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AvaliaçãodasperspectivasdosalunosinseridosnaUnidadedeEducaçãodeJovenseAdultosTiradentescomumcursotécnicoprofissionalizante

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

ESPECIALIZAÇÃO EM INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL À EDUCAÇÃO BÁSICA NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Avaliação das perspectivas dos alunos inseridos na Unidade de Educação de

Jovens e Adultos Tiradentes com um curso técnico profissionalizante

integrado ao PROEJA

Aluna: Claudia Ribeiro Freitas

Orientador: profª. Dra. Simone Valdete Santos

Porto Alegre 2009

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FICHA CATALOGRÁFICA

______________________________________________________________________________ F866a Freitas, Claudia Ribeiro

Avaliação de perspectivas dos alunos inseridos na Unidade de Educação de Jovens e Adultos Tiradentes com um curso técnico profissionalizante integrado ao PROEJA / Claudia Ribeiro Freitas ; orientadora Simone Valdete dos Santos. – Porto Alegre, 2009. 32 f. : il.

Trabalho de conclusão (Especialização) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação. Curso de Especialização em Educação Profissional integrada à Educação Básica na Modalidade Educação de Jovens e Adultos, 2009, Porto Alegre, BR-RS.

1. Educação. 2. Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos. 3. PROEJA. 4. Implantação – PROEJA. 5. Unidade de Jovens e Adultos Tiradentes (UEJAT) – Porto Alegre, RS. I. Santos, Simone Valdete dos. II. Título

CDU 374.7

______________________________________________________________________________ CIP-Brasil. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação.

(Jaqueline Trombin – Bibliotecária responsável - CRB10/979)

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AGRADECIMENTOS

Ao meu marido e, em especial, ao meu filho Cristóvão Júnior, pois, quando me senti despreparada, acreditou que eu tinha condições e capacidade de superar minhas dificuldades;

À Profª Dra. Simone Valdete Santos, pela sua orientação e oportunidade de aprendizado;

À Direção e aos meus queridos colegas da Unidade de Educação de Jovens e Adultos Tiradentes que abriram seus corações e revelaram suas experiências em relação à Educação de Jovens e Adultos;

Aos meus alunos da Unidade de Educação de Jovens e Adultos Tiradentes, os quais colaboraram com suas experiências e esperanças de uma sociedade mais justa;

À Profª Malvina Dornelles pela sua sensibilidade e direcionamento de minha pesquisa; Aos meus colegas do Instituto Santa Luzia, Marino Ortiz e Clorildes Lessa, cujas experiências na área da educação enriqueceram minha pesquisa.

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“Enquanto as dores, fruto das contradições do capitalismo, estiverem aí, doendo, não dá para suprimirmos os sonhos, os desejos e as insubmissões socialistas...” (Paulo Freire).

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RESUMO

Com esse trabalho procurou-se a avaliação das perspectivas da implantação de um curso técnico profissionalizante integrado ao PROEJA na comunidade escolar da Unidade de Educação de Jovens e Adultos Tiradentes, em Porto Alegre-RS, capaz de despertar uma mudança de realidade e uma compreensão do mundo do trabalho na vida dos educandos.

A metodologia desta investigação do contexto escolar foi a de abordagem qualitativa, e aconteceu no período de outubro de 2008 a junho de 2009. As entrevistas realizadas e as respostas obtidas foram debatidas através de um grupo focal e submetidas à análise de conteúdo.

Desta análise, emergiram quatro categorias finais. A primeira refere-se à concepção de Educação de Jovens e Adultos, as percepções dos sujeitos em relação à educação, ao ensino e à aprendizagem. A segunda trata da Educação de Jovens e Adultos e a Cidadania, seus valores, construções e participações. A terceira está vinculada às perspectivas na comunidade escolar em relação a um curso técnico profissionalizante, falando das possibilidades, dificuldades, qualificações e oportunidades. A quarta e última categoria reflete sobre a percepção do mundo do trabalho.

Ao concluir esta pesquisa, espera-se ter contribuído para que o Departamento da Brigada Militar responsável pela Unidade de Educação de Jovens e Adultos Tiradentes possa refletir e compreender a importância de um curso técnico profissionalizante integrado ao PROEJA, oportunizando aos seus alunos a inserção no mundo do trabalho.

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SUMÁRIO

RESUMO... O DESPERTAR... CAPÍTULO 1 –INTRODUÇÃO... CAPITULO 2 - REVISÃO DE LITERATURA... 2.1 Retrospectiva histórica da Educação de Jovens e Adultos e dos Eventos do mundo do trabalho ... 2.2 Segurança/ Segurança Pública

2.3Cidadania... CAPITULO 3 –METODOLOGIA DA PESQUISA... 3.1 Característica da pesquisa... 3.2 Participantes da pesquisa... 3.3 Coleta dos dados... 3.4 Organização dos dados e análise de conteúdos... 3.5 Roteiro da entrevista... CAPITULO 4 - Resultados e Discussão - Análise das categorias... 4.1 Concepção da Educação de Jovens e Adultos... 4.2 Educação de Jovens e Adultos e a cidadania... 4.3Perspectivas da comunidade escolar em relação a um curso técnico

profissionalizante... 4.4 Percepção do mundo do trabalho... CAPITULO 5 - Considerações Finais... 6.BIBLIOGRAFIA CONSULTADA... 7. ANEXO...

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O DESPERTAR

A professora... Meus colegas... Meu caderno... A melodia da sineta... Meu primeiro dia de aula... A oportunidade de estudar!

Ao buscar essas lembranças retorno a minha cidade, Alegrete.

Os ensinamentos de meu pai, com o preparo da terra para receber as sementes de várias hortaliças fizeram do contato com a natureza minha primeira escola. Tenho saudades!

Percebo que foi com meu pai que aprendi o amor pela minha profissão: ser professor!

“... É assim que venho tentando ser professor, assumindo minhas convicções, disponível ao saber, sensível à boniteza da prática educativa, instigado por seus desafios que não lhes permitem burocratizar-se, assumindo minhas limitações, acompanhadas sempre do esforço por superá-las, limitações que não procuro esconder em nome mesmo do respeito que me tenho e aos educandos...”.

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1. INTRODUÇÃO

A presente pesquisa foi realizada na comunidade escolar do Departamento de Ensino da Brigada Militar, na Unidade de Educação de Jovens e Adultos Tiradentes – UEJAT, a qual faz parte da Academia Militar – Departamento de Ensino, e conta com várias Unidades que estão sob sua responsabilidade. Destaco as que estão situadas neste departamento: Curso de formação de Oficiais e Sargentos, Curso Técnico de Segurança Pública – Cabos e Soldados, Colégio de Ensino Médio Tiradentes e Unidade de Jovens e Adultos Tiradentes.

Este Departamento possui uma estrutura administrativo-pedagógica resultante do vínculo com a Secretaria de Segurança Pública em parceria com a Secretaria de Educação, e dispõe, em seu quadro técnico, de profissionais militares e civis da Instituição, e profissionais integrantes do magistério público Estadual.

A UEJAT é uma Unidade do Departamento de Ensino da Brigada Militar, com direção administrativa formada por oficiais e praças da BM, que atendem desde o comando até o acompanhamento diário de seus educandos, através do corpo de alunos. Foi criada como supletivo no ano de 1976 para suprir uma necessidade de conclusão do ensino fundamental por parte dos soldados presentes no departamento, e, ao longo dos anos, porém, por exigência de seus próprios alunos, foi incluído o Ensino Médio. Atualmente é composta por 356 alunos e há anos comprometida com a formação dos alunos matriculados, oportunizando a sociabilidade dos jovens e adultos com suas trocas de experiências. Esse método de educação desenvolve a auto-estima e os valores morais e éticos possibilitando um ambiente de construção de conhecimentos.

No ano de 2006, ao ingressar como professora de Matemática na UEJAT, tive a oportunidade de desenvolver um trabalho para uma faixa etária entre 18 e 65 anos. Nas minhas entrevistas procurava ouvi-los em suas experiências ricas em detalhes e sentimentos para que pudesse elaborar meu planejamento de acordo com essas vivências e poder transformar suas dificuldades em conhecimentos. Com esse público afastado dos bancos escolares por diferentes razões e que mais tarde retornaram na esperança de resgatar o conhecimento e conquistar um espaço no mundo do trabalho, pude refletir que, como educadora comprometida em formar valores, precisava resgatar o emocional, a auto-estima e o cognitivo desses jovens e adultos. Para mim, ficava cada vez mais claro o quanto é difícil quebrar paradigmas e o quanto se erguem barreiras para propostas novas, mas a vontade de enfrentar novos desafios e o que resgatamos ao aprender com essas pessoas superam os parâmetros educacionais. No ano seguinte, fui selecionada para o curso de especialização de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na Modalidade de Jovens e Adultos pela UFRGS.

Penso que a escola tem um papel fundamental na formação dos jovens, pois promove a formação plena do educando, proporcionando uma mudança de perspectiva de vida por parte do aluno, e o auxilia na ampliação de sua visão de mundo.

Agora, eu experimento com os ensinamentos de Paulo Freire os quais me fazem refletir quanto essas pessoas que frequentam as Escolas de EJA foram vítimas de situações de suas vidas e estão ali lutando por um espaço de direito, identidade e construção. Por isso, pretendo apresentar ao Comando da Brigada Militar um projeto avaliando as perspectivas dos alunos inseridos na UEJAT com um curso técnico profissionalizante integrado ao PROEJA.

A pesquisa necessária para este projeto será desenvolvida no Departamento de Ensino da Brigada Militar com os alunos da UEJAT, na cidade de Porto Alegre, que oferece um curso de duração de três anos de Ensino Médio. Sua avaliação será na Unidade de Educação de Jovens e Adultos Tiradentes e se justifica pela necessidade da elevação da escolaridade integrada e de uma formação profissional que permita aos alunos compreender o mundo, nele agir em busca de melhoria das próprias condições de vida e da construção de uma sociedade mais justa.

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Acredito que a UEJAT tem uma estrutura organizada, o que seria co-fator preponderante para essa ampliação. Com esse projeto também contribuo no processo de conscientizar os alunos a respeito de inúmeros trabalhadores que buscam melhorar através do resgate do conhecimento sua vida familiar, social e profissional.

Desde muitos anos, com o aumento da desigualdade sócio-econômica, jovens são obrigados a abandonar a escola e buscar trabalho como forma de contribuir com sua renda familiar. Esse índice tem aumentado e, os órgãos responsáveis por sua contenção não cumprem seu papel de fiscalização rigorosa contra esse abandono escolar.

Observo também, que mais tarde esses jovens retornam através da escola EJA, com reais dificuldades cognitivas, mas conscientes da importância de resgatar seus conhecimentos a fim de se manter no mercado de trabalho.

Segundo o documento base da educação profissional técnica de nível médio/ensino médio (Brasília 2007), que detalha em seu texto a escolaridade da PNAD/IBGE 2003, nesse ano, cerca de 23 milhões de pessoas possuía 11 anos de estudo, ou seja, haviam concluído o ensino médio. Esse contingente representava apenas 13% do total da população do país. Por conseguinte, pode-se traçar um paralelo entre o baixo nível de escolaridade dos brasileiros e as dificuldades que eles enfrentam no mercado de trabalho.

Com a conclusão do ensino médio, os alunos que frequentam as escolas EJA encontram dificuldades para se inserir no mercado de trabalho já que essas escolas não oferecem especificamente uma qualificação profissional. Essa questão norteou minha pesquisa, a qual investiga na comunidade escolar da UEJAT a mudança de perspectiva diante da possibilidade de um curso técnico vinculado ao PROEJA.

Discutir a temática da avaliação das perspectivas do aluno da Unidade de Educação de Jovens e Adultos Tiradentes com a possibilidade de um curso técnico profissionalizante integrado ao PROEJA requer, ao mesmo tempo discutir determinados princípios, como: cidadania, ética, economia, política e educação. Esses princípios podem servir aos educadores e educandos para realizar novas reflexões sobre as questões do mundo do trabalho.

Um curso técnico profissionalizante pode contribuir com os questionamentos da inserção dos alunos da UEJAT no mercado do trabalho, não só como remunerados, mas também como direito à qualificação, ao trabalho como necessidade e que se vale de conhecimentos para construir novas perspectivas de futuro e interações sociais.

O Departamento de Ensino da Brigada Militar, por atuar diretamente na segurança pública, pode servir de co-facilitador deste projeto, introduzindo a educação profissionalizante no currículo escolar através do curso integrado ao PROEJA e pode produzir resultados positivos na aprendizagem dos alunos e gerar resultados notáveis como a diminuição da evasão escolar e valorização dos alunos como seres humanos.

Os trabalhadores que, no percurso de suas vidas, se afastaram por longos anos da escola, atualmente buscam o saber como forma de se inserir no mundo do trabalho, ampliando e compreendendo conhecimentos através da formação.

Segundo o documento base (P.13), nos termos da declaração de Hamburgo de 1997 (In: IRELAND, MACHADO, PAIVA, 2004), o que realmente se pretende é a formação humana, no seu sentido lato, com acesso ao universo de saberes e conhecimentos científicos e tecnológicos produzidos historicamente pela humanidade, integrada a uma formação profissional que permita compreender o mundo do trabalho, nele atuar na busca de melhoria das próprias condições de vida e da construção de uma sociedade melhor. A perspectiva precisa ser, portanto, de formação na vida e para a vida e não apenas de qualificação do mercado ou para ele.

O documento base é claro em seus objetivos pressupostos valorizando a formação do cidadão como ser humano crítico, capaz de conquistar seu espaço no mundo do trabalho e assim resgatar sua dignidade negada por uma infância e adolescência precária.

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Esse projeto na Unidade de Educação de Jovens e Adultos Tiradentes justifica-se, então, pela necessidade de elevação da escolaridade integrada e de formação profissional que permita aos alunos compreender o mundo e nele agir em busca de melhoria das próprias condições de vida.

O objetivo geral traçado foi o de avaliar a perspectiva de um curso técnico na comunidade escolar da UEJAT, gerando mudanças, despertando o saber, ampliando valores éticos e morais e atendendo a realidade social da comunidade.

A investigação teve como objetivos específicos:

- Avaliar as causas do abandono escolar e a necessidade do retorno no resgate do conhecimento para se inserir no mundo do trabalho;

- Avaliar de que forma a educação colabora na vida profissional dos membros da comunidade escolar da Unidade de Educação Tiradentes - UEJAT;

- Envolver os alunos em um processo de educação profissionalizante abrindo caminhos para uma educação que contribua para a construção de uma sociedade mais justa;

- Avaliar as perspectivas de vida do aluno inserido na UEJAT;

- Avaliar se houve mudanças comportamentais frente à possibilidade de melhoria de vida através da implantação de um curso profissionalizante integrado ao PROEJA;

Os objetivos relacionados acima e a elaboração de um referencial teórico construído a partir da reunião do pensamento de diversos autores, junto com a coleta de dados, ajudarão na compreensão do problema da pesquisa.

A seguir apresento a estrutura da investigação.

A revisão literária capítulo dois aborda tema relevantes para a pesquisa como a retrospectiva histórica da Educação e o histórico dos eventos do mundo do trabalho. O capitulo três trata da metodologia da pesquisa numa abordagem qualitativa. O capítulo quatro traz os resultados e discussões da presente investigação e, para concluir, o capítulo cinco apresenta as minhas considerações finais e possíveis estudos no futuro.

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2.REVISÃO DA LITERATURA

No presente capítulo, pretendo aprofundar minha compreensão sobre a Educação de Jovens e Adultos a partir de temas abordados para a realização desta pesquisa.

Foi organizado um retrospecto histórico que inclui informações, objetivos e finalidades do mundo do trabalho vinculado à educação de Jovens e Adultos.

Os assuntos abordados envolvem as dimensões da educação de jovens e adultos em relação à avaliação, perspectiva, participação, formação de valores que contribuem para a melhoria da qualidade de vida e preparação para o mundo do trabalho dos alunos que freqüentam escolas da EJA. Enfatizo a importância do conhecimento de cada indivíduo e da cidadania por meio de uma visão holística da educação de Jovens e Adultos.

2.1Retrospectiva histórica da Educação de Jovens e Adultos e dos Eventos do Mundo do Trabalho

A realidade social, objetiva, que não existe por acaso, mas como produto da ação dos homens, também não se transforma por acaso.Se os homens são produtores desta realidade e se está, na “inversão da práxis”, se volta sobre eles e os condiciona, transformar a realidade opressora é tarefa histórica, é tarefa dos homens.

(Freire, 2008, p. 41)

Pode-se afirmar que a classe operária é filha direta, embora não dileta, da industrialização capitalista, cujos marcos iniciais retomam a meados do século XIX, com a invenção da energia elétrica.

País de ponta dessas duas primeiras fases do processo de industrialização, a Inglaterra constitui o berço clássico do operariado mundial, submetido às extensas, exaustivas e torturantes jornadas de trabalho, de até 16 horas diárias, que não poupavam nem mesmo as crianças (...).

Daí que, na Inglaterra, surgem as primeiras formas organizadas de lutas e resistência dos operários, embrião dos sindicatos: as trade unions.

O Brasil, país desde o seu “descobrimento”, situado na periferia da expansão capitalista e resultado da sua fase comercial pela via marítima das grandes navegações começa a viver o surgimento dos primeiros núcleos de sua classe operária já na segunda metade do século XIX, especialmente, a partir do sudeste, com São Paulo à frente.

Embora neste período já se tenham constituído sociedades de mútua proteção, algumas outras formas precederam estas organizações sindicais. Nas duas primeiras décadas do século XX, a classe operária brasileira ganha corpo e se insere nas disputas políticas e sociais do país.

Este processo foi estimulado e dinamizado pela combinação do êxito na Revolução Socialista de outubro de 1917, na Rússia e pela presença marcante da imigração no país tendo considerável presença, entre os imigrantes, de ativistas de orientação anarquista.

A transformação do Brasil em país agrário industrial causou mudanças importantes na população trabalhadora. Grande parte da mão-de-obra rural migrou para a indústria e para os centros urbanos. A quantidade de operários quase triplicou em relação ao inicio dos anos 20, tornando-os uma força social.

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Temeroso dos conflitos trabalhistas, a exemplo das revoluções operárias que ocorreram na Europa, o Governo Vargas procurou antecipar-se mesmo contra a vontade de empresários e definiu os direitos e as relações trabalhistas - instrumentos que puderam controlar as tensões sociais.

Feita a “Revolução” de 1930, uma das primeiras medidas do governo provisório liderado por Getúlio Vargas foi a criação do Ministério do Trabalho, Indústria e comércio (MTIC), órgão que teria a seu encargo a elaboração e aplicação de medidas de caráter social, cujo alvo principal era a classe operária.

A legislação social criada durante a República Nova (1930-1937) viria “oficializar” a existência da classe operária brasileira através de um conjunto de leis trabalhistas e sindicais tendentes a harmonizar as relações entre o capital e o trabalho (Petersen, F R S e Lucas,M E p 334).

Reunidos em 1943 na Consolidação das leis do Trabalho - CLT, esses direitos e relações continuam ainda em vigor.

É evidente, que a educação da população, em geral, de operários e filhos de operários, correspondiam às expectativas da classe dominante (burguesia, donos de comércio, indústrias e fábricas), por isso, nunca houve uma preocupação de uma educação de qualidade para operários, pois o que interessava aos dominantes era uma classe operária dominada com conhecimentos mínimos, tendo somente o necessário para trabalhar nas indústrias e operar máquinas.

Passo a analisar os históricos mundiais do Brasil sobre educação de Jovens e Adultos. Fica evidente a preocupação da Unesco quando afirma a existência de quase 800 milhões de jovens e adultos no mundo que são analfabetos (dois terços dos quais são mulheres). A 56ª sessão da Assembléia da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2001 adotou a resolução que proclamou a década da Alfabetização 2003 - 2012, estabelecendo no ano seguinte um plano de ação cuja coordenação foi entregue à Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

Este plano destaca a importância de uma visão renovada da alfabetização, enfocando as metas do Fórum Mundial de Educação (Dacar, Senegal, 2000) relativas à satisfação das necessidades de aprendizagem de jovens e adultos, que incluem a redução do analfabetismo em 50% e a eliminação das disparidades entre mulheres e homens no acesso à educação básica de qualidade (2008, p 18).

A questão da Educação de Jovens e Adultos foi marcada pelo envolvimento e preocupação de alguns países que reconhecem a importância do fato e, para isso, foram criadas conferências para debater o assunto em cada década.

Segundo a Unesco (2008, p 19) as conferências internacionais sobre educação de Jovens e Adultos são convocadas periodicamente. Já foram realizadas na Dinamarca em 1949, no Canadá em 1960, no Japão em 1972, em Paris em 1985 e na Alemanha em 1997 na cidade de Hamburgo. Mais de 1.500 representantes de 170 países assumiram compromissos para fazer valer o direito dos cidadãos de todo o planeta na aprendizagem ao longo da vida. Entre os temas abordados com prioridade pela agenda para o futuro, consta a garantia do direito universal à alfabetização e a educação básica, concebida como ferramenta para a democratização do acesso à cultura, aos meios de comunicação e às novas tecnologias da informação.

Ficou evidente a preocupação com os dados obtidos após a conferência em 2003 na Tailândia, em relação ao balanço realizado nessa ocasião que não foi otimista, pois a contribuição da educação de adultos à solução dos conflitos globais, combate à pobreza, igualdade entre homens e mulheres, formação para o trabalho e preservação do meio ambiente e saúde não tem sido devidamente aproveitada. Em quase todos os países houve redução do financiamento público para a aprendizagem dos adultos, em grande parte devido à prioridade

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concebida por agências internacionais e governos à educação primária de crianças e adolescentes (2008, p 19).

Construímos o futuro a partir de um lugar , isto quer dizer que é a partir de uma referência local que é possível pensar o nacional, o regional e o internacional. (GADOTTI, p 33)

No Brasil, segundo a Unesco, a difusão da alfabetização ocorreu apenas no transcorrer do século XX, acompanhando a constituição tardia do sistema público de ensino. Até fins do século XIX, as oportunidades de escolarização eram muito restritas, acessíveis quase que somente às elites proprietárias e aos homens livres de vilas e cidades, que eram minoria na população. Durante o Império, em 1872, constatou-se que 82,3% das pessoas com mais de cinco anos de idade eram analfabetas. Essas mesmas proporções foram encontradas pelo Censo realizado em 1890, após a proclamação da República.

No inicio do período republicano, políticos e intelectuais qualificavam o analfabetismo como vergonha nacional. Pouco, porém, foi realizado nesse período no sentido de desencadear ações educativas que se estendessem a uma ampla faixa da população.

As primeiras políticas públicas nacionais destinadas à instrução dos jovens e adultos foram implementadas a partir de 1947, quando se estruturou o Serviço de Educação de Adultos do Ministério da Educação e teve início a campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA). No inicio dos anos 50, houve a Campanha Nacional de Educação Rural (1952) e a Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo (1958), mas as campanhas foram recebidas com inúmeras críticas devido ao seu inadequado programa e materiais pedagógicos que não consideravam a especificidade do adulto e a diversidade regional do país.

No inicio da década de 60, a alfabetização de adultos compôs as estratégias de ampliação das bases eleitorais e de sustentação política das reformas que o governo pretendia realizar. Com a efervescência político-social do período, surgiram novas práticas de alfabetizações em 1961: Movimento de Educação de Base, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Movimento de Cultura Popular de Recife e a Campanha do Pé no chão Também se Aprende a ler, da Secretaria Municipal de Educação de Natal, e os Centros populares de Cultura, órgãos culturais da União Nacional dos Estudantes.

O Golpe Militar de 1964 interrompeu o Plano Nacional de Alfabetização que o educador pernambucano Paulo Freire coordenava a convite do governo e a repressão que se abateu após, mais especificamente sobre os movimentos de educação popular levou Paulo Freire ao exílio.

A escolarização de jovens e adultos ganhou feições de ensino de supletivo, e foi instituída pela reforma de ensino em 1971, e, no mesmo ano passou a ser denominada Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL, mas não cumpriu sua promessa de erradicar o analfabetismo. Em 1985, foi extinto e substituído pela Fundação Educar que criava a possibilidade de continuidade dos estudos para os recém alfabetizados e demais pessoas que dominavam precariamente a leitura e escrita.

No mesmo período, um movimento subterrâneo de rearticulação da sociedade civil e resistência ao regime militar organizou-se fora do controle governamental - comunidades eclesiais de base, associações de moradores, organizações de trabalhadores urbanos e rurais e outros agrupamentos orientados por valores de justiça e equidade engajados na reconstrução da democracia, desenvolveram ações educativas que incluíam a educação de jovens e adultos, ficando conhecida como educação popular, filiadas às concepções freireanas.

Na década de 90, as políticas públicas priorizaram o acesso das crianças e adolescentes ao ensino fundamental relegando a um plano secundário a modalidade de Educação de Jovens e Adultos,a Fundação Educar foi extinta e a alfabetização de jovens e adultos foi descentralizada para os municípios ou delegada a organizações sociais.

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O primeiro Fórum de Eja foi fundado no Rio de Janeiro, em junho de 1996, quando o movimento preparatório à V Conferência Internacional da Educação de Adultos (V CONFINTEA), e se espalhou por todo o país , como movimento social, já alcançando hoje praticamente todos os Estados brasileiros, além de muitas regiões. São 26 Fóruns estaduais, tendo o Amapá uma Comissão Pró Fórum, e ainda 34 Fóruns Regionais em Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Santa Catarina.

(Documento Base, p 10)

No início do terceiro milênio, a alfabetização de jovens e adultos adquiriu nova posição na agenda das políticas nacionais, com o lançamento em 2003 do Programa Brasil Alfabetizado e a progressiva inclusão da modalidade no Fundo de Financiamento da Educação Básica (Fundeb), a partir de 2007.

Superando o período do descaso no governo neoliberalista de FHC com a Educação de Jovens e Adultos, o atual Governo Lula tenta resgatar a educação profissional com o ensino médio, através do Ministério da Educação com a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica. O Decreto nº 5.478, de 24/06/2005 cria, no âmbito das Instituições Federais de Educação Tecnológica, o Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na Modalidade Educação de Jovens e Adultos – PROEJA, que atende à demanda de jovens e adultos pela oferta de educação profissional técnica e de nível médio, da qual, em geral, são excluídos, bem como, em muitas situações, do próprio ensino médio.

Conforme o Documento Base (p 12), a revogação do Decreto nº 5478/05 pela promulgação do Decreto nº 5840/06 trouxe mudanças para o programa de inclusão do ensino fundamental e o PROEJA poderá ser adotado por instituições públicas – municipais, estaduais e por entidades privadas de serviço social. A nova denominação fica: Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos.

Destaco aqui o objetivo geral do PROEJA, o qual propõe reinserir, no sistema escolar regular brasileiro, jovens e adultos que se encontram afastados dele, devido aos problemas internos e externos à escola, através do acesso à educação geral e, mais especificamente, ao ensino profissional na perspectiva de uma formação integral. (Brasil, Documento Base -PROEJA, 2007).

Acredito que o desafio das escolas de EJA é proporcionar formação adequada para seu corpo docente, adaptando seus currículos e proporcionando situações onde seus educandos possam perceber suas potencialidades e se inserir no mundo do trabalho. Para tanto, a equipe diretiva e o corpo docente necessitam conhecer o assunto debatendo e se mantendo atualizados.

Considera-se que a EJA abre possibilidades, de superação de modelos curriculares tradicionais, disciplinares e rígidos. A desconstrução e construção de modelos curriculares e metodológicos, observando as necessidades de contextualização frente à realidade promovem a ressignificação de seu cotidiano. Essa concepção permite a abordagem de conteúdos e práticas, inter e transdisciplinares, a utilização de metodologias dinâmicas, promovendo a valorização dos saberes adquiridos em espaços de educação não-formal, além do respeito à diversidade. (Documento Base, p 48)

A perspectiva de um curso profissionalizante deve remeter e sensibilizar a comunidade escolar da UEJAT a uma reflexão sobre a possibilidade do tema abordado trazendo mudanças de comportamento e consciência crítica.

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Segurança/ Segurança Publica

O PROEJA traz tensões e possibilidades para instituições que, muitas vezes, não são bem vindas, causam constrangimento, desacomodam.Por isso, a resposta á minha provocação inicial sobre o fim das turmas de PROEJA foi campo de luta que toda política pública exitosa precisa enfrentar. (In Santos, ,2009, p.86)

Quando iniciei a investigação da minha pesquisa sobre a perspectiva de um curso técnico profissionalizante integrado ao PROEJA, visei a Unidade de Educação de Jovens e Adultos Tiradentes, por estar inserida dentro de um Departamento de Ensino, e seria um modelo de referência para todas as Escola EJA, visto que, é uma EJA diferenciada justamente por ter vínculo com a Secretaria de Segurança Pública. Ao colocar a pesquisa em prática me deparei com o obstáculo de que uma Unidade ligada diretamente à segurança pública não possa formar cidadãos civis na área de segurança, e sim somente instituições privadas que ficam responsáveis por estas formações.

Segundo a Portaria nº 387/2006-DG/DPF, o Art 1º a presente portaria disciplina, em todo o território nacional, as atividades de segurança privada, armada ou desarmada, desenvolvidas pelas empresas especializadas, as que possuem serviço orgânico de segurança e pelos profissionais que nelas atuam, bem como regula a fiscalização dos planos de segurança dos estabelecimentos financeiros. As atividades de segurança privada serão reguladas, autorizadas e fiscalizadas pelo Departamento de Polícia Federal - DPF e serão complementares às atividades de segurança pública nos termos da legislação específica.

Art.52.Não serão autorizados os cursos de formação, extensão e reciclagem de vigilantes realizados por instituições militares e policiais.

( Portaria N° 387/2006-DG/DPF)

Num país como o Brasil, onde a democracia é manifestada por todos, a segurança pública garante a proteção e os direitos individuais dos cidadãos. Não tenho a compreensão clara de como um Departamento de Ensino que forma responsáveis pela segurança pública não possa dar formação a sua comunidade escolar, implantando cursos profissionalizantes e oportunizando assim, formar alunos trabalhadores que buscam nessa unidade a conclusão dos seus estudos e a possibilidade da inserção no mercado de trabalho.

Bisol comenta que toda a instituição de segurança, seja qual for sua especialidade, é funcionalmente civil destinada a protagonizar a cidadania e não a eliminar inimigos (erradicar a violência não consiste em erradicar ou eliminar o ser humano que se volta para a violência). Na medida em que ela está autorizada a exercer a violência legítima, de que é titular o Estado Constitucional de Direito, ela está mesmo submetida ao controle do mesmo Estado e da sociedade, enquanto dever de máxima ponderação e equilíbrio no uso dessa perigosa e delicada atribuição (2002, p. 114).

Foucault define que o poder funciona e se exerce em rede. Nas suas malhas, os indivíduos não só circulam, mas estão sempre em posição de exercer este poder e de sofrer sua ação; nunca são os alvos inertes ou consentidos do poder. São sempre centros de transmissão (2008, p 183).

Os investimentos em segurança pública são precários e os recursos humanos não suprem a demanda necessária para oferecer uma segurança com eficiência.

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Foucault complementa que todo conhecimento, seja cientifico ou ideológico, só pode existir a partir de condições políticas que são as condições para que se forme tanto o sujeito quanto os domínios de saber. A investigação do saber não deve remeter a um sujeito de conhecimento que seria sua origem, mas às relações de poder que lhe constituem. Não há saber neutro. Todo saber é político (2008, p 21).

Penso que a conscientização se faz necessária e, apesar de ser um processo lento, nós educadores não obteremos os resultados que buscamos no imediato, mas sim em um futuro próximo.

Bisol comenta que o discurso atual é: a criminalidade está crescendo e a polícia não dá conta da situação. E chega-se à singela conclusão de que há problemas na polícia, de que deve ser repensada. No Rio Grande do Sul, recusamo-nos a pensar em segurança sobre esse prisma compartimentalizado, mas procuramos pensar no sistema, a institucionalidade ligada à segurança, à interinstitucionalidade. O Ministério Público tem que representar a realidade social, a Justiça também. Esta tem de ser emparelhada existencialmente falando – com as polícias. As polícias por definição, habitam o mesmo chão, e o Ministério Público e Justiça devem descer ao chão, onde a criminalidade é marcante e, encharcar-se dessa realidade (2002. P.115, 116).

Segundo Genro, é certo, também, que o trabalho tomado no seu sentido “produtivo” será cada vez menor e, se a sociedade for mais justa, ele será também mais repartido entre os cidadãos.Isso exige concluir que não é correto portanto, que somente o trabalho no sentido tradicional, isoladamente seja a medida absoluta para responder ás necessidades de cada ser humano.A qualidade e a intensidade de serviços “solidários” prestados á sociedade (não criadores de valor) podem constituir uma nova medida para a distribuição da renda socialmente gerada.(1999.p 49).

Enfim, é um desafio para nós educadores repensarmos que não podemos separar o indivíduo de sua realidade e que a educação de adultos está condicionada à capacitação profissional do aluno trabalhador e, para que haja transformação, precisamos agir a partir de relações imediatas e com mudanças significativas através de um governo consciente para que então se sinalize um sentido para a mudança.

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Cidadania

Platão imaginou a cidadania ideal. Ele supunha uma educação em que as pessoas subordinassem ao interesse comum os seus próprios desejos. Os desejos dos indivíduos que estão em conflito entre si e conduzem à destruição da unidade, à luta das facções, à revolta dos excluídos das vantagens a que imaginem ter direito (1985, p 38).

Na visão de Aristóteles, o bom cidadão, formado pelas leis, deve ser um homem de bem e realizar todas as suas possibilidades humanas, conhecer a liberdade política de mandar e obedecer e ter acesso aos diversos poderes do estado (1985, p 38).

Para que isso ocorra é necessário que a sociedade seja reconstruída com maior igualdade, responsabilidade, e que os cidadãos sejam reconhecidos como sujeitos que tenham seus direitos valorizados e legitimados. Esse é o desafio de nós educadores.

A criação da cidadania implica a existência de um vínculo social que ligue as pessoas entre si seguindo regras comuns, sob determinado poder, e a conseqüente obediência a elas. Para isso, a paixão deve submeter-se à razão e os interesses individuais, à razão pública e os interesses públicos.(Libanio, 1985, p. 18).

Ser cidadão não é apenas estar consciente da sua cidade e de quem governa, ser cidadão, para mim, é desenvolver sentimentos humanos baseado em valores que contribuem na construção de um mundo melhor e justo, onde a participação, a libertação e a emancipação estão presentes no nosso pensar e no agir individual e coletivo.

A fala de Buffa revela que “a cidadania jamais será doação do Estado, pois é essencialmente uma conquista dos excluídos, através do exercício político”. Os excluídos se educam, sobretudo, nas lutas de resistência, de reivindicação e de sabotagem (1987 p 8).

Nós educadores precisamos estar atentos à importância do nosso papel para conscientizar e desenvolver no educando atitudes críticas e argumentativas frente ao mundo de seus direitos e deveres como cidadãos.

Para Buffa, o Brasil, país capitalista, caracteriza-se por ter uma sociedade autoritária e hierarquizada em que os direitos do homem e do cidadão simplesmente não existem. Não existe para a elite, de vez que ela não precisa de direitos porque tem privilégios. Está, pois, acima deles. Não existe para a imensa maioria da população - os despossuídos - pois suas tentativas de consegui-los são sempre encaradas como problemas de polícia e tratados com todo rigor do aparato repressor de um Estado quase onipotente (Chauí, 1986:2) (1987, P28).

O cidadão evidencia-se pelo exercício de atuar constantemente na sua realidade e enxergar mais além, decidindo-se, levando informações e conhecimentos que possam agir em prol dos interesses coletivos e não só para seu bem estar. Para ocorrer esta

transformação na sociedade, é imprescindível que o educando e o educado estejam estimulados à participação social.

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3. Metodologia da Pesquisa 3.1 Caracterização da Pesquisa.

A presente pesquisa surgiu do interesse de avaliar as perspectivas dos alunos frente à possibilidade de um curso técnico profissionalizante integrado ao PROEJA na comunidade escolar da Unidade de Educação de Jovens e Adultos Tiradentes, com fundamento na revisão da literatura de acordo com a definição do problema. A pesquisa desenvolvida envolveu um estudo científico a partir dos objetivos delineados e a análise de dados, finalizando com este relatório de conclusão.

A abordagem dessa pesquisa é qualitativa, pois conforme Bardin, a análise de conteúdos é um conjunto de técnicas das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrições do conteúdo das mensagens (1979, p.38).

3.2 Participantes da Pesquisa

Por atuar como professora na Unidade de Educação de Jovens e Adultos tive facilidade de participação voluntária dos alunos que iriam compor o debate do grupo focal e os outros participantes da pesquisa. As entrevistas semi-estruturadas objetivarão descrever o olhar dos alunos da UEJAT e sua percepção a respeito do trabalho, além dos pontos críticos que também motivaram o projeto.

A definição da pesquisa ficou da seguinte maneira: Grupo Focal com a participação de sete alunos matriculados desde o ano de 2007 até 2009, duas pessoas do corpo administrativo e uma do corpo docente, totalizando dez participantes, todos presentes nesses dois anos de pesquisa e atuando diariamente dentro do espaço escolar UEJAT.

Pode-se considerar a abordagem dessa pesquisa qualitativa com participação de um grupo focal para analisar os resultados da pesquisa, pois conforme Beatriz Carlini Contrin, o grupo focal é considerado um método de pesquisa que pode ser utilizado no entendimento de como se formam diferentes percepções e atitudes acerca de um fato, prática, produto ou serviços.

A seguir listo os componentes referentes à amostra da pesquisa X, Y e Z e o Grupo Focal: K, L, M, N O, P e Q.

3.3 Coleta de dados

A fonte de pesquisa foi direta, e os instrumentos utilizados na realização da investigação foram entrevistas semi-estruturadas com registros escritos e gravados.

As entrevistas foram realizadas individualmente e debatidos os resultados com a formação de um grupo focal com sete participantes.

Conforme Beatriz Carlini Contrin a essência do grupo focal consiste justamente em se apoiar na interação entre seus participantes para colher os dados, a partir dos tópicos fornecidos pelo pesquisador.

Inicialmente abordei os resultados da pesquisa por meio de perguntas abertas, sendo que duas dessas perguntas foram tabuladas. Essa etapa de discussão durou em média 40 minutos. Ao final do debate, os colaboradores voluntários manifestaram seu contentamento em participar com suas experiências e perspectivas.

Após a fase de coleta de dados, passei para a análise dos dados, considerando este momento como o mais difícil e mais um aprendizado para compreender - avaliar as perspectivas de um curso técnico profissionalizante na comunidade escolar da UEJAT.

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As entrevistas foram realizadas no período entre outubro de 2008 a junho de 2009. As respostas às questões foram submetidas a uma observação detalhada dos dados, a seguir, descritos.

Organização dos dados e Análise dos conteúdos

Com o material organizado passei para a transcrição e digitação das entrevistas gravadas. As categorias surgiram a partir das questões que nortearam minha investigação, de acordo com:

A - Concepção de Educação de Jovens e Adultos; B - Educação de Jovens e Adultos e a cidadania;

C - Perspectiva na comunidade escolar em relação à criação de um curso técnico profissionalizante;

D - Percepção do envolvimento dos alunos da UEJAT em relação ao mundo do trabalho.

Após a organização dos dados, passei a explorar o material e comecei a reestruturação do sentido do conteúdo. A partir destas categorias, surgiram as categorias intermediárias, assim organizadas:

A- Concepção de Educação de Jovens e Adultos (EJA) 1. a - educação /aprendizagem / ensino

B - Educação de Jovens e Adultos e a cidadania 2. b - valores/construção/ participação

C - Perspectiva na comunidade escolar em relação à criação de um curso técnico profissionalizante

3. c - possibilidade/ dificuldade/ oportunidade/escolha / qualificação

D - Percepção do envolvimento dos alunos da UEJAT em relação ao mundo do trabalho. 4. d - participação do outro/própria participação/mudança

Ao realizar a categorização final de análise, adotei a abordagem qualitativa com a finalidade de extrair as significações das mensagens.

A intenção da análise de conteúdo é a interferência de conhecimentos Relativos às condições de produção (ou, eventualmente, de recepção), Interferência esta que recorre a indicadores (qualitativos ou não). (Bardim,1979, p. 38)

Após, os dados obtidos e submetidos à análise de conteúdo foram interpretados e oportunizaram a obtenção de informações contidas nas falas dos sujeitos que expressaram a realidade do contexto escolar da Unidade de Educação de Jovens e Adultos Tiradentes, auxiliando na conclusão do relatório final da pesquisa.

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ROTEIRO DA PESQUISA

UEJAT - Unidade de Educação de Jovens e Adultos Tiradentes. Nome: ________________ Data de nascimento: ________________ Ano de conclusão do Ensino Fundamental________

a) Que motivos levaram você a parar seus estudos?

b) E quais motivos levaram a esse retorno procurando uma escola EJA em detrimento a uma de Ensino Regular?

c) Quais os problemas encontrados dentro e fora da escola que podem ser melhorados? Faça um pequeno comentário de cada item citado.

d) Para você, de que modo a Unidade de Educação de Jovens e Adultos Tiradentes -UEJAT colabora na sua vida profissional?

e) Como você vê a possibilidade da criação de um curso técnico vinculado à UEJAT? f) Qual o curso técnico que atenderia às necessidades dos alunos da UEJAT? Porque? g) Como você vê a participação dos colegas e a sua própria participação na UEJAT? h) Para você, de que modo a UEJAT colabora na construção da cidadania?

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES – ANÁLISE DAS CATEGORIAS

4.1. Concepção da Educação de Jovens e Adultos (EJA)

“A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino de pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”. (Ribeiro, Marlene, P.210).

Mello define “A educação é concebida como uma prática social, uma atividade humana e histórica que se define no conjunto das relações sociais, no embate dos grupos ou classes sociais, sendo ela mesma forma específica de relação social” (FRIGOTTO, 2000, P 31) (2008, p., 43).

Segundo Siqueira, pensamos que a EJA (Educação de Jovens e Adultos) não está dissociada da educação de adultos e sequer da educação de crianças. Assim como a educação de adultos, a EJA é uma concepção particular da educação popular, logo esse é seu fundamento. De uma forma mais geral a educação de jovens e adultos também não se separa do campo de pesquisa que trata da educação e do trabalho (2007 pág. 84).

A concepção que os sujeitos da pesquisa têm de Educação de Jovens e Adultos relaciona-se ao processo de educação ensino e aprendizagem.

“Y” concebe que a EJA é uma modalidade de ensino voltada para aquelas pessoas que não tiveram a oportunidade de concluir seus estudos dentro da idade regular.

“W” diz que EJA é formar o aluno em alguma área do conhecimento e M reforça, EJA é oportunidade.

O conhecimento é importante para todo e qualquer processo de aprimoramento pessoal que modifique o comportamento e as atitudes, auxiliando na compreensão das relações que se estabelecem com o mundo.

Ortiz, D (pág 37), define que a partir do movimento contemporâneo, a educação de uma maneira geral e a alfabetização de jovens e adultos, em especial, adquiriram novos sentidos. De acordo com Paiva (2004, pág. 29) “Esses sentidos são frutos das práticas sociais que vão se fazendo nos espaços que educam na sociedade: escolas, movimentos sociais, trabalho, práticas cotidianas”, onde se legitimam através de ordenações jurídicas aprovadas por suas entidades representativas.

Acredito que, a Educação de Jovens e Adultos precisa preparar seus educandos para uma ampliação de sua leitura de mundo. Tendo em seus programas o conhecimento compartilhado em disciplinas, em que o educador deverá estar atento e revendo se o seu currículo está de acordo com a realidade, experiências e valorizando as trajetórias individualidade de cada um.

Segundo o documento Base (pág 31) o desenvolvimento de uma nação não depende exclusivamente da educação, mas de um conjunto de políticas que se organizam, se articulam e se implementam ao longo de um processo histórico, cabendo à educação importante função estratégica neste processo de desenvolvimento. Ao mesmo tempo, devemos ter clareza em reconhecer que nem a educação geral nem a educação profissional e tecnológica, por si só gerarão desenvolvimento, trabalho e renda.

Para Paulo Freire (pág. 97), a educação autêntica, repitamos, não se faz de A para B ou de A sobre B, mas de A com B, mediatizados pelo mundo. Mundo que impressiona e desafia, a uns e a outros, originando visões ou pontos de vista sobre ele. Visões impregnadas de anseios e dúvidas, de esperanças ou desesperanças que implicita temas significativos à base dos quais se constituirá o conteúdo programático da educação.

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Outra concepção de Educação de Jovens e Adultos está voltada para resgatar a confiança, a auto-estima e de fazer valer seus direitos com o compromisso pessoal de mudança real para si e para a sociedade.

“L” percebe a importância da Educação de Jovens e Adultos quando se expressa valorizando a importância que é em sua vida. Depois de trinta anos afastada da escola, encontrei no Eja uma abertura para aprender e me lançar no mercado de trabalho.

Barcelos complementa dizendo que identifica na Educação de Jovens e Adultos um papel social fundamental. Não como libertador ou revolucionário, mas sim, como um ponto de partida importante para a ampliação dos espaços de participação na vida pública, nas suas mais diferentes formas de manifestações (2007, p.173).

O papel do educando é o de construir uma postura crítica enquanto aprendiz, questionando o real, discutindo e se posicionando com responsabilidade e resgatando valores, num trabalho escolar que possa ser entendido para transformar sua própria realidade. Portanto, assim como os participantes da pesquisa têm diferentes maneiras de conceber a Educação de Jovens e Adultos, eles acreditam na sua importância para compreender suas relações com o mundo.

Gadotti define que a educação de adultos deve ser sempre uma educação multicultural, uma educação que desenvolve o conhecimento e a integração na diversidade cultural. É uma educação para a compreensão mútua e contra a exclusão por motivos de raça, sexo, cultura ou outras formas de discriminação (2007 p 33,34).

“O” comenta que mais interessantes são os professores, que procuram compreender os alunos. Passam uma idéia de união que ajudam os alunos a dar o próximo passo.

O documento Base define que são os professores, como educadores que são, ao assumirem o papel de mediadores e articuladores da produção coletiva do conhecimento e comprometidos com a proposta, quem poderão atuar criativamente acolhendo sem ansiedade às demandas e exigências dos alunos e do projeto pedagógico (2007, p, 44).

A escola é um espaço importante na construção do saber e a EJA colabora oportunizando o resgate do conhecimento destes sujeitos que, por diversos motivos, ficaram afastados dos bancos escolares, e agora retornam e mesmo frequentando uma escola sob a responsabilidade do Departamento de Ensino da Brigada Militar, observo que os sujeitos da pesquisa percebem este espaço como possibilidade de transformação de vida, de compreensão do mundo.

Willis define que a escola é a zona do formal. Tem uma estrutura clara: o edifício escolar, as normas escolares, a prática pedagógica, uma hierarquia de autoridade em que o poder é, em última instância, respaldado pelo Estado, como tivemos oportunidade de ver, embora numa escala pequena, a pompa e a grandiosidade da lei, e o braço repressivo do estado, a polícia (1991 pág 37).

Cabe a nós, como educadores, nos empenharmos, oportunizando uma educação que contribua para a construção de uma sociedade de igualdade com reais condições de oportunidades. Reconheço que não temos promessas, certezas, mas temos objetivos e finalidades claras do atual Governo, através de um programa, o PROEJA, que oportuniza e valoriza não apenas a inclusão nessa sociedade desigual, mas a construção de uma nova sociedade através de uma escola vinculada com o mundo do trabalho.

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4.2 Educação de Jovens e Adultos e a cidadania

Leão define que “Cidadão é o individuo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado e cidadania tem a ver com a condição de cidadão, quer dizer, com o uso dos direitos e o direito de ter deveres de cidadão”. (Freire, 2003, p. 45) (2007, p.39).

Conforme os sujeitos participantes da pesquisa, a Educação de Jovens e Adultos colabora na construção da cidadania quando esse cidadão que aqui se encontra dentro de nossa sociedade tenha conhecimento dos seus direitos e deveres tentando resgatá-los ou reincluí-los dentro do contexto social.

Martinez define que própria cidadania não pode ser entendida como uma condição estática, definitiva e acabada, pois ela só se realiza, na dinâmica, no processo contínuo de conquista e defesa, construção e expansão, tanto no campo do direito, quanto no das condições concretas de existência no plano ético e cultural, no interesse individual e no coletivo. Portanto a cidadania se efetiva pela participação, além do usufruto de direitos individuais e sociais (1996 p.24).

“X” comenta que a escola busca formar cidadãos, preparando para a realidade da sociedade, buscando motivá-los e trabalhar sua defasagem para que eles possam se inserir no mercado de trabalho.

Acredito que a escola seja um espaço que favorece a construção ser humano, capaz de exercer sua cidadania. Conforme Martinez, a educação é fundamental na formação do cidadão, ao capacitá-lo a participar do exercício da cidadania através das decisões políticas. É a importância dessa função formativa que as ditaduras procuram sempre anular ou diminuir, restringindo o acesso à educação aos contingentes elitizados da população. É por isso também que o ensino, desde o nível fundamental até o superior, revela a tendência de tratar a educação exclusivamente como forma de capacitação para o trabalho, sem relacionar diretamente a ação produtiva com o exercício da cidadania. (1996, p.25)

Para que esta transformação ocorra na sociedade, é necessário que o educando e o educado estejam estimulados à participação social.

Libanio define que a cidadania não é um dom natural e muito menos consenso do Estado. É conquista, construção, exercício cotidiano, papel social. Num país como o nosso, que carece de serviços sociais básicos, tais como saúde, educação, saneamento, habitação, emprego etc, o exercício de cidadania consiste fundamentalmente em transformar o direito formal e todos esses serviços, garantidos na Constituição, em realidades concretas efetivas na vida do povo (1996 p 42).

O papel do cidadão não é apenas usufruir os benefícios, e sim buscar saber suas responsabilidades, e seus deveres enquanto participante; e a educação para a cidadania é uma possibilidade de construção de forma coletiva, crítica, colaborando no desenvolvimento das ações de conscientização para uma sociedade organizada.

Os sujeitos da pesquisa tiveram dificuldades no entendimento do que é ser cidadão bem como também, eles não têm consciência da prática que, retornando aos bancos escolares, estão sendo cidadãos.

O desafio se renova a cada momento de nossa história nos mostrando que educar não é apenas repassar conhecimentos, principalmente quando se trata de Educação de Jovens e Adultos.

Ser cidadão não é tão somente cumprir seus deveres e usufruir seus direitos e deveres é desenvolver sentimentos humanos baseados em valores que contribuem na construção de um mundo mais justo, sendo respeitado nosso pensar e agir individual e coletivo.

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4.3 Perspectiva na comunidade escolar em relação à criação de um curso técnico profissionalizante

A perspectiva como categoria demonstra como é importante para os participantes da pesquisa serem motivados e estimulados para que possam transformar sua realidade.

A perspectiva, na visão dos alunos é de uma “colocação melhor’, para quem não teve a sua oportunidade de concluir seus estudos na idade adequada. Comentários dos alunos e analisados por aqueles que tem emprego, “um mundo cultural melhor tendo em vista que hoje tem muita tecnologia e quem não está preparado, atualizado, encontrará dificuldades para se manter no mercado de trabalho”. Muitos participantes da pesquisa estão desempregados, ou recentemente perderam seu emprego e buscam na escola uma formação com qualidade para poder se posicionar novamente no mercado de trabalho.

Conforme Santos, o curso de qualificação profissional para os sujeitos adultos sempre se coloca na tentativa do aproveitamento das oportunidades, na procura da vida, na fuga da morte, ainda mais adiante das exigências atuais do mundo do trabalho (In 2007, p.161).

Discutir, a partir da experiência e reflexão dos participantes da EJA a possibilidade da criação de um curso técnico profissionalizante é muito positivo, e é um desafio para as escolas da EJA proporcionar essa educação profissionalizante para que os educandos possam readquirir novamente a possibilidade de ingressar no mundo do trabalho.

“P” comenta se realmente for implantado o sistema de cursos técnicos nas Escolas da EJA, vai ser ótimo para todo mundo e “Y” complementa que seria muito interessante, porque quem aqui está cursando o ensino médio teria mais uma qualificação e estaria sendo preparado de uma melhor forma para se inserir no mercado de trabalho.

Azevedo e Silva comentam que muitas alternativas foram, ou estão sendo implementadas, visando combinar políticas de combate ao desemprego com desenvolvimento e a qualificação do mercado de trabalho. Dessa forma, o governo do Estado tem atuado dentro de uma compreensão da heterogeneidade do mercado do trabalho formal, para o informal e para os excluídos históricos do processo produtivo (2002, p.150).

A perspectiva deve remeter os educandos e educadores para a questão que deve ser discutida e analisada de uma forma crítica e com o envolvimento de todos os que se preocupam com a preparação para a inserção desta parcela de interessados que por um certo tempo ficaram excluídos pela sociedade e agora retornam aos bancos escolares na perspectiva de possibilidade de trabalho.

“M” comenta com entusiasmo que acha ótimo a idéia de um curso técnico na escola e que gostaria que não ficasse só no papel e que fosse implantado, pois é mais uma oportunidade de trabalho. “X” comenta que seria muito interessante, visto que a maioria venha buscar novamente os estudos para se qualificar em cursos técnicos.

A participação favorece o desenvolvimento de habilidades que possibilita a mudança de atitudes e podem despertar sentimentos e uma consciência mais crítica e uma reflexão em relação às atividades dos que buscam uma oportunidade com trabalho e a transformação do mundo e da sua própria qualidade de vida.

Segundo Oliveira, a igualdade de oportunidades não significa identidade nos caminhos trilhados nem de escolha política, profissional ou pessoal (nem de pertença cultural). A igualdade pretendida é a de possibilidade, de se escolher um caminho de vida própria, de poder ser respeitado nessas escolhas e de poder se viver de modo digno e satisfatório em qualquer alternativa, de acordo com as próprias aptidões, desejos e valores (2002, p 52).

A Educação profissionalizante e a valorização do trabalho é um degrau para que as pessoas possam estar bem consigo mesmo e com suas famílias. Pochmann complementa que o aumento dos índices de escolarização não aponta necessariamente a existência de requisitos adicionais no conteúdo dos postos de trabalho por parte das empresas. Com o maior desemprego, os empresários terminam por privilegiar a contratação sobretudo, dos

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trabalhadores mais escolarizados, independentemente de haver mudanças no conteúdo dos posto de trabalho ( P 63).

A pesquisa enfatiza a importância de que todas as escolas da EJA possam oferecer um ensino profissionalizante, mas há alguns obstáculos, possíveis de serem removidos, que ainda dificultam para que esta realidade se torne possível.

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4.4 Percepção do envolvimento dos alunos da UEJAT em relação ao mundo do trabalho Nesta categoria enfatizarei o trabalho, que assume um enfoque para o mundo.

Conforme Willis define que a força do trabalho é a capacidade humana para trabalhar sobre a natureza com o uso do instrumento para produzir coisas para a satisfação e necessidades e para a produção de vida, o trabalho assume formas e significados específicos em diferentes tipos de sociedade (1991, p 12).

“W” comenta que em um país em que a carência de mão-de-obra especializada não existe, é uma necessidade desse país, mas tínhamos de criar muitas e muitas escolas técnicas. A importância de retornar à escola faz que o jovem adulto trabalhador tenha uma visão crítica de como aprender e compreender modifica, não só no trabalho, mas também na vida profissional.

“Y” comenta que a importância de propiciar acesso à informatização venha com que esse aluno venha agregar conhecimento e convivência social. Entendo que isso venha facilitar a inserção dele dentro do mercado de trabalho.

Segundo o documento base (2007, p 46) a vinculação entre educação e trabalho torna-se, assim, uma referência primordial no que diz respeito à educação profissional, a LDB esclarece que:

A educação profissional integrada ás diferentes formas de educação, ao trabalho, á ciência e a tecnologia , conduz ao permanente desenvolvimento desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva (Brasil, 1996, Art. 39.)

Acredito que dessa forma os alunos começam a perceber o trabalho, não como algo mecânico, mas como instrumento de mudança de atitudes, compreender e se compreender e que a escola tem um papel preponderante nessa transformação. O trabalho precisa ser visto como forma de ganhar a vida, porém em uma posição mais crítica, o trabalho com enfoque de transformação do mundo.

“X” comenta que a escola procura formar profissionais e prepará-los para a realidade da sociedade.Visto que o aluno vem com defasagem. Mas que são motivados para buscar a profissionalização.

Franco comenta que a escola, em verdade, desempenha um importante papel no sentido de formar (aprimorar) a força de trabalho, retificar as desigualdades sociais, inculcar a ideologia dominante, ou seja, no sentido de difundir crenças, idéias, valores etc, compatíveis com a ordem social estabelecida (1991, p. 55).

É necessário determinar objetivos educacionais compatíveis às necessidades relacionadas tanto com a preparação do homem para o trabalho, quanto com o estabelecimento de uma cidadania digna para todos.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos nos erguer de nossa ignorância, podemos nos considerar criaturas exímias, inteligentes, hábeis.Podemos ser livres! Podemos aprender a voar! (Bach,R. 2007, p24)

O conhecimento é importante para toda e qualquer atividade envolvida na construção de uma pesquisa. É necessário estar bem informado e conhecer todos os momentos de ações na construção de um projeto, como diz Edgar Morin (2007, Pág. 36).

A educação para a cidadania é uma possibilidade de construção de forma coletiva de uma sociedade capaz, informada, crítica, e responsável pelo mundo em que vivemos.

Como aponta o Documento Base da Educação Profissional Técnica de Nível Médio, a educação profissional tecnológica é comprometida com a formação de um sujeito, com autonomia intelectual, ética, política – e não para adaptar o trabalhador e prepará-lo de forma passiva e subordinada ao processo de acumulação da economia capitalista. É também voltada para a perspectiva da vivência de um processo crítico, emancipador e fertilizador de outro mundo possível.

Acredito que a escola e o professor devem estar sempre voltados para a construção de um ser humano crítico e consciente de seu papel na sociedade.

A partir do problema inicial que norteou esta pesquisa busquei avaliar se houve uma mudança de perspectivas na comunidade escolar de Educação de Jovens e Adultos Tiradentes no período compreendido entre outubro de 2008 a junho de 2009. Por meio desta investigação busquei interpretações das concepções dos sujeitos envolvidos na Educação de Jovens e Adultos e encontrei respostas significativas em relação ao ensino aprendizagem que fizeram eu refletir sobre minha metodologia aplicada em sala de aula. O conhecimento transforma, liberta para uma compreensão significativa em relação ao outro.

A perspectiva de um curso profissionalizante deve remeter e sensibilizar as autoridades competentes para que abram caminhos para que todas as escolas de EJA adotem cursos profissionalizantes. Pois minha pesquisa retrata o anseio desta parcela de cidadãos que vêem a oportunidade de se inserir no mercado de trabalho com uma qualificação.

Há alguns obstáculos a serem removidos, inclusive legais, que impedem a implantação de um curso técnico profissionalizante integrado ao PROEJA, mas que poderão ser objeto de estudo mais aprofundado para um mestrado futuro em relação à educação de jovens e adultos.

[...] e embora tentasse assumir uma aparência apropriadamente severa para impressionar os estudantes, Francisco Gaivota viu-os subitamente todos eles, como eles realmente eram, por um momento e, mais do que gostou, amou de paixão o que viu “Nenhum limite, Fernão?”, pensou sorriu.Sua corrida para aprender havia começado.(BACH, R. 2007,p.77 e 78).

Antes de encerrar as considerações finais, sinto que necessito revelar os fatores que me fizeram sentir limitada como uma pequena gaivota e para quem a aventura estava apenas começando. Encontrei grandes dificuldades como o tempo, os custos financeiros, a escolha inicial dos participantes e principalmente meu estado emocional que me levaram a tantas dúvidas, incertezas e a crer que não tinha capacidade para tanto, mas agora compreendo que o conhecimento adquirido me tornou uma grande gaivota com a utopia para voar para além dos meus limites.

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6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL - Lições da Prática: Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura. Edições Unesco-2008. BACH,R a história de Fernão Capelo Gaivota.Tradução de Ruy Jungmann. Rio de Janeiro, São Paulo. Record, 2007.

BUFFA,E; Arroyo M e Nosella P, Educação e Cidadania – Quem educa o cidadão? Coleção polemicas do nosso tempo 23.São Paulo, 1987 ed. Cortez.

CONTRI, C.B –Potencialidades da Técnica Qualitativa Grupo Focal em Investigação sobre abusos de Substâncias; http// www.sielo.br/ scielo.php? script= sci-arttex&pid=s003489101996000300013&lang=pt.

FREIRE,P Pedagogia da Automia saberes necessários á prática educativas.São Paulo: Paz e Terra, 2002.

Pedagogia do Oprimido, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2005.

GADOTTI, M e José E. Romão.Educaçãode Jovens e Adultos-Teoria, prática e proposta editora Cortez 9ª edição, 2007.

GENRO.T, O Futuro por Armar-Democracia e Socialismo na era globalitária-Editora Vozes. 1999.

GOMERCIANO, G, e Henz I.C. Memórias, organizadores , Diálogos e Sonhos de Educador:Homenagem a Balduino Antonio Andreola -Santa Maria, 2005.448p.

GUSTSACK, F. e Viegas F. M e Barcelos V. –Educação de Jovens e Adultos-Saberes e Afazeres / Organizadores, -Santa Cruz do Sul EDUNISC, 2007.

In SANTOS, V.S –Dialogos PROEJA, Zorzi F, Pereira V.(Org)-Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia-Campus Bento Gonçalves.Editora Evangraf.2009. 152 p.

LIBANIO, J B, Ideologia e Cidadania.Editora Moderna; 1995

MARTINEZ, P. Direitos de Cidadania; um lugar ao sol; Editora Scipione, 1996 MORIN, E Os Sete saberes necessários á Educação do Futuro.São Paulo.Cortez.

MELLO,M (Org), Paulo Freire e a Educação popular - reafirmando o compromisso com a emancipação das classes populares - Porto Alegre IPPOA ATEMPA, 2008.

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MORIN E -e os Sete Saberes Necessários á Educação do Futuro.São Paulo –Cortez. 2007.São Paulo.

Referências

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