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Segurança do trabalho: insalubridade na construção civil

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Academic year: 2021

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GUILHERME BARCELOS JULIANA COSTA PIRES

SEGURANÇA DO TRABALHO:

INSALUBRIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Palhoça

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SEGURANÇA DO TRABALHO:

INSALUBRIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. Ms. José Humberto Dias de Tolêdo.

Palhoça 2018

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SEGURANÇA DO TRABALHO:

INSALUBRIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Engenheiro Civil e aprovado em sua forma final pelo Curso de Engenharia Civil da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 18 de outubro de 2018.

______________________________________________________ Professor e orientador José Humberto Dias de Tolêdo, MSc.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Professor Carlos Roberto Bavaresco, MSc.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Professor Ricardo Moacyr Mafra, Esp.

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A toda nossa família, que serviu como fonte de inspiração e força, para sempre superar todas as etapas difíceis, e que estavam sempre presentes em todos os momentos, bons ou ruins.

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Gostaria de agradecer, primeiramente, ao José Humberto Dias de Toledo, que nos orientou ao longo desta etapa, sempre muito solicito.

Aos nossos familiares, destacando pais e avós, por sempre apoiarem, apostarem, investirem e acreditarem em nós.

Aos professores do curso de Engenharia Civil, pelos ensinamentos passados, que foram tão importantes nas nossas vidas acadêmicas e profissionais.

E a todos os colegas e grandes amigos que conquistamos ao longo destes cinco anos de universidade, pelo incentivo, apoio e diversão.

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“Procure ser um homem de valor, em vez de ser um homem de sucesso.” (ALBERT EINSTEIN)

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O atual estudo se trata de uma pesquisa exploratória, onde se concentra em analisar quais os tipos de riscos ambientais, presentes nos canteiros de obras, que podem estar caracterizando o pagamento de adicional de insalubridade aos trabalhadores do setor construtivo, e qual o embasamento técnico que o tribunal de Justiça do Trabalho de Santa Catarina utiliza para deferir ou indeferir tal pedido. Para melhor entendimento do assunto, há uma introdução às normas regulamentadoras que rege tal assunto, como a NR-9 e NR-15. Para verificação desta análise foram selecionados dezoito processos dos anos de 2016 e 2017, que tenham sido requisitados o pedido de adicional de insalubridade para trabalhadores situados em canteiros de obras. Dos casos analisados, em oito processos o reclamante obteve o pagamento de adicional de insalubridade deferido, nos demais processos, tal pedido foi dado como indeferido. Palavras-chave: Insalubridade. Construção Civil. Riscos ambientais.

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The present study is an exploratory research, in which it focuses on analyzing the types of environmental risks present in construction sites, which may be characterizing the payment of additional unhealthy to workers in the construction sector, and what technical basis the Labor Court of Santa Catarina uses to defer or reject such request. For a better understanding of the subject, there is an introduction to the regulatory norms that govern such subject, such as NR-9 and NR-15. To verify this analysis were selected eighteen processes of the years 2016 and 2017, which have been requested the request for additional unhealthiness for workers located on construction sites. Of the cases analyzed, in eight cases the claimant obtained the payment of additional unhealthy deferred, in the other cases, such request was given as rejected.

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Figura 1 - Riscos ambientais ... 27

Figura 2 - Agentes ambientais em função da sua concentração e intensidade... 28

Figura 3 - Normas que dispõem sobre a previsão de riscos de acidentes e ergonômicos no PPRA ... 28

Figura 4 – Ambiente onde há pessoas expostas ao agente físico (ruídos) ... 30

Figura 5 – Trabalhador sofrendo ação do agente físico (vibração) ... 31

Figura 6 - Trabalhador sofrendo ação do agente físico (pressões anormais) ... 32

Figura 7 - Trabalhador sofrendo ação do agente físico (radiações não ionizantes) .. 33

Figura 8 - Trabalhador sofrendo ação do agente químico (poeiras) ... 34

Figura 9 - Trabalhador sofrendo ação causados pelos riscos ergonômicos... 35

Figura 10 - Riscos de acidentes/mecânicos existentes em um canteiro de obras .... 36

Figura 11 - Limites de tolerância e risco grave e iminente para os tipos de ruídos. .. 44

Figura 12 – Tela do site mostrando a aba “Jurisprudência”, o TRT selecionado e as palavras utilizadas para a busca. ... 47

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Gráfico 1 - PIB brasileiro, participação por atividade (2013) ... 20

Gráfico 2 - Comparação entre o PIB nacional e o PIB do setor da construção civil .. 21

Gráfico 3 – Atividade exercida dos casos analisados ... 49

Gráfico 4 – Riscos ambientais presentes nos casos analisados ... 50

Gráfico 5 – Conclusão do laudo pericial ... 51

Gráfico 6 – Conclusão do laudo pericial comparando com a sentença ... 52

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Quadro 1 - Atividades do setor da construção, com o respectivo grau de risco ... 22

Quadro 2 – Graus de insalubridade de acordo com os anexos da NR-15 ... 40

Quadro 3 - Anexos da NR-15 ... 41

Quadro 4 - Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente ... 43

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ACGIH American Conference of Governmental Industrial Hygienists aren Aceleração resultante de exposição normalizada

CBIC Câmara Brasileira da Indústria da Construção

CLT Consolidação das Leis do Trabalho

dB Decibéis

DEPEC Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos

EPI Equipamento de Proteção Individual

MTE Ministério do Trabalho e Emprego

NHO Normas de Higiene Ocupacional

NR Norma Regulamentadora

PAIR Perda Auditiva Induzida pelo Ruído

PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

PIB Produto Interno Bruto

ppm Partes por milhão

PPRA Programas de Prevenção de Riscos Ambientais

TRT Tribunal Regional do Trabalho

VCI Vibrações de Corpo Inteiro

VDVR Valor da dose de vibração resultante

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1 INTRODUÇÃO ... 14 1.1 TEMA E DELIMITAÇÃO ... 15 1.2 PROBLEMA DE PESQUISA... 15 1.3 JUSTIFICATIVA ... 16 1.4 OBJETIVOS... 16 1.4.1 Objetivo Geral ... 16 1.4.2 Objetivos Específicos ... 17 1.5 METODOLOGIA ... 17 1.6 ESTRUTURA ... 18 2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 20 2.1 CONSTRUÇÃO CIVIL ... 20 2.2 NORMAS DE REFERÊNCIAS ... 23

2.2.1 Breves noções históricas ... 23

2.2.2 NR-9 - Programa de prevenção de riscos ambientais - PPRA ... 26

2.2.2.1 Riscos ambientais ... 27 2.2.2.1.1 Agentes físicos ... 29 2.2.2.1.2 Agentes químicos ... 33 2.2.2.1.3 Agentes biológicos ... 34 2.2.2.1.4 Riscos ergonômicos ... 35 2.2.2.1.5 Riscos de acidentes/mecânicos ... 35

2.2.3 NR-15 - Atividades e Operações insalubres ... 36

2.2.3.1 Caracterização da Insalubridade ... 38

2.2.3.1.1 Avaliação quantitativa... 38

2.2.3.1.2 Avaliação qualitativa ... 38

2.2.3.1.3 Limites de tolerância... 39

2.2.3.2 Graus de insalubridade ... 40

2.2.3.2.1 Exercício simultâneo de atividades insalubres ... 41

2.2.3.3 Anexos ... 41

2.2.3.3.1 Anexo nº 1 - Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente ... 42

2.2.3.3.2 Anexo nº 2 - Limites de tolerância para ruídos de impacto ... 44

2.2.3.3.3 Anexo nº 7 - Radiações não ionizantes ... 44

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3.1 CAMPO DE PESQUISA ... 46 3.2 MÉTODO DE PESQUISA ... 46 3.3 RESULTADOS E ANÁLISES... 48 3.4 RECOMENDAÇÕES ... 56 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 57 REFERÊNCIAS ... 59 ANEXOS ... 64

ANEXO A – PROCESSOS JUDICIAIS ... 65

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1 INTRODUÇÃO

No Brasil, o setor construtivo se destaca como um forte aliado da economia brasileira, englobando obras de todos as magnitudes, como rodovias, pontes, edifícios, aeroportos, portos, hidroelétricas e outras infinidades de obras, que ajudam no desenvolvimento do país, fornecendo uma melhora na qualidade de vida da sociedade, e também sendo fonte geradora de empregos direta e indiretamente (MANZATO, 2014).

A construção civil caracteriza-se por uma atividade que vem crescendo a cada ano, com inovações tecnológicas, desenvolvimento de novos métodos construtivos, a fim de facilitar e tornar a construção cada vez mais rápida e fácil de executar. Todavia mesmo nos dias atuas com uma quantidade enorme de tecnologia em nossa volta, o trabalho em um canteiro de obra é muito manufaturado, dependendo muito da mão de obra do trabalhador. E, por se tratar de um setor que usufrui muito desta mão de obra manufaturada, este possui um índice alto relacionado a acidentes de trabalho, visto que são abundantes os riscos existentes nos canteiros de obras (JORNAL DO COMÉRCIO, 2017).

Dentro de um canteiro de obra se dispõem diversos agentes ambientais, que são substâncias que tem o potencial de causar danos à saúde do trabalhador, se expostos além do limite de tolerância, podendo não ter consequências instantâneas, visto que dependem de sua natureza, concentração, intensidade ou tempo de exposição. Portanto, a partir do instante em que os agentes ambientais excedem o limite recomendado, se tornam riscos ambientais, sendo que tais riscos podem ser subdivididos em riscos físicos (ruído, vibração, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes), riscos químicos (poeiras, fumos, névoa, neblinas, gases, vapores), riscos biológicos (fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus), riscos ergonômicos (esforço físico, levantamento e transporte manual de pesos) e riscos de acidentes/mecânicos (ferramentas com defeito, luminosidade inadequada, ausência de equipamento de proteção, armazenamento inadequado, animais peçonhentos) (PORTAL EDUCAÇÃO, 2018).

Com o intuito de aprimorar o ambiente de trabalho e reduzir os riscos nele existentes, e consequentemente garantir a integridade física dos trabalhadores, não só no setor da construção civil, mas em todas as áreas, criou-se as NR’s (Normas Regulamentadoras) referente à segurança e medicina do trabalho, tendo poder de lei

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e sendo de observância obrigatória para as empresas que possuam empregados regidos pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2015).

Atualmente há 36 NR’s aprovadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, dentre elas a NR-15 (Atividades e Operações Insalubres) que se refere aos agentes insalubres e conjuntamente será abordado itens referente a NR-9 (Programas de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA), que visa a prevenção da saúde e da integridade dos trabalhadores.

Diante desse contexto abordado, o atual estudo visa investigar as ameaças e agentes existentes em cada categoria de risco no setor da construção civil, e se tais riscos caracterizam pagamento de adicional de insalubridade.

1.1 TEMA E DELIMITAÇÃO

O tema abordado no atual estudo visa investigar e listar riscos existentes em canteiros de obras, que foram motivo para abertura de processos, e se as exposições dos trabalhadores a estes riscos podem causar um adicional de insalubridade.

Para fins de delimitação do tema, serão avaliados os processos do estado de Santa Catarina, dos casos que ocorreram em canteiros de obra no setor da construção civil, analisando os processos deferidos e indeferidos que os tribunais da Justiça do Trabalho julgaram, nos anos de publicação entre 2016 e 2017.

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

Listam-se alguns questionamentos no qual baseou-se o atual trabalho e que serão respondidos ao longo do estudo.

• Quais os agentes químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes presentes em canteiros de obras que possam vir a causar o pagamento de adicional de insalubridade?

• Como estão sendo julgados estes casos nos tribunais de justiça? A favor ou contra os trabalhadores?

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1.3 JUSTIFICATIVA

Os acidentes de trabalho são imprevisíveis, porém podem ser evitados se o ambiente de trabalho for programado e estudado previamente, analisando e neutralizando os riscos ali presentes. Há varias normas regulamentadoras que visam a proteção da integridade física e saúde do trabalhador, entretanto sabe-se que os acidentes de trabalho ocorrem normalmente por falta de cumprimento destas normas e também por conta da pouca conscientização por parte do trabalhador e empresariado (EVITE..., 2013).

Martins e outros (2010, p. 3) destacam que:

A Segurança e a Saúde no Trabalho têm se tornado uma das principais preocupações da sociedade moderna. A prevenção de acidentes em projetos ou empreendimentos é parâmetro, que envolve a redução dos altos custos humanos, e a consequente melhoria das condições sociais (MARTINS E OUTROS, 2010, p. 3).

Os riscos decorrentes dos canteiros de obras podem gerar uma exposição excessiva a certos meios insalubres, podendo acarretar em doenças ou acidentes, por isso se faz necessário para preservação da vida e bem-estar do trabalhador, um estudo preliminar para evitar tais riscos (SILVA, 2011).

Diante desse contexto nos motivamos a listar todos os possíveis riscos presentes em um canteiro de obras, para assegurar a saúde do trabalhador, devido a importância da preservação da vida.

Essa pesquisa irá nos beneficiar na vida profissional, pois, quando formos atuar no canteiro de obras, estejamos atentos a todos os riscos, para assim podermos preveni-los.

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo Geral

Investigar os riscos de acidentes que podem estar presentes em canteiros de obras, e que possam vir a propiciar o pagamento de adicional de insalubridade. Descrevendo casos julgados nos tribunais de justiça.

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1.4.2 Objetivos Específicos

• Descrever os riscos dos agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes que possam existir no setor construtivo de acordo com a NR-9;

• Comentar sobre as normas regulamentadoras 9 e 15, com relação aos riscos e ao pagamento de adicional de insalubridade;

• Investigar os casos já julgados com ganho ou perda da causa para os trabalhadores que realizaram uma solicitação de pagamento adicional de insalubridade.

1.5 METODOLOGIA

A fim de alcançar os objetivos propostos neste estudo, realizou-se quanto à natureza, uma pesquisa básica, que de acordo com Prodanov e Freitas (2013, p. 126) “envolve verdades e interesses universais, procurando gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência, sem aplicação prática prevista.”

Quanto à abordagem do problema, utilizou-se o método da abordagem qualitativa porque há uma vinculação entre o indivíduo e o mundo real, analisando de maneira subjetiva o problema.

Segundo Marconi e Lakatos (2011, p.269):

O método qualitativo difere do quantitativo não só por não empregar instrumentos estatísticos, mas também pela forma de coleta e análise dos dados. A metodologia qualitativa preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano. Fornece análise mais detalhada sobre as investigações, hábitos, atitudes, tendências de comportamento etc (MARCONI E LAKATOS, 2011, p.269).

Neste método qualitativo se faz uso de uma interpretação mais profunda e intuitiva, sem necessitar o uso de estatísticas para atribuir conclusões, o espaço natural é a fonte direta para a coleta dos dados e o pesquisador é o instrumento chave, por interpretar indutivamente os dados obtidos (MARCONI E LAKATOS, 2011).

Conforme os objetivos, a pesquisa se classifica como exploratória pois será realizada pesquisas de ações trabalhistas com pedido de adicional de insalubridade, pesquisas bibliográficas referentes as normas regulamentadoras e legislação

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aplicável ao tema, bem como a análise dos processos e vereditos dados pela Justiça do Trabalho em decorrências destes pedidos.

A pesquisa exploratória “visa a proporcionar maior familiaridade com o problema, tornando-o explícito ou construindo hipóteses sobre ele” (PRODANOV E FREITAS 2013, p. 127).

Com relação aos procedimentos, esta pesquisa se caracteriza como um estudo de caso, pois visa estudar de maneira ampla e detalhada um ou mais objetos, para assim alcançar um maior entendimento do mesmo. De acordo com Gil (2010, p.37) estudo de caso “Consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, (...)” (GIL, 2010, p.37).

Para realizar a coleta de dados do estudo de caso, será realizado pesquisas abrangentes no banco de dados dos Tribunais de Justiça, a fim de encontrar casos paralelos ao tema, sendo estes já julgados, e separá-los por tipo de agente de risco.

A pesquisa realizada referente aos casos de solicitação de pagamento de adicional de insalubridade, será realizada no site do JusBrasil, que abrange todos os processos de todos os estados do Brasil.

1.6 ESTRUTURA

Há 4 capítulos que estruturam o atual trabalho. O primeiro capítulo consta a introdução do TCC, justificando a escolha do tema e delimitação deste, apresentando os problemas de pesquisa, bem como a importância do tema para a segurança no setor construtivo. Relata o objetivo geral e os específicos e por fim apresenta a metodologia de pesquisa propriamente dita e a estruturação do trabalho. O capítulo dois traz consigo todo o referencial teórico que serviu de base para a preparação desta monografia. Este capítulo descreve a importância e impactos do setor construtivo, bem como uma breve noção histórica das legislações, e apresenta as normas regulamentadoras 9 e 15, conhecidas como NR’s, e suas características relacionadas ao tema em questão.

No capítulo três é apresentado os resultados e análises da pesquisa realizada. Serão abordados neste capítulo o campo de pesquisa, o método de

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pesquisa, os resultados e as análises extraídas a partir dos resultados obtidos e por fim as recomendações existentes.

Por fim, no quarto e último capítulo se fará as devidas considerações finais sobre o tema abordado, resultados e analises, também verificando se os objetivos propostos foram alcançados e a devida importância do trabalho realizado.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Os tópicos a seguir contextualizam a importância do setor construtivo na economia nacional, um breve resumo das leis trabalhistas e por fim, as normas que regem o presente trabalho.

Serão apresentados dois tópicos, sendo: a) Construção civil; b) Normas de referências;

2.1 CONSTRUÇÃO CIVIL

O setor da construção civil já existe há uma longa data, desde a antiguidade está presente na humanidade. É um setor de extrema importância para a economia nacional, responde por cerca de 6,2% do PIB (Produto Interno Bruto) de acordo com Figuerêdo (2017) e empregou no ano de 2017 quase 7 milhões de trabalhadores no Brasil (CBIC, 2018) (Gráfico 1).

Gráfico 1 - PIB brasileiro, participação por atividade (2013)

Fonte: DEPEC – Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos, (2017).

Portanto pode-se afirmar que este setor é um pilar da economia, capaz de impulsiona-la, por meio da geração de empregos diretos e indiretos, e por seu processo englobar variados itens, estimula todo o mercado, contribuindo para o dinamismo de vários outros segmentos econômicos, desde a indústria até aos serviços que auxilia na composição do PIB brasileiro (PORTAL PLANALTO, 2017).

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O gráfico 2 apresenta o comparativo entre o PIB nacional e o PIB do setor da construção civil, atestando que o setor é influenciador para o desenvolvimento da economia nacional.

Gráfico 2 - Comparação entre o PIB nacional e o PIB do setor da construção civil

Fonte: Câmara Brasileira da Indústria da Construção – CBIC (2018).

O setor da construção civil se trata de uma área fortemente empregadora, contudo, está associado a um alto índice de acidentes de trabalho, isto pode estar interligado com o fato de se tratar de um conjunto de atividades de elevado risco (SCIENGE, 2017).

A Norma Regulamentadora 4 (2016), indica o grau de risco de cada atividade existente no Brasil, este grau de risco pode variar em uma escala de um a quatro. As atividades do setor da construção, de acordo com a Norma Regulamentadora nº 4, quadro 1, variam de risco três a risco quatro, dependendo do segmento da construção. Para a construção de edifícios por exemplo, o grau de risco determinado é o “três”.

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Quadro 1 - Atividades do setor da construção, com o respectivo grau de risco

Fonte: Norma Regulamentadora nº 4 (2016).

Embora seja um setor com atividades de elevado risco, outro fator que pode colaborar para que os índices de acidentes de trabalhos continuem altos, é a mão de obra, muitas vezes, sem qualificação técnica, o que pode prejudicar a produção, pois a falta de conhecimentos básicos da profissão pode causar falhas na execução de tarefas, causando acidentes (SCIENGE, 2017).

O setor é responsável por um grande número de perdas de trabalhadores, provocadas por acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, de acordo com as estatísticas da Previdência Social, somente o setor de Transporte Rodoviário de Carga está na frente da Construção Civil em número de acidentes totais. As principais

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causas dos acidentes de trabalho podem ocorrer derivado da falta de atenção dos colaboradores, falta das orientações e instruções aos envolvidos, falta de equipamento de proteção individual (EPI), falta de fiscalização e controle do ambiente de trabalho e/ou a falta de proteção dos equipamentos utilizados pelos colaboradores (SCIENGE, 2017).

A prevenção de acidentes de trabalho beneficia tanto os trabalhadores, quanto as empresas, que também são afetadas com estes acidentes, com a perda de tempo causado pelos acidentes, devido ao processo de produção que é interrompido, despesas adicionais com o afastamento dos empregados, e a necessidade de contratar e treinar novos trabalhadores (MATTOS e MÁSCULO, 2011).

Apesar de ser um setor que movimenta a economia, é um dos menos desenvolvidos tecnologicamente e mais tradicionais da indústria brasileira dependendo muito da mão de obra do trabalhador, se tratando de um setor com muita mão de obra manufaturada. Esta situação pode estar relacionada à diversos fatores, dentre eles, se dá pelo fato de grande parte da mão de obra ser semianalfabeta, o que dificulta a implementação de novas tecnologias (MELHADO, 2001).

O tópico a seguir apresenta uma breve noção histórica das legislações, e as normas regulamentadoras 9 e 15 e suas características relevantes a segurança do trabalho no setor construtivo que servirão como respaldo teórico para análise do problema e resultados.

2.2 NORMAS DE REFERÊNCIAS

2.2.1 Breves noções históricas

No ano de 1700, ocorreu o marco de maior evidência histórica relacionado ao estudo das doenças dos trabalhadores. O médico italiano Bernardino Ramazzini (1633-1714), o "Pai da Medicina do Trabalho", publica seu livro sobre doenças ocupacionais “De Morbis Artificum Diatriba” (As doenças dos Trabalhadores), onde relaciona riscos à saúde ocasionados por diversos agentes encontrados nos ambientes de trabalho em várias ocupações, dentre elas, pedreiros, pintores, pisoeiros, gesseiros, entre outras, e também abordava formas de tratamento e até mesmo formas de prevenção de acidentes para algumas das profissões, relacionando

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definitivamente a saúde do trabalhador e o ambiente de trabalho (VASCONCELLOS; GAZE, 2009).

A partir do século XVIII que se houve mudanças significativas quanto a preocupação com a saúde do trabalhador, pois o número de acidentes de trabalho começou a aumentar, devido a Revolução Industrial, onde houve processo de grandes transformações econômicas, tecnológicas e sociais, aprimorando os métodos de produção e consequentemente a modernizando os equipamentos. Com essas mudanças na indústria, novos fatores de riscos surgiram nos ambientes de trabalho, causando uma frequência maior dos acidentes e doenças causadas pela atividade laboral, onde o avanço dos meios de produção crescia, junto com o número de doenças e mortes dos trabalhadores assalariados (CAMISASSA, 2015).

Com o crescimento do número de doenças e mortes é que surge a preocupação da sociedade com medidas de prevenção e proteção, a partir de então, as medidas de segurança e medicina do trabalho se torna mais presente na sociedade, para alcançar mais segurança e cuidados com a saúde dos trabalhadores (PINTO, 2007).

No Brasil, as reivindicações trabalhistas ganharam força depois da Revolução de 1930. Após este marco, de acordo com Santos (2015):

A primeira Constituição a tratar verdadeiramente do Direito do Trabalho, foi a Constituição de 1934, devido a influência do constitucionalismo social que em nosso país foi sentida neste ano. Versava a garantia da liberdade sindical (art. 120), salário mínimo, isonomia salarial, proteção do trabalho das mulheres e menores, jornada de oito horas, repouso semanal, férias anuais remuneradas (§ 1º do art. 121) (SANTOS, 2015).

Em 1943 foi publicada a Consolidação das Leis Trabalhistas por meio do Decreto 5.452. Com o intuito de reunir todas as leis existentes na época, a CLT foi um marco na legislação trabalhista brasileira, pois consolidou em um único documento, todas as legislações referentes aos direitos e segurança e saúde dos trabalhadores (MARTINS, 2008).

Em 1966 foi criando oficialmente a Fundação Centro Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho (FUNDACENTRO), quando os elevados índices de acidentes e doenças preocupavam tanto o governo, quanto a sociedade. A fundação tinha o objetivo de estudar e pesquisar as condições dos ambientes de trabalho, envolvendo

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todos os agentes sociais, com o intuito de melhorar o ambiente de trabalho e prevenir os acidentes (FUNDACENTRO, 2018).

Em 1967 a Constituição legitimou os direitos dos trabalhadores, quanto a higiene e segurança no trabalho, e em 1969 houve uma mudança da Emenda constitucional, onde passou a se intitular de segurança e medicina do trabalho (PINTO, 2007).

Após todas estas medidas foi que a legislação da segurança no trabalho começou a focar mais na prevenção, do que só na correção. Havia a preocupação em identificar os valores de indenizações, no entanto pouco se faziam para investigar e evitar tais acidentes (CAMISASSA, 2015).

Em 1977, foi publicada a Lei 6.514, com o foco na prevenção dos acidentes, a fim de cair os índices de acidentes e doenças no trabalho. Essa lei alterou o art. 200 da CLT, delegando competência normativa ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) (CAMISASSA, 2015).

Finalmente em 08 de junho de 1978, o Ministério do Trabalho aprovou a Lei 6.514/1977, Portaria nº 3.214, que regulamentou as Normas Regulamentadoras (NR’s) pertinentes a Segurança e medicina no trabalho, que efetiva o direito fundamental no art. 7.º, XXII, da nossa Carta Magna, onde se assegura a redução dos riscos inerentes ao trabalho (CAMISASSA, 2015).

De início, foram publicadas 28 NR’s, contudo atualmente são 36 NR’s aprovadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. São divididas por temas, algumas tratam de maneira genérica, servindo para todas as atividades econômicas, enquanto outras tratam de maneira especifica, denominadas de normas setoriais (INBEP, 2017). Conforme disposto na NR 1 (2009), as normas regulamentadoras são de observância obrigatória para as empresas privadas, públicas e pelos órgãos públicos de administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados redigidos pela CLT.

A fiscalização compete ao MTE, que nomeia como órgãos fiscalizadores por região, as Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego, que são os órgãos fiscalizadores responsáveis pela averiguação do cumprimento de todos os dispostos nas NR’s. Em caso de não cumprimento das NR’s, o empregador (empresa ou órgão) ficará sujeito à penalização.

A publicação das NR’s remete a um grande avanço na legislação, garantindo os direitos trabalhistas, visto que vieram com o intuito de prevenir e

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proteger os trabalhadores, garantindo as condições mínimas necessárias de saúde e segurança no trabalho (ROSSETE, 2014).

O atual trabalho, será fundamentada principalmente na NR-9 – Programa de prevenção de riscos ambientais (PPRA) e NR-15 – Atividades e operações insalubres.

2.2.2 NR-9 - Programa de prevenção de riscos ambientais - PPRA

Esta Norma Regulamentadora teve sua publicação no dia 06 de junho de 1978, e passou por cinco alterações/atualizações, sendo a última realizada no dia 07 de julho de 2017, e desde sua publicação visa à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, por intermédio do PPRA (NR-9, 2017).

A elaboração e implementação do PPRA é de obrigatoriedade e responsabilidade de todos os empregadores, desde empresas privadas até órgãos públicos, independentemente do seu grau de risco e da quantidade de empregados que dispõem, necessitando do mesmo modo ter a cooperação dos seus trabalhadores. Caso a empresa possua mais de um estabelecimento, cada um deles deverá elaborar e implementar seu próprio PPRA, e sua abrangência e profundidade irá depender das características dos riscos e das necessidades de controle. Além da proteção dos trabalhadores, o PPRA deve considerar a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais (CAMISASSA, 2015).

Cabe salientar que o PPRA não deve atuar sozinho no campo da prevenção da saúde e integridade dos trabalhadores, mas sim complementar um conjunto desta iniciativa, devendo estar estruturado com o disposto nas demais NR’s, em especial com a NR 7 (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO) (NR-9, 2017).

Conforme a NR-9 (2017), o PPRA tem por objetivo a prevenção de acidentes através da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho (Figura 1).

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Figura 1 - Riscos ambientais

Fonte: Riscos... (2018).

2.2.2.1 Riscos ambientais

De acordo com a Norma Regulamentadora nº 9 (2017) a definição de riscos ambientais é:

Para efeito desta NR, consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador (NR-9, 2017).

É abundante a quantidade de agentes físicos, químicos e biológicos presentes em um ambiente de trabalho, a partir do momento que esses agentes são capazes de causar danos à saúde dos trabalhadores, são considerados riscos ambientais (NR-9, 2017).

Esses agentes podem causar danos ao trabalhador pelo simples fato do existir no ambiente de trabalho, devido a sua natureza, como também, se o agente ultrapassar determinado limite, denominado de limite de exposição, em função de sua concentração ou intensidade, da mesma forma se tem tempo de exposição, onde o trabalhador não pode ficar exposto ao agente durante um período de tempo maior que

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o tempo-limite. Vale destacar que intensidade se refere a agentes físicos e biológicos enquanto concentração é para agentes químicos (Figura 2) (CAMISASSA, 2015). Figura 2 - Agentes ambientais em função da sua concentração e intensidade

Fonte: Camisassa (2015, p. 245).

Além dos riscos físicos, químicos e biológicos abordados pela NR-9, podemos encontra os riscos ergonômicos e os riscos mecânicos, que não são mencionados pela norma e nem são obrigados a serem identificados no PPRA, contudo, como foi citado anteriormente, a respectiva norma no seu item 9.1.3 afirma que o PPRA não deve atuar sozinho, devendo estar estruturado com o disposto nas demais NR’s (Figura 3) (CAMISASSA, 2015).

Figura 3 - Normas que dispõem sobre a previsão de riscos de acidentes e ergonômicos no PPRA

(30)

2.2.2.1.1 Agentes físicos

A NR-9 (2017) descreve como definição de agentes físicos:

Consideram-se agentes físicos as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infra-som e o ultra-som (NR-9, 2017).

Durante o dia-a-dia as pessoas estão expostas a inúmeras formas de energias, sendo capaz de passar despercebido por ser aparentemente sem importância, contudo esses agentes tem a capacidade de alterar as características físicas do meio ambiente, se tornando assim um risco (SEGURANÇA DO TRABALHO BR, 2002).

Os agentes físicos exigem um meio de transmissão, geralmente o ar, para se propagar automaticamente e assim trazer consequências a saúde do trabalhador, não tendo a necessidade de estar exposto diretamente a fonte de risco para seus efeitos serem sentidos. Os riscos físicos mais comuns encontrados na área da construção civil são os ruídos, vibrações, pressões anormais e radiações não ionizantes (MATTOS; MÁSCULO, 2011).

2.2.2.1.1.1 Ruídos

A emissão de ruídos em níveis sonoros excessivos, podem acarretar em sérios danos à saúde do trabalhador em um curto, médio ou longo prazo. Em um canteiro de obras, por exemplo, observa-se equipamentos que produzem esse tipo de ruído, como a serra circular, bate-estacas, betoneiras, entre outros equipamentos pesados (PORTAL EDUCAÇÃO, 2018).

As consequências desse agente podem se manifestar gradualmente ou imediatamente, dependendo do nível sonoro, tempo de exposição e da sensibilidade individual, podendo ter consequências como a diminuição da produtividade, doença cardíaca e diminuição ou perda auditiva permanente (Figura 4) (PROLIFE, 2018).

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Figura 4 – Ambiente onde há pessoas expostas ao agente físico (ruídos)

Fonte: Ruídos no Campus (2013).

2.2.2.1.1.2 Vibrações

Além dos equipamentos dentro do canteiro de obras gerarem ruídos elevados, alguns deles são capazes de produzirem trepidações (vibrações), como por exemplo, maquinas de terraplanagem, rompedores, lixadeiras, furadeiras de impacto, entre outros equipamentos, que podem vir a acarretar algum mal à saúde do trabalhador, se exposto por muito tempo, afetando o trabalhador no corpo todo, ou só em parte dele, como nas mãos e braços. Podendo causar também cansaço, irritação, dores nos membros, dores na coluna, doença do movimento, artrite, problemas digestivos, lesões ósseas, lesões dos tecidos moles e lesões circulatórias (Figura 5) (GLAUCO TECNOLOGIA, 2017).

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Figura 5 – Trabalhador sofrendo ação do agente físico (vibração)

Fonte: Análise ... (2017)

2.2.2.1.1.3 Pressões anormais

Os trabalhadores são influenciados pela pressão atmosférica em seu ambiente de trabalho, em grande parte das atividades essa pressão de trabalho é bem próxima ou igual a pressão atmosférica, contudo alguns trabalhadores estão expostos a pressão hiperbárica (pressão anormal), que acontece quando o trabalhador está sujeito a pressões maiores do que a pressão atmosférica, isso pode acontecer quando se está abaixo do nível da terra, como na execução de tubulões pressurizados, túneis pressurizados, entre outras obras. Podendo ocasionar ao trabalhador algumas doenças, como o hiperbarismos e doença descompressiva (Figura 6) (WALDHELM NETO, 2016).

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Figura 6 - Trabalhador sofrendo ação do agente físico (pressões anormais)

Fonte: Carvalho (2014)

2.2.2.1.1.4 Radiações não ionizantes

De acordo com a quantidade de energia, a radiação é capaz de ocorrer de diversas formas, sendo um fenômeno natural que pode ser classificado como ionizante ou não ionizante. Quando a radiação não dispõe de energia suficiente para remover elétrons dos átomos no caminho que percorre, contudo consegue romper moléculas e ligações químicas, são consideradas radiações não ionizantes, uma vez que não produzem ionização (ZELL AMBIENTAL, 2015).

Dentre as radiações não ionizantes, a radiação solar é a mais comum de se encontrar em um canteiro de obras, podendo causar queimaduras solares, ardência e inchaço (Figura 7) (WALDHELM NETO, 2016).

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Figura 7 - Trabalhador sofrendo ação do agente físico (radiações não ionizantes)

Fonte: Nakamura (2011).

2.2.2.1.2 Agentes químicos

Segundo a Norma Regulamentadora nº 9 (2017) a definição de agentes químicos:

Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão (NR-9, 2017).

As substâncias, produtos ou compostos se manifestam na condição de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases e vapores, nessa condição não significa dizer que a poeira, fumos, névoas, neblinas, gases e vapores, são agentes químicos, porém é a forma como os numerosos agentes químicos podem se apresentar no ambiente de trabalho. Como por exemplo o pó do cimento, que surge na utilização ou fabricação do mesmo e que é empregado em ampla abundância na construção civil, o cimento é o agente químico que se apresenta na forma de poeira (CAMISASSA, 2015).

Essas formas em que os agentes químicos podem se manifestar são denominados de aerossóis ou aerodispersoides, e são partículas solidas ou líquidas de tamanho microscópico, que se encontram momentaneamente em suspenção no

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ar, até sua acomodação no solo, ou em algum objeto, contudo essas partículas apresentam um risco à saúde (FLORES, 2016).

2.2.2.1.2.1 Poeiras

São partículas sólidas dispersadas pelo ar, normalmente gerada pela ruptura de sólidos maiores, podendo ser visíveis ou não, ao olho humano, certamente é o tipo mais comum de dispersóide encontrado no canteiro de obras, surgindo naturalmente no processo de britagem, trabalhos com cimentos e areias, em uma terraplanagem, durante o lixamento de materiais, dentre muitos outros processos dentro da construção civil (Figura 8) (CURSO SEGURANÇA DO TRABALHO, 2018). Figura 8 - Trabalhador sofrendo ação do agente químico (poeiras)

Fonte: Nakamura (2011).

2.2.2.1.3 Agentes biológicos

Conforme a NR-9 (2017, p.1) aborda, “consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros.”

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2.2.2.1.4 Riscos ergonômicos

Quando as condições de trabalho são inapropriadas, o rendimento do trabalhador é menor, se comparado com um ambiente de trabalho planejado. A ergonomia estuda a relação do ambiente de trabalho e o homem, analisando se as operações realizadas no setor de trabalho são adaptadas as limitações e necessidades do trabalhador, visando a saúde e segurança do profissional, reduzindo os esforços físicos, movimentos repetitivos, melhorando a postura, e assim por diante (TUIUTI, 2015).

Dentro de um canteiro de obras se vê facilmente um trabalhador transportando materiais pesados nos ombros, como ferro, sacos de cimento e madeiras ou utilizando um carrinho de mão para carregar brita, tijolos e areia, estas atividades podem acarretar lombalgias, tendinites e hérnias (Figura 9) (MAPA DA OBRA, 2017).

Figura 9 - Trabalhador sentindo dores causadas pelos riscos ergonômicos

Fonte: Nakamura (2011).

2.2.2.1.5 Riscos de acidentes/mecânicos

A presença de procedimentos de trabalho que venham a causar qualquer dano a saúde e integridade física do trabalhador, um ambiente sem segurança e/ou ausência de organização é associado a riscos mecânicos (TUIUTI, 2017).

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Dentre os principais tipos de riscos mecânicos encontrados em um canteiro de obras, como ilustra a figura 10, estão os acidentes envolvendo quedas, impactos provenientes da queda de objetos, cortes, soterramento, choque elétrico e lesões de esforço repetitivo (TUIUTI, 2014).

Figura 10 - Riscos de acidentes/mecânicos existentes em um canteiro de obras

Fonte: Use... (2016).

2.2.3 NR-15 - Atividades e Operações insalubres

Esta Norma Regulamentadora teve sua publicação no dia 08 de julho de 1978, e passou por dezessete alterações/atualizações, sendo a última realizada no dia 14 de agosto de 2014, e tem como objetivo identificar as atividades e operações insalubres (NR-15, 2014).

A NR-15 e a NR-9 estão correlacionadas, pois a NR-9 define quais são os agentes ambientais presentes no ambiente de trabalho, enquanto a NR-15 estabelece, para cada agente existente, os critérios e parâmetros de caracterização de insalubridade nas atividades que colocam estes agentes em contato com o trabalhador e os limites de tolerância à exposição para estes agentes.

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O significado de insalubre, remete-se a tudo aquilo que faz mal à saúde, e/ou origina doença, ou seja, o trabalho insalubre pode se dizer que é aquele que expõe o trabalhador a riscos a qual podem causar malefícios à saúde (SALIBA; CORRÊA, 2015).

O conceito legal de insalubridade é dado pelo artigo 189 da CLT,

Art. 189 - Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos (Redação dada pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977).

De acordo com Saliba e Corrêa (2015, p. 12), por se tratar de matéria técnica de higiene ocupacional, a regulamentação foi delegada ao MTE, conforme dispõe o art. 190 da CLT:

O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e operações insalubres e adotará normas sobre os critérios de caracterização da insalubridade, os limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e o tempo máximo de exposição do empregado a esses agentes (SALIBA E CORRÊA, 2015, p. 12).

Os parâmetros que a NR-15 se baseia como limites de exposição, foram publicados pela ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists), no entanto suas publicações são referências técnicas, cuja a observância é facultativa, por não atuar como um organismo normativo. Contudo foi usada como parâmetro para esta NR, por se tratar de uma fonte com devida importância e reconhecimento internacional de suas publicações, sendo suas recomendações seguidas por grande parte das agências e órgãos internacionais que tratam das normas reguladoras. A ACGIH reavalia anualmente os Limites de Tolerância e Índices de Exposição Biológica, que constam na NR-15, e os valores desses parâmetros e limites, têm sido reduzidos ao longo do tempo, no entanto a maioria dos valores referente a estes limites que constam na NR-15, não foram atualizadas conforme as publicações mais recentes. Portanto os limites atualmente toleráveis não são nem admitidos pelas organizações internacionais, como exemplo à exposição ao agente químico Tolueno, onde seu limite de tolerância determinado pela NR-15 é de 78 ppm (partes por milhão) sendo que o valor atualizado pela ACGIH é de 20 ppm (CAMISASSA, 2015).

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2.2.3.1 Caracterização da Insalubridade

Para reivindicar o direito de adicional de insalubridade, deve-se haver uma prévia caracterização de determinada atividade como sendo insalubre. Para uma atividade ser considerada insalubre, de acordo com os parâmetros da NR-15 (2014), deve estar acima dos limites de tolerância previstos nos anexos 1, 2, 3, 5, 11 e 12, nas atividades mencionadas nos anexos 6, 13 e 14 ou possuir comprovação através de laudo de inspeção do local de trabalho, constantes dos anexos números 7, 8, 9 e 10.

O MTE estabeleceu que a caracterização de determinada atividade como insalubre é realizada a partir de uma avaliação, onde deve seguir três critérios: avaliação quantitativa, qualitativa e os limites de tolerância (SALIBA; CORRÊA, 2015).

2.2.3.1.1 Avaliação quantitativa

Esta avaliação requer a medição, realizada por um perito, do valor da intensidade, para os agentes físicos e biológicos, e da concentração, para os agentes químicos, aos quais o trabalhador está exposto no ambiente de trabalho. Após a medição, o resultado obtido deverá ser comparado com os respectivos limites de tolerância, que estão dispostos nos anexos 1, 2, 3, 5, 8, 11 e 12 da NR-15, e a insalubridade será determinada somente se o limite for ultrapassado (SALIBA; CORRÊA, 2015).

As avaliações quantitativas devem ser realizadas sempre que houver exposição do trabalhador aos agentes envolvidos nos respectivos anexos citados logo acima: ruído contínuo e intermitente (Anexo 1), ruído de impacto (Anexo 2), calor (Anexo 3), radiações ionizantes (Anexo 5), agentes químicos 5 (Anexo 11) e poeiras minerais (Anexo 12) (CAMISASSA, 2015).

2.2.3.1.2 Avaliação qualitativa

É avaliada de maneira mais objetiva, sendo necessário somente a constatação da exposição ao determinado agente ou condição de trabalho, para que a mesma seja avaliada como insalubre, podendo ser necessário um laudo técnico de inspeção para atestar as más condições de trabalho. São consideradas como

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insalubre as atividades mencionadas nos anexos 6 (Trabalho sob Condições Hiperbáricas), 13 (Agentes Químicos) e 14 (Agentes Biológicos) da NR-15, não sendo necessário nenhuma medição da intensidade ou concentração, basta o trabalhador estar exercendo a atividade prevista como insalubre, para conquistar o direito de adicional (OPITZ NETO, 2017).

2.2.3.1.3 Limites de tolerância

O limite de tolerância é um indicativo da concentração ou intensidade máxima que um trabalhador pode ficar exposto a certos agentes. A NR-15 (2014, p. 1) entende por limites de tolerância, de acordo com o item 15.1.5, “a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará danos à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral.” Os parâmetros dispostos na NR-15, utilizados para comparação dos valores obtidos na avaliação quantitativa, correspondem aos limites de tolerância ou exposição. Ou seja, caso o valor obtido na avaliação quantitativa estiver acima do limite de tolerância, o responsável (empregador) deverá aplicar medidas corretivas no ambiente de trabalho, a fim de extinguir ou reduzir os riscos, tornando-os aceitáveis, ficando abaixo do valor limite (CAMISASSA, 2015).

As medidas corretivas devem ocorrer, por parte do empregador, de acordo com o item 15.4.1 disposto na NR-15 (2014, p. 1):

15.4.1 A eliminação ou neutralização da insalubridade deverá ocorrer:

a) com a adoção de medidas de ordem geral que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância;

b) com a utilização de equipamento de proteção individual (NR-15, 2014).

Se mesmo após as medidas de redução de insalubridade, a mesma persistir no ambiente, restará caracterizar a atividade como sendo insalubre, sendo obrigatório o pagamento de adicional de insalubridade. Uma vez eliminada o risco, descaracterizando a atividade como insalubre, o pagamento de adicional poderá ser suspenso (CAMISASSA, 2015).

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2.2.3.2 Graus de insalubridade

Segundo item disposto no artigo 192 da CLT e também de acordo com a NR-15 (2014), item 15.2, os graus de insalubridade são divididos em grau mínimo, representado por um adicional de 10%, grau médio, que consiste no pagamento de adicional de 20% e grau máximo, que representa o adicional máximo a ser recebido, 40%, esta porcentagem refere-se ao salário mínimo da região, por trabalhador (CHAVES, 2016).

Para determinar qual o grau de insalubridade a ser pago, deve-se verificar de acordo com a atividade exercida, o ambiente em que está atuando e os agentes de risco inseridos no local, e verificas os limites de tolerâncias na NR-15. O quadro 2 dispõe o percentual a ser pago referente ao adicional de insalubridade:

Quadro 2 – Graus de insalubridade de acordo com os anexos da NR-15

Anexo Atividades ou operações que exponham o trabalhador Percentual

1 Níveis de ruído contínuo ou intermitente superiores aos limites de tolerância fixados no Quadro constante do Anexo 1 e no item 6 do mesmo Anexo.

20%

2 Níveis de ruído de impacto superiores aos limites de tolerância fixados nos itens 2 e 3 do Anexo 2.

20%

3 Exposição ao calor com valores de IBUTG, superiores aos limites de tolerância fixados nos Quadros 1 e 2.

20%

4 (Revogado pela Portaria MTE n.º 3.751, de 23 de novembro de 1990)

5 Níveis de radiações ionizantes com radioatividade superior aos limites de tolerância fixados neste Anexo.

40%

6 Ar comprimido. 40%

7 Radiações não-ionizantes consideradas insalubres em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho.

20%

8 Vibrações consideradas insalubres em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho.

20%

9 Frio considerado insalubre em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho.

20%

10 Umidade considerada insalubre em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho.

20%

11 Agentes químicos cujas concentrações sejam superiores aos limites de tolerância fixados no Quadro 1.

10%, 20% e 40% 12 Poeiras minerais cujas concentrações sejam superiores aos limites de

tolerância fixados neste Anexo.

40%

13 Atividades ou operações, envolvendo agentes químicos, consideradas insalubres em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho.

10%, 20% e 40%

14 Agentes biológicos. 20% e 40%

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2.2.3.2.1 Exercício simultâneo de atividades insalubres

Se houver o caso de um trabalhador exercer mais de uma atividade insalubre, consoante a NR-15 (2014), os adicionais não deverão ser cumulativos, devendo prevalecer apenas o de maior grau para o cálculo do adicional de insalubridade para este trabalhador.

2.2.3.3 Anexos

Conforme disposto no quadro 3 a seguir, a norma possui em vigor treze anexos, referindo-se a exposição à determinados agentes químicos, físicos ou biológicos. Sendo que os anexos nº 1, 2, 7, 8 e 13 são mais pertinentes para o setor da construção civil e podem ser visualizados frequentemente em um canteiro de obras (NORMA REGULAMENTADORA nº 15, 2014).

Quadro 3 - Anexos da NR-15

Anexo Título

nº 1 Limites de Tolerância para Ruído Contínuo ou Intermitente nº 2 Limites de Tolerância para Ruídos de Impacto

nº 3 Limites de Tolerância para Exposição ao Calor

nº 4 (Revogado)

nº 5 Radiações Ionizantes

nº 6 Trabalho sob Condições Hiperbáricas nº 7 Radiações Não-Ionizantes

nº 8 Vibrações

nº 9 Frio

nº 10 Umidade

nº 11 Agentes Químicos Cuja Insalubridade é Caracterizada por Limite de Tolerância e Inspeção no Local de Trabalho

nº 12 Limites de Tolerância para Poeiras Minerais

nº 13 Agentes Químicos

nº 13 - A Benzeno

nº 14 Agentes Biológicos

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2.2.3.3.1 Anexo nº 1 - Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente

Para fins de aplicação, a NR-15 (2014) estabelece como ruído contínuo ou intermitente, o ruído que não seja de impacto, sendo que os níveis de ruído precisam ser medidos em decibéis (dB) e sua leitura feita próxima ao ouvido do trabalhador.

É um dos mais relevantes agentes físicos existentes no ambiente de trabalho, sendo um dos maiores motivadores de problemas de saúde ocupacional presente atualmente. Sua implicação no organismo depende da intensidade sonora, tempo de exposição e susceptibilidade individual, logo, ruídos menores que o limite de tolerância podem evidenciar efeitos danoso para alguns trabalhadores. Permanecer por muitos anos em um ambiente com ruído contínuo a níveis elevados, pode provocar a Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR), que uma vez instalada, não haverá regressão do dano auditivo, mesmo se ausentado permanentemente do ambiente com ruído (CAMISASSA, 2015).

A NR-15 (2014) apresenta no anexo 1, o quadro 4, que se refere ao nível de ruído em relação ao tempo máximo de exposição, sendo que quanto maior o nível do ruído, menor deve ser o tempo de exposição, não permitindo níveis de ruídos acima de 115 dB (A) sem as adequadas proteções, visto que nesse caso oferecerão risco grave e iminente.

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Quadro 4 - Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente

NÍVEL DE RUÍDO dB (A) MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA PERMISSÍVEL

85 8 horas 86 7 horas 87 6 horas 88 5 horas 89 4 horas e 30 minutos 90 4 horas 91 3 horas e 30 minutos 92 3 horas 93 2 horas e 40 minutos 94 2 horas e 15 minutos 95 2 horas 96 1 horas e 45 minutos 98 1 horas e 15 minutos 100 1 horas 102 45 minutos 104 35 minutos 105 30 minutos 106 25 minutos 108 20 minutos 110 15 minutos 112 10 minutos 114 8 minutos 115 7 minutos

Fonte: Norma Regulamentadora (2014, p. 2)

Geralmente o trabalhador não está exposto a somente um nível de ruído durante a jornada de trabalho, caso isso aconteça, deverá ser considerado seus efeitos de ruídos combinados, de forma que, se a soma da fração disposta na norma for maior que 1 (um) a exposição está acima do limite de tolerância. Sendo que Cn se refere ao tempo total de exposição a um nível de ruído especifico, independentemente se a exposição é continua ou a somatória de várias exposições de pouca duração que acontece ao longo da jornada de trabalho, e Tn é o máximo de exposição diária permitida a este nível de ruído, que está disposto no quadro 4 (NORMA REGULAMENTADORA nº 15, 2014). 𝐶1 𝑇1

+

𝐶2 𝑇2

+

𝐶3 𝑇3

. ..

𝐶𝑛 𝑇𝑛

(1)

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2.2.3.3.2 Anexo nº 2 - Limites de tolerância para ruídos de impacto

Quando um ruído manifesta picos de energia acústica com continuidade inferior a um segundo e intervalo de tempo superior a um segundo é considerado ruído de impacto. Do mesmo modo que os ruídos contínuos, a leitura dos níveis de impacto terá que ser realizada próximo ao ouvido do trabalhador e são medidas em decibéis (dB), sendo que o limite de tolerância será de 130 dB (LINEAR) e se não possuir medidor do nível de pressão sonora com circuito de resposta para impacto, o limite é de 120 dB (C), e os ruídos presentes entre os períodos de picos deverão ser classificados como ruídos contínuos (NORMA REGULAMENTADORA nº 15, 2014).

O trauma acústico, que seria a perda instantânea resultante de uma exposição ao ruído, normalmente seguido de um zumbido imediato, tendo potencial de causar hemorragia, rompimento do tímpano ou danos na cadeia ossicular devido a exposição ao ruído de impacto (CAMISASSA, 2015).

De acordo com a NR-15 (2014) os trabalhadores expostos a níveis de ruído de impacto superiores 130 dB (C), medidos em circuito de resposta rápido, ou superiores a 140 dB (LINEAR), medidos no circuito de resposta para impacto, sem proteção adequada, oferecerão risco grave e iminente (Figura 11).

Figura 11 - Limites de tolerância e risco grave e iminente para os tipos de ruídos.

Fonte: Camisassa (2015, p. 435).

2.2.3.3.3 Anexo nº 7 - Radiações não ionizantes

Para a NR-15 (2014) as operações que exponham os trabalhadores às radiações não ionizantes (micro-ondas, ultravioletas e laser), sem os devido equipamento de proteção necessário, serão julgados como insalubres, com resultado

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de laudo de inspeção efetuado no ambiente de trabalho, portanto os trabalhos a céu aberto que expõem os trabalhadores aos raios ultravioletas existente na radiação solar (UVB), são considerados insalubre, sendo que as radiações ultravioleta na faixa de 400 a 320 nanômetros, a luz negra (UVA), não serão consideradas insalubres.

2.2.3.3.4 Anexo nº 8 - Vibrações

As Normas de Higiene Ocupacional (NHO) da FUNDACENTRO servem para determinar os processos técnicos para avaliação quantitativa das vibrações, que podem ser Vibrações de Mãos e Braços (VMB) e Vibrações de Corpo Inteiro (VCI). O trabalho que dispor de exposição ocupacional a vibração acima do limite de tolerância caracterizará como insalubre (NR-15, 2014).

De acordo com a NR-15 (2014) o valor limite diário de aceleração resultante de exposição normalizada (aren) para a VMB é de 5 m/s². Enquanto que a VCI estará sendo considerada insalubre caso exceda quaisquer dos dois limites de exposição diária, sendo o primeiro o valor de aceleração resultante de exposição normativa (aren) de 1,10 m/s², e o segundo o valor da dose de vibração resultante (VDVR) de 21,00 m/s1,75. A exposição a VCI ou VMB que exceda o limite de exposição são classificadas como insalubridade de grau médio.

2.2.3.3.5 Anexo nº 13 - Agentes Químicos

Segundo a NR-15 (2014) a insalubridade é caracterizada se identificado a presença de certos agentes independentemente do laudo de inspeção ou de sua concentração no ambiente de trabalho. O anexo abrange alguns agentes químicos, e para cada um desses agentes é determinado a atividade correspondente que caracterizará a insalubridade e o respectivo grau, mínimo, médio ou máximo.

O anexo determina que a fabricação e manuseio de álcalis cáusticos (cimento) é caracterizado insalubridade de grau médio enquanto a fabricação e transporte de cal e cimento nas fases de grande exposição à poeira é contemplado com insalubridade de grau mínimo.

Após apresentação do referencial teórico, que serviu para embasar o presente estudo, o capítulo seguinte realiza a apresentação da pesquisa, seus resultados e análises.

(47)

3 ESTUDO DE CASO

Neste capítulo está disposto o campo de pesquisa, o método de análise, apresentando como esta foi realizada, os resultados e análises do presente estudo, bem como as recomendações.

3.1 CAMPO DE PESQUISA

O tema proposto para realização do estudo em questão foi casos referentes a pedidos de adicional de insalubridade relacionado à exposição dos agentes nocivos à saúde do trabalhador da construção civil, conforme consta no referencial teórico, que podem estar presentes nos canteiros de obras, como os riscos dos agentes: físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes, e as decisões no Tribunal Regional do Trabalho.

Assim, para realização do presente estudo foram analisados os processos julgados no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 12ª região, referente ao estado de Santa Catarina. Dessa forma, levou-se em consideração os processos existentes na plataforma do JusBrasil.

O site onde foi realizado a pesquisa se trata de uma plataforma digital, que organiza toda a informação jurídica brasileira, desde decisões dos tribunais, passando por atos normativos, até artigos informativos e doutrinários (JUSBRASIL, 2018).

Como os números de casos existentes é vasto, podendo ser milhares de documentos e casos, se fez necessário refinar a buscas destes casos para os últimos dois anos completos, neste caso, os anos de 2016 e de 2017, no qual foram selecionados dezoito casos referente ao setor da construção civil. Vale ressaltar que os anos de 2016 e 2017 se referem as datas de publicação dos processos.

3.2 MÉTODO DE PESQUISA

Para recrutamento dos vereditos dos casos já julgados, realizou-se a pesquisa no site JusBrasil e nas opções existentes na barra que fica localizada no início da página, selecionou-se a aba “Jurisprudência” e o filtro utilizado destinava encontrar resultados apenas do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) do estado de

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Santa Catarina, que é representado pelo “Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região”, conforme a figura 12 ilustra a seguir.

Figura 12 – Tela do site mostrando a aba “Jurisprudência”, o TRT selecionado e as palavras utilizadas para a busca.

Fonte: JUSBRASIL (2018)

Também adotou-se um intervalo personalizado, onde se analisou os processos publicados nos anos de 2016 a 2017. Após os filtros aplicados, se buscou no mecanismo de pesquisa dos processos as palavras “insalubridade construção civil”.

Esta busca totalizou um número de quarenta e dois processos, porém apenas dezoito efetivamente se enquadravam nos requisitos do atual estudo. A partir destes quarenta e dois processos, se fez a leitura de cada processo, a fim de identificar a atividade do reclamante, o agente insalubre que estava envolvido, o

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resultado do laudo pericial e se o caso foi ou não deferido. Após analise destes processos, se evidenciou dezoito casos, que atendiam o requisito de ser relacionado ao canteiro de obra, no setor construtivo.

3.3 RESULTADOS E ANÁLISES

A seguir serão apresentados os resultados obtidos a partir da pesquisa realizada no atual estudo. Para facilitar a visualização dos dados apresentados, os mesmos encontram-se na forma de gráfico do tipo rosca. Entretanto a pesquisa na integra pode ser conferida ao final deste trabalho, por meio de um quadro apresentado no anexo A.

O quadro referente a pesquisa na integra apresenta oito colunas, nas quais constam o número do processo, a data de publicação, a ocupação exercida pelo empregado, o tipo de agente que estava exposto, o grau de insalubridade atribuído, o parecer do laudo pericial para insalubridade, se o processo foi deferido ou indeferido e por fim uma breve justificativa quanto ao resultado do caso.

Na coluna do número de processos, apresenta-se o número que identifica o mesmo, obtido no site do JusBrasil, a coluna seguinte, se refere a data em que o processo foi publicado no site. A próxima coluna se refere a ocupação, onde registrou-se a atividade exercida pelo autor da ação que pretende o adicional de insalubridade. Na sequência registrou-se o tipo de agente que o trabalhador estava sendo ou não, exposto, partindo para a próxima coluna, se apresenta o grau de insalubridade outorgado na sentença, de acordo com o quadro 2, retirado da Norma Regulamentadora nº 15. Seguindo a sequência, a próxima coluna mostra o resultado da conclusão do laudo pericial, onde na coluna seguinte é possível comparar se o processo foi deferido de acordo, ou não, com o laudo. Por fim, na última coluna do quadro, se apresenta uma breve justificativa retirada dos autos do processo.

As atividades envolvidas nos dezoito casos analisados estão dispostas de acordo com o gráfico 3.

(50)

Gráfico 3 – Atividade exercida dos casos analisados

Fonte: Dos Autores, 2018.

Segundo o gráfico 3, é possível analisar as atividades desenvolvidas pelos trabalhadores da construção civil, dentro do canteiro de obra, que foram motivos de abertura de processo, referente ao pagamento de adicional de insalubridade. Dentre todas as atividades listadas, a que possui maior recorrência de processos abertos, é a atividade de pedreiro, estando presente em 61% dos casos (onze processos) do atual estudo, seguida por carpinteiro e servente, que aparecem em 17% dos casos (três processos) cada um, e por fim, almoxarife, com apenas um processo, equivalente a 5% dos casos.

Portanto é possível observar que dentre os resultados, a atividade exercida como pedreiro, é mais suscetível a ter um maior número de casos aberto, por possuir maior incidência destes trabalhadores em um canteiro de obra.

Dentre os variados riscos que podem estar presentes em um canteiro de obra, analisando os dezoito casos, fez-se possível identificar os agentes presentes nos processos em questão, e que estão dispostos conforme o gráfico 4.

Servente 17% Almoxarife 5% Pedreiro 61% Carpinteiro 17%

Atividade exercida dos casos analisados

Servente Almoxarife Pedreiro Carpinteiro

(51)

Gráfico 4 – Riscos ambientais presentes nos casos analisados

Fonte: Dos Autores, 2018.

Alguns processos se julgavam mais de um agente para o adicional de pagamento de insalubridade, dentre os dezoito casos, quinze processos citavam os agentes químicos, cimento (treze casos) e poeira (dois casos), e outros oito citavam os agentes físicos, ruídos (seis casos) e radiações não ionizantes (dois casos). Enquanto que os demais agentes, de acidentes, ergonômicos e biológicos não houveram incidência no campo de pesquisa.

Notoriamente o agente mais presente no atual estudo, de acordo com o que o gráfico 4 apresenta, é o agente químico, com 65% dos riscos ambientais existentes dos casos analisados. O agente químico em questão, se trata das poeiras provenientes da construção civil, e tambem o álcalis caustico, presente no cimento, onde de acordo com o Anexo 13 da Norma Regulamentadora nº 15, a fabricação e o manuseio de álcalis cáusticos, caracterizam a insalubridade de grau médio em decorrência da inspeção realizada no local de trabalho (SARAIVA, 2010).

Nos processos analisados, se fez necessário o laudo pericial, a fim de usar como base, ou não, para o deferimento ou indeferimento do mesmo. Com exceção de

Físicos 35% Químicos 65% Biológicos 0% Ergonômicos 0% Acidentes 0%

Riscos ambientais presentes nos casos

analisados

Físicos Químicos Biológicos Ergonômicos Acidentes

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um caso, onde foi acordado entre as partes, deferimento do pagamento do adicional, sem necessitar o laudo, conforme o gráfico 5.

Gráfico 5 – Conclusão do laudo pericial

Fonte: Dos Autores, 2018.

Neste gráfico 5, o foco foi analisar a conclusão do laudo pericial, para a caracterização do ambiente insalubre ou salubre, no local de trabalho. Sendo assim, o perito concluiu em oito dos casos como salubre, totalizando 44%, e nove, como sendo insalubre, sendo 50% dos casos, e por fim, como já citado acima, um dos casos não havia o laudo pericial.

O juiz não tem a obrigação de seguir o laudo pericial, mesmo sendo caracterizado como um ambiente salubre ou insalubre, não significa que o juiz irá acatar a decisão com o mesmo entendimento do perito, podendo formar sua convicção com outras informações ou fatos comprovados nos autos. No gráfico 6 é possível ver quais sentenças foram equivalentes ao resultado dos laudos.

Insalubre 50% Salubre 44% Sem Laudo 6%

Conclusão do laudo pericial

Insalubre Salubre

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Gráfico 6 – Conclusão do laudo pericial comparando com a sentença

Fonte: Dos Autores, 2018.

O gráfico 6 compara a decisão judicial com a conclusão do laudo pericial, onde em dos dezessete casos analisados em que se fez necessário o parecer do perito, o acolhimento do laudo pericial pelo juiz se deu em 65% dos casos (onze processos), nos outros 35% (seis processos), o juiz deferiu uma sentença contraria que o laudo havia caracterizado, não sendo considerado as conclusões do mesmo. Em apenas um dos casos analisados, não se fez o uso de pericias, pois foi realizado um acordo entre as partes, portanto este caso não entrou no gráfico 6.

Por fim, o gráfico 7 aborda todos os dezoito casos e os pareceres obtidos nos autos dos processos.

Igual 65% Diferente

35%

Conclusão do laudo comparado com a sentença

Igual Diferente

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