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Vista do Gestão Democrática: processo de participação nas escolas primárias de Cacuaco

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Gestão Democrática: processo

de participação nas escolas

primárias de Cacuaco

RESUMO

O objetivo geral do nosso trabalho é compreender a infl uência da participação dos pais e de diferentes atores na gestão escolar e como específi cos temos: Identifi car o impacto da participação na gestão escolar no processo educacional; suscitar a gestão democrática escolar como fator que concorre para a participação de diferentes atores. Pensamos que, a participação dos pais e encarregados de educação e outros atores sociais na vida do dia a dia proporciona o ensino de qualidade. Por isso, sem a participação de modo particular dos pais e encarregados de educação na vida da escola, a qualidade de ensino fi ca compro-metida. Reiteramos que nosso trabalho apesar de dar maior ênfase à participação dos pais, implicitamente visa a suscitar uma gestão escolar em redes, marcada pela participação de todas as forças vivas da sociedade, por meio de uma parceria consciente. O estudo realiza-do por nós nos permitiu chegar a seguintes conclusões: que se implemente nas escolas a gestão participativa pois esta concorre para a melhoria do ensino gerando maior entrosa-mento entre a escola- famílias e os diferentes atores; as direções das escolas se tome cada vez mais dinâmica, comprometida e motivadora para a participação de todos os atores so-ciais e fi nalmente cada escola deve conquistar a sua autonomia, de modo que em conjunto com os atores, se elaborem projetos exequíveis a partir das possibilidades da comunidade. ABSTRACT

Th e general objective of our work is to infl uence the participation of parents and the dif-ferent actors in the management of schooling and work. To raise a democratic school commitment as a factor that contributes to the participation of different actors. We think that, a participation of parents and guardians and other social actors in the day-to-day life provide quality teaching. Th erefore, without a particular participation of parents and guardians in the life of the school, a quality of teaching committed. We reiterate that our work is of greater prestige and we have a participation of parents, implicitly aims to raise a school management in networks, a work of participation as all the living forces of society. Th e study carried out by us did not authorize the conclusion of a participatory manage-ment system for a higher education managemanage-ment system. Th e directions of the schools are increasingly dynamic, committed and motivating for the participation of all social actors and fi nally each school to gain its autonomy, so that together with the actors, projects are elaborated feasible from the possibilities of the Community

PALAVRAS-CHAVE

Gestão; Democracia; Participação; Escola; Angola.

Orlando Martins Cassinda

Subdiretor pedagógico da escola do ensino primário e do I Ciclo Dom Bosco- Cacuaco, Bacharel em Filosofi a. O presente artigo foi apresentado no Instituto Superior Dom Bosco unidade orgânica na Universidade Católica de Angola, para obtenção do grau de licenciatura em pedagogia.

Epigrafe: Você pode fazer o que eu não posso. Eu posso fazer o que você não pode. Juntos, podemos fazer coisas grandiosas.

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INTRODUÇÃO

O tema sobre gestão participativa nas escolas é bastante atual e pertinente, uma vez que em todas as esferas da sociedade, hoje em dia, fala - se de convivência pautada pela democracia, pois esta abre espaço para que todo o cidadão participe ativamente da vida pública. A escola não está à margem da convivência democrática, pois é nela que se deve adquirir e nutrir a consciência crítica, de participação, respeito; como bem salien-ta, Imbamba ao afirmar que,

A escola é um lugar específico onde, se cul-tiva, se instrui e se educa o homem no seu todo, neste caso democratizar a escola em todas as suas vertentes, estaríamos a construir a ideia de uma convivência pautada pelo respeito ao outro, às diferentes opiniões, à diversidade do pensar. (IMBAMBA, 2010, p. 144).

Daí a necessidade de convertê-la em um autêntico espaço onde toda a comuni-dade educativa e não só, interagem eficaz-mente para o bem comum – a qualidade de ensino da futura geração.

O que nos apoquenta é a falta de parti-cipação dos pais e dos outros atores na ges-tão do processo de ensino – aprendizagem nas escolas primárias. Perante esta situação pensamos que havendo maior entrosamen-to entre os elemenentrosamen-tos apontados anterior - o ensino - aprendizagem neste nível será eficaz e eficiente.

O interesse do estudo do tema surgiu da nossa experiência pessoal, pois, perce-bemos que alguns pais acompanham raras vezes os seus filhos e os outros nem estão aí. O absentismo da participação das famí-lias e da comunidade em geral na gestão es-colar nos motivou a fazer o presente estudo.

Por isso, Objecto de estudo da nossa in-vestigação prende - se com o processo de gestão participativa. Como objetivo geral, pretendemos compreender a influência da participação dos pais e de diferentes atores na gestão escolar no processo educacional e os específicos: Identificar o impacto da participação na gestão escolar no processo educacional; Suscitar a gestão democrática

escolar como fator que concorre para a par-ticipação de diferentes atores.

O valor teórico deste trabalho se con-substancia no conhecimento sobre a gestão participativa adquirido ao longo da nossa pesquisa bibliográfica, das aulas e ainda podemos encontrar um valor prático, pois as conclusões que estão presente no traba-lho, poderão ajudar os gestores em sua área específica (administrativa e pedagógica) a promoverem o trabalho colegial onde cada integrante participe conscientemente.

1 CONCEITUAÇÃO GESTÃO

O conceito gestão tem origem latina,

gerere, que para Silva (Cf. 2007, p.21)

signi-fica governar, conduzir, dirigir. E na visão de Luck, a gestão é um conceito associado à democratização das instituições e o reco-nhecimento de que todos são responsáveis pelo conjunto de acções realizadas e seus resultados. (Cf. Luck, 2011, p. 48).

Andrade, (2001 citado por Silva) vê o conceito numa perspectiva biológica pois indica que,

nos lembra gestação, gerir, dar a vida, e, como tal, nos agrada, por-que, em se tratando da escola, nos-so objetivo principal é fazer com que a vida dos seres humanos que passam por ela se torne mais pro-missora, mais digna, mais justa, mais humana. Isto para nós é mais viver, mais gerir, é mais felicidade. Nesse sentido, gestão vai além do seu conceito primeiro que diz res-peito à ação de dirigir, administrar. (ANDRADE in: SILVA, 2007, p. 21).

1.2 DEMOCRACIA

Etimologicamente, a palavra democra-cia vem do grego, onde Demo significa povo e cracia significa poder. Partindo da sua

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etimologia, podemos definir a democracia como o poder exercido pelo povo. Diz um ditado “muitas mãos estragam o mel” nesta perspectiva, o povo exerce seu poder de forma indireta, ou seja, delegando. Quanto à cracia – poder, a autora Aranha, nos ajuda a aprofundar o conceito quando afirma que,

O poder não é uma coisa que se tem, mas uma relação ou um conjunto de relações por meio das quais indivíduos ou grupos interferem na atividade de outros indivíduos ou grupos. É uma relação porque ninguém tem poder, mas é dele investido por outro. (…) Em outras palavras, os cidadãos também têm poder e devem aprender a exercê-lo. (ARANHA, 2006, AP. 179).

Partindo da origem etimolôgica da pa-lavra democracia, logo à primeira vista, po-demos defini- La como sendo, poder exerci-do pelo povo. Por isso, cada cidadão possui um poder, é muitas vezes falta apenas oca-sião para o seu exercício. Numa gestão par-ticipativa cada cidadão aprende a exercer o seu poder. Segundo a Aranha, na autentica democracia, “o poder não está centrado em um indivíduo nem em uma classe dirigente, mas distribuído em inúmeros focos de po-der. Só assim é possível gerar uma socieda-de pluralista, participativa e transparente, aberta às discussões, ao conflito de opini-ões”. (ARANHA, 2006, p. 179).

A democracia cria um espaço institu-cional que protege os esforços do indivíduo ou grupo para se formarem e se fazerem re-conhecer como sujeitos e nesta perspectiva, a interação dos membros respeitando capa-cidades, possibilidades e disponibilidades passam a ser eixo central da escola.

É urgente que as escolas se transformem em verdadeiro espaço onde se cultivam e se vivam os frutos da autêntica democracia. E nesta senda, De acordo com Pontifício Con-selho Justiça e Paz,

Uma autêntica democracia não é somente o resultado de um respeito

formal de regras, mas é o fruto da convicta aceitação dos valores que inspiram os procedimentos democráticos: a dignidade da pessoa humana, o respeito dos direitos do homem, do fato de assumir o bem comum como fim e critério regulador da vida […] é fundamentalmente um ordenamento e, como tal, um instrumento, não um fim. (JUSTIÇA e PAZ, 2005, p. 230-231, nº 407).

Portanto, a democracia pressupõe a efetivação dos seguintes elementos: Parti-cipação, pluralismo e transparência. Para o nosso trabalho, vamos nos deter na compo-nente participação, mas em realidades estes caminham juntos.

PARTICIPAÇÃO

Carvalho conceitua a participação como sendo: “tomar ou ter parte numa coi-sa; receber uma parte de algo; partilhar, ter as mesmas opiniões, ideias, etc. que outra pessoa. Dar parte, noticiar, comunicar”. (CARVALHO, 2006, p. 261)

Segundo a Universidade Católica de Brasília “o oposto à participação é a margi-nalização, a não – intervenção. Marginaliza-ção seria o mesmo que não tomar parte em determinado grupo, ficar à margem do que o torna mais significativo” (Foucault, 1995, apud UCB, 2011, UEA 02, aula1.p.13).

Touraine (1996 apud UCB) reforça com um outro fator, quando afirma: “a demo-cracia não se define pela participação, nem pelo consenso, mas pelo respeito das diver-sidades e da liberdade” (UCB, 2011, UEA 02, aula 2, p. 23).

Portanto, se as nossas escolas almeja-rem a educação de qualidade, o processo de participação de todos os cidadãos na vida do dia-a-dia da escola é a componente “sine qua non” que se deve suscitar no seio delas.

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1.4 GESTÃO PARTICIPATIVA

Depois de termos feito a discussão so-bre os conceitos que fazem parte do nosso tema, agora, urge a necessidade de se fa-zer uma abordagem alargada em torno da gestão participativa e os seus atores. Neste contexto, Barroso, conceitua a gestão parti-cipativa como sendo:

Conjunto de princípios e processos que defendem e permitem o envolvimento regular e significativo dos trabalhadores na tomada de decisão. Este envolvimento manifesta-se, em geral, na participação dos trabalhadores na definição de metas e objetivos, na resolução de problemas, no processo de tomada de decisão, no acesso à informação e no controlo da execução.

Relativamente a esta solicitude da par-ticipação dos pais na gestão escolar, a CE-AST2, reforça afirmando que

“Os pais através de associações de pais e encarregados de Educação devem intervir junto da escola para que esta possa melhorar a sua qualificação de ensino (promovendo a qualidade dos professores, combatendo a corrupção, interpelando tanto os pais e encarregados de educação que pactuam com a corrupção como aqueles que a promovem, etc.)”. (CEAST, 2003, p. 25)

Hoje, em nossa realidade, existem pais que no final do ano letivo participam da passagem de classe dos seus filhos, pagan-do aos professores ou compranpagan-do certifi-cado. Esta não é a participação que dese-jamos. Almejamos aquelas em que os pais em sinergia com a escola criam condições necessárias para que o processo de

ensino--aprendizagem se torne cada vez mais efi-ciente e eficaz. E no final do ano letivo qual-quer resultado é aceito e respeitado pelos pais e pelos próprios alunos.

Para que esta união, ou seja, este dese-jo de trabalho em conjunto “escola - família” aconteça satisfatoriamente, Afonso indica que

Para se atingirem os melhores resultados possíveis, as actividades devem ser bem definidas e organizadas e as tarefas bem distribuídas. O funcionamento do grupo – ao nível da interação, da comunicação, da progressão e da realização das tarefas – deve ser regulado através de regras simples e claras. (AFONSO, 2005, p. 23)

Os professores, de forma direta ou indi-reta, participam da gestão não só da sala de aula, mas também da gestão da escola, aliás, “na escola os professores são membros im-portantes da equipe de gestão” LUCK (2011, p.98,).

Como bem salienta, Libâneo,

Pela participação na organização e gestão do trabalho escolar, os professores podem aprender várias coisas: tomar decisões coletivamente, formular o projeto pedagógico, dividir com os colegas as preocupações, desenvolver o espírito de solidariedade, assumir coletivamente a responsabilidade pela escola, investir no seu desenvolvimento profissional. (…) Uma das funções profissionais básicas do professor é participar ativamente na gestão e organização da escola, contribuído nas decisões de cunho organizativo, administrativo e pedagógico - didático. (LIBÂNEO, 2008, p.34-35)

No que toca ao financiamento da edu-cação ou ainda a fonte de recursos a ser

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empregue pela mesma, não pode provir ex-clusivamente do orçamento geral do Esta-do. Segundo Menezes as fontes de financia-mento da educação são: “A família, Estado, Organizações filantrópicas e empresas”.

A ideia do autor amplia os agentes que devem participar ativamente na gestão es-colar, no caso as empresas, ONGs3 pessoas

singulares e empresários, enfim, isto nos levou a falar de uma outra gestão similar à participativa - gestão de parceria.

A Universidade Católica de Brasília in-dica que,

Uma parceria pode ser entendida como a união de diferentes atores ou instituições a partir de uma intenção comum, relacionada à solução de um problema. As parcerias são a materialização de um desejo coletivo de mudança e trazem em seu cerne dois princípios: O da pluralidade e o do compartilhamento. (UEA, 6, p. 11)

As nossas escolas vivem problemas de várias índoles, que só a gestão de parceria pode ajudar a sair dessa encruzilhada. Para tal Maxwell afirma que “trabalhar com ou-tras pessoas aumenta as possibilidades de alcançar o sucesso em equipa” ainda para elucidar o quão é importante as parcerias ou trabalho em conjunto (MAXWELL, 2008, p.230) acrescenta a seguinte ideia:

A minha atenção estava em mim e no que eu poderia fazer. Isso não significa que estivesse a fazer alguma coisa errada; as minhas motivações eram positivas. O problema é que a minha perceptiva – assim como a minha eficácia era muito limitada. Trabalhei afincadamente, por isso fiz muita coisa. Mas, sozinho, não consegue fazer nada realmente significativo. (…) Um é pouco quando se quer alcançar a grandeza. (MAXWELL, 2008, p. 240)

Uma Instituição onde todos participam de acordo com as suas possibilidades e ca-pacidades,

as relações de poder se alteram, gerando a co-responsabilidade na construção da qualidade da educação. As normas, nessa nova perspectiva, são sancionadas ou recriadas pelo grupo e estão a serviço da organização daquele coletivo (UEA 6, 2011, p.12).

Portanto, hoje, muitos diretores consi-deram os parceiros educativos como fon-tes de prestação de contas formais ou in-formais. A parceria não é isto, ao contrário, ela beneficia a escola que a realiza; pois, ela ganha e desenvolve todas as dimensões. A gestão de parceria enobrece a gestão parti-cipativa, por isso é urgente promover a cul-tura de participação na gestão escolar, esta deve ser percebida como sendo o reconhe-cimento, a tomada de consciência de todos os membros da organização, os diferentes atores sociais e os cidadãos em geral da participação como um valor essencial que deve orientar todas as suas práticas.

2. NÍVEIS DE PARTICIPAÇÃO

Para Gandin e Gandin participa quem tem poder. Quando alguém participa, mas não tem poder, vai ficar numa participação sem sentido, (…) vai cada vez mais fazendo as coisas porque as outras pessoas querem. (Cf. 2011, p.57)

Para estes autores, existem três níveis básicos de participação:

1. Aquela que se dá num mundo - é um tipo de participação diminuída, empobrecedora, que, na maioria das vezes, significa trabalhar sem ter parte nos benefícios produzidos; 2. Aquela que se dá num mundo pa-ternalista-é o modo de manipular

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as pessoas, inclusive satisfazendo-as nessa ânsia tão grande de participação, mas sem permitir-lhes o domínio dos recursos.

3. Aquela que se daria num mundo justo todas participam igualmente do poder, isto é, todas podem dis-por, no grupo, dos recursos e da possibilidade de organiza-los para a busca de fins, também definidos em conjunto. (GANDIN e GANDIN, 2011, p. 58)

Parterman (apud Diogo) por sua vez colocou também três níveis de participação a luz da função da capacidade dos atores para fazerem parte na tomada de decisões.

A Pseudo participação - os participantes não possuem qualquer capacidade de intervenção nos processos de tomada de decisões; A participação parcial – os atores têm alguma capacidade de influenciar as decisões, mas em que o efetivo poder de decidir se mantém nas mãos do topo hierárquico e A participação total – todos os atores são colocados numa situação paritária, com a mesma capacidade de intervenção direta sobre os processos decisórios. (Parterman apud Diogo, 1998, p.69)

Portanto, apesar da coincidência nu-mérica, pois os nossos autores colocam três níveis, os primeiros o fizeram em função do poder e o segundo tendo em conta a capa-cidade (cognitiva) dos participantes e nós pensamos que em ambos o terceiro nível é bastante sugestivo pois, notamos que neste acontece a pluralidade, o respeito à diferen-te forma de pensar ou simplesmendiferen-te, cada um tem a “vez e voz” de participar

conscien-temente para o bem da Instituição escolar tendo em atenção as limitações do sujeito.

3. GESTOR E O PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO

Do conceito gestão, provém o substan-tivo: “gestor”; aquele que vai tornar possível por meio da mediação a gerência da Ins-tituição. (SILVA, 2005, p.4), afirma que, “a Instituição bem gerida desenvolve consis-tência, crescimento e prosperidade; a mal gerido declina”. Daí, a nossa pretensão de tecer algumas linhas sobre o gestor escolar, pois, a nosso ver, para que o processo de participação na gestão se efetive, a pessoa do gestor joga um papel preponderante.

Para Cury (Cf. 2005, apud, UCB, 2011, UEA), o termo gestor vem do latim e signi-fica aquele que gesta, cria, modisigni-fica e sabe conduzir os processos e relações sociais nos ambientes (escolar) adversos e muitos plurais. (CURY, apud UCB, 2001, UEA 03, aula 5, p. 52)

Nesta perspectiva, para que o processo de participação na gestão escolar tenha lu-gar é necessário,

Atitude de abertura e despojamento por parte de quem tem o poder na escola. Uma postura diferente frente ao poder, à autoridade. (…) o poder não é privilégio de alguns, pois todos e toda a comunidade educativa têm vez e voz. Direito de intervir e interferir nas decisões. Então, vem a necessidade de um novo relacionamento, não de cima para baixo, mas fundamentado na ação – reflexão – ação em busca conjunta. (IGNEZ CUNHA S/A, apud Dalmás, 2011, p.42)

Para Nelson e Economy

[...] a verdadeira função de um gestor é inspirar os colaboradores a darem o seu melhor e criar um ambiente de trabalho que lhes permita atingir os objetivos estabelecidos. Os melhores gestores fazem todos os esforços para remover os obstáculos

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que impedem os funcionários de desempenhar as suas funções e para proporcionar os recursos e formação de que eles necessitam para desempenhar as suas funções com eficiência. Todos os outros objetivos – independentemente da sua importância ou urgência – têm de ser colocados em segundo plano. (NELSON e ECONOMY, 2010, p. 12)

Hoje em nossa realidade, em algumas escolas assistimos gestores escolares que

pelo seu autoritarismo, inibem os seus colaborados diretos, coordenadores, os professores e auxiliares de limpeza a participarem na vida ativa da escola. E muitas as vezes quem pensa diferente deles, é considerado(a) indisciplinado(a) ou ainda alguém que está competindo com ele. Como consequência os funcionários das escolas estão divididos, muitos por medo fica conformado passando na passividade e isto muitas vezes coloca obstáculos no processo de ensino-aprendizagem, criando desmotivação por parte dos funcionários.

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É nesta hora que defendemos a formação específica dos gestores para que exercem a sua função com zelo e profissionalismo atraindo os funcionários para o trabalho colegial. Perante esta realidade Nelson e Economy apontam que,

O desafio da gestão é definir a vitória para que o sentimento possa alargar-se a todos que fazem parte da organização. Muitas vezes, as pessoas competem com os colegas por uma fatia maior do bolo, em vez de tentarem fazer crescer o bolo. A gestão é um trabalho de pessoas. Se não está à altura para trabalhar com pessoas - ajudando-as, encorajando-as e orientando-as - então não deveria ser gestor. (NELSON e ECONOMY, 2010, p.13)

O gestor para a escola do nosso tempo deve ser capaz de criar clima de empreendedorismo na sua Instituição, dotado de capacidade de evitar erros comuns na gestão. Deve ser o homem capaz de compartilhar ou seja compartilhar os

seus sonhos e desafios com os outros lhe é natural, pois ele deseja somar experiências e forças, já que assim é mais fácil atingir os resultados. Contar com parceiros aumenta a possibilidade de sucesso. (UCB, UEA 7, 2011, aula 5. p 45).

Portanto, a formação inicial e permanente dos gestores escolares é importantíssima para o exercício da sua função, pois, quanto mais formado for o gestor, ele encontra muitas janelas abertas para o estabelecimento de entrosamento com os seus funcionários.

Hoje muitas escolas estão degradadas, sem cultura de participação, devido a falta de espírito de abertura dos gestores, pensando que são os únicos que sabem,

devem mandar e os outros apenas cumprem ou são simplesmente telespectadores da vida da escola. Esta maneira de ver a gestão ou da centralidade da gestão a uma minoria constitui a nossa preocupação. Pretendemos uma gestão que articula esta máxima a união faz a força e isto terá sua repercussão na qualidade do ensino.

4. SOMBRAS DA GESTÃO DAS ESCOLAS

Ao longo da nossa pesquisa nas escolas primárias e a partir dos dados colhidos, constatamos em algumas o tipo de gestão que sobressai é semi-participativa, pois nelas, há pouco envolvimento dos membros na vida escolar e em outras há pseudo

participação, visto que os participantes

não podem intervir ou seja, são apenas executores das decisões tomadas por uma minoria.

É difícil pensar uma escola sem a participação dos pais, visto que a família constitui a primeira escola para educação dos filhos e de outros atores sociais uma vez que tudo indica que quanto maior for o entrosamento da escola - família – comunidade maior é a qualidade de ensino. Os envolventes do nosso estudado afirmaram que o impacto da participação na gestão escolar se reflete o processo ensino-aprendizagem ou seja o produto escolar se torna-se cada vez mais eficaz e eficiente.

Ainda não há participação visível de empresas ou seja, as escolas não estabelecem parceria nenhuma para ultrapassarem algumas dificuldades. Mas é bem verdade que a gestão de parceira abre maior possibilidade para a qualificação da escola. Não é certo pensar que só o Estado é que deve financiar as escolas. Cada empresa deve fazer alguma acção social no espaço geográfico onde está inserida.

Existem muitas entidades com as quais as escolas deveriam trabalhar em parceria,

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no caso, as ONGs, as Universidades, empresas (produtoras e vendedoras de artigos, objetos úteis às escolas, aos alunos e trabalhadores, enfim). Muitas ONGs são do âmbito social que ajudariam as escolas em muitas vertentes. Como bem apontaram alguns professores ao indicarem as vantagens da parceria, é preciso estabelecer e promover estratégias de acção. A presença do psicólogo escolar, do sociólogo, do filósofo e assistente social, para ajudar ao acompanhamento dos alunos passa pela parceria que a escola estabelece com as universidades que formam os mesmos, isto se aplica também à formação continuada dos professores.

CONSIDERAÇÃO FINAL

Em guisa de conclusão, podemos afirmar que, tem em conta o atual contexto, onde a mídia coloca grandes desafios a sociedade, a escola não pode sozinha educar, sem a participação ativa das famílias e de outras pessoas quer singulares ou coletiva, para que sua ação responda aos ventos da contemporaneidade. Para a gestão democrática e de parceria é inevitável para se dar outro rosta as nossas escolas, pois unidos poderíamos investir no processo e assim o produto seria um cidadão ativo capaz de revolucionar o seu meio.

Reiteramos a necessidade de se desenvolver, nas escolas, a cultura de participação e promover parceria, onde os envolvidos assumam responsabilidades claras para que se melhore o processo de ensino – aprendizagem. É urgente trazer as famílias e demais setores da comunidade para dentro da escola, promovem, em todos, o sentido da responsabilidade e do cuidado de um bem que é de todos. Contar com a participação dos pais e encarregados de educação, diferentes atores fortalece a segurança e faz com que as escolas caminhem na direção de cumprir os seus propósitos.

Portanto, apôs a pesquisa bibliográfica e o estudo de campo, podemos afirmar para se mudar do estilo de gestão nas nossas escolas é necessário que:

• se prime pela formação em área de gestão de todos os membros da comunidade educativa e se reali-ze a campanha de advocacia junto às empresas para que elas tomem consciência de que é seu dever a participação na melhoria de situa-ção social dos cidadãos;

• se elabore o projeto político peda-gógico da escola, pois este constitui o baluarte das ações que a escola realizará no dado espaço de tempo que pode ser bienal ou trienal e deve ser concebido com a partici-pação efetiva de pais e encarrega-dos de Educação e outros atores; • se crie parceria com instituições

tais como as universidades que formam quadro que possam aju-dar na escola(Pedagogos, psicólo-go, sociólopsicólo-go, educadores sociais, filósofos, ambientalistas, etc), com as organizações não-governamen-tais e outras, para a qualificação ou proporcionar a formação continu-ada dos docentes e outros níveis (trabalhar com os discentes com necessidades especiais) em vista a melhorar o processo de ensino -aprendizagem no ensino primário; • se criem espaços regulares para

encontro e debate sobre a vida da escola com a participação de todos membros da comunidade educati-va, evitando decisões tomadas de forma unilateral;

• se trabalhe para conscienciatização dos pais e encarregados de educa-ção para que se envolvam total-mente na formação dos filhos, é seu dever incondicional, pois, as fa-mílias são as primeiras escolas ou

escolas domésticas onde as crianças

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REFERÊNCIAS

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ARTIGOS ELETRÓNICOS

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Referências

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