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CGU Controladoria-Geral da União OGU Ouvidoria-Geral da União Coordenação-Geral de Recursos de Acesso à Informação

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CGU

Controladoria-Geral da União

OGU – Ouvidoria-Geral da União

Coordenação-Geral de Recursos de Acesso à Informação PARECER Referência: 01390.000690/2015-16

Assunto: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação.

Restrição de

acesso: Não há restrição de acesso.

Ementa: O cidadão pretende acesso a suposto documento de autoria de Emmanuel Liais que trata sobre avistamento de OVNI, datado entre 1875 e 1876. – Recorrente argumenta que a resposta foi disponibilizada em formato inadequado, pois pretende receber a informação através do e-sic. Destaca que não possui disponibilidade para realizar a pesquisa diretamente na instituição. – Órgão recorrido informa que não localizou a documentação requisitada em seu acervo e indica que se trata de informação inexistente e desconhecida. Ressalta necessidade de trabalhos adicionais para manter as buscas em relação à documentação, os quais impactariam nas atividades rotineiras da instituição. – Análise da CGU: pedido não deve ser atendido pois o órgão declara que não tem conhecimento sobre a existência da informação solicitada. A continuidade das buscas impactaria nas atividades rotineiras da instituição e, portanto, trata-se também de pedido desproporcional, nos termos do art. 13, II, do Decreto no 7.724/2012. – Não

conhecimento do recurso. – Recomendações à instituição pública: Garantir que a autoridade responsável por julgar o recurso em primeira instância seja diferente e hierarquicamente superior àquela que adotou a decisão inicial; Garantir que a autoridade responsável por julgar o recurso de segunda instância seja a autoridade máxima da instituição pública; Indicar a possibilidade de recurso, prazo correlato e autoridade para a qual será dirigido.

Órgão ou entidade

recorrido (a): Museu de Astronomia e Ciências Afins – MAST Recorrente: E. B. J.

Senhor Ouvidor-Geral da União,

1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação, com base na Lei nº 12.527/2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado:

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Pedido 13/05/2015

Solicitação nos seguintes termos:

Prezados Senhores do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST),

Por meio de orientação recebida do Observatório Nacional, constante de nosso protocolo 01390000684201551, de maio de 2015, submetemos nosso pedido à esse Museu (MAST), a fim de localizar os documentos, relatórios, croquis, produzidos por Emmanuel Liais que engloba o ano de 1875 e 1876 ou algum documento que descreva sobre o caso de avistamento de OVNI, ocorrido entre 1875 e 1876, no Rio de Janeiro e testemunhado pelo astrônomo Emmanuel Liais, que foi o primeiro diretor do Observatório Nacional. O fato ocorreu e foi registrado entre o dia 02 de dezembro de 1875 e o dia 22 de janeiro de 1876, ou seja, vários corpos luminosos e outros corpos escuros foram avistados atravessando em frente ao disco solar, sem ter uma explicação científica convincente na época. O episódio também foi registrado pelo periódico francês “La Nature” – 1876, 1, pág. 384 (Paris), com o seguinte título “Passage de corpuscles sur le Soleil”. Será que Emmanuel Liais não fez um artigo ou postulado para ser enviado ao peródico francês e estaria neste Museu?

Assim, peço sua atenção e empenho para localizar o escrito (documento ou relatório ou postulado) com estes fatos. Desde já agradeço a atenção. [sic]

Resposta

Inicial 22/05/2015

O MAST apresentou a seguinte resposta:

O MAST - Museu de Astronomia e Ciências Afins, unidade de pesquisa vinculada ao MCTI - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação é uma instituição pública de pesquisa e mantém sob sua guarda parte importante do arquivo do Observatório Nacional, inclusive a que abrange o período referido na solicitação. O Arquivo de História da Ciência do MAST, unidade que detém a guarda do arquivo histórico do ON no período em questão, está aberto a consulta de seu acervo e poderá ser consultado diretamente por V. Sa., sob a orientação de especialistas da Instituição, no endereço: Rua General Bruce 586, Bairro Imperial de São Cristóvão, RJ, de segunda à sexta feira, no horário de 09h às 12h e de 13h às 17h horas - contato: E. P. F.. Além disso, o MAST possui uma biblioteca especializada em História da Ciência, igualmente aberta ao público, a qual contém um rico acervo formado por livros, teses e revistas científicas. Com o auxílio dos bibliotecários, V. Sa. poderá fazer um levantamento nesse material bibliográfico a fim de localizar os resultados já obtidos por pesquisas históricas realizadas sobre a trajetória institucional e científica tanto do ON quanto do astrônomo Emmanuel Liais, os quais poderão orientá-lo na busca de respostas a suas indagações.

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Recurso à Autoridade

Superior

22/05/2015

O cidadão reitera a solicitação inicial, com destaque para os seguintes argumentos:

(...) entendo sua resposta, mas não tenho disponibilidade para ir ao RJ. Eu moro em São Paulo e optei pela forma de recebimento por e-mail, conforme MANUAL e-SIC (Guia do SIC).

(...) Assim, peço sua atenção e empenho para localizar o escrito (documento ou relatório ou postulado) com estes fatos e me envie em formato PDF por e-mail. Desde já agradeço a atenção. Resposta do Recurso à Autoridade Superior 27/05/2015

O órgão apresentou a seguinte resposta:

Em relação ao recurso de 1ª instância apresentado por V. Sa. através do SIC/MAST, temos a informar que a obtenção das informações solicitadas, tais como localização de documentos, relatórios e croquis, produzidas por Emmanuel Liais, demanda por parte dos servidores do MAST um trabalho adicional, para o qual não dispomos de quantitativo de pessoal para realizá-lo sem que as atividades rotineiras da Instituição sejam prejudicadas. Deste modo e considerando o disposto no item III e Parágrafo Único do Art. 13 do Decreto nº 7.724 de 16/05/2012 que regulamenta a Lei nº 12.527 (LAI), em conjunto com o disposto no item II do Art. 15 do mesmo instrumento Legal, reiteramos o teor da resposta anterior à sua solicitação inicial ao SIC/MAST.

Recurso à Autoridade

Máxima

27/05/2015

O cidadão adiciona os seguintes argumentos:

(...)

Conforme Decreto nº 7.724 de 16/05/2012 que regulamenta a Lei 12.527 (LAI), no Art. 17 – Parágrafo Único (Abaixo), eu DECLARO não ter possibilidade de consultar pessoalmente para obter a informação solicitada:

Art. 17. Caso a informação esteja disponível ao público em formato impresso, eletrônico ou em outro meio de acesso universal, o órgão ou entidade deverá orientar o requerente quanto ao local e modo para consultar, obter ou reproduzir a informação.

Parágrafo único. Na hipótese do caput o órgão ou entidade desobriga-se do fornecimento direto da informação, salvo se o requerente declarar não dispor de meios para consultar, obter ou reproduzir a informação. Considerando, sua resposta que no item III do Art. 13 do Decreto nº 7.724, está escrito também no final que o não atendimento seria se caso “não seja de competência do órgão ou entidade” que está fornecendo a informação.

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Assim, entendo que é responsabilidade, ou seja, de competência do MAST em disponibilizar para o cidadão a informação de forma a cumprir a Lei (...).

Resposta do Recurso à Autoridade

Máxima

01/06/2015

O MAST apresenta a seguinte resposta:

Em relação ao recurso de 2ª instância apresentado por V.Sa. estamos anexando o ÚNICO texto localizado relacionado a Emmanuel Liais no período citado na solicitação. O texto é um capítulo da publicação: ANCELLIN, Jacques. L´astronome Emmanuel Liais [1826-1900] : un homme de science du xixe siecle. Cherbourg: Imprimerie OCEP, 1985. 204p. il. Em "Memoires de la Societe Nationale des Sciences Naturelles et Mathematiques de Cherbourg", tome LVII, 1975-197. Informamos ainda que o acervo de periódicos da biblioteca do MAST tem início no ano de 1985 e não possui exemplares da revista "La Nature".

Reiteramos que uma pesquisa poderá ser realizada por V.Sa junto ao acervo NÃO digitalizado do Arquivo de História da Ciência do MAST, unidade que detém a guarda do arquivo histórico do ON e que está aberto a consulta, sob a orientação de especialistas da Instituição, no endereço: Rua General Bruce 586, Bairro Imperial de São Cristóvão, RJ, de segunda à sexta feira, no horário de 09h às 12h e de 13h às 17h horas.

Recurso à CGU

02/06/2015

O cidadão recorre à CGU e adiciona os seguintes argumentos:

(...)

Caso tenha algum problema no prazo, a Lei também faculta o órgão a pedir mais prazo para o atendimento do meu pleito.

Em sua resposta é mencionado de um “acervo NÃO digitalizado do Arquivo de História da Ciência do MAST”. Todavia, não tenho disponibilidade para ir até o RJ pesquisar pessoalmente os documentos pleiteados. Em sua resposta, fica claro que é por causa da falta de funcionários. O Decreto no. 7.724, de 16 de maio de 2012 diz no inciso III, "in verbis":

"III - que exijam trabalhos adicionais de análise, interpretação ou consolidação de dados e informações, ou serviço de produção ou tratamento de dados que não seja de competência do órgão ou entidade."

Mas é importante ressaltar que a negativa com base nesse inciso só seria válido se os trabalhos adicionais de análise, interpretação ou consolidação de dados e informações, ou serviço de produção ou tratamento de dados que NÃO fossem de competência desse MAST e/ou ON, o que não é o caso, uma vez que é de competência deste órgão, analisar, interpretar ou consolidar os seus

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próprios documentos.

Assim, peço sua atenção e empenho para localizar o escrito (documento ou relatório ou postulado) com estes fatos e me envie em formato PDF por e-mail. Desde já agradeço a atenção.

Instrução do recurso

29/06/2015 A CGU, com base no art. 23, §1o, do Decreto no

7.724/2012, solicitou esclarecimentos ao MAST, que apresentou as informações adicionais transcritas abaixo: i. maiores informações e detalhamento acerca dos trabalhos adicionais necessários para a busca;

O Arquivo do Observatório Nacional, a parte sob a guarda do Arquivo de História da Ciência do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), encontra-se atualmente em organização, na etapa de identificação dos documentos. Cerca de 80% já foi concluída e o restante está dentro do planejamento do MAST para ser finalizado até o final de 2016. O acervo é constituído por 343 caixas e 247 livros (inventários de material permanente, livros de ponto, livros de carga, livros de posse, ordens de serviço), contendo, estimativamente, cerca de 110 mil documentos com aproximadamente 500 mil páginas.

ii. quantidade de documentos/caixas que precisam ser consultadas

Diante da solicitação de acesso à informação via SIC, paramos o atendimento ao público e a organização de nosso acervo, para disponibilizamos dois profissionais para a triagem e leitura dos documentos relativos ao período solicitado. Identificamos, dentro do quantitativo já processado, 6 (seis) caixas, relativas aos anos de 1875 e 1876 e em nenhuma encontrou-se referências ao assunto em destaque no pedido.

iii. indicação, pelo órgão recorrido, de que informações protegidas por sigilo, ou com restrição de acesso, que os documentos podem conter;

Não encontramos informações protegidas por sigilo ou com restrição de acesso para os documentos dos anos 1875 e 1876.

iv. indicação da quantidade de homens/hora (estimativa) para triagem dos documentos, a fim de serem ocultadas as informações protegidas ou com restrição de acesso;

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Não encontramos informações protegidas por sigilo ou com restrição de acesso.

v. quantidade de homens/hora disponíveis no setor responsável pela triagem;

Não existem profissionais disponíveis. Como já mencionado, retiramos duas pessoas de outras atividades para atender esta demanda.

vi. indicação da viabilidade, ou não, de o setor solicitar apoio de outro setor para a realização da triagem;

Além de ser uma atividade especifica dos profissionais com experiência em atividades arquivisticas, todos os setores do MAST sofrem com a falta de equipe, não sendo possível o apoio de outros setores

vii. avaliação, pelo órgão recorrido, de que as atividades do setor serão significativamente comprometidas para realização da triagem. Além do atendimento ao público, o Arquivo de História da Ciência do MAST é responsável pela organização de um acervo de grande proporções. Fomos obrigados a paralisar nossa atividades para atender uma demanda que não é de nossa responsabilidade. A atividade de pesquisa é uma ação do interessado, cabendo ao Arquivo disponibilizar os documentos para o público pesquisador. No momento o nosso acervo esta sendo digitalizado e disponibilizado na Base Zenith na medida de nossos recursos. Este processo poderia ser acelerado se possuíssemos mais verbas para aquisição de equipamentos e formação de equipes.

Obs 1. Após a triagem e leitura dos documentos, relativos ao período solicitado no pedido do usuário – 1875 e 1876 –, reiteramos que não existe nenhuma referência a respeito do assunto a que se refere o mesmo. Ainda assim, estaremos à disposição via telefone, internet ou presencial para prestar quaisquer outras informações que sejam solicitadas.

Obs 2. As hipóteses para a não existência de registros sobre o assunto, no arquivo do Observatório Nacional, podem estar relacionadas ao recolhimento de documentos pelo Arquivo Nacional, prática comum à época, manutenção da posse dos documentos por parte de Emmanuel Liais, produtor dos registros, e/ou desaparecimento ou destruição dos mesmos

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relacionados a inexistência de práticas corretas de preservação, armazenamento e conservação dos documentos. (destaque nosso)

É o relatório. Análise

2. Registre-se que o Recurso foi apresentado perante a CGU de forma tempestiva, em acordo com o disposto no caput e §1º do art. 16 da Lei nº 12.527/2011, e ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7.724/2012, in verbis:

Lei nº 12.527/2011

Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se:

(...)

§1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser

dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Decreto nº 7.724/2012

Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso.

3. Quanto ao cumprimento do art. 21 do Decreto n.º 7.724/2012, observa-se que não consta da resposta que a autoridade que proferiu a decisão, em primeira instância, era a hierarquicamente superior à que apresentou a resposta inicial, assim como também não consta que a autoridade que proferiu a decisão, em segunda instância, tenha sido o dirigente máximo do órgão/entidade.

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4. O cidadão pretende acesso a suposto documento de autoria de Emmanuel Liais que trata sobre avistamento de OVNI, datado entre 1875 e 1876. Verifica-se que o próprio solicitante não possui certeza acerca da existência do referido documento e, diante disso, solicita que o órgão recorrido realize buscas para localizá-lo. O MAST, conforme já descrito no relatório, realizou buscas para tentar localizar algum documento semelhante ao caracterizado pelo cidadão em sua solicitação. No entanto, o órgão recorrido não identificou a existência de documento que apresente as referências citadas pelo requerente. Assim, as respostas e esclarecimentos adicionais indicam que o MAST não tem conhecimento sobre a existência da informação solicitada, situação compatível com a previsão do art. 15, §1º, III, do Decreto no 7.724/2012, conforme

transcrito e destacado abaixo:

Art. 15. Recebido o pedido e estando a informação disponível, o acesso será imediato.

§ 1o Caso não seja possível o acesso imediato, o órgão ou

entidade deverá, no prazo de até vinte dias:

III - comunicar que não possui a informação ou que não tem conhecimento de sua existência;

5. A CGU tem entendido que a afirmativa de inexistência da informação da instituição pública é revestida de presunção relativa de veracidade. A não disponibilização da informação, nessas situações, não contraria o direito de acesso à informação, visto que o próprio o art. 15, §1º, III, do Decreto no

7.724/2012, prevê esse procedimento. O texto a seguir, extraído de parecer que fundamentou decisão anterior da CGU, expõe esse entendimento:

4. A resposta do órgão indica que não existe informação a respeito da revogação dos títulos da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul. Essa declaração é revestida de presunção relativa de veracidade, conforme citação abaixo:

A alegação de inexistência de documento/informação por órgão público é revestida de presunção relativa de veracidade, decorrente do princípio da boa fé e da fé pública. Tal posicionamento tem respaldo na doutrina.

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Nesse sentido Hely Lopes Meirelles (2013) aduz que “os atos administrativos, qualquer que seja sua categoria ou espécie, nascem com a presunção de legitimidade, independentemente de norma legal que a estabeleça. Essa presunção decorre do princípio da legalidade da Administração, que nos Estados de Direito, informa toda a atuação governamental”1.

Trata-se, portanto, de informação presumidamente inexistente. A resposta do órgão está em conformidade com o procedimento previsto no art. 15, §1o, III, do

Decreto no 7.724/2012 (...)2.

6. A declaração de inexistência da informação também é considerada como resposta de natureza satisfativa pela Comissão Mista de Reavaliação de Informações (CMRI), órgão que atua como última instância recursal administrativa na análise das negativas de acesso à informação. Segue o conteúdo da Súmula CMRI no 6/2015:

Súmula CMRI nº 6/2015

“INEXISTÊNCIA DE INFORMAÇÃO – A declaração de inexistência de informação objeto de solicitação constitui resposta de natureza satisfativa; caso a instância recursal verifique a existência da informação ou a possibilidade de sua recuperação ou reconstituição, deverá solicitar a recuperação e a consolidação da informação ou reconstituição dos autos objeto de solicitação, sem prejuízo de eventuais medidas de apuração de responsabilidade no âmbito do órgão ou da entidade em que tenha se verificado sua eliminação irregular ou seu descaminho.

7. Os entendimentos citados anteriormente a respeito da inexistência da informação também devem ser utilizados, por analogia, ao caso em análise, visto que a inexistência e o desconhecimento da informação estão inseridos de forma conexa no art. 15, §1º, III, do Decreto no 7.724/2012. Destaca-se ainda

que o órgão recorrido, conforme descrito no relatório, realizou esforços razoáveis na tentativa de localização da informação e possibilitou que o cidadão 1 CUNHA FILHO, Marcio Camargo; XAVIER, Vítor César Silva. Lei de acesso à informação: teoria e prática. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2014, p. 351.

2 BRASIL. Controladoria-Geral da União. Parecer no 4273 de 03/11/2014. Processo no

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realize pesquisa diretamente no acervo da instituição. Esse posicionamento deve ser considerado uma boa prática de transparência e está em consonância com doutrina e jurisprudência a respeito do Lei de Acesso à Informação, como pode ser visto no trecho abaixo:

(...) a Corte Interamericana de Direitos Humanos entende que, para fins de negação de pedidos de acesso, não basta uma mera alegação de que a informação é inexistente, devendo o Estado demonstrar que envidou esforços na sua localização. Em última hipótese, para confirmar ou não a inexistência da informação, seria admissível franquear o acesso ao interessado ao local em que supostamente a informação está guardada, desde que haja agendamento prévio3.

8. Os esclarecimentos prestados pelo órgão recorrido demonstram que os esforços empreendidos já foram razoáveis, pois incluíram buscas nos arquivos referentes ao período citado pelo solicitante da informação, as quais foram realizadas num contexto de dificuldades operacionais e administrativas. Dessa forma, também é possível enquadrar o pedido, de forma complementar, na hipótese da desproporcionalidade, prevista no art. 13, inciso II, do Decreto no

7.724/2012. Deve-se acatar a alegação do órgão, já transcrita no relatório, de que a continuidade das buscas provocaria um impacto relevante nas rotinas da instituição. A desproporcionalidade do pedido é avaliada em termos do ônus excessivo que o atendimento de pedido poderá gerar nas funções rotineiras do órgão ou entidade pública. O atendimento do pedido de acesso não deve prejudicar o cumprimento de outras atribuições da instituição, conforme a explicação presente na obra “Acesso à Informação: teoria e prática”:

A desproporcionalidade é situação que gera danoso esforço da Administração Pública para atendimento de solicitações, ainda que o pedido seja razoável e dentro das competências legais e rotineiras da instituição pública. A desproporcionalidade pode causar atrasos no cumprimento de outras atividades essenciais da instituição pública, cercear direitos fundamentais de 3 CUNHA FILHO, Marcio Camargo; XAVIER, Vítor César Silva. Obra citada, p. 351.

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outros cidadãos ou até inviabilizar o serviço de acesso à informação4.

Conclusão

9. De todo o exposto, opina-se pelo não conhecimento do recurso, pois o órgão declara que não tem conhecimento sobre a existência da informação solicitada, nos termos do art. 15, §1º, III, do Decreto no 7.724/20. A continuidade

das buscas do suposto documento também configuraria o pedido como desproporcional, nos termos do art. 13, II, do Decreto no 7.724/2012.

10. Por fim, observamos que o recorrido descumpriu procedimentos básicos da Lei de Acesso à Informação. Dessa forma, recomenda-se orientar a autoridade de monitoramento do MAST que reavalie os fluxos internos para assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso à informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos da Lei no 12.527/2011, em especial

nas seguintes questões:

a) Garantir que a autoridade responsável por julgar o recurso em primeira instância seja diferente e hierarquicamente superior àquela que adotou a decisão inicial;

b) Garantir que a autoridade responsável por julgar o recurso de segunda instância seja a autoridade máxima da instituição pública.

c) Indicar a possibilidade de recurso, prazo correlato e autoridade para a qual será dirigido.

AUGUSTO CÉSAR FEITOSA PINTO FERREIRA Analista de Finanças e Controle

D E C I S Ã O

No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n. 1.567 da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como

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fundamento deste ato, o parecer acima, para decidir pelo não conhecimento do recurso interposto, nos termos do art. 23 do Decreto no 7.724/2012, no âmbito

do pedido de informação nº 01390.000690/2015-16, direcionado ao Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST).

LUÍS HENRIQUE FANAN Ouvidor-Geral da União

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PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

Controladoria-Geral da União

Folha de Assinaturas

Referência: PROCESSO nº 01390.000690/2015-16 Documento: PARECER nº 1936 de 30/06/2015

Assunto: Recurso de Acesso à Informação

Ouvidor

Assinado Digitalmente em 30/06/2015 GILBERTO WALLER JUNIOR Signatário(s):

aprovo.

Relação de Despachos:

Assinado Digitalmente em 30/06/2015 Ouvidor

Referências

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