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Reflexão sobre os impactos do petróleo e da indústria petrolífera na sociedade

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO

REFLEXÃO SOBRE OS IMPACTOS DO PETRÓLEO E DA INDÚSTRIA PETROLÍFERA NA SOCIEDADE

MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO

FERNANDA TARDIN MORENO MARTINS

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO

FERNANDA TARDIN MORENO MARTINS

REFLEXÃO SOBRE OS IMPACTOS DO PETRÓLEO E DA INDÚSTRIA PETROLÍFERA NA SOCIEDADE

Monografia apresentada ao Curso de Engenharia de Petróleo da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do título de Engenheira de Petróleo.

Orientador: Geraldo de Souza Ferreira

Niterói 2011

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iii AGRADECIMENTOS

Agradeço, acima de tudo, a Deus, pelas boas oportunidades que pôs em meu caminho, por ter me dado força nos momentos difíceis ao longo desses cinco anos de faculdade, sabedoria para tirar as lições necessárias das situações adversas, coragem para não desistir sem tentar novamente e equilíbrio interior para chegar ao fim dessa etapa. Sem a fé que tenho Nele e sem a certeza de Sua presença em minha vida, eu jamais teria conseguido.

Agradeço à família maravilhosa que eu tenho. Em especial, a pessoa mais importante na realização desse sonho: minha avó Leuza. Agradeço não somente aos esforços e sacrifícios para me dar um bom estudo e uma vida digna, mas principalmente pelo exemplo de caráter e conduta que sempre foi pra mim. Agradeço por seu amor incondicional, por ter acreditado no meu sonho e investido nele. Agradeço à minha mãe Aline, que tanto encarnada quanto desencarnada, foi a pessoa que mais me deu forças para lutar, mais entendeu as minhas dúvidas, mais me apoiou, mais se orgulhou de mim e mais esteve ao meu lado. Não tenho a menor dúvida de que ela está tão presente agora no final quanto podia estar no início dessa caminhada. Ao meu irmão, Felipe, por ser tão querido e pelo exemplo que sempre foi pra mim, agradecendo novamente a Deus por ter me dado a honra de ser irmã de uma pessoa tão especial e, ao contrário do que muitos acreditam, é um privilégio conviver com um portador da Síndrome de Down. Ao meu avô Advar, que de onde ele está agora, tenho certeza que olha por mim muito orgulhoso. À minha tia Simone, por sempre ter sido muito mais mãe do que qualquer outra coisa. Sem sua amizade, seu amor, seu incentivo e sua força, essa caminhada teria sido ainda mais difícil. Ao meu tio Luís por todo o apoio e por ter contribuído tanto para que esse sonho se tornasse realidade. Aos meus tios Cristina e Rogério pelo carinho e incentivo de sempre. Aos meus primos André, Matheus, Pedro Henrique e Layra, por serem tão amigos e companheiros. Aos tantos amigos que deixei em Friburgo e que sempre acreditaram em mim. Aos novos amigos que fiz durante esses cinco anos, agradeço por terem sido minha família quando a minha não podia estar presente. Agradeço também ao meu namorado, Jeferson, por ser tão importante pra mim e por todo o apoio que me deu nessa reta final. Eu amo muito todos vocês e sem vocês ao meu lado, nada teria valido a pena.

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iv

Agradeço a Shell pela primeira oportunidade profissional e por todo aprendizado que tem me proporcionado. Em especial, a todos os profissionais do setor C&P pelo carinho, paciência e todos os ensinamentos durante esse 1 ano de estágio.

Ao Geraldo, agradeço não só por me orientar na realização desse estudo, mas por toda orientação ao longo da faculdade como coordenador, professor e amigo. Agradeço cada minuto de atenção, cada ensinamento e cada palavra amiga e por ter cumprido tão bem o papel de um educador: contribuir não só para formação profissional como para a formação pessoal de um aluno.

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v

"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim."

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vi RESUMO

O petróleo, sua indústria e todos os acontecimentos em torno dele são temas muito presentes na vida cotidiana da sociedade moderna. Porém, essa substância e o uso que fazemos dela não é uma peculiaridade do século atual. O líquido negro que exsudava naturalmente da terra em algumas regiões do mundo já era utilizado por várias civilizações antigas, tendo as mais variadas utilidades.

Descobriu-se, então, que esse óleo, quando destilado, gerava um produto que substituía satisfatoriamente o óleo de baleia largamente utilizado para iluminação no século XIX. A partir daí, iniciou-se uma corrida desenfreada pela busca do hidrocarboneto e surge aí a imponente indústria petrolífera. Tal indústria fortificou-se ainda mais com a expansão de outra indústria: a automobilística. Nesse momento, o petróleo firma sua soberania que se perpetuou até os dias atuais.

Necessitamos do petróleo e seus derivados para nos locomovermos de casa ao trabalho e para realizarmos confortavelmente as viagens em família nos finais de semana. O petróleo está presente nas sacolas plástica onde carregamos nossas compras, no pneu de nossas bicicletas e automóveis, na tinta que pintamos nossa casa, no material plástico que reveste nossos eletrodomésticos e em outras coisas que nem podemos imaginar. Seria realmente difícil cogitar viver, nos dias atuais, sem o petróleo. O uso de seus derivados não é uma questão de conforto, mas sim de necessidade.

Sendo assim, é intuitivo imaginar que uma substância e uma indústria tão presentes no nosso dia-a-dia impactem nosso modo de vida e a sociedade em geral, tanto diretamente quanto indiretamente. Tais impactos, entretanto, podem ser de caráter positivo, ou não.

De fato, o uso do petróleo torna nossa vida mais prática e confortável. Por outro lado, os gases provenientes de sua queima como combustível são altamente agressivos ao meio ambiente e contribuem para o efeito estufa, entre outros problemas ambientais.

A indústria de petróleo, sendo a mais lucrativa do mundo, gera milhares de empregos e contribui constantemente para o desenvolvimento de novas ciências e tecnologias. Porém, essa indústria é uma das mais poluidoras do mundo.

Visando compensar tais danos ambientais e indenizar as gerações futuras que não terão acesso a essa substância exaurível, as empresas pagam royalties e outros benefícios ao

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vii

governo. Com esses recursos aumentando a receita de municípios e estados, o governo pode investir cada vez mais em melhorias que proporcionem o bem estar social e o desenvolvimento regional.

Além dos royalties e dos demais impactos indiretos da indústria petrolífera na sociedade, observa-se nesse meio uma constante preocupação no que diz respeito e responsabilidade social. As empresas tem se empenhado a agir mais diretamente nas sociedades que tem acesso, se propondo a amenizar os principais problemas através de projetos, iniciativas e ações sociais.

O presente trabalho se propõe a refletir sobre as possíveis transformações sociais que petróleo e sua indústria têm potencial para realizar e, em especial, como essas transformações estão ocorrendo no Brasil.

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viii ABSTRACT

The petroleum, its industry and all events around it are frequently themes in everyday life of modern society. However, this substance and its use is not a peculiarity of the present century. The black liquid that exuded from the earth naturally in some regions of the world was already used by many ancient civilizations, with the most varied uses.

It was discovered that this oil, when distilled, results in a product that replaced whale oil used for lighting in the nineteenth century. From there began a scramble by the search for hydrocarbons and emerges the imposing oil industry. This industry was strengthened with the expansion of the automobile industry. So, the oil sovereignty has been perpetuated to this day. We need the oil and its derivatives to go from home to work and to do comfortably family trips on the weekends. The oil is present in plastic bags which carry our purchases, in our bicycles and cars´ tires, house´ paintings, in the plastic that covers our home appliances and other things that we cannot even imagine. It would be really hard to think to live in nowadays without the oil. The use of derivatives is not a question of comfort, but of necessity. Therefore, it is intuitive to imagine that a substance and an industry so present in our day-to-day can be impacting our way of life and society in general, directly or indirectly. Such impacts, however, can be positives or not.

In fact, the use of oil makes our life more comfortable and practical. On the other hand, the gases from burning fuel are highly harmful to the environment and contributes to the greenhouse effect, among other environmental problems.

The oil industry generates thousands of jobs and constantly contributes to the development of new sciences and technologies. However, this industry is one of the world's most polluting.

To compensate such environmental damage and compensate future generations that won't have access to this exhaustible substance, companies pay royalties and other benefits to the government. With these resources the government can invest more in improvements that provide social welfare and regional development.

In addition to royalties and other indirect impacts of the oil industry in society, there is a constant concern with respect and social responsibility. The oil companies has been engaged

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ix to act more directly in the societies that have access, proposing to alleviate the major problems through projects, initiatives and social action.

This study aims to reflect on the possible social changes that oil industry have the potential to perform and, in particular, how these changes are occurring in Brazil.

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x LISTA DE ABREVIAÇÕES

E&P Exploração e Produção de petróleo TCE Tribunal de Contas do Estado

ANP Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis EUA Estados Unidos da América

OPEP Organização dos Países Produtores e Exportadores de Petróleo IEA International Energy Agency

BRIC Brasil, Rússia, Índia e China

IFDM Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal FIRJAN Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro

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xi LISTA DE SIGLAS

Vp Volume da produção de petróleo do campo no mês de apuração, em m³;

Pp É o preço de referência do petróleo produzido no campo no mês de apuração, em R$/m³;

Vgn Volume da produção de gás natural do campo no mês de apuração, em m;

Pgn Preço de referência do gás natural produzido no campo no mês de apuração, em R$/m³.

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xii LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 O Petróleo ... 6

Figura 2.2 Hidrocarboneto parafínico normal... 6

Figura 2.3 Hidrocarboneto parafínico ramificado... 6

Figura 2.4 Hidrocarboneto parafínico cíclico... 6

Figura 2.5 Olefina... 6

Figura 2.6 Aromático... 6

Figura 2.7 Rochas necessárias para a formação de petróleo ... 8

Figura 2.8 Rocha-reservatório contando óleo ... 9

Figura 3.1 Primeiro poço de petróleo, perfurado pelo Coronel Drake, na Pensilvânia... 12

Figura 3.2 Processo Rotativo de perfuração de poços de petróleo... 13

Figura 3.3 Broca utilizada nos dias atuais para perfuração de poços de petróleo... 13

Figura 3.4 Distribuição geográfica das reservas provadas de petróleo... 23

Figura 3.5 Camada de pré-sal... 31

Figura 4.1 Reprodução da capa do livro “O Poço do Visconde"... 37

Figura 4.2 Oscar Cordeiro diante do poço de Lobato, na Bahia, nos anos 30... 38

Figura 4.3 Manifestação em prol do monopólio do petróleo no Brasil ... 39

Figura 4.4 Getúlio Vargas assina a Lei No. 2004, que cria a Petrobras... 40

Figura 4.5 Plataforma elevatória P-1, primeira plataforma móvel de perfuração da Petrobras... 41

Figura 4.6 Repercussão da Lei do Petróleo na imprensa... 44

Figura 4.7 Localização dos blocos de pré-sal... 45

Figura 6.1 Projeto social Oficinas do amba... 79

Figura 6.2 Projeto Social de iniciativa da Petrobras que capacita jovens e adultos através do carnaval... 79

Figura 6.3 Site Radiotube (www.radiotube.org.br)... 80

Figura 6.4 Jovens participando do Projeto adiotube... 81

Figura 6.5 Artesã trabalhando no projeto “Nós da Trama"... 82

(15)

xiii

Figura 6.7 Selo IBASE/ Betinho... 84

Figura 6.8 Biblioteca Móvel Itapemirim/Shell... 86

Figura 6.9 Interior da biblioteca móvel... 87

Figura 6.10 Espaço externo da biblioteca móvel, para atendimento do público... 87

Figura 6.11 Criança usufruindo do projeto Biblioteca Móvel Itapemirim/Shell... 88

Figura 6.12 Troféu do Prêmio Shell de Música... 90

Figura 6.13 Prêmio Shell de Teatro... 91

Figura 6.14 Programa Saber Dividir ... 91

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xiv LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 3.1 Evolução da demanda de energia e da taxa de crescimento econômico... 18

Gráfico 3.2 Matriz Energética Brasileira... 19

Gráfico 3.3 Consumo final por fonte ... 20

Gráfico 3.4 Distribuição das reservas provadas de petróleo nos anos de 1987, 1997 e 2007 ... 23

Gráfico 3.5 Evolução da estrutura de oferta de energia... 25

Gráfico 3.6 Derivados do petróleo após o refino... 27

Gráfico 3.7 Consumo final dos derivados de petróleo no Brasil... 28

Gráfico 3.8 Consumo Setorial dos Derivados de Petróleo... 29

Gráfico 3.9 Fontes de energia elétrica no Brasil... 30

Gráfico 3.10 Maiores jazidas no mundo... 32

Gráfico 4.1 Consumo mundial de petróleo – 2010 ... 45

Gráfico 4.2 Distribuição percentual das reservas provadas de petróleo no Brasil ... 46

Gráfico 4.3 Participação de países selecionados na capacidade total efetiva de refino... 47

Gráfico 4.4 Volume de petróleo refinado e capacidade de refino, segundo refinarias – 2010... 48

Gráfico 4.5 Distribuição percentual da produção de derivados de petróleo não energéticos – 2010... 48

Gráfico 4.6 Distribuição percentual da produção de derivados de petróleo energéticos – 2010... 49

Gráfico 4.7 Matriz energética brasileira 2009... 50

Gráfico 5.1 Crescimento demográfico de Rio das Ostras nos últimos 10 anos... 62

Gráfico 5.2 IFDM: Rio das Ostras 2009 ... 62

Gráfico 5.3 IFDM: Panorama nacional 2009... 63

Gráfico 5.4 IFDM: Máximo, Mínimo e Mediana – Rio das Ostras 2009... 64

Gráfico 5.5 IFDM: Evolução anual... 65

Gráfico 5.6 Saúde: Máximo, Mínimo e Mediana – Rio das Ostras 2009... 66

Gráfico 5.7 Emprego & Renda: Panorama Regional ... 67

(17)

xv

Gráfico 5.9 IFDM: Máximo, Mínimo e Mediana – Campos dos Goytacazes 2009... 69 Gráfico 5.10 IFDM: Evolução anual – Campos dos Goytacazes ... 70

(18)

xvi LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 Consumo Final por Fonte Energética... 21

Tabela 3.2 Produção energética brasileira... 22

Tabela 3.3 Os dez maiores consumidores de petróleo no mundo... 26

Tabela 4.1 Produção de petróleo, por localização (terra e mar), segundo Unidades da Federação... 47

Tabela 4.2 Obrigação de Investimentos em P&D... 51

Tabela 5.1 Distribuição de Royalties (alíquota)... 58

Tabela 5.2 Distribuição de royalties (montante)... 59

Tabela 5.3 Distribuição de Royalties (montante) por Estados – Setembro de 2011... 59

(19)

xvii SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO... 1

CAPÍTULO 2 – CONCEITOS INICIAIS... 5

2.1 – INTRODUÇÃO... 5

2.2 - O PETRÓLEO – DEFINIÇÃO... 5

2.3 - A ORIGEM DO PETRÓLEO... 7

2.4 - PRODUÇÃO E EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO - VISÃO GERAL... 9

CAPÍTULO 3 – “A ERA DO HIDROCARBONETO”... 11

3.1 – INTRODUÇÃO... 11

3.2 - A HISTÓRIA DA INDÚSTRIA PETROLÍFERA: CONSAGRAÇÃO MUNDIAL DO PETRÓLEO E SEUS IMPACTOS NA SOCIEDADE AO LONGO DO TEMPO... 11

3.2.1 - A ORIGEM DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO... 11

3.2.2 - EXPANSÃO DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO... 14

3.3 - MATRIZ ENERGÉTICA... 18

3.4 - UTILIDADES DO PETRÓLEO E SUA IMPORTÂNCIA NA SOCIEDADE... 26

3.5 - FATOR ESTRATÉGICO... 31

3.6 – CONCLUSÃO... 33

CAPÍTULO 4 – O PETRÓLEO NO BRASIL... 35

4.1 – INTRODUÇÃO... 35

4.2 - SURGIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA PETROLÍFERA BRASILEIRA... 35

4.3 – PETROBRAS... 40

4.4 - CONJUNTURA ATUAL... 44

4.5 - O PETRÓLEO MODIFICANDO O BRASIL... 49

4.6 – CONCLUSÃO... 53

CAPÍTULO 5 – OS ROYALTIES DE PETRÓLEO E SEUS REFLEXOS NA SOCIEDADE BRASILEIRA... 54

5.1 – INTRODUÇÃO... 54

(20)

xviii

5.2.1 – DEFINIÇÃO... 54

5.2.2 - DIVISÃO DOS ROYALTIES... 57

5.2.3 - OS MAIORES BENEFICIÁRIOS... 59

5.3 - O REFLEXO DOS ROYALTIES NA SOCIEDADE... 60

5.3.1 - RIO DAS OSTRAS... 61

5.3.2 - CAMPOS DOS GOYTACAZES... 68

5.4 - POLÊMICA EM TORNO DA DIVISÃO DOS ROYALTIES... 71

5.5 – CONCLUSÃO... 74

CAPÍTULO 6 – RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS DE PETRÓLEO... 75

6.1 – INTRODUÇÃO... 75

6.2 - RESPONSABILIDADE SOCIAL... 75

6.3 – PETROBRAS... 77

6.3.1 - A EMPRESA... 77

6.3.2 - PROJETOS, AÇÕES E INICIATIVAS SOCIAIS... 78

6.3.3 - RECONHECIMENTOS, PRÊMIOS E CERTIFICAÇÕES... 83

6.4 – SHELL... 85

6.4.1 - A EMPRESA... 85

6.4.2 - PROJETOS, AÇÕES E INICIATIVAS SOCIAIS... 86

6.4.3 - RECONHECIMENTOS, PRÊMIOS E CERTIFICAÇÕES... 93

6.5 – CONCLUSÃO... 94

CAPÍTULO 7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS... 95

(21)

1 CAPÍTULO 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

Há muitos tipos de óleo boiando: de fígado de bacalhau, de rícino e azeite. Todos eles ajudam os homens a ficar sãos e fortes.

Mas nenhum consegue fazer o que nosso óleo faz:

Se aparece um poço o povo enlouquece com “Obsessão pelo petróleo”.

O vizinho Smith, um pobre rapaz, não podia arrumar um níquel; Suas roupas eram furadas. E na hora certa, sua mão era leve.

Mas agora ele se veste com elegância, ostenta diamantes, luvas de pelica e bengala; E deve seu sucesso à “obsessão pelo petróleo”.1

O trecho acima faz parte de uma das músicas ao som das quais os americanos dançavam na época em que houve o boom do petróleo nos Estados Unidos. Assim que se descobriu que o óleo negro que exsudava naturalmente em algumas regiões do planeta poderia substituir satisfatoriamente o óleo de baleia usado para iluminação, houve uma busca febril pelo petróleo. A música retrata o entusiasmo da população com a substância tão promissora, mostrando que, naquela época, o petróleo não representava apenas uma fonte de iluminação, mas também parte da cultura popular. Desde essa época até os dias atuais, o petróleo deixa suas marcas nas comunidades que ele consegue alcançar. O presente trabalho se propõe a fazer uma reflexão sobre os impactos do petróleo e de sua indústria na sociedade, ao longo do tempo.

Inicialmente, o que o petróleo tinha a oferecer ao mundo era o querosene, conhecido como “a nova luz” e obtido a partir da destilação do óleo. A gasolina era apenas um subproduto sem utilidade, sendo descartada na maioria das vezes. Paralelamente à invenção da lâmpada incandescente, o que poderia ter sido o fim da indústria do petróleo, a máquina a combustão interna provida de energia pela gasolina ganhava espaço no meio industrial. O carvão deixa de ser a principal fonte de energia e a indústria do petróleo ganha um novo mercado.2

O petróleo, desde então, constrói a paisagem contemporânea e molda o modo de vida moderno. A sociedade atual torna-se cada vez mais ligada a essa substância, não só pela

1YERGIN, D. O Petróleo – Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro. São Paulo: Editora Paz e

Terra, 2010. 1080p., p. 33.

2

(22)

2 dependência de transportes movidos a combustíveis fósseis, mas também pela crescente necessidade dos seus derivados e dos diversos produtos que têm o petróleo como matéria prima. Segundo Daniel Yergin:

“(...) a nossa sociedade se tornou uma “Sociedade do Hidrocarboneto”, e nós, na linguagem dos antropólogos, “o Homem do hidrocarboneto. (...) No século XXI, somos tão dependentes desse mineral e ele está tão embutido nas nossas atividades diárias que dificilmente paramos para nos dar conta de seu penetrante significado. É ele que torna possível nosso local de moradia, nosso modo de vida, o meio de transporte que adotamos nos deslocamentos diários de casa para o trabalho, a maneira como viajamos (...). Ele é o sangue vital das comunidades suburbanas. É (junto com o gás natural) o componente fundamental da fertilização, da qual depende a agricultura; possibilita o transporte de alimentos para as megacidades do mundo, totalmente não autossuficientes. Também fornece os plásticos e elementos químicos, que são os tijolos e a argamassa da civilização contemporânea, uma civilização que desmoronaria caso os poços de petróleo secassem subitamente.” 3

Yergin também afirma que o petróleo é um gerador maciço de riquezas, tanto para os indivíduos quanto para as companhias e para as nações como um todo: “Petróleo é quase dinheiro” 4

.

Diante da crescente necessidade por essa substância, a indústria de petróleo vem expandindo-se de forma rápida, ganhando, a cada dia, mais importância e influência nas sociedades em que estão instaladas e nos seus arredores. Essas indústrias acabam interagindo com as sociedades em que atuam e, inevitavelmente, as transformam de alguma maneira. É possível observar tanto transformações positivas quanto negativas, transformações essas que serão discutidas no desenvolvimento desse estudo.

O principal objetivo desse trabalho é analisar a interação entre a indústria de petróleo e a sociedade. A idéia é explorar as consequências econômicas, políticas, ambientais, estratégicas e, principalmente, sociais oriundas das atividades de Exploração e Produção de petróleo (E&P) e, a partir disso, refletir como essas consequências impactam as sociedades no qual essas indústrias estão inseridas. Será analisado como a dependência mundial do petróleo, a indústria petrolífera e outros fatores ligados ao tema, como os royalties, vêm causando mudanças no cenário mundial ao longo dos anos, bem como o potencial desse setor para gerar

3 YERGIN, D. O Petróleo – Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro. São Paulo: Editora Paz e

Terra, 2010. 1080p., p. 14 – 15.

4

(23)

3 mudanças muito maiores. Inicialmente, será feita uma abordagem mundial, porém o enfoque serão as comunidades brasileiras, em especial, municípios do estado do Rio de Janeiro.

A escolha do tema: “Reflexão sobre os Impactos do Petróleo e da Indústria Petrolífera na Sociedade.” foi baseada na minha real afinidade e interesse pelo assunto, bem como o fato de acreditar na importância da realização desse estudo. Nós, como integrantes de uma sociedade que gira em torno do petróleo e de sua indústria, devemos nos preocupar com a atuação deles no ambiente em que vivemos e refletir sobre as suas contribuições à nossa geração e às gerações futuras. O estudo é relevante porque atenta o leitor para a questão, de maneira que ele esteja apto a avaliar se as atividades de E&P estão contribuindo ou não para o desenvolvimento das regiões em que vivemos, se os royalties estão sendo bem aplicados e proporcionando melhores condições de vida principalmente às classes menos favorecidas, se a indústria está gerando empregos e capacitando a população local e se as medidas sociais por parte dessas indústria são, de fato, relevantes para a nossa sociedade.

Para cumprir o objetivo proposto, o presente trabalho está estruturado da seguinte maneira:

Capítulo 1 – Apresentação do Trabalho

Capítulo 2 – Conceitos Iniciais: o próximo capítulo tem o objetivo de inserir o leitor no ambiente da indústria de petróleo, de maneira que ele se faça entender o contexto do trabalho. Será explicado o que é o petróleo e abordado de forma sintética a sua origem e as principais etapas de sua cadeia produtiva.

Capítulo 3 – “A Era do Hidrocarboneto”: Será feita uma breve abordagem do surgimento e desenvolvimento da indústria petrolífera no mundo. Tal abordagem é necessária para mostrar que, desde sua descoberta, essa substância tem tido papel fundamental nas sociedades ao longo do tempo. Posteriormente, será abordada a supremacia do petróleo na matriz energética mundial, confirmando a sua importância em nossas vidas. Serão também abordadas as utilidades não energéticas de seus derivados, mostrando que a importância do petróleo está longe de ser apenas como fonte de energia. Por último, será discutida a importância estratégica que o petróleo adquiriu ao longo da história, tornando-se sinônimo de poder, dinheiro e motivo de guerra.

Capítulo 4 – O Petróleo no Brasil: A partir desse capítulo, o enfoque do trabalho passa a ser nacional. Serão descritos, brevemente, o surgimento e

(24)

4 desenvolvimento da indústria de petróleo no Brasil e como essa indústria tem atuado junto à sociedade brasileira desde que aqui foi descoberto petróleo.

Capítulo 5 – Royalties de Petróleo e a Sociedade Brasileira: Será apresentado o conceito de Royalties de petróleo e mostrado como é feita a atual distribuição desse montante entre municípios e estados brasileiros, destacando os principais recebedores de Royalties do Brasil. Será avaliada a aplicação desse dinheiro em benefício da sociedade, bem como sua má utilização por alguns governantes. No final do capítulo, será discutida a polêmica em torno distribuição desses benefícios, bem como as questões sociais por trás dessa discussão.

Capítulo 6 – Responsabilidade Social das Empresas de Petróleo: Seguindo a linha dos demais, esse capítulo pretende mostrar como o petróleo e sua indústria transformam as sociedades. Serão mostradas as principais iniciativas sociais apoiadas e criadas por duas importantes empresas de petróleo - a Petrobras e a Shell - de maneira a mostrar como empresas do ramo petrolífero têm se empenhado para solucionar problemas das comunidades em que atuam, transformando, assim, a vida de alguns brasileiros.

Para o desenvolvimento dos capítulos descritos acima, a metodologia utilizada foi uma pesquisa bibliográfica. Foram consultados livros, outras monografias de graduação, dissertações de mestrado, artigos publicados, estudos sociais realizados por algumas instituições, informações presentes em sites de internet, jornais, sites das empresas citadas ao longo do trabalho, sites de órgãos do governo como Tribunal de Contas do Estado (TCE), Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Ministério da Fazenda entre outros.

(25)

5

CAPÍTULO 2 – CONCEITOS INICIAIS

2.1

Introdução

O presente capítulo vem apresentar alguns conceitos relacionados ao tema petróleo, de maneira a contextualizar o leitor que não esteja familiarizado com alguns termos e definições. Sendo assim, torna-se possível o melhor entendimento dos demais capítulos.

2.2

O Petróleo – Definição

O petróleo, no estado líquido, é uma substância oleosa, inflamável, menos densa que a água, com cheiro característico e de cor variando entre o negro e o castanho escuro. Algumas dessas características podem ser observadas na figura 2.1.5

É considerada uma fonte de energia não renovável, de origem fóssil.

Trata-se de uma mistura complexa de hidrocarbonetos (compostos químicos orgânicos, cujas moléculas são formadas por átomos de carbono (C) e hidrogênio (H)), composta na sua maioria de hidrocarbonetos parafínicos normais, parafínicos ramificados, parafínicos cíclicos, olefinas e aromáticos, podendo conter também quantidades pequenas de nitrogênio, oxigênio, compostos de enxofre e íons metálicos. As frações mais leves de hidrocarbonetos formam os gases e as frações pesadas o óleo cru. As figuras 2.2, 2.3, 2.4, 2.5 e 2.6 apresentam um exemplo de cada um dos hidrocarbonetos citados acima. 6

A distribuição destes percentuais de hidrocarbonetos é que define os diversos tipos de petróleo existentes no mundo. Sendo assim, podemos encontrar petróleos leves, médios e pesados. Quanto mais leve for o óleo bruto, maior o seu valor comercial.7

5 THOMAS, J. E. Fundamentos de Engenharia de Petróleo. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2001. 271

p., p. 4.

6 Ibid., p. 6-10. 7

(26)

6

Figura 2.1 - O Petróleo 8

Figura 2.2 – Hidrocarboneto parafínico normal 9

Figura 2.3 – Hidrocarboneto parafínico ramificado10 Figura 2.4 – Hidrocarboneto parafínico cíclico11

Figura 2.5 – Olefina 12 Figura 2.6 - Aromático

13

8 Fonte: <http://ingenieria-de-yacimientos.blogspot.com/2008_10_01_archive.html>. Acesso em: 13.out.2011. 9

Fonte: <http://www.feiradeciencias.com.br/sala21/21_02e.asp>. Acesso em: 13.out.2011.

10 Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Alcano>. Acesso em: 13.out.2011.

11 Fonte: <http://amigonerd.net/trabalho/14560-propriedades-dos-hidrocarbonetos>. Acesso em: 13.out.2011. 12Fonte: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Buteno>. Acesso em: 13.out.2011.

13

(27)

7

2.3

A Origem do Petróleo

O petróleo, segundo a teoria orgânica, é formado a partir da decomposição de organismos fósseis que se depositaram junto com camadas de sedimentos. Submetidos, por milhões de anos, ao calor, pressão e ausência de oxigenação, essa matéria orgânica depositada transformou-se, gerando acumulações de hidrocarbonetos (petróleo e gás natural). 14

Além das condições citadas acima, para que o petróleo seja gerado e para que ele acumule é preciso que existam, no ambiente, rochas geradoras, rochas reservatórios e rochas selantes, conforme indicado na figura 2.7.15

Rochas geradoras são aquelas que contêm matéria orgânica em quantidade e qualidade adequadas, submetida à temperatura e pressão necessárias para a formação do petróleo. A matéria orgânica em questão é basicamente originada de micro-organismos e algas que formam o plâncton e não pode sofrer processos de oxidação. Para atender a necessidade de condições não oxidantes, a rocha geradora deve possuir baixa permeabilidade, não permitindo a circulação de água em seu interior. A interação desses fatores - matéria orgânica, sedimentos e condições térmicas adequadas - é fundamental para o início da cadeia de processos que leva à formação do petróleo.16

O petróleo, após ser gerado, é migrado para uma rocha chamada de reservatório, ilustrada na figura 2.8, onde será acumulado. A condição necessária para que uma rocha constitua um reservatório é apresentar espaços vazios no seu interior (poros) e que estes poros estejam interconectados, ou seja, ela deve ser permeável. Desse modo, podem constituir rochas reservatório as rochas sedimentares que sejam porosas e permeáveis. As rochas sedimentares são formadas por sedimentos, que são detritos de rochas resultantes da erosão da crosta terrestre pela ação da natureza.17

Para que o óleo permaneça na rocha reservatório para a qual migrou, de maneira a formar uma acumulação de petróleo, deve existir uma espécie de barreira que impeça o petróleo de continuar escoando. Somente rochas dotadas de baixa permeabilidade podem impedir tal escoamento. Rochas com essas características são chamadas de rochas selantes.

14

THOMAS, J. E. Fundamentos de Engenharia de Petróleo. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2001. 271 p., p 15-21.

15 Ibid., p.15-21. 16 Ibid., p.15-21. 17

(28)

8 A rocha selante também deve ser dotada de plasticidade, característica que a capacita a manter sua condição selante mesmo depois de submetida a esforços de deformações. 18

Figura 2.7 - Rochas necessárias para a formação de petróleo 19

A ausência de qualquer uma das três rochas apresentadas impossibilita a existência de uma acumulação petrolífera. Porém, a presença de todas elas em uma bacia sedimentar não garante a presença de jazidas de Petróleo. Necessariamente, toda jazida petrolífera é uma rocha sedimentar, mas o contrário nem sempre é válido. Por esse motivo, a busca por novas reservas é uma tarefa difícil, cara e exige muita paciência.20

2.4

Produção e Exploração de Petróleo: Visão Geral

A indústria de petróleo pode ser dividida em dois grandes setores: downstream e upstream. O primeiro corresponde às atividades de refino do petróleo bruto, tratamento de gás natural, transporte, comercialização e distribuição de derivados. Já a segunda envolve as atividades de E&P.21

18 THOMAS, J. E. Fundamentos de Engenharia de Petróleo. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2001. 271

p., p 15-21.

19

Ibid.

20 Ibid..

21 MARIANO, J.B. Proposta de Metodologia de Avaliação Integrada de Riscos e Impactos Ambientais para

Estudos de Avaliação Ambiental Estratégica do Setor de Petróleo e Gás em Áreas Offshore, tese de

(29)

9

Figura 2.8 – Fotomicrografia de rocha-reservatório contando óleo 22

O segmento upstream da indústria de petróleo e gás natural pode ser dividido em quatro grandes etapas:

• Exploração – Corresponde ao conjunto de operações destinadas a avaliar áreas, objetivando a identificação de jazidas de petróleo ou gás natural. Envolve prospecção geofísica e perfuração de poços exploratórios. 23

• Desenvolvimento – Consiste no conjunto de operações e investimentos destinados a viabilizar as atividades de produção em um campo de petróleo ou gás natural. Ocorre após encontrar-se uma jazida economicamente recuperável durante a etapa de exploração. Envolve a perfuração de um ou mais poços, desde o início até o abandono, se não forem encontrados hidrocarbonetos, ou até a chamada completação24 dos poços, caso sejam encontrados hidrocarbonetos em quantidades economicamente viáveis. 25

22

MARIANO, J.B. Proposta de Metodologia de Avaliação Integrada de Riscos e Impactos Ambientais para

Estudos de Avaliação Ambiental Estratégica do Setor de Petróleo e Gás em Áreas Offshore, tese de

doutorado. Rio de Janeiro: UFRJ. 2007. p. 19.

23

Ibid. p. 92-93.

24A completação é um conjunto de operações cujo objetivo e equipar o poço para que ele possa produzir.

25MARIANO, J.B. Proposta de Metodologia de Avaliação Integrada de Riscos e Impactos Ambientais para

Estudos de Avaliação Ambiental Estratégica do Setor de Petróleo e Gás em Áreas Offshore, tese de

(30)

10 • Produção – Consiste no conjunto de operações de extração de petróleo ou gás natural de uma jazida e de preparo para a sua movimentação. É o processo de extração em si dos hidrocarbonetos.26

• Abandono – Corresponde à série de operações destinadas a restaurar o isolamento entre os diferentes intervalos permeáveis, podendo ser permanente, quando não houver interesse de retorno ao poço, ou temporário, quando por qualquer razão houver interesse de retorno ao poço. Envolve o fechamento dos poços e ocorre quando os poços já não são mais economicamente viáveis.27

26

MARIANO, J.B. Proposta de Metodologia de Avaliação Integrada de Riscos e Impactos Ambientais para

Estudos de Avaliação Ambiental Estratégica do Setor de Petróleo e Gás em Áreas Offshore, tese de

doutorado. Rio de Janeiro: UFRJ. 2007. p. 92-93.

27

(31)

11

CAPÍTULO 3 – “A ERA DO HIDROCARBONETO”

3.1.

Introdução

O presente capítulo tem por objetivo fazer uma descrição superficial do surgimento e desenvolvimento da indústria de petróleo no mundo, mostrando sua extrema importância para a sociedade moderna. O foco do capítulo, porém, não é relatar detalhadamente todos os acontecimentos históricos em que o petróleo esteve envolvido, mas sim enfatizar a importância que o petróleo foi adquirindo, ao longo do tempo, na economia mundial e no dia-a-dia da população, bem como os impactos de sua indústria e comércio na sociedade, sejam esses impactos sociais, econômicos, ambientais, políticos, ou outros. Primeiramente, será abordada a origem da indústria do petróleo, em meados do século XIX. Após, serão comentados alguns acontecimentos que contribuíram para a expansão da indústria petrolífera e para a consagração do petróleo. Outro tópico mostrará a utilidade energética desta substância e sua supremacia na matriz energética mundial. Serão também abordadas as demais utilidades de seus derivados, mostrando como a sociedade atual é dependente desse hidrocarboneto, não só energeticamente. O último tópico abordará a importância estratégica que o petróleo adquiriu nos últimos anos, tornando-se sinônimo de dinheiro e poder para diversas nações do mundo e, consequentemente, a causa de diversos conflitos e guerras.

3.2. A História da Indústria Petrolífera: Consagração Mundial do Petróleo e seus Impactos na Sociedade ao Longo do Tempo.

3.2.1. A Origem da indústria de petróleo

A moderna indústria do petróleo teve sua origem nos Estados Unidos (EUA), em 1859, com a perfuração do primeiro poço pelo “Coronel” Drake, no estado da Pensilvânia, conforme mostrado na figura 3.1. O poço de apenas 21 metros de profundidade foi perfurado com um sistema de percussão movido a vapor. 28

28THOMAS, J. E. Fundamentos de Engenharia de Petróleo. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2001. 271

(32)

12

Figura 3.1 - Primeiro poço de petróleo, perfurado pelo Coronel Drake, na Pensilvânia.29

Embora o petróleo já fosse conhecido na Antiguidade e na Idade Média (a partir de exsudações naturais e para fins não energéticos, conforme será abordado no decorrer deste capítulo), a moderna indústria de petróleo somente se desenvolveu a partir da descoberta de Drake. 30

Nestes primórdios, utilizava-se um derivado do petróleo, o querosene, obtido a partir de sua destilação em refinarias, em substituição ao querosene oriundo do carvão e do óleo de baleia, que era largamente utilizado para a iluminação. As refinarias também produziam lubrificantes e graxas para o mercado e os demais óleos residuais eram, em geral, queimados na própria refinaria ou indústrias vizinhas. 31

Não havia ainda nenhuma tecnologia relacionada às atividades de produção e exploração. Os únicos campos explorados eram em terra por serem de mais fácil perfuração e a exploração de petróleo era feita a partir da localização visual do petróleo, através de afloramentos naturais. 32

29YERGIN, D. O Petróleo – Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro. São Paulo: Editora Paz e

Terra, 2010. 1080p.

30THOMAS, J. E. Fundamentos de Engenharia de Petróleo. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2001. 271

p., p. 1.

31Ibid., p.1. 32

(33)

13 Não havia, também, boa padronização da qualidade do querosene produzida. A indústria de petróleo apenas começou a se organizar com a criação da companhia Standard Oil, de John Rockfeller. Conforme sugere o termo standard 33, o propósito da companhia era

padronizar o produto final, a querosene, de modo a conquistar o mercado pela qualidade de seu produto.34

Com a invenção de motores a gasolina e a diesel, a utilização dos derivados de petróleo aumentou expressivamente, bem como o lucro na comercialização desses produtos. A partir daí a atividade se expandiu por todo o mundo, mas o pioneirismo e a liderança americana influenciaram fortemente todo o processo produtivo.

Em 1900, iniciou-se a perfuração através do processo rotativo utilizando brocas, conforme a figura 3.2. Esse processo foi se desenvolvendo e progressivamente substituindo o sistema de percussão movido a vapor. Na figura 3.3 observa-se um exemplo de broca utilizada nos dias atuais.35

Figura 3.2 - Processo Rotativo de perfuração de poços de petróleo. 36

Figura 3.3 - Broca utilizada nos dias atuais para perfuração de poços de petróleo.37

33Standard é um termo inglês que, em português, significa “padrão”.

34YERGIN, D. O Petróleo – Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro. São Paulo: Editora Paz e

Terra, 2010. 1080p.

35SOUZA, P.J.B; LIMA, V. L. Avaliação das técnicas de disposição de rejeitos da perfuração terrestre de

poços de petróleo. Salvador, 2002. p. 8

36Fonte: <http://www.geocities.ws/perfuracao/equi.htm>. Acesso: 01.set.2011

37Fonte:<http://portalmaritimo.com/2011/07/31/brocas-de-perfuracao-conheca-alguns-detalhes/>.Acesso:

(34)

14 Seguindo os norte-americanos, outros países como Rússia, Itália, Canadá, Polônia, Japão, Alemanha e outros começaram a desenvolver pesquisas na área de petróleo.

Observa-se que, desde o início, a indústria de petróleo imprime sua importância para o desenvolvimento da economia, da sociedade e do modo de vida dos países de todo o mundo. A indústria de petróleo foi muito relevante para o desenvolvimento econômico dos EUA como um todo, constituindo-se numa indústria criadora e difusora de inovação tecnológica.

3.2.2. Expansão da Indústria de Petróleo

A Primeira Guerra Mundial (1914-1919) consagrou a importância estratégica do petróleo. Cavalos e locomotivas a carvão foram substituídos pelos veículos movidos por motores a gasolina ou a diesel.38

O petróleo transformou-se em material de guerra e foi capaz de modificar toda a estratégia bélica, ao possibilitar maior mobilidade às tropas militares devido ao óleo combustível, maior poder de fogo dos exércitos decorrente do uso de aviões, grande força e dinâmica das marinhas de guerra, além de ter superado a soberania do ferro e carvão alemães.39

A larga utilização de seus derivados no conflito fez com que o abastecimento dessas substâncias se tornasse uma questão de extrema importância para os países envolvidos. Nesse contexto, o governo dos Estados Unidos enxergou uma oportunidade de expansão de seus negócios petrolíferos, e passou a incentivar empresas do país a operarem no exterior. A partir daí, firmou-se a dependência européia pelo petróleo americano.40

Se a I Guerra consagrou o petróleo, a II Guerra Mundial veio confirmar a sua importância.

Ocorreram longos combates, com grandes movimentações e uso intensivo de combustível. O petróleo reafirmou sua importância estratégica, sendo este fator decisivo na maioria dos conflitos que ocorreram durante a II Guerra, pois possuir um abastecimento de petróleo suficiente significava vantagens bélicas sobre o adversário, por isso, o suprimento de petróleo foi questão de interesse para todas as nações envolvidas 41

38

YERGIN, D. O Petróleo – Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2010. 1080p., p. 187- 206.

39Ibid. 40Ibid. 41

(35)

15 Os países pertencentes ao Eixo, em especial a Alemanha e o Japão, sofreram com as limitações de acesso ao petróleo. Durante a batalha, foram em busca de reservas de óleo que garantissem o abastecimento de petróleo durante toda Guerra. Apesar do sucesso inicial, esses países não puderam suportar o longo tempo de duração da Guerra e as limitações de abastecimento.42

Pelo lado dos Aliados, o suprimento foi garantido pelos EUA, que contavam com uma grande capacidade de produção de petróleo (quase 2/3 do total mundial).43

Para garantir tal suprimento, os Estados Unidos investiram fortemente no aumento de produção e em avanços tecnológicos. 44

A extrema dependência dos países, durante a guerra, pelo petróleo americano e o consequente desenvolvimento de sua indústria petrolífera levaram à consolidação da hegemonia mundial dos Estados Unidos. Os EUA além de produzir, passaram a importar petróleo, principalmente do Oriente Médio que, com a descoberta de imensas reservas, se transformara no principal fornecedor. 45

Após a Segunda Guerra Mundial, observou-se um crescimento acelerado do consumo energético mundial, devido à reconstrução e modernização das economias europeia e japonesa e pelo desenvolvimento da indústria automobilística nos EUA, no Japão e na Europa. Assim, o petróleo deixa de fazer parte apenas do modo de vida americano e passa a estar mais presente no dia-a-dia japonês e europeu. Para acompanhar esse crescente consumo, as produções de petróleo e de gás natural cresceram em ritmo veloz. 46

O carvão era a fonte de energia mais importante durante a Revolução Industrial, quando era utilizado em máquinas a vapor e para movimentação de transportes ferroviários. Porém, após a Segunda Grande Guerra, os automóveis, cuja utilização já era crescente no decorrer do século XX, passaram a competir com as ferrovias como principais fontes de transporte. A partir daí, observou-se uma gradual substituição das máquinas a vapor por motores de combustão interna movidos a derivados de petróleo. Tal substituição foi impulsionada pela dificuldade no transporte de carvão em larga escala. A partir daí, foi

42YERGIN, D. O Petróleo – Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro. São Paulo: Editora Paz e

Terra, 2010. 1080p., p. 341- 435. 43Ibid. 44Ibid. 45Ibid. 46 Ibid.

(36)

16 tornando-se cada vez maior a substituição do carvão por óleo combustível, para uso industrial e geração elétrica, e por diesel e gasolina, para transportes. 47

A partir do desenvolvimento da indústria de veículos automotores, o petróleo tomou o lugar do carvão como principal fonte de energia das economias nacionais. 48

O automóvel é uma das maiores marcas da sociedade e cultura de consumo moderna, sendo o setor de transporte, ainda hoje, o destino da maior parte do petróleo extraído. Os desenvolvimentos da indústria automobilística e da petrolífera sempre estiverem estritamente relacionados. Da mesma forma que a indústria automobilística teve papel fundamental para a expansão e consolidação da indústria de petróleo, pois é esta a responsável pela maior parte da demanda mundial por derivados, a indústria petrolífera teve igual importância no desenvolvimento da automobilística.

Outra consequência das duas Grandes Guerras foi a confirmação da importância geopolítica da indústria de petróleo, devido ao seu papel nos dois conflitos e de sua relevância para as economias nacionais. Após a II Guerra, passou a haver uma política mais firme dos governos dos países produtores na negociação de contratos de concessão, levando ao surgimento das grandes estatais de petróleo, inclusive a Petrobras. 49

Até 1960, o mercado petrolífero era dominado por um grupo formando pelas sete maiores companhias de petróleo transnacionais, as chamadas “sete irmãs” 50. Porém, com a criação da OPEP (Organização dos Países Produtores e Exportadores de Petróleo)51 e o fortalecimento das petrolíferas estatais, associado ao crescimento das chamadas empresas de petróleo “independentes”, houve um declínio do poder de controlar o mercado exercido pelas “setes irmãs”.52

Tanto a criação da OPEP quanto os, assim chamados, choques de preços de petróleo, em 1973 e 1979, foram os fatores mais relevantes para a mudança na estrutura da indústria petrolífera mundial. Tais choques contribuíram para a interrupção do ritmo de crescimento econômico mundial após a Guerra, e desencadearam a crise do petróleo, configurada, para os países consumidores, como uma crise de déficit de oferta, e, para os países produtores árabes

47YERGIN, D. O Petróleo – Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro. São Paulo: Editora Paz e

Terra, 2010. 1080p., p. 341 – 435

48Ibid. 49Ibid.

50As empresas que pertenciam ao grupo “Sete Irmãs” são: Royal Dutch Shell, Anglo-Persian Oil

Company (APOC), Standard Oil of New Jersey (Esso), Standard Oil of New York (Socony); Texaco, Gulf Oil e Standard Oil of California (Socal).

51CANELAS, A.L.S. Investimento em produção e exploração após a abertura da indústria petrolífera no

Brasil: impactos econômicos, Monografia de Bacharelado. Rio de Janeiro, 2004. p. 16-30.

52

(37)

17 da OPEP, como o início de um processo de nacionalizações, tendo como pano de fundo a ocorrência de uma série de conflitos envolvendo-os. Do período anterior ao primeiro choque, em 1970, até 1981, posterior ao segundo choque, o preço do barril de petróleo aumentou de cerca de US$3,35 para US$37,38, desestabilizando a economia mundial, provocando recessão em diversos países.53

Tais choques de petróleo estimularam a pesquisa e a produção de petróleo em novas áreas, mas também impulsionaram uma busca constante pela substituição dos derivados de petróleo por fontes de energia alternativas. Também contribuíram para um aumento da carga tributária das atividades petrolíferas, de modo a racionalizar o consumo de derivados, evitando desperdícios. Posteriormente às crises, crescem, também, os anseios por legislações ambientais mais rigorosas, visto que a indústria de petróleo pode ser altamente agressiva ao meio ambiente. 54

Em 1986, em função principalmente do aumento de produção em áreas não controladas pela OPEP, ocorreu o “contra-choque do petróleo”, o que leva a uma queda acentuada nos seus preços. 1986 marca o final da hegemonia da OPEP no controle irrestrito dos preços internacionais de petróleo, iniciando-se a chamada “era do consumidor” no controle dos preços.55

O Oriente Médio é a região onde se encontram as maiores reservas de petróleo do mundo. Os conflitos nessa região sempre existiram, causados por velhos motivos religiosos e territoriais. Porém um novo motivo vem gerar mais guerras: o petróleo. Sendo assim, o Oriente Médio tornou-se uma das áreas mais tensas do mundo.

Tendo-os como motivação explícita ou velada, o acesso e controle das reservas de petróleo deram ensejo a conflitos importantes, como a guerra do Golfo, em 1991, a invasão do Iraque em 2003 e a guerra do Afeganistão, em 2001; situações que corroboram a importância geopolítica e energética desta matéria prima, que movimenta a maioria das economias nacionais, modificando as sociedades em que sua indústria se implanta.56

Diversos fatos políticos relacionados ao petróleo, sendo os de maior destaque narrados neste breve histórico, moldaram um modus vivendi da sociedade contemporânea dependente do petróleo não somente como fonte de energia, pois que seus derivados são matéria-prima para a manufatura de inúmeros bens de consumo.

53CANELAS, A.L.S. Investimento em produção e exploração após a abertura da indústria petrolífera no

Brasil: impactos econômicos, Monografia de Bacharelado. Rio de Janeiro, 2004. p. 16-30.

54Ibid.

55YERGIN, D. O Petróleo – Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro. São Paulo: Editora Paz e

Terra, 2010. 1080p. p.841-871.

56

(38)

18

3.3. Matriz Energética

A qualidade de vida de uma população e o progresso econômico de um país estão estritamente relacionados ao uso de vários tipos de energia, desde a energia elétrica até a energia fornecida por combustíveis fósseis, essenciais para a movimentação da maior parte dos meios de transporte modernos.

Sendo assim, a sociedade moderna torna-se cada vez mais dependente do abastecimento energético, pois este proporciona conforto, comodidade e praticidade.

Os crescimentos da população mundial e da economia nos países em desenvolvimento implicam, necessariamente, no aumento do consumo de energia. No caso do Brasil, conforme mostrado no gráfico 3.1, observamos que, mesmo quando não houve crescimento da economia brasileira, a procura por fontes energéticas foi crescente. E, segundo o mesmo gráfico, a tendência é que essa demanda cresça ainda mais nas próximas duas décadas.

Gráfico 3.1 - Evolução da demanda de energia e da taxa de crescimento econômico 57

Uma das fontes de energia que o estilo de vida da sociedade ocidental mais depende é o petróleo. Dentre suas inúmeras utilidades, destacam-se a geração de energia e a utilização de derivados para a movimentação da maior parte dos transportes que utilizamos. No Brasil,

57TOLMASQUIM, M.T.; GUERREIRO, A.; GORINI, R. Matriz Energética Brasileira. 2007. Estudo realizado

(39)

19 ele é o líder da matriz energética nacional, correspondendo a 39%, de acordo com o gráfico 3.2.

Gráfico 3.2 – Matriz Energética Brasileira 58

A partir da expansão da indústria automobilística, derivados como gasolina e óleo diesel, até então sem grande importância, passaram a ser usados como principais propulsores de energia para os meios de transporte, o que fez com que a substância rapidamente se transformasse na principal fonte da matriz energética mundial.

Gráfico 3.3 - Consumo final por fonte 59

58PINTO JR, H.Q. Matriz Brasileira de Combustíveis. 2008. Relatório realizado por membros do Grupo de

(40)

20 O gráfico 3.3 mostra como o consumo de derivados de petróleo é significativo na matriz energética brasileira.

O somatório do consumo de todos os derivados é significativamente superior ao consumo da soma de todas as outras fontes de energia, tendo representado um valor acima de 40% do consumo total (tabela 3.1), entre os anos de 2000 e 2003.

Tabela 3.1 - Consumo Final por Fonte Energética 60

A tabela 3.2 mostra a produção energética brasileira, sendo o petróleo o que possui os maiores percentuais de produção.

59Ministério de Minas e Energia - Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional – Ano Base

2009. Brasília, 2010. p.19.

60

(41)

21

Tabela 3.2 - Produção energética brasileira 61

Para atender a demanda atual de petróleo, as grandes empresas petrolíferas têm investido no desenvolvimento e otimização da etapa de exploração, de maneira a encontrar mais reservas ao longo do mundo. São desenvolvidas, também, tecnologias visando maximizar a produção de petróleo de jazidas já encontradas.

Quanto as reservas já provadas, temos na figura 3.4 um mapa mostrando a localização das reservas de petróleo mundiais e o gráfico 3.3 mostra como essas reservas estão distribuídas.

Hoje, as maiores delas estão concentradas no Oriente Médio. Apenas 5 países – Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait, Emirados Árabes – respondem a 55% do total, acima de 700 bilhões de barris. As reservas da OPEP alcançam 75% do total mundial e sua produção está por volta de 40% do mundo. Os maiores produtores individuais são Rússia, Arábia Saudita e Estados Unidos - todos com mais de 7.000.000 bpd, responsáveis por quase 1/3 do total.

61Ministério de Minas e Energia - Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional – Ano Base

(42)

22

Figura 3.4 - Distribuição geográfica das reservas provadas de petróleo 62

Gráfico 3.4 - Distribuição das reservas provadas de petróleo nos anos de 1987, 1997 e 2007 63

62Ministério de Minas e Energia - Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional – Ano Base

2009. Brasília, 2010. p.19.

(43)

23 Dentre as fontes mais importantes na matriz energética mundial, juntamente com o petróleo, estão o carvão, o gás natural, a energia nuclear e hidrelétrica que respondem por quase 90% do consumo, onde a participação de cada uma delas varia ao longo do tempo e entre regiões.

No Brasil, os derivados de cana têm ganhado bastante destaque na matriz energética. Por fim o petróleo é hoje a principal fonte energética mundial com confortável folga sobre as demais. O consumo em 2009 foi de 84.900.000 de barris por dia.64

Para que o petróleo alcançasse tal importância na matriz energética, alguns fatos foram relevantes, tais como:

- Baixo preço, na maior parte do tempo, tanto do petróleo quanto dos seus derivados;

- Disponibilidade, proporcionando segurança energética, até hoje;

- Facilidade e baixo custo do transporte, armazenamento e manuseio (oleodutos, petroleiros);

- Altas taxas de retorno, apesar dos elevados investimentos iniciais;

- Versatilidade de uso (conforme será visto no próximo tópico deste capítulo); - A sua queima é um processo simples, com baixo nível de desperdício, com energia concentrada e fácil de aproveitar.

O gráfico 3.5 ilustra como a matriz energética nacional tem evoluído a cada 30 anos. De 1970 para 2000 observa-se um aumento na oferta de petróleo devido à expansão da indústria petrolífera nesse período e a crescente necessidade da sociedade por seus derivados. Porém, essa oferta mostra-se com perspectiva decrescente entre 2000 e 2030. Estima-se que essa queda na oferta possa ocorrer devido ao desenvolvimento das pesquisas para a substituição do petróleo por fontes alternativas e renováveis. Tal preocupação refere-se a futura exaustão de reservas, pois o petróleo é um recurso não renovável. O impacto ambiental provocado pela indústria de petróleo e pela queima de seus derivados também impulsiona o crescimento das fontes alternativas na matriz energética.

64

(44)

24

Gráfico 3.5 - Evolução da estrutura de oferta de energia.65

Conforme foi afirmado ao longo deste tópico, o petróleo é a fonte energética mais consumida no mundo. Entre os maiores consumidores, os países industrializados estão entre os líderes do ranking mundial. Mas os países em fase de crescimento econômico acelerado começaram a se destacar nos últimos anos. Em 2007, os EUA mantiveram a liderança do ranking, consumindo aproximadamente 20,7 milhões de barris por dia. Abaixo, encontram-se os países em desenvolvimento econômico acelerado, o chamado BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), tendo o Brasil ficado na 9ª posição, conforme tabela 3.3.

65TOLMASQUIM, M.T.; GUERREIRO, A.; GORINI, R. Matriz Energética Brasileira. 2007. Estudo realizado

(45)

25

Tabela 3.3 - Os dez maiores consumidores de petróleo no mundo 66

3.4. Utilidades do petróleo e sua importância na sociedade

Desde a Antiguidade, o petróleo obtido através de exsudações naturais, já tinha participação na vida do homem. Era usado para fins medicinais, para lubrificação, entre outros. Segundo Thomas:

Na antiga Babilônia, os tijolos eram assentados com asfalto e o betume era largamente utilizado pelos fenícios na calafetação de embarcações. Os egípcios o usaram na pavimentação de estradas, para embalsamar os mortos e na construção de pirâmides, enquanto gregos e romanos dele lançaram mão para fins bélicos. No Novo Mundo, o petróleo era conhecido pelos índios pré-comlombianos, que o utilizavam para decorar e impermeabilizar seus potes de cerâmica. Os incas, os maias e outras civilizações antigas também estavam familiarizados com o petróleo, dele se aproveitando para diversos fins.67

Conforme dito no início do capítulo, em meados do século XIX, descobriu-se que a destilação do petróleo resultava em produtos que substituíam o querosene obtido de óleo de baleia, amplamente usado para iluminação.

66 British Petroleum, BP Statistical Review of World Energy. 2008.

67THOMAS, J. E. Fundamentos de Engenharia de Petróleo. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2001. 271

(46)

26 Com a invenção dos motores a gasolina e a diesel, a demanda por petróleo cresceu expressivamente.

Não há aplicação direta para o óleo cru. Para que o petróleo tenha utilidade, é necessário o processo de refino, onde seus componentes serão fracionados, originando seus derivados, que serão distribuídos a um mercado consumidor pulverizado e diversificado, para serem utilizados em diversas finalidades.

Os derivados mais conhecidos são: gás liquefeito (GLP, ou gás de cozinha), gasolina, nafta, óleo diesel, querosene de aviação e de iluminação, óleo combustível, asfalto, lubrificante, combustível marítimo, solventes, parafinas e coque de petróleo. O percentual médio de derivados obtidos após o refino é ilustrado no gráfico 3.6 e o consumo final de cada um desses derivados é mostrado no gráfico 3.7 .68

Gráfico 3.6 - Derivados do petróleo após o refino 69

68O percentual de derivados obtidos após o refino é uma média. Esse percentual varia, dependendo da qualidade

do petróleo: leve, médio ou pesado, de acordo com o tipo de solo do qual foi extraído e a composição química. O petróleo leve, como aquele produzido no Oriente Médio, dá origem a maior volume de gasolina, GLP e naftas. Por isso é, também, o mais valorizado no mercado. As densidades médias produzem principalmente óleo diesel e querosene. As mais pesadas, características da Venezuela e Brasil, produzem mais óleos combustíveis e asfaltos.

69

(47)

27 Gráfico 3.7 - Consumo final dos derivados de petróleo no Brasil70

Porém, ao contrário do que muitos pensam, o petróleo não tem apenas a finalidade energética que foi descrita no tópico anterior. Seus derivados também servem como base para a fabricação dos mais variados produtos da indústria petroquímica. Além da gasolina, vários outros produtos que nos são essenciais, são oriundos dos derivados de petróleo. O petróleo é a principal matéria-prima de toda uma cadeia produtiva que envolve indústrias dos mais diversos setores. O gráfico 3.8 mostra qual tem sido a finalidade do petróleo nos últimos anos. Podemos observar que, em 30 anos, não só o seu uso como combustível cresceu, o seu uso para fins não energéticos também teve um aumento de mais de 5% .

Dentre os produtos que têm o petróleo como matéria-prima, podemos destacar as tintas, ceras, vernizes, resinas, pneus, borrachas, cosméticos, fósforos, chicletes, filmes fotográficos e fertilizantes. Podemos refletir sobre a importância da maioria desses materiais em nosso dia-a-dia e imaginar o quanto seria complicada nossas vidas sem alguns deles.

70Ministério de Minas e Energia - Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional – Ano Base

(48)

28 Gráfico 3.8 – Consumo Setorial dos Derivados de Petróleo71

Além dos citados anteriormente, os polímeros produzidos pelas indústrias petroquímicas formam diferentes tipos de resinas plásticas, cada qual voltada para uma finalidade específica. Algumas dessas resinas, por exemplo, são usadas pelas indústrias de brinquedos, adesivos, caixas d'água, lonas, frascos de soro, tampas para alimentos, embalagens para sorvetes, tampas para refrigerantes, frascos para água sanitária, alvejantes e desinfetantes, filmes para fraldas descartáveis e coletores de lixo, entre outros.

Outra utilidade dos derivados de petróleo é a geração de energia elétrica. Para produção de eletricidade, utiliza-se o óleo diesel e o óleo combustível. No gráfico 3.9 está ilustrada a contribuição dos derivados de petróleo na geração de energia elétrica no Brasil. Por mais que ela seja insignificante diante das hidrelétricas, a participação do petróleo na geração de energia é superior a eólica, ao gás natural, a nuclear e ao carvão.

71Ministério de Minas e Energia - Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional – Ano Base

(49)

29 Gráfico 3.9 - Fontes de energia elétrica no Brasil72

Diante de todas as possíveis utilizações do petróleo e seus derivados expostas até agora, sendo elas energéticas ou não-energéticas, e diante do conforto, comodidade e desenvolvimento que a utilização desses derivados proporciona a sociedade, seus cidadãos tornam-se cada vez mais ligados à essa substância. Estamos, definitivamente, vivendo a era do petróleo e provavelmente esta situação não irá mudar nos próximos anos. Necessitamos de seus derivados para a geração de energia, para movimentação da economia, para nossa própria locomoção, e para a produção de diversos bens de consumo essenciais ao nosso dia-a-dia.

3.5. Fator estratégico

As atividades relacionadas à cadeia produtiva do petróleo possuem um caráter estratégico em termos de segurança nacional e uma importância geopolítica.

Em decorrência disso, os Estados tendem a controlar as atividades de E&P desenvolvidas em seu país. Em muitos países, as principais companhias petrolíferas são estatais ou atuam em área concedida pelo governo, através de contratos de exploração. No

72Ministério de Minas e Energia - Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional – Ano Base

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30 Brasil, o Estado exerceu o monopólio até 1997, por meio da Petrobras, conforme dito anteriormente. Depois disso, foi permitida a atuação de empresas privadas privada em ambiente regulado pela ANP.

Recentemente, a Petrobras anunciou a descoberta de petróleo na camada pré-sal na Bacia de Santos. A denominação pré-sal é dada a um grupo de rochas originadas pela sedimentação ocorrida durante a formação do Atlântico Sul, que se alocaram no subsolo, abaixo de uma espessa camada de sal. Na figura 3.5, o item 4 mostra o posicionamento da cama pré-sal.

Figura 3.5 – Camada de pré-sal.73

Acredita-se que o pré-sal contenha grandes reservatórios de óleo leve, de boa qualidade. Estima-se que as rochas do pré-sal se estendem por 800 quilômetros do litoral brasileiro, desde Santa Catarina até o Espírito Santo, e chegam a atingir até 200 quilômetros

73Fonte: <http://www.petrobras.com.br/pt/energia-e-tecnologia/fontes-de-energia/petroleo/presal/>. Acesso em:

Referências

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