• Nenhum resultado encontrado

Ação Penal.Aula 03

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Ação Penal.Aula 03"

Copied!
14
0
0

Texto

(1)

Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 3035 0105 1 Memoriais

1. Procedimento dos Memoriais.

Diante das modificações introduzidas pela lei 11.719\2008 e objetivando dotar de maior celeridade o procedimento comum de rito ordinário, o Código de Processo Penal, no seu art. 403, estabelece que na regra geral, as alegações finais da acusação e defesa serão orais. Ou seja, encerrada a instrução, o procedimento para alegações finais orais será o seguinte:

1º) A acusação tem 20 minutos, prorrogável por mais 10 minutos para oferecer alegações finais orais, tendo o assistente de acusação, caso exista, 10 minutos, prorrogável por mais 10 minutos, para oferecer alegações finais orais (Art. 403, caput e § 2o, do CPP).

2º) A defesa tem 20 minutos, prorrogável por mais 10 minutos para oferecer alegações finais orais. No caso de ter existido manifestação do assistente de acusação, a defesa terá mais 10 minutos para suas alegações finais orais(Art.

403, caput e § 2o, do CPP).

OBS: Havendo mais de um acusado, o tempo para defesa será computado

individualmente, nos exatos termos do Art. 403, § 1o, do CPP. Ou seja, em

havendo por exemplo, dois acusados, cada um dos acusados terá o prazo de defesa de 20 minutos prorrogável por mais 10 minutos para as alegações finais orais.

A exceção passou a ser o cabimento de memoriais por escrito tendo em vista que ele somente poderá ser apresentado de forma escrita quando o juiz entenda que o caso é complexo ou possui um grande número de acusados ou há pedido de diligência de uma das partes cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução criminal. Neste caso o juiz poderá conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais na forma escrita. Além disso, o juiz terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença, como bem elucida o Art. 403, § 3º e Art. 404, parágrafo único, do CPP.

Vale ressaltar que o juiz NÃO está obrigado a conceder a apresentação de memoriais por escrito, cabendo ao magistrado, em ocorrendo as situações acima apresentadas, decidir se concederá ou não a apresentação de memoriais por escrito. Ou seja, os memoriais são uma determinação do juiz, a parte não escolhe se os memoriais serão na forma escrita ou oral, é o juiz que determina se será cabível ou não os memoriais na forma escrita, cabendo a parte tão somente requerer.

A apresentação dos memoriais será SEMPRE ao final da instrução probatória, por esta razão dificilmente é possível errar uma peça de memoriais, tendo em vista que a questão prática mencionará que houve o término da instrução probatória,

(2)

Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 3035 0105 2 com a apresentação de memoriais por parte da acusação por escrito, e a defesa foi intimada para apresentar a peça processual cabível, que só poderá ser os memoriais na forma escrita.

Vale lembrar que no rito comum ordinário existe previsão legal expressa de cabimento de memoriais no Art. 403, § 3º do CPP. Já em relação ao rito sumário, sumaríssimo (Juizados Especiais) ou do Tribunal do Júri NÃO existe previsão legal expressa de cabimento dos memoriais na forma escrita. Todavia, entende a doutrina e a jurisprudência ser este procedimento perfeitamente cabível nestes procedimentos, somente o que vai mudar é a indicação da autoridade competente, devendo eles serem fundamentados também no Art. 403, parágrafo 3º do CPP.

A abertura dos prazos dos memoriais é SUCESSIVO, primeiro há a apresentação dos memoriais de acusação, depois é que haverá os memoriais de defesa, lembrando que o prazo de apresentação dos memoriais é de 5 dias.

O que se pede nos memoriais como pedido principal é a absolvição, existindo apenas uma diferenciação no rito do Tribunal do Júri que será abordada no próximo tópico, porém sempre se deve fazer pedidos subsidiários, como de aplicação da pena mínima prevista em lei, ou pela aplicação de atenuante, se for o caso.

O endereçamento dos memoriais é bastante simples, tendo em vista que ele sempre será endereçado para o juiz que determina o feito, que, muito provavelmente, será indicado na questão prática.

Por fim, um detalhe de suma importância nos memoriais é o de que não se faz o pedido de arrolamento de testemunhas, pois já houve a instrução probatória e este foi o momento oportuno para fazer tal pedido de arrolamento.

DICAS !

 As partes devem fazer a fundamentação de mérito mais completa possível nos memoriais, pois esta será a última oportunidade de convencer o magistrado sobre seu pleito.

 Se o prazo para os memoriais for para a Defensoria Pública os prazos são contados em dobro, e o prazo será de 10 dias. Ministério Público e advogado do réu tem sempre o prazo de 5 dias, já o defensor público terá o prazo é de 10 dias. Vale ressaltar que o defensor nomeado (dativo) o prazo equipara-se ao de defensor e neste caso também terá o prazo de 10 dias para apresentar memoriais escritos.

(3)

Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 3035 0105 3 2. Diferenciações quanto aos pedidos nos memoriais do rito comum ou

sumário e do Tribunal do Júri.

Do ponto de vista prático existe a seguinte diferenciação de pedidos nos memorais escritos a depender do rito:

a) Memoriais no rito comum ordinário e sumário.

Será pedida a absolvição com base no Art. 386 do CPP. Como existe uma grande dificuldade dos alunos de enquadrar o caso concreto nas hipóteses deste artigo, vale transcrevê-lo com as devidas observações:

Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:

I - estar provada a inexistência do fato;

Neste caso no decorrer da instrução criminal prova-se que o fato imputado NÃO ocorreu.

Ex. Estão acusando o réu do cometimento de lesão corporal gravíssima, mas a vítima aparece na instrução de julgamento sem nenhum sinal de lesão.

Ex. Réu é acusado de furtar relógio da vitima, na instrução criminal a própria vitima aparece com o suposto relógio subtraído.

II - não haver prova da existência do fato;

Neste caso o Ministério Público não tem elementos de materialidade para provar que o fato existiu.

Ex. Vítima afirma que foi furtado pelo réu. Mas no decorrer do processo a acusação NÃO consegue provar que houve efetivamente um furto.

III - não constituir o fato infração penal;

Ocorre quando o fato é atípico, não sendo previsto como crime pela legislação pátria. Ou seja, não existe um tipo penal para a conduta narrada nos autos.

Ex. Ocorrência de induzimento ao suicídio em que resultam apenas lesões leves, neste caso a conduta é atípica.

(4)

Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 3035 0105 4

Neste caso, no decorrer da instrução criminal fica claro que houve o

crime, mas está provado que o acusado NÃO concorreu para o cometimento do crime, ou seja, resta provado que o réu não foi autor ou partícipe do crime. Ex. O réu foi acusado de praticar o crime de lesão corporal praticado no dia 12/01/2010, mas neste mesmo dia o réu não estava no local do crime, restando provado este fato.

V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal;

No decorrer da instrução criminal fica reconhecido que o crime ocorreu,

mas neste caso a acusação NÃO consegue demonstrar que o réu cometeu o crime como autor ou partícipe.

VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1o do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

Se tiver tratando de qualquer circunstancia que exclui o crime ou isenta de pena será este o inciso a ser embasado. Neste caso o próprio inciso traz as hipóteses de exclusão do crime ou de isenção de pena, que são as seguintes:

 Erro de Tipo (Art. 20 do CP) – exclui o crime.

 Descriminante putativa por Erro de tipo (Art. 20, § 1º, do CP) – isenta de

pena.

 Erro de proibição (Art. 21 do CP) – isenta de pena.

Coação irresistível e obediência hierárquica (Art. 22 do CP) – isenta de

pena.

 Excludentes da ilicitude do fato (Art. 23 do CP) - exclui o crime.

 Inimputabilidade (Art. 26 do CP) - isenta de pena

 Embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior,

quando o sujeito era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento (Art. 28, § 1o , do CP) - isento de pena. VII – não existir prova suficiente para a condenação. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

Esta é uma manifestação do in dúbio pro réu, no caso a acusação não consegue demonstrar peremptoriamente que o réu cometeu crime, ou seja, não se prova

(5)

Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 3035 0105 5 Neste caso pode-se fazer os seguintes pedidos:

1º) Absolvição Sumária - Art. 415 do CPP.

As hipóteses de absolvição sumária no rito do tribunal do júri estão previstas no art. 415 CPP e esta absolvição sumária é finda a instrução probatória e SOMENTE vai ser pedida em MEMORIAIS, diferindo da absolvição sumária prevista no Art. 397 do CPP e que também é aplicado no rito do tribunal do júri de forma analógica.

Vale lembrar o teor do Art. 415 do CPP e as suas hipóteses de ocorrência com as devidas observações:

Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando:

I – provada a inexistência do fato; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)

Neste caso fica provado que o fato NÃO existiu.

Ex. Sujeito é acusado de homicídio, mas no decorrer do processo a suposta vítima aparece viva.

II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato;

Admite-se que houve o fato, mas o réu NÃO foi nem autor nem partícipe do fato.

III – o fato não constituir infração penal;

Demonstra-se que o fato NÃO é crime, não possuindo tipificação legal respectiva.

Ex. Sujeito é acusado de cometer o crime de suicídio contra si próprio. IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime.

Caso fique demonstrado que o réu esta amparado por uma causa de exclusão de ilicitude ou de culpabilidade será alegado este inciso.

Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV do caput deste artigo ao caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, salvo quando esta for a única tese defensiva.

(6)

Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 3035 0105 6 OBS: O caso de inimputabilidade é uma exceção, pois neste caso deve ser proferida uma sentença absolutória imprópria, pois o sujeito é inocentado, mas é submetido a uma medida de segurança. Porém, desta exceção caberá outra exceção, no caso de se configurar tese única de defesa. Neste caso é que pode haver a absolvição sumária mesmo no caso de inimputabilidade. Vale ressaltar que pode haver a absolvição sumária com base no inciso IV do Art. 415 do CPP em decorrência de obediência hierárquica ou embriaguez involuntária proveniente de caso fortuito ou forca maior, pois estas causas isentam de pena o acusado e conduzem a exclusão da culpabilidade.

2ª) Impronúncia - Art. 414 do CPP.

A impronúncia ocorrerá quando não há certeza quanto a prova da materialidade e os indícios suficientes de autoria. Ela é uma sentença que não resolve mérito, sendo chamada de sentença interlocutória própria e o processo fica em suspenso em face da ausência destes requisitos. Porém se aparecer fato novo pode haver o prosseguimento do processo. Vale lembrar o teor do Art. 414 do CPP:

Art. 414. Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)

Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade, poderá ser formulada nova denúncia ou queixa se houver prova nova. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)

OBS: A Pronúncia ocorre quando o juiz, ao analisar o caso concreto, verificar que existem provas da materialidade do fato e de indícios suficientes de autoria. Ela é também chamada de sentença interlocutória própria, pois ela não pode adentrar no mérito. O juiz simplesmente não poderá condenar, será o tribunal do júri que poderá fazê-lo. Como a pronúncia é um pedido exclusivo da acusação dificilmente poderá ser pedido em peças práticas da OAB.

3º) Desclassificação - Art. 419 do CPP.

Ocorre no caso de não ser hipótese de julgamento pelo Tribunal do Júri. No caso o juiz diz que houve o crime, com indícios suficientes de autoria e materialidade, o acusado é responsável pelo crime, mas o crime simplesmente NÃO é da competência do Tribunal do Júri. Neste caso o juiz desclassifica o crime e remete para o juiz competente, ela é chamada de desclassificação própria.

(7)

Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 3035 0105 7 Ex. Ao final da instrução probatória percebe-se que houve o crime de latrocínio e NÃO de homicídio.

A desclassificação NÃO gera nulidade dos atos anteriores praticados, NÃO zera o processo, tudo que foi feito será aproveitado pelo juízo competente, este é que proferirá sentença.

OBS: Na desclassificação imprópria, o juiz diz que houve o crime, o acusado é o autor do delito, mas o problema é que o crime NÃO é o que foi imputado ao agente, embora continue sendo de competência do tribunal do júri. Neste caso deve o juiz adotar o procedimento do Art. 384 do CPP. Este artigo traz o instituto da mutatio libelli, esta ocorre quando o juiz entender que o crime que efetivamente ocorreu é diferente do narrado na peça acusatória. Como o réu defende-se dos FATOS apresentados deve o juiz mandar que o MP proceda ao aditamento da denuncia, da peça acusatória. Caso o MP NÃO proceda ao aditamento o juiz irá adotar o procedimento previsto ao Art. 28 do CPP, remetendo o processo ao Procurador Geral de Justiça.

Ex. Mulher é acusada do crime de infanticídio, mas no curso da instrução probatória ficou provado através de pericia que a mulher NÃO estava em estado puerperal. Logo, ela deverá responder pelo crime de homicídio, havendo uma desclassificação imprópria.

Pode-se fazer a seguinte diferenciação:

Desclassificação própria – o processo SAI da competência do Júri

Desclassificação imprópria - o processo NÃO sai da competência do

Tribunal do Juri, mas deverá adotar o procedimento da mutatio libelli do Art. 384 do CPP.

DICA!

Deve-se pedir:

1º)Absolvicao Sumária

2ª)Subsidiariamente se for o caso – Impronúncia 3ª)Subsidiariamente se for o caso – Desclassificação.

3. Estrutura dos memoriais. Endereçamento.

(8)

Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 3035 0105 8 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE _______________________ ( Regra Geral)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA CRIMINAL DA SECÇÃO JUDICIÁRIA DE _______________________(Crimes da Competência da Justiça Federal)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE________________________ (Regra geral) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA DO

TRIBUNAL DO JÚRI DA SECÇÃO JUDICIÁRIA DE

_______________________(Crimes da Competência da Justiça Federal) Porém, se a comarca for a CAPITAL do Estado coloque:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE _______________________ CAPITAL DO ESTADO DE__________________

Processo número:

Coloque 4 dedos ou 3 dedos de espaçamento. Qualificação.

(Fazer parágrafo – regra dos dois dedos) Nome, já qualificado nos autos do processo às folhas ( ) _____________, por seu advogado e bastante procurador que a esta subscreve, conforme procuração em anexo, vem, muito respeitosamente a presença de Vossa Excelência, apresentar com fundamento no artigo art. 403, parágrafo 3º do Código de Processo Penal (não colocar abreviatura) apresentar (sem saltar linhas)

MEMORIAIS pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos. (Pula-se uma linha)

1. Dos Fatos.

Deve-se escrever colado na margem (daqui para frente sem saltar linha)

O candidato deve externar os fatos de forma sucinta. Não copie igual os fatos, se a questão deu 20 linhas para os fato deve-se usar menos linhas, umas 15, por exemplo. Deve-se fazer uma síntese, trazer os fatos de forma resumida.

(9)

Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 3035 0105 9 2. Das Preliminares

Como já foi explicado existe uma seqüência a ser seguida. Abra os artigos na seguinte seqüência:

1º) Art. 107 CP – Causas extintivas de punibilidade. 2º) Art. 109 CP – Prescrição

3º) Art. 564 CPP – Nulidades

4º) Art. 23 CP Causas de exclusão de ilicitude.

5º) Deve-se buscar todo e qualquer outro defeito que levaria a ocorrência rejeição liminar da peça acusatória.

OBS Com já foi dito, as preliminares são apenas mencionadas, no mérito e que se poderá aprofundar alguma tese das preliminares, como no caso da preliminar de exclusão da ilicitude.

3. Do Mérito

Deve-se alegar o que mais salta aos olhos, devendo demonstrar conhecimento.

Se nas preliminares citou-se o instituto jurídico, ex legitima defesa, deve discorrer sobre os requisitos da legitima defesa. Deve-se discorrer sobre os institutos demonstrando os requisitos do instituto. Toda vez que falar de uma preliminar deve-se falar no mérito sobre ela em um parágrafo.

Deve-se mencionar de forma geral, segundo a melhor doutrina, ou segundo o entendimento da doutrina dominante, ou conforme o entendimento dos tribunais superiores.

Não se deve discorrer sobre temas controversos, deve-se falar o que todo mundo sabe. Use ideias fáceis, simples e que todos conhecem.

OBS: Ao elaborar sua tese de defesa tente sempre demonstrar a necessidade de absolvição do réu.

4. Dos Pedidos

 Pedido de Absolvição

No pedido de memoriais a regra é o de absolvição, no caso do rito comum ordinário, sumario ou sumaríssimo pede-se a absolvição com base no Art. 386 do

(10)

Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 3035 0105 10 CPP. Já nos casos do rito do tribunal do júri pede-se a absolvição sumária com base no Art. 415 do CPP.

 Pedidos Secundários.

Deve-se atentar para a possibilidade de alegação dos pedidos secundários, nestes não precisa discutir o mérito, eles devem ser escalonados. Podendo haver, por exemplo, os seguintes pedidos subsidiários:

 Desclassificação do Crime;  Afastamento de qualificadora;

 Reconhecimento da atenuação da pena;

 Reconhecimento de causa de diminuição de pena no momento;  Se o juiz entender pela condenação que seja aplicada a pena

mínima ou que seja aplicada pena restritiva de direito. Após terminar os pedidos pula 1 linha e coloque:

Nestes termos, (no canto da página)

Pede deferimento. ( em outra linha sem saltar)

Após salte 2 ou três linhas, vá para o meio da pagina e coloque Comarca, data (Centralizado)

Advogado, OAB

OBS: NÃO há a apresentação de rol de testemunhas, tendo em vista que elas já foram devidamente arroladas no momento oportuno, qual seja, a resposta a acusação.

4. Caso Prático resolvido.

José foi preso em flagrante delito por policiais militares que faziam ronda de

rotina, em local ermo, dentro de um veículo de sua propriedade, na companhia de Ana, menor de 14 anos, que praticava em José, conduta de “felatio in ore”.

No momento da abordagem, José alegou que conheceu Ana em um baile carnavalesco que acontecia naquele dia na cidade, e que após algumas horas juntos, havia sugerido irem até aquele local para a prática do ato sexual, sugestão aceita por Ana, sem maiores delongas.

(11)

Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 3035 0105 11 Inicialmente indagada sobre sua idade, ainda no local da abordagem, Ana alegou que tinha 16 anos de idade e que não trazia consigo nenhum documento de identificação. Conduzidos a presença do delegado de policia, este determinou que agentes fossem até a casa da mesma buscar sua certidão de nascimento, quando então se verificou que a mesma tinha 13 anos e 11 meses de idade, sendo conseqüentemente, José autuado em flagrante com base no artigo 217-A do Código Penal e posteriormente denunciado pelo Ministério Público.

Finda a fase probatória e diante da complexidade dos fatos, o juiz concedeu prazo de 5 dias para que as partes apresentassem suas alegações finais por escrito. O Ministério Público apresentou os termos da acusação, requerendo a condenação do réu com base no artigo imputado na denúncia.

Como advogado de José, elabore a peça pertinente.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE _______________________

Processo n.o____

José, já qualificado a fls. ____, por seu advogado e bastante procurador que esta subscreve, nos autos da ação penal que lhe move o Ministério Público do Estado de ____, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com base no artigo 403, § 3º. do Código de Processo Penal, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos, apresentar os seus

MEMORIAIS nos seguintes termos:

1. Dos Fatos.

O réu foi capturado por policiais militares, em ronda de rotina, no interior de seu veículo, praticando ato sexual, em local afastado do fluxo normal de pessoas, na companhia de uma jovem que conhecerá naquele mesmo dia, em um baile carnavalesco da cidade e a quem propusera, após fazer a corte, a pratica consensual de ato sexual, o que foi aceito, sem mais delongas, pela mesma.

No momento do colóquio inicial, a referida jovem afirmou ter 16 anos de idade, o que foi tomado pelo acusado como verdade, visto que a mesma apresentava formas e feições já completamente definidas e indicadoras da idade que alegava ter. No momento da abordagem policial, ao ser indagada sobre sua idade, a jovem voltou a afirmar, desta vez para as autoridades, que tinha 16 anos de idade e que não trazia consigo nenhum documento de identificação pessoal.

A averiguação da real idade da jovem só pode ser realizada mediante diligências determinadas pelo Delegado de Polícia, que encaminhou policiais a sua casa para auferirem documentos, no caso, a sua certidão de nascimento, para só então ser possível estabelecer que a mesma era menor de 14 anos, oportunidade em que o acusado

(12)

Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 3035 0105 12 foi autuado em flagrante delito pelo crime estupro de vulnerável, tipificado no artigo 217-A do Código Penal Brasileiro.

2. Do Mérito

No mérito, a absolvição se impõe, pois os fatos deixam claro que o agente agiu sob a égide de um Erro de Tipo.

A defesa admite, tratando-se de fato incontroverso e já demonstrado nos autos, que o acusado encontrava-se praticando ato sexual consentido com a referida jovem, no momento da abordagem policial.

Ocorre que, ao ser indagada sobre sua idade, ainda nos instantes iniciais da conversa que ocorreu quando se conheceram no baile carnavalesco, a mesma afirmou ter 16 anos de idade. Tal fato não foi questionado pelo acusado, visto a mesma já ter compleição física bastante desenvolvida e compatível com a idade que afirmava ter e por encontrar-se, em um baile carnavalesco, local onde, segundo oentendimento do acusado e do bom senso médio, não estariam menores de 14 anos. No transcurso da conversa que tiveram, inclusive, nada demonstrou que a jovem tivesse idade incompatível com a que declarará ter, passando então, o acusado, a tomar esta informação como verdade e a propor, posteriormente, a prática do ato sexual, o que foi prontamente aceito pela jovem.

Têm-se claramente, a manifestação de um Erro de Tipo referente à conduta do acusado, pois este se equivocou quanto a um dos elementos constitutivos do tipo penal incriminador, no caso, o fato da jovem ser menor de 14 anos.

O instituto jurídico do Erro Sobre Elementos do Tipo está previsto no caput do artigo 20 do Código Penal. Neste, ocorre um equivoco que incide sobre elementos objetivos do tipo penal, eliminando o dolo e podendo levar a punição por crime culposo, nos casos em que a lei prevê esta possibilidade.

O Erro de Tipo é aquele que recai sobre as elementares e circunstâncias do crime. Tal erro é tão grave que impede que o agente compreenda o caráter criminoso do fato ou que conheça alguma circunstância a ele relacionada. Significa dizer que a conduta do agente que, por ignorância ou má interpretação da realidade, não sabe que está realizando um tipo objetivo, não pode ser tida como dolosa.

Ensina a melhor doutrina, que o Erro de Tipo sobre as elementares, dependendo da gravidade, produz efeitos diversos: se vencível ou inescusável, ou seja, se o fato podia ter sido evitado mediante o emprego de alguma diligência por parte do agente, o dolo será excluído, mas será permitida a punição por crime culposo, se houver previsão legal deste; sendo invencível ou escusável, ou seja, se o fato não podia ter sido evitado mesmo que o agente empregasse alguma diligência, o dolo e a culpa serão excluídos levando à atipicidade do fato e à conseqüente exclusão do crime.

Destaque-se que o Erro de Tipo sempre exclui o dolo seja evitável ou inevitável. Como dolo é elemento do tipo, a sua exclusão acarreta obrigatoriamente o expurgo da tipicidade do fato doloso, podendo restar à responsabilização do agente por crime culposo, desde que seja típica a modalidade culposa. Assim sendo, sempre que o agente, apesar de objetivamente realizar a conduta prevista no tipo, mas desconhecer um dos seus elementos estará agindo em erro de tipo, não atuando, assim, com dolo.

(13)

Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 3035 0105 13 Ocorre que, na denúncia apresentada, a conduta imputada ao acusado é definida nos termos do artigo 217-A, do Código Penal, como “ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos”.

Que o acusado praticou ato libidinoso, como já dito, não se discute. Mas ao fazê-lo, encontrava-se em claro equivoco quanto ao fato de sua parceira ser menor de 14 anos de idade, manifestando um erro quanto a um dos elementos objetivos constitutivos do tipo penal em questão.

Embora a defesa entenda ser este um erro escusável, a discussão sobre este ponto seria inócua, visto que dolo e erro de tipo são dois fenômenos que se excluem, ou seja, independentemente da modalidade de erro de tipo argüida, se escusável ou inescusável, não teríamos como visualizar dolo na conduta do agente, eliminando a possibilidade de manifestação do crime imputado pela peça acusatória, pois o ordenamento jurídico não prevê a prática deste crime tendo como elemento subjetivo do tipo a culpa.

Não existindo tipo, não existe crime. Conseqüentemente, trata-se um caso inequívoco motivador de absolvição do acusado, nos termos do artigo 386, inciso VI, do Código de Processo Penal, tendo por fundamento a manifestação de circunstâncias que excluem o crime.

3. Do Pedido.

Diante de todo exposto, requer-se a Vossa Excelência a absolvição do acusado, com fundamento no artigo 386, inciso VI, do Código de Processo Penal, pois assim fazendo estar-se-á realizando JUSTIÇA.

Nestes termos, Pede deferimento.

Comarca, data Advogado, OAB 5. Caso prático proposto.

João da Silva foi preso em flagrante delito, pois no dia 10 de janeiro do corrente ano, por volta das 10 horas, fazendo uso de uma arma de fogo, tentou efetuar disparos contra seu vizinho Antonio Miranda. Foi denunciado pelo representante do Ministério Público como incurso nas sanções do artigo 121, caput, c.c. o artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal, porque teria agido com “animus necandi”.

Segundo o apurado na instrução criminal, uma semana antes dos fatos, o acusado, planejando matar Antonio, pediu emprestado a uma colega de trabalho uma arma de fogo e quantidade de balas suficiente para abastecê-la completamente, guardando-a eficazmente municiada. Seu filho, a quem confidenciara seu plano, sem que o acusado percebesse, retirou todas as balas do tambor do revólver.

(14)

Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 3035 0105 14 No dia seguinte, conforme já esperava, João encontrou Antonio em um ponto de ônibus e, sacando a arma, acionou o gatilho diversas vezes, não atingindo a vítima em face de ter sido a arma desmuniciada anteriormente. Dos autos consta o laudo da arma apreendida, a confissão do acusado e as declarações da vítima e do filho do acusado.

Devido à complexidade dos fatos, o juiz concedeu às partes o prazo de 5 dias para apresentação de memoriais. Os memoriais da acusação foram oferecidos pelo representante do Ministério Público, requerendo a pronúncia do acusado nos exatos termos da denúncia.

Como advogado de João da Silva, elabore a peça pertinente.

Endereçamento – Vara do Tribunal do Júri.

Tese – Crime impossível com base no Art. 17 do Código Penal. No Mérito falar

dos requisitos do crime impossível, demonstrando os seus elementos que estão no caso concreto, mais especificamente a existência de ineficácia absoluta do meio empregado.

Pedido – absolvição sumária com base no absolvição sumária com base no Art.

Referências

Documentos relacionados

Neste tipo de situações, os valores da propriedade cuisine da classe Restaurant deixam de ser apenas “valores” sem semântica a apresentar (possivelmente) numa caixa

No final, os EUA viram a maioria das questões que tinham de ser resolvidas no sentido da criação de um tribunal que lhe fosse aceitável serem estabelecidas em sentido oposto, pelo

Taking into account the theoretical framework we have presented as relevant for understanding the organization, expression and social impact of these civic movements, grounded on

§ 1º O limite máximo do número de presos será de 10% (dez por cento) do total de empregados na obra. § 3º A prestação de trabalho à entidade privada depende do

Como se pôde perceber, a análise das associações entre fatores sóciodemográficos e indicador de crenças em saúde mostrou que a baixa escolaridade, a baixa renda e que pessoas

Além desta verificação, via SIAPE, o servidor assina Termo de Responsabilidade e Compromisso (anexo do formulário de requerimento) constando que não é custeado

De acordo com o Consed (2011), o cursista deve ter em mente os pressupostos básicos que sustentam a formulação do Progestão, tanto do ponto de vista do gerenciamento

Na apropriação do PROEB em três anos consecutivos na Escola Estadual JF, foi possível notar que o trabalho ora realizado naquele local foi mais voltado à