

0

= 0

Se m1= m2= m, ent˜ao uma solu¸c˜ao da equa¸c˜ao homogˆenea (2.3) ser´a y1(x) = emx.

Mostrare-mos que a outra solu¸c˜ao ser´a a fun¸c˜ao y2(x) = xemx. De fato:

y20(x) = emx+ mxemx e y002(x) = 2memx+ m2xemx. Portanto a2y200(x) + a1y02(x) + a0y2(x) = a2(2memx+ m2xemx) + a1(emx+ mxemx) + a0xemx = ( a2m2+ a1m + a0 | {z } 0 )xemx+ ( 2a2m + a1 | {z } 0 )emx= 0 O primeiro termo ´e igual a zero porque m ´e uma raiz da equa¸c˜ao quadr´atica e o segundo termo porque ´e raiz dupla, isto ´e m = −a1/2a2.

Neste caso a solu¸c˜ao geral ´e

(23)

2.2.3

Ra´ızes complexas (conjugadas) de a

2

m

2

+ a

1

m + a

0

= 0

Sejam m1= α + iβ e m2 = α − iβ as ra´ızes complexas conjugadas. Ent˜ao as seguintes fun¸c˜oes

complexas s˜ao solu¸c˜oes:

y1∗(x) = em1x= e(α+iβ)x e y

2(x) = e

m2x= e(α−iβ)x

Usando as f´ormulas (A.3) e (A.4) temos:

y∗1(x) = eαxeiβx = eαx(cos βx + i sen βx) e

y2∗(x) = eαxe−iβx= eαx(cos βx − i sen βx)

Como consequˆencia do resultado do Teorema 2.1.2 temos que y1(x) = 1 2y ∗ 1(x) + 1 2y ∗ 2(x) = e αxcos βx, (2.8) y2(x) = i 2[y ∗ 2(x) − y ∗ 1(x)] = e αxsen βx, (2.9)

tamb´em s˜ao solu¸c˜oes independentes da equa¸c˜ao homogˆenea. Portanto a solu¸c˜ao geral real ´e dada por

yh(x) = C1y1(x) + C2y2(x) = eαx(C1cos βx + C2sen βx) (2.10)

Exemplo 2.2.1

Resolver a equa¸c˜ao diferencial ordin´aria y00+ 2y0− 3y = 0. Solu¸c˜ao:

m2+ 2m − 3 = 0 possui duas ra´ızes reais e distintas m

1 = −3 e m2 = 1. Portanto a

solu¸c˜ao ´e dada por:

yh= C1e−3x+ C2ex.

Exemplo 2.2.2

Resolver a equa¸c˜ao diferencial y00− 2y0+ y = 0

Solu¸c˜ao:

m2− ms + 1 = 0 possui duas ra´ızes reais e iguais m

1= m2= 1. A solu¸c˜ao ´e :

(24)

Exemplo 2.2.3

Resolver a equa¸c˜ao diferencial y00− 2y0+ 2y = 0

Solu¸c˜ao:

m2− 2m + 2 = 0 possui duas ra´ızes complexas conjugadas m

1= 1 + i e m2= 1 − i

A solu¸c˜ao ´e dada por:

yh= ex(C1cos x + C2sen x).

2.3

etodo da Varia¸

ao dos Parˆ

ametros

Este m´etodo parte da hip´otese que sejam conhecidas duas solu¸c˜oes linearmente independentes (uma n˜ao ´e obtida como combina¸c˜ao linear da outra) da equa¸c˜ao homogˆenea associada `a equa¸c˜ao (2.1), as quais podem ser obtidas pelo m´etodo discutido na se¸c˜ao anterior. Supondo que tais solu¸c˜oes sejam y1e y2, prop˜oe-se que uma solu¸c˜ao particular yP da equa¸c˜ao (2.1) seja da forma

yP(x) = u1(x)y1(x) + u2(x)y2(x), (2.11)

sendo u1 e u2 fun¸c˜oes a serem determinadas sob algumas condi¸c˜oes.

Substituindo yP dada em (2.11) e as suas derivadas y0P e yP00 na equa¸c˜ao (2.1), sob a condi¸c˜ao

u0

1y1+ u02y2= 0 encontramos:

u1[y100+ a1y01+ a0y1] + u2[y200+ a1y02+ a0y2] + u01y10 + u02y20 = f (x)

Como y1e y2s˜ao solu¸c˜oes da equa¸c˜ao homogˆenea, as express˜oes entre colchetes s˜ao iguais a zero

e a express˜ao anterior torna-se

u01y10 + u02y02= f (x) (2.12)

Reunindo as equa¸c˜oes u0

1y1+ u02y2= 0 e (2.12) obtemos um sistema linear nas vari´aveis u01e u02:

       u01y1+ u02y2= 0 u01y10 + u02y02= f (x) (2.13)

(25)

cuja solu¸c˜ao ´e u01= 0 y2(x) f (x) y20(x) y1(x) y2(x) y0 1(x) y02(x) e u02= y1(x) 0 y01(x) f (x) y1(x) y2(x) y0 1(x) y20(x) (2.14) Seja w(x) = y1(x) y10(x) y2(x) y20(x) = y1(x)y02(x) − y10(x)y2(x). (2.15) Portanto u01(x) = −y2(x)f (x) w(x) e u 0 2(x) = y1(x)f (x) w(x) . (2.16) O m´etodo de Varia¸c˜ao dos Parˆametros pode ser aplicado a qualquer equa¸c˜ao diferencial linear de ordem n, desde que sejam conhecidas n solu¸c˜oes linearmente independentes da equa¸c˜ao homogˆenea correspondente. Se os coeficientes n˜ao forem constantes o m´etodo de resolu¸c˜ao da equa¸c˜ao homogˆenea discutido na se¸c˜ao anterior n˜ao ´e v´alido, sendo necess´ario pensar em outras estrat´egias de resolu¸c˜ao.

Exemplo 2.3.1

Resolver a equa¸c˜ao y00− 4y0+ 4y = (x + 1)e2x.

Solu¸c˜ao:

As ra´ızes da equa¸c˜ao auxiliar caracter´ıstica m2−4m+4 = 0 s˜ao m

1= m2= 2. Portanto obtemos

a seguinte solu¸c˜ao geral da equa¸c˜ao homogˆenea correspondente yH= C1e2x+ C2xe2x.

Assim as fun¸c˜oes y1e y2 do m´etodo da varia¸c˜ao dos parˆametros s˜ao

y1(x) = e2x e y2(x) = xe2x⇒ w(x) = e2x 2e2x xe2x 2xe2x+ e2x = e4x Assim, u01= −(x + 1)xe 4x e4x = −x 2− x ⇒ u 1= − x3 3 − x2 2 u02= (x + 1)e 4x e4x = x + 1 ⇒ u2= x2 2 + x

(26)

Portanto yP =  −x 3 3 − x2 2  e2x+ x 2 2 + x  xe2x e a solu¸c˜ao ´e dada por

y = yP+ yH =  −x 3 3 − x2 2  e2x+ x 2 2 + x  xe2x+ C1e2x+ C2xe2x

2.4

Redu¸

ao de Ordem

Algumas equa¸c˜oes diferenciais ordin´arias de segunda ordem podem ser resolvidas por redu¸c˜ao da ordem e aplica¸c˜ao dos m´etodos de resolu¸c˜ao estudados para as equa¸c˜oes de primeira ordem.

Exemplo 2.4.1

Consideremos a equa¸c˜ao diferencial de segunda ordem: xy00+ y0= x − 2, x > 0.

Fazendo a substitui¸c˜ao z = y0 obtemos a equa¸c˜ao linear de primeira ordem xz0+ z = x − 2 ⇔ z0+1 xz = x − 2 x z = C x + x 2 − 2 ⇔ y = C ln x + x2 4 − 2x + C1

Exemplo 2.4.2

Consideremos a equa¸c˜ao diferencial de segunda ordem: xy000+ y00= 0. Fazendo a substitui¸c˜ao z = y00obtemos:

xz0+ z = 0 ⇔ z0+1 xz = 0 ⇔ z = C x ⇔ y 00= C x y0 = C ln x + C1 ⇔ y = C(xln x − x) + C1x + C2 Observa¸c˜ao: Z

(27)

Exerc´ıcio 2.4.1

Resolver a equa¸c˜ao diferencial ordin´aria y00+ 2y0− 3y = x3+ 1.

Exerc´ıcio 2.4.2

Resolver a equa¸c˜ao diferencial y00− 2y0+ y = x.

Exerc´ıcio 2.4.3

Resolver a equa¸c˜ao diferencial y00− 2y0+ 2y = sen x

Exerc´ıcio 2.4.4

Resolver o seguinte problema de valor inicial:        y00+ 2y0+ y = 4ex(x + 1), y(0) = 0 e y0(0) = 1

Exerc´ıcio 2.4.5

A acelera¸c˜ao de uma part´ıcula, como fun¸c˜ao do tempo ´e x00= −3x − 5x0. No instante t = 0, a part´ıcula parte do repouso no ponto x = 1. Calcule a posi¸c˜ao e a velocidade da part´ıcula como fun¸c˜ao do tempo, para t > 0.

Exerc´ıcio 2.4.6

A acelera¸c˜ao de uma part´ıcula em fun¸c˜ao do tempo ´e x00= −3x. No instante t = 0 a part´ıcula parte do repouso em x = 1. calcule a posi¸c˜ao e a velocidade da part´ıcula em fun¸c˜ao do tempo, para t > 0.

Exerc´ıcio 2.4.7

Determine a solu¸c˜ao geral da equa¸c˜ao y00− y = 3e2x.

Exerc´ıcio 2.4.8

Determine a solu¸c˜ao geral da equa¸c˜ao xy00− 2y0 = 0. Sugest˜ao: reduza `a primeira ordem.

Exerc´ıcio 2.4.9

Dado que y1 = x−1 ´e solu¸c˜ao de 2x2y00+ 3xy0− y = 0, x > 0, encontre uma segunda solu¸c˜ao

(28)

2.5

Solu¸

ao em s´

erie de potˆ

encias

Neste m´etodo sup˜oe-se que a solu¸c˜ao da equa¸c˜ao diferencial ´e uma fun¸c˜ao cont´ınua que pode ser representada por sua s´erie de Taylor (Apˆendice B) em torno do ponto inicial x0= a. O m´etodo

tamb´em se aplica no caso em que a EDO n˜ao ´e linear. Consideramos os seguintes exemplos:

Exemplo 2.5.1

Resolver o seguinte problema de valor inicial:        y00+ xy0+ (2x − 1)y = 0, y(−1) = 2 e y0(−1) = −2 Solu¸c˜ao Ponto inicial: a = −1.

Hip´otese: as derivadas y(n)(−1) existem para todo n.

y00= −xy0− (2x − 1)y ⇒ y00(−1) = 4 y000 = −xy00− 2xy0− 2y y000(−1) = −4

yiv= −xy000− (2x + 1)y00− 4y0 yiv(−1) = 8

Portanto, a solu¸c˜ao em s´erie de potˆencias ´e y(x) = 2 − 2(x + 1) + 4 2!(x + 1) 2 − 4 3!(x + 1) 3+ 8 4!(x + 1) 4+ ...

Observe que esta solu¸c˜ao ´e v´alida em um intervalo pequeno contendo o -1.

Exemplo 2.5.2

       y00+ 1 xy 0 4 x2y = 0, y(1) = 0 e y0(1) = −4 Solu¸c˜ao Ponto inicial: a = 1. y00= −1 xy 0+ 4 x2y ⇒ y 00(1) = 4 y000= −1 xy 00+ 5 x2y 0 8 x3y ⇒ y 000(1) = −24

(29)

yiv = −1 xy 000+ 6 x2y 0018 x3y 0+24 x4y ⇒ y iv(1) = 120

Portanto, a solu¸c˜ao em s´erie de potˆencias ´e y(x) = −4(x − 1) + 4 2!(x − 1) 24! 3!(x − 1) 3+5! 4!(x − 1) 4+6! 5!(x − 1) 5+ ...

Exerc´ıcio 2.5.1

Calcule a solu¸c˜ao em s´erie de potˆencias do seguinte problema de valor inicial:        y00+ y0= 0, y(0) = 1 e y0(0) = 1

Exerc´ıcio 2.5.2

Calcule a solu¸c˜ao em s´erie de potˆencias do seguinte problema de valor inicial:        y00= x2− y2, y(0) = 1 e y0(0) = 0

Exerc´ıcio 2.5.3

Calcule a solu¸c˜ao em s´erie de potˆencias do seguinte problema de valor inicial:        y00− 2xy0+ 6y = 0, y(0) = −1 e y0(0) = 0

Exerc´ıcio 2.5.4

Calcule a solu¸c˜ao em s´erie de potˆencias do seguinte problema de valor inicial:        y00+ y sen x = x, y(π) = 1 e y0(π) = 0

(30)

umeros Complexos

Um n´umero complexo ´e um n´umero da forma z = a + ib,

sendo i2 = −1 denominada unidade imagin´aria e a e b n´umeros reais. A representa¸ao desse

n´umero no plano complexo ´e dada na figura A.1:

Figura A.1: Representa¸c˜ao do n´umero z = a + ib no plano complexo. Considerando a expans˜ao de ex, sen (x) e cos(x) em s´eries de potˆencias, dadas por:

ex= 1 + x +x 2 2! + x3 3! + ... sen (x) = x −x 3 3! + x5 5! − ... cos(x) = 1 −x 2 2! + x4 4! − ... 25

(31)

´e poss´ıvel mostrar as seguintes f´ormulas para sen (x) e cos(x): sen (x) = e ix− e−ix 2i ; (A.1) cos(x) = e ix+ e−ix 2 . (A.2)

Como consequˆencia das equa¸c˜oes (A.1) e (A.2), temos

eix= cos(x) + i sen (x) (A.3) e

e−ix= cos(x) − i sen (x) (A.4) Seja o n´umero complexo z = a + ib, representado pela figura A.1. Ent˜ao:

cos(α) = a

|z| e sen (α) = b |z|, e

(32)

erie de Taylor

Se f (x) for uma fun¸c˜ao que possui a seguinte representa¸c˜ao em s´erie de potˆencias f (x) =

X

k=0

ck(x − a)k, |x − a| < R,

ent˜ao os coeficientes ck podem ser obtidos da seguinte forma:

f (a) = c0⇒ c0= f (a) f0(x) = ∞ X k=1 kck(x − a)k−1⇒ c1= f0(a) 1! f00(x) = ∞ X k=2 k(k − 1)ck(x − a)k−2⇒ c2= f00(a) 2! f000(x) = ∞ X k=3 k(k − 1)(k − 2)ck(x − a)k−3⇒ c3= f000(a) 3! .. .

Por indu¸c˜ao podemos concluir que os coeficientes ck, k = 0, 1, 2, ... s˜ao dados por: ck =

fk(a) k!

Defini¸

ao B.0.1

S´erie de Taylor e S´erie de Maclaurin A s´erie de potˆencias

∞ X k=0 f(k)(a) k! (x − a) k (B.1) ´

e chamada s´erie de Taylor da fun¸c˜ao f (x) em x = a. Para o caso especial de a = 0 a s´erie ´e chamada de s´erie de Maclaurin.

Referências

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